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374 UNIDADE 2 | DINÂMICA Uma teoria consistente A Gravitação newtoniana, embora sabidamente limitada diante dos conhecimentos atuais, é bastante ef icaz para resolver problemas como o que apresentamos a seguir. Consideremos a órbita elíptica de Mercúrio em torno do Sol, cuja excentricidade e é a maior entre os planetas de nosso sistema solar. Para esse caso, e 5 0,20. O semieixo maior (ou raio médio) R da traje- tória descrita por Mercúrio é de 0,389 UA, o que equivale aproximadamente a 5,8 ? 1010 m. Sejam dmín e dmáx, respectivamente, as distâncias mínima e máxima do citado planeta em relação ao centro do Sol, como está indicado, fora de escala, no esquema a seguir. Ampliando o olhar Sol Mercúrio dmáxdmín periélio afélio P A R R eR Ilustração com tamanhos e distâncias fora de escala e em cores fantasia. É possível determinar, por meio da Lei de Newton da Atração das Massas, a relação entre as intensidades da velocidade orbital de Mercúrio nos pontos P (periélio) e A (afélio) da órbita. I. Cálculo da dmín: dmín 5 R 2 eR ⇒ dmín 5 R (1 2 e) dmín 5 5,8 ? 10 10 (1 2 0,20) [ dmín > 4,6 ? 10 10 m II. Cálculo da dmáx: dmáx 5 R 1 eR ⇒ dmáx 5 R (1 1 e) dmáx 5 5,8 ? 10 10 (1 1 0,20) [ dmáx > 6,9 ? 10 10 m III. A elipse é uma f igura simétrica, por isso seu raio de curvatura em P e A é o mesmo. Chamando esse raio de r, a Constante da Gravitação de G, a massa do Sol de M e a massa de Mercúrio de m, e observando ainda que a força gravitacional, dada pela Lei de Newton, desempenha o papel de resultante centrípeta em P e A, já que nesses locais ela é perpendicular à velocidade vetorial, podemos obter as intensidades da velocidade orbital de Mercúrio em P (vP) e em A (vA), fazendo: no periélio (P): FP 5 FcpP ⇒ G Mm d mv r mín 2 P 2 5 B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 1CONECTEFIS_MERC18Sa_U2_Top4_p339a379.indd 374 8/9/18 9:01 AM 375TÓPICO 4 | GRAVITAÇÃO Da qual: v GMr d v GMr 4,6 10 P mín P 10 ⇒5 5v5 55 55 5⇒5 5 6 1?6 1 no afélio (A): FA 5 Fcp A ⇒ G Mm d mv r máx 2 A 2 5 Da qual: v GMr d v GMr 6,9 10 A máx A 10 ⇒5 5v5 55 55 5⇒5 5 9 1?9 1 Dividindo os valores de vP e vA, temos: v v GMr 4,6 10 6,9 10 GMr v v 3 2 P A 10 10 P A ⇒5 6 1?6 1 ? 9 1?9 1 5 Da qual: vP 5 1,5vA Observe que a relação obtida conf irma que, de fato, no periélio a velocidade de translação do planeta tem intensidade maior que no afélio. Como duvidar, então, da Gravitação newtoniana se os resultados previstos por ela condizem com a maioria das observações experimentais? Algumas distorções teóricas, como as previstas na Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, porém, levaram os astrônomos a rever certos resultados, o que corroborou com a adoção da Gravitação de contornos mais amplos, como a que explica a atração entre massas por meio de deformações do cha- mado espaço-tempo. MAISDESCUBRA 1. O experimento realizado por Henry Cavendish em 1798 utilizando uma balança de torção para a determinação da Constante da Gravitação (G) também presente na Lei de Newton da Atração das Massas (F G Mm d2 F G5F G , com G 5 6,67 ? 10211 N m2/kg2) é considerado um dos dez mais importantes da Física. Pesquise sobre esse experimento. 2. Há vários satélites estacionários, de diversas nacionalidades, inclusive brasileira, em órbita ao redor da Terra servindo às telecomunicações. Todos eles percorrem uma mesma órbita, aproximadamente circular, num mesmo sentido. Como se justifica o fato de não ocorrerem colisões entre esses satélites? 3. Na Terra, além do campo gravitacional terrestre, somos influenciados por campos gravitacionais de outros astros, como o Sol e a Lua. A participação mais ou menos intensa desses campos na formação de um campo gravitacional resultante é determinante para a ocorrência de muitos fenô- menos na Terra, como o das marés, por exemplo. Dê uma explicação mais substanciada para esse fenômeno. 4. Uma possibilidade que aterroriza a todos é a de que um asteroide colida com a Terra, o que provocaria um cataclismo de proporções inimagináveis. O que tem sido feito pela comunidade científica para impedir esse tipo de ocorrência? 1CONECTEFIS_MERC18Sa_U2_Top4_p339a379.indd 375 8/9/18 9:01 AM 376 UNIDADE 2 | DINÂMICA Nível 3Exercícios 47. (Famerp-SP) Cometa e Rosetta atingem ponto mais próximo do Sol O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a sonda Rosetta, que o orbita há mais de um ano, chegaram ao ponto de maior aproximação do Sol. O periélio, a cerca de 186 milhões de quilômetros do Sol, foi atingido pelo cometa em agosto de 2015. A partir daí, o cometa começou mais uma órbita elíptica, que durará 6,5 anos. O afélio da órbita desse cometa está a cerca de 852 milhões de qui- lômetros do Sol. Espera-se que Rosetta o monitore por, pelo menos, mais um ano. (www.inovacaotecnologica.com.br. Adaptado.) De acordo com as informações, é correto afirmar que a) o cometa atingirá sua maior distância em rela- ção ao Sol aproximadamente em agosto de 2017. b) a órbita elíptica do cometa está de acordo com o modelo do movimento planetário proposto por Copérnico. c) o cometa atingiu sua menor velocidade escalar de transição ao redor do Sol em agosto de 2015. d) o cometa estava em movimento acelerado en- tre os meses de janeiro e julho de 2015. e) a velocidade escalar do cometa será sempre crescente, em módulo, após agosto de 2015. 48. (FMJ-SP) O planeta Saturno apresenta um gran- de número de satélites naturais. Dois deles são Encélado e Titan. Os raios de suas órbitas podem ser medidos em função do raio de Saturno, RS. Dessa forma, o raio da órbita de Titan vale 20RS, enquanto o de Encélado vale 4RS. Sendo T(e) e T(t), respectivamente, os intervalos de tempo que En- célado e Titan levam para dar uma volta comple- ta ao redor de Saturno, é correto afirmar que a razão T(t) T(e) é, aproximadamente, igual a a) 11,2 b) 8,4 c) 5,0 d) 0,8 e) 0,2 49. (OBF) Considere que a órbita da Terra em torno do Sol seja circular e que esse movimento possua período T. Sendo t o tempo médio que a luz do Sol leva para chegar à Terra e c o módulo da veloci- dade da luz no vácuo, o valor estimado da massa do Sol é: a) G 4 (ct) T2 3 2 π c) π G 4 (cT) t2 3 2 e) G 4 (ct) T2 2 3 π b) 4 G (ct) T 2 3 2 π d) 4 G (cT) t 2 3 2 π 50. (Fame-SP) A ilustração a seguir foi usada por Isaac Newton para explicar como um objeto entra em órbita. C D E F G B A V Segundo Newton, se pedras fossem lançadas ho- rizontalmente do alto de uma montanha, a dis- tância percorrida por elas antes de atingir o solo dependeria da velocidade de lançamento: veloci- dades maiores implicariam distâncias maiores. Existiria, então, uma velocidade em que a queda da pedra seria compensada pela curvatura da Terra e ela nunca atingiria o solo, permanecendo em órbita ao redor da Terra. A resistência do ar impede que isso seja realizado na prática. Desprezando-se a resistência do ar, considerando-se o raio da Terra no ponto de lançamento igual a 6,4 ? 106 m e a aceleração da gravidade com mó- dulo igual a 10 m/s2, a velocidade horizontal de lançamento da pedra, para que ela entre em órbita circular rasante à Terra tem módulo igual a: a) 4,0 ? 103 m/s b) 8,0 ? 103 m/s c) 3,2 ? 104 m/s d) 6,4 ? 104 m/s e) 8,0 ? 104 m/s R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o d a e d it o raR e p ro d u ç ã o /F a m e rp , 2 0 1 6 . 1CONECTEFIS_MERC18Sa_U2_Top4_p339a379.indd 376 8/9/18 9:01 AM