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ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DO AUTISMO Agosto/2018 INTRODUÇÃO Os transtornos do neurodesenvolvimento As manifestações do TEA são, basicamente, comportamentais e qualitativas, relacionadas à dificuldade na interação social e na comunicação, além de se evidenciarem padrões de comportamento repetitivos e esteriotipados. Dois grupos de sintomas característicos Déficits na comunicação e interações sociais Comportamentos repetitivos e esteriotipados ESCALAS DE DIAGNÓSTICO E RASTREIO DO TEA Children Autism Rating Scale Autism Diagnostic Observation Schedule (16 a 35 meses) Checklist for Autism in Toddlers Autism Begavior Checklist Autism Screening Questionnaire INTRODUÇÃO Necessária visão geral e multidisciplinar O diagnóstico requer discriminação de várias formas com que a criança utiliza a linguagem, a comunicação simbólica e a atividade imaginativa, já nos seus primeiros três anos de vida As alterações precoces do âmbito da socialização são consideradas o elemento central do TEA, tendo enorme impacto na vida diária dos indivíduos afetados e levando à dificuldades na adaptação social, no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal e no comportamento. A adaptação ao meio, na perspectiva da neuropsicologia, é associado à cognição social INTRODUÇÃO Processos cognitivos como atenção, memória, linguagem e funções executivas são necessárias para a cognição social, apesar de serem construtos diferentes e usarem sistemas de processamento semi-independentes. Tanto os prejuízos na cognição social como aqueles que afetam os processos cognitivos têm sido considerados elementos centrais na compreensão dos sintomas e da funcionalidade das pessoas com TEA A neuropsicologia permite um refinamento na avaliação das alterações da linguagem, na função executiva e na cognição social, que pode auxiliar o diagnóstico precoce e dar subsídios neurobiológicos e comportamentais para o planejamento das intervenções mais efetivas Capacidade de identificar, manipular e adequar o comportamento a partir das informações sociais percebidas e processadas em um contexto específico A COGNIÇÃO SOCIAL COGNIÇÃO SOCIAL Psicologia social durante a revolução cognitiva Como as pessoas processam informações no contexto social, o que envolve a percepção do outro, atribuições causais de si e dos outros, julgamento social para a tomada de decisões e outros elementos. As possibilidades de dividir experiências com outras pessoas, compartilhar a atenção, compreender o que o outro está sentindo (empatia) e reconhecer expressões faciais constituem expressões da cognição social. Inclui as funções relacionadas à percepção social, como teoria da mente, reconhecimento de emoções e coerência central. OS MODELOS DA COGNIÇÃO SOCIAL Modelo de Processamento Interativo: Modelo de processamento interativo: proposto a partir de uma base neural dividida em dois sistemas: um reflexivo (relacionados a processos automáticos modulados por estruturas límbicas mais filogeneticamente primitivas, como a amígdala) e outro refletivo (processos voluntários mais recentes que envolvem áreas neocorticais como o lobo pré-frontal e circuitos executivos relacionados Modelo Conceitual Dividido em 4 habilidades Percepção emocional Percepção social Teoria da mente Estilo de atribuição COGNIÇÃO SOCIAL Habilidades de cognição social podem ser verificadas com base na Escala de Comportamento Adaptativo (entrevista semiestruturada que verifica habilidades de 4 domínios [AVD e autonomia, comunicação, socialização e motricidade] na faixa dos 0 a 18 anos. Subteste de compreensão das escalas Wechsler de inteligência avalia situações em que o indivíduo precisa fazer uma leitura dos sinais fornecidos pelo ambiente social e observar padrões comportamentais. Dificuldades para compreender senso comum, juízo social e provérbios podem ser inferidos por meio desta tarefa. Inventários de habilidades sociais podem ser utilizados Capacidade de inferir e compreender estados mentais dos outros TEORIA DA MENTE TEORIA DA MENTE Teoria: o processo envolve um sistema de inferências sobre estados não diretamente observáveis, mas que podem ser usados para predizer o comportamento. Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental Detentor de intencionalidade: capacidade de interpretar determinado estímulo ou situação a partir do seu desejo para uma meta específica Direção do olhar: detecção do olhar do outro em direção ao estímulo/objeto ou ao indivíduo, incluindo a interpretação de que o que o primeiro vê é o mesmo que o segundo vê TEORIA DA MENTE Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental 3. Atenção compartilhada: a partir dos módulos anteriores, as informações são captadas e enviadas para este. Percepção da relação de si, do outro e do estímulo (olharia para um objeto e depois para a outra pessoa, inter-relacionando-os). Integração: das informações anteriores, obtendo a percepção do desejo, intenção e crença do outro e originando assim um aparato teórico coerente. A partir da integração desses módulos, o indivíduo forma sua capacidade para compreender o comportamento do outro em um contexto específico e, com essas informações, pode definir e direcionar o seu próprio comportamento INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA TEORIA DA MENTE Teste de Sally-Ann (situação da cesta/caixa): crianças com TEA têm dificuldades para compreender o que a personagem pensava e antecipar o seu comportamento com base no seu pensamento. NEPSY-II (32 subtestes e 4 tarefas tardias que avaliam funções como atenção, memória, aprendizagem, linguagem, processamento visuoespecial, habilidade sensorio-motora, função executiva e percepção social). O subteste de teoria da mente através de duas tarefas: 1- verbal (compreensão e percepção da intenção de si e dos outros, decepção, crenças, emoções e imitação) 2- contextual (habilidade de relacionar uma situação com a emoção em um determinado contexto social). Subteste de compreensão de metáforas da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação. As respostas do TEA tendem a ser concretas CAPACIDADE DE INTEGRAR FONTES DE INFORMAÇÕES PARA ESTABELECER SIGNIFICADO EM UM CONTEXTO COM COERÊNCIA, PERCEBENDO O TODO DA INFORMAÇÃO TANTO VERBAL COMO VISUAL. COERÊNCIA CENTRAL COERÊNCIA CENTRAL São evidenciadas, no TEA, alterações no processamento gestáltico das informações, privilegiando-se partes ao invés do todo. Podem ser reveladas na execução tardia da Figura Complexa de Rey, uma vez que o foco da atenção recai nos detalhes da figura, e não na percepção do todo. Dificuldades em tarefas verbais de integração de sentenças em um parágrafo ou de identificação de figuras fragmentadas As emoções são percebidas por meio de mudanças faciais sutis e também na modulação/entonação da voz, que dão ênfase à emoção específica expressa em determinado contexto social RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES Já nos primeiros meses os bebês respondem às expressões faciais maternas; com 2 anos, as crianças mostram maior capacidade para nomear as emoções; aos 3 já relatam experiências emocionais; e aos 4 já percebem que as reações emocionais podem variar de pessoa para pessoa. TEA: alterações da identificação, processamento e prosódia afetiva de emoções. Dificuldade na identificação de emoções primárias de medo, raiva, surpresa e nojo. INSTRUMENTOS PARA RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES Subteste de reconhecimento de emoções da bateria NEPSY-II (reconhecer emoções em faces de crianças). Teste de conhecimento emocional (medida CE). 3 a 6 anos. Importante ferramenta na abordagem precoce Coeficiente de empatia e sistematização para crianças Teste dos olhos Capacidade para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação LINGUAGEM LINGUAGEM No TEA, déficits na linguagem tendem a ser globais e em geral são percebidos logo nos primeiros anos de vida, quando são esperadas as respostas imediatas aos chamados, bem como as expressões iniciais de comunicação oral e, com o tempo, das capacidadesde abstração e narrativa Impacto nas relações sociais, comunicação, expressão e compreensão de intenções, crenças e desejos do outro. Dificuldades de abstração verbal e de narrativa podem ser inferidas por meio dos subtestes Semelhança e Vocabulário das escalas Wechsler bem como tarefas qualitativas como contar uma história (capacidade de seqüenciar). Alterações na prosódia (entonação monótona e robotizada). Subteste de prosódia emocional da bateria MAC Conjunto de processos cognitivos que permitem ao indivíduo engajar-se com propósito em atividades socialmente relevantes, tomar decisões e monitorar o próprio comportamento para atingir metas previamente estabelecidas FUNÇÕES EXECUTIVAS FUNÇÕES EXECUTIVAS Abrange diversas habilidades: iniciar determinada ação, estabelecer metas, planejar e organizar os processos para seu cumprimento, inibir estímulos distratores e respostas automáticas, monitorar a eficiência das estratégias adotadas para resolução dos problemas e, quando necessária, criar novos esquemas de atuação. TEA: dificuldades de planejamento, organização, flexibilidade mental, controle inibitório e fluência verbal e visual. Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin: expressam pensamentos rígidos e dificuldades para avaliar novas estratégias diante de mudanças Respostas perserverativas em tarefas de fluência verbal fonológica e visual FUNÇÕES EXECUTIVAS Problemas com a tarefa da Torre de Londres (demanda planejamento, flexibilidade e organização) demonstrando impulsividade e rigidez Baixo desempenho em testes de memória episódica que envolvem recordação serial (lista de rey), evidenciam falha no controle inibitório Baixo desempenho nos subtestes de linguagem nas escalas Wechsler, mas têm escores médio nos de habilidades visuoconstrutivas e de memória. Instrumentos que priorizam inteligência não-verbal são indicados para indivíduos não-verbais
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