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PDF CONHECIMENTOS ESPECIFICOS - ASSISTENTE SOCIAL

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
1. Serviço Social na contemporaneidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
1.1. Debate teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo do Serviço Social e as respostas profissionais aos desafios de 
hoje. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .01
1.2. Condicionantes, conhecimentos, demandas e exigências para o trabalho do serviço social em empresas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
1.3. O serviço social e a saúde do trabalhador diante das mudanças na produção, organização e gestão do trabalho. . . . . . . . . . . . . . 01
2. História da política social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1. O mundo do trabalho na era da reestruturação produtiva e da mundialização do capital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. A família e o serviço social. Administração e planejamento em serviço social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1. Atuação do assistente social em equipes inter profissionais e interdisciplinares e o conceito de Interdisciplinaridade. . . . . . . . . . 18
3.2. Assessoria, consultoria e serviço social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.3. Saúde mental, transtornos mentais e o cuidado na família. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4. História e constituição da categoria profissional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5. Leis e códigos relacionados ao trabalho profissional do Assistente Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6. Pesquisa social. Elaboração de projetos, métodos e técnicas qualitativas e quantitativas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7. Planejamento de planos, programas e projetos sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
8. Avaliação de programas sociais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
9. Mediação e Serviço Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
10. Instrumentalidade e Serviço Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
1
1. SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE.
1.1. DEBATE TEÓRICO-METODOLÓGICO, ÉTICO-POLÍ-
TICO E TÉCNICO-OPERATIVO DO SERVIÇO SOCIAL E AS 
RESPOSTAS PROFISSIONAIS AOS DESAFIOS DE HOJE.
1.2. CONDICIONANTES, CONHECIMENTOS, DEMANDAS 
E EXIGÊNCIAS PARA O TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL 
EM EMPRESAS.
1.3. O SERVIÇO SOCIAL E A SAÚDE DO TRABALHADOR 
DIANTE DAS MUDANÇAS NA PRODUÇÃO, ORGANIZA-
ÇÃO E GESTÃO DO TRABALHO.
A atuação do assistente social nas empresas privadas remon-
ta a meados dos anos 1940, proveniente da luta dos operários 
por melhores condições de trabalho, visto que passaram a se re-
conhecer enquanto classe trabalhadora com necessidades em co-
mum. O trabalho do assistente social nas empresas privadas des-
de aquela época tem como intuito minimizar a contradição entre 
empresa e trabalhador (capital x trabalho).
Gomes et al (2010) explicam que as organizações privadas 
passaram por diversas mudanças e, a partir de 1970, em virtude 
do processo de reestruturação produtiva, o que acarretou na crise 
de acumulação capitalista e consequentemente na demanda por 
novas formas de gestão da força de trabalho.
Segundo Mota (2010), a justificativa para as empresas priva-
das demandarem assistentes sociais em seu quadro de funcioná-
rios é pela importância dada à manutenção da qualidade da força 
de trabalho dos trabalhadores, que pode ser afetada por com-
portamentos divergentes, falta de motivação, necessidades ma-
teriais, dependência química, problemas de saúde dentre outros.
Nesse sentido, o profissional é requisitado a atuar junto à 
gestão de benefícios para suprir a carência material, como tam-
bém com caráter educativo, por meio de orientações relativas aos 
direitos do cidadão e através de programas e projetos sociais.
Cesar (2010) relata que o assistente social é reconhecido 
pelo seu trabalho de integração junto ao trabalhador, sendo re-
quisitado para atender as necessidades humanas, auxiliando na 
construção da sociabilidade, o que acarretará em um comporta-
mento produtivo de acordo com os preceitos das organizações. 
Dessa forma, o Serviço Social é considerado pelas empresas como 
mecanismo de promoção de um melhor desempenho dos traba-
lhadores.
Ainda de acordo com a autora, o assistente social possui 
também atividades voltadas às orientações quanto a direitos e 
serviços sociais, por meio da concessão de benefícios, encami-
nhamentos a rede sócio assistencial, análise socioeconômica, 
além das novas atividades relativas à otimização e racionalização 
de recursos, inclusão das avaliações de desempenho e trabalho 
com a comunidade.
Dourado (2010) relata ainda que o Serviço Social é uma pro-
fissão que, devido à sua singularidade, apresenta uma aptidão 
para construir uma visão abrangente acerca do processo de tra-
balho por meio da sua inserção junto aos trabalhadores. 
O artigo tem por objetivo apresentar como vem se direcio-
nando a atuação dos assistentes sociais nas empresas privadas, 
tendo como finalidade, conhecer como são desenvolvidas as ati-
vidades desse profissional no espaço sócio-ocupacional relatado. 
Realizando-a por meio de uma pesquisa, com roteiro semi-estru-
turado em seis empresas privadas de pequeno, médio e grande 
porte.
O intuito do estudo não é constatar conceitos de quais são 
as competências do assistente social nas empresas privadas, mas 
sim obter subsídios para um maior acúmulo teórico e tecer algu-
mas reflexões sobre esse processo de trabalho para assim, poder 
contribuir ao estudo do Serviço Social.
O artigo está estruturado em sete seções, contando com esta 
introdução. A próxima destaca conceitos de gestão por compe-
tência, bem como o processo histórico da construção desse pen-
samento. A seção subsequente trará a evolução histórica do Ser-
viço Social no espaço sócio-ocupacional das empresas privadas. 
Já a quarta seção se refere às competências do assistente social 
nas organizações privadas. A seção posterior relatará acerca da 
metodologia utilizada na pesquisa realizada. E a sexta e sétima se-
ções, respectivamente, trarão como foco de estudo, os resultados 
obtidos em campo e as considerações finais desse estudo.
Segundo Ferreira e Lana (2007), o conceito de competência 
é utilizado na área de administração desde as primeiras teorias 
organizacionais, contudo seu significado era distinto do que te-
mos atualmente. Nesse artigo, não se pretende retomar todas as 
correntes teóricas, visto que esse tema já vem sendo tratado por 
muitos autores, entretanto, considera-se válido ressaltar o seu 
desenvolvimento histórico.
Deve ser destacado o início do século XX, com o advento do 
taylorismo, momento em que o conceito de competência foien-
globado à linguagem organizacional, passando a ser utilizado para 
predicamentar um indivíduo que possua habilidades eficazes para 
desempenhar um determinado papel na organização, conforme 
explicitam Carbone et al (2006).
A partir de 1970, com a expansão da competição e o cresci-
mento das organizações, uma nova forma de se apreender a com-
petência foi se moldando. De acordo com Ferreira e Lana (2007), 
foi retirado o âmago da capacidade, passando-o para o desem-
penho, ou melhor, tratando não apenas dos comportamentos do 
indivíduo, mas também das realizações por ele conquistadas.
Segundo Silva (2005), na metade da década de 1990, o con-
ceito de competência ganha um status estratégico, conforme pro-
posto por estudiosos como Prahalad e Hamel, em seus artigos e 
livros. Como consequência, as empresas passam a criar projetos 
relacionados ao tema, com o intuito de identificar conhecimentos 
e atitudes necessários para agregar valor ao negócio.
Ainda segundo Silva (2005), no Brasil, o conceito de com-
petência começa a ser discutido no início dos anos 1990, com 
destaque para grupos de estudos na área de RH promovidos na 
Universidade de São Paulo (USP). Outro marco importante citado 
pelo autor ocorreu em 1995, nas empresas DuPont e Copesul, que 
destacaram-se nacionalmente pelos seus programas de remune-
ração baseados em competências e habilidades.
De acordo com Brandão e Guimarães (2001), a constância 
na utilização do termo competência na gestão organizacional fez 
com que o mesmo obtivesse diversos significados. 
Contudo, é possível verificar a existência de duas correntes 
conceituais, consoante ao que apresenta Dutra (2001). A primeira 
trata a competência como sendo um conjunto de qualificações 
que habilita a pessoa a exercer determinado trabalho. Esta con-
cepção foi apresentada por autores norte-americanos, tais como 
Boyatzis, 1982 e McClelland, 1973. A outra se refere à compe-
tência como conjunto das realizações desenvolvidas pela pessoa, 
aquilo que ela produz no trabalho.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
2
Nesse diapasão, Carbone et al (2006) passaram a definir 
competência como sendo combinações de conhecimentos, habi-
lidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional, que 
agregam valor a pessoa e a organização.
Sob essa perspectiva, pode-se considerar que um dos con-
ceitos mais completos para competência, conforme explicita Silva 
(2005), seria proveniente da junção dos conceitos de dois estu-
diosos sobre o tema:
a competência de uma pessoa pode ser compreendida como 
sua capacidade de entrega. A competência é inseparável da ação 
e os conhecimentos teóricos ou técnicos devem ser utilizados de 
acordo com a capacidade de se executar as decisões que a ação 
sugere. Uma pessoa é competente quando amplia a sua capaci-
dade de entrega e agrega valor ao negócio, à empresa onde atua, 
a ele próprio e ao meio em que vive. Competência é a capacidade 
de uma pessoa gerar resultados e atender a objetivos pessoais e/
ou organizacionais (SILVA, 2005, p. 11).
Fleury e Fleury (2001, p.3), por sua vez, tratam a competência 
como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mo-
bilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, 
que agreguem valor econômico à organização e valor social ao 
indivíduo”. 
De acordo com Tadeucci et al (2012), gestão por competên-
cia é um princípio gerencial que possui a finalidade de estimular 
os trabalhadores para que busquem a ampliação de seus conhe-
cimentos e habilidades, com o objetivo de alcançar um melhor 
desempenho profissional. Esse processo se faz por meio da identi-
ficação de competências essenciais e de habilidades necessárias, 
para se desempenhar, da melhor maneira possível, uma função 
na organização. Com o intento de possuir um quadro de funcioná-
rios mais talentosos e produtivos, o que, por conseguinte, propi-
ciará uma maior produtividade, comprometimento, participação 
e maior motivação para o exercício de suas funções.
Brandão e Babry (2005) relatam que a gestão por competên-
cia vem sendo considerada como modelo gerencial alternativo 
aos instrumentos tradicionalmente utilizados pelas empresas, 
tendo como intenção gerenciar o gap de competências, para as-
sim restringir ao máximo a disparidade entre as competências já 
disponíveis, com as que são indispensáveis para a conclusão dos 
objetivos da organização.
Leme (2005) afirma que a gestão por competência, é uma 
ferramenta que visa auxiliar as empresas a compreender que elas 
precisam treinar os trabalhadores para que alcancem o objetivo 
proposto.
Uma definição interessante é a proposta por Carbone et al 
(2006), para quem competências são conjuntos sinergéticos de 
conhecimentos, habilidades e atitudes que credenciam um indi-
víduo a exercer uma dada função. Ferreira (2012) relata também 
que alguns autores entendem competências como sendo um con-
junto de realizações adquiridas pelo indivíduo em seu trabalho.
Em síntese, competências profissionais podem ser entendi-
das como a capacidade demonstrada pelos trabalhadores de gerar 
resultados, de desempenhar de modo adequado suas tarefas. Tal 
conceito pode, também, auxiliar na compreensão da capacidade 
desempenhada por um indivíduo ou uma categoria profissional.
A seção seguinte aborda a evolução histórica do Serviço So-
cial, no que concerne a sua atuação nas empresas privadas.
A Evolução Histórica do Serviço Social no Espaço Sócio-Ocu-
pacional das Empresas
O Serviço Social na área empresarial tem seu início em 1941 
por meio das empresas públicas, e nas privadas em meados de 
1943, segundo Iamamoto e Carvalho (1982), sendo este livro um 
dos clássicos no conjunto das obras dessa profissão. Tal surgi-
mento ocorre em virtude da cena política da época, através do 
movimento dos operários por melhores condições de trabalho. O 
objetivo da contratação desse profissional é com o propósito de 
minimizar os conflitos existentes oriundos da contradição capital 
x trabalho.
A atuação dos assistentes sociais nas empresas se intensifi-
cou na década de 1970, dado que as relações empresariais de-
mandavam a ação desse profissional, a fim de que respondessem 
ás necessidades da reprodução material da força de trabalho. 
Gomes et al (2010), relatam que o processo de reestrutura-
ção produtiva vem acarretando diversas mudanças no desenvolvi-
mento das organizações privadas, desde a década de 1970. A crise 
de acumulação capitalista requisitou novas orientações, determi-
nando um novo processo da gestão da força de trabalho. A partir 
dos anos 1980, surgem novas tecnologias e consequentemente 
mudanças no mundo do trabalho. Nesse contexto, as empresas 
começam a desenvolver projetos voltados para o envolvimento 
dos trabalhadores com os interesses da organização. Com isso, o 
trabalho do assistente social passa por diversas alterações para 
com essas novas requisições.
Os autores citados salientam ainda que o assistente social 
passa a vir a ser requisitado a tratar dos problemas relativos à 
produtividade, prestação de serviços sociais, assessoramento as 
chefias, assim como o trabalho de cunho assistencial e educativo 
para com os trabalhadores e seus familiares.
Mota (1985), uma das autoras de referência no que concerne 
a atuação dos assistentes sociais em empresas, afirma que a pre-
sença desses profissionais nas organizações privadas vem atestar 
que a expansão capitalista gera a criação de novas necessidades 
sociais, ou seja, o assistente social vem contribuir na área empre-
sarial no que concerne a área assistencial e educativa. A contri-
buição desses profissionais pode ocorrer por meio de trabalhos 
individuais ou coletivos junto aos trabalhadores, podendo con-
templar ainda atendimentos aos familiares. 
A inserção de assistentes sociais no ambiente empresarial 
vincula-se à importância atribuída à qualidade dos trabalhos de-
sempenhados pelos funcionários, dado que eles podem ser afeta-
dos por carências materiais e psicológicas, ideias/comportamen-
tosdivergentes aos pregados pela organização, dentre outros. 
Uma correta assistência social pode também ajudar a evitar ações 
trabalhistas.
De acordo com Amaral e Cesar (2009), em meados da déca-
da de 1980 é possível observar a presença de assistentes sociais 
em empresas, o que foi favorecido pela conjuntura brasileira da 
época. Visto que, a classe trabalhadora começa a se organizar po-
liticamente, através da criação de partidos, sindicatos, etc.
Nos anos 1990, conforme proposto por Cesar (2010), o Ser-
viço Social, na área de Recursos Humanos, passou por algumas 
mudanças no que se refere à racionalidade técnica e ideopo-
lítica, que refuncionalizam o tradicional em prol do moderno e 
mesclam, no campo das atividades profissionais velhas e novas 
demandas. Com isso, é requerido dos profissionais a adoção de 
estratégias que afirmem a legitimidade social.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
3
É na virada do milênio, segundo Amaral e Cesar (2009), que 
ocorrem mudanças significativas na área empresarial, período 
esse definido por alguns autores como sendo a fase da “acumula-
ção flexível”. As características desse período repercutiram direta-
mente na lógica do funcionamento das empresas, assim como no 
trabalho do assistente social. 
Nesse sentido, o profissional de Serviço Social, passou a inte-
ragir diretamente com os trabalhadores com o propósito de tor-
nar menos drástico possível o processo de transição, que se deu 
através da introdução de tecnologias de ponta, diferentes moda-
lidades de contratação, flexibilização do trabalho, entre outros.
A atuação do assistente social também passou por um pro-
cesso de requalificação, posto que novas exigências vêm ao en-
contro desse profissional. Um dos seus papéis é assegurar a ade-
rência e o comprometimento dos trabalhadores para com as no-
vas formas de trabalho. 
Esse processo de adesão dos trabalhadores as novas requisi-
ções de suas funções, foram viabilizadas, muitas vezes, por meio 
de programas de recursos humanos voltados para o envolvimento 
com as metas, tais como: desenvolvimento de capacidades e ha-
bilidades; treinamento e desenvolvimento; remuneração pautada 
em resultados; gestão de benefícios e atuação na área de segu-
rança do trabalho, voltado à prevenção de acidentes. Esta postura 
representa, de acordo com Amaral e Cesar (2009), a integração da 
Administração de Recursos Humanos com os princípios da Gestão 
da Qualidade Total.
Vale destacar que essas novas demandas são acrescidas às 
competências requeridas do profissional de Serviço Social. Além 
dessas, atribuições antigas ainda se encontram em voga, tais 
como a manutenção do caráter educativo, voltado para mudanças 
de hábitos e comportamentos, para que o trabalhador se adeque 
ao processo produtivo, assim como, relativo ao absenteísmo, al-
coolismo, uso de drogas, afastamento do trabalho, conflitos fami-
liares, dificuldades financeiras, dentre outros (MOTTA, 1985). Não 
se pode deixar de mencionar também a requisição no que con-
cerne à mediação de conflitos entre a organização e funcionários.
Alguns programas de Gestão de Pessoas que esses profissio-
nais costumam ser chamados a intervir são: Programas de Treina-
mento e Desenvolvimento, Programas Participativos (Gestão da 
Qualidade Total), Programa de Qualidade de Vida, Programa de 
Clima ou Ambiência Organizacional, dentre outros.
Os objetivos desses programas podem ser muito bem resu-
midos por Amaral e Cesar (2009), onde é relatado que a atuação 
do profissional de Serviço Social se dá por meio da mensuração 
dessas informações, as quais podem ser geradas, por exemplo, 
por meio da aplicação de entrevistas, com a finalidade de corre-
lacionar as práticas de gestão com o clima organizacional da em-
presa. Tais resultados precisam ser analisados e transmitidos aos 
gestores, servindo como indicadores do que deve ser modificado 
na estrutura do processo de trabalho com vistas a aumentar a 
produtividade.
Amaral e Cesar (2009) relatam ainda que esses profissionais 
possuem um conjunto diverso de frentes de trabalho nas em-
presas, das quais destacaram: gestão de recursos humanos, pro-
gramas participativos, desenvolvimentos de equipes, ambiência 
organizacional, ação comunitária, certificação social, educação 
ambiental, entre outros. 
Dessa forma, pode-se perceber, segundo Cesar (2010), que 
o assistente social é requisitado para atuar na parte de assesso-
ramento aos gestores das organizações, com a intenção de obter 
uma melhor administração das pessoas, gerando confiabilidade, 
aprendizado, crescimento e satisfação dos trabalhadores. Esse 
profissional é demandado para atuar na área de Gestão de Pes-
soas, com o interesse de dar respostas às necessidades humanas 
dos trabalhadores, contribuindo com a formação de um compor-
tamento produtivo de acordo com as exigências da organização, 
sendo um fomentador da adesão do trabalho as novas formas de 
produção.
Ainda de acordo com Cesar (2010), o Serviço Social é requi-
sitado para intervir nos problemas que afetam diretamente na 
produtividade do trabalhador, é aliada a intervenção de questões 
psicossociais, que não relacionam diretamente ao processo de 
trabalho, mas que vem a interferir diretamente no mesmo.
A seção subsequente aborda as competências que são apon-
tadas como relevantes para os profissionais de Serviço Social 
atuantes nas empresas, conforme encontrado na literatura dessa 
área.
Os desafios do Serviço Social na contemporaneidade
A complexidade da realidade social na contemporaneidade 
traz para o Serviço Social novos desafios para a intervenção pro-
fissional, exigindo uma redefinição nos parâmetros teóricos, me-
todológicos, éticos e políticos.
O agravamento da “questão social” diante da consolidação e 
da crise do capitalismo no mundo, do processo de reestruturação 
produtiva assumiu na atualidade diferentes contornos trazendo 
novos desafios para a profissão. O acirramento das desigualdades 
sociais, a exclusão social, o empobrecimento das populações, a 
inflação, o desemprego, a violência, a crise na proteção social, o 
déficit orçamental, a dívida externa, a crise financeira, o afasta-
mento do Estado frente às demandas sociais, enfim, todos esses 
fenômenos constituem-se como inúmeros desafios para as dife-
rentes as profissões, em especial, para o Serviço Social.
Esse contexto de crise estrutural, caracterizado pelo aprofun-
damento da miséria e pelo colapso das políticas públicas, ecoa 
sistematicamente e traz significantes transformações nos proces-
sos interventivos do Assistente Social e na formação profissional, 
exigindo mudanças reais. Dessa forma, como qualquer profissão 
inscrita na divisão social e técnica do trabalho o Serviço Social tem 
também sua utilidade social e deve ser capaz de responder às ne-
cessidades sociais. 
Para Mota (1998), na atual conjuntura, os desafios postos aos 
profissionais se dão no âmbito das novas modalidades de produ-
ção e reprodução social da força de trabalho. A autora avalia que a 
principal tarefa imposta ao Serviço Social consiste na identificação 
do conjunto das necessidades (políticas, sociais, materiais, cultu-
rais), tanto do capital, quanto do trabalho, que são subjacentes 
às exigências e sua refuncionalização. Há, portanto, necessidade 
de se “refazer – teórica e metodologicamente - o caminho entre a 
demanda e as suas necessidades fundantes, situando-as na socie-
dade capitalista contemporânea, com toda a sua complexidade” 
(p.26).
Essas transformações afetam as instituições e a dinâmica da 
profissão. Assim, constitui-se um desafio para o Serviço Social o 
enfrentamento de questões a partir das contradições do presen-
te, da realidade concreta. Faleiros (1996) sinaliza:
“As considerações que, hoje, se podem fazer sobre o Serviço 
Social situam-se dentro dos limites do próprio capitalismo e das 
mudanças que se vêm impondo nessa fase de desenvolvimento 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
4
de nova forma de acumulação, assentada no capitalfinanceiro, na 
globalização, na revolução trabalho/emprego, aos seguros sociais, 
à universalização das políticas sociais e ao modelo organizacional 
de gestão de serviços sociais, que inclui a privatização e a tercei-
rização” (p.11). 
Dessa forma, tem-se como pressuposto que o Serviço Social, 
na totalidade das relações de produção e reprodução da vida 
social, possui um papel particular de intervenção no âmbito da 
questão social. Não se trata de se imbuir de uma missão salvacio-
nista diante da profunda crise social, resgatando seu histórico e 
originário contexto religioso ou mesmo legitimar ou compensar 
as desigualdades, reduzindo-se uma visão assistencialista, aten-
dendo a demanda do capital. 
Na verdade, o que está sendo colocado como desafio para o 
Serviço Social está vinculado na tensão entre as mudanças globais 
e as mudanças particulares. Ao se inserir num projeto ético-políti-
co engajado num projeto nacional e popular, ele sofrerá os avan-
ços e recuos diante dos movimentos sociais e do papel do Estado. 
Nos anos 90, algumas mudanças se dão para os profissionais 
no setor Estatal, campo tradicional de atuação do assistente so-
cial, impostas pela política neoliberal, que altera profundamen-
te as responsabilidades antes inerentes à esfera pública, aliada 
à desregulamentação do mercado e de corte de gastos públicos. 
Novos mercados de trabalho se colocam à profissão no setor 
privado (empresarial) e no âmbito da sociedade civil (ONGs, Ins-
tituições Filantrópicas). Ressalta-se que no âmbito empresarial o 
profissional insere-se nas atividades de gerenciamento nas áreas 
de benefício e assistência social, incorporando, entretanto, novas 
funções originárias da lógica do mercado, que visam preservar o 
processo produtivo e a reprodução social.
A redefinição do trabalho profissional no setor público en-
contra-se alicerçada na percepção das contradições das lutas 
populares pela consolidação dos direitos constitucionais num 
contexto de redução de direitos. Constata-se que na atualidade a 
perspectiva das reformas do Estado há um encaminhamento para 
a destruição dos serviços públicos existentes, o que significa a re-
dução dos espaços de inserção profissional, além do redimensio-
namento das funções profissionais diante da limitação da esfera 
estatal.
Diante desse re-ordenamento das funções o Estado, imposto 
pelo quadro de crise do capital, surgem novas requisições no cam-
po profissional do assistente social, que são impulsionadas pelo 
movimento de reconstrução das classes subalternas em busca da 
construção de um novo projeto societário. 
Nesta perspectiva, os grandes desafios impostos ao Serviço 
Social na contemporaneidade se direcionam para o engajamen-
to nas lutas sociais, a incorporação de um projeto ético-político 
voltado para a construção de uma sociedade igualitária, justa e 
inclusiva, e a recuperação da crença de que os sujeitos históricos 
são capazes de construírem novos padrões de sociabilidade. 
Acreditar, portanto, na possibilidade de um mundo melhor. 
Na visão de Faleiros (1996) os desafios práticos - políticos e teó-
ricos – políticos postos à profissão se colocam num movimento 
constante diante das mudanças políticas, econômicas e organiza-
cionais, que configuram diferentes cenários e atores sociais. Para 
o autor, o Serviço Social vem assistindo a mudança dos atores so-
ciais que tradicionalmente faziam parte de seu universo de traba-
lho, passando da condição de usuários dos serviços sociais para 
sujeito de direitos.
“Os pobres, as mulheres, os doentes, os idosos, as crianças, 
os adolescentes que constituem os usuários dos serviços sociais 
estão se constituindo como sujeitos políticos, como cidadãos, 
participantes de pequenos e grandes movimentos específicos de 
sua categoria, diversificando seu processo de inserção social, mas 
também se consolidando como consumidores individuais de ser-
viços sociais” (p.14).1
As Competências do Assistente Social nas Organizações Pri-
vadas
O Serviço Social nas organizações privadas se constitui como 
um espaço sócioocupacional em expansão nas últimas décadas, 
carecendo desse profissional um contínuo processo de elabo-
ração de estratégias de atuação, em virtude da volatilidade das 
demandas apresentadas na área empresarial, assim como uma 
atualização constante. 
Embora a inserção do assistente social no âmbito empresarial 
remonte a década de 1940, não possui uma legislação específica 
que trate da atuação desse profissional nas organizações priva-
das.
A Lei de Regulamentação da Profissão, Lei n°8.662/1993, em 
seu Art. 4° prevê como competências do assistente social:
· elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais 
junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, em-
presas, entidades e organizações populares;
· elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e 
projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com 
participação da sociedade civil;
· encaminhar providências, e prestar orientação social a indi-
víduos, grupos e à população;
· orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais 
no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no 
atendimento e na defesa de seus direitos;
· planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços So-
ciais;
· planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir 
para a análise da realidade social e para subsidiar ações profis-
sionais;
· prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração 
pública direta e indireta,empresas privadas e outras entidades;
· prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em ma-
téria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos 
direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
· planejamento, organização e administração de Serviços So-
ciais e de Unidade de Serviço Social;
· realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins 
de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração 
pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.
Conforme proposto por Cesar (2010), pode-se resumir o per-
fil comportamental exigido ao assistente social como sendo pau-
tado em cinco requisitos básicos:
a) Conhecimento: significa ter um bom conhecimento das ro-
tinas de trabalho de toda a empresa e de sua política, para assim 
ter subsídios necessários para responder as perguntas e dúvidas 
e resolver problemas.
b) Competência: faz-se necessário que o profissional tenha 
agilidade, organização e exatidão no desenvolvimento de suas 
atividades.
1 Fonte: www.maxwell.vrac.puc.br
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
5
c) Atmosfera positiva: o profissional deve possuir um am-
biente agradável para receber seu cliente, assim como deve-se 
ter uma comunicação clara e com fluência.
d) Cooperação: concerne na sua relação com a equipe, fazen-
do com que todos possuam subsídios para atingir suas metas e 
resultados, sempre com o propósito de melhorar a produtividade 
e a qualidade da produção.
e) Esforço extra: o profissional deve ser flexível, buscando fa-
zer algo a mais, fornecendo alternativas e soluções para satisfazer 
as necessidades do cliente, mas também trazer algo de novo para 
surpreendê-lo.
Ainda segundo Cesar (2010), tais características revelam que 
a requalificação promovida pelas empresas, possui como objetivo 
a formação de um tipo particular de trabalhador. Aquele que além 
de estar capacitado para compreender, implementar e adminis-
trar novos padrões de organização, do processo de produção e 
dominar novas tecnologias, deva estar capacitado a assumir um 
comportamento produtivo que gere um desempenho estável e 
previsível. Desse modo, as principais habilidades exigidas aos as-
sistentes sociais se encontram na flexibilidade e no dinamismo, 
obtendo assim, melhores resultados junto aos trabalhadores da 
organização. 
Segundo Borralho et al (2011), o assistente social é dotado 
de competências que agregam valor ao processo de trabalho, vis-
to que esse profissionalé capaz de captar as singularidades do 
cotidiano de vida da força de trabalho. Fazendo isso por meio da 
sua criatividade, proposição das ações a serem desempenhadas, 
programas de melhoria do ambiente organizacional, qualidade de 
vida no trabalho, responsabilidade social; uma vez que é consi-
derado agente propulsor da conscientização social na empresa.
De acordo com o que sugere Dourado (2010), o Serviço Social 
é uma profissão que de acordo com suas particularidades na divi-
são social e técnica do trabalho, apresenta aptidão em construir 
uma visão mais ampla acerca do processo de trabalho, com base 
em sua afinidade com os diferentes segmentos de trabalhadores.2
Assistência Social e a saúde do trabalhador
A saúde do trabalhador constitui-se área do conhecimento, 
investigação e intervenção, que condensa um conjunto de deter-
minações que vem reconfigurando-a ao longo das últimas déca-
das. Para o Serviço Social em particular, a área se constitui numa 
exigência ética e política frente aos impactos das transformações 
sociais e de forma mais precisa no que se refere às grandes pro-
porções que ocorrem na esfera do trabalho e seus desdobramen-
tos sobre a sociabilidade humana na atualidade. Observa-se que a 
área da saúde do trabalhador, historicamente, vem representan-
do uma dispersa demanda para a profissão, em que vários fatores 
contribuíram para o mascaramento dessa demanda. Entre eles 
pode-se se apontar questões endógenas à profissão norteada 
pela perspectiva conservadora e outros condicionantes que limi-
taram a compreensão sobre o tema saúde e trabalho, bem como 
o pensamento hegemônico da concepção da saúde do trabalha-
dor presente na área. Esses aspectos foram confrontados com o 
contexto social e político ao longo da década de 1990, e nos anos 
2000 passam a se constituir em um emergente campo de atuação 
profissional. Tal fato significa que o assistente social é convocado 
e ao mesmo tempo se convoca a acolher e dar respostas às refra-
ções do trabalho sobre a saúde do trabalhador.
2 Fonte: www.pucrs.br
A expansão da área da saúde do trabalhador pode caracte-
rizar-se por meio de dupla dimensão: uma decorrente da nova 
ordem do capital sobre o trabalho; outra por conta do reconheci-
mento político da área, representado pela sua inserção, ainda que 
insuficiente, no conjunto das políticas públicas e intersetoriais, 
resultante da capacidade de organização de diferentes agentes 
políticos. No que se refere à primeira dimensão, esta assenta-se 
no impacto dos novos padrões de acumulação capitalista, ao se 
verificar, a partir do complexo da reestruturação produtiva1, uma 
reconfiguração do trabalho, sendo cada vez mais indissociável a 
análise dessas mutações sem compreender o seu impacto sobre 
a saúde. Na segunda dimensão, os avanços políticos-legais estão 
associados ao reconhecimento da concepção ampliada de saúde 
e sua regulação como direito universal e, ainda, à incorporação 
da saúde do trabalhador no campo da saúde coletiva e em de-
mais políticas públicas. Tais fatores conjugam-se ao crescimento 
da participação social na defesa e no controle social de políticas 
públicas, bem como ao fortalecimento da organização social dos 
trabalhadores e a incorporação nas pautas coletivas de necessi-
dades voltadas para a saúde e a proteção social e do trabalho, en-
quanto conquista da mobilização de amplos setores da sociedade.
Esse cenário é o solo fértil da profissão, cujo objeto de inter-
venção comunga das expressões presentes na saúde do trabalha-
dor e que conforma a questão social na atualidade. Ao mesmo 
tempo, a apropriação crítica e teórica do Serviço Social amplia 
as possibilidades de compreensão das manifestações que reper-
cutem sobre o trabalho e a saúde presentes na tensão cotidia-
na do trabalho do assistente social frente à questão social. Em 
diferentes espaços sócio-ocupacionais, o Serviço Social, atento 
à interface saúde e trabalho, vem incorporando essa demanda, 
embora por vezes difusa, mas que demarcam e consolidam o seu 
lugar nessa área. Há de se considerar, entretanto, que a temática 
integra a agenda da profissão de forma incipiente. Ausente dos 
currículos e em grande parte do debate acadêmico, vem revelan-
do a existência de lacunas na formação profissional em nível de 
graduação, muitas vezes supridas pela possibilidade da formação 
permanente e no âmbito da pós-graduação.
Esse conjunto de constatações dão a dimensão dos desafios 
para o Serviço Social na área, considerando as exigências no pla-
no teórico e prático, representadas por meio de questões sobre 
o contexto societário e indagações sobre os referenciais teórico-
-metodológicos, que fundamentam o trabalho do assistente 
social e suas particularidades para o seu processamento, que é 
compartilhado por diferentes campos do saber. Ou seja, o Servi-
ço Social é requisitado a responder teórica, técnica e éticamente 
aos impactos da confrontação cotidiana presentes nos antigos e 
novos contornos do processo de saúde-doença e sua relação com 
o trabalho.
Assim, o presente artigo tem como objetivo apresentar e dis-
correr sobre questões que estão sendo colocadas para o Serviço 
Social na área da saúde do trabalhador na atualidade. Constitui-
-se, inicialmente, de uma breve contextualização sobre reconhe-
cimento da saúde do trabalhador enquanto campo teórico e po-
lítico, demonstrando sua evolução conceitual e rupturas como 
perspectivas unilaterais e hegemônicas, além de elementos que 
são colocados no debate sobre o trabalho e o perfil do trabalha-
dor. Num segundo momento, o artigo trata da dimensão teórico-
-metodológica na interface Serviço Social e saúde do trabalhador, 
buscando responder aos processos sociais que vêm impactan-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
6
do a saúde e o trabalho na contemporaneidade. Na sequência, 
problematizam-se os espaços sócio-ocupacionais voltados para a 
área da saúde do trabalhador, os desafios para sua consolidação e 
as respostas da profissão. Entende-se que a abordagem proposta 
neste artigo sobre a temática do Serviço Social e saúde do traba-
lhador expressam inquietações profissionais e reflexões teóricas, 
as quais, acredita-se, são compartilhadas pelo conjunto de profis-
sionais que atuam nessa área.
 
Trabalho e a saúde do trabalhador: entre rupturas e conser-
vadorismo
A denominação saúde do trabalhador carrega em si as con-
tradições engendradas na relação capital e trabalho e no reco-
nhecimento do trabalhador como sujeito político. Ela representa 
o esgotamento de um modelo hegemônico que atravessou déca-
das, e por que não dizer séculos, circunscrito num arcabouço legal 
e conservador que reconhecia um risco socialmente aceitável e 
indenizável à lógica do capital dos acidentes de trabalho.
O surgimento da relação saúde e trabalho remonta à histó-
ria social do trabalho ao longo do tempo. Essa indissociabilidade 
vem exigindo respostas políticas, teóricas e sociais, cuja raiz está 
na compreensão do trabalho, seu significado e metamorfoses. O 
trabalho, aqui entendido como processo dinâmico, representa 
para o trabalhador sua história individual e também coletiva. A 
centralidade do trabalho2 (Antunes, 1999) nas vidas das pessoas 
é repleta de antagonismos e contradições, pois ao mesmo tempo 
em que é propiciador de qualidade de vida, de satisfação das ne-
cessidades básicas, pode também representar o seu anverso, de-
vido às condições destrutivas da organização trabalho3 na lógica 
do capital, que pode determinar a produção de doenças e mortes.
A construção do conhecimento e a compreensão das múl-
tiplas determinações que constituem o processo saúde-doença 
incorporaram a relação dialética entre o capital e o trabalho na 
explicitação do conjunto de manifestações no corpo e na mente 
dos indivíduos. Como refere Dias,
os trabalhadores vivem, adoecem e morrem de forma com-
partilhada com a população de um determinado tempo, lugar, e 
classe social, mas também, de forma diferenciada, decorrente de 
sua inserção particularno processo produtivo, sustenta a propo-
sição de que esta especificidade deve ser contemplada no atendi-
mento às suas necessidades de saúde (Dias, 1994, p. 28).
Compreender a saúde nessa dimensão significa entendê-la 
na divisão social e técnica do trabalho. Representa entender “o 
processo de trabalho como espaço concreto de exploração [...] e a 
saúde do trabalhador como expressão, igualmente concreta, des-
ta exploração” (Laurell e Noriega, 1989, p. 23). Os desafios são de 
diferentes ordens, uma vez que o capital procura dissimular seu 
caráter de exploração, mas fica cada vez mais difícil esconder sua 
natureza, ou seja, “a nova ordem teoriza e pratica, abertamente, 
as desigualdades como uma necessidade intrínseca do capital” 
(Augusto, 2001, p. 170). Assim, fica exposta a estranha lógica na 
qual a igualdade tem valor negativo e a desigualdade valor positi-
vo, a fim de naturalizar a mesma.
A configuração do trabalho no sistema capitalista tem apre-
sentado, em seus vários ciclos, sistemas gerenciais com evolução 
crescente da produção, da qualificação profissional, do ritmo de 
trabalho e da fragmentação do processo produtivo. O contexto 
é de precarização, flexibilização, trabalho parcial, polivalência de 
funções, redução dos postos de trabalho, aceleramento no ritmo 
da produção e das ações somado ao desemprego estrutural, à im-
plementação de novas tecnologias, com salários em declínio e/
ou instáveis. Ressaltam-se ainda outras questões relacionadas à 
precarização dos contratos de trabalho, tanto aquelas denomina-
das de precariedade objetiva (contrato por prazo determinado, 
trabalho temporário) quanto as de precariedade subjetiva, tão ou 
mais prejudicial à saúde quanto a anterior, como a instabilidade 
dos contextos técnicos e organizacionais, em que se constata a 
fragilidade das organizações não governamentais e cooperativas 
que fazem os contratos com os profissionais terceirizados, e a res-
ponsabilização dos assalariados, tornando-os responsáveis pela 
sobrevivência das empresas. Constitui momento predominante 
da atual produção do capital a busca do envolvimento do traba-
lhador enquanto disposição intelectual-afetiva com a lógica da 
valorização do capital, portanto para além do “fazer” e do “saber” 
(-Alves, 2005).
Todas essas condições de trabalho levam a uma verdadeira 
sobressolicitação mental, com uma sobrecarga informacional, 
um verdadeiro “soterramento” sob informações, hipersolicitação 
e tratamento paralelo de tarefas múltiplas, que provocam uma 
situação que poderíamos chamar de transbordamento cognitivo 
(Falzon, 2007). Como uma sensação de transbordamento e satu-
ração, impressão de fazer o urgente passar na frente do importan-
te, de não conseguir fazer o que se planificou, sem compreender 
o porquê, de permanente insatisfação com o trabalho realizado.
A reestruturação produtiva alterou substancialmente o perfil 
do trabalho e dos trabalhadores, assim como os determinantes da 
saúde-doença dos trabalhadores. Essas alterações modificaram 
também o perfil da morbi-mortalidade relacionada ao trabalho, 
assim como a organização e as práticas de saúde e trabalho (Dias, 
1994).
A necessidade de transformações de práticas sociais para 
uma abordagem ampliada da saúde, para fazer frente aos cres-
centes índices de morbidade e mortalidade da população, ocor-
reu em um momento de efervescência do movimento da Reforma 
Sanitária e da democracia brasileira, e resultou na aprovação do 
Sistema Único de Saúde (1990) e na reorganização das competên-
cias das ações de segurança e saúde do trabalhador, na tentativa 
de superar a histórica fragmentação em três áreas: saúde, traba-
lho e previdência.
Em uma retrospectiva histórica situa-se o movimento de Re-
forma Sanitária iniciado no início da década de 1980, como marco 
da área e da denominação “saúde do trabalhador”. A consolida-
ção do conceito legal pela Lei n. 8.080, de 1990, do SUS - Sistema 
Único de Saúde, estabeleceu os procedimentos de orientação bá-
sicos como forma de instrumentalização das ações e dos serviços 
em saúde do trabalhador4.
Tradicionalmente, a atenção prestada aos trabalhadores se 
voltava para o trabalho formal. Porém em tempos de transfor-
mações constata-se que a precarização das relações de trabalho, 
mudou sem dúvida, a forma de compreender a questão, o que 
exigiu transformações radicais na maneira de se conceber e de se 
enfrentar os problemas daí decorrentes.
A concepção atual de saúde do trabalhador entende o so-
cial como determinante das condições de saúde, sem negar que o 
adoecimento deve ser tratado e que é necessário prevenir novas 
doenças, privilegiando ações de promoção da saúde. Tal concep-
ção entende que as múltiplas causas dos acidentes e das doen-
ças do trabalho têm uma hierarquia entre si, não sendo neutras e 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
7
iguais, havendo algumas causas que determinam outras (Mendes 
e Oliveira, 1995). Diferentemente das visões dicotomizadas ante-
riores, propugna-se que os programas de saúde incluam a pro-
teção, a recuperação e a promoção da saúde do trabalhador de 
forma integrada, e que sejam dirigidos não só aos trabalhadores 
que sofrem, adoecem ou se acidentam, mas também ao conjunto 
deles (Dias, 1994). Essas ações devem ser redirecionadas para se 
alcançar as múltiplas mudanças que ocorrem nos processos de 
trabalho, sendo realizadas através de uma abordagem transdisci-
plinar e intersetorial e, ainda, com a imprescindível participação 
dos trabalhadores.
Entre os inúmeros desafios, aponta-se a necessidade de es-
truturação de uma abordagem que tenha como meta a realização 
de ações coletivas, no âmbito da vigilância, da promoção e da pro-
teção da saúde nas quais o sujeito é parte essencial dessa ação.
Portanto, a área da saúde do trabalhador na contemporanei-
dade transcende os conhecimentos específicos da medicina do 
trabalho no sentido de compreender a relação capital-trabalho, 
na qual a saúde e o acidente de trabalho tornam-se expressão 
máxima das desigualdades geradas por esse conflito (Mendes, 
2003). Torna-se fundamental, ao estudar a relação da saúde com 
o trabalho, entender como as sociedades constroem a saúde e 
quais são as possibilidades de sobrevivência individual e coleti-
va (Thébaud-Mony, 2000). O trabalho está, contudo - por meio 
de sua presença ou ausência -, totalmente ligado à evolução da 
questão da saúde, evidenciando a atualidade do nexo produção-
-reprodução da força de trabalho-consumo-ambiente-saúde-
-doença, vistos na sua integralidade (freire, 1995).
É importante reconhecer, ainda, na saúde do trabalhador, 
os desgastes físicos provocados pela modalidade do trabalho 
repetitivo, associado agora à característica polivalente da 
produção, e aos fatores psicossociais do desemprego crescente, 
pois fornecem as bases para a criação de estratégias ao 
trabalhador. Se o local de trabalho é o espaço no qual os processos 
organizativos estão disponibilizados para alcançar determinados 
fins, é importante perceber que os elementos que o integram não 
são homogêneos, pois os trabalhadores criam vínculos e regras 
próprias, e nem sempre obedecem ao dito, ao mensurável, ao 
controlável. A observação dessas práticas de trabalho, bem 
como das relações delas decorrentes, tornam-se pertinentes em 
estudos que buscam compreender a relação do adoecimento 
com o trabalho.
Destaca-se, portanto que a saúde do trabalhador pressupõe 
uma interface entre diferentes alternativas de intervenção que 
contemplem as várias formas de determinação do processo de 
saúde-doença dos trabalhadores (Mendes, 2003). É necessário 
pensar a saúde do trabalhador desde a sua organização na socie-
dade e no trabalho, compreendendo-se essa realidade sob uma 
perspectiva de sujeitos coletivos, conhecendo-os e reconhecen-
do-os historicamente. Desse modo, é preciso, além do diagnós-
tico e do tratamento, a implementação simultânea das modifica-
ções nos ambientes de trabalho, bem como o desenvolvimento 
de outras ações no âmbitoda organização desses ambientes, que 
devem estar em consonância com as múltiplas mudanças nos pro-
cessos de trabalho, as quais retratam a divergência de interesses 
entre capital e trabalho, quando emergem as doenças e os aci-
dentes de trabalho.
Os avanços no campo político e teórico sobre a saúde do tra-
balhador não pode prescindir da construção de uma base legal e 
normativa que contemple diretrizes políticas para a atenção e a 
promoção da saúde do trabalhador. Destaca-se, assim, pela Por-
taria n. 1.679, de 19 de setembro de 2002, a criação da Rede Na-
cional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), como 
estratégia para a elaboração desse instrumento, com ênfase nas 
ações assistenciais. Cabe ressaltar que essa portaria foi apoiada 
pelos profissionais e técnicos dos Centros de Referência em Saúde 
do Trabalhador - Cerest e setores do movimento dos trabalhado-
res, que reconheceram na iniciativa as possibilidades de institu-
cionalização e fortalecimento da saúde do trabalhador, no SUS. 
Pela primeira vez seria possível contar com um financiamento ex-
trateto das ações, vinculado à operacionalização de um Plano de 
Trabalho de Saúde do Trabalhador, em nível estadual e municipal. 
A partir de 2003, a coordenação da Área Técnica de Saúde do Tra-
balhador do Ministério da Saúde priorizou a implementação da 
Renast como a principal estratégia da Política Nacional de Saúde 
do Trabalhador (PNST) para o SUS (MS, 2004).
Essas ações são parte do debate em torno da articulação da 
área e da construção da proposta de Política Nacional de Seguran-
ça e Saúde do trabalhador - PNSST contendo importantes propo-
sições e contemplando os papéis a ser desempenhado, entre ou-
tros, pelo Ministério da Saúde (assistência e vigilância), Ministério 
da Previdência (benefício por incapacidade e implementação do 
nexo epidemiológico presumido) e Ministério do Trabalho (dire-
trizes e normas de SST). Assim, a segurança e Saúde do Trabalha-
dor - SST atende o intento de ampliação das ações de promoção, 
resultando na ampliação da cobertura dos trabalhadores, na har-
monização de normas e articulação de ações; precedência da pre-
venção sobre a reparação; estruturação de uma rede integrada 
em SST; reestruturação da formação em SST; promoção de uma 
agenda integrada de estudos e investigação em SST (Lacaz, 2010). 
Porém, apesar desse esforço, não há ainda a efetivação da PNSST 
em decreto presidencial, para assim viabilizar efetivamente as 
ações propostas nelas contidas. Há de se considerar ainda diver-
gências constantes na proposta da política, as quais representam 
questões de concepção travestidas, por vezes, de terminologias 
que, na sua essência, ocultam históricas tensões entre as áreas.
Ao demonstrar as implicações do trabalho sobre a saúde e os 
constantes embates que delineiam a área de saúde do trabalha-
dor, identificam-se nas relações sociais da sociedade capitalista 
distintas perspectivas no campo ético, político e econômico. Tal 
constatação demanda sólido conhecimento teórico-metodológi-
co e a articulação com as forças sociais, na defesa da saúde do 
trabalhador, como direito, e no sentido da emancipação do traba-
lhador, rompendo com abordagens conservadoras que concebe o 
adoecimento como fenômeno estranho ao processo de produção.
 
Apontamentos sobre a dimensão teórico-metodológica do 
Serviço Social na saúde do trabalhador
Tem-se na teoria social crítica a apropriação e a possibilidade 
da mediação da realidade que perpassa as duas categorias cen-
trais e vitais, que são a saúde e o trabalho. Os embates teóricos 
que fundam o pensamento social frente ao capitalismo contem-
porâneo são dilemas que vêm desafiando a profissão, em simetria 
com a área da saúde do trabalhador. Ou seja, a mundialização da 
economia com sua crescente financeirização, o complexo de rees-
truturação produtiva, os embates em torno das políticas sociais e 
o papel do Estado são processos sociais em curso, que só podem 
ser compreendidos no campo teórico-metodológico, à luz do ma-
terialismo dialético-histórico.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
8
O Serviço Social e a saúde do trabalhador referenciada na 
perspectiva da matriz marxista constituem “o fundamento para 
análise teórica da produção das condições materiais da vida so-
cial” (Netto, 2009, p. 682). Indissociavelmente, para entender a 
estrutura e a dinâmica da sociedade e determinações sobre o ob-
jeto saúde do trabalhador, há necessidade de um conhecimento 
dotado de força social e política para assim incidir sobre a realida-
de concreta circunscrita na saúde e no trabalho.
Portanto, ao evidenciar, o contexto social e político que en-
volve a saúde do trabalhador, é inegável o impacto de suas par-
ticularidades nos diferentes e crescentes espaços sócio-ocupa-
cionais voltados para a atenção à esse aspecto. Trata-se, aqui, da 
necessidade de ampliar a busca pela compreensão das transfor-
mações sociais para ressignificar a realidade vivenciada pelos pro-
fissionais e pelos sujeitos vinculados à sua ação e, acima de tudo, 
para compreender como e onde se produz o processo de saúde-
-doença. Além disso é preciso, identificar quais as necessidades 
produzidas por ele e como se dá o processamento do trabalho 
nessa área. São questões que vêm demandando respostas, como 
já mencionado, no deciframento e na compreensão do contexto 
sócio-histórico, mas entendendo que a saúde do trabalhador en-
volve, necessariamente, outros quatro grandes pilares que repre-
sentam e ampliam as mediações no campo ético-político, teórico-
-metodológico e técnico-operativo: a) a concepção de saúde; b) 
o processo de saúde-doença e seus determinantes sociais; c) a 
proteção social; d) a concepção de saúde do trabalhador. Assim, 
identificam-se categorias teóricas e também constitutivas da rea-
lidade com a qual o assistente social trabalha, fundamentalmen-
te, por traduzir um conjunto de elementos que contribuem para 
o desocultamento e ao mesmo tempo para o enfrentamento do 
processo de saúde-doença por meio da identificação das necessi-
dades de proteção social nele presentes e que são fundamentais 
para compreender o conceito de saúde do trabalhador.
Ao trazer inicialmente a base conceitual de categoria saúde 
objetiva-se explicitar que a noção ampliada de saúde caracteriza-
-se pela sua dimensão social, econômica e política, ou seja, como 
aponta Thébaud-Mony e Appay (2000), a saúde é um processo 
dinâmico que se insere em diferentes lógicas, ou seja, represen-
ta por onde “o indivíduo se constrói e caminha, se inscreve no 
trabalho, nas condições de vida, nos acontecimentos, nas dores, 
no prazer, no sofrimento e em tudo o que constitui uma história 
singular, mas também a história coletiva”.
Nessa perspectiva, a saúde é resultado das possibilidades de 
satisfação de necessidades básicas materializadas em direitos so-
ciais, o que pressupõe a articulação das diferentes interfaces so-
ciais entre modo de viver e acesso que os indivíduos têm aos bens 
e serviços, os quais contribuem para redefinir o binômio saúde/
doença (Mendes, 2003). Entende-se, dessa maneira, que a saúde 
representa o acesso a um conjunto de condições básicas neces-
sárias e um mecanismo de enfrentamento das desigualdades so-
ciais. Reconhecidamente de forma materializada no plano legal, 
pelo conceito contemplado pela Lei n. 8080, que dispõe sobre o 
Sistema Único de Saúde no SUS (1990), a saúde é “resultante das 
condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente, tra-
balho, transporte, emprego, lazer e liberdade, acesso à proprieda-
de privada da terra e dos serviços de saúde” (Brasil, 1990).
Esse conceito representa não apenas um avanço legal, mas 
o reconhecimento do acúmulo produzido no campo do conhe-
cimento que rompeu com conceituações construídas ao longo 
história social que vinculam saúde a causalidades unilaterais, co-
nhecimento este incorporado pelo movimento da sociedade e de 
seus agentes políticos no bojo da Reforma Sanitária do Brasil em 
meados dadécada de 1980. Assim, os princípios que fundaram o 
Sistema Único de Saúde no Brasil, a partir da concepção ampliada 
de saúde, vão exigir políticas que atendam as diferentes necessi-
dades em saúde. São princípios constituídos pela universalidade, 
integralidade e equidade e pela defesa da promoção à saúde, par-
ticipação da população e dever do Estado. Sua efetivação requer 
políticas sociais e ações intersetoriais que contribuam para o en-
frentamento do processo de saúde e doença.
As determinações sociais do processo de saúde-doença re-
presentam as condições sociais objetivas de vida e de trabalho 
da população. Reconhecem, assim, a saúde e a doença como um 
processo social, fundamentado na base material de sua produção 
e na articulação de processos biológicos e sociais. Isso ficou de-
monstrado pelos estudos de Laurell (1983), que explicita, funda-
mentalmente, a relação trabalho-saúde. Suas pesquisas mostram 
as mudanças do perfil epidemiológico através do tempo e eviden-
ciam o caráter social no estudo comparativo, possibilitando ver 
que o adoecer/morrer são distintos nas diferentes classes sociais, 
demonstrando que as doenças são socialmente produzidas e his-
toricamente determinadas. No que tange ao trabalho, destaca-se 
o lugar da organização social da produção, das expressões do tra-
balho hoje e as contradições presentes no desenvolvimento das 
forças produtivas que impactam sobre a saúde. Traduzem-se em 
processos de adoecimento e de exclusão do “mundo do traba-
lho”, de perda do reconhecimento e identidade social do traba-
lhador, atingindo sua subjetividade e condicionando formas de 
ser e de viver.
A compreensão das multicausalidades e diferentes interfaces 
explicitadas a partir da concepção de saúde, do processo de saúde 
e doença na sua relação com o trabalho, constitutiva de determi-
nações sociais, pressupõe reconhecê-las como demandas sociais 
a serem respondidas pelo Estado. Entretanto, o que a história re-
cente tem demonstrado é que o atendimento dessas demandas 
depende da capacidade de poder dos diferentes agentes sociais 
e políticos transformarem suas necessidades em demandas polí-
ticas (Fleury, 1994), levando, assim, o Estado a dar respostas aos 
efeitos produzidos pela desigualdade social. Resposta constitutiva 
da formatação dos sistemas de proteção social que passa a re-
presentar, na perspectiva da análise explicitada na concepção de 
saúde, mecanismos de enfrentamento aos determinantes sociais 
que incidem no processo de saúde-doença e trabalho.
Entende-se, a partir desses apontamentos, que a proteção 
social representa a estruturação de um conjunto de políticas so-
ciais que se efetivam pela intervenção do Estado visando à satisfa-
ção das necessidades sociais. Tais políticas resultam do reconhe-
cimento das contradições existentes na sociedade capitalista e da 
concentração da riqueza coletivamente produzida. Esse reconhe-
cimento é, historicamente, fruto da capacidade da classe traba-
lhadora de denunciar e de se rebelar contra formas de opressão e 
ausência de condições básicas para a sua reprodução. A proteção 
social é compreendida como “um conjunto de ações, instituciona-
lizadas ou não, que visam proteger a sociedade ou parte desta dos 
impactos de riscos naturais e/ou sociais que incidem sobre o indi-
víduo e a coletividade, os quais decorrem fundamentalmente das 
desigualdades sociais que acompanham os diferentes estágios da 
sociedade capitalista” (Mendes, Wünsch e Couto, 2006).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
9
A evolução dessa proteção social representa formas distin-
tas de enfrentamento da questão social e responde inicialmen-
te à organização do trabalho, avançando para o reconhecimento 
dos direitos inerentes à condição de cidadania (Fleury e Ouver-
ney, 2008). Isso significa uma concepção de proteção social que 
engloba a noção de seguridade social (Pereira, 2000) e que vem 
superando a visão de seguro social que predominou nas primeiras 
legislações sociais. A seguridade social viabiliza-se por meio de 
políticas públicas que atendam, portanto, as mais diferentes si-
tuações de vulnerabilidade social que atingem os cidadãos, sejam 
elas decorrentes das relações sociais de produção, sejam conse-
quência das contingências naturais dos ciclos vitais. A proteção 
social se afirma como mediações que concretizam direitos sociais, 
na inter-relação entre o político e o econômico na sociedade ca-
pitalista, uma vez que expressa a correlação de forças e embates 
políticos entre as classes sociais.
Na área da saúde do trabalhador, tem-se a proteção social 
como balizadora dos direitos a ele relacionados. Ela passa a ser 
definidora das reais e efetivas condições de garantia e preser-
vação das condições de vida da classe trabalhadora. Também se 
constitui um indicador das insuficientes condições de reprodução 
social advindas do ofensivo movimento do capitalismo sobre o 
trabalho humano, ao longo de seu processo de acumulação.
No Brasil, a Seguridade Social contemplada constitucional-
mente institui três grandes políticas sociais como constitutivas da 
proteção social: a Saúde, a Previdência Social e a Assistência So-
cial. Isto representa avanços importantes, fundamentalmente no 
campo da política de saúde, pela sua universalidade e pelo reco-
nhecimento da Assistência Social como política pública. Inaugura 
também uma nova relação entre Estado e a sociedade pelo seu 
caráter descentralizado e participativo. Entretanto, este modelo, 
enseja contradições históricas que não foram superadas, cujos 
reflexos incidem e se visibilizam na análise que se faz sobre o tra-
balho e a saúde do trabalhador. Factualmente o que se constata é 
que as refrações das expressões do trabalho presentes na saúde 
do trabalhador são respondidas pelo Estado de forma insuficien-
te.
A Previdência Social, que se constitui como núcleo central e 
histórico do sistema brasileiro de proteção social, não supera a 
clivagem entre capazes e incapazes para o trabalho, reforçando 
que é o trabalho que define quem tem ou não direitos (Boschet-
ti, 2008). A natureza contratualista e securitária da Previdência 
reafirma, como bem destaca Fleury, “o caráter público do segu-
ro social introduz uma contradição entre o vínculo individual e a 
garantia social do benefício” (1994, p. 154). O modelo de prote-
ção social brasileiro estruturado através do trabalho assalariado 
produziu grandes lacunas ao longo de sua evolução, que se am-
pliaram a partir das necessidades que emergem das novas formas 
produtivas, as quais alteram não só a natureza dos processos de 
trabalho, mas, principalmente, o emprego formal e as relações de 
trabalho, constando-se assim um incontável número de trabalha-
dores desprotegidos socialmente.
A fronteira entre proteção e desproteção social tensiona coti-
dianamente a saúde do trabalhador, particularizada no reconheci-
mento da relação trabalho e saúde. Tal fronteira situa-se na arena 
de conflitos do capital e trabalho, cujas manifestações principais 
estão relacionadas às condições em que o trabalho se realiza e à 
caracterização de doenças e acidentes relacionados ao trabalho. 
Ela repercute fundamentalmente no acesso ou não à renda legal-
mente instituída por meio “benefícios” pelo modelo de Previdên-
cia Social, seja pela ausência do reconhecimento do adoecimento 
seja, pela falta de vínculo com o sistema.
Aponta-se a Previdência Social como política social estraté-
gica no campo da proteção social e dos direitos sociais, dado ao 
seu caráter distributivo de renda, sem, contudo, se dissociar das 
prerrogativas da política de saúde. Indica-se, também a lacuna 
presente entre Previdência e Assistência, na qual a segunda não 
consegue suprir as necessidades representadas pelo contexto do 
trabalho e de suas características amplamente já referidas.
A direção apontada sobre a proteção social e a saúde do tra-
balhador situa-se na elevação do papel do Estado numa perspec-
tiva contra-hegemônica dos trabalhadores frente à imposição docapital sobre o Estado. Destaca-se que os avanços ocorridos nesse 
campo são produtos históricos, da permanente busca dos traba-
lhadores pelos seus direitos, mas atentos que estes, os direitos 
sociais, “não significam a superação da desigualdade e nem das 
formas de opressão vigente na vida cotidiana” (Behring e Santos, 
2009 p. 280).
Reafirma-se, a partir das perspectivas apontadas, a definição 
de saúde do trabalhador como um processo dinâmico, social, po-
lítico e econômico, que envolve diferentes manifestações de agra-
vos relacionados aos processos de trabalho e aos processos so-
ciais e que requer a articulação de um conjunto de conhecimen-
tos e intervenções que possam incidir sobre as condições efetivas 
do processo de saúde-doença e de proteção social.
Essa formulação adquire sentido por meio da mediação teó-
rico-metodológica, cuja perspectiva crítica conduz à identificação 
e à compreensão da construção social de invisibilização do pro-
cesso de saúde-doença no trabalho. O cenário de desigualdade 
social, ao mesmo tempo em que produz esse processo, o oculta. 
A invisibilidade é resultante de aspectos objetivos e subjetivos 
nas relações sociais e que contribuem para tornar o fenômeno 
saúde-doença individualizado, descontextualizado e naturalizado. 
Os processos de adoecimento são ocultados frente à precarização 
das condições e relações de trabalho, o que vem levando ao não 
reconhecimento dos agravos relacionados ao trabalho e à conse-
quente ausência de proteção social (Wünsch, 2005).
Evidenciar a construção social da invisibilidade do processo 
de saúde-doença e compreendê-la significa tornar possível o des-
vendamento dos mecanismos sociais que ocultam esse processo 
e encontrar possibilidades de ação. Isso resulta, na perspectiva 
de superação do que vem limitando a área da saúde do trabalha-
dor a incorporar os seus avanços e, ao mesmo tempo, possibili-
tar a construção crítica do conhecimento frente ao já instituído. 
Entendem-se os diferentes espaços sócio-ocupacionais em que a 
saúde do trabalhador se apresenta como objeto profissional para 
o assistente social, com imensos desafios. Porém a contribuição 
e as respostas da profissão não podem prescindir da busca e da 
elucidação da realidade social, bem como do reconhecimento, do 
lugar e do papel do trabalhador nesse contraditório campo de in-
tervenção.
 
Espaços sócio-ocupacionais e os desafios e respostas do Ser-
viço Social para a área da saúde do trabalhador
Os espaços sócio-ocupacionais que requerem a presença do 
assistente social na área da saúde do trabalhador representam o 
conjunto de serviços e programas que expressam a dinâmica das 
políticas sociais e da sociedade, bem como dos processos sociais 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
10
que incidem nas antigas e novas demandas atendidas nesse cam-
po. Esses espaços são expressões que conjugam, ao mesmo tem-
po, os avanços políticos da área e as refrações do trabalho sobre 
a saúde. Para o Serviço Social, o significado é de reconhecimento 
do papel e perfil profissional para com a área. Contudo, também 
se entende que as requisições desse trabalho confrontam-se com 
a condição de trabalhador assalariado, resultando numa tensa 
relação dessa condição com o projeto ético-político da profissão 
(Iamamoto, 2007). As contradições presentes nesses espaços dão 
a dimensão dos desafios para que sejam efetivados projetos que 
qualifiquem as ações profissionais na busca de respostas inova-
doras que repercutam sobre as condições sociais e materiais da 
população trabalhadora.
O trabalho na área da saúde do trabalhador assume carac-
terísticas interdisciplinares e intersetoriais, representado pela 
sua natureza multidimensional. O trabalho do assistente social 
é requisitado em diferentes instituições, na prestação direta de 
serviços e execução de programas, cujos principais espaços pro-
fissionais são: atenção básica de saúde, centros regionais de refe-
rência em saúde do trabalhador, hospitais públicos ou privados e 
serviços ambulatoriais referenciados, previdenciária social como 
espaço específico para o Serviço Social e reabilitação profissional, 
institutos próprios de previdência, serviços de medicina e segu-
rança do trabalho vinculado a empresas e/ou instituições tercei-
rizadas, gestão de recursos humanos para o desenvolvimento de 
programas voltados para a saúde do trabalhador, sindicatos que 
desenvolvem programas de promoção da saúde e defesa de di-
reitos, serviços de vigilância e educação em saúde, trabalhos de 
assessoria e consultoria, organizações de ensino e pesquisa em 
saúde, entre outras áreas.
Entretanto, essa multiplicidade de espaços de intervenção 
precisa ser compreendida a partir da clareza dos limites repre-
sentados pelos diferentes embates políticos e teóricos que re-
fletem na implementação das políticas de saúde do trabalhador. 
Em outras palavras, como refere Raichelis (2010), os espaços pro-
fissionais condensam, e são confrontadas concepções, valores, 
intencionalidades, propostas de sujeitos individuais e coletivos, 
articulados em torno de distintos projetos em disputa no espaço 
institucional.
Nessa perspectiva, aponta-se outro dilema colocado para a 
profissão, que é o de identificar os nós górdios que vêm histo-
ricamente engessando as estruturas e determinando condutas 
profissionais e técnicas conservadoras e reprodutoras de antigas 
estratégias travestidas de novas. Transformam-se direitos sociais 
em “benefícios” estabelecendo uma tênue relação entre a garan-
tia e/ou assistencialização desse direito.5
Pensar a intervenção na área da saúde do trabalhador e os 
diferentes condicionamentos sobre o processo de trabalho em 
que se insere o assistente social requer, portanto, um conjunto de 
competências e exigências. Assim, alguns elementos constituem-se 
como eixos norteadores para o trabalho. Inicialmente, aponta-se o 
caráter interdisciplinar do trabalho, demarcando um lugar que con-
juga os diferentes conhecimentos e as especificidades das profis-
sões ali inseridas, conferindo uma dimensão processual ao trabalho 
para superar a fragmentação do saber e das limitações encontradas 
durante o processo de intervenção e de conhecimento.
A compreensão das diferentes dimensões que envolvem os 
processos de saúde-doença e trabalho potencializa e amplia o 
próprio espaço profissional no enfretamento das suas determina-
ções. Para tanto, nessa perspectiva, o trabalho do assistente social 
se materializa na capacidade de trabalhar em equipes com forma-
ção interdisciplinar, buscando a intersetorialidade e a interface da 
saúde do trabalhador com as demais políticas sociais. Esse traba-
lho exige uma abordagem interinstitucional, de reconhecimento 
das diferentes instituições e programas que estão relacionados a 
esse campo, em particular os vinculados à Seguridade Social, con-
tribuindo assim para a integralidade das ações e de universalida-
de no acesso aos serviços em todos os níveis de proteção social.
Significa, assim, situar o objeto de trabalho do assistente so-
cial na saúde do trabalhador no processo de saúde-doença e suas 
expressões decorrentes do trabalho e diretamente atreladas ao 
processo de produção e reprodução social que incidem na vida 
do trabalhador. Para tal, pressupõe dos profissionais o conheci-
mento teórico-metodológico e requer uma intencionalidade críti-
ca, clareza ética, que se expressa no compromisso político com a 
transformação e a superação do seu objeto. Portanto, requer um 
conjunto de competências, as quais perpassam a compreensão 
das relações que envolvem o processo de saúde-doença e traba-
lho; das múltiplas vivências dos sujeitos e de como percebem o 
processo de adoecimento; do conhecimento das políticas sociais 
e dos princípios que as norteiam; da capacidade de leitura crítica 
da realidade, de análise socioinstitucional e de articulação com a 
rede de serviços; da capacidade de desvendamento da questão 
social dando visibilidade à mesma a partir da apreensão das suasexpressões no processo de saúde-doença e trabalho, na demanda 
institucional, na vida dos sujeitos e nos impactos desse processo 
na família e no meio social; da postura investigativa, interpreta-
tiva, crítica, ética, de escuta, reflexiva, relacional, propositiva, da 
capacidade de mobilizar pessoas, profissionais e instituições; da 
capacidade de trabalhar interdisciplinarmente no planejamen-
to, na gestão, na execução e na implementação de políticas e 
na avaliação delas; da capacidade de avaliação do impacto e da 
efetividade do trabalho profissional com vistas a incidir de forma 
qualitativa no objeto de intervenção; da sistematização e reflexão 
acerca do processo de trabalho e disseminação do conhecimento 
a partir dele.
Reitera-se que as competências evidenciadas são construídas 
a partir de um referencial teórico crítico que articula as diferentes 
dimensões do processo de trabalho na área, mas que deve se aliar 
à capacidade de esses profissionais estabelecerem mecanismos 
de formação permanente, - o que implica um aprendizado siste-
mático que valorize a experiência profissional e a reflexão sobre 
a mesma, resultando em novas estratégias de intervenção, vis-
lumbrando novos “sentidos” para o trabalho e ao mesmo tempo 
ampliando o significado social da profissão.
Os desafios colocados para o assistente social na área da 
saúde do trabalhador representam dilemas compartilhados e de-
batidos pelo conjunto da categoria. Neles estão presentes ques-
tões que remetem ao constante embate entre projetos políticos e 
ético-políticos da profissão.
Nessa área do conhecimento e intervenção, o assistente 
social é requisitado a responder a demandas legitimadas pelas 
contradições produzidas na ofensiva do capital sobre os traba-
lhadores. O trabalhador Assistente Social não fica imune às con-
frontações advindas desse contexto. Sobre ele impactam também 
as mesmas exigências colocadas sobre o trabalho e os agravos 
sobre a sua saúde do conjunto dos trabalhadores. Conjugam-se 
a essa realidade as condições objetivas para exercer o trabalho, 
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
ASSISTENTE SOCIAL
11
os limites colocados pelos órgãos empregadores, pelas relações 
de poder, pelo estatuto político-legal e recursos programáticos e 
financeiros, entre outras determinantes que interferem nas atri-
buições profissionais. A concretude do trabalho profissional oscila 
entre o reconhecimento do trabalhador, o impacto de suas ações 
sobre a saúde e o trabalho e os limites resultantes de múltiplas 
determinações sobre o processo de trabalho em que se insere o 
assistente social.
As diferentes formas de precarização do trabalho e o cresci-
mento dos acidentes e adoecimento resultantes do trabalho e as 
necessidades, daí resultantes, são marcas históricas que sinalizam 
para a sociedade o lugar desse fenômeno, como produto das re-
lações sociais da sociedade capitalista. Ao Serviço Social compete 
realizar o enfrentamento das diferentes formas e dimensões de 
como se dá à produção e reprodução das relações sociais. Assim, 
deve a profissão, como bem aponta Iamamoto (2007), contribuir 
para a progressiva democratização dessas relações.
A saúde do trabalhador choca-se com a lógica do capital, 
onde estão representados distintos interesses de classe e na 
dimensão dos acidentes e das doenças resultantes do trabalho 
ocorre a ampliação e a visibilidade que marcam essas contradi-
ções existentes. Por isso a necessária ruptura com perspectivas 
conservadoras, neoconservadoras e moralizadoras presentes na 
área, as quais vêm se constituindo em obstáculos, principalmen-
te, para a promoção de políticas voltadas para a saúde do traba-
lhador, que representem a defesa da saúde enquanto direito.
Portanto, as mediações políticas, teóricas e metodológicas 
processadas pelo assistente social na sua imersão na área da 
saúde do trabalhador expressam amplas possibilidades, as quais 
devem ser construídas a partir da participação das forças políti-
cas, de estabelecer mecanismos que superem a fragmentação das 
políticas específicas e transversais da saúde do trabalhador, reco-
nhecimento e elevação do papel do Estado, na ampla necessidade 
de compreender que só há efetivo desenvolvimento social à luz 
do reconhecimento da defesa do trabalho e da saúde.
Os desafios apontados na interface entre Serviço Social e saú-
de do trabalhador, devem orientar novas problematizações para a 
área, contribuir para o avanço do conhecimento e, acima de tudo, 
enfrentar o que se identificou aqui como uma dispersa demanda. 
Essa demanda é constitutiva da direção ético-política da profissão 
e das exigências impostas pela realidade social.
Nessa perspectiva é que se assinala a necessidade imperio-
sa da plena apropriação de referenciais teóricos e metodológicos 
como definidores do trabalho profissional e da contribuição para 
área da saúde do trabalhador. Para tanto é imprescindível sua in-
corporação na agenda política da categoria em articulação com 
outras forças políticas comprometidas com a saúde do trabalha-
dor. É preciso pensar na saúde do trabalhador para além de con-
dição necessária à reprodução social da classe trabalhadora, mas 
como um direito social inerente ao homem, condição indispensá-
vel para a vida e a sociabilidade humana.3
3 Fonte: www.scielo.br - Jussara Maria Rosa Mendes/Dolo-
res Sanches Wünsch
2. HISTÓRIA DA POLÍTICA SOCIAL.
2.1. O MUNDO DO TRABALHO NA ERA DA REESTRUTU-
RAÇÃO PRODUTIVA E DA MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL
O estudo das políticas sociais, na área de Serviço Social, vem 
ampliando sua relevância na medida em que estas têm-se consti-
tuído como estratégias fundamentais de enfrentamento das ma-
nifestações da questão social na sociedade capitalista atual.
Não se pode precisar um período específico do surgimento 
das primeiras identificações chamadas políticas sociais, visto que, 
como processo social, elas se originam na confluência dos movi-
mentos de ascensão do capitalismo como a Revolução Industrial, 
das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal.
Sua origem relaciona-se aos movimentos de massa social-
mente democratas e à formação dos estados-nação na Europa 
Ocidental do final do século XIX, porém sua generalização situa-
-se na transição do capitalismo concorrencia para o capitalismo 
monopolista, especialmente em sua fase tardia, após a Segunda 
Guerra Mundial (Behring & Boschetti, 2006, p.47).
Historicamente, o estudo das políticas sociais deve ser mar-
cado pela necessidade de pensar as políticas sociais como “con-
cessões ou conquistas”, na perspectiva marxista (Pastorini, 1997, 
p.85), a partir de uma ótica da totalidade. Dessa forma, as políti-
cas sociais são entendidas como fruto da dinâmica social, da inter-
-relação entre os diversos atores, em seus diferentes espaços e a 
partir dos diversos interesses e relações de força. Surgem como 
“[...] instrumentos de legitimação e consolidação hegemônica 
que, contraditoriamente, são permeadas por conquistas da classe 
trabalhadora” (Montaño, 2007, p.39).
A política econômica e a política social estão relacionadas in-
trinsecamente com a evolução do capitalismo (conforme propos-
ta de reflexão), fundamentando-se no desenvolvimento contradi-
tório da história (Vieira E., 2007, p.136). Tais políticas vinculam-se 
à acumulação capitalista e verifica-se, a partir daí, se respondem 
às necessidades sociais ou não, ou se é mera ilusão.
Segundo Vieira E. (1995, p.15), a acumulação é o “[...] senti-
do de concentração e de transferência da propriedade dos títu-
los representativos de riqueza”. As transformações ocorridas nas 
revoluções industriais acarretaram uma sociedade com um vasto 
exército de proletários.
A política social2 surge no capitalismo com as mobilizações 
operárias e a partir do século XIX com o surgimento desses mo-
vimentos populares, é que ela é compreendida como estratégia 
governamental. 
Com a Revolução Industrial na Inglaterra, do século XVIII a 
meados do século XIX, esta trouxe consequências como a urbani-
zação

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