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Física 10 piter e Saturno) orbitavam em órbitas circulares ao seu re- dor. Essas órbitas eram consideradas uniformes, mas para explicar os movimentos observados, Ptolomeu introduziu conceitos como epiciclos e deferentes. Epiciclos eram pequenas órbitas circulares que os planetas eram supostos a seguir enquanto orbitavam em torno da Terra. Esses epiciclos eram centrados em pontos chamados epicentros. Por sua vez, os epicentros se mo- viam em órbitas circulares ao redor da Terra, chamadas deferentes. Essa adição de epiciclos e deferentes permitiu a Ptolomeu acomodar as irregularidades observadas nos movimentos dos planetas. Além disso, Ptolomeu também considerou casos em que era necessário adicionar mais de um epiciclo para explicar os movimentos planetários. Em alguns casos, o centro da deferente era deslocado para um ponto B, que não coincidia com o centro da Terra. Essas modificações tornaram o modelo ptolomaico bastante complexo. É importante ressaltar que, na época de Ptolomeu, os telescópios ainda não haviam sido inventados. Todas as observações astronômicas eram feitas a olho nu, limitando o conhecimento sobre os astros. Os astros eram categori- zados em dois grupos: as estrelas fixas, que mantinham suas posições relativas na esfera celeste, e os planetas, que eram chamados assim devido aos seus movimentos inde- pendentes dos demais astros. Apesar de suas limitações e complexidades, o modelo ptolomaico foi amplamente aceito e utilizado por mais de um milênio, até meados do século XVI. Somente com as descobertas e observações posteriores de cientistas como Nicolau Copérnico, Johannes Kepler e Galileu Galilei é que a concepção heliocêntrica do Sistema Solar foi estabele- cida, revolucionando nossa compreensão da gravitação universal e dos movimentos planetários. 3. O modelo heliocêntrico de Copérnico No século XVI, o monge polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) revolucionou a compreensão do movimento dos astros ao apresentar um modelo heliocêntrico. Nesse modelo, ilustrado de forma simplificada na figura, Copér- nico propôs que os planetas, incluindo a Terra, orbitavam em torno do Sol. No sistema de Copérnico, a Lua também possuía uma órbita em torno da Terra, que, por sua vez, orbitava o Sol em um período de um ano. Além disso, Copérnico afirmou que a Terra tinha um movimento de rotação em torno de seu próprio eixo, completando uma volta a cada 24 horas. Com isso, o movimento aparente das estrelas no céu era explicado como resultado da rotação da Terra, enquanto a esfera das estrelas fixas permanecia imóvel. Modelo siMplificado do sisteMa heliocêntrico de copérnico É importante destacar que a figura representa uma simplificação do modelo de Copérnico. Assim como Ptolo- meu, Copérnico também utilizou recursos mais complexos, como epiciclos, para explicar certos movimentos planetários. Portanto, seu modelo também possuía uma complexidade comparável ao modelo ptolomaico. Ambos os modelos, em- bora inovadores para suas épocas, forneciam apenas uma explicação aproximada dos movimentos dos planetas. No entanto, o modelo heliocêntrico de Copérnico, ao colocar o Sol como o centro do Sistema Solar, abriu ca- minho para avanços posteriores na astronomia. As ideias de Copérnico foram aprimoradas por Johannes Kepler, que formulou suas leis do movimento planetário, e posterior- VOLUME 4 | CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias 11 mente por Isaac Newton, cuja teoria da gravitação uni- versal proporcionou uma compreensão mais precisa dos movimentos celestes. 4. As Leis de Kepler O alemão Johannes Kepler (1571-1630) criou uma teoria mais precisa e simples que as teorias anteriores de Ptolomeu e Copérnico. Essa teoria foi publicada na forma de três leis, entre 1609 e 1619. Primeira Lei de Kepler O sistema adotado por Kepler era heliocêntrico com a Lua girando em torno da Terra, a qual, juntamente com os outros planetas, obedeceria à seguinte lei: Primeira Lei de Kepler ou Lei das Órbitas: todos os planetas se movem em órbitas elípticas, com o Sol ocupando um dos focos da elipse. Periélio: é o ponto da órbita (trajetória) que está mais próximo do Sol; Afélio: é o ponto que está mais afastado. Quando a Terra está no periélio, é verão no hemisfério norte e inverno no hemisfério sul, e vice-versa. A trajetó- ria da Terra ao redor do Sol, embora elíptica, possui uma excentricidade tão sutil que se assemelha a uma órbita praticamente circular. No entanto, essa característica por si só não seria responsável por grandes variações ao longo do ano. O que realmente desencadeia as distintas esta- ções do ano é a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da órbita. As órbitas dos planetas, em geral, estão aproximada- mente alinhadas em um único plano, denominado plano da eclíptica. Similarmente à órbita da Terra, as órbitas dos demais planetas possuem uma leve excentricidade, embo- ra se aproximem de círculos perfeitos. Na figura abaixo, podemos observar o movimento dos oito planetas conhe- cidos conforme eles circundam o Sol. Descobrindo Agora Na época de Kepler, os planetas Urano e Netuno não eram conhecidos. Também, até o ano de 2006, admitia-se Plutão como um planeta do Sistema So- lar. Porém, em um congresso da União Astronômica Internacional realizado naquele ano, ficou decidido que, por ter características diferentes daquelas dos outros planetas, Plutão passaria à categoria de pla- neta-anão. Segunda Lei de Kepler Como ilustrado pela figura, imagine uma linha ligando o Sol a um planeta. Esse planeta se move entre dois pon- tos quaisquer da órbita, durante um intervalo de tempo Δt. Segunda Lei de Kepler ou Lei das Áreas: O segmento que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. Em outras palavras, um planeta se move mais rápido quando está próximo ao Sol e mais devagar quando está mais distante. Essa lei estabelece que a linha imaginária que conecta o planeta ao Sol varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais. Em outras palavras, à medida que um planeta se move ao redor do Sol em sua órbita elíptica, ele percorre áreas iguais em tempos iguais. Isso significa que um pla- neta se move mais rapidamente quando está mais próxi- mo do Sol (periélio) e mais devagar quando está mais dis- tante (afélio). Essa lei descreve como a velocidade orbital de um planeta varia durante sua jornada ao redor do Sol. De acordo com essa lei, é fácil perceber que, se a trajetória fosse exatamente circular, o movimento seria uniforme. Terceira Lei de Kepler Kepler também encontrou uma relação entre o perío- do (T) de cada planeta, isto é, o tempo que cada planeta Física 12 gasta para executar uma volta completa em torno do Sol e a medida do semieixo maior (R) da elipse da órbita. A relação obtida foi: R T k3 2 = Vale destacar que k é uma constante. Terceira Lei de Kepler, Lei dos Períodos: O quadrado do perío- do de revolução de um planeta é proporcional ao cubo do semieixo maior da elipse em que o planeta está em órbita. Essa lei estabelece uma relação matemática entre o tempo que um planeta leva para completar uma órbita ao redor do Sol e a distância média entre o planeta e o Sol. Na tabela a seguir, apresentamos os valores de R, T e k para os oito planetas que giram em torno do Sol. Planeta Período de Revolução (anos) Distância média ao Sol (UA) K Mercúrio 0.24 0.39 1,001 Vênus 0.62 0.72 1,001 Terra 1.00 1.00 1 Marte 1.88 1.52 0,999 Júpiter 11.86 5.20 0,9981 Saturno 29.46 9.58 0,9997 Urano 84.01 19.18 0,9987 Netuno 164.79 30.07 0,9987 Plutão 247.68 39.48 0,9989 Como podemos calcular, o valor de k é praticamente o mesmo para todos os planetas. É relevante salientar que as leis de Kepler possuem validade para sistemas semelhantes ao Sistema Solar, nos quais um corpo de maior massa é circundado por corpos de menor massa, como é o caso de um planeta e seus satélites. A Terra, por exemplo, possui um único satélite natural, a Lua, enquantoo planeta Saturno abriga aproximada- mente vinte satélites, os quais obedecem, em sua maio- ria, às três leis de Kepler. Além disso, essas leis podem ser aplicadas também aos satélites artificiais que orbitam em torno da Terra, considerando-se, em geral, órbitas circu- lares, nas quais o raio médio se aproxima do raio “R” da trajetória. Aplicações práticas (Ufms 2021) Durante uma viagem espacial, em um de seus sonhos sobre ficção científica, o cientista Credes encontra duas luas de seu extinto planeta natal, o Creed’Beer 13. As luas são batizadas de Nanica’Cris 1 e Princesa Submúltipla, cujos diâme- tros (em km) calculados por Credes são, aproximadamente: Diâmetro de Nanica’Cris 1 = 2,5 x 103 e Diâmetro de Princesa Submúltipla = 3,2 x 103, sendo seus respectivos raios médios da órbita em relação ao centro do planeta Creed’Beer 13 (km): Raio de Nanica’Cris 1 = 1,8 x 105 e Princesa Submúltipla = 5,4 x 105. Credes, que hoje é terráqueo, determinou em seus cálculos que o período da órbita da lua Nanica’Cris 1 é de aproximadamente 2 dias terrestres. Determine aproximadamente qual o período orbital da lua Prin- cesa Submúltipla em dias terrestres. a) 6 dias terrestres. b) 10,3 dias terrestres. c) 12,6 dias terrestres. d) 15,5 dias terrestres. e) 20,6 dias terrestres. Resposta:[B] Aplicando a terceira lei de Kepler: 2 3 2 5 PS PS PS NC NC T r T 5,4 10 T r 2 × = ⇒ = 51,8 10× 3 2 3PS PS PS T 3 T 108 4 T 10,3dias ⇒ = ⇒ = ⇒ ≅
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