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Fungo de The Last of Us não é perigoso na vida real e alguns do mesmo gênero são remédios

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Fungo de The Last of Us não é perigoso na vida real e
alguns do mesmo gênero são remédios
Fungo Cordyceps pode tornar hospedeiro um zumbi e causar sua morte, mas não exatamente como na
série; gênero contém espécies com propriedades medicinais
Embora fictícia, a estória da série “The Last of Us” (HBO Max) não é totalmente deslocada da realidade:
o fungo do gênero Cordyceps, que no enredo quase dizima a humanidade, realmente existe. A diferença
é que na vida real este fungo consegue infectar formigas, lagartas e outros insetos, não seres humanos.
Isto, por si só, exclui o perigo – pelo menos por ora – de a humanidade sofrer uma pandemia letal por
fungo zumbi cordyceps.
“Não se tem conhecimento de espécies de fungos do gênero Cordyceps capazes de sobreviver no corpo
humano e causar a morte daquela maneira vista na série. Os fungos podem sofrer mutações, mas não
sabemos se uma pandemia por uma infeção fúngica pode ser causada algum dia, mas parece-me uma
possibilidade bastante remota”, explica a pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação
do Instituto Butantan Ana Olívia de Souza, pós-doutora em bioquímica pela Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, que estuda a aplicação farmacológica de substâncias produzidas por diferentes espécies
de fungos.
Na realidade distópica da série, o fungo Cordyceps sofre uma mutação e passa a infectar humanos, que
se transformam em zumbis capazes de infectar uns aos outros a cada mordida. Na natureza, existem
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mais de 400 espécies de fungos somente do gênero Cordyceps; destes, o Ophiocordyceps unilateralis é
o que age de forma mais parecida com o da série – só que em insetos.
“Este fungo realmente transforma a formiga em um zumbi porque secreta neurotoxinas dentro do animal,
que então comprometem o funcionamento dos músculos do inseto, alterando o seu comportamento no
formigueiro. Após ser infectada, a formiga fica desnorteada e começa a procurar por locais mais
iluminados, e acaba saindo do formigueiro. Nesse processo, ela espalha os esporos do fungo que já
tomam o seu corpo”, explica a biotecnologista Tainah Colombo Gomes, da equipe de Ana Olívia.
A infecção pelo fungo – com duração de 2 a 5 dias – torna o corpo da formiga todo esbranquiçado, com
aspecto semelhante ao mofo. Cheios de esporos microscópicos por dentro e por fora, os membros da
formiga começam a ser paralisados por ação das neurotoxinas. Incapaz de se mover, a formiga morre e
os resíduos de seu corpo inerte continuam sendo úteis como alimento para o fungo. Este processo de
reprodução do Ophiocordyceps unilateralis tem garantido a sua sobrevivência, conta o técnico sênior do
Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) Rafael Conrado.
“Este fungo faz com que a formiga tenha um comportamento muito específico: ao sair do formigueiro, ela
se agarra a uma planta próxima e, já fixada, cresce em sua cabeça o corpo frutífero, que é o órgão
reprodutor do fungo. É por onde o Cordyceps libera seus esporos, que podem infectar outras formigas ali
mesmo, serem depositados no solo, ou serem levados pelo vento ou insetos para outros locais”,
descreve Rafael.
Como na ficção, uma reviravolta pode acontecer e mudar o triste destino dos membros deste
formigueiro. Ao perceber um animal infectado, a colônia tenta dar um jeito de impedir uma infecção em
massa.
“No formigueiro, as operárias percebem o comportamento estranho das formigas que agem como
zumbis e então as retiram do formigueiro para que elas não tenham contato com as outras. Elas não são
racionais como nós, mas dão um jeito de eliminar as infectadoas para proteger as demais”, conta a
pesquisadora do LDI.
O fungo zumbi
O Ophiocordyceps unilateralis, também conhecido como “fungo zumbi”, foi descoberto pelo
naturalista britânico Alfred Russel Wallace em 1859, e atualmente é encontrado predominantemente em
florestas tropicais, como na Amazônia. Ele infecta formigas-carpinteiras (Camponotus cruentatus) que se
alimentam de fungos e vivem em locais quentes e úmidos, ambientes que facilitam sua proliferação.
Esta relação entre o fungo O. unilateralis e a formiga é fruto de um longo processo de evolução, e indica
que o inseto carrega as condições necessárias para o fungo sobreviver.
“Ao longo dos anos, o fungo se adaptou ao organismo da formiga, cuja temperatura corporal é diferente
da dos humanos, e o sistema nervoso bem menos complexo. Lá no começo do contato entre eles, talvez
existisse uma relação benéfica, tanto para formiga quanto para o fungo, o que teria ajudado neste
processo. Para se desenvolver em um corpo humano, o fungo teria de passar por muitas adaptações e
ainda encontrar um corpo com sistema imune muito debilitado”, explica o aluno de doutorado do LDI Luiz
Gustavo Ribeiro.
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Fungos Cordyceps e Medicina chinesa
Outras espécies de fungos Cordyceps têm qualidades benéficas, inclusive para a saúde humana – como
o Cordyceps cicadae, o Cordyceps sinensis e o Cordyceps militaris, amplamente usados pela medicina
tradicional chinesa.
“As três espécies são descritas como produtoras de compostos com diferentes propriedades
farmacológicas: anti-inflamatórias, antitumorais, imunomoduladoras, nefroprotetoras e hepatoprotetoras.
Os fungos do gênero Cordyceps que são benéficos têm sido considerados uma commodity rara na
China”, diz Ana Olívia.
Não é novidade para a ciência usar o lado benéfico dos microrganismos como fonte de medicamentos e
outros produtos. Um grande exemplo é a penicilina, descoberta de um fungo, que se tornou um
excelente antibiótico usado há décadas. “Aqui no laboratório, nossa pesquisa tem como finalidade
encontrar alguma molécula que tenha aplicação farmacêutica”, explica a pesquisadora.
Uma das linhas de pesquisa do LDI inclui um estudo que aborda a ação cicatrizante e antimicrobiana de
moléculas produzidas por fungos. O objetivo é usá-las em diferentes produtos, entre os quais uma
pomada para cicatrização de feridas e/ou um produto com ação antibiótica.
“Em nossa pesquisa, os fungos são também utilizados para desenvolvimento de nanomateriais que
podem ter aplicação farmacêutica e para combater fungos prejudiciais à produção de grãos na
agricultura”, conclui Ana Olívia.
Leia mais: Pandemia por fungos: como ela pode acontecer e quais seriam as consequências?
 Leia também: Resident Evil: vírus T, teorias e possíveis vacinas e tratamentos
Fonte: Instituto Butantan
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