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1 Acumulação Capitalista e Desigualdade Social Unidade 1 | A questão social e o Estado Profª Ma. Nelma dos Santos Assunção Galli Unidade de Ensino: 01 – A “questão social” e o papel do Estado. Competência da Unidade: Capacitar o aluno para a análise da desigualdade social, da divisão de classes e do trabalho. Resumo: Refletir sobre o conceito de desigualdade social e seu aprofundamento frente ao sistema de produção capitalista. Palavras-chave: Desigualdade Social, Modo de produção capitalista, trabalho e mais valia. Título da Teleaula: A questão social e o Estado. Teleaula nº: 01 Contextualização Intuito: Propor uma reflexão sobre o modelo de sociedade capitalista e a desigualdade social em uma perspectiva materialista histórico-dialético. Objetivo: Apresentar o conceito de desigualdade social e trabalho para compreender os fatores impulsores da acumulação capitalista e a consequente manifestação da questão social. Unidade 1 | A “questão social” e o papel do Estado Percurso conceitual: I. A origem da desigualdade; II. Iniciando um percurso histórico: do feudalismo ao Capitalismo; III. As fases históricas do capitalismo e seus modelos de produção; IV. Os sentidos do trabalho e sociabilidade. Reflexão • Fonte: http://1.bp.blogspot.com/- r1e_oCnIn04/T5EqzvKQ2YI/AA AAAAAAAos/PeNNzPAuvYY/s40 0/desigualdade-social.jpg acesso em 16/11/2022 Conceitos A origem da desigualdade 1 2 3 4 5 6 http://1.bp.blogspot.com/-r1e_oCnIn04/T5EqzvKQ2YI/AAAAAAAAAos/PeNNzPAuvYY/s400/desigualdade-social.jpg 2 Desigualdade Social e Ideologia O que é a desigualdade Social? Quais as principais causas das desigualdades sociais? Como a desigualdade afeta a sociedade? Idade Média • Marca da escravidão. Segundo filósofos católicos, a norma religiosa pregava o “amor entre os homens”, porém: “Como amar os escravos e continuar a escravizá-los?” (MICHELOTO, 1997, p. 44). A solução se dava no campo ideológico, na distinção entre igualdade humana e dívida celeste. “após a morte, os que mais sofreram terão a recompensa eterna”. Desigualdade no Iluminismo Segundo Rousseau, em seu “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, a desigualdade natural está desligada daquela que é moral ou política. A desigualdade não é encontrada na origem dos homens, mas na sociedade civil. “O homem natural é um ser solitário, possuidor de um instinto de autopreservação, dotado de sentimento de compaixão por outros de sua espécie”. “O homem natural tinha como única preocupação sua subsistência, contudo devido as dificuldades era obrigado a adquirir novos conhecimentos e associar-se a outros homens”. Nesse estágio os homens passam a se comparar, iniciando um estado de guerra de todos contra todos. “considerando a sociedade humana”, o que se vê é que a relação entre os fortes e os fracos, os ricos e os pobres resulta invariavelmente na “violência dos homens poderosos e [n]a opressão dos fracos” (Rousseau, 1983a, p. 231) •Thomas Hobbes (1588 – 1679): Estado de natureza/igualdade. •Estava arraigado ao indivíduo o egoismo e a vaidade. •Leviatã (Estado) soberano-absolutista (contrato social, normas, segurança, propriedade privada). https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/print-seventeenth-century-leviathan-hobbes-vintage-445154257 Contratualismo • John Locke (1632 – 1704) - Estado de natureza/liberdade. Não há regulação do governo. Livre arbítrio, consenso geral do povo. Cada um é juiz de si. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/nov2-2018-vector-illustration-hand-drawn-1219074871 7 8 9 10 11 12 https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/print-seventeenth-century-leviathan-hobbes-vintage-445154257 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/nov2-2018-vector-illustration-hand-drawn-1219074871 3 • Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778). O povo é soberano e o estado é o meio garantidor da propriedade e a desigualdade deve ser combatida pelo Estado. Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/jean-jacques-rousseau-17121778-portrait-line-1371473165 1. Dominação dos ricos sobre os pobres ressalta Rousseau, surge graças à “dependência mútua dos homens” e às “necessidades recíprocas que os unem” (Rousseau, 1983a, p. 258). 2. a passagem do estado natural para as primeiras formas de sociabilidade trouxe o aumento das técnicas de cultivo e a ampliação das possibilidades de oferecer novas comodidades, “amor ao bem estar”. 3. O produto do progresso trouxe comodidades, civilizou mulheres e homens mas também arruinou a humanidade ao permitir que seu suor regasse, a um só tempo, as colheitas, a escravidão e a miséria (Rousseau, 1983a, p. 265.) Para Rousseau, esse fato é denominado a Grande Revolução: • Ricos x pobres; • Noção de propriedade; • Divisão do trabalho; • Leis para se protegerem x Estado. Conceitos Panorama histórico dos direitos humanos Conceitos Iniciando um percurso histórico: do feudalismo ao Capitalismo 1. Queda do Império Romano na Europa Ocidental no século V. 2. Construção do Feudalismo entre os séculos VI ao IX. 3. Fusão de valores da cultura Romana com a Bárbara Germânica. 4. O Feudalismo foi considerado um sistema social, econômico, político e cultural. Feudalismo 13 14 15 16 17 18 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/jean-jacques-rousseau-17121778-portrait-line-1371473165 4 Porque falar sobre o Feudalismo? Porque marca algumas características importantes da relação servil e do trabalho servil. 1. Ruralização da sociedade: Concentração no campo; 2. Produção agrícola de subsistência: apenas para o consumo; 3. Comércio atrofiado: troca de mercadorias, uso limitado de moedas; 4. Sociedade estamental: pouca mobilidade social, definida pelo nascimento. Estrutura social do Feudalismo Crise do modelo de sociedade feudal 1. Por volta dos séculos XIV e XV o feudalismo está imerso numa crise decorrente da intensa propagação das transações monetárias em seu interior, provocando a desestrutura e desintegração da estrutura feudal, fruto do amadurecimento das estruturas próprias. 2. Em função da rígida estrutura funcional dos feudos, que gerava dificuldades e desigualdades, houve o declínio da ordem feudal. Ainda, consta mencionar a Peste Negra, doença resultou no despovoamento da Europa, ou seja, implicou diretamente na força de trabalho, na escassez de trabalhadores, tendo como consequência a elevação do preço da força de trabalho em até 50%. Fortalecimento da burguesia • A burguesia entre os séculos XV e XVI já era bastante conhecida nas cidades da Europa Ocidental. • As pequenas cidades, os burgos, foram se formando a partir da aglomeração de pessoas, exercendo uma outra forma de sociabilidade. • Foram fundamentais para a ascensão da burguesia: a possibilidade da comercialização da terra e a chamada força de trabalho livre. Burguesia – classe revolucionária A luta contra os privilégios que tanto incomodavam os populares que mantinham a economia e pagavam impostos naquela época, proclamou valores contrários aos privilégios dos nobres (e parasitários) e, com isso, simultaneamente, interessou às camadas populares, contando com sua aprovação e força social para a luta. 19 20 21 22 23 24 5 Disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/french-revolution-where-prisoners-bastille-were-1783151762 Revolução Francesa O capitalismo surge do conflito entre as forças produtivas e as relações feudais, de modo geral, trouxe a iniciativa original de constituir-se no mercado pela predominância do valor de troca. O capitalismo é um sistema de produção de mercadoria que toma a própria força de trabalho como uma mercadoria, ou seja, um objeto de troca como outro. Conforma um tipo de organização social em que a mercadoria atravessa a sociabilidade, dada a preeminência do valor de troca e, por conseguinte, do trabalho alienado, uma vez que estes são os elementos que lhe servem de fundamento e finalidade. (FORTI; BRITES, 2013, p. 36). ConceitosPanorama histórico dos direitos humanos Conceitos Fases históricas do capitalismo Capitalismo Entendido como: • Sistema econômico; • Objetivo: obtenção/acumulação de lucros/riquezas; • Predomínio da propriedade privada; • Liberdade/Igualdade. 25 26 27 28 29 30 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/french-revolution-where-prisoners-bastille-were-1783151762 6 Capitalismo comercial ou pré-capitalismo • Pré-capitalismo: o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem relações capitalistas. • Capitalismo comercial: marcado pelo mercantilismo, com base no acumulo de metais preciosos, no colonialismo, no monopólio de mercados e proteção as tarifas alfandegárias. Capitalismo Industrial • Capitalismo Industrial: distinguiu-se pelo liberalismo, fundamentado na livre concorrência e na ausência de entraves ao comércio e à produção. Capitalismo Financeiro Capitalismo financeiro ou monopolista: vigente nos dias atuais é assinalado pelo imperialismo, apoiado no capital financeiro, na concentração de indústrias em monopólios, na exportação de capitais e na divisão do mundo pelas grandes potências em áreas de dominação ou de influência direta. Liberalismo e o Capitalismo • O Liberalismo clássico surgiu entre os séculos XVII e XVIII. • O liberalismo veio para romper com o absolutismo monárquico e impor um governo que fosse eleito, fundado na confiança, no consentimento e que desse segurança à burguesia emergente. • Burguesia emergente defendia a ideia de que o Estado deveria proteger a propriedade privada, a vida, e também a liberdade do indivíduo. Relação Capital - Trabalho • Com a nova remodelagem do modo de produção capitalista após a Revolução Industrial, o homem foi expropriado dos seus saberes de ofício, de sua identidade, destituído de seus conhecimentos e habilidades e inserido em uma linha de produção em grande escala. • Os trabalhadores passam a atender aos ideários do capital em seus determinados ciclos, aliados as suas competências e atribuições profissionais. • O capitalista necessita comprar a força de trabalho e o operário necessita vendê-la. • Porém, na economia capitalista, não podem existir dois poderes. • O liberalismo surge para dar suporte a ideia do capitalismo, que aparece como organização econômica que utiliza o liberalismo como fundamentação ideológica para sua própria expansão e consolidação. • Estando em função do capitalismo, busca moldar o Estado para que este possa patrocinar o surgimento do capitalismo. 31 32 33 34 35 36 7 • Os homens/ indivíduos, pela lógica da ideologia liberal, são iguais e livres, independente da classe em que ocupam, sendo que ambos necessitam uns dos outros. • Essas ideias, que constituíam o Iluminismo, geraram o centro do pensamento liberal: a capacidade individual de trabalhar, criar e evoluir. • O liberalismo deu suporte a ideia do capitalismo, que aparece como organização econômica que utiliza o liberalismo como fundamentação ideológica para sua própria expansão e consolidação. Revolução Industrial e a consolidação do modelo de produção capitalista. A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX, sendo que sua principal particularidade está na substituição do trabalho artesanal pelo trabalho assalariado e com o uso das máquinas. Segundo Marx apud Martinelli (2007) aponta que proletário é o homem que trabalha em troca de seu salário e que burgueses são aqueles que possuem os meios necessários para a compra dessa mão de obra, ou seja, aqueles que detêm os meios de produção (as indústrias, os comércios, os bancos). Nessa lógica, o sistema capitalista é composto por duas classes fundamentais: proletário x burgueses. Conceitos Panorama histórico dos direitos humanos Conceitos Os sentidos do trabalho e sociabilidade. Concepção de trabalho como fundador da sociabilidade humana 1. Reconhecimento de que as relações sociais construídas pela humanidade, desde as mais antigas, sempre se assentaram no trabalho como fundamento da própria reprodução da vida dado que, por meio de tal atividade, produziram os bens socialmente necessários a cada período da história humana. 37 38 39 40 41 42 8 2. O homem é o “único animal que fabrica instrumentos”, pois com os meios de trabalho por eles construídos os homens obrigam a natureza a abastecer a sociedade; pelo trabalho humano a natureza é constrangida, dirigida a oferecer aos seres sociais elementos materiais que o trabalho converterá em bens para o provimento das necessidades sociais dos humanos. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e, portanto, idealmente. (MARX, 2006, p. 211). O modo capitalista de produzir e o trabalho • A capacidade de produzir coisas pelo trabalho nas diferentes sociedades sempre esteve subordinada às relações sociais construídas pelos seres sociais; • Com o desenvolvimento do modo capitalista de produzir os bens necessários à vida humana, as relações sociais tiveram de assumir seu caráter social e o trabalho passou a ser obra de contrato livremente acordado entre os homens sem outras mediações. Nessa relação reside marca particular da sociedade capitalista: relações sociais são convertidas em relações econômicas quando a força de trabalho é cedida pelo vendedor (o trabalhador) ao comprador (o capitalista) como mercadoria, por tempo determinado sem que o vendedor renuncie a sua propriedade. [...] o de dispor como pessoa livre de sua força de trabalho como sua mercadoria, e o de estar livre, inteiramente despojado de todas as coisas necessárias à materialização de sua força de trabalho, não tendo além desta outra mercadoria para vender. (MARX, 1988, p. 189). Conceitos Panorama histórico dos direitos humanos 43 44 45 46 47 48 9 Recapitulando • Abordamos o conceito de desigualdade social, do ponto de vista religioso, ideológico e filosófico; • Refletimos sobre a organização das sociedades em um sistema feudal, de pouca mobilidade social, definidas por grupos sociais separados/estratificados; • Verificamos que crises demográficas, doenças e escassez de alimentos, culminaram na fuga/formação de novas sociedades/burgos, resultando nas primeiras Revoluções Burguesas; • Fases do capitalismo (relação capital-trabalho); • Liberalismo enquanto corrente ideológica que daria sustentação a burguesia e ao capitalismo – Revolução Francesa; • Revolução industrial: marcada pela substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso de máquinas, processo de exploração do trabalhador e a organização dos trabalhadores – fases históricas do capitalismo; • Categoria trabalho: ontologia do ser social. 49 50 51
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