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00-Legislação Profissional e Bioética-ArquivoUnico

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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL E 
BIOÉTICA 
Luciana Rigotto Parada Redigolo é enfermeira formada pelo 
Centro Universitário “Barão de Mauá”, possui especialização em 
Administração Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo de 
São Paulo, especialização em Saúde Pública pela Faculdade AVM 
de Brasília e é mestranda em Saúde e Educação pela Universidade 
de Ribeirão Preto/SP, onde desenvolve seu projeto de pesquisa “O 
perfil das crianças menores de um ano impossibilitadas de receber 
leite materno”. Atualmente, trabalha como enfermeira em um 
Ambulatório de Nutrologia da rede pública municipal de Ribeirão 
Preto. 
Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
Luciana Rigotto Parada Redigolo 
Batatais
Claretiano
2015
LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL E 
BIOÉTICA 
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma 
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o 
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação 
Educacional Claretiana.
CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia 
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori 
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia 
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone 
Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus 
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni 
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgareli • Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina 
Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires 
Botta Murakami de Souza 
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote 
Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Legislação Profissional e Bioética 
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 136 páginas
 
174.9574 R25L 
 
 Redigolo, Luciana Rigotto Parada 
 Legislação profissional e bioética / Luciana Rigotto Parada Redigolo – Batatais, SP : 
 Claretiano, 2015. 
 136 p. 
 
 ISBN: 978-85-8377-433-4 
 1. Ensino. 2. Legislação. 3. Princípios bioéticos. 4. Paciente-assistência. 5. Princípios e 
 valores éticos da enfermagem. I. Legislação profissional e bioética. 
 
 
 
 
 
 CDD 174.9574 
SUMÁRIO
CONTEúDO INTRODUTóRIO
1. INTRODUçãO ................................................................................................... 9
2. GLOSSáRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 15
3. EsquEma dos ConCEitos-ChavE ............................................................... 20
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 21
5. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 22
unidadE 1 – DIMENSãO ÉTICA E LEGAL DA ATUAçãO 
PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM
1. INTRODUçãO .................................................................................................. 25
2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 25
2.1. A APROxIMAçãO PROFISSIONAL AOS CONCEITOS ÉTICOS E BIOÉTICOS .....25
2.2. A ÉTICA E A PRáTICA PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO ....................... 35
2.3. A ÉTICA E A BIOÉTICA NO CONTExTO DA EDUCAçãO ......................... 39
3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 48
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 48
5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 50
6. E-REFERÊnCias ............................................................................................... 51
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 52
unidadE 2 – INSTRUMENTOS E PRINCíPIOS ÉTICOS LEGAIS DA 
PRáTICA PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM
1. INTRODUçãO .................................................................................................. 57
2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 57
2.1. A REGULAMENTAçãO DA PROFISSãO DE ENFERMEIRO ..................... 57
2.2. O SISTEMA COFEN/COREN ..................................................................... 67
2.3. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENFERMEIRO .................................... 70
2.4. A LEGISLAçãO ACERCA DO ESTáGIO CURRICULAR .............................. 82
3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 86
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 87
5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 89
6. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 90
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 91
unidadE 3 – TEMAS DA BIOÉTICA RELATIVOS à PROFISSãO E 
PESQUISA EM SERES HUMANOS
1. INTRODUçãO .................................................................................................. 95
2. CONTEúDO BáSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 96
2.1. BIOÉTICA E O CUIDADO EM ENFERMAGEM ......................................... 96
2.2. DIREITOS E SEGURANçA DO PACIENTE ................................................. 99
2.3. ATUAçãO DO PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM DIANTE DOS DILEMAS 
ÉTICOS....................................................................................................... 107
2.4. PESQUISAS EM SERES HUMANOS ......................................................... 119
3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 131
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 131
5. CONSIDERAçÕES ............................................................................................. 132
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRáFICAS ..................................................................... 134
7. E-REFERÊnCias ................................................................................................ 135
7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo 
Dimensão ética e legal da atuação profissional da 
enfermagem. Instrumentos e princípios éticos legais da prática 
profissional da enfermagem. Temas da Bioética relativos à 
profissão e pesquisa em seres humanos.
Bibliografia Básica
OGUISSO, T.; SCHIMIDT, M. J. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético legal. 
2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
GELAIN, I. Deontologiae enfermagem. 3. ed. São Paulo: EPU, 2005.
KLINGER, F. J. Ética e Bioética em Enfermagem. 2. ed. Goiânia: AB, 2007.
Bibliografia Complementar
ANJOS, M. F. Argumento moral e aborto. São Paulo: Loyola, 1976.
BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Princípios de Ética Biomédica. São Paulo: Loyola, 
2002.
BOFF, L. Fundamentos da ética. Petrópolis: Vozes, 2003. 
BRASIL. Lei n. 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos 
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial 
em saúde mental. D.O. Eletrônico, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 de abril 2001. 
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm>. 
Acesso em: 16 nov. 2015.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SãO PAULO. Principais legislações para o 
exercício da Enfermagem. São Paulo: [s.n.], 2009. 
COSTA SIF.; GARRAFA V.; OSELKA, G. (Org). Iniciação à bioética. Brasília: Conselho 
Federal de Medicina, 1998. 
8 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
É importante saber: ––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que 
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes 
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os 
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os 
procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua 
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente 
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou 
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos 
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do 
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência 
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), 
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos 
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito 
de avaliação. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
1. INTRODUÇÃO
Atualmente estamos vivenciando situações que nos 
levam a reflexões sobre valores morais e éticos nos casos de 
competitividade no local de trabalho, principalmente, em locais 
que trabalham com cumprimento de metas e que às vezes levam 
o profissional a escolher o caminho mais fácil prejudicando seu 
colega de trabalho. 
A ética permeia nosso dia a dia como cidadão e como 
profissional na convivência com os colegas de trabalho, pois é 
nos atendimentos que realizamos que vamos nos deparar com 
os dilemas éticos.
Na área da saúde, a enfermagem é uma das profissões 
em que o profissional mais se aproxima do paciente, estando 
sempre presente na assistência e realizando os procedimentos 
diários, nas orientações e na escuta do paciente. 
Na assistência, enquanto profissional, é importante saber 
ouvir as angústias relacionadas aos problemas vividos pelos 
pacientes, entendendo que faz parte da conduta ética profissional 
a escuta sem interferência pessoal. Um dos maiores problemas 
enfrentados na saúde está relacionado ao sigilo profissional, uma 
vez que no atendimento diário vamos nos deparar com pessoas 
conhecidas no convívio social, que procuram assistência muitas 
vezes por doenças infecto contagiosas como, por exemplo, a 
AIDS, em que o sigilo deve ser mantido com pena de prejuízo ao 
paciente. 
Neste estudo, vamos conhecer a importância da ética para 
os profissionais da saúde e, principalmente, para a enfermagem; 
vamos discutir o papel da ética profissional, bem como seu 
surgimento e os movimentos que sofreu ao longo da história. 
10 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
Também é importante situar a ética e a bioética no contexto da 
educação, identificar os desafios e as possibilidades como uma 
ação que deve ser implementada no ensino durante a formação 
do aluno.
 A ética na antiguidade
Segundo Ramos, 2012 a ética surgiu na Grécia, junto com a 
filosofia, embora existam registros de que seus preceitos fossem 
praticados entre outros povos desde a origem da humanidade, 
misturados ao contexto místico e religioso, tentando pautar 
regras de comportamento para permitir o convívio e as relações 
entre as pessoas.
Para Sócrates, o verdadeiro objeto do conhecimento seria 
a alma humana, onde reside a verdade e a possibilidade de 
alcançar a felicidade.
O conhecimento seria o meio do indivíduo se aperfeiçoar, 
tornando-se virtuoso pelo amadurecimento intelectual; 
enquanto a ignorância representaria o vício.
Desse conceito surgiu a fundamentação da ética em volta 
da liberdade, virtude e bondade.
Antes de Aristóteles, herdeiro da tradição socrática, Platão 
tratou a ética como componente da vida política e da harmonia 
entre os habitantes da Pólis.
A ética deveria permitir que os indivíduos dividissem o 
poder, fazendo com que o sujeito se preocupasse com o outro.
Para Platão, as formas de governo poderiam ser resumidas 
em quatro, todas produtoras de homens não éticos (RAMOS, 
2012):
11© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
1) Timocracia: o regime político é conferido aos ricos, 
onde os donos de terra têm o direito de participar 
do governo, palavra que em grego significa “governo 
de poucos”, limitando-se às famílias mais ricas que 
formam a nobreza. Nesse regime o poder é transmitido 
hereditariamente, sem possibilidade de alternância.
2) Oligarquia: o regime político está concentrado em um 
pequeno número de pessoas que se diferenciam pela 
nobreza e riqueza, independentemente de sua origem 
familiar. Não há nenhuma participação dos pobres; 
nesse regime o que é valorizado é a capacidade 
econômica, e não a virtude.
3) Democracia: o governo da Pólis fica como cada 
um gosta, com representantes eleitos ou cidadãos 
participando diretamente, é um governo de iniciativa 
popular, estabelecendo acordos para determinar as 
leis, onde os indivíduos devem se adaptar. Esse regime 
tende a uma desorganização, pois não consegue 
alcançar resultados práticos em meio às discussões 
intermináveis que defendem interesses múltiplos.
4) Tirania: o termo tirano origina do vocábulo grego 
turannos, que na Grécia clássica designava um governo 
ilegítimo, ou seja, teria sido instituído de forma ilegal. 
Sistema em que um homem, o tirano, assume o poder 
sob o pretexto de ajudar o coletivo, mas representa seu 
desejo por bajulações, demonstrando total ausência 
de virtude e pobreza de alma.
Uma vez que todas as formas de governo conduzem ao 
vício, inviabilizando a existência ética do indivíduo e da Pólis, 
Platão propôs a construção de um Estado Ideal, onde a virtude 
12 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
pudesse ser estimulada, garantindo a liberdade efetivada no 
exercício da justiça, o que ficou conhecido como República 
Platônica. O Estado deveria ser governado pelos reis filósofos, 
sendo a racionalidade o que permitiria dirigir o destino coletivo 
com sabedoria e virtude. 
Aristóteles, um grande defensor da democracia, também 
considerava a ética como possibilidade de acabar com a 
desigualdade, harmonizando o convívio coletivo, relacionando 
a liberdade com a responsabilidade para compartilhar o poder 
de forma igualitária, através do conceito de representatividade.
Ao inverso de Platão, para ele não é o sistema político que 
corrompe o homem, este é que desvirtua o regime.
Para racionalizar o convívio entre as pessoas, seria preciso 
assimilar três tipos de conhecimentos que compõem o que 
Aristóteles chamou de sabedoria voltada para o bem, o belo e 
o honesto:
1) Conhecimentos teóricos: é a investigação do que 
ocorre no mundo, transformado em conhecimento 
sistematizado, em Ciência e, portanto, naquilo que 
hojechamamos de ética.
2) Conhecimentos produzidos: são as normas de 
orientação técnica, necessárias à efetivação da prática, 
correspondentes às leis e ao Direito.
3) Conhecimentos Práticos: são as orientações obtidas 
pela vivência diária, conduzindo a maneira justa e 
saudável de viver em harmonia com a natureza e o 
outro, condizente com a moral.
Em outras palavras, a ética aristotélica propõe observar 
as necessidades do homem como indivíduo e membro da 
13© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
coletividade, o que é possível estabelecer como norma em dado 
contexto, teorizar e refletir para padronizar como correto.
A ética se constitui como ciência normativa da conduta 
individual e coletiva em sentido amplo. Diferente da concepção 
platônica, onde a ética é inerente a um grupo e padronizada 
de forma segmentada, origem do que hoje chamamos ética 
profissional. Diante do exposto, chega-se à conclusão de que a 
existência coletiva precisa de regras para efetivar-se.
A ética medieval
Na Idade Média, entre o século 11 e 19, o catolicismo era 
dominante na Europa Ocidental, pregando uma ética vinculada 
com a religião e dogmas cristãos, a despeito de mudanças 
significativas com o renascimento, a entrada da modernidade e 
o iluminismo.
Dentre as concepções filosóficas do conceito de ética 
medieval, cabe destacar as ideias de Santo Agostinho, Santo 
Anselmo e São Tomás de Aquino.
Para Santo Agostinho, a verdade é uma questão de fé, 
revelada por Deus, superando a razão; subordinando o Estado e 
a política à autoridade da Igreja.
O catolicismo alterou profundamente a ética, introduzindo 
a ideia de que a bondade, uma vida virtuosa, só podia ser 
alcançada pela vontade de Deus, desvinculando a felicidade da 
racionalização do mundo.
A ética moderna
Entre os séculos 16 e 18, as discussões éticas estiveram 
centralizadas no embate entre racionalismo e empirismo.
14 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
A Idade Moderna foi a época da formação e consolidação 
dos Estados Nacionais europeus, onde a separação entre 
Estado e igreja tornou-se definitiva, com a característica do 
antropocentrismo e a aceleração do avanço da Ciência.
Foi um período de transição para a Idade Contemporânea, 
com contradições de cunho ainda medieval e forte influência da 
religião na vida das pessoas.
A ética passou a ser vista novamente como a busca da 
felicidade coletiva, retomando seu sentido original grego, 
vinculado com a política e compondo orientações para a 
realização plena do cidadão.
Os preceitos religiosos começaram a perder força, em 
uma tentativa da ética se sobrepor à moral, universalizando e 
discutindo princípios de convivência em sociedade.
Portanto, a ética moderna, apesar de ainda vinculada 
à religião, começou uma tentativa de sobrepujar a moral, 
resgatando discussões presentes na antiguidade, avançando 
alguns passos, rumo à vinculação com a liberdade.
Entretanto, foi pensada como instrumento de sustentação 
do poder do Estado perante a vida coletiva e individual.
A ética contemporânea
Ao separar o conhecimento da religião, no século 18, 
o iluminismo trouxe uma releitura da ética, estabelecendo 
críticas que voltaram a centralizar o foco na razão, apostando na 
autonomia humana e na crença otimista no progresso.
15© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
A Revolução Francesa pregou o ideal de liberdade, igualdade 
e fraternidade, tendo como centro a questão da tolerância para 
com as diferenças e o estabelecimento de um pacto social.
Nesse período, iniciou-se uma discussão em torno dos 
direitos humanos, culminando com a "Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão" em 1789.
Representando o iluminismo alemão, Immanuel Kant 
exerceu forte influência na universalização dos preceitos 
conceituais da ética humana.
Na segunda metade do século 19, Friedrich Nietzsche tornou 
a ética definitivamente uma Ciência desvinculada da religião. 
Para ele, a ética seria o centro, justificativa e fundamentação 
das ações humanas, constituindo o elemento que torna possível 
a convivência, estabelecendo padrões de comportamento que 
reprimem a natureza.
O desenvolvimento do conhecimento relacionado à vida 
e aos fatos que desrespeitaram a dignidade humana, durante a 
Segunda Guerra Mundial, incentivou o surgimento da bioética 
como ramo do conhecimento da ética, no tratamento do homem 
e responsável por realizar debates multidisciplinares sobre 
questões emergentes e persistentes (RAMOS, 2012).
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida 
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom 
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de 
conhecimento dos temas tratados.
16 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
1) Bioética: é a ética que valoriza três valores 
fundamentais: autonomia, justiça e beneficência. 
Surgiu nos Estados Unidos e Europa na década de 
1970, onde abordava questões relacionadas com a 
vida, morte e saúde das pessoas. Na atualidade, busca-
se ampliar os conceitos e aplicação da bioética, como: 
"justiça, cidadania, direitos humanos, liberdade, 
participação, autonomia, igualdade, responsabilidade, 
beneficência, solidariedade, equidade, qualidade, 
excelência, radicalidade e tolerância" (GARRAFA, 1997, 
263).
2) Consentimento livre e esclarecido: anuência do 
participante da pesquisa e/ou de seu representante 
legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), 
dependência, subordinação ou intimidação, após 
esclarecimento completo e pormenorizado sobre 
a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, 
benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo 
que esta possa acarretar (BRASIL, 2012).
3) Dano associado ou decorrente da pesquisa: agravo 
imediato ou tardio, ao indivíduo ou à coletividade, 
com nexo causal comprovado, direto ou indireto, 
decorrente do estudo científico (BRASIL, 2012).
4) Distanásia: termo usado para conservar em vida um 
doente tido como incurável, empregando cuidados 
extraordinários, desvelos sem os quais ele não poderia 
existir (PESSINI, 2004).
5) Erro profissional: engano ou equívoco ao realizar 
uma ação, apesar de o profissional ter tomado todos 
os cuidados e precauções para atuar corretamente 
(RABELO, et al.)
17© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
6) Ética: o termo deriva do grego ethos (caráter, modo 
de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de 
conhecimentos obtidos do comportamento humano 
sobre valores morais e princípios que norteiam a 
conduta humana na sociedade, é uma reflexão crítica 
sobre a moralidade. “A ética é daquelas coisas que 
todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de 
explicar, quando alguém pergunta” (VALLS, 1993, p. 8).
7) Eutanásia: termo usado para designar o ato de 
provocar, por compaixão, a morte de um doente 
incurável e terminal, pondo fim aos seus sofrimentos 
(BORGES, 2001).
8) Incapacidade civil ou legal para pesquisa: condição 
em que o participante da pesquisa não dispõe de 
capacidade civil para dar o seu consentimento livre e 
esclarecido, devendo ser assistido ou representado, 
de acordo com a legislação brasileira vigente (BRASIL, 
2012).
9) Imperícia: falta de conhecimento técnico ou habilidade 
para executar uma ação própria de sua categoria 
profissional (GRECO, 2008).
10) Imprudência: descuido ou falta de cautela ao executar 
uma ação que poderia ter sido prevista e evitada, agir 
com precipitação (PRADO, 2007).
11) Kant: Immanuel Kant foi o pai da Filosofia Kantiana. 
Nasceu em 1724, em Königsberg, na Prússia Ocidental, 
filho de pais humildes e árduos devotos da religião 
luterana, o que influenciou, significativamente, 
sua personalidade. Ingressou na universidade para 
18 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
estudar teologia, embora tenha dado maior atenção à 
matemática, física e medicina (MORRIS, 2002).
12) Moral: é um conjunto de valores e de regras de 
comportamento,um código de conduta que 
coletividades adotam, quer sejam uma nação, uma 
categoria social, uma comunidade religiosa ou uma 
organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina 
teórica, ao estudo sistemático, a moral corresponde 
às representações imaginárias que dizem aos agentes 
sociais o que se espera deles, quais comportamentos 
são bem-vindos e quais não são (SROUR, 2000).
13) Negligência: o ato omisso de deixar de fazer o que 
é necessário por displicência, causando resultados 
prejudiciais (PRADO, 2007).
14) Ortotanásia: termo empregado em deixar morrer o 
doente de sua morte natural por abstenção ou omissão 
de cuidados (BORGES, 2001).
15) Pesquisa: “Processo formal e sistemático que visa a 
produção, o avanço do conhecimento e/ou a obtenção 
de respostas para problemas mediante emprego de 
método científico” (BRASIL, 2012).
16) Pesquisa em reprodução humana: “pesquisas 
que se ocupam com o funcionamento do aparelho 
reprodutor, procriação e fatores que afetam a saúde 
reprodutiva de humanos, sendo que nesses estudos 
serão considerados "participantes da pesquisa" todos 
os que forem afetados pelos procedimentos das 
mesmas” (BRASIL, 2012).
17) Pesquisa envolvendo seres humanos: pesquisa que, 
individual ou coletivamente, tenha como participante 
19© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o 
envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo 
de seus dados, informações ou materiais biológicos 
(BRASIL, 2012).
18) Pólis: era o modelo das antigas cidades gregas desde 
o período arcaico até o período clássico, vindo a perder 
importância durante o domínio romano. Devido às 
suas características, o termo pode ser usado como 
sinônimo de cidade-estado. O surgimento da pólis foi um 
dos mais importantes aspectos no desenvolvimento 
da civilização grega. Constituída por um aglomerado 
urbano, abrangia toda a vida pública de um pequeno 
território e geralmente se encontrava protegida por 
uma fortaleza. Compreendia a totalidade dos cidadãos, 
exceto os escravos, metecos e membros de populações 
subjugadas, distinguindo-se de outras cidades pelo 
nome dos seus habitantes. 
19) Risco da pesquisa: possibilidade de danos à dimensão 
física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou 
espiritual do ser humano, em qualquer fase de uma 
pesquisa e dela decorrente (BRASIL, 2012).
20) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE: 
documento no qual é explicitado o consentimento 
livre e esclarecido do participante e/ou de seu 
responsável legal, de forma escrita, devendo conter 
todas as informações necessárias, em linguagem 
clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais 
completo esclarecimento sobre a pesquisa, a qual se 
propõe participar (BRASIL, 2012).
21) Termo de Assentimento: documento elaborado em 
linguagem acessível para os menores de idade ou 
20 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
para os legalmente incapazes por meio do qual, após 
os participantes da pesquisa serem devidamente 
esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar 
dela, sem prejuízo do consentimento de seus 
responsáveis legais (BRASIL, 2012). 
22) Vulnerabilidade: estado de pessoas ou grupos que, 
por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capa-
cidade de autodeterminação reduzida ou impedida, ou 
de qualquer forma estejam impedidos de opor resis-
tência, sobretudo no que se refere ao consentimento 
livre e esclarecido (BRASIL, 2012).
3. EsquEma dos ConCEitos-ChavE
Como você pode observar, o Esquema a seguir possibilita 
uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. 
Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e 
descobrir o caminho para construir o seu conhecimento. Por 
exemplo, para atuar na enfermagem é necessário entender o 
conceito de ética e o que ele representa para a profissão.
A ética estuda a conduta comportamental do ser humano, 
bem como seu caráter. Porém, em senso comum, entende-se que 
uma pessoa ética é aquela que tem como premissa um conjunto 
de valores morais e princípios que norteiam a sua conduta.
No contexto da enfermagem a ética deve ter como base 
comportamentos e ações que abrangem conhecimentos, 
habilidades, valores e atitudes, com o propósito de favorecer as 
potencialidades do ser humano, a fim de manter a dignidade e 
melhorar a condição do paciente/cliente no processo de viver e 
morrer.
21© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
conteÚDo introDUtÓrio
A prática da enfermagem requer um entendimento das 
implicações legais acerca do processo do cuidar, pois somente 
é possível dispensar assistência com segurança aos indivíduos e 
à sociedade, quando conhecemos os limites legais da profissão.
Por isso, há a necessidade de uma discussão multidisciplinar, 
quando se trata de temas abordados pela bioética, pois os 
conceitos acerca desses assuntos são muito divergentes.
Sem dúvida é de muita importância que haja espaços 
para a discussão bioética com respeito aos conflitos éticos 
que abrangem a profissão, acima de tudo, com o propósito de 
estimular a reflexão e o diálogo diante das situações dilemáticas 
não pautadas somente nos valores ligados à profissão, que 
são de natureza normativa, mas que também compreendem a 
dimensão íntima do indivíduo, suas crenças e princípios morais. 
Destaca-se, também, a importância de despertar a 
autoconsciência do aluno acerca de seus valores, levando 
em consideração a influência deles no seu comportamento e 
decisões, com relação às situações dilemáticas presentes no dia 
a dia do trabalho, para que venha a se tornar um profissional 
mais consciente da necessidade de respeitar a autonomia das 
pessoas que serão cuidadas por ele no futuro.
Princípios e 
Valores 
Éticos da 
Enfermagem
Paciente – Assistência 
Ensino 
Pesquisa em Humanos 
Princípios Bioéticos 
Legislação 
Não – Maleficência 
Fidelidade
Beneficência
Autonomia
Justiça
Justiça – Moral 
Autonomia – Respeito e 
Proteção pelas pessoas 
Beneficência + Benefícios 
- Prejuízos 
Não Maleficência 
Equidade
Projeto Pedagógico
Atividade Prática – Estágio
Princípios Morais
Aprender a Aprender
Conforto – toque, escuta, 
apoio espiritual e família 
Acesso à informação
Confidencialidade / Sigilo
Trabalho em Equipe 
Comprometimento
Respeito
Apoio Técnico - Consulta
Retaguarda
Responsabilidade
Direitos e Deveres 
Caminhos e Norteadores
 
Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Legislação Profissional e Bioética. 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAUCHAMP, T.; CHILDRESS, J. Principies of biomedical ethics. In: POTTER, P. A., PERRY, 
A. G. Fundamentos de Enfermagem. 6. ed. Mosby: Elsevier, 2006.
BORGES, R. C. B. Direito de morrer dignamente: eutanásia, ortotanásia, consentimento 
nformado, testamento vital, análise constitucional e penal e direito comparado. In: 
22 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
conteÚDo introDUtÓrio
SANTOS, M. C. C. L. Biodireito: ciência da vida, os novos desafios. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2001. p. 283-305.
GARRAFA, V. Bioética, saúde e cidadania. O Mundo da Saúde, v. 23, n. 5, p. 263-269, 
1997. 
GRECO, R. Curso de Direito Penal: parte geral. 10. ed. Niterói: Impetus, 2008. v. 1.
MORRIS, C. Os grandes filósofos do direito. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
PESSINI, L. Eutanásia: por que abreviar a vida? São Paulo: Loyola, 2004.
PRADO, L. Curso de Direito Penal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
SROUR, R. H. Ética Empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
VALLS, A. O que é ética. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
5. E-REFERÊnCias
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética 
em Pesquisa. Resolução nº196/96. Brasília, 2012. Disponível em: <http://conselho.
saude.gov.br/Web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_
final_196_ENCEP2012.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2013. 
RABELO, E. et al. Responsabilidade ética e legal do profissional de enfermagem: ética 
e legislação. 2012. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/lidianeosantos/responsabilidade-tica-e-legal-do-profissional-da-enfermagem>. Acesso em: 
21 jul. 2014.
RAMOS, F. P. História do desenvolvimento da Ética e Ética: evolução conceitual. 
Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2012/03/
evolucao-conceitual-da-etica.html> . Acesso em: 20 nov. 2013.
23
UNIDADE 1
DIMENSÃO ÉTICA E LEGAL DA ATUAÇÃO 
PROFISSIONAL DA ENFERMAGEM
Objetivos
• Estudar ética e bioética, compreendendo o seu 
desenvolvimento por meio da história e refletir sobre as 
questões éticas relevantes da atualidade. 
• Interpretar os subsídios teóricos sobre as questões 
éticas relacionadas à profissão de enfermagem. 
• Analisar conceitos de ética e bioética e sua relação com 
a educação. 
Conteúdos
• A aproximação profissional aos conceitos éticos e 
bioéticos.
• A ética e a prática profissional do enfermeiro.
• A ética e a bioética no contexto da educação. 
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações 
a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos 
explicitados no Glossário e suas ligações pelo Esquema 
24 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades 
desta obra. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e 
seu desempenho.
2) Ao ler o estudo sobre a dimensão ética e legal da 
atuação profissional da enfermagem, você vai observar 
que a lei tanto protege como pune o indivíduo, sendo 
necessário ao profissional de enfermagem conhecê-
la para se proteger de situações que possam levá-lo a 
responder juridicamente e para que possa proteger os 
direitos das pessoas que estão sendo assistidas.
3) Vamos, também, conhecer os conceitos de ética, 
bioética e a dimensão ética da atuação profissional 
da enfermagem e o que ela representa para a essa 
profissão.
4) Como aluno, você vai conhecer a ética como um tema 
transversal cujo objetivo é mostrar a necessidade de 
construção de uma sociedade justa, agregando valores 
como respeito, solidariedade e cooperação. Você 
também vai aprender a dialogar e a tomar decisões 
coletivas.
25© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
1. INTRODUÇÃO 
A prática da enfermagem inclui uma compreensão das 
implicações legais envolvidas no processo de cuidar, uma vez 
que só é possível prestar assistência aos indivíduos e à sociedade 
com segurança, se conhecermos os limites legais da profissão. 
O profissional precisa entender que a lei tanto protege como 
pune, sendo necessário o conhecimento dela para se proteger 
de situações que possam levá-lo a responder por processos e 
para que possa proteger os direitos das pessoas que estão sendo 
assistidas. 
Para tanto, é necessário conhecer os limites legais da 
profissão de enfermagem que irão interferir diretamente na 
tomada de decisões, bem como garantir que os clientes recebam 
um cuidado de enfermagem seguro e apropriado.
Para entendermos a dimensão ética da atuação profissional 
da enfermagem, é necessário que saibamos o conceito de ética e 
o que ela representa para a essa profissão.
2. CONTEúDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de ReferÊncia, apresenta de forma 
sucinta, os temas abordados nesta unidade.
2.1. A AproximAção profissionAl Aos conceitos éticos 
e bioéticos
Freitas (2010) comenta que antes de Cristo os filósofos 
gregos chamavam de éthos os princípios inspiradores dos valores 
e do agir em sociedade. Com a influência do cristianismo na Idade 
26 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
Média, passou-se a usar a palavra moral para esses princípios e 
valores.
Moore (1975) afirma que “ética” é uma palavra de origem 
grega, éthos, que por sua vez possui duas origens: sendo a 
primeira com “e” curto, que pode ser entendida por costume e é 
a que serviu de base para a tradução latina moral; e a segunda, 
que também é escrita da mesma forma, porém com “e” longo, 
e significa caráter. Esse sentido de alguma forma orienta a 
utilização atual que é dada a palavra ética.
Freitas (2010) identifica que ética é o estudo da conduta 
e do caráter; no senso comum, diz-se que uma pessoa é ética 
quando se tem como premissa princípios, convicções e valores. 
Está relacionada ao que é bom para os indivíduos e à sociedade 
em geral. Em especial no cuidado à saúde, no processo de decisão 
pode haver conflitos entre o que é certo ou errado devido aos 
valores diferentes entre indivíduos. Conflitos compreensíveis 
ocorrem entre todos que estão envolvidos no processo do 
cuidado, ou seja, familiares, comunidade, profissionais de saúde 
e amigos.
Diante disso, podemos afirmar que a ética profissional é 
a ciência do comportamento moral dos homens que tem como 
função constatar os fatores que em uma deter minada sociedade 
são capazes de alienar a atividade profissional; portanto, a ética 
profissional tem como função a reflexão crítica, com o propósito 
de salvar e dar segurança à sociedade no que diz respeito à 
atividade profissional (TRAUTMAN, 2002). 
Bioética (ou ética da vida) no campo filosófico corresponde 
ao:
[...] estudo sistemático das dimensões morais – incluindo visão 
moral, decisões, condutas e políticas – das ciências da vida e 
27© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias 
éticas em um cenário interdisciplinar. (REICH, 1995).
Segundo um dos precursores da bioética no Brasil (SEGRE, 
1999, p. 23), bioética é a parte da ética, ramo da filosofia, que 
enfoca as questões referentes à vida humana e, portanto, 
à saúde. Os temas enfrentados pela bioética necessitam 
de uma discussão multidisciplinar, o que justifica conceitos 
divergentes sobre determinados temas. A bioética é não apenas 
multiprofissional e disciplinar, mas também, acessível a todo ser 
humano que queira pensar, o que se deseja é uma reflexão, pois 
a uniformidade nesses casos é inatingível (SEGRE, 1999).
Hernandes (1999) aponta que de uma maneira geral a 
bioética não possui respostas para todas as situações, mas 
oferece caminhos de atuação para auxiliar nas tomadas de 
decisões individuais em casos complexos e limitados, portanto, 
tem como característica principal o enfoque multidisciplinar. 
A atuação da bioética normalmente se faz presente nos 
casos em que há conflito de valores. Em situações em que haja 
consenso, na aprovação ou reprovação de uma conduta pela 
sociedade, não há porque pensar no plano da bioética. Temos, 
como exemplo, o descarte de pilhas no meio ambiente, que a 
sociedade reprova, logo não há conflito, pois só há um interesse 
em evidência, que é a qualidade do meio ambiente. A bioética 
só pode existir quando houver conflito de valores, como, por 
exemplo, a eutanásia, em que se discute a dignidade do paciente 
terminal e continuidade da vida, entre outras situações similares.
Princípios da bioética 
O Relatório de Belmont é resultado do trabalho da 
Comissão Nacional para Proteção dos Seres Humanos da 
28 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
Pesquisa Biomédica e Comportamental, realizada pelo governo 
americano para identificar os princípios éticos básicos aplicáveis 
na pesquisa em seres humanos. Foi oficialmente divulgado em 
1978, tornando-se a declaração principialista clássica, e acabou 
sendo usado para a reflexão bioética em geral. Os três princípios 
constantes no relatório e referendados pela bioética são o 
princípio da autonomia, da beneficência e da justiça (PESSINI; 
BARCHIFONTAINE, 2000).
Bioética e filosofia
Expoente do pensamento filosófico, Kant é largamente 
estudado pela bioética, sendo sua filosofia a base da reflexão 
bioética necessária, para o progresso da ciência relacionada à 
vida humana. Suas obras são analisadasem diversos idiomas 
e culturas, e muitas de suas concepções servem até hoje para 
nortear a conduta e fomento das decisões humanas no campo 
da moral e da ética. A filosofia de Kant significou uma nova forma 
de pensar a ética e a moral, onde o filósofo contesta a base moral 
de base empírica, propondo um pensamento racional. Nessa 
proposta Kant sintetiza o seu pensamento sobre as questões da 
moralidade, valorizando essa ideia de lei moral (OLIVEIRA, 2007).
 Como critério maior da moralidade, Kant estabelece o 
preceito de “imperativo-categórico”, que conclui que existem 
valores comuns a todos os homens, valores universais inerentes 
às pessoas. Questões como a mutilação genital nos rituais de 
iniciação de algumas tribos indígenas poderiam se contrapor à 
existência de valores se não fossem justificadas pela influência 
cultural; portanto, para quem pratica o ato não há desrespeito 
à pessoa, pois esse praticante considera tal ato um benefício e 
aguarda ansiosamente o ritual (LOLAS, 2001).
29© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
Em seguida, buscando relacionar a ideia de lei moral 
universal e do ser humano como fim em si mesmo, Kant enuncia 
o imperativo prático:
[...] age de tal maneira que possas usar a humanidade, tanto 
em tua pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e 
simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio 
(KANT, 2005, p. 59). 
 Os homens como seres racionais estão, pois, submetidos a 
essa lei que ordena que cada um deles jamais se trate a si mesmo 
ou aos outros simplesmente como meios, mas sempre como fim 
de si próprio, uma pessoa e não um objeto. O homem ganha em 
Kant status de valor absoluto (MARTI, 2003).
Após um contato teórico sobre a abordagem ética e 
bioética, é necessário que se conheça os conceitos que contêm 
significados específicos no contexto da ética, no cuidado da 
saúde, que são: autonomia, beneficência, não maleficência, 
justiça e fidelidade. Esses conceitos abordam conflitos morais 
e dilemas éticos na saúde, norteando as práticas, decisões, 
procedimentos e discussões no que se refere aos cuidados em 
saúde. 
Autonomia – refere-se ao compromisso profissional de 
informar aos clientes todos os cuidados que serão prestados, 
incluindo-o nas decisões e dando liberdade individual para 
escolher o que é melhor para si mesmo (DWORKIN, 2005). 
Mill (1909, p. 5) propõe uma das bases teóricas para o 
princípio da autonomia, que é: "sobre si mesmo, sobre seu corpo 
e sua mente, o indivíduo é soberano".
Como exemplo, podemos citar o termo de consentimento 
que os pacientes assinam antes de procedimentos cirúrgicos. 
Quando o paciente assina esse termo, significa que ele concordou 
30 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
com a realização do procedimento, assegurando à equipe de 
saúde a permissão para tomada de conduta.
 Beneficência – o princípio da beneficência refere-
se à tomada de ações positivas para ajudar os outros, 
independentemente de desejá-las ou não. Trata-se da ponderação 
dos riscos e benefícios, sendo que os benefícios devem superar 
os riscos (DWORKIN, 2005). 
O enfermeiro tem de resguardar e defender os direitos do 
paciente. Como exemplo do princípio da beneficência, podemos 
citar o compromisso desse profissional em checar, no momento 
da alta hospitalar, se o paciente está apto a trocar seu curativo 
ou desenvolver qualquer técnica que precise; caso não esteja 
preparado, o enfermeiro deverá retardar sua saída ou programar 
visitas domiciliares (TIMBY; SMITH, 2005). 
Na literatura muitos autores propõem que o princípio da 
não maleficência é um elemento do princípio da beneficência.
O Relatório Belmont (1978) incluía a não maleficência 
como parte da beneficência. O Relatório estabeleceu que 
duas regras gerais pudessem ser formuladas como expressões 
complementares de uma ação benéfica: não causar o mal e 
maximizar os benefícios possíveis, minimizando os danos.
A prática da beneficência estimula a vontade de praticar o 
bem para com os outros.
Não maleficência – o princípio da não maleficência é 
evitar riscos previsíveis, mantendo a integridade do paciente. Na 
prática da saúde não basta fazer o bem, é necessário igualmente 
não cometer danos. Cabe ao profissional de saúde então tentar 
equilibrar os riscos e benefícios em um plano de cuidado, 
31© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
esforçando-se para causar o menor dano possível (ALMEIDA, 
2000).
A não maleficência é importante, pois na área da saúde 
um procedimento a ser realizado por necessidade pode vir junto 
com o risco de causar algum dano. Como exemplo, podemos 
citar a necessidade de realizar uma punção para coleta de liquor 
occipital a fim de descartar alguma possibilidade diagnóstica e 
o procedimento causar um sangramento intracraniano. Nesse 
caso, se o benefício da punção for maior que o do sangramento, 
eticamente esse dano pode ser justificado (KIPPER, 2002).
Justiça – refere-se à equidade, uma vez que os profissionais 
de saúde têm de se esforçar para praticar justiça no cuidado da 
saúde. Temos, como exemplo, os transplantes de órgãos, em que 
os beneficiários são inscritos em uma lista, garantindo-se que 
haverá uma sequência no chamamento dos receptores (POTTER; 
PERRY, 2009).
Aristóteles propôs a justiça formal, afirmando que os iguais 
devem ser tratados de forma igual e os diferentes devem ser 
tratados de forma diferente (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 1994).
A lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as 
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e 
dá outras providências, refere, em seu art. 2º, que a saúde é um 
direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as 
condições indispensáveis ao seu pleno exercício (BRASIL, 1990).
Segundo Santos (1998, p. 42), o princípio bioético da 
justiça visa "garantir a distribuição justa, equitativa e universal 
dos benefícios dos serviços de saúde".
32 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
Fidelidade – o princípio refere-se à concordância em 
manter promessas. O profissional de saúde, quando propõe 
um plano de cuidado ao cliente, tem de ter o compromisso de 
cumpri-lo (POTTER; PERRY, 2009). Quase sempre essas promessas 
e responsabilidades estão relacionadas a prática de enfermagem 
(TIMBY; SMITH, 2005).
No âmbito da saúde, devido às novas descobertas e experi-
mentos científicos, a sociedade tem uma crescente preocupação 
com a ética. 
A enfermagem vem refletindo sobre a sua prática, buscan-
do enfrentar os desafios relacionados às questões éticas que sur-
gem em seu campo de atuação.
 A ética, no contexto da enfermagem, abrange 
comportamentos e ações que envolvem conhecimentos, valores, 
habilidades e atitudes no sentido de favorecer as potencialidades 
do ser humano com a finalidade de manter ou melhorar a 
condição humana no processo de viver e morrer. Assim, os 
cuidados de enfermagem devem ser prestados de maneira que 
não causem danos de correntes de imperícia, negligência ou 
imprudência (WALDOW, 2001).
 A legislação brasileira, de acordo com o Código Civil, art. 
951, o disposto nos arts. 948, 949 e 950, aplicam-se ainda, no 
caso de indenização devida por aquele que, no exercício de 
atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, 
causar morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão 
ou inabilitá-lo para o trabalho (BRASIL, 2002). A Constituição 
Federal, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor 
regem as relações intersubjetivas entre o profissional e seus 
clientes (FELLOUS, 2003). 
33© LegisLação ProfissionaL e Bioética 
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
Desse modo, é considerado danoum erro civil praticado 
contra uma pessoa ou uma propriedade. Este pode ser classificado 
como intencional, quase intencional e não intencional (POTTER; 
PERRY, 2009).
Danos intencionais – são os atos praticados de maneira 
consciente, voluntária, que violam os direitos de outra, como 
agressão, lesão corporal e cárcere privado (POTTER; PERRY, 
2009).
Agressão – é qualquer ato onde exista a ameaça de 
provocar dano ou ofensa. Nesse caso, não é necessário que se 
pratique um contato físico, o fato de ameaçar o paciente já é 
considerado agressão. Por exemplo, se a enfermeira ameaçar dar 
uma injeção ou contiver o paciente sem seu consentimento, é 
caracterizada a agressão. Sempre que for necessária a realização 
de procedimento ou exames, é prudente que se assine um termo 
de consentimento (POTTER; PERRY, 2009).
Lesão corporal – qualquer toque intencional sem o 
consentimento do paciente pode ser considerado lesão corporal, 
pois o contato pode feri-lo ou ser ofensivo à sua dignidade pessoal. 
No caso que citamos da aplicação de injeção pela enfermeira, se 
ela realmente aplicar a injeção sem o consentimento do paciente, 
ocorrerá lesão corporal (POTTER; PERRY, 2009).
Cárcere privado ou detenção ilegal – ocorre com a 
restrição injustificada de uma pessoa sem um mandato judicial. 
Se um paciente consciente deseja deixar a instituição de saúde 
sem alta médica, o enfermeiro não pode detê-lo a força, este 
deverá orientar o paciente que caso queira sair, deverá assinar 
um termo que eximirá de responsabilidade a instituição (TIMBY; 
SMITH, 2005). 
34 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
Danos quase intencionais – são os atos em que não houve 
a intenção, mas ocorreu a violação do direito, como invasão de 
privacidade e difamação de caráter (POTTER; PERRY, 2009).
Invasão de privacidade – cabe aos profissionais de saúde 
oferecer ao paciente assistência com confidencialidade e 
privacidade. É direito do paciente estar livre da intromissão 
indesejada em seus assuntos particulares (TIMBY; SMITH, 2005).
Outra forma de invasão de privacidade é fornecer dados 
médicos relativos ao paciente a pessoas não autorizadas; o 
prontuário médico é confidencial, e as informações contidas nele 
só devem ser divididas com a equipe envolvida no cuidado. Outros 
exemplos são: fotografar o paciente sem o seu consentimento, 
revelar seu nome em relatórios públicos e artigos científicos 
e fazer comentários em áreas comuns da instituição de saúde 
(TIMBY; SMITH, 2005).
Difamação de caráter – ocorre quando são publicadas 
afirmações falsas, por má-fé, que causem dano à reputação 
de uma pessoa. Quando alguém verbaliza uma afirmação 
falsa, considera-se calúnia; já uma afirmação falsa por escrito, 
considera-se difamação. O enfermeiro deve evitar fazer 
comentários exagerados e infundados dos pacientes e de seus 
colegas de trabalho com o risco de difamar a pessoa (TIMBY; 
SMITH, 2005).
Danos não intencionais – são os atos não intencionais que 
incluem a negligência e a má prática (TIMBY; SMITH, 2005).
Negligência – a negligência é uma conduta que está abaixo 
do padrão de cuidado, ou seja, quando há risco de lesão. No caso 
da enfermagem, a administração errada de um medicamento é 
considerada um ato negligente (FERNANDES; FREITAS, 2006).
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Má prática – a má prática, ou imperícia, é um tipo de 
negligência profissional. Neste item podemos listar vários atos 
de negligência relacionados ao cuidado do paciente, sendo: não 
seguir prescrições, não fornecer instruções na alta do paciente, 
não cuidar da segurança do paciente, especialmente daqueles 
que estão sedados, que têm riscos de quedas, entre outros 
(TIMBY; SMITH, 2005). 
Consentimento – quando um paciente entra em um 
estabelecimento de saúde onde será submetido a tratamentos 
de rotina, ele assina um termo geral de consentimento e com 
relação a procedimentos que envolvam riscos, como cirurgias 
e exames especializados. O paciente ou seu representante 
necessita assinar um termo de consentimento antes da realização 
do mesmo (TIMBY; SMITH, 2005). 
 Consentimento informado é a concordância do paciente 
para que alguma coisa aconteça. Sempre deve ser explicado 
e esclarecido ao paciente sobre o tratamento, procedimento 
e riscos envolvidos. Caso o paciente seja deficiente auditivo 
ou tenha dificuldade de entender a língua brasileira, deve-se 
providenciar um interprete para ajudá-lo a realizar uma escolha 
informada (CóDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, LEI nº 
8.078/90). 
2.2. A éticA e A práticA profissionAl do enfermeiro
Os fundamentos ou princípios éticos que norteiam o 
exercício da enfermagem abrangem preceitos éticos importantes 
na prática cotidiana, como liberdade, compromisso, consciência, 
valores e responsabilidade. 
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A prática da enfermagem exige que o profissional tenha 
um contato próximo com o paciente, não apenas fisicamente, 
mas também psicológica e emocionalmente. Quando você presta 
cuidados a um paciente, frequentemente encontrará pessoas 
com valores diferentes, o quais a ética exige que você respeite. 
Os valores são desenvolvidos na infância, no núcleo familiar, e 
vão sofrendo variações à medida que o indivíduo cresce. Com 
o tempo, as pessoas acabam transformando alguns valores por 
influência da comunidade e mantendo outros. Esclarecer os 
valores é tolerar diferenças na busca pela resolução dos dilemas 
éticos (POTTER; PERRY, 2009).
A liberdade como elemento fundamental da natureza 
humana consiste na capacidade do indivíduo de dominar e 
superar obstáculos. É a condição fundamental para compreensão 
da responsabilidade, pois se entende que um indivíduo é 
inteiramente responsável quando é capaz de escolher e optar, de 
forma autônoma e sem interferências. Portanto, a autonomia, 
desse modo, quer dizer o direito de dirigir-se, de governar-se e 
de escolher (CHAUí, 1999).
Assim, a consciência constitui-se em outro fundamento 
no processo de assistência, porque faz parte do processo de 
decisão, podendo o profissional agir e escolher com capacidade 
entre duas ou mais possibilidades.
A enfermagem é uma profissão comprometida com a 
saúde e qualidade de vida da pessoa, família e coletividade, 
sendo que o profissional de enfermagem tem atuado em vários 
segmentos, indo desde o cuidado das pessoas, passando pelas 
ações educativas, pesquisas administrativas e participação 
no planejamento em saúde. O enfermeiro tem avan çado no 
controle das suas atividades, previstas tanto no Regulamento do 
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Exercício Profissional (Lei nº 7498/86) como no Código de Ética 
dos Profissio nais de Enfermagem (Resolução COFEN 311/2007). 
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) é um 
documento que apresenta princípios, direitos, responsabilidades, 
deveres e proibições pertinentes à conduta ética dos profissionais 
de enfermagem, sendo um instrumento norteador da conduta 
do enfermeiro no exercício da sua profissão.
 O profissional de enfermagem é parte integrante da 
equipe de saúde, responsável por ações que buscam satisfazer 
as necessidades de saúde da comunidade, em consonância com 
as políticas públicas, garantindo a promoção, recuperação e 
manutenção da saúde. Nesse sentido, observa-se a aproximação 
das práticas assistenciais, sociais e éticas em enfermagem 
com (alguns dos) princípios do Sistema único de Saúde (SUS), 
conforme descrito na Lei nº 8.080/1990: 
I. universalidade de acesso aos serviços de saúde em 
todos os níveis de assistência; 
II. integralidade de assistência, entendida como um 
conjunto articulado e contínuo das ações e serviços 
preventivos e curativos, individuais e coletivos,exigidos 
para cada caso em todos os níveis de complexidade do 
sistema; 
III. preservação da autonomia das pessoas na defesa de 
sua integridade física e moral;
IV. igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou 
privilégios de qualquer natureza. 
Junto a esses quatro princípios fundamentais, entende-se 
que a bioética é uma obrigação nas ações de saúde desenvolvi-
das pela equipe multiprofissional, ficando claro que a pessoa é 
o tema central da bioética. A bioética busca a defesa da digni-
38 © LegisLação ProfissionaL e Bioética
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dade e qualidade de vida do ser humano e os profissionais de 
enfermagem incluem o exercício da bioética em sua prática diá-
ria, buscando uma assistência integral na sua relação paciente/
cliente.
Essa troca de experiência entre profissionais envolvidos na 
assistência traz benefícios, tanto para o paciente quanto para os 
profissionais, que no dia a dia parecem confrontar o princípio da 
autonomia do paciente com o da beneficência.
O enfermeiro trabalha com vidas e, portanto, deve 
respeitar o princípio da dignidade do ser humano, necessitando 
de conhecimento técnico, formação moral e ética para ter 
suporte no momento da tomada de decisão.
Com o avanço da tecnologia, aumentaram os dilemas 
éticos, levando o profissional de enfermagem a pensar nos 
riscos e benefícios envolvidos em sua prática diária, o que torna 
imprescindível o estudo de assuntos bioéticos, para entender 
cada caso concreto. Portanto, segundo o professor Marco Segre 
(1999), ao citar Zoboli:
Bioética é, definitivamente, campo de ação e de interação de 
profissionais e estudiosos, oriundos das mais diversificadas 
áreas de conhecimento humano.[...] Porque a bioética 
discutindo a vida e a saúde humana, não apenas interessa a 
todos os humanos, bem como, requer para essa discussão a 
bagagem do reconhecimento de todos os profissionais (SEGRE, 
1999 apud ZOBOLI, 2005).
Clemente (2004) sustenta que cada profissional expressa 
sua própria opinião a respeito dos temas bioéticos, o que 
dificulta um consenso sobre o assunto. A forma transdiciplinar de 
trabalhar em bioética, onde os profissionais podem compartilhar 
situações vividas no dia a dia e buscar soluções mais justas para os 
problemas, proporcionou outra forma de ensino/aprendizagem. 
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2.3. A éticA e A bioéticA no contexto dA educAção
Na reforma educacional, pautada em parâmetros 
curriculares nacionais, o estudo da ética surge como exigência 
legal. A ética ocupa-se em estabelecer valores referentes ao 
comportamento humano, ou seja, comportamentos bons e 
maus, construtivos ou destrutivos (SEGRE, 1996) na busca de 
tomada de decisões, exigindo do ser humano uma reflexão crítica, 
um juízo de valores vindos de dentro para fora, processo que 
envolve conhecimentos, razão, sentimentos, emoções, vivência 
e todo processo educacional apreendido, bem como as heranças 
acumuladas e os valores que foram socialmente construídos ao 
longo da vida (FERNANDES, 2007). 
A formação do ser ético ocorre no próprio existir. Na escola, 
o aluno vai projetando o seu mundo, criando o seu caminho, 
mesmo sem perceber todas as suas possibilidades. Essa premissa 
proporciona ao aluno a busca de sua realização como pessoa e 
construtor de si mesmo (FERNANDES, 2007). 
Logo o aluno tem de se preparar para o futuro, tendo 
a responsabilidade como parte integrante de sua formação 
ética, adquirindo conhecimentos para vivenciar as situações 
emergentes da área da saúde, que se encontram inseridas na 
esfera da bioética (FERNANDES, 2007).
A bioética é a parte da ética voltada para questões 
da vida e da saúde humana, entendida como um conjunto 
organizado de reflexões construtivas, onde cada pessoa tem seu 
posicionamento quanto às situações conflituosas referentes à 
vida e à saúde humana. A bioética envolve fatos complexos que 
envolvem ou afetam direta ou indiretamente os seres humanos 
(SEGRE, 1996).
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As escolas trabalham com temas referentes à saúde e 
que envolvem todos os ciclos da vida, desde a concepção até 
a morte. Têm a preocupação de oferecer condições aos alunos 
para que desenvolvam suas habilidades para enxergar o mundo 
sob o prisma da bioética, incluindo a natureza ambiental e as 
diversas culturas, os valores, a saúde, a educação, o trabalho, as 
tecnologias e, principalmente, o mundo das relações humanas. 
Esse mundo abrange o compromisso, o respeito, a reciprocidade, 
a solidariedade, a confidencialidade, a verdade, a privacidade; a 
questão da autonomia, do altruísmo, da tolerância, da confiança, 
da vontade, da escolha, da prudência, da retidão e da liberdade 
(FERNANDES, 2007). 
Nesse particular, a bioética utiliza-se dos instrumentos 
morais, sociais, econômicos, éticos, políticos e legais para refletir 
e dialogar sobre as mais diversas situações. Esses aspectos são 
considerados fundamentais para que o aluno atue na sua futura 
profissão.
O aprender a ser ético deve ser trabalhado ao longo da 
formação do aluno, uma vez que algumas situações exigirão 
mudanças em si mesmo para que tenha condições de tomar 
decisões éticas, consideradas fundamentais para atuar na sua 
futura profissão. Cabe, também, à escola o dever de preparar 
o aluno para exercer o bem e desenvolver sua autonomia 
(FERNANDES, 2007).
 O ensino também se vincula à bioética nas questões 
práticas relacionadas com a beneficência e a não maleficência, 
autonomia e justiça. Beneficência diz respeito a fazer o bem e 
evitar o mal, e na relação aluno professor é o compromisso, o 
respeito à privacidade e a confidencialidade, à verdade dos 
fatos e à autonomia, relacionados ao modo de construir o 
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conhecimento com responsabilidade e respeito à liberdade e 
justiça em relação à compreensão e acessibilidade aos direitos e 
respeito às diferentes culturas (BARCHIFONTAINE, 2006). 
A escola deve cumprir sua tarefa humanista, mostrando ao 
aluno que existem outras culturas além da sua e que pluralismo 
significa diálogo com todas as culturas, a partir de uma cultura 
que se abre às demais. A cultura como produto das atividades 
humanas evolui continuamente, levando-nos a repensar a 
responsabilidade humana, no sentido de organizar o mundo e 
as diferentes realidades, sendo que organizar também significa 
respeitar o direito de todos à educação (GADOTTI, 2015).
A inclusão da ética como um tema transversal tem como 
objetivo oferecer ao aluno a necessidade de construção de uma 
sociedade justa, agregando valores como respeito, solidariedade, 
cooperação, diálogo e tomada de decisões coletivas (LOMBARDI, 
2005).
A seguir, conheceremos alguns desafios, dificuldades e 
possibilidades diante da ética e bioética como temas transversais:
Alguns desafios 
1) Criar espaços de debates éticos, sociais e políticos 
interdisciplinares.
2) Acumular conhecimentos de outras áreas que 
possibilitem debates sobre questões da ética e bioética. 
3) Desenvolver um melhor entendimento sobre ética e 
bioética perante as novas tecnologias de ensino.
4) Entender a ética e bioética como instrumento facilitador 
para o aluno praticar a cidadania e a democracia com 
compromisso com o coletivo.
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5) Buscar meios que viabilizem o desenvolvimento de 
habilidades relacionadas aos saberes, diminuindo a 
fragmentação ao saber conhecer com a prática do saber 
fazer, saber conviver e saber ser (FERNANDES, 2007).
Vale ressaltar que é necessário trabalhar a ética ainda no 
Ensino Fundamental, permeando toda a formaçãodo aluno ao 
longo de sua vida. Diante do exposto, cabe ao professor preparar 
o aluno para viver em sociedade como cidadão, auxiliá-lo no 
desenvolvimento de habilidades técnicas para atuar no mercado 
de trabalho (FERNANDES, 2007).
Algumas dificuldades 
1) Falta de comunicação entre os professores, dificultando 
o diálogo entre as disciplinas.
2) Os temas transversais não são de interesse de ensino 
dos professores, apesar de saberem da importância 
deles.
3) Falta de formação específica por parte dos professores 
em trabalhar com o assunto bioética.
4) Algumas instituições de ensino às vezes recorrem a 
profissionais especializados para ministrarem aulas 
pontuais de ética e bioética, afastando-se do contexto 
da saúde.
5) Dificuldades em trabalhar questões da bioética do 
cotidiano distante da realidade que o aluno vive. 
6) Dificuldade do aluno em trabalhar com situação 
específica e complexa, necessitando de preparo gradual.
7) Os professores devem discutir as questões éticas em 
uma relação interdisciplinar, envolvendo o aluno no 
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processo de aprendizagem, preparando-o para as 
dificuldades que vão ocorrendo no dia a dia no contexto 
da prática (FERNANDES, 2007). 
Algumas possibilidades 
1) Sempre que ocorrer uma situação no campo de ensino 
prático, deve-se trabalhar ética e bioética. 
2) Deve-se aproveitar as oportunidades que ocorrem no 
dia a dia para mostrar para o aluno os temas transversais, 
como ética e bioética. 
3) Para tomar decisões éticas, é necessário o pensamento 
ordenado, reflexivo e crítico; aprender a ouvir e dialogar.
4) Criar espaços que propiciem ao aluno construir 
conceitos de ética e bioética. 
5) Proporcionar a aproximação da instituição de ensino 
com estabelecimentos de saúde, propiciando ao aluno 
graduando de Enfermagem a possibilidade de realizar 
parte de sua formação no campo da prática, vivenciando 
situações concretas que envolvem os conflitos éticos 
(FERNANDES, 2007).
Os desafios, as dificuldades e as possibilidades sempre 
estão presentes no contexto do ensino. Existem vários assuntos 
que estão vinculados à ética e à bioética que merecem discussão 
devido aos conflitos que geram no dia a dia. São eles: 
1) construção da identidade, 
2) desemprego, 
3) sexualidade, 
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4) excluídos, grupos vulneráveis, 
5) estigmas e preconceitos, 
6) conflitos de interesse, 
7) violência, 
8) tecnologia,
9) avanços e limites da tecnologia,
10) limites éticos da intervenção sobre o ser humano 
(FERNANDES, 2007).
Construção da identidade
Consiste em definir o que a pessoa é, seus valores, suas 
crenças e metas que quer atingir na vida (ERIKSON, 1972). A 
identidade se desenvolve ao longo da vida, mas é na adolescên-
cia que ocorrem as maiores transformações, é a "primeira eta-
pa da vida em que estão reunidos todos os ingredientes para a 
construção de uma identidade pessoal" (SCIELO, 2015). Acredita-
-se que a formação da identidade ocorre até o indivíduo definir 
sua carreira e conseguir sua independência financeira. A inde-
cisão em decidir uma identidade ocupacional é um dos fatores 
que mais perturba os jovens (ERIKSON, 1972).
Desemprego
O desemprego é considerado um dos maiores problemas 
atuais, que pode ocorrer a qualquer indivíduo, a qualquer 
momento de sua atividade profissional. Devido à alta 
concorrência no mercado de trabalho, não podemos deixar de 
mencionar os processos de avaliação, onde somente um vai ser 
contemplado com a vaga, a ilusão do ganho monetário fácil e a 
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qualquer preço. Enquanto profissionais, devemos refletir sobre 
algumas questões, como: vou trabalhar com pessoas que não 
confio? Vou realizar um trabalho sem capacitação técnica? Vou 
utilizar materiais de procedência duvidosa?
Todas essas questões têm de ser levadas em conta tanto na 
hora de ser admitido como na hora de se manter um emprego. 
Fábricas fechadas, escritórios vazios, milhões de desempregados, 
dias de fome, cidades decadentes, hospitais superlotados, 
administrações enfermas, explosões de violência, ideologia 
de austeridade, discursos fátuos, revoltas populares, novas 
estratégias políticas, esperanças, medos, promessas, ameaças, 
manipulação, mobilização, repressão, bolsas de valores 
temerosas, sindicatos militantes, computadores perturbados, 
policiais nervosos, economistas estupefatos, políticos astutos, 
povo sofredor – tantas imagens que pensávamos terem se ido 
para sempre, levadas pelo vento do capitalismo pós-industrial. 
E agora elas estão outra vez de volta, trazidas pelo vento da 
crise capitalista (APPLE, 1989, p. 19).
Sexualidade
A sexualidade humana ocorre em uma determinada 
época da existência humana através da definição de suas 
preferências, atitudes, predisposição ou experiências sexuais. 
A escola tem um papel importante na formação de uma 
consciência ética e política sobre a sexualidade, que deve ter 
clara a superação das atuais formas de entender o homem, a 
sociedade e a cultura. As proibições, os discursos consumistas 
e, propriamente, a banalização da sexualidade são variantes 
da repressão histórico institucional sobre a dimensão da 
sexualidade (FOCAULT, 1977).
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Exclusão
A exclusão social pode ocorrer por vários fatores, sendo 
por: diferença de classe social, racismo, dependência química, 
prostituição, problemas psiquiátricos e até mesmo por obesidade. 
Grupos vulneráveis 
É uma parcela da população que se encontra em menor 
número na sociedade, possui direitos civis e políticos como todos 
e não tem acesso, ou tem dificuldades, àquelas informações 
e serviços disponíveis para a população em geral, seja por 
motivos religiosos, de saúde, opção sexual, etnia, cor de pele, 
incapacidade física ou mental (SÉGUIN, 2002). Alguns exemplos 
dessa parcela são os moradores de rua, prostitutas, usuários de 
drogas ilícitas e álcool, entre outros. 
Estigmas e preconceitos
O estigma pode ser classificado em três tipos diferentes: o 
primeiro, onde há as deformidades físicas; o segundo, as culpas 
de caráter individual, percebidas como vontade fraca, paixões 
tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade; 
e, por fim, os estigmas tribais de raça, nação e religião, que podem 
ser transmitidos de geração para geração (GOFFMAN, 1988). 
Como exemplo, podemos citar os pacientes de hanseníase, AIDS, 
filhos de presidiários, entre outros.
Conflitos de interesse 
O conflito de interesse pode ocorrer quando uma das partes 
envolvidas em um procedimento tem maior interesse do que a 
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UNIDADE 1 – DImENsão étIcA E lEgAl DA AtUAção profIssIoNAl DA ENfErmAgEm
outra. Como exemplo, podemos citar as ofertas desnecessárias 
de procedimentos cirúrgicos na área de estética.
Violência
A Organização Mundial da Saúde definiu violência:
Uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça 
ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou 
comunidade, que ocasiona ou tem grandes probabilidades 
de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, alterações do 
desenvolvimento ou privações. (OMS, 2002, p. 1).
A violência é uma questão social. Como exemplos, 
podemos citar: violência física, assassinatos, violência sexual, 
estupro, assédio moral, espancamentos, entre outros.
Tecnologia
O desenvolvimento e os avanços tecnológicos sempre 
causam uma preocupação, principalmente na área da saúde, 
pois muitas vezes provocam dilemas éticos, que nos despertam 
para reflexão sobre a conduta dos profissionais na sua prática 
cotidiana diante das tecnologias, de modo a garantir um cuidado 
humanizado (FIGUEROA,2000).
Como exemplo na área de tecnologia e saúde, podemos 
citar: o uso de material genético humano, organismos 
geneticamente modificados, reprodução assistida, clonagem, 
entre outros. Com relação aos limites éticos da intervenção sobre 
o ser humano, poderíamos mencionar a eutanásia, clonagem, 
doação de órgãos etc.
Nesse contexto é necessário que a instituição de ensino 
ofereça ao aluno uma formação com condições para torná-lo 
um profissional autônomo, crítico e reflexivo, responsável não 
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somente para o âmbito técnico e científico, mas também para o 
âmbito humano, social e cultural (FERNANDES, 2007). 
Portanto, cabe ao professor auxiliar o aluno a construir o 
agir ético, autônomo, pautado em valores como beneficência, 
autonomia e justiça. 
Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––
•	 Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone 
Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível 
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo 
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a 
lista de vídeos.
•	 Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: 
Legislação Profissional e Bioética – Vídeos Complementares – 
Complementar 1. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3. CONTEúDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição 
necessária e indispensável para você compreender integralmente 
os conteúdos apresentados nesta unidade. Para uma maior 
compreensão do assunto abordado, sugerimos que você acesse 
o site:
• CABRAL, L. A. B. Ética e Moral. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=6AtHKgmrPaM>. Acesso 
em: 19 nov. 2014.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em 
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responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos 
estudados para sanar as suas dúvidas. 
1) Os conceitos que contêm significados específicos no contexto da ética, no 
cuidado da saúde, são:
a) autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e fidelidade.
b) autonomia, beneficência, maleficência, justiça e fidelidade.
c) autonomia, não beneficência, não maleficência, justiça e fidelidade.
d) autocracia, beneficência, não maleficência, justiça e fidelidade.
2) Quando o enfermeiro realiza um procedimento sem o adequado conheci-
mento e habilidade técnica, está expondo o paciente a danos decorrentes 
de:
a) Negligência.
b) Imperícia.
c) Imprudência.
d) Indisciplina. 
3) O profissional de enfermagem é parte integrante da equipe de saúde 
responsável por ações que buscam satisfazer as necessidades de saúde 
da comunidade. De acordo com as políticas públicas, é função desse 
profissional:
a) garantir consultas médicas mensalmente.
b) garantir a promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde.
c) oferecer acesso à unidade de saúde através de consultas especializadas.
d) garantir a prevenção de doenças e tratamento de doenças. 
4) A escola deve cumprir sua tarefa humanista, mostrando ao aluno que 
existem outras culturas além da sua. Eticamente, isso significa:
a) o diálogo com todas as culturas, levando o aluno a repensar a 
responsabilidade humana, no sentido de organizar o mundo e as 
diferentes realidades.
b) a transformação do aluno, melhorando sua capacidade de 
aprendizagem.
c) a mudança no comportamento do aluno em relação à assistência.
d) a criação de um senso de autonomia entre as categorias profissionais.
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5) A inclusão da ética como um tema transversal tem como objetivo ofe-
recer ao aluno a necessidade de construção de uma sociedade justa, de 
modo que ele agregue valores como respeito, solidariedade e cooperação 
e aprenda a dialogar e a tomar decisões coletivas. Como tema transversal, 
a instituição de ensino deve de ter como proposta:
a) trabalhar questões da bioética de um cotidiano distante da realidade 
em que o aluno vive.
b) recorrer a profissionais especializados para ministrarem aulas pontuais 
de ética e bioética, afastando-se do contexto da saúde.
c) a falta de comunicação entre os professores, dificultando o diálogo en-
tre as disciplinas.
d) buscar meios que viabilizem o desenvolvimento de habilidades rela-
cionadas aos saberes, diminuindo a fragmentação ao saber conhecer 
com a prática do saber fazer, saber conviver e saber ser.
Gabarito 
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões 
autoavaliativas propostas:
1) a.
2) b. 
3) b.
4) a. 
5) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, tivemos a oportunidade de conhecer os 
conceitos de ética, bioética, moral e entender que o profissional 
de enfermagem deve atuar na promoção, prevenção, recuperação 
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e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com 
os preceitos éticos e legais. 
O enfermeiro é parte integrante da equipe de saúde e em 
seu cotidiano tem como dever respeitar a vida, a dignidade e os 
direitos humanos em todas as suas dimensões. 
Após conhecermos um pouco da filosofia de Kant, é 
oportuna a reflexão de alguns dilemas éticos. Como você avalia: 
•	 a recusa de transfusão de sangue em testemunhas de 
Jeová?
•	 aborto em casos de anencefalia?
•	 eutanásia em pacientes com diagnóstico de morte 
cerebral?
Segundo a filosofia de Kant, a recusa da transfusão de 
sangue eticamente se sustenta no imperativo prático, no 
reconhecimento da dignidade humana, no respeito à crença, 
que deve ser respeitada, desde que tenha manifestação escrita 
ou pessoal; portanto, se o paciente não estiver incapacitado, 
sua autonomia e autodeterminação devem ser respeitadas. O 
mesmo há de se dizer do aborto e da eutanásia. 
6. E-REFERÊnCias 
GADOTTI, M. Indicadores de qualidade da educação escolar. Disponível em: 
<http://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20
Continuada/Avalia%C3%A7%C3%A3o/Indicadores_de_qualidade_da_educ_escolar.
pdf>. Acesso em: 24 set. 2015.
SCIELO. A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório <http://
www.scielo.br/pdf/%0D/epsic/v8n1/17240.pdf>. Acesso em: 24 set. 2015.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BARCHIFONTAINE, C. P. Perspectivas da bioética na América Latina e o pioneirismo 
do ensino de bioética no Centro Universitário São Camilo, SP. In: PESSINI, L.; 
BARCHIFONTAINE, C. P. (Org.). Bioética e Longevidade humana. São Paulo: Loyola; 
2006.
BEAUCHAMP, T. L., CHILDRESS, J. F. Principles of Bioemdical Ethics. 4. ed. New York: 
Oxford, 1994.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre proteção do consumidor, 
e da outras providências, DOU, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 set. 1990. p. 1.
______. Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências. DOFC, Poder Legislativo, Brasília, 
DF, 20 set. 1990. Seção 1, p. 18055. 
______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil, e da outras 
providências, DOU, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
 CHAUí, M. Convite à filosofia. São Paulo: ática, 1999.
CLEMENTE, A. P. P. Bioética: um olhar transdisciplinar sobre os dilemas do mundo 
contemporâneo. Belo Horizonte: Bioconsulte, 2004.
DWORKIN, R. Domínio

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