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1 Ana Vilela – Medicina Legal Conceito: “medicina legal é um ramo da medicina vinculado ao direito, consistente no emprego técnico e cientifico utilizados para o esclarecimento de casos do interesse da justiça”. É uma ciência que ajuda o direito na solução de um caso que seja relevante e importante para o direito. Pluralidade de sinônimos dessa disciplina, como medicina forense, medicina jurídica, jurisprudência médica. Mas a expressão que prevaleceu no Brasil foi medicina legal. Debate: a medicina legal é um ciência autônoma ou não? Ela tem uma certa autonomia científica, mas também não dá para dizer que ela está separada da medicina legal, para alguns não é autônoma porque não é de fato medicina, e para outros é um médico legista, tendo uma especialidade tópico autônomo então temos uma autonomia cientifica, existindo no brasil essa discussão. Começou na china o estudo do cadáver, os egípcios também haviam técnica cientifica do estudo dos cadáveres. Mas a medicina legal do brasil veio da Itália, Alemanha e França, ela nasce nesses países. Alberto Zacharias foi um dos principais médicos legistas, conhecido como pai da medicina legal. Importância da Medicina Legal É uma área relevante, ela é uma medicina legal genérica, extremamente ampla. Antropologia forense, estudo da identidade de uma alçada. Criminologia o estudo da formação do crime. Medicina legal envolve aspectos do dia a dia da nossa sociedade, presente em vários aspectos, como em um acidente de trânsito, ou uma blitz de trânsito, casamento, investigação da paternidade, benefícios previdenciários, questões trabalhistas, aspectos administrativos, dentre outros. Ou seja, a medicina legal não é só no aspecto criminal, mas ela engloba todas as outras Antropologia Forense Conhecimentos médicos legais, que envolve o processo de identificação das pessoas, identidade e processo de identificação. Um dos principais ossos que distingue o sexo feminino para o masculino é a bacia pélvica, para analisar o sexo do cadáver. No Brasil temos hoje, como forma de identificação a identificação datiloscópico. Nós temos desenhos digitais nas pontas dos dedos que forma na soma desses desenhos que formam uma forma datiloscópica (maneira mais eficaz e seguro de identificação). Importante, pois as lesões fazem parte da realidade do direito penal. Chamamos as lesões na medicina legal de traumas. Faca: ferimento perfuro cortante/inciso, tem uma característica chamada de lesão pontueira (casa de botão), o ferimento de faca é um dos mais comuns no Brasil, pois dentro de uma casa sempre existe uma faca, muito comum em crimes de feminicidio. Arma de fogo: perfuro contundente, causada por projetil de arma de fogo. Tiro a queima roupa é aquele que foi realizado muito próximo a vítima. Mancha roxa: conhecido como hematoma, chamando-se de equimose, uma lesão contundente. A equimose, é a hipótese onde o sangue estravaza por debaixo da pele. Espectro hecmótico, porque a análise feito no laudo de exame pode identificar crimes. Ex. criança com várias marcas de equimose, com diferentes cores, levando a entender que a criança estava sofrendo lesões em séries. Cadáveres carbonizados é comum, caso a pessoa não esteja amarrada ou de barriga para baixo, é comum os dedos ficando na posição curvada para dentro, como uma garra, chamado de sinal de devergi. Sexualidade Forense Estuda a sexualidade normal e anormal, procurando correlacioná-las com as diversas doenças e perturbações envolvendo o comportamento sexual humano. Ex: patologias sexuais, etc. Também serão estudados temas ligados ao aborto, ao infanticídio e ao estupro, entre outros. Asfixiologia Forense 2 Ana Vilela – Medicina Legal Privação de oxigênio fornecido ao cérebro e demais tecidos do corpo humano, objetivando fazer uma ligação com a more ou alteração deles decorrentes. Ex. enforcamento, esganadura, estrangulamento. Psiquiatria e Psicologia Forense Preocupa-se com o estudo da personalidade do ser humano e das doenças mentais que influenciam seu comportamento criminal. Ex. psicopatia, esquizofrenia, oligofrenia. Tanatologia Forense Estuda-se a morte em seus diversos aspectos, buscando, sobretudo, desvendar-lhe a causa, o tempo estimado de ocorrência, os fenômenos cadavéricos. Toxicologia Forense Estuda-se os diversos casos de intoxicações exógenas (externas). Ex: envenenamentos, drogadições, alcoolismo, etc. Medicina legal: conhecimentos médicos ligados ao direito, o objeto de estudo é o corpo humano, vivo ou morto, para a elucidação de casos do interesse da Justiça. Criminologia: ciência multidisciplinar, não normativa, que estuda o crime como fenômeno social, o criminoso sob uma perspectiva objetiva e subjetiva, a vítima e sua participação no contexto do delito, bem como os mecanismos de controle social que opera em sociedade. Criminalista: ciência que estuda os vestígios deixados no local do crime, preocupando-se mais com a identificação do delinquente com a produção de prova e com a dinâmica do evento criminoso. Aula dia 17/02 Conceito: parte da medicina legal em que se estuda as lesões corporais de ordem material e moral. Trauma é sinônimo de lesão/ferimento a integridade física (mais aplicado na medicina legal). O trauma seria a consequência da energia. Energia: o agente causador do trauma. Existem vários tipos de energia capaz de gerar lesões: mecânicas (ex. projéteis de arma de fogo), físicas (calor/frio), químicas (intoxicações), físico- químicas (asfixia por monóxido de carbono), Bioquímicas (inanições) etc. Conceito: são aquelas energias que incidem sobre o corpo humano e são capazes de modificar o seu estado de repouso ou de movimento (Del Campo). Existem vários tipos de energias mecânicas, vamos trabalhar com as que se materializam através de instrumentos mecânicos, como arma de fogo. A energia mecânica pode estar presente em qualquer fenômeno na natureza, como desmoronamento, terremoto etc. Ela pode ou não ser manipulada pelo homem, como um revólver, pistola, arma branca são exemplos de armas/ instrumentos manipulado pelo homem. Uma arma pode ser manipulada de várias formas e esse mesmo instrumento pode ocasionar lesões diferentes, dependendo da maneira que eu vou manipular esse objeto. Ex. faca, posso deslizar ela sobre o corpo humano e posso estocar essa faca na vítima perfurando ela. Da mesma maneira que a atitude da vítima perante o objeto também pode ser analisada no contexto médico legal. Pedra: uma pedra se arremessada por uma pessoa contra a outra, funcionára como instrumento contundente (arma). Mas se a pessoa tropeçar acidentalmente e cair sobre uma pedra, batendo a cabeça a pedra funcionará como... Classificação quanto a relação entre o corpo e o instrumento Leva-se em consideração a relação entre o corpo e o instrumento que causa a lesão estabelecemos três classificações distintas: 3 Ana Vilela – Medicina Legal 1- Meio ativo: o instrumento vai de encontro com o corpo. Há uma ação do instrumento sobre o corpo. 2- Meio passivo: quando o objeto esta inerte e a vítima vai ao encontro do objeto, o corpo se desloca ao objeto. Ex. suicídio, a pessoa se joga, o corpo humano que foi de encontro ao objeto. 3- Forma mista: o corpo em movimento sobre o instrumento que também está em movimento. Ex. uma criança de bicicleta descendo avenida se choca com um carro andando. Colocar desenho sobre as classificações. Lesões e Morte Causadas Por Armas Brancas Armas brancas: são armas (artefato manual ou de arremesso) que possuem laminas ou pontas. Configuram uma extensão do corpo humano para ataque ou defesa. Podem ser próprias 9construidas para ferir outro ser humano) ex. adagas, punhais,baionetas, ou impropria (confeccionada para atividades de cozinha, atividades rurais ou industriais, etc.) Ex. faca de cozinha, foice, enxada. A terminologia “arma branca” é uma contraposição às armas de fogo, referindo-se ao brilho do aço que confere uma coloração esbranquiçada ao instrumento na incidência da luz (Prof. Hygino Hércules). Lesões Punctórias Sinônimo de perfurante instrumentos perfurantes: esses instrumentos perfurantes possui características especial, sendo ela a ponta e não possuem lâminas. Se ele tem lamina e ponta chama-se de perfuro cortante. Esses instrumentos de ponta atuam através da pressão, há uma pressão exercida nessa ponta que atuará sobre, a pele, tecidos, músculos, ossos humanos. Quando esse instrumento penetra na pele, essa pressão irá exercer o afastamento dos tecidos, na medida que o instrumento vai entrando e perfurando, sem cortá-los, não temos incisão. Características: instrumentos puntiformes, alongados, finos, compridos, pontiagudos, com haste cilíndrica. Ex. furadores de papeis, pregos, arames, agulhas, garfos, espeto de churrasco, ponta de flecha etc. Etiologia das lesões punctórias: Origem das causas jurídicas das lesões punctórias. Casos mais comuns: No brasil a grande maioria são casos acidentais no dia a dia, como no acidente de trabalho, acidente em obras públicas. Agressões: homicídios, feminicídios, tentados ou consumados, lesões corporais seguidas de morte. Casos incomuns: suicídios. Muito difícil ocorrer através dessas lesões punctórias. Ex. pessoa coloca um prego na cabeça e da uma martelada. Instrumento Perfurante de Pequeno Calibre Esse instrumento tem a característica com a ponta bem fina, com menos de 1 mm na ponta. Ex. alfinetes, agulhas. A lesão de entrada é caracterizada com ponto colorido vermelho escuro, onde pentrou a agulha, o alfineto e quando retirada da pele que é elástica, ocorre a retração, quando retiro da pele rapidamente se fecha se for muito pequeno o objeto. Não tem uma importância medica legal porque é algo pequeno. A importância sobre o ponto médico legal, sobre a transmissão de doenças, envolvendo seringas e agulhas que se encontram infectadas e podem ocasionar uma série de doenças, podendo incidir no crime de moléstia grave. Além de tétano. Instrumento Perfurante de Médio Calibre Lesões fusiformes – utilizadas por alguns doutrinadores. 4 Ana Vilela – Medicina Legal Diâmetro cuja a ponta é superior a 1mm. Ex. estilete agulhados, cortador de gelo, espadas, pontas de flechas etc. Morfologia da lesão: a lesão nas hipóteses de instrumento de médio calibre terá uma característica muito peculiar, a lesão terá sua aparência de uma casa de botão, buraco da roupa onde colocamos o botão (parecido com isso), essa casa de botão na pele da vítima parece que alguém passou um corte na pessoa, tem a semelhança de um ferimento cortante, como uma gilete. Em certos locais do corpo humano a casa de botão pode ter outra característica. Características da lesão punctória de médio calibre: - Uma ferida pequena, de pouca extensão (abertura estreia ou de pouca superfície; - Ferida que detém maior profundidade, mais profunda do que extensa, sobre o ponto de vista interno; - Ele não secciona tecido, vasos sanguíneos, não é um ferimento que possui abundancia de sangramento, possui pouco sangramento externo; - Ausência de compatibilidade entre as características estruturais do instrumento punctório e a aparência da lesão; - Via de regra é uma lesão grave, pode levar a morte, principalmente dependendo da profundidade da lesão, se esse instrumento for alongado e pontiagudo ou dependendo da pressão feita pela pessoa e atinge órgãos importantes pode levar a morte. Se atingir ossos, pode deixar marcas do instrumento neles como um relevo (ex. costelas). Se a ferida for superficial e não atingir órgaõs importantes a lesão não será grave, apesar da possibilidade de infecções. O instrumento poderá permanecer na vítima, o que se denomina de encravamento, flechas, pregos etc. Se o instrumento atravessa um segmento o órgão do corpo, produzindo orifício de saída o ferimento é chamado de ferimento punctório transfixiante. Leis de Filhós e Langer Estudos feitos por determinadas pessoas que chegaram a uma conclusão cientifica que certas lesões e características delas, receberam o nome dessas pessoas que estudaram isso. Filhós e Langer são médicos alemães. As lesões punctórias tem menor diâmetro que o instrumento causador em razão da elasticidade ou retratilidade dos tecidos cutâneos. Pequeno calibre temos o ponto hemorrágica na pele, de médio calibre os tecidos se afastam por causa das linhas de tensão da pele e quando retirado a pele vai se fechando, deixando a aparência de botueira. A casa de botão é a regra, mas dependendo pode ter característica de ponta de seta ou quadrilatera, dependendo da região do corpo pode apresentar característica diferente. Cada região do nosso corpo puxa a pele pra um lugar diferente. Primeira lei de filhós: as feridas deixadas são semelhantes ou produzidas por instrumento de dois gumes e tem aparência de casa de botão Segunda lei de filhós: quando estas lesões se produzem numa mesma região, o maior eixo da ferida esta orientado no sentido das fibras musculares e das subjacente. Terceira lei de filhós: cruzamento Lesões Especiais Lesões em acordeon ou em sanfona: podem ocorrer em regiões depressivas do nosso corpo, ex. abdômen. A lesão parece ser mais profunda do que o tamanho do instrumento que a causou, podendo inclusive transfixar. Sinal de lacassagne – alguns doutrinadores trazem esse nome que é igual acordeon. Ferimento Punctório por encravamento e transfixante: são feridas que penetrem na cavidade do corpo e por causa da extensão do instrumento ou da sua força de compressão podem ficar encravados no corpo da vítima. Aula da Bia – perdi carnaval Lesões ocasionadas por armas brancas. 5 Ana Vilela – Medicina Legal Os instrumentos cortantes agem por meio de pressão e deslizamento sobre a pele, tecidos ou órgãos. São instrumentos que possuem borda afiada (gume/fio). Geralmente possuem borda longa e fina. São exemplos de instrumentos cortantes: lâminas de barbear (gilete), navalhas, bisturis, facas, estiletes, fragmentos de vidro, linha de cerol, papel etc. Energia cinética Elas atuam por pressão e deslizamento sobre seu fio ou gume. A profundidade depende da pressão e do fio, e a extensão da lesão depende do deslizamento do instrumento. Nomenclatura As lesões produzidas por instrumentos cortantes são chamadas de "lesões incisas". Segundo Genival França, as lesões incisas são apenas verificadas em cirurgia, sendo a melhor expressão "feridas cortantes". No entanto, a grande maioria dos autores utilizam a expressão "lesões incisas". A expressão popular "cortada" ou "corte" não é tecnicamente adequada para a Medicina Legal. Incisão ou abscisão é a ferida causada por médico em ato operatório (feridas cirúrgicas). Etiologia das lesões incisas Casos mais comuns: a) Acidentais: Acidentes de trabalho (açougues, mecânicas, marcenarias, maquinários de indústrias etc.), acidentes domésticos com facas; acidentes de trânsito (lesões com cerol envolvendo motociclistas); erros médicos em atos cirúrgicos (lesões incisas). b) Suicídios: Típicas nos punhos e na região do pescoço. c) Agressões: Homicídios, feminicídios, tentados ou consumados, lesões corporais seguidas de morte, lesões de defesa. Morfologia (característica) da lesão incisa a) As extremidades são mais superficiais e a parte mediana é mais profunda (o centro da ferida incisa pode ser mais profundo por causa da ação em "arco" desenvolvida pelo braço do agressor).b) São ferimentos de forma linear, reta ou curvilínea, com predomínio do comprimento sobre a profundidade. c) O ferimento é extenso e raso (diferente do punctório que é pequeno e profundo e apresenta duas caudas: uma de entrada (mais larga devido a maior pressão) e uma de saída (mais estreita devido a menor pressão e maior deslizamento). A cauda de saída geralmente está presente, já a de entrada varia de acordo com o manuseio do objeto. d) As bordas (laterais) da lesão incisa são nítidas e regulares, as margens são livres de traumas (sem esmagamento ou escoriações do bordo, devido ao instrumento afiado utilizado). e) A hemorragia é quase sempre abundante na lesão incisa, pois a lesão alcança vasos sanguíneos, seccionando-os (dependendo da vascularização da região). Difere-se, também por esse motivo, do punctório, que não sangra muito. f) As feridas incisas são, habitualmente, pouco profundas não penetrando nas cavidades. Contudo, dependendo da lâmina, da força de pressão e da região (onde os tecidos não são tão resistentes), e lesão incisa pode ter maior profundidade. A profundidade da ferida incisa depende do gume afiado, da força de pressão e da resistência dos tecidos. Dependendo da região, podem ocasionar lesão das articulações. No abdômen, se utilizado o instrumento cortante com intensa força agressora, em indivíduos magros, pode ocasionar a evisceração (exposição das vísceras). No pescoço, pode causar esgorjamento, degolamento ou até a decapitação. Cauda de escoriação de saída/Sinal de Romanese A lesão incisa pode apresentar a chamada cauda de saída ou de escoriação, que são escoriações localizadas junto à saída do instrumento ao nível da pele (ponto de saída ou último ponto de contato do instrumento sobre a pele). 6 Ana Vilela – Medicina Legal A "cauda de escoriação" consiste numa espécie de arranhão que caracteriza a diminuição da força de pressão sobre os tecidos. Lacassagne chamou de cauda de "rato". Sua descrição é fundamental, pois determina a direção/caminho da ação do instrumento no corpo da vítima (direita, esquerda, acima, abaixo). Exemplo: Movimento da esquerda para direita, o sinal estará à direita. Movimento de cima para baixo, o sinal estará embaixo. Permite, ainda, descobrir o modo de manuseio da arma, se o autor é canhoto ou destro, por exemplo. Lesões cortantes específicas São nomenclaturas especiais aplicadas aos ferimentos incisos dependendo de certas características e da localidade do corpo: a) Mutilações: As lesões incisas podem causar mutilações ou amputações se atingirem extremidades do corpo sem esqueletos ou com baixa densidade óssea. Exemplo: Nariz, orelha, pênis, ponta dos dedos etc. Importante para definir a causa da agressão. Exemplo: Deformar a vítima, vingança, ciúme etc. b) Lesões de defesa: As lesões incisas também são características de ferimentos de defesa, em caso de agressão com armas brancas (facas, navalhas etc.), quando a vítima se defende do agressor, hipótese em que os ferimentos recaem, quase sempre, nas mãos, antebraços ou braços. Importante para definir homicídios, porque comprovam a resistência da vítima. c) Lesões em suicídio: As lesões incisas também são frequentemente encontradas em suicídios, particularmente onde as vítimas cortam pescoços ou nos punhos. Exemplo: Uso de gilete no pulso. Neste caso, também são frequentes as chamadas lesões de hesitação, que são lesões incisas de menor profundidade (superficiais) que acompanham a lesão principal, geralmente múltiplas (maior número) que refletem a hesitação da vítima diante do suicídio. Lesões incisas na região do pescoço Lesão na região do pescoço é incisa (cortante). As mais comuns são esgorjamento e degolamento. Contudo, as que causam esgorjamento e degolamento não são apenas de natureza incisa, podendo ser também perfuro incisas/perfuro cortantes ou corto contundente. Esgorjamento são lesões incisas localizadas na região anterior do pescoço ou nas laterais. São as regiões a frente, embaixo do queixo. Podem se também na região lateral (anterolateral) do pescoço, embaixo da orelha. É comum em acidentes de trânsito, com linha de cerol. Esgorjamento vem de gorge, garganta em francês. Slide. Etiologia: Homicídios, suicídios e acidentes. Exemplo: Se a vítima apresenta esgorjamento, mas mãos estão com sangue, indicativo de homicídio. A ferida pode ser única ou múltipla (exemplo linha de pipa). No esgorjamento há um acentuado afastamento das margens da ferida em razão dos músculos e por cansa da tonicidade do tecido. Pode atingir a coluna cervical (parte óssea) dependendo da intensidade do manejo do instrumento. A morte decorre da anemia aguda em consequência da hemorragia fulminante (lesão dos vasos do pescoço, secção da carótida); anoxia cerebral (falta de oxigênio no cérebro); embolia gasosa (bolha de ar nas artérias) e por asfixia (introdução de sangue nas vias respiratórias). Degolamento são as lesões provocadas por instrumentos cortantes na região posterior do pescoço (nuca). Degolamento vem de gola da camisa, significa lesão na região da nuca. A morte decorre por hemorragia, por lesão vascular importante ou por traumatismo raquimedular (lesão na medula), nos casos de golpe profundo e violento, atingindo a coluna cervical. Geralmente quando o esgorjamento ou o degolamento atingem a coluna cervical, a hipótese sugere homicídio. Caso Chacina de Teodoro Sampaio. Todos degolados (corte contundente na região do pescoço). 7 Ana Vilela – Medicina Legal Degolamento indica homicídio, esgorjamento indica suicídio. Decapitação se traduz pela separação da cabeça do corpo (separação do segmento cefálico do tronco) e pode ser oriunda de outras formas (atípicas) de ação além das cortantes. Exemplo: Enforcamentos. Etiologia: Homicídios, suicídios e acidentes. Caso de Pres. Prudente/Rebeliões em Presídios para pena de morte. Aula dia 03/03 Os instrumentos perfurocortantes são representados, principalmente pelas armas brancas, que além da ponta, também possuem borda afiada. Agem pela força exercida em sua ponta e também cortam pelo gume que apresentam (pressão e deslizamento): perfuram + cortam. • São Exemplos de instrumentos perfurocortantes: punhais, canivetes, facas de cozinha, "peixeiras", adagas, baionetas, limas, espadas, dentre outros. NOMENCLATURAS: • As lesões produzidas por instrumentos perfurocortantes são chamadas de "lesões perfuroincisas" Essas lesões correspondem à associação das lesões anteriormente explanadas (punctória + incisa), assumindo características mistas. MORFOLOGIA GERAL: • Em geral, apresentam: bordas afastadas; • Ao contrário das lesões incisas, possuem menor extensão e grande profundidade. . Tratam-se de lesões extremamente graves, uma vez que, via de regra, atingem órgãos internos (cavidade torácica, abdominal, etc.) Características da lesão perforoincisa É uma ferida mais profunda do que extensa, com a lateral do ferimento (bordas), reto, sem nenhum tipo de trauma, porque o instrumento é afiado. Um gume: também possuem forma de botoeira (ângulo agudo e canto arredondado, ferida em rombo, mostra o dorso do instrumento. Dois gumes: ambos os ângulos são agudos (ferida biconvexa) Pode haver pequena cauda no local correspondente ao gume. Eventualmente os instrumentos podem ter três gumes, onde a ferida terá forma triangular ou estrelada. Laminas serrilhada: nessa hipótese teremos uma ferida com um canto arredondado (dorso) e o outro ângulo do instrumento com aparência escoriada (a lesão tem características perfurantes e cortocontundentes); ETIOLOGIA: É a lesão mais comum nos homicídios causados por armas brancas (homicídios e feminicídios) Aschamadas «lesões de defesa» encontradas na palma das mãos, nos antebraços, ombros, etc., também podem ser perfuroincisas; O tamanho do ferimento nem sempre corresponde à largura da lamina que o produziu, podendo ser menor em razão da elasticidade da pele (também são influenciados pela Lei de Filhos e de Langer) Lesões perfurocortantes especiais: ferida em escalpe (couro cabeludo - atravessa planos superficiais da região festonadare retalho de tecido mole). • Os instrumentos contundentes são os agentes mecânicos, líquidos, gasosos, sólidos, etc. que atuam por pressão, explosão, flexão, torção, sucção, percussão, distensão, arrastamento, deslizamento, fricção, dentre outras e que traumatizam o organismo do indivíduo. As lesões produzidas por instrumentos contundentes são chamadas de "lesões contusas" (ferimentos contusos) e podem ser superficiais ou profundas. O resultado advém de uma ação ativa (instrumento choca-se com o corpo parado) passiva ou mista. 8 Ana Vilela – Medicina Legal São exemplos de instrumentos contundentes: armas naturais (mãos, pés, cabeça, joelho, cotovelo, unhas, etc.); armas eventuais (pedaço de madeira, pedra, tijolo, barra de ferro, martelo, taco, etc.); saliências obtusas e as superfícies duras (solo, árvores, postes, pavimento, automóvel, etc.); armas de ataque (soco inglês, cassetete, tonfa, etc.) outros diversos tipos de fenômenos ou objetos. Ex: desmoronamentos, explosões, acidentes com máquinas, jatos de ar, superfície de água de uma piscina, etc. ETIOLOGIA: São lesões que denotam inúmeras, causas: Acidentes de toda ordem (trabalho, domésticos, recreativos, de trânsito); Homicídios, Feminicidios, Lesões corporais, Suicídios por queda, etc.; Fenômenos Naturais: desabamentos, deslizamentos, entre outros. Características da lesão contusa As lesões contusas, segundo Delton Croce englobam as "Contusões" e as "Feridas Contusas CONTUSÕES (lesões superficiais): as contusões são lesões contusas superficiais em que o instrumento atua sobre a superficie corporal sem muita força de impacto. As lesões atingem os tecidos mais superficiais, como a pele e o tecido subcutâneo. São irregulares e caracterizadas pela inexistência de um ferimento aberto via de regra (lesões fechadas). A contusões são de menor gravidade porque atinge uma região corporal superficial, as feridas contusas são mais graves, profundas, mas as contusão são superificiais. São espécies de contusões: Rubefações São as contusões mais simples, pois são bem superficiais. É uma vaso dilatação da pele, que deixa a pele com a aparência de vermelhidão, essa aparência de vermelhidão, tem outros nomes técnicos, como eidema, eipremia. É a contusão mais simples que existe em decorrência da superficialidade. Consiste na vasodilatação da pele atingida pelo objeto) de forma branda o suficiente para que não haja lesão tecidual. . A vermelhidão (Hiperemia ou Eritema) é fruto da dilatação dos vasos sanguíneos da região afetada. A lesão acompanha as características do instrumento - LESÕES COM ASSINATURA (mão, chinelo, etc.) Tem caráter transitório, desaparecendo em alguns minutos (Ex: tapas, bofetadas, chineladas, etc.) Tumefação (Elygino Hércules): é uma rubefação mais grave com maior elevação da área de impacto (popularmente conhecida como "vergão"). Escoriações É o arrancamento traumático da epiderme. A escoriação é o que chamamos popularmente de "ralados" ou "esfolados", msão lesões superficiais que atingem a superfície da pele (epiderme), arrancando algumas camadas de célula ou, eventualmente, a derme, provocando sangramento de pequena intensidade, com coagulação e formação de crosta que tende a se soltar após alguns dias (abrasão). • A crosta (que se forma em 24 horas) pode ser serosa (apenas epiderme - liquido linfático - coloração amarelada) ou hemática (com sangue - lençol hemorrágico), depende da profundidade. • Via de regra não causam cicatrizes, pois há uma regeneração da epiderme que readquire seu aspecto original ("restituo in integrum") (de 20 a 30 dias). Pode demorar mais se houver infecção. Se forem mais profundas (quando alcançam a derme) podem causar cicatrizes. Equimose É a infiltração do sangue nas malhas do tecido. Também chamada de "equisema" é uma mancha na pele produzida pelo rompimento vasos sanguíneos (vênulas e arteriolas) e a infiltração de sangue nas malhas subjacentes da pele. • São as comumente chamadas "manchas roxas" • A infiltração de sangue nos tecidos desencadeia um processo de reabsorção, com degradação da hemoglobina, produzindo alterações da coloração da lesão, com o passar do tempo. Essas modificações foram descritas por Legrand du Saulle que as chamou de"espectro equimótico". Algumas espécies de equimoses 9 Ana Vilela – Medicina Legal Superficiais: ocorrem na superfície da pele (epiderme ou derme); profundas: ocorrem nas vísceras ou órgãos internos; o lura vitam: ocorrem no ser humano vivo: Post Mortem: ocorrem no cadáver (são chamadas de "falsas equimoses" transformação equimótica) pois o sangue não sofre a Petéquias: equimose pequena (pontilhado hemorrágico); Equimona: equimose grande proporção (Hygilo Hércules denomina de Sufusão) Mecanismos de Produção da Equimose Compressão: o impacto violento na pele provoca a ruptura de vasos sanguíneos e a infiltração hemorrágica na região (ex. pancada); Tração: o estiramento intenso também provoca a rotura de vasos sanguíneos e o sangue se espalha pelo tecido cutâneo (puxão na pele ex. correias, alças que apertam, etc.); Sucção: também chamada de sugilação. A sucção da pele age como uma ventosa diminuindo a pressão dos tecidos e o sangue extravasa, formando-se numerosas petéquias que, vistas de longe parecem uma só. São comuns em crimes sexuais e também em casos de simulações de agressão (autolesão). Exemplo: chupão; • MORFOLOGIA: As equimoses não possuem forma definida, são amorfas, mas podem ter características de forma arredonda ou denunciar o instrumento que a causou (lesão com assinatura). Espectro Equimótico "Legrand du Saulle" Espectro equimótico: (evolução cromática da equimose) é a transformação quimica por que passa a hemoglobina fora do vaso sanguíneo, causando uma alteração da coloração da equimose. Segue a seguinte marcha: • 1° dia: vermelho escuro; ESPECTRO EQUIMÓTICO | DE LEGRAND DU SAUILE EVOLUÇÃO EM DIAS • 2° ao 3°; violeta (roxo); COR 4° ao 6°: azulado; e 7° ao 10°: verde escuro; e 10° ao 15°; amarelado; • A partir do 15° até o 20° dia: desaparece a equimose. • Obs: esta cronologia é um referencial para se verificar o tempo de evolução da lesão e correlacioná-la com a data do crime. • É importante nos casos de violência doméstica, maus-tratos ou tortura • Equimoses com colorações diferentes indicam que uma criança ou a vítima vem sofrendo agressões continuamente. Obs: O espectro equimótico pode variar em razão da cor da pele, local, tamanho das equimoses, etc. • Existem "equimoses simuladas" através da sucção (chupão): o processo de extravasamento do sangue é inverso (de dentro para fora). O perito pode diagnosticar isso no laudo (petéquias compactadas). O espectro equimorico só existem em "vida", não há este tipo de lesão no cadáver (não são produzidas após a morte). • Equimoses espontâneas: advém de doenças hemorrágicas (não existe ação traumática - denominadas de "púrpuras". • Equimoses abertas: é possível a abertura do ferimento em razão da maior força de impacto e por causa da região (pálpebras, lábios, etc.) LOCALIZAÇÃO DA EQUIMOSE: • A localização da equimose pode sugerir crimes diferentes. Regiões crógenas (genitais, glúteos, coxas, pescoço) crimes sexuais; No pescoço as equimoses podem também indicarasfixia mecânica (enforcamento, estrangulamento, etc.); Braço, Antebraço, dorso e palma das mãos Lesões de defesa. Aula dia 13/03 10 Ana Vilela – Medicina Legal A equimose o sangue se espalha na pela, no hematoma o sangue não espalha formando uma bolsa de sangue. São as lesões que ocorrem pelos mesmos mecanismos da equimose, porém de uma maneira mais intensa. No hematoma também ocorre o rompimento de vasos sanguíneos, no entanto são mais calibrosos e volumosos, ocorrendo um maior sangramento, onde a lesão se manifesta como uma espécie de tumor (bolsa de sangue). A diferença da equimose para o hematoma é que, na equimose o sangue se espalha pelos tecidos subjacentes ao do Impacto, enquanto no hematoma há a formação de uma bolsa de sangue, que fica represada numa pequena área. Também segue o processo do "espectro equimótico". Hematoma: pode ser chamado de hematoma subcutânea (aquele que não é aberto + comum) e hematoma exposto. Edemas Traumáticos Ou Bossas Bossas: protuberância, inchaço, tumor, mesma coisa que bolsa. É um trauma caracterizado pelo aumento difuso de volume, por acúmulo de líquido intercelular (seroso) em razão de uma modificação traumática da permeabilidade dos vasos, onde ocorre um extravasamento de líquido no tecido. Ocorre nos impactos onde há resistência óssea (ex. calota craniana). Via de regra, desaparece em menos de 24 horas. (Ex: inchaço, vulgarmente conhecido como "galo"). Pode ter outras causas que não o trauma, por ex: doenças renais, vasculares etc. O edema traumático também é chamado de "Bossa e pode ter conteúdo seroso (linfa extravasada - derrame linfático) ou pode estar misturado com uma certa quantidade de sangue, quando é chamado de "Bossa sanguínea" (Genival França) Também é comum em partos (principalmente em parto normal) quando é exercida uma pressão do colo do útero no couro cabeludo do bebê. É chamado de Tumor de parto. Bossa sanguínea é o edema traumático, com pequena quantidade de sangue. Hematoma é aquela situação em que houve o rompimento de vasos sanguíneos de grande calibre, veias grossas rompidas e o sangue não se espalhou formando uma BOLSA/BOLHA. Tumor de parto é aquela situação em que no momento em se fazer o parto natural, sem cirurgia, na hora em que o bebê está nascendo o colo do útero faz uma força de pressão na cabeça do bebê, e isso causa um edema traumático, formando um “galo”, sendo um trauma e não doença patológica. Feridas Contusas FERIDAS CONTUSAS (Lesões profundas): são causadas pela força do instrumento, atuando com violência proporcionalmente grande, alcançando tecidos profundos, músculos, articulações, vísceras, ossos etc. São exemplos: atropelamentos, acidentes automobilísticos, quedas de grande altura, explosões etc. Podem ser fechadas ou feridas abertas. Espécies de Feridas Contusas Fratura: é a perda da continuidade óssea. Luxação: é a perda da continuidade articular (deslocamento de ossos podendo ou não ser acompanhada da ruptura dos ligamentos articulares; Entorse: lesão nos ligamentos sem deslocamento dos ossos. Ruptura visceral: é a lesão de órgãos das cavidades, torácica, abdominal etc. As vísceras mais frequentemente lesadas são o fígado e o baço. Interesse médico legal: As feridas contusas estão muito presentes em casos de acidentes automobilísticos, acidentes de trabalho, atropelamentos, homicídios, suicídios etc. Fratura de Crânio 1- Instrumento perfuro cortante (faca); 2- Martelo quadrangular; 3- Faca de dois gumes; 4- Martelo de base redonda; 5- Barra de ferro de borda retangular; 6- Coice de cavalo; 7- Fratura estrelada. 11 Ana Vilela – Medicina Legal Outras espécies de fraturas Fratura patológica: causada por doenças, ex: osteoporose; fratura exposta: fragmentos ósseos se exteriorizam (fratura aberta) Espostejamento: múltiplas fraturas no corpo que se mostram irregulares. O corpo se fragmenta em várias partes (ex.: atropelamento por veículos pesados [trens, ônibus etc.] acidentes de veículos, acidentes aéreos etc.) Fraturas cominutivas: múltiplos fragmentos ósseos; Esmagamento ósseo das extremidades do nosso corpo. Fraturas decorrentes de defenestração: é também chamada de lesão por precipitação (quedas de grande altura), são fraturas ocasionadas por quedas de grande altura, ex. quedas em obras, pular de um prédio. Defenestração Depende da posição em que o corpo cai, tem como principais características: A) Se cai de cabeça: a fratura se chama "saco de noz" (laceração de massa encefálica, múltiplas fraturas da calvária - parte superior do crânio); B) Se cai de pé: fratura de pélvis e dos membros inferiores; C) Se cai de lado: fraturas múltiplas de costelas e de vértebras. • Obs.: via de regra, em quedas acidentais o corpo próximo do local do lançamento; em homicídios e suicídios, essa distância tende a ser maior. Indicativo de investigação criminal: vítima com queda e impacto em baixo, quando a vítima sofre defenestração, quando o corpo dela está bem próximo da parede do imóvel, isso é um indicativo de queda acidental, corpo próximo ao local da queda. Quando o corpo está distante da parede do edifício é indicativo de suicídio ou homicídio, porque é comum o empurrão ou se jogar pela impulsão, então o corpo vai ficar com uma distância mais longa da parede do prédio. Instrumentos Corto contundentes Os instrumentos corto contundentes agem contundindo pela pressão aplicada e cortam pelo fio gume grosseiro que apresentam. São objetos geralmente pesados, com gume pouco afiado. Não há deslizamento, mas pressão e impacto. São Exemplos de instrumentos corto contundentes: machado, enxada, grandes peixeiras, cutelos, dentes, facão, foice etc. Podem ter característica de instrumento serrilhados. Pouco gume, pesados ou serrilhados. As lesões produzidas por instrumentos corto- contundentes são chamadas de "lesões cortocontusas" (ferimentos cortocontusos) e possuem as seguintes características: bordas irregulares e sem cauda; presença de equimoses ou edemas traumáticos junto às margens (sinais típicos das contusões); grande extensão e profundidade, podendo provocar fraturas, dependendo do peso do instrumento e da força aplicada a ele. Trata-se de um ferimento híbrido, mesclando o ferimento inciso e o contuso. Obs.: são lesões homicidas e podem também estar relacionadas a acidentes de trabalho ou de trânsito. A mordedura (força da mandíbula) é apontada como lesão corto contusa (Genival França) Instrumentos Lacerantes ou Dilacerantes Os instrumentos Lacerantes ou Dilacerantes são aqueles com bordas irregulares, sem corte ou com corte cego, como facas com serra ou dentadas, chapas de ferro retorcidas (acidentes automobilísticos), dentes de animais, (mordedura de cães), etc. Ao invés de cortar o tecido como ocorre no ferimento inciso, a ação dilacerante, por não ter fio, rasga o tecido. O fio cego puxa a pele e os tecidos adjacentes até o seu rompimento. O ferimento apresenta característica amorfa ou irregular. Alguns peritos denominam “ferimento lacerocontuso" 12 Ana Vilela – Medicina Legal Alguns autores (Delton Croce, Genival França, Del Campo) entendem que não existem ferimentos dilacerantes, que na verdade são ferimentos cortocontundentes de grandes proporções, uma vez que os instrumentos podem causar lesões diversas, independentemente de sua natureza. Etiologia: homicídio, suicídio (raro), acidentes em geral Todos Possuem as Mesmas Características: ferimento sem forma, bordas irregulares, presença de traumas (equimoses e contusões), grande extensão e profundidade, presença de fraturas. Aula Dia 17/03 Esmagamento: lesões em todo o plano anatômico com compressão e trituração do corpo. (Estrias pneumáticas de Simonin- Marcas de atropelamento); Espostejamento e esquartejamento • Espostejamento: separação ou amputação do corpo em diversas partes irregulares, separando em "postas" ou "fatias" (cabeça, mãos, dedos, braços antebraços, pés, etc.); O Esquartejamento: quando reduz o corpo em "quartos" (quatro partes): cabeça, tronco, membros superiores e membros inferiores. Isto é chamado de esquartejamento. Perfuram atingindo os ósseos e ao mesmo tempo machucam os músculos da pele, chamados de perfuro contundentes. No campo criminal a lesão típica é a a causada por projetil de arma de fogo. Clássicas sobre o ponto de vista penal são os projeteis de arma de fogo, mas não somente eles, brocas de furadeiras, ferros de construção, chave de fenda etc. Situações comuns em acidentes automobilísticos. Características: lesões híbridas, profundidade sobre a superfície, esses instrumentos podem ocasionar o encravamento, bem como caráter transfixam-tes (ferro de construção). Encravamento e Empalhamento Encravamento é a penetração do instrumento punctório na vítima. Divergência o entendimento to é que é uma lesão perfuro contundente. Empalamento: é um tipo de encravamento, forma especial de encravamento, onde o instrumento/haste, uma lança penetra o anus ou na região perineal transfixando a vítima pelo tórax ou pela boca, método de tortura medieval, mais comum em presídios. Fim dos agentes mecânicos até aqui. É o mesmo que agentes físicos, atuam sobre o corpo humano modificando seu estado de repouso, causando lesões ou até mesmo morte. Elas possuem várias naturezas, como fenômenos da natureza, ações criminosas. O calor, eletricidade, frio, pressão, radioatividade, são agentes físicos, podendo causar lesões ao corpo humano, a energia física pode ser manipulada transformando em instrumento criminoso, como um incêndio criminoso, choque elétrico. O calor agindo difusamente por todo o corpo da vítima, é ação genérica ou difusa do calor sobre o corpo da vítima. As lesões ocasionados por calor genérico, é chamada de termonose. Termonoses: lesões difusas sobre a superfície corporal, causando desequilibro hidroeletrolítico (desitração) e uma falha dos centros termorreguladores, causando uma elevação constante da temperatura do corpo, queda da pressão arterial, aceleração do pulso e da respiração, levando à perda da consciência e até a morte. • O organismo não consegue eliminar o calor "a mais"recebido do meio ambiente. Insolação: exposição excessiva a luz solar exposto direta ou indiretamente. Ex. vai á praia pegar sol. 13 Ana Vilela – Medicina Legal Insolação: é causada pela exposição prolongada à luz solar (calor solar/ambiente natural). Não se exige exposição direta, pode ser indireta também (mesmo ao abrigo do sol é possível a insolação através da canicula). Via de regra tem natureza acidental (alcoolismo, vestuário inadequado, trabalhadores rurais, recreação, etc.). A insolação acontece quando a temperatura corporal sobe para mais de 40 °C; Pode estar acompanhada de queimadura de primeiro grau; Intermação: também conhecida por "exaustão térmica" calor age sobre o corpo em espaços confinados (calor industrial/ambiente artificia) sem arejamento. Etiologia: pode ser acidental ou, excepcionalmente, criminosa (Ex.: fornalhas, caldeiras, bronzeadores artificiais, etc.) A origem da exposição ao calor, se difere da insolação pois é o calor artificial. Queimaduras: trauma que resulta da ação do calor, estamos falando do calor direto/local. Ex. a chama agindo sobre a pele, músculos da vítima. A queimadura pode advir de várias situações, ações da chama diretamente, mas também podemos ter através de objetos aquecidos, como o metal aquecido, ex. escapamento de moto, ou colocar a mão na panela quente. Muito comum em hipóteses acidentais. Classificações das queimaduras duas categorias: Profundidade: a mais conhecida e mais exigida na medicinal legal. Chamado também de intensidade. Queimaduras de primeiro grau: é a mais leve de todas, menos grave quanto a intensidade. É aquela onde há uma vazo dilatação sanguínea, ocasiona a vermelhidão da pela, não tem cicatriz, temos a vazo dilatação, a epiderme atingida e temos a regeneração da pele. Queimadura de 2 grau: a ação do calor ocasiona na vítima a formação de bolhas, a bolha tem um nome técnico, chamada de flictena, mesma coisa que bolha, cujo conteúdo é linfático o plasma da pele acumulado em razão do calor. São comuns em acidentes domésticos, ex. a criança que derruba a agua quente na pele. Podemos ter cadáveres queimados, o cadáver não recente (já está morto a algumas horas), podemos ter formação de flictenas, só que diferente do vivo, o que acabou de falecer, neste cadáver a flictena não terá o conteúdo ceroso, diferença da queimadura de quem está vivo, terá um sangue cadavérico, um pouco mais escuro no individuo pós mortem. Queimadura de 3º: é aquela que causa a ferida, a morte celular da pele, dos tecidos, temos a formação de placas denominadas de “escaras” da queimadura, inclusive o processo de cicatrização é complexo, chamamos de cicatrização por granulação (de dentro para fora), nas queimaduras ela forma queloides (protuberâncias da pele, não se regenera de maneira normal). Queimadura de 4º: Carbonização, a ação direta do calor, fogo, chama pode ocasionar a carbonização, podendo ser local, ou parcial (mãos, pés) ou generalizada. Ela gera morfologicamente o tom empretecido da pele escura. A completa leva a redução do volume corporal, a vítima carbonizada completamente diminuiu de tamanho. Nas carbonizações completas ou incompletas, quando o cadáver está em decúbito dorsal (barriga para cima e costas no chão), os braços não estão amarrados ou com roupas pesadas, braços soltos, temos a ocorrência do sinal de vergie, posição de lutador, os braços ficam na posição de semi-flexão e os dedos retraídos como uma garra, a ação do fogo faz que os músculos se retraem. Obs. 1 – nas carbonizações totais a primeira preocupação é com a identificação do corpo. Neste caso, a arcada dentária é um importante elemento de identificação, já que os dentes, via de regra, não são destruídos. Obs. 2 - A perícia também deve esclarecer se a morte foi por causa do fogo (ex: durante o incêndio) ou se o indivíduo estava morto quando alcançado pelas chamas Verifica-se se a vítima respirou durante o incêndio através da presença de monóxido de carbono no sangue e fuligem nas vias respiratórias (substâncias queimadas: madeira, papel, plástico, etc) • Este procedimento é chamado de Sinal de Montalti. Além disso, as "bolhas" (fictenas) também são analisadas, verificando se elas possuem o conteúdo seroso, que está ausente no corpo do cadáver e presente no ser humano vivo (Sinal de Janesie-Jeliac). Morte após as queimaduras: o 14 Ana Vilela – Medicina Legal processo de recuperação dos "queimados" é muito lento e vagaroso. Além das lesões decorrentes da queimadura doce existira a da temperatura) insuficiência respiratória lesões pulmonares por causa da inalação de gases tóxicos. Ex: tinta da parede, gesso, espumas, etc.) Insuficiência renal: reação inflamatória - falência; Infecção generalizada: septicemia. ETIOLOGIA: Maioria dos casos acidentais (acidentes domésticos com crianças, incêndios residenciais acidentes automobilísticos e de trabalho) suicídios e eventos criminosos (Ex. caso do índio pataxó em Brasília): Pena de morte: suplício do fogo na idade média - Santa Inquisição. Aula dia 24/03 Queimaduras por Extensão: é a área ou diâmetro do corpo que é queimado. Dependendo do percentual de comprometimento do corpo, área vital comprometida e da idade da vítima. Um idoso ou uma criança com 5% ou 10% da áreacorporal atingida podem ser considerados grandes queimados Um adulto, o percentual é 20% ou mais. Regra dos Nove (Pulaski e Tennison): é uma técnica onde se divide o corpo em frações correspondente a 9%, permitindo-se calcular com boa aproximação o percentual do corpo atingido. Assim como o calor também é uma energia física, ela gera o efeito jaule. A eletricidade é uma energia física capaz de se transformar em calor ao passar pelo corpo, produzindo queimaduras, podendo levar a óbito. Condições individuais, tais como espessura da pele, umidade, resistência à corrente elétrica vão determinar o grau das lesões. Se a pele estiver molhada, oferecerá menor resistência à passagem da corrente elétrica (água detêm sais iônicos condutores de energia), com lesões externas de menor gravidade, no entanto, a corrente passará com maior facilidade para o interior do corpo, acarretando sérios danos fisiológicos, podendo levar à morte por parada cardíaca. Os danos ocasionados pela eletricidade podem ser classificados da seguinte forma: ELETROPLESSÃO: É o dano corporal, com ou sem morte, desencadeado pela eletricidade artificial, doméstica ou industrial. ETIOLOGIA: mais comum é a natureza acidental: fios, tomadas elétricas, acidentes de trabalho, linhas de pipas, etc. Pode ser homicida - armas de choque - ou suicida. MORFOLOGIA: A corrente elétrica determina lesões esbranquiçadas ou amareladas decorrentes do efeito da carga elétrica (efeito Joule - eletricidade vira calor causando - queimaduras elétricas) no ponto onde penetra no corpo, denominadas "Marcas elétricas de Jellinek": detém forma circular ou estrelada. Nas energias artificiais, como na eletro pressão, se for raio cósmico muda de figura. A morte por eletro pressão depende da quantidade de volts (unidade de tensão), teremos características diferenciadas em face da vítima. Alta tensão: é de 1.200 volts ou mais, pode morrer por lesão cerebral, parada cardiorrespiratória, queimaduras, amputações a membros, Média tensão: é de 120 a 1.200 volts, chamada asfixia: paralisação dos músculos respiratórios “tetatização” (diafragma, músculos peitorais e intercostais) e consequentemente parada respiratória; A vítima é chamada de “eletrocutado azul” (face cianótica (rosto) por causa da asfixia). Baixa tensão: abaixo de 120 volts, morte por ataque cardíaco ocorre uma fibrilação ventricular. (Contrações descoordenadas do coração e irrigação sanguínea descontrolada). Quando uma corrente elétrica, mesmo sendo baixa (120 volts), cruzar o eixo do coração, pode causar uma alteração no funcionamento cardíaco. ETIOLOGIA: acidente com crianças, acidentes de trabalho, tortura, erros médicos, etc. Neste caso, a vítima é denominada de "eletrocutado branco" (não há lesões aparentes, nem sinal de asfixia) - Difícil comprovação na prática - complexidade para a perícia. 15 Ana Vilela – Medicina Legal A eletricidade pode ser benéfica ou prejudicial para o coração, quem tem umas patologias cardiológicas e. coração bate muito pouco essa corrente elétrica pode ajudar o coração a bater melhor. Fulminação: é determinada pela eletricidade cósmicas (natural, raio) levando a vítima a óbito. O efeito da descarga elétrica atmosférica sobre o organismo humano é instantânea e extremamente violenta. A fulminação pode causar grandes traumatismos: ruptura de vasos sanguíneos, amputações de membros, arremesso da vítima em decorrência da onda de choque causada pelo campo elétrico, parada cardíaca e respiratória, queimaduras, cabelos chamuscados, roupas e sapatos queimados, etc. Fulguração: a pessoa não morre nesta situação é isso que diferencia da fulminação, ela é atingida por uma descarga cósmica mais ela pode sobreviver. Nessas hipóteses, o relâmpago não atinge diretamente o corpo humano, mas localidades próximas, formando ondas de choque chamadas de "ionização do ar". • A vítima terá uma intensa "vasculite" dos vasos sanguíneos, parecidas com varizes com aspecto "arboriforme". Tais lesões são parecidas com "folhas de samambaias" decorrentes de fenômenos vasomotores, são também conhecidas como Marcas de Lichtemberg. Eletrocussão: é a execução judicial em cadeira elétrica -(eletron do Grego elektron + execution, do Latim executio) muito praticada ao longo de anos nos EUA e abolida em 2003, sendo substituída pela injeção letal por questões de humanidade. • PROCEDIMENTO: Aplicam-se eletrodos em certas lugares estratégicos do corpo (tórax, membros superiores /inferiores e crânio). A cabeça é raspada, porque o cabelo pode prejudicar. Para melhor condutividade é colocada no condenado uma solução condutora (eletrólitos) nos eletrodos. HISTORICO: Um cientista da equipe de Thomas Edison chamado Harold P. Brown que criou a cadeira elétrica, sendo que em 06 de agosto de 1890, William Kemmler, por ter assassinado sua mulher a golpes de machado, foi condenado a morte e entraria para os livros de história como aquele que seria a primeira pessoa eletrocutada no mundo. Até 2003 era um dos métodos legais de execução da pena de morte nos EUA em alguns de seus estados. O estado de Nebraska foi o último a utilizá-lo como o único método possível. O Estado de Carolina do Sul voltou a aplicar a execução pela cadeira elétrica em 2021 autorizando o condenado a escolher a forma como será executado. Muitos optam pela cadeira elétrica. Foto. Uso da cadeira elétrica nos EUA: Amarelo: Estados que empregam a cadeira elétrica; Verde: Estados que a usaram no passado. Azul: Estados que nunca utilizaram este método. 16 Ana Vilela – Medicina Legal Aula dia 31/03 Lesões perfuro contundentes ou contusas. Quando nos referimos aos tipos de instrumentos que podem produzir lesões no homem, citamos os pegaracotundenres, isto é, aqueles que perfuram e contundem simultaneamente, e, apresentamos, como exemplo as lesões causadas pelas "armas de fogo". Trataremos, neste módulo, das lesões perfinocontusas, ou seja, aquelas produzidas por arma de fogo, porém, vamos analisar superficialmente a "Balística Forense" para interpretar com melhor propriedade alguns conceitos de medicina legal. Arma de Fogo São artefatos que lançam projeteis através de um mecanismo, força expansiva que expele esse projetil, com a condução da pólvora. Revolver é uma arma de uso permitido. Pistola – semiautomática, cano curto Escopeta e Espingarda, não existe muita diferença entre elas. A escopeta e espingarda são armas de projeteis múltiplos, balotes. Carabina e Rifle. Fuzil, metralhadora e submetralhadora – calibre restrito. Munições Munições é o conjunto de cartuchos necessários ou disponíveis para uma arma ou uma ação qualquer em que serão usadas arma de fogo. É o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo. Cartucho O cartucho como um todo considerado é composto por: 1- Estojo; 2- Espoleta (com mistura iniciadora); 3- Pólvora (propelente); 4- Projétil (propriamente dito); 4- Embuchamento (casos de armas de alma lisa). Estojo Trata-se de um componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em cada disparo. A maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente o latão (iga de Cone o Zirco - CuZn), mas também são encontrados estojos construídos com diversos tipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão (espingardas) e outros. Espoleta A espoleta é um recipiente que contém a mistura detonante e iniciadora. A mistura detonante é um composto que queima com facilidade, bastandoo atrito gerado pelo amassamento da espoleta contra a bigorna, provocada pelo percussor (cão). A queima dessa mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo, chamados. Projétil Tem um nome técnico usado na prática, P.A.F (projeto de arma de fogo). Temos sólidos e especiais (chamados de encamisados). Dividido em: - ponta - base - corpo Espécies de projéteis Os projéteis são geralmente de chumbo, mas existem projéteis especiais (encamisados) que podem ter outros materiais (ex: aço, cobre, zinco, etc.). Os projéteis podem ser, em princípio, múltiplos ou únicos. Projéteis Múltiplos Projéteis Múltiplos (são utilizados em armas de alma lisa (ex: espingardas), sendo também conhecidos por «balins" ou vulgarmente por 17 Ana Vilela – Medicina Legal «cartucho de munição". São compreendidos por chumbos de formato esférico e de tamanho variável, sendo identificado por números ou letras (Ex: Cartucho calibre 12). • Os cartuchos de projéteis múltiplos possuem também buchas de plástico ou de papelão, o que é chamado de "embuchamento" que tem função de impulsionar os projéteis pelo cano da arma e manter a carga de balins agrupada o maior tempo possível. Projéteis Únicos ou Unitários Projéteis únicos ou unitários: são aqueles utilizados em armas de alma raiada (ex: revólveres ou pistolas), onde o cartucho é constituído de um único projétil. Podem ter liga de chumbo, encamisados, de cobre, cic. Apresentam um formato cilíndrico, ogival, pontiagudo, etc. Movimento do projétil: Rotação é para conferir a estabilidade, Translação gravidade do projétil ele vai caindo, Nutação pequenos círculos realizados pela ponta, precessão, sucessão de círculos menos que forma a nutação. Obs.: a força gravitacional pode alterar a trajetória do projétil. Existem armas de longo alcance com estrutura de projéteis diferenciadas que mantem a rotação e a estabilidade por longa distância. Ex: rifles de longo alcance - Sniper's (South Fork). Distância: 3,5 km. Alma do Cano da Arma ALMA: é a face interna do cano da arma, o interior do cano da arma. Nesse sentido, as armas de fogo podem ter ALMA LISA ou ALMA RAIADA. ALMA LISA: O interior do cano é liso, sem qualquer tipo de friso ou de depressão. Ex.: espingardas. ALMA RALADA: O interior do cano da arma possui "raias" que são depressões cavadas dentro do cano que servem para imprimir um movimento de rotação no projétil para deixar seu trajeto mais regular e estável. (Cheio ou passos são os dentes das raias) CALIBRE: é o diâmetro da boca das armas de fogo raiadas (calibre real). Mas também existem os calibres nominais que são os números dados pelos fabricantes. As armas de alma lisa também possuem calibres, mas são medidos pelo tamanho do cartucho e não pela boca da arma. Projéteis antimotins: são aqueles que tem por finalidade demonstrar força em tumultos violentos através de munições que não causem ferimentos letais (ex: projétil de latex que é chamado de munição de elastômero). Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na ponta (municiadas ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis espansions) • Os projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para competições esportivas. Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance. • Os projéteis expansivos são aqueles conhecidos popularmente como «palas dum dum", destinam- se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados o corpo da praferl e semi-encamisados (a camisa corpo, deixando sua parte posterior exposta. • Esse tipo de projétil (expansivo) teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Genebra. Lesões Perfuro contundentes Como visto, são aquelas produzidas por projéteis acionadas por arma de fogo, estes, grudo gros Imprisão eroiação, determinam a formação de um orifício e de zonas de contorno junto a pele. • A forma desse orifício e de suas zonas de contorno dependem da incidência do tiro obliquo, perpendicular etc.) e de sua distância. O verdadeiro agente vulnerante das lesões perfurocontusas, no caso de armas de fogo, é o projétil (a "hala" ou os vãos de chamin), sempre impulsionados pela carga, pela força expansiva dos gases, que ocorre no momento da deflagração, do disparo ou da detonação do tiro, da combustão da pólvora. É possível pelas lesões encontrar a pessoa que atirou. O perigo de crato de foga é um agente mecânico ou, que determina uma lesão de natureza ou 18 Ana Vilela – Medicina Legal O estudo das lesões produzidas pela ação de projéteis de arma de fogo, sejam eles unitários ou múltiplos, apresenta relevância especial, primeiro porque constituem número expressão de ocorrências, em grande número de criminologia: • Além disso, pela multiplicidade de características, geralmente fornecem elementos preciosos à investigação, determinação da cansa jurídica do evento ou ainda da possível autoria. Na análise dos ferimentos produzidos por projéteis de arma de fogo, quatros são os pontos que merecem atenção: a) determinação e descrição dos ferimentos de entrada e saída; b) a trajetória do projétil no interior do corpo, bem como a descrição das lesões internas; c) a orientação do disparo em relação à posição do corpo; d) a distância provável do disparo. Morfologia As características dos ferimentos de entrada produzidos por projéteis de arma de fogo dependem, basicamente, de três fatores principais, quais sejam: tipo de munição empregada (projétil unitário ou projéteis múltiplos), ângulo de incidência e distância de tiro. Ferimentos de Saída Os ferimentos de saída não tem uma característica única. s ferimentos de saída somente existem, por óbvio, se o projétil transfixar o corpo. A importância médico-legal é relativa, salvo na determinação da trajetória, porque não possuem características próprias. • Como regra, o ferimento de saída é irregular, maior que o de entrada, até porque o projétil frequentemente se deforma em sua passagem pelos tecidos orgânicos, e tem as bordas voltadas para fora. • Alguns projéteis especiais, de alta energia, em razão das ondas de choque produzidas pelo seu deslocamento, costumam produzir ferimentos de saída de grandes proporções Cavitação permanente (ex: disparo de fuzil). As bordas do ferimento de entrada são para dentro e invertidos. Ferimentos Produzidos por Projéteis Múltiplos (balins) Lesões por tiros de espingarda ou armas similares. Nos disparos efetuados com cartuchos de munição de projéteis múltiplos (armas de alma lisa - espingardas), o aspecto da lesão depende, basicamente, da distância em que foram realizados e da consequente abertura do cone de dispersão. Em tiros muito próximos ou encostados, os projéteis múltiplos causam grande destruição tecidual (os balins abrem um buraco nos tecidos da vítima - lacerações por distensão da pele), muitas vezes acompanhada de significativa perda de substância. Nos disparos efetuados a distância, o que observamos é a existência de lesões múltiplas, como se produzidas por vários disparos unitários, distribuídas ao redor de um ponto central, e que se afastam mais uma da outra quanto maior for a distância entre o atirador e o alvo. O ângulo de tiro irá determinar o formato da lesão única (se o tiro for a curta distância) ou do desenho formado pela distribuição das múltiplas lesões (nos tiros a distância), que poderá ser circular, nos disparos perpendiculares ao alvo, e elíptico ou cônico, quando a carga de projéteis incidir de maneira oblíqua sobre o alvo. Rosa de tiro é onde existe várias lesões,dispersão cônica dos projéteis, pode servir para Observações: Espingardas modernas são fabricadas com uma engenharia capaz de manter os balins agrupados por mais tempo ao longo do trajeto. Isso é denominado de “choque” Se a espingarda tiver o cano serrado, a dispersão dos balins será precoce, tendo um maior cone de dispersão. Quanto maior o cano da arma, maior a tendência dos balins permanecerem agrupados; MORFOLOGIA: O orifício de entrada possul bordas escoriadas e podem possuir orlas e zonas de tatuagem dependendo da distância do disparo. A trajetória dos balins no interior do corpo são múltiplas, o que produz uma extrema gravidade; ETIOLOGIA: homicídios, disparos acidentais e suicídios com a vítima apoiando o cano na boca ou no queixo. 19 Ana Vilela – Medicina Legal Ferimentos Produzidos Por Projéteis Unitários Lesões por tiros de revolveres, pistolas ou numas similares A lesão de entrada produzida por projétil de arma de fogo é geralmente circular (forma de "O"), na dependência do ângulo de incidência e das linhas de tensão que atuam sobre a pele Leis de Filias e Langer). Excepcionalmente, podem ter formato diverso ou atípico, quando o projétil se deforma, ou perde sua trajetória, para penetrar no corpo com sua face lateral, cilíndrica, determinando, assim, um ferimento de entrada com formato de letra “D”. A lesão também terá conformação nim quando o projétil atingir tangencialmente a pele, « e raspão? Hipótese em que o ferimento irá apresentar-se como uma escoriação de formato alongado. Nesse caso, é claro, não se pode falar em ferimento de entrada, pois o projétil não penetrou o corpo. Apesar de haver certa correspondência de mo entre o tipo do projétil e o ferimento, não é possível determinar o calibre da arma pelo diâmetro de lesão, visto que, em razão da elasticidade da pele e das linhas de tensão, o orifício de entrada pode ser menor, maior ou igual ao diâmetro do projétil que lhe deu origem. Morfologia das Lesões Orlas e Zonas Orlas ou halos de contusão, escoriação e enxugo A pele é constituída por duas camadas distintas, a epiderme e a derme. A primeira é mais fina e menos elástica, rompendo-se de imediato pelo embate do projétil. A segunda, a derme, mais elástica, acompanha o projétil, encapsulando-o parcialmente antes de se romper, para depois voltar à posição original. Orla de Contusão Em que pese o projétil ser mais ou menos pontiagudo, para ele penetrar ao corpo, tem que forçar a pele, produzindo ali uma contusão, Assim, a primeira orla produzida é a de contusão, que corresponde a "região equimótica? Decorrente da lesão ocasionada pelo embate do projétil na pele. Trata-se de um halo (círculo) róseo/avermelhado que circunda o orifício de entrada e que é mais evidente nas pessoas de pele clara, sendo difícil de observar em peles de tonalidade mais escura. Orla de Escoriação Como a epiderme é menos elástica que a derme, após a passagem do projétil é possível observar uma pequena retração com consequente exposição da derme, como se tivéssemos dois anéis, um, de diâmetro maior, formado pela ruptura da epiderme (orla de contusão), e um outro, de diâmetro menor, formado pela exposição da derme. • A esse anel (de exposição da derme) denominamos orla ou halo de escoriação. A orla de escoriação é originada durante a formação do túnel de penetração do projétil, quando pequenos vasos sanguíneos são tracionados e rompidos, formando escoriações em torno do ferimento. Esta orla, que consiste um túnel hemorrágico, permite determinar o trajeto do projétil. Orla de Enxugo Quando o projétil passa pelo cano da arma, ele "se suja" com as impurezas ali existentes, e ao atravessar a pele, "se lava e enxuga", deixando na epiderme a sua marca. É caracterizada por uma aréola apergaminhada, milimétrica, que circunda a borda do orifício, resultante do impacto e da pressão rotatória feita pelo projétil contra a pele, antes de rompê-la, limpando-o da ferrugem, óleo ou fumaça que traz. Geralmente tem cor escura, circular nos tiros perpendiculares e ovular ou elíptica nos tiros oblíquos. Aula dia 14/04 Observações Parciais Os ferimentos de entrada que não sejam «à queima roupa" - de média ou longa distância - irão possuir as seguintes características (efeitos primários): Forma arredondada ou elíptica; - Orla de contusão; - Orla de escoriação; 20 Ana Vilela – Medicina Legal - Orla de enxugo; - Bordas viradas para dentro. Zonas de Chamuscamento, Esfumaçamento e Tatuagem Quando uma arma é disparada, juntamente com o projétil são expelidos pela boca do cano um considerável volume de gases em alta temperatura e em combustão, certa quantidade de fumaça (que varia de acordo com o propelente utilizado) e pequenos grãos de pólvora (combustos, semicombustos ou em combustão), assim como micropartículas metálicas oriundas da abrasão do projétil no cano da arma. • Esses componentes são expelidos juntamente com o projétil, mas, como têm massa infinitamente menor, não possuem energia cinética para ir além de uns poucos centímetros da boca do cano da arma, podendo não atingir o alvo. Zona de Chamuscamento Resulta da ação do calor e dos gases quentes que saem pelo cano da arma, queimando os pelos e a epiderme. Também é chamada de "zona de queimadura". Se o disparo for efetuado muito próximo do alvo, algo em torno de 0,5 cm, poderemos ter a zona de chamuscamento, que nada mais é que uma região onde a pele é literalmente queimada pela chama que sai pela boca do cano da arma. Zona de Esfumaçamento Para uma distância maior, de até 0,30 cm, a fumaça decorrente do disparo poderá atingir o alvo e depositar-se ao redor do ferimento de entrada, produzindo a chamada zona de esfumaçamento. Zona de Tatuagem Exatamente porque têm massa maior que as partículas de fuligem, restam os grãos de pólvora e as partículas metálicas decorrentes da abrasão do projétil no cano da arma, que incidem sobre o alvo como verdadeiros projéteis secundários, por vezes incrustando-se na pele de tal maneira que formam verdadeiras tatuagens (zona de tatuagem). Os fenômenos aqui observados ocorrem porque o calor, a fumaça e os grânulos de pólvora combusta ou em combustão, além de outras impurezas que saem do cano da arma, alcançam a pele. São as hipóteses dos famosos "tiros à queima roupa" (curta distância). Esta nuvem de elementos forma um cone com a base voltada para o alvo. Esta base será maior quanto mais afastado do alvo for disparado o projétil, tendendo a diminuir a medida que esta distância é reduzida. Logo, as características desse disparo dependem diretamente de fatores como a munição e o tipo de arma empregada, não podendo apresentar como regra uma distância categórica. • O ferimento, nesses casos, é rico em elementos característicos, sendo formado por um orifício de bordas invertidas com orla de contusão, escoriação e enxugo, e zona de esfumaçamento, chamuscamento e de tatuagem. Nos casos de tiros à distância (além de cinquenta centímetros ) só o projétil alcança o alvo, formando um orifício de bordas invertidas com orla de contusão, escoriação e enxugo, sem as zonas de chamuscamento, esfumaçamento e de tatuagem. • Quando os tiros a curta distância são efetuados na roupa da vítima, as zonas poderão ser visualizadas nas vestimentas da vítima. Disparos Encostados Nos disparos encostados temos de diferenciar duas situações distintas: os disparos que atingem unicamente tecidos moles e os que incidem sobre partes do corpo que recobrem ossos planos, por exemplo, os do crânio. Quando o disparo encostado atinge unicamente tecidos moles, além do projétil, todos os demais elementos penetram no ferimento, causando uma lesão interna de grande monta. As zonas de chamuscamento,esfumaçamento e tatuagem ficam todas no interior do corpo, mas o orifício de entrada permanece com sua configuração circular ou elíptica, com bordas invertidas. Por vezes, na dependência da força com que a arma foi pressionada sobre a região atingida, é possível evidenciar a marca do cano sobre a pele. Isso é chamado de "Sinal de Puppe - Werkgaertner". Esses ferimentos são frequentemente observados em suicídios. Perdi um tópico aqui. Quando, logo abaixo da região atingida, existe uma tábua óssea, o projétil pode (ou não) 21 Ana Vilela – Medicina Legal conseguir perfurá-la, mas os gases e as micropartículas certamente não. Nesses casos há um deslocamento dos tecidos e uma verdadeira explosão, no sentido inverso (de dentro para fora), pelo refluxo dos gases, formando um ferimento de conformação estrelada e de bordos evertidos (para fora), como se fosse uma "cratera" Isto é denominado de câmara de mina ou câmara de Hoffmann. Trajeto do projetil dentro do corpo Devemos ainda considerar o Trajeto, que é o caminho percorrido pelo projétil dentro do corpo em seu efeito danoso, causando um "túnel lesional" O projetil dentro do organismo atinge diferentes órgãos e vísceras (coração, pulmões, rins, intestino, etc.), bem como veias e ossos. O projétil pode ficar alojado (repousado) no corpo. Também podem bater em ossos e se desviar dentro do corpo. Geralmente, o trajeto é retilíneo e cilíndrico e quando transfixante, termina no orifício de saída. Nas necropsias, no trajeto percorrido pelo projétil dentro do corpo, pode-se encontrar restos do cartucho, como pólvora incombusta, a bucha, ou, ainda, fragmentos de roupa, pele, pelos, fragmentos ósseos, etc. No entanto, o trajeto pode ser diferente dependendo do tipo de projétil (ex: projéteis jaquetados ou encamisados "balas dum-dum"). Saída do projetil Os projéteis podem ficar retidos no corpo humano ou podem sair em qualquer região. A saída são lesões de "dentro para fora" MORFOLOGIA: O Orifício de Saída, nas lições de Benedito Soares de Camargo Júnior, é único e apresenta bordos evertidos (virados para fora), é irregular ou em fenda, maior que o orifício de entrada e maior que o diâmetro do projétil. Ao sair o projétil tem menos energia uma vez que encontrou resistência nos tecidos, órgãos e ossos, sendo que também os projéteis se deformam dentro do corpo. Por isso as lesões de saída são amorfas. É possível existir maior número de saída do que de entrada de projetil. A explicação é porque o projeto pode se fragmentar e dividir, causando mais orifícios de saída. Comumente a lesão de saída expele matérias orgânicas: massa encefálica, ossos, muito sangue, etc. Não apresentam zonas de tatuagem, chamuscamento ou esfumaçamento. Diferença: Lesões produzidas por projéteis de arma de fogo de ALTA ENERGIA Armas de alta energia são aquelas que expelem projéteis com velocidade inicial de deslocamento acima de 600 metros por segundo (2.000 libras- pé) São exemplos as armas bélicas utilizadas pelas forças armadas: Fuzil, Metralhadoras em geral, Metralhadora "ponto 50", etc. CAVITAÇÃO: o fenômeno da cavitação está presente nas lesões causadas por projéteis de alta energia. O projétil se dissipa no corpo e a estrutura tecidual é atingida expandindo e reacomodando os tecidos (expansão de onda de choque). Essa expansão e reacomodação é chamada cavitação temporária e acontece em frações de segundo. O dano final decorrente da compressão e do esmagamento do projétil é chamado de cavitação permanente com maior gravidade por causa da zona de pressão e das ondas de choque. As lesões são de grande significação (tanto de entrada como de saída) com aparências amorfas e destrutivas. Observações conclusivas Identificação do atirador: quando alguém atira com uma arma de fogo, parte da descarga dos gases de combustão e dos resíduos de pólvora ou outros fragmentos podem ficar impregnados na mão do atirador, no tórax ou no rosto, dependendo do tipo de arma ou vestimenta. Nos suicídios essa análise é importante. Existem testes químicos para constatação desse fato: Teste de Iturrioz, Teste do reagente de Lunge, microscopia de varredura, etc Populares exames residuográficos); Lesão de entrada - Sempre regular -Bordas invertidas -Proporcionais ao projetil - com orlas e zonas Fermento de saída -Dilacerado ou amorfo - Evertida - Desproporcional ao projétil - Sem orlas e zonas 22 Ana Vilela – Medicina Legal Identificação da arma: a apreensão da arma é muito importante para a elucidação do fato, mas isso nem sempre acontece. Exames de balística são realizados para identificação da arma a partir do projétil extraído do corpo da vítima; Outros aspectos: na perícia, outros pontos complexos são analisados, tais como ordem e distância dos tiros, número de projeteis que atingiram a vítima, entre outros. PONTO IMPORTANTE: A diferenciação dos orifícios de entrada e saída tem grande importância, pois pode fornecer subsídios para o estudo da direção do disparo, de alta valia no estudo da natureza jurídica do evento letal. • é imprescindível que o Médico- Legista, proceda a minuciosa descrição das características de ambos os orifícios (se existirem). • Insta salientar que várias são as questões periciais de interesse inrídico que se apresentam, dentre as quais destacamos: 1. Natureza do fato: acidente, suicídio ou homicídio 2. Distância do disparo, para estudo de autoria 3. Identificação da arma, também visando o estabelecimento da autoria Prova até energisas físicas.