Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

1 Ana Vilela – Medicina Legal 
Conceito: “medicina legal é um ramo da medicina 
vinculado ao direito, consistente no emprego 
técnico e cientifico utilizados para o 
esclarecimento de casos do interesse da justiça”. 
É uma ciência que ajuda o direito na solução de 
um caso que seja relevante e importante para o 
direito. 
Pluralidade de sinônimos dessa disciplina, como 
medicina forense, medicina jurídica, 
jurisprudência médica. Mas a expressão que 
prevaleceu no Brasil foi medicina legal. 
Debate: a medicina legal é um ciência autônoma 
ou não? Ela tem uma certa autonomia científica, 
mas também não dá para dizer que ela está 
separada da medicina legal, para alguns não é 
autônoma porque não é de fato medicina, e para 
outros é um médico legista, tendo uma 
especialidade tópico autônomo então temos uma 
autonomia cientifica, existindo no brasil essa 
discussão. 
Começou na china o estudo do cadáver, os 
egípcios também haviam técnica cientifica do 
estudo dos cadáveres. Mas a medicina legal do 
brasil veio da Itália, Alemanha e França, ela nasce 
nesses países. Alberto Zacharias foi um dos 
principais médicos legistas, conhecido como pai 
da medicina legal. 
Importância da Medicina Legal 
É uma área relevante, ela é uma medicina legal 
genérica, extremamente ampla. 
Antropologia forense, estudo da identidade de 
uma alçada. 
Criminologia o estudo da formação do crime. 
Medicina legal envolve aspectos do dia a dia da 
nossa sociedade, presente em vários aspectos, 
como em um acidente de trânsito, ou uma blitz de 
trânsito, casamento, investigação da paternidade, 
benefícios previdenciários, questões trabalhistas, 
aspectos administrativos, dentre outros. 
Ou seja, a medicina legal não é só no aspecto 
criminal, mas ela engloba todas as outras 
Antropologia Forense 
Conhecimentos médicos legais, que envolve o 
processo de identificação das pessoas, identidade 
e processo de identificação. 
Um dos principais ossos que distingue o sexo 
feminino para o masculino é a bacia pélvica, para 
analisar o sexo do cadáver. 
No Brasil temos hoje, como forma de identificação 
a identificação datiloscópico. Nós temos desenhos 
digitais nas pontas dos dedos que forma na soma 
desses desenhos que formam uma forma 
datiloscópica (maneira mais eficaz e seguro de 
identificação). 
Importante, pois as lesões fazem parte da 
realidade do direito penal. 
Chamamos as lesões na medicina legal de 
traumas. 
Faca: ferimento perfuro cortante/inciso, tem uma 
característica chamada de lesão pontueira (casa 
de botão), o ferimento de faca é um dos mais 
comuns no Brasil, pois dentro de uma casa 
sempre existe uma faca, muito comum em crimes 
de feminicidio. 
Arma de fogo: perfuro contundente, causada por 
projetil de arma de fogo. Tiro a queima roupa é 
aquele que foi realizado muito próximo a vítima. 
Mancha roxa: conhecido como hematoma, 
chamando-se de equimose, uma lesão 
contundente. A equimose, é a hipótese onde o 
sangue estravaza por debaixo da pele. Espectro 
hecmótico, porque a análise feito no laudo de 
exame pode identificar crimes. Ex. criança com 
várias marcas de equimose, com diferentes cores, 
levando a entender que a criança estava sofrendo 
lesões em séries. 
Cadáveres carbonizados é comum, caso a pessoa 
não esteja amarrada ou de barriga para baixo, é 
comum os dedos ficando na posição curvada para 
dentro, como uma garra, chamado de sinal de 
devergi. 
Sexualidade Forense 
Estuda a sexualidade normal e anormal, 
procurando correlacioná-las com as diversas 
doenças e perturbações envolvendo o 
comportamento sexual humano. Ex: patologias 
sexuais, etc. 
Também serão estudados temas ligados ao 
aborto, ao infanticídio e ao estupro, entre outros. 
Asfixiologia Forense 
 
2 Ana Vilela – Medicina Legal 
Privação de oxigênio fornecido ao cérebro e 
demais tecidos do corpo humano, objetivando 
fazer uma ligação com a more ou alteração deles 
decorrentes. Ex. enforcamento, esganadura, 
estrangulamento. 
Psiquiatria e Psicologia Forense 
Preocupa-se com o estudo da personalidade do 
ser humano e das doenças mentais que 
influenciam seu comportamento criminal. Ex. 
psicopatia, esquizofrenia, oligofrenia. 
Tanatologia Forense 
Estuda-se a morte em seus diversos aspectos, 
buscando, sobretudo, desvendar-lhe a causa, o 
tempo estimado de ocorrência, os fenômenos 
cadavéricos. 
Toxicologia Forense 
Estuda-se os diversos casos de intoxicações 
exógenas (externas). Ex: envenenamentos, 
drogadições, alcoolismo, etc. 
Medicina legal: conhecimentos médicos ligados 
ao direito, o objeto de estudo é o corpo humano, 
vivo ou morto, para a elucidação de casos do 
interesse da Justiça. 
Criminologia: ciência multidisciplinar, não 
normativa, que estuda o crime como fenômeno 
social, o criminoso sob uma perspectiva objetiva e 
subjetiva, a vítima e sua participação no contexto 
do delito, bem como os mecanismos de controle 
social que opera em sociedade. 
Criminalista: ciência que estuda os vestígios 
deixados no local do crime, preocupando-se mais 
com a identificação do delinquente com a 
produção de prova e com a dinâmica do evento 
criminoso. 
Aula dia 17/02 
Conceito: parte da medicina legal em que se 
estuda as lesões corporais de ordem material e 
moral. 
Trauma é sinônimo de lesão/ferimento a 
integridade física (mais aplicado na medicina 
legal). 
O trauma seria a consequência da energia. 
Energia: o agente causador do trauma. 
Existem vários tipos de energia capaz de gerar 
lesões: mecânicas (ex. projéteis de arma de fogo), 
físicas (calor/frio), químicas (intoxicações), físico-
químicas (asfixia por monóxido de carbono), 
Bioquímicas (inanições) etc. 
Conceito: são aquelas energias que incidem sobre 
o corpo humano e são capazes de modificar o seu 
estado de repouso ou de movimento (Del Campo). 
Existem vários tipos de energias mecânicas, 
vamos trabalhar com as que se materializam 
através de instrumentos mecânicos, como arma 
de fogo. 
A energia mecânica pode estar presente em 
qualquer fenômeno na natureza, como 
desmoronamento, terremoto etc. 
Ela pode ou não ser manipulada pelo homem, 
como um revólver, pistola, arma branca são 
exemplos de armas/ instrumentos manipulado 
pelo homem. 
Uma arma pode ser manipulada de várias formas 
e esse mesmo instrumento pode ocasionar lesões 
diferentes, dependendo da maneira que eu vou 
manipular esse objeto. 
Ex. faca, posso deslizar ela sobre o corpo humano 
e posso estocar essa faca na vítima perfurando 
ela. Da mesma maneira que a atitude da vítima 
perante o objeto também pode ser analisada no 
contexto médico legal. 
Pedra: uma pedra se arremessada por uma 
pessoa contra a outra, funcionára como 
instrumento contundente (arma). 
Mas se a pessoa tropeçar acidentalmente e cair 
sobre uma pedra, batendo a cabeça a pedra 
funcionará como... 
Classificação quanto a relação entre o corpo e 
o instrumento 
Leva-se em consideração a relação entre o corpo 
e o instrumento que causa a lesão estabelecemos 
três classificações distintas: 
 
3 Ana Vilela – Medicina Legal 
1- Meio ativo: o instrumento vai de encontro 
com o corpo. Há uma ação do instrumento 
sobre o corpo. 
2- Meio passivo: quando o objeto esta inerte e 
a vítima vai ao encontro do objeto, o corpo se 
desloca ao objeto. Ex. suicídio, a pessoa se 
joga, o corpo humano que foi de encontro ao 
objeto. 
3- Forma mista: o corpo em movimento sobre o 
instrumento que também está em movimento. 
Ex. uma criança de bicicleta descendo 
avenida se choca com um carro andando. 
Colocar desenho sobre as classificações. 
 
Lesões e Morte Causadas Por Armas Brancas 
Armas brancas: são armas (artefato manual ou de 
arremesso) que possuem laminas ou pontas. 
Configuram uma extensão do corpo humano para 
ataque ou defesa. 
Podem ser próprias 9construidas para ferir outro 
ser humano) ex. adagas, punhais,baionetas, ou 
impropria (confeccionada para atividades de 
cozinha, atividades rurais ou industriais, etc.) Ex. 
faca de cozinha, foice, enxada. 
A terminologia “arma branca” é uma 
contraposição às armas de fogo, referindo-se ao 
brilho do aço que confere uma coloração 
esbranquiçada ao instrumento na incidência da 
luz (Prof. Hygino Hércules). 
Lesões Punctórias 
Sinônimo de perfurante instrumentos perfurantes: 
esses instrumentos perfurantes possui 
características especial, sendo ela a ponta e não 
possuem lâminas. 
Se ele tem lamina e ponta chama-se de perfuro 
cortante. 
Esses instrumentos de ponta atuam através da 
pressão, há uma pressão exercida nessa ponta 
que atuará sobre, a pele, tecidos, músculos, 
ossos humanos. 
Quando esse instrumento penetra na pele, essa 
pressão irá exercer o afastamento dos tecidos, na 
medida que o instrumento vai entrando e 
perfurando, sem cortá-los, não temos incisão. 
Características: instrumentos puntiformes, 
alongados, finos, compridos, pontiagudos, com 
haste cilíndrica. Ex. furadores de papeis, pregos, 
arames, agulhas, garfos, espeto de churrasco, 
ponta de flecha etc. 
Etiologia das lesões punctórias: 
Origem das causas jurídicas das lesões 
punctórias. 
Casos mais comuns: 
No brasil a grande maioria são casos acidentais 
no dia a dia, como no acidente de trabalho, 
acidente em obras públicas. 
Agressões: homicídios, feminicídios, tentados ou 
consumados, lesões corporais seguidas de 
morte. 
Casos incomuns: suicídios. Muito difícil ocorrer 
através dessas lesões punctórias. Ex. pessoa 
coloca um prego na cabeça e da uma martelada. 
Instrumento Perfurante de Pequeno Calibre 
Esse instrumento tem a característica com a 
ponta bem fina, com menos de 1 mm na ponta. 
Ex. alfinetes, agulhas. 
A lesão de entrada é caracterizada com ponto 
colorido vermelho escuro, onde pentrou a agulha, 
o alfineto e quando retirada da pele que é elástica, 
ocorre a retração, quando retiro da pele 
rapidamente se fecha se for muito pequeno o 
objeto. 
Não tem uma importância medica legal porque é 
algo pequeno. 
A importância sobre o ponto médico legal, sobre 
a transmissão de doenças, envolvendo seringas 
e agulhas que se encontram infectadas e podem 
ocasionar uma série de doenças, podendo incidir 
no crime de moléstia grave. Além de tétano. 
Instrumento Perfurante de Médio Calibre 
Lesões fusiformes – utilizadas por alguns 
doutrinadores. 
 
4 Ana Vilela – Medicina Legal 
Diâmetro cuja a ponta é superior a 1mm. Ex. 
estilete agulhados, cortador de gelo, espadas, 
pontas de flechas etc. 
Morfologia da lesão: a lesão nas hipóteses de 
instrumento de médio calibre terá uma 
característica muito peculiar, a lesão terá sua 
aparência de uma casa de botão, buraco da roupa 
onde colocamos o botão (parecido com isso), 
essa casa de botão na pele da vítima parece que 
alguém passou um corte na pessoa, tem a 
semelhança de um ferimento cortante, como uma 
gilete. 
Em certos locais do corpo humano a casa de 
botão pode ter outra característica. 
Características da lesão punctória de médio 
calibre: 
- Uma ferida pequena, de pouca extensão 
(abertura estreia ou de pouca superfície; 
- Ferida que detém maior profundidade, mais 
profunda do que extensa, sobre o ponto de vista 
interno; 
- Ele não secciona tecido, vasos sanguíneos, não 
é um ferimento que possui abundancia de 
sangramento, possui pouco sangramento 
externo; 
- Ausência de compatibilidade entre as 
características estruturais do instrumento 
punctório e a aparência da lesão; 
- Via de regra é uma lesão grave, pode levar a 
morte, principalmente dependendo da 
profundidade da lesão, se esse instrumento for 
alongado e pontiagudo ou dependendo da 
pressão feita pela pessoa e atinge órgãos 
importantes pode levar a morte. Se atingir ossos, 
pode deixar marcas do instrumento neles como 
um relevo (ex. costelas). 
Se a ferida for superficial e não atingir órgaõs 
importantes a lesão não será grave, apesar da 
possibilidade de infecções. 
O instrumento poderá permanecer na vítima, o 
que se denomina de encravamento, flechas, 
pregos etc. 
Se o instrumento atravessa um segmento o órgão 
do corpo, produzindo orifício de saída o ferimento 
é chamado de ferimento punctório transfixiante. 
Leis de Filhós e Langer 
Estudos feitos por determinadas pessoas que 
chegaram a uma conclusão cientifica que certas 
lesões e características delas, receberam o nome 
dessas pessoas que estudaram isso. 
Filhós e Langer são médicos alemães. 
As lesões punctórias tem menor diâmetro que o 
instrumento causador em razão da elasticidade 
ou retratilidade dos tecidos cutâneos. 
Pequeno calibre temos o ponto hemorrágica na 
pele, de médio calibre os tecidos se afastam por 
causa das linhas de tensão da pele e quando 
retirado a pele vai se fechando, deixando a 
aparência de botueira. 
A casa de botão é a regra, mas dependendo pode 
ter característica de ponta de seta ou quadrilatera, 
dependendo da região do corpo pode apresentar 
característica diferente. 
Cada região do nosso corpo puxa a pele pra um 
lugar diferente. 
Primeira lei de filhós: as feridas deixadas são 
semelhantes ou produzidas por instrumento de 
dois gumes e tem aparência de casa de botão 
Segunda lei de filhós: quando estas lesões se 
produzem numa mesma região, o maior eixo da 
ferida esta orientado no sentido das fibras 
musculares e das subjacente. 
Terceira lei de filhós: cruzamento 
Lesões Especiais 
Lesões em acordeon ou em sanfona: podem 
ocorrer em regiões depressivas do nosso corpo, 
ex. abdômen. A lesão parece ser mais profunda 
do que o tamanho do instrumento que a causou, 
podendo inclusive transfixar. 
Sinal de lacassagne – alguns doutrinadores 
trazem esse nome que é igual acordeon. 
Ferimento Punctório por encravamento e 
transfixante: são feridas que penetrem na 
cavidade do corpo e por causa da extensão do 
instrumento ou da sua força de compressão 
podem ficar encravados no corpo da vítima. 
Aula da Bia – perdi carnaval 
Lesões ocasionadas por armas brancas. 
 
5 Ana Vilela – Medicina Legal 
Os instrumentos cortantes agem por meio de 
pressão e deslizamento sobre a pele, tecidos ou 
órgãos. 
São instrumentos que possuem borda afiada 
(gume/fio). 
Geralmente possuem borda longa e fina. 
São exemplos de instrumentos cortantes: lâminas 
de barbear (gilete), navalhas, bisturis, facas, 
estiletes, fragmentos de vidro, linha de cerol, 
papel etc. 
Energia cinética 
Elas atuam por pressão e deslizamento sobre 
seu fio ou gume. A profundidade depende da 
pressão e do fio, e a extensão da lesão depende 
do deslizamento do instrumento. 
Nomenclatura 
As lesões produzidas por instrumentos cortantes 
são chamadas de "lesões incisas". 
Segundo Genival França, as lesões incisas são 
apenas verificadas em cirurgia, sendo a melhor 
expressão "feridas cortantes". No entanto, a 
grande maioria dos autores utilizam a expressão 
"lesões incisas". 
A expressão popular "cortada" ou "corte" não é 
tecnicamente adequada para a Medicina Legal. 
Incisão ou abscisão é a ferida causada por 
médico em ato operatório (feridas cirúrgicas). 
Etiologia das lesões incisas 
Casos mais comuns: 
a) Acidentais: Acidentes de trabalho (açougues, 
mecânicas, marcenarias, maquinários de 
indústrias etc.), acidentes domésticos com 
facas; acidentes de trânsito (lesões com cerol 
envolvendo motociclistas); erros médicos em 
atos cirúrgicos (lesões incisas). 
b) Suicídios: Típicas nos punhos e na região do 
pescoço. 
c) Agressões: Homicídios, feminicídios, tentados 
ou consumados, lesões corporais seguidas de 
morte, lesões de defesa. 
Morfologia (característica) da lesão incisa 
a) As extremidades são mais superficiais e a 
parte mediana é mais profunda (o centro da 
ferida incisa pode ser mais profundo por causa 
da ação em "arco" desenvolvida pelo braço do 
agressor).b) São ferimentos de forma linear, reta ou 
curvilínea, com predomínio do comprimento 
sobre a profundidade. 
 
c) O ferimento é extenso e raso (diferente do 
punctório que é pequeno e profundo e 
apresenta duas caudas: uma de entrada (mais 
larga devido a maior pressão) e uma de saída 
(mais estreita devido a menor pressão e maior 
deslizamento). 
A cauda de saída geralmente está presente, 
já a de entrada varia de acordo com o 
manuseio do objeto. 
 
d) As bordas (laterais) da lesão incisa são nítidas 
e regulares, as margens são livres de traumas 
(sem esmagamento ou escoriações do bordo, 
devido ao instrumento afiado utilizado). 
 
e) A hemorragia é quase sempre abundante na 
lesão incisa, pois a lesão alcança vasos 
sanguíneos, seccionando-os (dependendo da 
vascularização da região). 
Difere-se, também por esse motivo, do 
punctório, que não sangra muito. 
 
f) As feridas incisas são, habitualmente, pouco 
profundas não penetrando nas cavidades. 
Contudo, dependendo da lâmina, da força de 
pressão e da região (onde os tecidos não são 
tão resistentes), e lesão incisa pode ter maior 
profundidade. 
 
A profundidade da ferida incisa depende do 
gume afiado, da força de pressão e da 
resistência dos tecidos. Dependendo da 
região, podem ocasionar lesão das 
articulações. No abdômen, se utilizado o 
instrumento cortante com intensa força 
agressora, em indivíduos magros, pode 
ocasionar a evisceração (exposição das 
vísceras). No pescoço, pode causar 
esgorjamento, degolamento ou até a 
decapitação. 
Cauda de escoriação de saída/Sinal de 
Romanese 
A lesão incisa pode apresentar a chamada cauda 
de saída ou de escoriação, que são escoriações 
localizadas junto à saída do instrumento ao nível 
da pele (ponto de saída ou último ponto de 
contato do instrumento sobre a pele). 
 
6 Ana Vilela – Medicina Legal 
A "cauda de escoriação" consiste numa espécie 
de arranhão que caracteriza a diminuição da 
força de pressão sobre os tecidos. 
Lacassagne chamou de cauda de "rato". 
Sua descrição é fundamental, pois determina a 
direção/caminho da ação do instrumento no 
corpo da vítima (direita, esquerda, acima, 
abaixo). Exemplo: Movimento da esquerda para 
direita, o sinal estará à direita. Movimento de 
cima para baixo, o sinal estará embaixo. 
Permite, ainda, descobrir o modo de manuseio da 
arma, se o autor é canhoto ou destro, por 
exemplo. 
Lesões cortantes específicas 
São nomenclaturas especiais aplicadas aos 
ferimentos incisos dependendo de certas 
características e da localidade do corpo: 
a) Mutilações: As lesões incisas podem causar 
mutilações ou amputações se atingirem 
extremidades do corpo sem esqueletos ou 
com baixa densidade óssea. Exemplo: Nariz, 
orelha, pênis, ponta dos dedos etc. 
Importante para definir a causa da agressão. 
Exemplo: Deformar a vítima, vingança, ciúme 
etc. 
b) Lesões de defesa: As lesões incisas também 
são características de ferimentos de defesa, 
em caso de agressão com armas brancas 
(facas, navalhas etc.), quando a vítima se 
defende do agressor, hipótese em que os 
ferimentos recaem, quase sempre, nas mãos, 
antebraços ou braços. Importante para definir 
homicídios, porque comprovam a resistência 
da vítima. 
c) Lesões em suicídio: As lesões incisas 
também são frequentemente encontradas em 
suicídios, particularmente onde as vítimas 
cortam pescoços ou nos punhos. Exemplo: 
Uso de gilete no pulso. 
Neste caso, também são frequentes as 
chamadas lesões de hesitação, que são 
lesões incisas de menor profundidade 
(superficiais) que acompanham a lesão 
principal, geralmente múltiplas (maior 
número) que refletem a hesitação da vítima 
diante do suicídio. 
Lesões incisas na região do pescoço 
Lesão na região do pescoço é incisa (cortante). 
As mais comuns são esgorjamento e 
degolamento. Contudo, as que causam 
esgorjamento e degolamento não são apenas de 
natureza incisa, podendo ser também perfuro 
incisas/perfuro cortantes ou corto contundente. 
Esgorjamento são lesões incisas localizadas na 
região anterior do pescoço ou nas laterais. São 
as regiões a frente, embaixo do queixo. Podem 
se também na região lateral (anterolateral) do 
pescoço, embaixo da orelha. É comum em 
acidentes de trânsito, com linha de cerol. 
Esgorjamento vem de gorge, garganta em 
francês. 
Slide. 
Etiologia: Homicídios, suicídios e acidentes. 
Exemplo: Se a vítima apresenta esgorjamento, 
mas mãos estão com sangue, indicativo de 
homicídio. 
A ferida pode ser única ou múltipla (exemplo 
linha de pipa). 
No esgorjamento há um acentuado afastamento 
das margens da ferida em razão dos músculos e 
por cansa da tonicidade do tecido. 
Pode atingir a coluna cervical (parte óssea) 
dependendo da intensidade do manejo do 
instrumento. 
A morte decorre da anemia aguda em 
consequência da hemorragia fulminante (lesão 
dos vasos do pescoço, secção da carótida); 
anoxia cerebral (falta de oxigênio no cérebro); 
embolia gasosa (bolha de ar nas artérias) e por 
asfixia (introdução de sangue nas vias 
respiratórias). 
Degolamento são as lesões provocadas por 
instrumentos cortantes na região posterior do 
pescoço (nuca). 
Degolamento vem de gola da camisa, significa 
lesão na região da nuca. 
A morte decorre por hemorragia, por lesão 
vascular importante ou por traumatismo 
raquimedular (lesão na medula), nos casos de 
golpe profundo e violento, atingindo a coluna 
cervical. 
Geralmente quando o esgorjamento ou o 
degolamento atingem a coluna cervical, a 
hipótese sugere homicídio. 
Caso Chacina de Teodoro Sampaio. Todos 
degolados (corte contundente na região do 
pescoço). 
 
7 Ana Vilela – Medicina Legal 
Degolamento indica homicídio, esgorjamento 
indica suicídio. 
Decapitação se traduz pela separação da 
cabeça do corpo (separação do segmento 
cefálico do tronco) e pode ser oriunda de outras 
formas (atípicas) de ação além das cortantes. 
Exemplo: Enforcamentos. 
Etiologia: Homicídios, suicídios e acidentes. 
Caso de Pres. Prudente/Rebeliões em Presídios 
para pena de morte. 
Aula dia 03/03 
Os instrumentos perfurocortantes são 
representados, principalmente pelas armas 
brancas, que além da ponta, também possuem 
borda afiada. 
Agem pela força exercida em sua ponta e também 
cortam pelo gume que apresentam (pressão e 
deslizamento): perfuram + cortam. 
• São Exemplos de instrumentos 
perfurocortantes: punhais, canivetes, facas de 
cozinha, "peixeiras", adagas, baionetas, limas, 
espadas, dentre outros. 
NOMENCLATURAS: 
• As lesões produzidas por instrumentos 
perfurocortantes são chamadas de "lesões 
perfuroincisas" Essas lesões correspondem à 
associação das lesões anteriormente explanadas 
(punctória + incisa), assumindo características 
mistas. 
MORFOLOGIA GERAL: 
• Em geral, apresentam: bordas afastadas; 
• Ao contrário das lesões incisas, possuem menor 
extensão e grande profundidade. 
. Tratam-se de lesões extremamente graves, uma 
vez que, via de regra, atingem órgãos internos 
(cavidade torácica, abdominal, etc.) 
Características da lesão perforoincisa 
É uma ferida mais profunda do que extensa, com 
a lateral do ferimento (bordas), reto, sem nenhum 
tipo de trauma, porque o instrumento é afiado. 
Um gume: também possuem forma de botoeira 
(ângulo agudo e canto arredondado, ferida em 
rombo, mostra o dorso do instrumento. 
Dois gumes: ambos os ângulos são agudos 
(ferida biconvexa) 
Pode haver pequena cauda no local 
correspondente ao gume. 
Eventualmente os instrumentos podem ter três 
gumes, onde a ferida terá forma triangular ou 
estrelada. 
Laminas serrilhada: nessa hipótese teremos 
uma ferida com um canto arredondado (dorso) e 
o outro ângulo do instrumento com aparência 
escoriada (a lesão tem características perfurantes 
e cortocontundentes); 
ETIOLOGIA: É a lesão mais comum nos 
homicídios causados por armas brancas 
(homicídios e feminicídios) 
 Aschamadas «lesões de defesa» encontradas na 
palma das mãos, nos antebraços, ombros, etc., 
também podem ser perfuroincisas; 
O tamanho do ferimento nem sempre 
corresponde à largura da lamina que o produziu, 
podendo ser menor em razão da elasticidade da 
pele (também são influenciados pela Lei de Filhos 
e de Langer) 
Lesões perfurocortantes especiais: ferida em 
escalpe (couro cabeludo - atravessa planos 
superficiais da região festonadare retalho de 
tecido mole). 
• Os instrumentos contundentes são os agentes 
mecânicos, líquidos, gasosos, sólidos, etc. que 
atuam por pressão, explosão, flexão, torção, 
sucção, percussão, distensão, arrastamento, 
deslizamento, fricção, dentre outras e que 
traumatizam o organismo do indivíduo. 
As lesões produzidas por instrumentos 
contundentes são chamadas de "lesões 
contusas" (ferimentos contusos) e podem ser 
superficiais ou profundas. 
O resultado advém de uma ação ativa 
(instrumento choca-se com o corpo parado) 
passiva ou mista. 
 
8 Ana Vilela – Medicina Legal 
São exemplos de instrumentos contundentes: 
armas naturais (mãos, pés, cabeça, joelho, 
cotovelo, unhas, etc.); armas eventuais (pedaço 
de madeira, pedra, tijolo, barra de ferro, martelo, 
taco, etc.); saliências obtusas e as superfícies 
duras (solo, árvores, postes, pavimento, 
automóvel, etc.); armas de ataque (soco inglês, 
cassetete, tonfa, etc.) outros diversos tipos de 
fenômenos ou objetos. Ex: desmoronamentos, 
explosões, acidentes com máquinas, jatos de ar, 
superfície de água de uma piscina, etc. 
ETIOLOGIA: 
São lesões que denotam inúmeras, causas: 
Acidentes de toda ordem (trabalho, domésticos, 
recreativos, de trânsito); Homicídios, 
Feminicidios, Lesões corporais, Suicídios por 
queda, etc.; Fenômenos Naturais: desabamentos, 
deslizamentos, entre outros. 
Características da lesão contusa 
As lesões contusas, segundo Delton Croce 
englobam as "Contusões" e as "Feridas Contusas 
CONTUSÕES (lesões superficiais): as contusões 
são lesões contusas superficiais em que o 
instrumento atua sobre a superficie corporal sem 
muita força de impacto. 
As lesões atingem os tecidos mais superficiais, 
como a pele e o tecido subcutâneo. São 
irregulares e caracterizadas pela inexistência de 
um ferimento aberto via de regra (lesões 
fechadas). 
A contusões são de menor gravidade porque 
atinge uma região corporal superficial, as feridas 
contusas são mais graves, profundas, mas as 
contusão são superificiais. 
São espécies de contusões: 
Rubefações 
São as contusões mais simples, pois são bem 
superficiais. 
É uma vaso dilatação da pele, que deixa a pele 
com a aparência de vermelhidão, essa aparência 
de vermelhidão, tem outros nomes técnicos, 
como eidema, eipremia. 
É a contusão mais simples que existe em 
decorrência da superficialidade. 
Consiste na vasodilatação da pele atingida pelo 
objeto) de forma branda o suficiente para que não 
haja lesão tecidual. 
. A vermelhidão (Hiperemia ou Eritema) é fruto da 
dilatação dos vasos sanguíneos da região 
afetada. A lesão acompanha as características do 
instrumento - LESÕES COM ASSINATURA (mão, 
chinelo, etc.) 
Tem caráter transitório, desaparecendo em 
alguns minutos 
(Ex: tapas, bofetadas, chineladas, etc.) 
Tumefação (Elygino Hércules): é uma rubefação 
mais grave com maior elevação da área de 
impacto (popularmente conhecida como 
"vergão"). 
Escoriações 
 É o arrancamento traumático da epiderme. 
A escoriação é o que chamamos popularmente de 
"ralados" ou "esfolados", msão lesões superficiais 
que atingem a superfície da pele (epiderme), 
arrancando algumas camadas de célula ou, 
eventualmente, a derme, provocando 
sangramento de pequena intensidade, com 
coagulação e formação de crosta que tende a se 
soltar após alguns dias (abrasão). 
• A crosta (que se forma em 24 horas) pode ser 
serosa (apenas epiderme - liquido linfático - 
coloração amarelada) ou hemática (com sangue - 
lençol hemorrágico), depende da profundidade. 
• Via de regra não causam cicatrizes, pois há uma 
regeneração da epiderme que readquire seu 
aspecto original ("restituo in integrum") (de 20 a 
30 dias). Pode demorar mais se houver infecção. 
Se forem mais profundas (quando alcançam a 
derme) podem causar cicatrizes. 
Equimose 
É a infiltração do sangue nas malhas do tecido. 
Também chamada de "equisema" é uma mancha 
na pele produzida pelo rompimento vasos 
sanguíneos (vênulas e arteriolas) e a infiltração 
de sangue nas malhas subjacentes da pele. 
• São as comumente chamadas "manchas roxas" 
• A infiltração de sangue nos tecidos desencadeia 
um processo de reabsorção, com degradação da 
hemoglobina, produzindo alterações da coloração 
da lesão, com o passar do tempo. Essas 
modificações foram descritas por Legrand du 
Saulle que as chamou de"espectro equimótico". 
Algumas espécies de equimoses 
 
9 Ana Vilela – Medicina Legal 
Superficiais: ocorrem na superfície da pele 
(epiderme ou derme); profundas: ocorrem nas 
vísceras ou órgãos internos; o lura vitam: ocorrem 
no ser humano vivo: Post 
Mortem: ocorrem no cadáver (são chamadas de 
"falsas equimoses" transformação equimótica) 
pois o sangue não sofre a 
 Petéquias: equimose pequena (pontilhado 
hemorrágico); Equimona: equimose grande 
proporção (Hygilo Hércules denomina de Sufusão) 
Mecanismos de Produção da Equimose 
Compressão: o impacto violento na pele provoca 
a ruptura de vasos sanguíneos e a infiltração 
hemorrágica na região (ex. pancada); 
Tração: o estiramento intenso também provoca a 
rotura de vasos sanguíneos e o sangue se espalha 
pelo tecido cutâneo (puxão na pele ex. correias, 
alças que apertam, etc.); 
Sucção: também chamada de sugilação. A 
sucção da pele age como uma ventosa diminuindo 
a pressão dos tecidos e o sangue extravasa, 
formando-se numerosas petéquias que, vistas de 
longe parecem uma só. São comuns em crimes 
sexuais e também em casos de simulações de 
agressão (autolesão). Exemplo: chupão; 
• MORFOLOGIA: As equimoses não possuem 
forma definida, são amorfas, mas podem ter 
características de forma arredonda ou denunciar o 
instrumento que a causou (lesão com assinatura). 
Espectro Equimótico 
"Legrand du Saulle" Espectro equimótico: 
(evolução cromática da equimose) é a 
transformação quimica por que passa a 
hemoglobina fora do vaso sanguíneo, causando 
uma alteração da coloração da equimose. 
Segue a seguinte marcha: 
• 1° dia: vermelho escuro; 
ESPECTRO EQUIMÓTICO | DE LEGRAND DU 
 
 
 
 
 
 
 
SAUILE 
EVOLUÇÃO EM DIAS 
• 2° ao 3°; violeta (roxo); 
COR 
 4° ao 6°: azulado; e 7° ao 10°: verde escuro; e 10° 
ao 15°; amarelado; 
• A partir do 15° até o 20° dia: desaparece a 
equimose. 
• Obs: esta cronologia é um referencial para se 
verificar o tempo de evolução da lesão e 
correlacioná-la com a data do crime. 
• É importante nos casos de violência doméstica, 
maus-tratos ou tortura 
• Equimoses com colorações diferentes indicam 
que uma criança ou a vítima vem sofrendo 
agressões continuamente. 
Obs: O espectro equimótico pode variar em razão 
da cor da pele, local, tamanho das equimoses, 
etc. 
• Existem "equimoses simuladas" através da 
sucção (chupão): o processo de extravasamento 
do sangue é inverso (de dentro para fora). O 
perito pode diagnosticar isso no laudo (petéquias 
compactadas). 
O espectro equimorico só existem em "vida", não 
há este tipo de lesão no cadáver (não são 
produzidas após a morte). 
• Equimoses espontâneas: advém de doenças 
hemorrágicas (não existe ação traumática - 
denominadas de "púrpuras". 
• Equimoses abertas: é possível a abertura do 
ferimento em razão da maior força de impacto e 
por causa da região (pálpebras, lábios, etc.) 
LOCALIZAÇÃO DA EQUIMOSE: 
• A localização da equimose pode sugerir crimes 
diferentes. Regiões crógenas (genitais, glúteos, 
coxas, pescoço) crimes sexuais; No pescoço as 
equimoses podem também indicarasfixia 
mecânica (enforcamento, estrangulamento, etc.); 
Braço, Antebraço, dorso e palma das mãos 
Lesões de defesa. 
Aula dia 13/03 
 
10 Ana Vilela – Medicina Legal 
A equimose o sangue se espalha na pela, no 
hematoma o sangue não espalha formando uma 
bolsa de sangue. 
São as lesões que ocorrem pelos mesmos 
mecanismos da equimose, porém de uma 
maneira mais intensa. 
No hematoma também ocorre o rompimento de 
vasos sanguíneos, no entanto são mais 
calibrosos e volumosos, ocorrendo um maior 
sangramento, onde a lesão se manifesta como 
uma espécie de tumor (bolsa de sangue). 
A diferença da equimose para o hematoma é que, 
na equimose o sangue se espalha pelos tecidos 
subjacentes ao do Impacto, enquanto no 
hematoma há a formação de uma bolsa de 
sangue, que fica represada numa pequena área. 
Também segue o processo do "espectro 
equimótico". 
Hematoma: pode ser chamado de hematoma 
subcutânea (aquele que não é aberto + comum) 
e hematoma exposto. 
Edemas Traumáticos Ou Bossas 
Bossas: protuberância, inchaço, tumor, mesma 
coisa que bolsa. 
 É um trauma caracterizado pelo aumento difuso 
de volume, por acúmulo de líquido intercelular 
(seroso) em razão de uma modificação traumática 
da permeabilidade dos vasos, onde ocorre um 
extravasamento de líquido no tecido. 
Ocorre nos impactos onde há resistência óssea 
(ex. calota craniana). Via de regra, desaparece 
em menos de 24 horas. (Ex: inchaço, vulgarmente 
conhecido como "galo"). Pode ter outras causas 
que não o trauma, por ex: doenças renais, 
vasculares etc. 
O edema traumático também é chamado de 
"Bossa e pode ter conteúdo seroso (linfa 
extravasada - derrame linfático) ou pode estar 
misturado com uma certa quantidade de sangue, 
quando é chamado de "Bossa sanguínea" 
(Genival França) 
Também é comum em partos (principalmente em 
parto normal) quando é exercida uma pressão do 
colo do útero no couro cabeludo do bebê. É 
chamado de Tumor de parto. 
Bossa sanguínea é o edema traumático, com 
pequena quantidade de sangue. 
Hematoma é aquela situação em que houve o 
rompimento de vasos sanguíneos de grande 
calibre, veias grossas rompidas e o sangue não 
se espalhou formando uma BOLSA/BOLHA. 
Tumor de parto é aquela situação em que no 
momento em se fazer o parto natural, sem 
cirurgia, na hora em que o bebê está nascendo o 
colo do útero faz uma força de pressão na cabeça 
do bebê, e isso causa um edema traumático, 
formando um “galo”, sendo um trauma e não 
doença patológica. 
Feridas Contusas 
FERIDAS CONTUSAS (Lesões profundas): são 
causadas pela força do instrumento, atuando com 
violência proporcionalmente grande, alcançando 
tecidos profundos, músculos, articulações, 
vísceras, ossos etc. São exemplos: 
atropelamentos, acidentes automobilísticos, 
quedas de grande altura, explosões etc. Podem 
ser fechadas ou feridas abertas. 
Espécies de Feridas Contusas 
Fratura: é a perda da continuidade óssea. 
Luxação: é a perda da continuidade articular 
(deslocamento de ossos podendo ou não ser 
acompanhada da ruptura dos ligamentos 
articulares; Entorse: lesão nos ligamentos sem 
deslocamento dos ossos. 
Ruptura visceral: é a lesão de órgãos das 
cavidades, torácica, abdominal etc. As vísceras 
mais frequentemente lesadas são o fígado e o 
baço. 
Interesse médico legal: As feridas contusas 
estão muito presentes em casos de acidentes 
automobilísticos, acidentes de trabalho, 
atropelamentos, homicídios, suicídios etc. 
Fratura de Crânio 
1- Instrumento perfuro cortante (faca); 
2- Martelo quadrangular; 
3- Faca de dois gumes; 
4- Martelo de base redonda; 
5- Barra de ferro de borda retangular; 
6- Coice de cavalo; 
7- Fratura estrelada. 
 
11 Ana Vilela – Medicina Legal 
 
Outras espécies de fraturas 
Fratura patológica: causada por doenças, ex: 
osteoporose; fratura exposta: fragmentos ósseos 
se exteriorizam (fratura aberta) 
 Espostejamento: múltiplas fraturas no corpo 
que se mostram irregulares. O corpo se 
fragmenta em várias partes (ex.: atropelamento 
por veículos pesados [trens, ônibus etc.] 
acidentes de veículos, acidentes aéreos etc.) 
Fraturas cominutivas: múltiplos fragmentos 
ósseos; Esmagamento ósseo das extremidades 
do nosso corpo. 
Fraturas decorrentes de defenestração: é 
também chamada de lesão por precipitação 
(quedas de grande altura), são fraturas 
ocasionadas por quedas de grande altura, ex. 
quedas em obras, pular de um prédio. 
Defenestração 
Depende da posição em que o corpo cai, tem 
como principais características: 
A) Se cai de cabeça: a fratura se chama "saco de 
noz" (laceração de massa encefálica, múltiplas 
fraturas da calvária - parte superior do crânio); 
B) Se cai de pé: fratura de pélvis e dos membros 
inferiores; 
C) Se cai de lado: fraturas múltiplas de costelas e 
de vértebras. 
• Obs.: via de regra, em quedas acidentais o corpo 
próximo do local do lançamento; em homicídios e 
suicídios, essa distância tende a ser maior. 
Indicativo de investigação criminal: vítima com 
queda e impacto em baixo, quando a vítima sofre 
defenestração, quando o corpo dela está bem 
próximo da parede do imóvel, isso é um indicativo 
de queda acidental, corpo próximo ao local da 
queda. 
Quando o corpo está distante da parede do 
edifício é indicativo de suicídio ou homicídio, 
porque é comum o empurrão ou se jogar pela 
impulsão, então o corpo vai ficar com uma 
distância mais longa da parede do prédio. 
Instrumentos Corto contundentes 
Os instrumentos corto contundentes agem 
contundindo pela pressão aplicada e cortam pelo 
fio gume grosseiro que apresentam. 
São objetos geralmente pesados, com gume 
pouco afiado. Não há deslizamento, mas pressão 
e impacto. 
São Exemplos de instrumentos corto 
contundentes: machado, enxada, grandes 
peixeiras, cutelos, dentes, facão, foice etc. 
Podem ter característica de instrumento 
serrilhados. Pouco gume, pesados ou serrilhados. 
As lesões produzidas por instrumentos corto-
contundentes são chamadas de "lesões 
cortocontusas" (ferimentos cortocontusos) e 
possuem as seguintes características: bordas 
irregulares e sem cauda; presença de 
equimoses ou edemas traumáticos junto às 
margens (sinais típicos das contusões); grande 
extensão e profundidade, podendo provocar 
fraturas, dependendo do peso do instrumento e 
da força aplicada a ele. 
Trata-se de um ferimento híbrido, mesclando o 
ferimento inciso e o contuso. 
Obs.: são lesões homicidas e podem também 
estar relacionadas a acidentes de trabalho ou de 
trânsito. 
A mordedura (força da mandíbula) é apontada 
como lesão corto contusa (Genival França) 
Instrumentos Lacerantes ou Dilacerantes 
Os instrumentos Lacerantes ou Dilacerantes são 
aqueles com bordas irregulares, sem corte ou 
com corte cego, como facas com serra ou 
dentadas, chapas de ferro retorcidas (acidentes 
automobilísticos), dentes de animais, (mordedura 
de cães), etc. 
Ao invés de cortar o tecido como ocorre no 
ferimento inciso, a ação dilacerante, por não ter 
fio, rasga o tecido. O fio cego puxa a pele e os 
tecidos adjacentes até o seu rompimento. O 
ferimento apresenta característica amorfa ou 
irregular. Alguns peritos denominam “ferimento 
lacerocontuso" 
 
12 Ana Vilela – Medicina Legal 
Alguns autores (Delton Croce, Genival França, 
Del Campo) entendem que não existem 
ferimentos dilacerantes, que na verdade são 
ferimentos cortocontundentes de grandes 
proporções, uma vez que os instrumentos podem 
causar lesões diversas, independentemente de 
sua natureza. 
Etiologia: homicídio, suicídio (raro), acidentes 
em geral 
Todos Possuem as Mesmas Características: 
ferimento sem forma, bordas irregulares, 
presença de traumas (equimoses e contusões), 
grande extensão e profundidade, presença de 
fraturas. 
Aula Dia 17/03 
Esmagamento: lesões em todo o plano 
anatômico com compressão e trituração do corpo. 
(Estrias pneumáticas de Simonin- Marcas de 
atropelamento); 
Espostejamento e esquartejamento 
• Espostejamento: separação ou amputação do 
corpo em diversas partes irregulares, separando 
em "postas" ou "fatias" (cabeça, mãos, dedos, 
braços antebraços, pés, etc.); 
O Esquartejamento: quando reduz o corpo em 
"quartos" (quatro partes): cabeça, tronco, 
membros superiores e membros inferiores. Isto é 
chamado de esquartejamento. 
Perfuram atingindo os ósseos e ao mesmo tempo 
machucam os músculos da pele, chamados de 
perfuro contundentes. 
No campo criminal a lesão típica é a a causada 
por projetil de arma de fogo. 
Clássicas sobre o ponto de vista penal são os 
projeteis de arma de fogo, mas não somente eles, 
brocas de furadeiras, ferros de construção, chave 
de fenda etc. Situações comuns em acidentes 
automobilísticos. 
Características: lesões híbridas, profundidade 
sobre a superfície, esses instrumentos podem 
ocasionar o encravamento, bem como caráter 
transfixam-tes (ferro de construção). 
Encravamento e Empalhamento 
Encravamento é a penetração do instrumento 
punctório na vítima. 
Divergência o entendimento to é que é uma lesão 
perfuro contundente. 
Empalamento: é um tipo de encravamento, 
forma especial de encravamento, onde o 
instrumento/haste, uma lança penetra o anus ou 
na região perineal transfixando a vítima pelo tórax 
ou pela boca, método de tortura medieval, mais 
comum em presídios. 
Fim dos agentes mecânicos até aqui. 
É o mesmo que agentes físicos, atuam sobre o 
corpo humano modificando seu estado de 
repouso, causando lesões ou até mesmo morte. 
Elas possuem várias naturezas, como fenômenos 
da natureza, ações criminosas. 
O calor, eletricidade, frio, pressão, radioatividade, 
são agentes físicos, podendo causar lesões ao 
corpo humano, a energia física pode ser 
manipulada transformando em instrumento 
criminoso, como um incêndio criminoso, choque 
elétrico. 
O calor agindo difusamente por todo o corpo da 
vítima, é ação genérica ou difusa do calor sobre o 
corpo da vítima. 
As lesões ocasionados por calor genérico, é 
chamada de termonose. 
Termonoses: lesões difusas sobre a superfície 
corporal, causando desequilibro hidroeletrolítico 
(desitração) e uma falha dos centros 
termorreguladores, causando uma elevação 
constante da temperatura do corpo, queda da 
pressão arterial, aceleração do pulso e da 
respiração, levando à perda da consciência e até 
a morte. 
• O organismo não consegue eliminar o calor "a 
mais"recebido do meio ambiente. 
Insolação: exposição excessiva a luz solar 
exposto direta ou indiretamente. 
Ex. vai á praia pegar sol. 
 
13 Ana Vilela – Medicina Legal 
Insolação: é causada pela exposição prolongada 
à luz solar (calor solar/ambiente natural). Não se 
exige exposição direta, pode ser indireta também 
(mesmo ao abrigo do sol é possível a insolação 
através da canicula). Via de regra tem natureza 
acidental (alcoolismo, vestuário inadequado, 
trabalhadores rurais, recreação, etc.). A insolação 
acontece quando a temperatura corporal sobe 
para mais de 40 °C; Pode estar acompanhada de 
queimadura de primeiro grau; 
Intermação: também conhecida por "exaustão 
térmica" calor age sobre o corpo em espaços 
confinados (calor industrial/ambiente artificia) 
sem arejamento. Etiologia: pode ser acidental ou, 
excepcionalmente, criminosa (Ex.: fornalhas, 
caldeiras, bronzeadores artificiais, etc.) 
A origem da exposição ao calor, se difere da 
insolação pois é o calor artificial. 
Queimaduras: trauma que resulta da ação do 
calor, estamos falando do calor direto/local. Ex. a 
chama agindo sobre a pele, músculos da vítima. 
A queimadura pode advir de várias situações, 
ações da chama diretamente, mas também 
podemos ter através de objetos aquecidos, como 
o metal aquecido, ex. escapamento de moto, ou 
colocar a mão na panela quente. 
Muito comum em hipóteses acidentais. 
Classificações das queimaduras duas 
categorias: 
Profundidade: a mais conhecida e mais exigida 
na medicinal legal. Chamado também de 
intensidade. 
Queimaduras de primeiro grau: é a mais leve de 
todas, menos grave quanto a intensidade. É 
aquela onde há uma vazo dilatação sanguínea, 
ocasiona a vermelhidão da pela, não tem cicatriz, 
temos a vazo dilatação, a epiderme atingida e 
temos a regeneração da pele. 
Queimadura de 2 grau: a ação do calor ocasiona 
na vítima a formação de bolhas, a bolha tem um 
nome técnico, chamada de flictena, mesma coisa 
que bolha, cujo conteúdo é linfático o plasma da 
pele acumulado em razão do calor. 
São comuns em acidentes domésticos, ex. a 
criança que derruba a agua quente na pele. 
Podemos ter cadáveres queimados, o cadáver 
não recente (já está morto a algumas horas), 
podemos ter formação de flictenas, só que 
diferente do vivo, o que acabou de falecer, neste 
cadáver a flictena não terá o conteúdo ceroso, 
diferença da queimadura de quem está vivo, terá 
um sangue cadavérico, um pouco mais escuro no 
individuo pós mortem. 
Queimadura de 3º: é aquela que causa a ferida, 
a morte celular da pele, dos tecidos, temos a 
formação de placas denominadas de “escaras” da 
queimadura, inclusive o processo de cicatrização 
é complexo, chamamos de cicatrização por 
granulação (de dentro para fora), nas 
queimaduras ela forma queloides (protuberâncias 
da pele, não se regenera de maneira normal). 
 
Queimadura de 4º: Carbonização, a ação direta 
do calor, fogo, chama pode ocasionar a 
carbonização, podendo ser local, ou parcial 
(mãos, pés) ou generalizada. Ela gera 
morfologicamente o tom empretecido da pele 
escura. 
A completa leva a redução do volume corporal, a 
vítima carbonizada completamente diminuiu de 
tamanho. 
Nas carbonizações completas ou incompletas, 
quando o cadáver está em decúbito dorsal 
(barriga para cima e costas no chão), os braços 
não estão amarrados ou com roupas pesadas, 
braços soltos, temos a ocorrência do sinal de 
vergie, posição de lutador, os braços ficam na 
posição de semi-flexão e os dedos retraídos como 
uma garra, a ação do fogo faz que os músculos 
se retraem. 
Obs. 1 – nas carbonizações totais a primeira 
preocupação é com a identificação do corpo. 
Neste caso, a arcada dentária é um importante 
elemento de identificação, já que os dentes, via 
de regra, não são destruídos. 
Obs. 2 - A perícia também deve esclarecer se a 
morte foi por causa do fogo (ex: durante o 
incêndio) ou se o indivíduo estava morto quando 
alcançado pelas chamas Verifica-se se a vítima 
respirou durante o incêndio através da presença 
de monóxido de carbono no sangue e fuligem nas 
vias respiratórias (substâncias queimadas: 
madeira, papel, plástico, etc) • Este procedimento 
é chamado de Sinal de Montalti. 
Além disso, as "bolhas" (fictenas) também são 
analisadas, verificando se elas possuem o 
conteúdo seroso, que está ausente no corpo do 
cadáver e presente no ser humano vivo (Sinal de 
Janesie-Jeliac). Morte após as queimaduras: o 
 
14 Ana Vilela – Medicina Legal 
processo de recuperação dos "queimados" é 
muito lento e vagaroso. 
Além das lesões decorrentes da queimadura doce 
existira a da temperatura) insuficiência 
respiratória lesões pulmonares por causa da 
inalação de gases tóxicos. Ex: tinta da parede, 
gesso, espumas, etc.) Insuficiência renal: reação 
inflamatória - falência; Infecção generalizada: 
septicemia. 
ETIOLOGIA: Maioria dos casos acidentais 
(acidentes domésticos com crianças, incêndios 
residenciais acidentes automobilísticos e de 
trabalho) suicídios e eventos criminosos (Ex. caso 
do índio pataxó em Brasília): Pena de morte: 
suplício do fogo na idade média - Santa 
Inquisição. 
 
Aula dia 24/03 
Queimaduras por Extensão: é a área ou 
diâmetro do corpo que é queimado. 
Dependendo do percentual de comprometimento 
do corpo, área vital comprometida e da idade da 
vítima. 
Um idoso ou uma criança com 5% ou 10% da áreacorporal atingida podem ser considerados grandes 
queimados Um adulto, o percentual é 20% ou 
mais. 
Regra dos Nove (Pulaski e Tennison): é uma 
técnica onde se divide o corpo em frações 
correspondente a 9%, permitindo-se calcular com 
boa aproximação o percentual do corpo atingido. 
Assim como o calor também é uma energia física, 
ela gera o efeito jaule. 
A eletricidade é uma energia física capaz de se 
transformar em calor ao passar pelo corpo, 
produzindo queimaduras, podendo levar a óbito. 
Condições individuais, tais como espessura da 
pele, umidade, resistência à corrente elétrica vão 
determinar o grau das lesões. 
Se a pele estiver molhada, oferecerá menor 
resistência à passagem da corrente elétrica (água 
detêm sais iônicos condutores de energia), com 
lesões externas de menor gravidade, no entanto, 
a corrente passará com maior facilidade para o 
interior do corpo, acarretando sérios danos 
fisiológicos, podendo levar à morte por parada 
cardíaca. 
Os danos ocasionados pela eletricidade podem 
ser classificados da seguinte forma: 
ELETROPLESSÃO: É o dano corporal, com ou 
sem morte, desencadeado pela eletricidade 
artificial, doméstica ou industrial. 
ETIOLOGIA: mais comum é a natureza acidental: 
fios, tomadas elétricas, acidentes de trabalho, 
linhas de pipas, etc. Pode ser homicida - armas 
de choque - ou suicida. 
MORFOLOGIA: A corrente elétrica determina 
lesões esbranquiçadas ou amareladas 
decorrentes do efeito da carga elétrica (efeito 
Joule - eletricidade vira calor causando - 
queimaduras elétricas) no ponto onde penetra no 
corpo, denominadas "Marcas elétricas de 
Jellinek": detém forma circular ou estrelada. 
Nas energias artificiais, como na eletro 
pressão, se for raio cósmico muda de figura. 
A morte por eletro pressão depende da 
quantidade de volts (unidade de tensão), teremos 
características diferenciadas em face da vítima. 
Alta tensão: é de 1.200 volts ou mais, pode 
morrer por lesão cerebral, parada 
cardiorrespiratória, queimaduras, amputações a 
membros, 
Média tensão: é de 120 a 1.200 volts, chamada 
asfixia: paralisação dos músculos respiratórios 
“tetatização” (diafragma, músculos peitorais e 
intercostais) e consequentemente parada 
respiratória; A vítima é chamada de “eletrocutado 
azul” (face cianótica (rosto) por causa da asfixia). 
Baixa tensão: abaixo de 120 volts, morte por 
ataque cardíaco ocorre uma fibrilação ventricular. 
(Contrações descoordenadas do coração e 
irrigação sanguínea descontrolada). Quando uma 
corrente elétrica, mesmo sendo baixa (120 volts), 
cruzar o eixo do coração, pode causar uma 
alteração no funcionamento cardíaco. 
ETIOLOGIA: acidente com crianças, acidentes 
de trabalho, tortura, erros médicos, etc. 
Neste caso, a vítima é denominada de 
"eletrocutado branco" (não há lesões aparentes, 
nem sinal de asfixia) - Difícil comprovação na 
prática - complexidade para a perícia. 
 
15 Ana Vilela – Medicina Legal 
A eletricidade pode ser benéfica ou prejudicial 
para o coração, quem tem umas patologias 
cardiológicas e. coração bate muito pouco essa 
corrente elétrica pode ajudar o coração a bater 
melhor. 
Fulminação: é determinada pela eletricidade 
cósmicas (natural, raio) levando a vítima a óbito. 
O efeito da descarga elétrica atmosférica sobre o 
organismo humano é instantânea e 
extremamente violenta. 
A fulminação pode causar grandes traumatismos: 
ruptura de vasos sanguíneos, amputações de 
membros, arremesso da vítima em decorrência 
da onda de choque causada pelo campo elétrico, 
parada cardíaca e respiratória, queimaduras, 
cabelos chamuscados, roupas e sapatos 
queimados, etc. 
Fulguração: a pessoa não morre nesta situação 
é isso que diferencia da fulminação, ela é atingida 
por uma descarga cósmica mais ela pode 
sobreviver. 
Nessas hipóteses, o relâmpago não atinge 
diretamente o corpo humano, mas localidades 
próximas, formando ondas de choque chamadas 
de "ionização do ar". 
• A vítima terá uma intensa "vasculite" dos vasos 
sanguíneos, parecidas com varizes com aspecto 
"arboriforme". Tais lesões são parecidas com 
"folhas de samambaias" decorrentes de 
fenômenos vasomotores, são também 
conhecidas como Marcas de Lichtemberg. 
Eletrocussão: é a execução judicial em cadeira 
elétrica -(eletron do Grego elektron + execution, 
do Latim executio) muito praticada ao longo de 
anos nos EUA e abolida em 2003, sendo 
substituída pela injeção letal por questões de 
humanidade. 
• PROCEDIMENTO: 
Aplicam-se eletrodos em certas lugares 
estratégicos do corpo (tórax, membros superiores 
/inferiores e crânio). A cabeça é raspada, porque 
o cabelo pode prejudicar. Para melhor 
condutividade é colocada no condenado uma 
solução condutora (eletrólitos) nos eletrodos. 
HISTORICO: Um cientista da equipe de Thomas 
Edison chamado Harold P. Brown que criou a 
cadeira elétrica, sendo que em 06 de agosto de 
1890, William Kemmler, por ter assassinado sua 
mulher a golpes de machado, foi condenado a 
morte e entraria para os livros de história como 
aquele que seria a primeira pessoa eletrocutada 
no mundo. 
Até 2003 era um dos métodos legais de execução 
da pena de morte nos EUA em alguns de seus 
estados. O estado de Nebraska foi o último a 
utilizá-lo como o único método possível. O Estado 
de Carolina do Sul voltou a aplicar a execução 
pela cadeira elétrica em 2021 autorizando o 
condenado a escolher a forma como será 
executado. Muitos optam pela cadeira elétrica. 
Foto. Uso da cadeira elétrica nos EUA: Amarelo: 
Estados que empregam a cadeira elétrica; 
Verde: Estados que a usaram no passado. Azul: 
Estados que nunca utilizaram este método. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 Ana Vilela – Medicina Legal 
Aula dia 31/03 
Lesões perfuro contundentes ou contusas. 
Quando nos referimos aos tipos de instrumentos 
que podem produzir lesões no homem, citamos 
os pegaracotundenres, isto é, aqueles que 
perfuram e contundem simultaneamente, e, 
apresentamos, como exemplo as lesões 
causadas pelas "armas de fogo". 
Trataremos, neste módulo, das lesões 
perfinocontusas, ou seja, aquelas produzidas por 
arma de fogo, porém, vamos analisar 
superficialmente a "Balística Forense" para 
interpretar com melhor propriedade alguns 
conceitos de medicina legal. 
Arma de Fogo 
São artefatos que lançam projeteis através de um 
mecanismo, força expansiva que expele esse 
projetil, com a condução da pólvora. 
Revolver é uma arma de uso permitido. 
Pistola – semiautomática, cano curto 
Escopeta e Espingarda, não existe muita 
diferença entre elas. 
A escopeta e espingarda são armas de projeteis 
múltiplos, balotes. 
Carabina e Rifle. 
Fuzil, metralhadora e submetralhadora – calibre 
restrito. 
Munições 
Munições é o conjunto de cartuchos necessários 
ou disponíveis para uma arma ou uma ação 
qualquer em que serão usadas arma de fogo. 
É o conjunto do projétil e os componentes 
necessários para lançá-lo, no disparo. 
Cartucho 
O cartucho como um todo considerado é 
composto por: 
1- Estojo; 
2- Espoleta (com mistura iniciadora); 
3- Pólvora (propelente); 
4- Projétil (propriamente dito); 
4- Embuchamento (casos de armas de alma 
lisa). 
Estojo 
Trata-se de um componente indispensável às 
armas modernas. O estojo possibilita que todos os 
componentes necessários ao disparo fiquem 
unidos em uma peça facilitando o manejo da arma 
e acelera o intervalo em cada disparo. 
A maioria dos estojos são construídos em metais 
não-ferrosos, principalmente o latão (iga de Cone 
o Zirco - CuZn), mas também são encontrados 
estojos construídos com diversos tipos de 
materiais como plásticos (munição de treinamento 
e de espingardas), papelão (espingardas) e 
outros. 
Espoleta 
A espoleta é um recipiente que contém a mistura 
detonante e iniciadora. A mistura detonante é um 
composto que queima com facilidade, bastandoo 
atrito gerado pelo amassamento da espoleta 
contra a bigorna, provocada pelo percussor (cão). 
A queima dessa mistura gera calor, que passa 
para o propelente, através de pequenos furos no 
estojo, chamados. 
Projétil 
Tem um nome técnico usado na prática, P.A.F 
(projeto de arma de fogo). 
Temos sólidos e especiais (chamados de 
encamisados). 
Dividido em: 
- ponta 
- base 
- corpo 
Espécies de projéteis 
Os projéteis são geralmente de chumbo, mas 
existem projéteis especiais (encamisados) que 
podem ter outros materiais (ex: aço, cobre, zinco, 
etc.). Os projéteis podem ser, em princípio, 
múltiplos ou únicos. 
Projéteis Múltiplos 
Projéteis Múltiplos (são utilizados em armas de 
alma lisa (ex: espingardas), sendo também 
conhecidos por «balins" ou vulgarmente por 
 
17 Ana Vilela – Medicina Legal 
«cartucho de munição". São compreendidos por 
chumbos de formato esférico e de tamanho 
variável, sendo identificado por números ou letras 
(Ex: Cartucho calibre 12). 
• Os cartuchos de projéteis múltiplos possuem 
também buchas de plástico ou de papelão, o que 
é chamado de "embuchamento" que tem função 
de impulsionar os projéteis pelo cano da arma e 
manter a carga de balins agrupada o maior tempo 
possível. 
Projéteis Únicos ou Unitários 
Projéteis únicos ou unitários: são aqueles 
utilizados em armas de alma raiada (ex: 
revólveres ou pistolas), onde o cartucho é 
constituído de um único projétil. 
Podem ter liga de chumbo, encamisados, de 
cobre, cic. Apresentam um formato cilíndrico, 
ogival, pontiagudo, etc. 
Movimento do projétil: 
Rotação é para conferir a estabilidade, 
Translação gravidade do projétil ele vai caindo, 
Nutação pequenos círculos realizados pela ponta, 
precessão, sucessão de círculos menos que 
forma a nutação. 
Obs.: a força gravitacional pode alterar a trajetória 
do projétil. Existem armas de longo alcance com 
estrutura de projéteis diferenciadas que mantem 
a rotação e a estabilidade por longa distância. Ex: 
rifles de longo alcance - Sniper's (South Fork). 
Distância: 3,5 km. 
Alma do Cano da Arma 
ALMA: é a face interna do cano da arma, o 
interior do cano da arma. Nesse sentido, as armas 
de fogo podem ter ALMA LISA ou ALMA RAIADA. 
ALMA LISA: O interior do cano é liso, sem 
qualquer tipo de friso ou de depressão. Ex.: 
espingardas. 
ALMA RALADA: O interior do cano da arma 
possui "raias" que são depressões cavadas 
dentro do cano que servem para imprimir um 
movimento de rotação no projétil para deixar seu 
trajeto mais regular e estável. (Cheio ou passos 
são os dentes das raias) 
CALIBRE: é o diâmetro da boca das armas de 
fogo raiadas (calibre real). Mas também existem 
os calibres nominais que são os números dados 
pelos fabricantes. As armas de alma lisa também 
possuem calibres, mas são medidos pelo 
tamanho do cartucho e não pela boca da arma. 
Projéteis antimotins: são aqueles que tem por 
finalidade demonstrar força em tumultos violentos 
através de munições que não causem ferimentos 
letais (ex: projétil de latex que é chamado de 
munição de elastômero). 
Os projéteis encamisados podem ter sua capa 
externa aberta na base e fechada na ponta 
(municiadas ou fechada na base e aberta na 
ponta (projéteis espansions) 
• Os projéteis sólidos têm destinação militar, para 
defesa pessoal ou para competições esportivas. 
Destaca-se sua maior capacidade de penetração 
e alcance. 
• Os projéteis expansivos são aqueles conhecidos 
popularmente como «palas dum dum", destinam-
se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo 
humano é capaz de amassar-se e aumentar seu 
diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Os 
projéteis expansivos podem ser classificados em 
totalmente encamisados o corpo da praferl e 
semi-encamisados (a camisa corpo, deixando sua 
parte posterior exposta. 
• Esse tipo de projétil (expansivo) teve seu uso 
proibido para fins militares pela Convenção de 
Genebra. 
Lesões Perfuro contundentes 
Como visto, são aquelas produzidas por projéteis 
acionadas por arma de fogo, estes, grudo gros 
Imprisão eroiação, determinam a formação de um 
orifício e de zonas de contorno junto a pele. 
• A forma desse orifício e de suas zonas de 
contorno dependem da incidência do tiro obliquo, 
perpendicular etc.) e de sua distância. 
O verdadeiro agente vulnerante das lesões 
perfurocontusas, no caso de armas de fogo, é o 
projétil (a "hala" ou os vãos de chamin), sempre 
impulsionados pela carga, pela força expansiva 
dos gases, que ocorre no momento da 
deflagração, do disparo ou da detonação do tiro, 
da combustão da pólvora. 
É possível pelas lesões encontrar a pessoa que 
atirou. 
O perigo de crato de foga é um agente mecânico 
ou, que determina uma lesão de natureza ou 
 
18 Ana Vilela – Medicina Legal 
O estudo das lesões produzidas pela ação de 
projéteis de arma de fogo, sejam eles unitários ou 
múltiplos, apresenta relevância especial, primeiro 
porque constituem número expressão de 
ocorrências, em grande número de criminologia: 
• Além disso, pela multiplicidade de 
características, geralmente fornecem elementos 
preciosos à investigação, determinação da cansa 
jurídica do evento ou ainda da possível autoria. 
Na análise dos ferimentos produzidos por 
projéteis de arma de fogo, quatros são os pontos 
que merecem atenção: 
a) determinação e descrição dos ferimentos de 
entrada e saída; 
b) a trajetória do projétil no interior do corpo, bem 
como a descrição das lesões internas; 
c) a orientação do disparo em relação à posição 
do corpo; 
d) a distância provável do disparo. 
Morfologia 
As características dos ferimentos de entrada 
produzidos por projéteis de arma de fogo 
dependem, basicamente, de três fatores 
principais, quais sejam: tipo de munição 
empregada (projétil unitário ou projéteis 
múltiplos), ângulo de incidência e distância de tiro. 
Ferimentos de Saída 
Os ferimentos de saída não tem uma 
característica única. 
s ferimentos de saída somente existem, por óbvio, 
se o projétil transfixar o corpo. A importância 
médico-legal é relativa, salvo na determinação da 
trajetória, porque não possuem características 
próprias. 
• Como regra, o ferimento de saída é irregular, 
maior que o de entrada, até porque o projétil 
frequentemente se deforma em sua passagem 
pelos tecidos orgânicos, e tem as bordas voltadas 
para fora. 
• Alguns projéteis especiais, de alta energia, em 
razão das ondas de choque produzidas pelo seu 
deslocamento, costumam produzir ferimentos de 
saída de grandes proporções 
Cavitação permanente (ex: disparo de fuzil). 
As bordas do ferimento de entrada são para 
dentro e invertidos. 
Ferimentos Produzidos por Projéteis 
Múltiplos (balins) 
Lesões por tiros de espingarda ou armas 
similares. 
Nos disparos efetuados com cartuchos de 
munição de projéteis múltiplos (armas de alma 
lisa - espingardas), o aspecto da lesão depende, 
basicamente, da distância em que foram 
realizados e da consequente abertura do cone de 
dispersão. 
Em tiros muito próximos ou encostados, os 
projéteis múltiplos causam grande destruição 
tecidual (os balins abrem um buraco nos tecidos 
da vítima - lacerações por distensão da pele), 
muitas vezes acompanhada de significativa perda 
de substância. 
Nos disparos efetuados a distância, o que 
observamos é a existência de lesões múltiplas, 
como se produzidas por vários disparos unitários, 
distribuídas ao redor de um ponto central, e que 
se afastam mais uma da outra quanto maior for a 
distância entre o atirador e o alvo. 
O ângulo de tiro irá determinar o formato da lesão 
única (se o tiro for a curta distância) ou do 
desenho formado pela distribuição das múltiplas 
lesões (nos tiros a distância), que poderá ser 
circular, nos disparos perpendiculares ao alvo, e 
elíptico ou cônico, quando a carga de projéteis 
incidir de maneira oblíqua sobre o alvo. 
Rosa de tiro é onde existe várias lesões,dispersão cônica dos projéteis, pode servir para 
Observações: 
Espingardas modernas são fabricadas com uma 
engenharia capaz de manter os balins agrupados 
por mais tempo ao longo do trajeto. Isso é 
denominado de “choque” 
Se a espingarda tiver o cano serrado, a dispersão 
dos balins será precoce, tendo um maior cone de 
dispersão. Quanto maior o cano da arma, maior a 
tendência dos balins permanecerem agrupados; 
MORFOLOGIA: O orifício de entrada possul 
bordas escoriadas e podem possuir orlas e zonas 
de tatuagem dependendo da distância do disparo. 
A trajetória dos balins no interior do corpo são 
múltiplas, o que produz uma extrema gravidade; 
ETIOLOGIA: homicídios, disparos acidentais e 
suicídios com a vítima apoiando o cano na boca 
ou no queixo. 
 
19 Ana Vilela – Medicina Legal 
Ferimentos Produzidos Por Projéteis Unitários 
Lesões por tiros de revolveres, pistolas ou numas 
similares 
A lesão de entrada produzida por projétil de arma 
de fogo é geralmente circular (forma de "O"), na 
dependência do ângulo de incidência e das linhas 
de tensão que atuam sobre a pele Leis de Filias e 
Langer). 
Excepcionalmente, podem ter formato diverso ou 
atípico, quando o projétil se deforma, ou perde 
sua trajetória, para penetrar no corpo com sua 
face lateral, cilíndrica, determinando, assim, um 
ferimento de entrada com formato de letra “D”. 
A lesão também terá conformação nim quando o 
projétil atingir tangencialmente a pele, « e 
raspão? 
Hipótese em que o ferimento irá apresentar-se 
como uma escoriação de formato alongado. 
Nesse caso, é claro, não se pode falar em 
ferimento de entrada, pois o projétil não penetrou 
o corpo. 
Apesar de haver certa correspondência de mo 
entre o tipo do projétil e o ferimento, não é 
possível determinar o calibre da arma pelo 
diâmetro de lesão, visto que, em razão da 
elasticidade da pele e das linhas de tensão, o 
orifício de entrada pode ser menor, maior ou igual 
ao diâmetro do projétil que lhe deu origem. 
Morfologia das Lesões 
Orlas e Zonas 
Orlas ou halos de contusão, escoriação e 
enxugo 
A pele é constituída por duas camadas distintas, 
a epiderme e a derme. A primeira é mais fina e 
menos elástica, rompendo-se de imediato pelo 
embate do projétil. A segunda, a derme, mais 
elástica, acompanha o projétil, encapsulando-o 
parcialmente antes de se romper, para depois 
voltar à posição original. 
Orla de Contusão 
Em que pese o projétil ser mais ou menos 
pontiagudo, para ele penetrar ao corpo, tem que 
forçar a pele, produzindo ali uma contusão, 
Assim, a primeira orla produzida é a de contusão, 
que corresponde a "região equimótica? 
Decorrente da lesão ocasionada pelo embate do 
projétil na pele. 
Trata-se de um halo (círculo) róseo/avermelhado 
que circunda o orifício de entrada e que é mais 
evidente nas pessoas de pele clara, sendo difícil 
de observar em peles de tonalidade mais escura. 
Orla de Escoriação 
Como a epiderme é menos elástica que a derme, 
após a passagem do projétil é possível observar 
uma pequena retração com consequente 
exposição da derme, como se tivéssemos dois 
anéis, um, de diâmetro maior, formado pela 
ruptura da epiderme (orla de contusão), e um 
outro, de diâmetro menor, formado pela 
exposição da derme. 
• A esse anel (de exposição da derme) 
denominamos orla ou halo de escoriação. 
A orla de escoriação é originada durante a 
formação do túnel de penetração do projétil, 
quando pequenos vasos sanguíneos são 
tracionados e rompidos, formando escoriações 
em torno do ferimento. Esta orla, que consiste um 
túnel hemorrágico, permite determinar o trajeto do 
projétil. 
Orla de Enxugo 
Quando o projétil passa pelo cano da arma, ele 
"se suja" com as impurezas ali existentes, e ao 
atravessar a pele, "se lava e enxuga", deixando 
na epiderme a sua marca. 
É caracterizada por uma aréola apergaminhada, 
milimétrica, que circunda a borda do orifício, 
resultante do impacto e da pressão rotatória feita 
pelo projétil contra a pele, antes de rompê-la, 
limpando-o da ferrugem, óleo ou fumaça que traz. 
Geralmente tem cor escura, circular nos tiros 
perpendiculares e ovular ou elíptica nos tiros 
oblíquos. 
Aula dia 14/04 
Observações Parciais 
Os ferimentos de entrada que não sejam «à 
queima roupa" - de média ou longa distância - irão 
possuir as seguintes características (efeitos 
primários): 
Forma arredondada ou elíptica; 
- Orla de contusão; 
- Orla de escoriação; 
 
20 Ana Vilela – Medicina Legal 
- Orla de enxugo; 
- Bordas viradas para dentro. 
Zonas de Chamuscamento, Esfumaçamento e 
Tatuagem 
Quando uma arma é disparada, juntamente com o 
projétil são expelidos pela boca do cano um 
considerável volume de gases em alta 
temperatura e em combustão, certa quantidade de 
fumaça (que varia de acordo com o propelente 
utilizado) e pequenos grãos de pólvora 
(combustos, semicombustos ou em combustão), 
assim como micropartículas metálicas oriundas da 
abrasão do projétil no cano da arma. 
• Esses componentes são expelidos juntamente 
com o projétil, mas, como têm massa infinitamente 
menor, não possuem energia cinética para ir além 
de uns poucos centímetros da boca do cano da 
arma, podendo não atingir o alvo. 
Zona de Chamuscamento 
Resulta da ação do calor e dos gases quentes que 
saem pelo cano da arma, queimando os pelos e a 
epiderme. Também é chamada de "zona de 
queimadura". 
Se o disparo for efetuado muito próximo do alvo, 
algo em torno de 0,5 cm, poderemos ter a zona de 
chamuscamento, que nada mais é que uma região 
onde a pele é literalmente queimada pela chama 
que sai pela boca do cano da arma. 
Zona de Esfumaçamento 
Para uma distância maior, de até 0,30 cm, a 
fumaça decorrente do disparo poderá atingir o alvo 
e depositar-se ao redor do ferimento de entrada, 
produzindo a chamada zona de esfumaçamento. 
Zona de Tatuagem 
Exatamente porque têm massa maior que as 
partículas de fuligem, restam os grãos de pólvora 
e as partículas metálicas decorrentes da abrasão 
do projétil no cano da arma, que incidem sobre o 
alvo como verdadeiros projéteis secundários, por 
vezes incrustando-se na pele de tal maneira que 
formam verdadeiras tatuagens (zona de 
tatuagem). 
Os fenômenos aqui observados ocorrem porque o 
calor, a fumaça e os grânulos de pólvora combusta 
ou em combustão, além de outras impurezas que 
saem do cano da arma, alcançam a pele. São as 
hipóteses dos famosos 
"tiros à queima roupa" (curta distância). 
Esta nuvem de elementos forma um cone com a 
base voltada para o alvo. Esta base será maior 
quanto mais afastado do alvo for disparado o 
projétil, tendendo a diminuir a medida que esta 
distância é reduzida. 
Logo, as características desse disparo dependem 
diretamente de fatores como a munição e o tipo de 
arma empregada, não podendo apresentar como 
regra uma distância categórica. 
• O ferimento, nesses casos, é rico em elementos 
característicos, sendo formado por um orifício de 
bordas invertidas com orla de contusão, 
escoriação e enxugo, e zona de esfumaçamento, 
chamuscamento e de tatuagem. 
Nos casos de tiros à distância (além de cinquenta 
centímetros ) só o projétil alcança o alvo, formando 
um orifício de bordas invertidas com orla de 
contusão, escoriação e enxugo, sem as zonas de 
chamuscamento, esfumaçamento e de tatuagem. 
• Quando os tiros a curta distância são efetuados 
na roupa da vítima, as zonas poderão ser 
visualizadas nas vestimentas da vítima. 
Disparos Encostados 
Nos disparos encostados temos de diferenciar 
duas situações distintas: os disparos que atingem 
unicamente tecidos moles e os que incidem sobre 
partes do corpo que recobrem ossos planos, por 
exemplo, os do crânio. 
Quando o disparo encostado atinge unicamente 
tecidos moles, além do projétil, todos os demais 
elementos penetram no ferimento, causando uma 
lesão interna de grande monta. 
As zonas de chamuscamento,esfumaçamento e 
tatuagem ficam todas no interior do corpo, mas o 
orifício de entrada permanece com sua 
configuração circular ou elíptica, com bordas 
invertidas. 
Por vezes, na dependência da força com que a 
arma foi pressionada sobre a região atingida, é 
possível evidenciar a marca do cano sobre a pele. 
Isso é chamado de "Sinal de Puppe - 
Werkgaertner". Esses ferimentos são 
frequentemente observados em suicídios. 
Perdi um tópico aqui. 
Quando, logo abaixo da região atingida, existe 
uma tábua óssea, o projétil pode (ou não) 
 
21 Ana Vilela – Medicina Legal 
conseguir perfurá-la, mas os gases e as 
micropartículas certamente não. 
Nesses casos há um deslocamento dos tecidos e 
uma verdadeira explosão, no sentido inverso (de 
dentro para fora), pelo refluxo dos gases, 
formando um ferimento de conformação estrelada 
e de bordos evertidos (para fora), como se fosse 
uma "cratera" Isto é denominado de câmara de 
mina ou câmara de Hoffmann. 
Trajeto do projetil dentro do corpo 
Devemos ainda considerar o Trajeto, que é o 
caminho percorrido pelo projétil dentro do corpo 
em seu efeito danoso, causando um "túnel 
lesional" 
O projetil dentro do organismo atinge diferentes 
órgãos e vísceras (coração, pulmões, rins, 
intestino, etc.), bem como veias e ossos. O projétil 
pode ficar alojado (repousado) no corpo. Também 
podem bater em ossos e se desviar dentro do 
corpo. 
Geralmente, o trajeto é retilíneo e cilíndrico e 
quando transfixante, termina no orifício de saída. 
Nas necropsias, no trajeto percorrido pelo projétil 
dentro do corpo, pode-se encontrar restos do 
cartucho, como pólvora incombusta, a bucha, ou, 
ainda, fragmentos de roupa, pele, pelos, 
fragmentos ósseos, etc. 
No entanto, o trajeto pode ser diferente 
dependendo do tipo de projétil (ex: projéteis 
jaquetados ou encamisados "balas dum-dum"). 
Saída do projetil 
Os projéteis podem ficar retidos no corpo humano 
ou podem sair em qualquer região. A saída são 
lesões de "dentro para fora" 
MORFOLOGIA: O Orifício de Saída, nas lições de 
Benedito Soares de 
Camargo Júnior, é único e apresenta bordos 
evertidos (virados para fora), é irregular ou em 
fenda, maior que o orifício de entrada e maior que 
o diâmetro do projétil. 
Ao sair o projétil tem menos energia uma vez que 
encontrou resistência nos tecidos, órgãos e ossos, 
sendo que também os projéteis se deformam 
dentro do corpo. Por isso as lesões de saída são 
amorfas. 
É possível existir maior número de saída do que 
de entrada de projetil. A explicação é porque o 
projeto pode se fragmentar e dividir, causando 
mais orifícios de saída. 
Comumente a lesão de saída expele matérias 
orgânicas: massa encefálica, ossos, muito 
sangue, etc. Não apresentam zonas de tatuagem, 
chamuscamento ou esfumaçamento. Diferença: 
Lesões produzidas por projéteis de arma de 
fogo de ALTA ENERGIA 
Armas de alta energia são aquelas que expelem 
projéteis com velocidade inicial de deslocamento 
acima de 600 metros por segundo (2.000 libras-
pé) 
São exemplos as armas bélicas utilizadas pelas 
forças armadas: Fuzil, Metralhadoras em geral, 
Metralhadora "ponto 50", etc. 
CAVITAÇÃO: o fenômeno da cavitação está 
presente nas lesões causadas por projéteis de alta 
energia. O projétil se dissipa no corpo e a estrutura 
tecidual é atingida expandindo e reacomodando 
os tecidos (expansão de onda de choque). Essa 
expansão e reacomodação é chamada cavitação 
temporária e acontece em frações de segundo. O 
dano final decorrente da compressão e do 
esmagamento do projétil é chamado de cavitação 
permanente com maior gravidade por causa da 
zona de pressão e das ondas de choque. 
As lesões são de grande significação (tanto de 
entrada como de saída) com aparências amorfas 
e destrutivas. 
Observações conclusivas 
Identificação do atirador: quando alguém atira com 
uma arma de fogo, parte da descarga dos gases 
de combustão e dos resíduos de pólvora ou outros 
fragmentos podem ficar impregnados na mão do 
atirador, no tórax ou no rosto, dependendo do tipo 
de arma ou vestimenta. Nos suicídios essa análise 
é importante. Existem testes químicos para 
constatação desse fato: Teste de Iturrioz, Teste do 
reagente de Lunge, microscopia de varredura, etc 
Populares exames residuográficos); 
Lesão de entrada 
- Sempre regular 
-Bordas invertidas 
-Proporcionais ao projetil 
- com orlas e zonas 
Fermento de saída 
-Dilacerado ou amorfo 
- Evertida 
- Desproporcional ao 
projétil 
- Sem orlas e zonas 
 
 
22 Ana Vilela – Medicina Legal 
Identificação da arma: a apreensão da arma é 
muito importante para a elucidação do fato, mas 
isso nem sempre acontece. Exames de balística 
são realizados para identificação da arma a partir 
do projétil extraído do corpo da vítima; 
Outros aspectos: na perícia, outros pontos 
complexos são analisados, tais como ordem e 
distância dos tiros, número de projeteis que 
atingiram a vítima, entre outros. 
PONTO IMPORTANTE: A diferenciação dos 
orifícios de entrada e saída tem grande 
importância, pois pode fornecer subsídios para o 
estudo da direção do disparo, de alta valia no 
estudo da natureza jurídica do evento letal. 
• é imprescindível que o Médico- Legista, proceda 
a minuciosa descrição das características de 
ambos os orifícios (se existirem). 
• Insta salientar que várias são as questões 
periciais de interesse inrídico que se apresentam, 
dentre as quais destacamos: 
1. Natureza do fato: acidente, suicídio ou 
homicídio 
2. Distância do disparo, para estudo de autoria 
3. Identificação da arma, também visando o 
estabelecimento da autoria 
Prova até energisas físicas.

Mais conteúdos dessa disciplina