Prévia do material em texto
FR EN TE Ú N IC A AULA 10 Figuras de linguagem ligadas aos aspectos sintáticos 89 Como, então, seguir as normas de urbanidade deste nosso mundo urbano? — Não entro em fila! Não tenho paciência para es- peras imbecis. Pago a um criado para tanto. Tenho que cuidar do meu projeto político socialista, que é urgente e está atrasado. Como é que eu vou ter tempo para ser como os outros? A República proclamada sem um viés igualitário só tem a perna da liberdade. A da igualdade que, ao lado da fraternidade, regularia o seu caminho, nasceu atrofiada e até hoje permanece torta. A liberdade de gritar, de con- frontar, é reveladora. Só grita quem pode, e calar é sinal de juízo e respeito. Hoje assistimos às tramas para impedir a realização da igualdade que, para muitos poderosos, foi longe demais igualando quem deveria estar acima da lei. — Como ser como todo mundo numa sociedade mar- cada por privilégios? Qual a fórmula do viver democrático e igualitário? Aprenda a dizer não a si mesmo. É nesse abrir-se para ser como todo mundo que está o espírito igualitário. A alma da democracia. *Roberto DaMatta é antropólogo e colunista dos jornais O Estado de São Paulo e O Globo. (Texto adaptado do original e disponível em <https://oglobo.globo.com/ opiniao/ser-como-todo-mundo-21656782>. Acesso em 30 ago. 2017) ontologia: parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, do ser con- cebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010). 3 UEM 2017 Assinale o que for correto quanto ao empre- go de elementos linguísticos no texto. 01 Nas linhas 78 e 82, o vocábulo “só” equivale semanticamente a “somente”, enfatizando as res- trições da República proclamada sem os princípios da igualdade. 02 Na construção “A da igualdade” (linha 79) ocorre a elipse do vocábulo “perna”, o qual é empregado conotativamente para reacentuar a incompletude de nossa República. 04 O emprego do futuro do pretérito em “regularia” (linha 80) denota a certeza de que, no futuro, a igualdade servirá de baliza para o desenvolvimento da República. 08 Em termos sintáticos, o vocábulo “atrofiada” (li- nha 80) funciona como objeto direto porque com- plementa o sentido de “igualdade” (linha 79). 16 Em “Aprenda a dizer não a si mesmo.” (linha 90), o autor emprega o modo verbal subjuntivo para evidenciar sua dúvida sobre a realização da igualdade. Soma: 4 Na frase “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, ob- serva-se o emprego de concordância ideológica (silepse), que pode ser de número, gênero ou pessoa. Assinale a alternativa em que se nota o mesmo tipo de silepse do exemplo apresentado. a Vossa Majestade está abatido. b O povo ficou com medo e saíram em disparada. c Os paulistas gostamos de trabalhar. d E todos seguimos para o salão de estudos. (José Lins do Rego. Doidinho) e Enfim, lá em São Paulo todos éramos felizes graças ao seu trabalho [...] Rubem Braga. “O crime (de plá- gio) perfeito”. Texto para a questão 5. O homem velho O homem velho deixa a vida e morte para trás Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca mais O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os [seus sinais O homem velho é o rei dos animais A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol As linhas do destino nas mãos a mão apagou Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock’n’roll As coisas migram e ele serve de farol A carne, a arte arde, a tarde cai No abismo das esquinas A brisa leve traz o olor fugaz Do sexo das meninas Luz fria, seus cabelos têm tristeza de néon Belezas, dores e alegrias passam sem um som Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho [de Hebron E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem [igual Já tem coragem de saber que é imortal CAETANO VELOSO caetanoveloso.com.br 5 Uerj 2018 A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol (v. 5) Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval (v. 17) Os recursos expressivos presentes em cada um dos versos acima são, respectivamente: a aliteração − assíndeto b polissíndeto − antítese c hipérbole − eufemismo d personificação – metonímia 75 80 85 90 Int. de texto • Livro único • Frente única • Capítulo 3 I. Leia as páginas de 76 a 79. II. Faça os exercícios de 9 a 12 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 14 a 17. Guia de estudos PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 19-12-2020 (14:09) PDF FINAL / CONFIGURAÇÕES DO DOCUMENTO ATUAL / WALTER.TIERNO / 19-12-2020 (14:09) Interpretação de texto AULA 11 Funções da linguagem I90 FRENTE ÚNICA AULA 11 Funções da linguagem I As funções e a teoria da comunicação As funções da linguagem foram sistematizadas de acor- do com cada um dos elementos pertencentes à teoria da comunicação. Veja: Código (função metalinguística) Referente (função referencial) Mensagem (função poética) Emissor (função emotiva) Receptor (função apelativa) Canal de comunicação (função fática) Características de cada função Função emotiva ou expressiva Vivo num “clip” sem nexo Um pierrot retrocesso meio bossa nova e “rock’n roll” Cazuza. “Faz parte do meu show.” Centrada no emissor, há função emotiva quando se dá vazão à emoção, aos sentimentos, aos juízos de valor explícitos (a condenação, o perdão, a crítica contundente). São consideradas marcas gramaticais o: y uso de primeira pessoa (com a presença da emoção); y uso de interjeições; y uso de exclamações. Função apelativa ou conativa [...] A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques, não indagues. Não percas tempo em mentir. Não te aborreças. [...] Carlos Drummond de Andrade. “Procura da poesia”. Centrada no receptor, ocorre a função apelativa quando o emissor se dirige ao receptor por meio de: y vocativos; y modo imperativo; y pronomes de 2a e 3a pessoas; y citação do nome do interlocutor. Encontramos facilmente exemplos dessa função no cotidiano, quando um membro da família interpela o outro, na publicidade e em manuais, placas e cartazes em que o interlocutor é citado. Função poética Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. José de Alencar. Iracema. Centrada na mensagem, a função poética está presen- te no momento em que a mensagem recebe um tratamento estético; portanto, teremos essa função quando houver o emprego de: y rimas; y ritmo; y figuras; y conotação; y subjetividade. Quando se fala em prosa poética, refere-se ao texto em parágrafo no qual está presente a função poética, como acontece em muitos romances românticos. MED_2021_L2_INT_FU.INDD / 16-12-2020 (19:10) / EXT.DIAGRAMACAO.02 / PROVA FINAL MED_2021_L2_INT_FU.INDD / 16-12-2020 (19:10) / EXT.DIAGRAMACAO.02 / PROVA FINAL