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PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CURSO I PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CEPED/UFSC – Florianópolis, 2021 – 1ª EDIÇÃO CURSO I FICHA INSTITUCIONAL REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Presidente da República Jair Messias Bolsonaro MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL – MDR Ministro Rogério Simonetti Marinho SECRETARIA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – SEDEC Secretário Alexandre Lucas Alves DEPARTAMENTO DE ARTICULAÇÃO E GESTÃO – DAG Diretora Karine da Silva Lopes UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC Reitor Prof. Ubaldo Cesar Balthazar, Dr. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEAD Secretário de Educação a Distância Prof. Luciano Patrício Souza de Castro, Dr. CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ENGENHARIA E DEFESA CIVIL – CEPED Coordenador Geral Prof. Amir Mattar Valente, Dr. Coordenadora do Projeto Profa. Ana Maria Bencciveni Franzoni, Dra. Coordenador Técnico Rafael Schadeck FUNDAÇÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOCIOECONÔMICOS – FEPESE Presidente Prof. Raimundo Nonato de Oliveira Lima CURSO I PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL 30 horas CURSO III PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: GESTÃO DE RISCO 30 horas CURSO II PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL 30 horas CURSO IV PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: GESTÃO DE DESASTRE 30 horas JORNADA DO ALUNO GUIA DE AMBIENTAÇÃO – COMO LER O E-BOOK Você sabia? Direciona para materiais complementares a fim de aprofundar conhecimentos sobre determinado assunto. Atenção! Destaca informações importantes que precisam ser vistas com maior atenção. Está na lei Reproduz o texto de uma lei, normativa ou decreto. Trazendo para a realidade Exemplifica como determinada diretriz, lei, regra ou determinação aplica-se na prática. Nota Esclarece um termo ou aprofunda uma informação que está no corpo do texto. O objetivo deste Guia de Ambientação é orientar você na leitura e utilização correta dos conteúdos dos cursos da Capacitação em Proteção e Defesa Civil. Este guia deve servir de base para que você encontre as informações necessárias para resolver suas dúvidas relacionadas ao que encontrar em cada tópico do material. SIGLAS E ABREVIATURAS AMC Adaptação às Mudanças Climáticas ANA Agência Nacional de Águas Cemaden Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Nacionais Cenad Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres Cobrade Classificação e Codificação Brasileira de Desastres Codar Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos Conpdec Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil Coredecs Coordenadorias Regionais de Defesa Civil CPRM Serviço Geológico do Brasil CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos DAG Departamento de Articulação e Gestão DIRDN Década Internacional para Redução dos Desastres Naturais DOP Departamento de Obras de Proteção e Defesa Civil ECP Estado de Calamidade Pública EIRD Estratégia Internacional de Redução de Desastres FIDE Formulário de Informações do Desastres Funcap Fundo Especial para Calamidades Públicas Geacap Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas GRD Gestão de Riscos de Desastres GT Grupo de Trabalho MDR Ministério do Desenvolvimento Regional MJNI Ministério da Justiça e Negócios Interiores ONU Organização das Nações Unidas P&DC Proteção e Defesa Civil PNDC Política Nacional de Defesa Civil PNPDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil RRD Redução de Riscos de Desastres SE Situação de Emergência SEDC Sistema Estadual de Defesa Civil Sedec Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil Sedec (antigo) Secretaria Especial de Defesa Civil Sindec Sistema Nacional de Defesa Civil Sinpdec Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil UNDRR Escritório das Nações Unidas para Redução de Risco de Desastres Para atuar na área de Proteção e Defesa Civil (P&DC), você deve se preparar! E um dos primeiros passos para isso é entender o histórico, os órgãos relacionados e a legislação aplicada à área. Para explicar melhor esses tópicos de estudo, o curso foi organizado em três unidades. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CURSO I MARCELO CAMARGO, AGÊNCIA BRASIL SUMÁRIO UNIDADE 1 A PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL NO BRASIL página 10 UNIDADE 2 CONCEITOS PRELIMINARES página 43 UNIDADE 3 CONTEXTO DOS DESASTRES página 80 CONSIDERAÇÕES FINAIS página 97 9CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL OBJETIVOS Os conteúdos seguem uma linha de raciocínio: inicia-se falando sobre o histórico da Defesa Civil, na sequência, a discussão avança sobre os principais conceitos para, então encerrar apresentando o contexto dos desastres no Brasil e no mundo por meio de exemplos e dados históricos. Realizando o curso com dedicação e atenção, ao final de seus estudos, você deve: Compreender os principais conceitos relacionados a riscos e a desastres. Conhecer os principais aspectos normativos. Compreender a P&DC como política pública. UNIDADE 1 A PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL NO BRASIL D U R VA L JR ., A R Q U IV O N A C IO N A L 11CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL NO BRASIL MARCELLO CASAL JR, AGÊNCIA BRASIL Nesta unidade será tratado sobre a Proteção e Defesa Civil Nacional, seus conceitos e o contexto em que está inserida. Para isso, o conteúdo aborda: o histórico da Defesa Civil; a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil; o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil; a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil e as atribuições da União, estados e municípios. Comece seus estudos! 12CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL H istoricamente, o conceito de P&DC deriva de um esforço nacional para proteger populações expostas aos riscos de ataques militares e a grandes desastres. Na sua organização básica, foram incorporados cinco princípios voltados às ações de: HISTÓRICO ORIGEM DA PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL ARQUIVO SEDEC Atuação da P&DC 13CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Quando se resgata as origens da Defesa Civil, pode-se tomar como ponto de partida três momentos cruciais no seu desenvolvimento institucional: ORIGENS DA DEFESA CIVIL Em detalhes, o primeiro serviço implantado de de- fesa civil teve início no Reino Unido, durante a Primeira Grande Guerra, após um bombardeio de áreas civis por zepelins alemães, ocorrido em janeiro de 1915. Tal ex- periência estimulou a criação de programas de P&DC em outros países nas décadas seguintes (anos 1920 e 1930), à medida que as ameaças de guerra e bombardeio aéreo aumentavam, especialmente após o início das ameaças de uso de armas nucleares. Grande dirigível rígido de construção alemã, com carcaça metálica, usado para travessias do Atlântico na década de 1930 (PRIBERAM, 2020). períodos das duas grandes guerras mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945). período pós-Guerra Fria e o início da era digital (1947 a 1991). 1º e 2º momentos 3º momento THE NATIONAL ARCHIVES, 1930 RICHARD R. GANCZAK, 1944 WIKIPEDIA 14CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL No entanto, foi apenas no final da Guerra Fria (1947 a 1991) que o foco da defesa civil saiu da defesa con- tra ataques militares para a prevenção, preparação e resposta de emergências, situações de crise e de- sastres em geral. O novo conceito é descrito por vários termos, cada um com seu significado específico, como: » gerenciamento de crises; » gerenciamento de emergências; » preparação para emergências; » planejamento de contingência; » contingência civil; » ajuda civil; » proteção civil. Assim, a história nos mostra que, no primeiro e se- gundo período, as atençõesestiveram voltadas para o risco de ataques militares, principalmente aos ataques aéreos. Em seguida, após a dissolução da URSS no fim de 1991, o que marcou o fim da Guerra Fria e resultou em uma certa "tranquilidade" no mundo quanto aos ris- cos de uma nova guerra intercontinental, os serviços de defesa civil passaram a atuar de maneira mais efeti- va no atendimento de ocorrências de desastres. Na esteira dos acontecimentos mundiais decorren- tes da 2ª grande guerra, o Brasil instituiu a sua primei- ra Defesa Civil no mesmo momento em que declarou guerra contra a Alemanha e os demais países que compunham o bloco do Eixo em 22 de agosto de 1942. Vapor Itagiba era o navio brasileiro de carga e de passageiros. Tal fato se deu após uma sequência de ataques aos navios de nacionalidade brasileira, ocupados por civis, entre os dias 15 e 17 de agosto do mesmo ano, torpede- ados pelo submarino alemão U-507. As vítimas do vapor Itagiba foram resgatadas pelo cargueiro Arará, que também acabou atacado por torpedos pelo submarino alemão, indo à pique e cau- sando a morte de 20 tripulantes e 36 passageiros. ANTES: Proteção para as família atingidas pelas guerras DEPOIS: Foco para prevenção, preparação e resposta REPRODUÇÃO 15CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A notícia dos afundamentos fez com que a po- pulação brasileira fosse às ruas exigindo do governo da época uma resposta imediata aos ataques, o que culminou na declaração de guerra do Brasil à Ale- manha e à Itália e na criação do Serviço de Defesa Passiva Antiaérea, em agosto de 1942, tendo como referência o modelo britânico de proteção passiva. Isso se deve a uma difusão do que ocorria, principal- mente no continente europeu, onde os países que abrigavam as grandes batalhas vinham, paulatina- mente, desenvolvendo os seus serviços de prote- ção a ataques aéreos. Somente no ano seguinte, em 1943, a denomina- ção de Defesa Passiva Antiaérea foi alterada para Serviço de Defesa Civil, sob a supervisão da Diretoria Nacional do Serviço da Defesa Civil, do então Ministério da Justiça e Negócios Interiores (MJNI). Este órgão aca- bou sendo extinto em 1946, bem como suas respecti- vas diretorias regionais criadas nos estados, territórios e no Distrito Federal, tendo em vista o fim da Segunda Grande Guerra e a reorganização do Ministério, que acabou criando, em 1946, o Conselho de Segurança Nacional ( Decreto nº 9.775, de 6 de setembro de 1946), que passou a tratar das questões de segurança, dentre elas, a segurança global da população. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e diante do baixo risco de ataques militares, a reorganização do Serviço de Defesa Civil no Brasil foi se adaptando para atender as demandas originadas pelas ocorrên- cias de desastres. O Decreto nº 9.775 foi revogado pelo Decreto-Lei nº 348, de 1968. ACERVO, FOLHAPRESS ARAQUÉM DE ALCÂNTARA As décadas de 1960 e 1970 representam o período em que o olhar do país se voltou a essas questões, motivado pelas fortes chuvas que assolaram a Região Sudeste (foto acima) e de uma intensa seca na Região Nordeste (foto ao lado), ocorrida entre os anos de 1966 e 1967. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del9775impressao.htm 16CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Na busca por alcançar os anseios políticos em aten- dimento aos eventos desses anos, já em 1967, com a criação do Ministério do Interior, uma série de organi- zações estaduais emergiram com o viés de Defesa Civil. No entanto, antes da criação do Ministério do In- terior, o estado da Guanabara, atual estado do Rio de Janeiro, ainda em 1966, após as chuvas intensas que provocaram inundações, enxurradas e deslizamen- tos em seu território, constituiu um Grupo de Traba- lho (GT) que teve como objetivo organizar métodos de mobilização dos órgãos de governo em casos de catástrofes. Esse GT foi responsável pela elaboração do primei- ro Plano Diretor de Defesa Civil do estado da Guana- bara, o qual atribuiu diretrizes de organização estadu- al, tendo como exemplo a criação das Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (Coredecs) e a definição de atribuições dirigidas aos órgãos que compunham o Sistema Estadual de Defesa Civil (SEDC), marcando, assim, a institucionalização da primeira estrutura esta- dual de Defesa Civil no Brasil. A Sedec foi responsável por apoiar tecnicamente e administrativamente o Geacap, sendo, portanto, o embrião do que existe atualmente em pleno funcio- namento, correspondendo à atual Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, de mesma sigla: Sedec. As duas décadas seguintes, além de marcarem o término do século XX, o fim da Guerra Fria e o início da era digital, congregaram, também nesse período, os princípios da prevenção em Defesa Civil que emer- giram paralelamente à evolução de uma consciên- cia ambiental, impulsionada por diversas campanhas mundiais sobre a necessidade de preservação da na- tureza e do meio ambiente. Foi nesse contexto que, em 1988, se criou o Sistema Nacional de Defesa Civil (Sin- dec), fortalecido dois anos após, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu: o ano de 1990 como o início da Década Internacional para Redução dos Desastres Naturais (DIRDN). O Brasil, como um dos países signatários nessa inicia- tiva da ONU – a qual tinha como objetivo central promo- ver uma campanha voltada à redução de danos huma- nos, materiais e prejuízos socioeconômicos provocados por desastres, especialmente nos países em desenvol- vimento – elaborou um plano nacional de redução de desastres para a década de 1990, estabelecendo metas e programas a serem alcançados até o ano 2000. O Ministério do Interior tinha, entre suas competências, a missão de assistir às populações atingidas por calamidades públicas em todo território nacional. Nos 10 anos seguintes, outros estados seguiram com a mesma iniciativa, como: 1970 Rio Grande do Sul. 1972 Paraná e Minas Gerais. 1973 Santa Catarina. 1976 São Paulo. Os grandes avanços desse período foram notórios na esfera federal, com destaque para a criação: » da instituição do Fundo Especial para Calamida- des Públicas (Funcap), em 1969; » do Grupo Especial para Assuntos de Calamida- des Públicas (Geacap), em 1970; » da Secretaria Especial de Defesa Civil (Sedec), em 1979. 17CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O referido documento resultou na então Política Nacional de Defesa Civil (PNDC), respaldada em qua- tro princípios básicos: 1. Prevenção; 2. Preparação; 3. Resposta; 4. Reconstrução. A partir desse momento, ganha força uma visão das fases do pré e do pós-desastre. Diante disso, as duas primeiras décadas do século XXI reuniram os anos em que a discussão em torno do tema Redução de Riscos de Desastres (RRD) ganhou força em escala mundial, com reflexos diretos na gestão federal e nas gestões estaduais e municipais no Brasil. Isso se deve às iniciativas da ONU, quando organizou as: CONFERÊNCIAS MUNDIAIS Fonte: Ceped/UFSC (2021). A RRD visa prevenir novos riscos e reduzir riscos existentes, contribuindo para o fortalecimento da resiliência e, portanto, para o alcance do desenvolvimento sustentável. Uma política global de RRD é definida no Marco de Sendai e endossada pelas Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres 2015- 2030, cujo resultado esperado é: “A redução substancial do risco de desastres e de perdas em vidas, meios de subsistência, saúde e ativos econômicos, físicos, sociais, culturais e ambientais de pessoas, empresas, comunidades e países.” (UNISDR, 2015). 3ª Conferência Mundial para Redução de Riscos de Desastres,realizada em Sendai, capital de Miyagi, no Japão. 2ª Conferência Mundial para Redução de Desastres, realizada em Kobe, capital de Hyogo, no Japão. 2015 1ª Conferência Mundial para Prevenção de Desastres, realizada em Yokohama, capital de Kanagawa, no Japão. 1994 2005 O tema foi levantado pela ONU, em 1972, na Conferência de Estocolmo, evento que tratava sobre Meio Ambiente Humano. Vinte anos depois, o assunto voltou à tona e foi amplamente debatido na Conferência de 1992, no Rio de Janeiro, a qual abordou uma série de aspectos que envolvem a relação entre Desenvolvimento e Meio Ambiente, e na Cúpula de Joanesburgo, em 2002, responsável por discutir sobre o Desenvolvimento Sustentável (LAGO, 2006). 18CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A 1ª Conferência Mundial (1994) apresentou a Es- tratégia e Plano de Ação de Yokohama, primeiro plano voltado à instituição de uma política de redução de de- sastres com orientações sociais comunitárias. Além de ser precursora da Estratégia Internacional de Redução de Desastres (EIRD/UNISDR) reiterando a importância da gestão do risco integrada em todos os âmbitos da defesa civil. Como resultado da 2ª Conferência Mundial (2005), 168 países membros da ONU, entre os quais o Brasil, foram signatários de um acordo denominado de Marco de Ação de Hyogo, no qual se instituiu aos países par- ticipantes a adoção de um Quadro de Ações a serem desenvolvidas durante os 10 anos seguintes (2005 a 2015), com o objetivo de construir a resiliência das na- ções e das comunidades diante o risco de ocorrência de desastres. Já a 3ª Conferência (2015) demonstrou claramente que há um amadurecimento e um avanço no debate acerca da RRD quando, nos mesmos moldes da confe- rência anterior, o encontro teve como objetivos: » Avaliar o avanço, alcance e lacunas na execução do Marco de Ações de Hyogo; » Propor uma nova agenda com ações e metas a serem trabalhadas pelos países nos 15 anos se- guintes (2015 – 2030). Para essa nova fase, as ações desejadas tiveram Tanto o Marco de Hyogo como o Marco de Sendai são documentos que trazem em sua essência intenções de caráter político, e, em momentos diferentes, estabelecem responsabilidades aos governos em atendimento perante às necessidades de proteção da população e, consequentemente, estimulam os planejamentos estratégicos necessários à execução das ações programadas e promoção de uma cultura de prevenção a desastres. um caráter de continuidade e/ou complementarie- dade às ações iniciadas entre 2005 e 2015. Da mesma forma, como foi estabelecido na conferência anterior, o evento realizado em 2015 instituiu um novo marco, denominado de Marco de Sendai. É o compromisso vigente que se estende até 2030. Dessa vez, o objetivo abordou a prevenção e a RRD a partir da implementação de medidas que permeiam todas as áreas de gestão (economia, meio ambiente, desenvolvimento social, infraestruturas, saúde, edu- cação, legislação e outras), integrando-as de forma que seja possível reduzir a exposição a perigos e tam- bém a vulnerabilidade a desastres; assim como opor- tunizar meios de otimização das ações de preparação para resposta e recuperação, tornando os organismos institucionais mais resilientes. PRIORIDADES DO MARCO DE SENDAI O Marco de Sendai propõe quatro prioridades a serem trabalhadas até 2030. São elas: Compreensão do risco de desastres; Investimento na redução do risco de desastres para a resiliência; Fortalecimento da governança para gerenciar o risco de desastres; Melhoria na preparação para desastres para uma resposta efetiva e “reconstruir melhor” (Build Back Better) na recuperação, reabilitação e reconstrução. 1 3 2 4 19CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Retomando o contexto nacional, observa-se que, após uma sequência de graves ocorrências de desastres – registradas a partir de 2008, em Santa Catarina, passando por Alagoas e Pernambuco, em 2010 e tendo como ápice o desastre da Região Serrana no Rio de Janeiro, em 2011 –, o país passou por sua última grande reformulação legal na área de P&DC. WILSON DIAS, AGÊNCIA BRASIL TÂNIA RÊGO, AGÊNCIA BRASIL ANTÔNIO CRUZ, AGÊNCIA BRASIL Palmares (PE) Blumenau (SC) Petrópolis (RJ) 20CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL No Brasil, o processo teve início em 2009, com a 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária, cujos 1.500 delegados representantes dos estados, Distrito Federal e municípios brasileiros aprovaram 104 diretrizes, reafirmando, especialmen- te, a importância do fortalecimento das instituições de Defesa Civil municipais. Esse conteúdo foi levado à Câmara dos Deputados e Senado Federal, com insta- lação de comissões para discussão, e culminou com a aprovação da Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Já em 2014, em Brasília, ocorreu a 2ª Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil com cerca de 1,5 mil pessoas representando suas localidades no debate. E das mais de 900 propostas oriundas das etapas prepara- tórias da conferência, foram priorizados 10 princípios e 30 diretrizes, os quais orientam a continuação do processo [...] políticas e práticas de gestão de riscos de desastres baseadas numa compreensão do risco em todas as suas dimensões de vulnerabilidade, ameaça, capacidade, exposição de pessoas e bens, características dos perigos e meio ambiente.” (UNISDR, 2015, p. 10). de aperfeiçoamento da cultura de P&DC em nosso país. Atualmente, tanto a legislação quanto os especia- listas da área orientam que as estruturas de P&DC de- vem ser organizadas com a participação comunitária, incluindo a construção de: Observe o exemplo das casas conjugadas, com baixa infraestrutura, em área íngreme e suscetível a deslizamentos. Aqui você pode ver um cenário suscetível a impactos de ameaças ou perigos, ou seja, trata-se de uma área vulnerável, com elementos (pessoas e bens) expostos. Esse exemplo permite compreender o risco em suas dimensões (assunto aprofundado na Unidade 2 deste curso) e permite, também, enfatizar a neces- sidade de medidas completas de atuação em P&DC. Diante disso, conclui-se que as ações de P&DC devem estar orientadas para: a gestão de riscos e de desas- tres, o aumento da resiliência e o desenvolvimento sustentável. No contexto nacional, poderíamos dizer que o esta- belecimento de uma agenda que priorize essas ações incluiria: » A atualização do Banco de Dados de Registros de Desastres; » A melhoria e ampliação do mapeamento dos riscos de desastres no Brasil; » A constante atualização do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais; » A implantação efetiva do Plano Nacional de Pro- teção e Defesa Civil; » A continuidade e o aperfeiçoamento do Sistema de Informações e Monitoramento de Desastres; » O aperfeiçoamento constante da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), mediante a regulamentação da Lei nº 12.608/2012, por meio do Decreto nº 10.593/2020, com a finalidade de garan- tir a efetividade dos direitos por ela assegurados; » O aperfeiçoamento constante do Sistema Na- cional de Proteção Civil (Sinpdec) em todos os níveis (federal, estadual e municipal). MANU DIAS, GOVERNO DA BAHIA http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12608.htm 21CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Recapitulando, reveja os principais fatos que marcaram a história da P&DC, o seu conceito e o que institui a Lei nº 12.608/12: Anos 1940 Primeiras iniciativas em resposta ao período de guerra. 1970-1980 Foco ampliado para ações de preparação e resposta. 1990-2000 ONU estabelece a décadade 1990 como a Década Internacional para a Redução de Desastres Naturais; 1ª Conferência Mundial sobre Prevenção de Desastres Naturais em Hyokoama, em 1994; e a criação do Escritório das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres em 1999. 1980-1990 Foco redefinido para ações de prevenção, preparação e resposta – ciclo dos desastres. 1960-1970 Primeiras estruturas com foco apenas nas ações de resposta. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA » ARQUIVO MUNICIPAL DE CARAGUATATUBA, FUNDACC REPRODUÇÃO 22CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Fonte: Ceped/UFSC (2021). 2005-2015 Criação, em 2005, do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), sob a coordenação da Sedec, com o intuito de gerenciar as ações estratégicas de preparação e resposta a desastres em todo o território nacional; 2ª Conferência Mundial para Redução de Desastres, que aprova o Marco de Ação de Hyogo, com foco no aumento da resiliência das Nações e das Comunidades ante os desastres; 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária em 2009, que aprova 104 diretrizes para o fortalecimento das instituições de defesa civil municipais; aprovação da Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) e dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec); 2ª Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil, em 2014, que aprova 10 princípios e 30 diretrizes para orientar a continuação do processo de aperfeiçoamento da cultura de P&DC. 2015-2030 3ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Redução do Risco de Desastres que aprova o Marco de Ação de Sendai, reforçando a ideia da importância do aprimoramento do trabalho científico e técnico sobre a redução do risco de desastres, desenvolvimento sustentável e resiliência em todos os níveis e regiões. No Brasil, o foco concentra-se no aperfeiçoamento da PNPDEC, que recentemente regulamentou a Lei nº 12.608/2012, por meio do Decreto nº 10.593, de 24/12/2020 com a finalidade de assegurar a efetividade dos direitos por ela previstos e a melhoria constante do Sinpdec. A R Q U IV O , U N D R R 23CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL LEI Nº 12.608/2012 O que institui a Lei nº 12.608/2012? Fonte: Ceped/UFSC (2021). PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O que é Proteção e Defesa Civil (P&DC)? A P&DC é um arranjo resultante de ações coordenadas pelos diferentes poderes do Estado, fortalecidas por entidades não governamentais e pela população; sendo somadas a meios viabilizadores, tais como legislações e planejamentos orçamentários. A P&DC é observada, na prática, pela atuação na Gestão de Risco e Gerenciamento de Desastres, como pode ser observado a seguir: Fonte: Ceped/UFSC (2021). Prevenção Mitigação Preparação Gestão de Risco DepoisDuranteAntes Gerenciamento de Desastres Resposta Recuperação DESASTRE Política Nacional de Proteção e Defesa Civil PNPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – Sinpdec Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC 24CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A POLÍTICA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – PNPDEC A PNPDEC determina os objetivos e as diretrizes a serem adotadas para a redução dos riscos de desas- tres, visando garantir a segurança e o bem-estar da população e promover o desenvolvimento sustentá- vel do país, em articulação com outras políticas pú- blicas correlatas. Ela consolida as medidas definidas no Marco de Ação de Hyogo (2005), que compreende as ações de prevenção, mitigação, preparação, respos- ta e recuperação, de forma articulada com as demais políticas públicas. De acordo com o que propõe a Lei nº 12.608/2012, em seu parágrafo único, artigo 3º, a PNPDEC prevê também a integração das políticas. Ela diz que: A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável. (BRASIL, 2012). ESTÁ NA LEI Entende-se como resiliência a capacidade de um sistema, comunidade ou sociedade exposta a perigos de resistir, absorver, acomodar, se adaptar, transformar e se recuperar dos efeitos de um evento adverso de maneira oportuna e eficiente, incluindo a preservação e a restauração de suas estruturas básicas essenciais e funções por meio da gestão de risco. (UNISDR, 2017, online). O artigo 5º da mesma lei institui 15 objetivos com foco na RRD, promoção e continuidade de ações de P&DC, estimulação do desenvolvimento de cidades resilientes e processos sustentáveis de desenvolvi- mento urbano. Os principais avanços que se teve em relação à po- lítica nacional nos últimos anos são: » a integração com as diversas políticas públicas, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável; » a instituição do plano nacional e dos planos es- taduais de P&DC, além dos planos de contin- gência em nível municipal; » a criação do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres; » a profissionalização e qualificação permanente dos agentes de P&DC; » o estabelecimento de Cadastro Nacional de municípios em áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto; » definição de atribuições e divisão de competên- cias entre as três esferas administrativas; » a inclusão dos princípios da P&DC e a educação ambiental nos currículos do Ensino Fundamen- tal e Médio. 25CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A PNPDEC tem como principal característica a sua natureza sistêmica que demanda a atuação integra- da e articulada entre todos os atores responsáveis. Ela está fundamentada na Constituição Federal, que garan- te a todos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Portanto, tra- ta-se de uma política pública com princípios, objetivos, diretrizes e estratégias orientadores da atuação do po- der público e de suas relações com a sociedade. DIRETRIZES DA PNPDEC Estabelece no seu artigo 4º, incisos I a VI, da Lei nº 12.608/2012, as seguintes diretrizes: I. Atuação articulada entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas Atuar de forma articulada significa estabelecer canais de comunicação e integração de ações entre os diferentes níveis de governo, visando ampliar a capacidade de gestão dos riscos de desastres, de forma a minimizar os impactos dos desastres, em especial nas áreas atingidas pelos eventos adversos. Essa articulação é importante para racionalizar e otimizar recursos, bem como para uma melhor avaliação dos riscos, já que muitas vezes o risco de um desastre pode ultrapassar as fronteiras entre municípios ou estados. II. Abordagem sistêmica das ações As ações que abrangem o ciclo de P&DC – prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação – não devem ser tratadas de forma isolada, uma vez que a gestão integral dos riscos de desastres é complexa e abrangente. É indicado pensar em um ciclo de gestão com fases interligadas, complementares e continuadas. III. Priorização das ações preventivas à minimização de desastres As atividades de prevenção devem ser priorizadas, o que significa que se deixa de focar apenas na ocorrência do desastre. Assim, a ênfase deve ser em reduzir o risco e promover ações que tornem a população mais participativa na construção da resiliência e cada vez menos vulnerável em relação aos eventos adversos. TÂNIA RÊGO, AGÊNCIA BRASIL 26CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃOEM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL IV. Adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados aos corpos d’água Boa parte dos desastres está relacionada aos cursos de água que se estendem para além das divisas municipais. Assim, a gestão do risco do desastre não deve ficar limitada ao munícipio. É de fundamental importância considerar a bacia ou as microbacias hidrográficas na análise dos riscos de desastres para poder compreender os problemas a serem tratados. V. Planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres no território nacional O conhecimento e a avaliação dos riscos de desastres devem ser a premissa para o planejamento das ações de P&DC, e, para isso, é importante o desenvolvimento de estudos e pesquisas que o fundamentem. Informações sobre o regime pluviométrico, características geomorfológicas do solo, secas, incêndios, entre outros, além de dados sobre as intervenções antrópicas, usos inadequados do solo, ocupações irregulares do território, infraestrutura e obras inapropriadas podem levar ao melhor conhecimento e avaliação dos riscos de desastres. Além disso, vale lembrar que a valorização do conhecimento empírico também faz parte dos estudos das áreas de risco. VI. Participação da sociedade civil A prevenção aos desastres é responsabilidade compartilhada do poder público, do setor privado e da sociedade. A participação da sociedade será mais efetiva se houver conscientização acerca dos riscos, ameaças e vulnerabilidades, bem como o comprometimento de todos. Nesse sentido, a educação é essencial como forma de conscientizar e capacitar a população para contribuir com a execução das atividades de P&DC. Trata-se de abrir-se para ouvir as demandas e o conhecimento popular, construindo, com a participação da população, o processo de mudança de cultura, por meio da adoção de práticas seguras para autoproteção e promoção da resiliência no território. ARI SCHRAMM E HELENA MARQUARDT, ADR IBIRAMA 27CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – Sinpdec A Defesa Civil no Brasil está organizada sob a forma de um sistema denominado Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), coordenado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), pertencente ao Ministério do Desen- volvimento Regional (MDR). Cabe ao Sinpdec a implementação da doutrina estabe- lecida na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) tem sua estrutura regimental e quadro de cargos/ funções organizados pelo Decreto nº 10.290, de 24 de março de 2020, que revogou o Decreto nº 9.666, de 2 de janeiro de 2019. Algumas alterações na estrutura, remanejo e transformação de cargos foram necessários em face da fusão dos extintos Ministério das Cidades e Ministério da Integração Nacional (ato realizado por meio da Medida Provisória nº 870, de 1º de janeiro de 2019, convertida para Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019). ORGANIZAÇÃO DA PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL coordena O Sinpdec é constituído por órgãos e entidades da administração pública federal, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e por entidades públicas e privadas de atuação significativa na área de P&DC, sob a centralização da Sedec. A lei prevê, ainda, a possibili- dade de mobilização da sociedade civil para atuar em Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamida- de Pública (ECP), no apoio logístico para o desenvolvi- mento das ações de P&DC (BRASIL, 2020b). Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil Sedec Ministério do Desenvolvimento Regional MDR Doutrina estabelecida na Política Nacional de Proteção e Defesa Civil PNPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil Sinpdec implementa 28CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL COMPOSIÇÃO DO SINPDEC Representado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil Responsável por coordenar as ações de P&DC em todo o território nacional Representado pelos órgãos de P&DC e órgãos setoriais em âmbito estadual, com coordenação de cada Coordenadoria e/ou Secretaria Estadual de Proteção e Defesa Civil Representado pelos órgãos de P&DC e órgãos setoriais em âmbito municipal, com coordenação de cada órgão municipal Representado pelos órgãos de P&DC e órgãos setoriais em âmbito federal, com coordenação da Sedec Responsável pela articulação, coordenação e execução do Sinpdec em nível estadual Responsável pela articulação, coordenação e execução do Sinpdec em nível federal Responsável pela articulação, coordenação e execução do Sinpdec em nível municipal Fonte: adaptado de Brasil (2012). ESTRUTURA ESTADUALESTRUTURA FEDERAL ESTRUTURA MUNICIPAL Entenda a composição do Sinpdec: ÓRGÃO CENTRAL 29CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O bom trabalho e a integração dos órgãos que com- põem um sistema produzem sinergia. Essa sinergia se traduz no esforço para alcançar objetivos e metas realizadas pelas várias partes envolvidas, trabalhando conjuntamente em prol de um bem comum. Assim: A ação organizada de forma integrada e global do Sinpdec proporciona um resultado multiplicador e potencializador, muito mais eficiente e eficaz do que a simples soma das ações dos órgãos que o compõem. (BRASIL, 2007, p. 10). Semelhante à PNPDEC, o Sinpdec também foi es- tabelecido pela Lei nº 12.608/2012. Vale destacar que todos os órgãos do Sinpdec têm atribuições relevan- tes, incluindo a atuação de extrema importância dos órgãos municipais de P&DC, pois é no município que os desastres ocorrem e iniciam as primeiras ações de atendimento à população. Significa que a população dos municípios irão sempre conviver com eventos naturais adversos, os quais tem se mostrado mais presentes nas últimas décadas. Esse aumento se dá tanto na frequência quanto na intensidade e, somados a um padrão histórico de urbanização inadequada e vulnerabilidade social, resultam em impactos humanos e econômicos crescentes. Além das ameaças naturais, os municípios estão expostos aos riscos que determinadas tecnologias – na forma de produtos ou processos industriais típicos das áreas urbanas – podem causar, como danos à saúde e ao meio ambiente. FERNANDO FRAZÃO, AGÊNCIA BRASIL 30CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Em vista disso, no contexto do Sinpdec, são os municípios que devem identificar e conhecer sobre os riscos dos desastres locais e devem estar prepa- rados para atender imediatamente as populações atingidas, reduzindo perdas, danos humanos, mate- riais e ambientais. Por isso a importância de investir esforços em P&DC, com o objetivo de realizar a gestão do risco de desas- tres, construindo cidades mais seguras e resilientes e garantindo uma resposta pronta e eficiente para aten- der aos desastres e situações de crise em geral. Essa deve ser a principal premissa do órgão de P&DC em âmbito municipal. Ainda de acordo com a Lei nº 12.608/2012, regula- mentada pelo Decreto nº 10.593/2020, o sistema atua no planejamento, na articulação e na coordenação das ações de gerenciamento de riscos e de desastres no território nacional e é integrado pelo: » Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (Conpdec); » Órgão e entidades do Sistema Federal de Prote- ção e Defesa Civil; » Órgão e entidades dos sistemas estaduais e Dis- trital de P&DC; » Órgão e entidades dos sistemas municipais de P&DC; » Entidades privadas com atuação relevante na área de P&DC; » Organizações da sociedade civil. COMPOSIÇÃO DO CONPDEC Atualmente o Conpdec é composto por representantes dos seguintes órgãos e entidades: Conpdec PRESIDENTE Ministério do DesenvolvimentoRegional Ministério do Meio Ambiente Ministério da Justiça e Segurança Pública Ministério da Cidadania Órgãos estaduais ou distrital de P&DC Ministério da Defesa Órgãos municipais de P&DC Ministério do Desenvolvimento Regional (Sedec) Instituição de ensino e pesquisa com notório saber na área de GRD Ministério da Saúde Secretaria de Governo da Presidência da República Organização da sociedade civil com atuação reconhecida na área de P&DC 31CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Antes de ver sobre a Sedec, veja a compilação das informações mais importantes relacionadas à legisla- ção aplicada ao Sinpdec. Acompanhe o resumo: De acordo com o artigo 14, do Decreto nº 10.593/2020, ao Conpdec, como órgão colegiado de natureza consul- tiva, integrante da estrutura do MDR, compete propor: I. os critérios para a elaboração do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil e as medidas necessárias ao cumprimento de suas metas; II. o monitoramento da implementação do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil; III. a criação de programas relacionados à matéria de proteção e defesa civil; IV. a elaboração e a alteração de atos normativos relacionados à matéria de proteção e defesa civil; V. os procedimentos destinados ao atendimento de crianças, adolescentes, gestantes, pessoas idosas e pessoas com deficiência em situação de desastre, observada a legislação aplicável; e VI. as diretrizes complementares à implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil. ESTÁ NA LEI (BRASIL, 2020b). RESUMO DAS LEGISLAÇÕES DO SINPDEC ATO LEGAL TEMÁTICA Lei nº 12.608/2012 (Conversão da Medida Provisória nº 547, de 2011) Institui a PNPDEC, dispõe sobre o Sinpdec e sobre o Conpdec; autoriza a criação do Sistema de Informações e Monitoramento de Desastres, altera a Lei nº 12.340/2010, a Lei nº 10.257/2001, a Lei nº 6.766/1979, a Lei nº 8.239/1991 e a Lei nº 9.394/1996; e dá outras providências. Lei nº 12.340/2010 (Conversão da Medida Provisória n° 494, de 2010) Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e às entidades dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas atingidas por desastres e sobre o Funcap e dá outras providências. Lei nº 12.983/2014 Altera a Lei nº 12.340/2010, para dispor sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e às entidades dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco e de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres e sobre o Funcap e demais providências. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA » 32CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL ATO LEGAL TEMÁTICA Decreto nº 10.593/2020 Regulamenta a Lei nº 12.608/2012, dispondo sobre a organização e o funcionamento do Sinpdec e do Conpdec e abordando ainda questões relacionadas ao Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil e o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Decreto nº 7.257/2010 Regulamenta a Medida Provisória nº 494, de 2 de julho de 2010, para dispor sobre o Sinpdec, sobre o reconhecimento de SE e ECP, sobre as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por desastres e dá outras providências. Instrução Normativa MDR nº 36/2020 Estabelece procedimentos e critérios para o reconhecimento federal e para declaração de SE ou ECP pelos municípios, estados e pelo Distrito Federal e dá outras providências. Decreto nº 1.080/1994 Regulamenta o Funcap com o objetivo de financiar as ações de socorro, de assistência à população e de reabilitação de áreas atingidas e dá outras providências. Portaria MI nº 413/2018 Define procedimentos sobre o envio de informações e alertas à população pelos órgãos e entidades municipais e estaduais de P&DC. FER N A N D O FR A ZÃ O , A G ÊN C IA B R A SIL Fonte: adaptado Brasil (2021). 33CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A SECRETARIA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – Sedec A Sedec integra a estrutura organizacional do MDR, atuando como órgão específico singular, sendo res- ponsável por uma das áreas finalísticas de competên- cia do Ministério. Conforme o Decreto nº 10.593/2020 estabelece em seu artigo 5º, a Sedec exerce o papel de órgão central do Sinpdec e de coordenação do PNPDEC. Dentre suas competências principais estão a coorde- nação e o suporte técnico ao Sinpdec, além da articu- lação com as entidades do âmbito federal. Cabe também à Sedec: » Implementar normas, instrumentos, programas e ações relacionadas à proteção, à defesa civil e à gestão de riscos e de desastres; » Promover o treinamento de recursos humanos para ações de P&DC, gestão de riscos e de de- sastres; » Coordenar e promover ações conjuntas dos ór- gãos integrantes do Sinpdec, em articulação com os estados, o Distrito Federal e os municípios. COMPETÊNCIAS DA SEDEC São exercidas, de forma integrada, pelos seguintes órgãos: DAG Departamento de Articulação e Gestão; DOP Departamento de Obras de Proteção e Defesa Civil; Cenad Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. ARQUIVO SEDEC 34CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Já ao DOP compete desenvolver e implementar programas, apoiar projetos e obras de prevenção em áreas de risco de desastres, de restabelecimento de serviços essenciais e de reconstrução. O DOP, por meio de suas três Coordenações-Gerais (Coordenação Geral de Restabelecimento e Recons- trução, Coordenação Geral de Prevenção e Programas Estratégicos e Coordenação Geral de Estudos e Avalia- ção), atua ainda na: » Coordenação, em âmbito nacional, das ações de prevenção, restabelecimento e recuperação em apoio aos órgãos estaduais, distritais e mu- nicipais de P&DC; » Articulação, em âmbito nacional, das intervenções estruturantes de prevenção em áreas de risco de desastres, restabelecimento e reconstrução; » Análise e acompanhamento da execução de convênios, termos de compromissos, contratos e outros instrumentos relacionados com às suas competências. Como esses departamentos estão decompostos em coordenações, você os vê detalhadamente no or- ganograma que demonstra a composição da Sedec ao final deste tópico. De forma resumida, pode-se dizer que ao DAG compete a gestão das transferências de recursos da Sedec e a articulação com o Sinpdec. Por meio de suas duas Coordenações-Gerais (Coordenação Geral de Gestão e Coordenação Geral de Articulação do Sinp- dec), o DAG atua: » Na supervisão da elaboração do plano plurianu- al, do plano estratégico e dos orçamentos anu- ais da Sedec, incluindo o acompanhamento da execução orçamentária e financeira; » Na proposta e aperfeiçoamento dos normativos relacionados às ações de P&DC e gestão de ris- cos e de desastres; » No fortalecimento e capacitação do Sinpdec. Finalmente, ao Cenad compete promover o de- senvolvimento de estudos relacionados à avaliação e mapeamento de riscos, realizar as ações de monitora- mento e preparação para desastres, além de articular o apoio federal para o desenvolvimento de ações de resposta em âmbito nacional. Por meio de suas duas Coordenações-Gerais (Coor- denação Geral de Gerenciamento de Riscos e Coorde- nação Geral de Gerenciamento de Desastres), o Cenad atua ainda na: » Difusão de alertas de desastres e orientação so- bre ações de preparação para estados, Distrito Federal e municípios; » Análise das solicitações de reconhecimento fe- deral de SE ou de ECP; » Analise das solicitações de apoio complementar para assistênciaàs vítimas de desastres em su- porte aos estados, municípios e Distrito Federal; » Mobilização e coordenação de equipes ope- racionais integrantes do Sinpdec nas ações de resposta em apoio a Entes Federativos afetados por desastres. Conheça todas as competências da Sedec no site do MDR. https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/protecao-e-defesa-civil/competencias 35CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL ESTRUTURA DA SEDEC Compreenda melhor a estrutura da Sedec pelo organograma a seguir: Fonte: adaptado do MDR (2021). COORDENAÇÕES-GERAIS COORDENAÇÕES ESPECÍFICAS CGG Coordenação-Geral de Gestão CGA Coordenação-Geral de Articulação do Sinpdec CGGR Coordenação-Geral de Gerenciamento de Riscos CGGD Coordenação-Geral de Gerenciamento de Desastres CGRR CG. de Restabelecimento e Reconstrução CGPP CG. de Prevenção e Projetos Estratégicos CGEA Coordenação-Geral de Estudos e Avaliação CSP Coordenação de Sistematização de Processos CPP Coordenação de Planejamento e Projetos COIR Coord. de Orçamento e Instrumentos de Repasse CN Coordenação de Normatização CFA Coordenação de Fortalecimento e Capacitação CPRE Coordenação de Preparação COARI Coordenação de Análise de Riscos CMA Coordenação de Monitoramento e Alerta CRSA Coord. de Reconhecimento, Socorro e Assistência COD Coordenação de Operações em Desastres Core Coordenação de Reconstrução Corse Coord. de Restabelecimento de Serviços Essenciais Cope Coordenação de Prevenção CPE Coordenação de Programas Estratégicos CEI Coordenação de Estudos Integrados COA Coordenação de Avaliação Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil – Sedec Departamento de Articulação e Gestão – DAG Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres – Cenad Departamento de Obras de Proteção e Defesa Civil – DOP Gabinete – GAB-Sedec COORDENAÇÕES-GERAIS COORDENAÇÕES CGG CGGD CGRR CGPP CGEACGGRCGA CSP CPP COIR CN CFA CPRE COARI CRSA CMA COD Core Corse Cope CPE CEI COA 36CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL ATRIBUIÇÕES DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS Mais uma vez é necessário se fundamentar na Lei nº 12.608/2012 para tratar das atribuições dos Entes Federados em relação à P&DC no Brasil. Assim, em seu artigo 9º, a lei estabelece que compete a todos os Entes Federados o desenvolvimento de uma cul- tura nacional de prevenção de desastres destinada ao desenvolvimento da consciência nacional acerca dos riscos de desastre em todo o país. União Especificamente em âmbito federal, como já dito, a Sedec representa a União como órgão central do Sinpdec. É ela a responsável por coordenar as ações de P&DC em todo o território nacional, com o objetivo de reduzir os riscos de desastres, compreendido pelas ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, de forma multissetorial e nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal), buscando integração e ampla participação comunitária. O artigo 6º da Lei nº 12.608/2012 estabelece como competência da União, entre outras atribuições, a expedição de normas e diretrizes gerais para a implementação e execução da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), bem como a coordenação do Sinpdec, em articulação com os estados, o Distrito Federal e os municípios. D EFESA C IV IL D E SA N TA CATA R IN A 37CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Estado Por sua vez, em âmbito estadual, todas as Unida- des Federativas no Brasil possuem um órgão respon- sável por desenvolver as atividades de P&DC em seus respectivos territórios. Esses órgãos são responsáveis pela articulação, coordenação e execução do Sinpdec em nível estadual. Para que isso ocorra, é importante que haja a ins- titucionalização da política, aprovada em lei estadual, que indique com clareza: » As competências e as formas de articulação do estado e dos municípios relativas às atividades de P&DC; » Os órgãos e instituições que devem atuar, isto é, os membros do sistema de P&DC no âmbito estadual; » A forma de atuação desses órgãos; » Os mecanismos de articulação com os órgãos setoriais; » As formas de participação da população. A institucionalização estadual da PNPDEC estabele- cerá o marco referencial para a atuação administrativa dos órgãos estaduais de P&DC, assim como dos inte- grantes do Sinpdec no estado (órgãos setoriais, de apoio, setor privado, entidades comunitárias, entre outros). É no artigo 7º da mesma lei que está estabelecida a competência das Unidades Federativas que, entre outras atribuições, devem executar a PNPDEC em seu âmbito territorial, coordenar as ações do Sinpdec em articulação com a União e os municípios e instituir o Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil correspondente. ED SO N L O PE S JR , G O V ER N O D E SÃ O P A U LO NETO Realce 38CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL Município Em relação aos órgãos municipais de P&DC, de acordo com o artigo 8º da Lei nº 12.608/2012, entre outras atribuições, estão a execução da PNPDEC e a coordenação das ações do Sinpdec em âmbito local, ambos em articulação com a União e os estados, assim como a incorporação das ações de P&DC no planeja- mento municipal. No entanto, apenas planos bem elaborados pelos órgãos de governo não são suficientes. É preciso que a comunidade seja envolvida para participar das atividades de P&DC no espaço municipal, atuando em parceria com a administração pública desde o planejamento até a execução das ações de P&DC. A partir desse conhecimento, é possível prepa- rar-se para enfrentá-los, utilizando-se de planos para prevenir e mitigar os riscos de desastres, bem como para responder e recuperar-se de seus efei- tos, construindo cidades com capacidade de resis- tir, absorver ou se recuperar de forma eficiente dos efeitos de um desastre. Dentre as funções primordiais do órgão municipal de P&DC está conhecer e identificar os riscos de desastres no município. M A R C ELO CA M A R G O , A G ÊN C IA B R A SIL 39CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL COMPETÊNCIAS EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PARA CADA ESFERA Confira no quadro a seguir as atribuições que competem à esfera municipal, estadual e federal: PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec) Coordenar as ações do Sinpdec em articulação com os estados, o Distrito Federal e os municípios. Coordenar as ações do Sinpdec em âmbito estadual em articulação com a União e os municípios. Coordenar as ações do Sinpdec em âmbito local em articulação com a União e os estados. Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) Expedir normas para a implementação e execução da PNPDEC. Executar em âmbito estadual a PNPDEC. Executar localmente a PNPDEC. Plano de Proteção e Defesa civil Instituir em seu âmbito. Instituir em seu âmbito. Incorporar as ações de P&DC no planejamento municipal. Sistema de Informações de desastres – S2ID Instituir e manter sistema de informações de monitoramento de desastres, em ambiente informatizado, visando o oferecimento de informações atualizadas para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de desastre em todo o território nacional. Fornecer dados e informações sobre desastres e processos de reconhecimento e transferência de recursos. Registrar desastres ocorridos no estado. Consultar e acompanhar processos de reconhecimento federal de SE ou ECP e processos de transferência de recursos para ações de resposta e recuperação. Registrar desastres ocorridos no município. Consultar e acompanharprocessos de reconhecimento federal de SE ou ECP e processos de transferência de recursos para ações de resposta e recuperação. Conheça mais sobre o S2ID. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA » https://s2id.mi.gov.br/paginas/sobre.xhtml 40CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS Áreas de risco Apoiar os estados, o Distrito Federal e os municípios no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de identificação de ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre e nas demais ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. Identificar e mapear as principais áreas de risco, em articulação com a União e os municípios. Apoiar os municípios no levantamento das áreas de risco. Estabelecer medidas de segurança contra desastres nas proximidades de escolas e hospitais situados em áreas de risco. Identificar e mapear as principais áreas de risco no território municipal. Promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas ocupações nessas áreas. Vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção preventiva e a evacuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis. Manter a população informada sobre as áreas de risco e sobre como agir diante de emergências. Elaborar planos de contingência e realizar simulados. Estabelecer medidas de segurança contra desastres em escolas e hospitais em áreas de risco. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA » Conheça mais exemplos de planos de contingência no Banco de Boas Práticas do MDR. https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/protecao-e-defesa-civil/capacitacoes-e-boas-praticas 41CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS Decretação de SE ou ECP Instituir e manter sistema próprio para o reconhecimento em nível federal. Estabelecer critérios e condições para a declaração e o reconhecimento de SE e ECP. Apoiar a União, quando solicitado, na homologação do decreto municipal de SE e ECP. Declarar SE ou ECP, quando for o caso, em nível estadual. Declarar SE ou ECP. Avaliar danos e prejuízos. Promover a coleta, a distribuição e o controle de itens de assistência e suprimentos em situações de desastre. Organizar e administrar abrigos provisórios ou prover solução de moradia temporária às famílias atingidas por desastres. Monitoramento de riscos meteorológicos, hidrológicos e geológicos Realizar ações de monitoramento e alerta em articulação com os estados, o Distrito Federal e os municípios. Emitir avisos e alertas em articulação com Centros de Monitoramento oficiais. Instituir e manter cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de desastres. Realizar ações de monitoramento e alerta em articulação com a União e os municípios. Emitir avisos e alertas em articulação com Centros de Monitoramento oficiais. Realizar ações de monitoramento e alerta em articulação com a União e os estados. Criar centros de monitoramento locais para emitir avisos e alertas em articulação com a União e os estados. Manter a população informada sobre riscos e a ocorrência de eventos extremos. Organizar e administrar a emissão de alerta e alarme. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA » 42CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS Promoção de estudos e capacitação Promover estudos e fomentar a pesquisa sobre riscos e desastres no âmbito nacional. Oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de P&DC. Oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de P&DC. Oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de P&DC. Mobilizar e capacitar os radioamadores para atuação na ocorrência de desastres. Cultura de prevenção de riscos e desastres Desenvolver uma cultura nacional de prevenção de riscos e desastres. Apoiar a comunidade docente no desenvolvimento de materiais didáticos relacionados ao desenvolvimento da cultura de prevenção de desastres. Estimular comportamentos preventivos capazes de evitar ou minimizar a ocorrência de desastres em âmbito nacional. Desenvolver a cultura de prevenção de riscos e desastres em âmbito estadual. Estimular comportamentos preventivos capazes de evitar ou minimizar a ocorrência de desastres em âmbito estadual. Desenvolver a cultura de prevenção de riscos e desastres em âmbito municipal. Estimular comportamentos preventivos capazes de evitar ou minimizar a ocorrência de desastres em âmbito municipal. Fonte: adaptado de Brasil (2017c, 2020c). Mais detalhes sobre as funções e estrutura dos órgãos municipais estão na próxima unidade. Siga conosco! UNIDADE 2 CONCEITOS PRELIMINARES TO M A Z SILVA , A G ÊN C IA B R A SIL 44CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL CONCEITOS PRELIMINARES ARQUIVO SEDEC Nesta unidade você deve refletir sobre as principais discussões que se articulam às ações de um gestor de proteção e defesa civil, reunindo alguns pressupostos do contexto internacional com definições que permitem compreender o processo do desastre, por meio da gestão integrada de risco em P&DC. 45CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A o final dos seus estudos, você deve conseguir recordar detalhes do contexto internacional e reconhecer algumas definições fundamentais para o entendimento do processo de desastre, desde a sua ocorrência até a sua gestão adequada. Para começar a compreender esse tema, você deve saber que os estudos sobre riscos e desastres ocorrem em todo o mundo e têm na Organização das Nações Unidas (ONU) uma das referências mais importan- tes e difundidas. Ao longo de décadas, profissionais e pesquisadores trabalham atualizando conceitos e dire- trizes de gestão para, cada vez mais, adequarem-se à realidade de nossa sociedade. Conforme estudado na Unidade 1, é nesse contexto que a ONU estabeleceu a década de 1990 como a Dé- cada Internacional para a Redução de Desastres Na- turais. A partir desse período, alguns acontecimentos foram fundamentais para a evolução dessa temática. Acompanhe na linha do tempo. Yokohama LINHA DO TEMPO 1994 Ocorre a 1ª Conferência Mundial sobre Prevenção de Desastres Naturais na cidade de Yokohama, no Japão. 1999 Lançamento da Década Internacional para Redução de Desastres Naturais (IDNDR, na sigla em inglês), quando a ONU passou a fazer recomendações sobre a importância da criação de redes associativas interdisciplinares para a investigação integrada e aplicada em todos os campos relacionados com a gestão do risco. 2000 As Nações Unidas estabelecem a Estratégia Internacional para Redução de Desastres (UNISDR, na sigla em inglês) como uma força- tarefa e uma secretaria sob a autoridade direta do Subsecretário-Geral para Assuntos Humanitários, definindo o Dia Internacional para Redução de Desastres para segunda quarta-feira de outubro. 2015 A 3ª Conferência Mundial para Redução de Riscos de Desastres validou o Marco de Sendai. Ambos os acordos, tanto o Marco de Ação de Hyogo quanto o Marco de Sendai, reforçam a importância do aprimoramento do trabalho técnico e científico sobre a RRD e sua mobilização por meio da coordenação de redes existentes e de institutos de pesquisa científica em todos os níveis e regiões. O Marco de Sendai está vigente até o ano de 2030. 2005 As recomendações apontadas após a criação da UNSDR foram reiteradas na 2ª Conferência Mundial para Redução de Desastres, que aprovou o Marco de Ação de Hyogo, como compromisso das nações para execução de políticas públicas relacionadas ao tema. Esse compromisso teve sua vigência iniciadaa partir da data de realização da conferência e vigorou até o ano de 2015. As informações completas sobre os acontecimentos citados acima você encontrará, em inglês, no site da UNDRR. Fonte: Ceped/UFSC (2021). https://www.undrr.org/about-undrr/history 46CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O United Nations Office for Disaster Risk Reduction (UNDRR) surgiu como estratégia internacional das Nações Unidas para redução de desastres, correspondendo pela sigla ISDR em inglês ou EIRD (Estratégia Internacional das Nações Unidas para Redução de Desastres) em português. Com o avanço da importância do tema, passou para o status de escritório, assumindo a denominação United Nations Office for Disaster Risk Reduction, ou seja, Escritório das Nações Unidas para Redução de Desastres. Hoje, como retrato da evolução conceitual, o escritório tem a missão de servir como ponto focal da ONU para a coordenação da Redução de Risco de Desastres (RRD em português ou DRR em inglês) em todo o mundo, respondendo pela sigla UNDRR. Esses conceitos são desenvolvidos mais detalhadamente ao longo desta unidade, tenha atenção! Como visto, o Marco de Sendai, validado na 3ª Con- ferência Mundial das Nações Unidas sobre a Redução de Riscos de Desastres, teve papel fundamental para reforçar a importância do aprimoramento do trabalho técnico e científico sobre a RRD e sua mobilização. Esse importante acordo também dispõe em sua prio- ridade 1 sobre a compreensão clara do risco e suas dimensões. Veja: As políticas e práticas para a gestão do risco de desastres devem ser baseadas em uma compreensão clara do risco em todas as suas dimensões de vulnerabilidade, capacidade, exposição de pessoas e bens, características dos perigos e meio ambiente. Tal conhecimento pode ser aproveitado para realizar uma avaliação de riscos pré- desastre, para prevenção e mitigação e para o desenvolvimento e a implementação de preparação adequada e resposta eficaz a desastres. (UNISDR, 2015, p. 10). Marco de Sendai PRIORIDADE 1. COMPREENSÃO DO RISCO DE DESASTRES. ARQUIVO, UNDRR 47CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O tempo vem demonstrando que os compromis- sos estabelecidos nas Conferências Mundiais têm sido importantes instrumentos para aumentar a percepção pública e corporativa sobre a RRD, gerando compro- misso político, concentrando e catalisando as ações de uma série de partes interessadas em todos os níveis. Como resultado, observa-se uma diminuição da mortalidade em alguns casos de desastres, eviden- ciando que a “[...] redução do risco de desastres é um investimento custo-eficiente na prevenção de perdas futuras.” (UNISDR, 2015, p. 3). No entanto, os desastres continuam a gerar diversos impactos, e estudos indicam que a exposição de pes- soas e bens crescem em escala maior e mais veloz do que a redução da vulnerabilidade. Tendo como conse- quência “[...] novos riscos e um aumento constante em perdas por desastres, com significativo impacto sobre a Evidências e relatórios em diversos âmbitos demonstram que, desde a aprovação do Marco de Ação de Hyogo (2005-2015) e do Marco de Sendai (2015-2030), houve um significativo avanço na RRD em âmbito local e global. economia, a sociedade, a saúde, a cultura e o meio am- biente, a curto, médio e longo prazo [...]. É urgente e fun- damental prever, planejar e reduzir o risco de desastres, a fim de proteger de forma mais eficaz pessoas, comu- nidades e países, seus meios de vida, saúde, patrimônio cultural, patrimônio socioeconômico e ecossistemas, fortalecendo, assim, sua resiliência.” (UNISDR, 2015, p. 4). Para tanto, o primeiro passo é compreender os conceitos associados à RRD, expressão tão utilizada pelas Nações Unidas e órgãos de P&DC em todo o mundo. Para começar, você deve compreender a ideia de construção social do risco e sua implicação para o entendimento de gestão de riscos de desastres (GRD), passando tanto pelos aspectos normativos e legais como pelos teóricos, técnicos e práticos. No próximo tópico, o risco e seus elementos são os temas focais de estudo. Siga alerta! Perceba que, apesar do conteúdo que se segue apresentar-se de forma densa, a proposta é concentrar toda a parte conceitual neste início de curso para facilitar sua retomada sempre que necessário. Ou seja, no decorrer das outras unidades de estudos dessa capacitação, alguns conceitos serão abordados de forma mais aplicada, e, se houver necessidade de reforçar suas definições, você sabe que pode retornar a este ponto do conteúdo. 48CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A construção social do risco, ou produção social do risco, remete à ideia de que entre os fatores gerado- res das circunstâncias de risco sempre haverá um pro- cesso social (interação do ser humano com o ambiente) que os desencadeiam. São problemas de desenvolvi- mento, na maior parte das vezes relacionados ao plane- jamento inadequado do uso e ocupação do solo. Portanto, é fundamental aos gestores públicos, em especial, e a toda a sociedade, de forma geral, com- preender que riscos, e consequentemente desastres, são resultado da intervenção humana no ambiente. Isso explica por que a expressão “desastres naturais” está cada vez mais em desuso, dando-se preferência ao emprego da expressão “desastres” apenas. Essa mudança é sutil e ainda está em processo de consolidação. Veja, por exemplo, que a própria Lei nº 12.608/2012 ainda utiliza a expressão “desastres natu- rais”, assim como a Classificação e Codificação Brasi- leira de Desastres (Cobrade), ao dividir os desastres em naturais ou tecnológicos. A Cobrade é a referência legal quanto aos tipos de desastres e foi construída com base na origem dos eventos causadores, sendo instituída pela Instrução Normativa nº 1, de 24 de agosto de 2012, em substi- tuição à antiga Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos (Codar). RISCO DE DESASTRE Logo, quando se admite que riscos e desastres são resultado da intervenção humana no ambiente, admi- te-se também a responsabilidade pelas ocorrências e a possibilidade de atuar para reduzi-los. Dessa forma, é importante que se tenha uma atuação voltada para a redução de riscos por parte do gestor público à frente de um órgão de P&DC. Essa atuação deve refletir nos fatores de ameaça, exposição e vulnerabilidade; po- dendo ser contraposta pelo desenvolvimento de ca- pacidades e resiliência. Entenda melhor observando a ilustração a seguir. A Instrução Normativa nº 01, de 24 de agosto de 2012, foi substituída pela Instrução Normativa nº 02, de 20 de dezembro de 2016, que, atualmente, foi substituída pela Instrução Normativa nº 36, de 4 de dezembro de 2020 (IN MDR nº 36/2020). Todas adotam a Cobrade como a classificação padrão para desastres. RISCOS DE DESASTRES Fonte: adaptado de UNDRR (2019). 49CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Os conceitos sobre risco de desastres podem so- frer variações conforme a maneira como as instituições abordam o tema. O fundamental é que seja compreen- dido que o risco é composto por: ameaça, exposição e vulnerabilidade. E, para sua minimização, é neces- sário atuar em um ou em todos esses componentes. Com o objetivo de promover um entendimento comum dos conceitos sobre risco de desastres, o Es- critório das Nações Unidas para Redução de Risco de Desastres (UNDRR) apresentou, em 2017, uma revisão da terminologia, disponível em um glossário on-line. Essa atualização foi desenvolvida por um grupo in- tergovernamental de especialistas, estabelecido pela Assembleia Geral da ONU. Não há tradução oficial doglossário para o português. Dessa forma, ao longo da capacitação, são apresentados os conceitos principais. Para compreender cada um dos elementos que compõe o risco de desastre, acompanhe as definições a seguir: O risco é circunstância potencial ou, segundo cons- ta na IN MDR nº 36/2020, “[...] potencial de ocorrência de um evento adverso sob um cenário vulnerável [...]” (BRASIL, 2020c). São três os fatores que, combinados, influenciam na concretização dessa possibilidade: a ameaça, a exposição e a vulnerabilidade, cada um de- les descritos na sequência. A ameaça é definida como “[...] um processo, fenô- meno ou atividade humana que possa causar perdas de vidas, lesões ou outros impactos à saúde, danos materiais, perturbação social e econômica ou degra- dação ambiental” (UNISDR, 2017, tradução nossa). Por sua vez, a exposição refere-se às pessoas, pro- priedades, infraestruturas e outros elementos ou sis- temas localizados em áreas sujeitas a ocorrências de ameaças. Essas situações podem referir-se ao número de pessoas ou variar em função do tipo de infraestru- tura e edificações expostas. Pode ser combinada com a vulnerabilidade e a capacidade dos elementos frente a uma ameaça para avaliar o seu impacto nas pessoas ou na economia, por exemplo, e suas consequências futuras (UNISDR, 2017). A vulnerabilidade é determinada por fatores ou processos físicos, sociais, econômicos e ambientais Observe na sequência (nas próximas páginas) dois exemplos fictícios de uma cidade que tem uma praça com uma enorme árvore, que é considerada um símbolo, e uma área de morros com construções precárias. que aumentam a predisposição aos impactos de um evento natural, tecnológico ou de origem antrópica em um indivíduo, uma comunidade, infraestruturas, pro- priedades ou sistemas (UNISDR, 2017). Por padrão, está sendo utilizanda as referências con- ceituais das Nações Unidas (conforme o Glossário Onli- ne do UNISDR, de 2017). O importante é compreender os conceitos e aplicá-los à sua realidade local. Uma vez que há diversas definições possíveis, o objetivo não é promover discussão entre conceitos certos ou errados, nem em referências melhores ou piores. Cada profissio- nal tem total liberdade de adotar para si outras defini- ções se perceber que atende melhor sua realidade. Para facilitar o entendimento, é hora de ver, na prá- tica, como esses conceitos funcionam. undrr.org/terminology 50CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A PRAÇA Por ser uma árvore muito antiga, alguns galhos estão apodrecidos e têm grande possibilidade de cair. Portanto, o órgão local de P&DC foi acionado para avaliar a situação e tomar as providências. AMEAÇA A possibilidade de queda de um ou mais galhos da árvore. EXPOSIÇÃO As pessoas que utilizam e passeiam pela praça ou os carros que estão estacionados próximos à árvore e podem, eventualmente, ser atingidos. VULNERABILIDADE As características dessas pessoas ou carros (se estão protegidos de alguma forma, em segurança) e como poderiam reagir ao perigo. 51CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PREVENÇÃO Como prevenção, a árvore poderia ser completamente cortada ou os galhos maiores ou mais prejudicados poderiam ser podados. Qualquer uma dessas opções seria adequada para prevenir o risco, mas um dos grandes símbolos da cidade deixaria de existir. MITIGAÇÃO Uma outra opção a ser considerada para manter a árvore seria mitigar o risco apoiando os galhos maiores, reduzindo o perigo, ou cercando a área, reduzindo a exposição. Entendido este cenário, o órgão municipal de P&DC poderia coordenar algumas ações para agir na PREVENÇÃO ou MITIGAÇÃO dos riscos. 52CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Também nesta cidade, existiu uma área de morro com construções muito precárias. Foram muitos anos de ocupação desordenada, obras irregulares e falta de fiscalização. A vegetação foi retirada em quase sua totalidade e, com o tempo, a área tornou-se muito insegura. Durante alguns dias ocorreu uma chuva fraca que foi se intensificando cada vez mais, até que em um determinado dia choveu em algumas horas o que estava previsto para uma semana inteira. A chuva continuou durante o resto da semana e, por fim, aconteceu um grande deslizamento de terra. Veja que a área exposta engloba a parte do morro com as construções irregulares e a via. Já as partes com construções planejadas estão fora da área de exposição. 2. EXPOSIÇÃO As pessoas, as casas e as estruturas que poderiam ser atingidas. 3. VULNERABILIDADE As características dessas pessoas, construções e estruturas, e como elas poderiam reagir ao perigo. 1. AMEAÇA Possibilidade de deslizamento de todo aquele terreno em função das características do morro, como inclinação, falta de vegetação e saturação do solo. DESLIZAMENTO Observe mais um exemplo sobre os elementos do risco. 53CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Vistos os conceitos de risco, ameaça, exposição e vulnerabilidade, vamos agora analisar os conceitos de capacidade e resiliência. Acompanhe! No que diz respeito à capacidade, podemos dizer que ela exerce uma força contrária aos efeitos de um desastre, ou seja, é um dos principais focos da redu- ção do risco de desastres e pode ser trabalhada sob o ponto de vista financeiro, socioeconômico e de gestão. Para as Nações Unidas (UNISDR, 2017), capacidade se define pela combinação de todas as forças, atributos e recursos existentes em uma comunidade, socieda- de ou organização para gerir e reduzir os riscos e au- mentar a resiliência. Por fim, a resiliência é definida como a habilidade de um sistema, comunidade ou sociedade exposta a ameaças em resistir, absorver, acomodar, adaptar-se, transformar e recuperar-se de maneira eficaz dos efei- tos de um evento adverso, inclusive por meio da pre- servação e restauração de suas estruturas e funções básicas essenciais de gestão de riscos. (UNISDR, 2017). Você chegou ao final da conceituação sobre o tema Risco de Desastre. A seguir, você deve compreender como ocorre a classificação dos Desastres. Siga com seus estudos! O investimento público e privado na prevenção e na RRD por meio de medidas estruturais e não estruturais é essencial para melhorar a resiliência econômica, social, cultural e de saúde de pessoas, comunidades, países e ativos, bem como do meio ambiente. Esses podem ser fatores de estímulo para inovação, crescimento e criação de empregos. Tais medidas são custo-eficientes e fundamentais para salvar vidas, prevenir e reduzir perdas e garantir a recuperação e reabilitação eficaz. (UNISDR, 2015, p. 14). Marco de Sendai PRIORIDADE 3. INVESTIR NA REDUÇÃO DO RISCO DE DESASTRES PARA A RESILIÊNCIA. O entendimento desses conceitos favorece a aplica- ção da prioridade 3 do Marco de Sendai, que diz que: QUATRO ELEMENTOS o que reduz as vulnerabilidades de infraestruturas; o que institucionaliza os processos de resposta; o que garante a capacidade financeira e de funcionamento de uma comunidade; o que garante o bem-estar social dos cidadãos. 1 2 3 4 Do ponto de vista operacional, a resiliência está re- lacionada à forma como o governo e a sociedade civil compreendem os riscos que enfrentam e são capazes de se auto-organizarem. São quatro componentes que se articulam nesse processo: R O V EN A R O SA , A G ÊN C IA B R A SI L 54CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL DESASTRE Apresentados os componentes do risco, pode-se entender que um desastre ocorre quando uma amea- ça potencial se concretiza e causa algumimpacto no- civo. Dessa forma, desastres são definidos como uma grave perturbação do funcionamento de uma comu- nidade ou sociedade, em qualquer escala, devido a eventos adversos que interagem com as condições de exposição, vulnerabilidade e capacidade, levan- do a perdas e impactos humanos, materiais, econô- micos e ambientais. (UNISDR, 2017, online). A Cobrade, como visto anteriormente, resume os desastres em dois grandes grupos: naturais e tecnológicos. Como é possível deduzir, os desastres classificados como naturais estão associados a eventos da própria natureza, como as inundações e deslizamentos ocasionados pelo excesso de chuva. Por sua vez, os do grupo tecnológico envolvem apenas a ação humana direta, como colapso de edificações e incêndios urbanos. Lembre-se de que, no início desta unidade, quan- do falamos em construção social do risco, citamos a expressão “redução de riscos de desastres” adotada pelo escritório UNDRR, e mostramos porque a expres- são “desastre natural” está cada vez mais em desuso, principalmente porque os fatores geradores das cir- cunstâncias de risco sempre resultam de um processo social, ou seja, de uma intervenção humana no am- biente. No entanto, a legislação e o Sinpdec reconhe- cem a divisão entre naturais e tecnológicos. Isso ocorre porque a evolução das discussões téc- nicas e teóricas não se dão no mesmo ritmo da refor- mulação de atos legais, estes normalmente bem mais morosos. Portanto, não se preocupe, não há contradi- ções. São apenas tempos e ritmos diferentes. Sabendo disso, sempre que tiver oportunidade, faça de sua gestão uma atuação atualizada e alinhada às re- centes discussões em RRD. TÂNIA RÊGO, AGÊNCIA BRASIL ARQUIVO SEDEC 55CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O risco compreende três fatores: ameaça, exposição e vulnerabilidade. A concretização do risco em conjunto com um evento adverso (concretização da ameaça) resulta no desastre. Logo, o desastre pode ser compreendido como o resultado do evento adverso decorrente de ação natural ou antrópica sobre cenário vulnerável causando impactos – danos humanos, materiais ou ambientais e prejuízos econômicos e sociais (BRASIL, 2020c). DESASTRE e RISCO Fonte: Ceped/UFSC (2021). IMPACTOS: consequências dos desastres RISCO EVENTO ADVERSO (CONCRETIZAÇÃO DA AMEAÇA) DESASTRE+ RISCO AMEAÇA EXPOSIÇÃO e VULNERABILIDADEx = 56CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Além da sua origem, outra característica relevante do desastre refere-se à sua velocidade de evolução. Este é um importante conceito para compreender, mais à frente, como registrar um desastre e decretar a SE, caso necessário. Quanto a essa característica, velocidade de evolu- ção, os desastres são classificados de duas maneiras, de acordo com os conceitos apresentados no Anexo VI da IN MDR nº 36, de 4 dezembro de 2020: Súbitos São eventos adversos que ocorrem de forma ines- perada e surpreendente, caracterizados pela velo- cidade da evolução e pela violência dos eventos causadores, como enxurradas e deslizamentos. Graduais São eventos adversos que ocorrem de forma len- ta e se caracterizam por evoluírem em etapas de agravamento progressivo, por exemplo, a estiagem. Os registros de desastres são realizados, na grande maioria, pelos órgãos municipais de P&DC. Suas ocor- rências e seus relativos danos e prejuízos são informa- dos ao criar um protocolo por meio do Formulário de Informações do Desastres (FIDE), o qual é encaminha- do ao Governo Federal via S2ID. VOCÊ SABIA? IN MDR nº 36/2020 – Anexo I. O S2ID integra diversos produtos da Sedec, com o objetivo de qualificar e dar transparência à gestão de riscos e desastres no Brasil, por meio da informatização de processos e disponibilização de informações sistematizadas dessa gestão. Saiba mais acessando o site do S2ID. Local (município) Data do evento Identificação do desastre (Cobrade) FORMULÁRIO DE INFORMAÇÕES DO DESASTRES O FIDE é o documento utilizado para registro oficial dos desastres no Brasil e é o principal documento a ser preenchido no processo de solicitação de reconhecimento federal. Quando um protocolo é criado apenas para fins de registro de uma ocorrência, sem intenção de reconhecimento, três elementos básicos precisam, necessariamente, ser informados no FIDE: Fonte: S2ID (2021). 1 1 2 2 3 3 https://s2id.mi.gov.br/ 57CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Quanto à identificação, como já abordado, a Cobra- de adota dois conjuntos principais de classificação, na- turais e tecnológicos, que são subdivididos em: » Grupos; » Subgrupos; » Tipos; » Subtipos. Fonte: Ceped/UFSC (2021). CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO DE UM DESASTRE DE ACORDO COM A COBRADE O código que representa um desastre é composto por cinco algarismos numéricos, conforme exemplo ilustrado a seguir. Na IN MDR nº 36/2020, cada código é acompanhado por uma definição e por um símbolo: 43 desastres de origem natural; 22 desastres de origem tecnológica. Todas as tipologias e suas respectivas definições são apresentadas no Anexo V da IN MDR nº 36/2020. CATEGORIA: Natural GRUPO: Meteorológico SUBGRUPO: Tempestades TIPO: Tempestade local/Convectiva SUBTIPO: Tempestade de Raios 1 . 3 . 2 . 1 . 2 Código COBRADETempestade de Raios No total, existem 65 códigos na Cobrade, que identificam: 58CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A divisão por grupos representa uma importante identificação, principalmente dentro da categoria na- tural, e corresponde à reunião de eventos com carac- terísticas similares, cujo entendimento é fundamental para a avaliação da ameaça que, como você já viu, é um dos componentes do risco. A escolha da classificação correta para o registro do desastre no FIDE é importante para que se tenha a melhor interpretação possível das causas dos eventos e dos seus respectivos danos. Muitas vezes, os desastres são resultado de eventos simultâneos e podem causar, ao mesmo tempo, vários danos ao município. Por exemplo: alagamentos combinados com deslizamentos de terra decorrentes de chuvas intensas. Nesses casos, deve ser registrado o código de acordo com o evento prevalente, ou seja, aquele que teve maior relevância, abrangência e foi responsável pelos maiores danos. ARQUIVO SEDEC 59CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL DANOS HUMANOS De acordo com o formulário, os danos humanos são definidos pela quantidade de mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados, desaparecidos e outras pessoas que foram diretamente afetadas pelo desastre, desde que necessitem de auxílio do poder público ou cujos bens materiais tenham sido danificados/destruídos. Observe os exemplos: DANOS Os danos estão relacionados com as perdas quanti- ficáveis e podem ser divididos em três tipos: » Humanos; » Materiais; » Ambientais. Veja os detalhes. A R Q U IV O SED EC Essa disposição é feita de acordo com a seguinte estrutura: » Mortos: pessoas que perderam suas vidas em decorrência direta dos efeitos do desastre. » Feridos: pessoas que sofreram lesões em decor- rência direta dos efeitos do desastre e necessitam de intervenção médico-hospitalar, materiais e in- sumos de saúde (medicamentos, médicos etc.). » Enfermos: pessoas que desenvolveram proces- sos patológicos em decorrência direta dos efei- tos do desastre. » Desabrigados: pessoas que necessitam de abrigo público, como habitação temporária, em função de danos ou ameaça de danos causados em decorrência direta dos efeitos do desastre. » Desalojados: pessoas que, em decorrência dos efeitos diretos do desastre, desocuparam seusdomicílios, mas não necessitam de abrigo público. » Desaparecidos: pessoas que necessitam ser en- contradas, pois em decorrência direta dos efeitos do desastre, estão em situação de risco de morte iminente e em locais inseguros/perigosos. » Outros afetados: pessoas afetadas diretamente pelo desastre (excetuando as já definidas ante- riormente). No FIDE os danos e os prejuízos são organizados e caracterizados separadamente. Como já definido anteriormente, os impactos resul- tantes da ocorrência de um desastre podem ocasionar danos humanos, materiais ou ambientais e prejuízos econômicos e sociais (BRASIL, 2020b). Tanto os danos quanto os prejuízos consequentes também devem ser registrados no FIDE. NETO Realce 60CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL DANOS MATERIAIS Os danos materiais são representados pela quantidade e valor de elementos danificados ou destruídos total ou parcialmente pelo desastre. Seu custo é estimado na substituição ou na reparação física, considerando os valores de mercado anteriores ao desastre. São avaliados primeiramente em termos quantitativos (número de casas de uma tipologia específica, quilometragem de estradas ou oleodutos etc.) e, em seguida, em termos de seu valor monetário, utilizando os preços de mercado atuais da unidade. Para isso, os elementos danificados ou destruídos são discriminados da seguinte forma: » Unidades habitacionais; » Instalações públicas de saúde; » Instalações públicas de ensino; » Instalações públicas prestadoras de outros serviços; » Instalações públicas de uso comunitário; » Obras de infraestrutura pública. DANOS AMBIENTAIS M AT EU S PE R EI R A , G O V ER N O D A B A H IA Os danos ambientais são caracterizados por alterações ocorridas no meio ambiente em decorrência direta dos efeitos do desastre. Segundo o FIDE, elas podem ser: » Poluição ou contaminação da água; » Poluição ou contaminação do ar; » Poluição ou contaminação do solo; » Diminuição ou exaurimento hídrico; » Incêndios em parques, APA’s (áreas de proteção ambiental) ou APP’s (áreas de preservação permanente). Esses danos são mensurados de acordo com a porcentagem da área ou da população atingida. 61CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PREJUÍZOS Os prejuízos, por sua vez, referem-se às mudanças nos fluxos econômicos decorrentes do desastre, que usualmente continuam até a recuperação econômi- ca total e a reconstrução, podendo perdurar vários anos. Podem ser classificados em dois tipos: » Públicos; » Privados. Veja os detalhes. PREJUÍZOS PÚBLICOS PREJUÍZOS PRIVADOS Os prejuízos públicos são os valores econômicos reduzidos ou cessados pela interrupção de serviços públicos essenciais e, obrigatoriamente, são estimados em valores monetários. São considerados serviços essenciais: Os prejuízos privados, por sua vez, são os valores das perdas que impactam os setores da economia: » Agricultura; » Pecuária; » Indústria; » Comércio; » Serviços. » Assistência médica, saúde pública e atendimento de emergências médicas; » Abastecimento de água potável; » Esgoto de águas pluviais e sistema de esgotos sanitários; » Sistema de limpeza urbana e de recolhimento e destinação do lixo; » Sistema de desinfestação/desinfecção do habitat/controle de pragas e vetores; » Geração e distribuição de energia elétrica; » Telecomunicações; » Transportes locais, regionais e de longo curso; » Distribuição de combustíveis, especialmente os de uso doméstico; » Segurança pública; » Ensino. D IO G O M O R EI R A , G O V ER N O D E SÃ O P A U LO 62CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Vamos ver alguns exemplos de danos e prejuízos para entender melhor suas distinções. DANOS versus PREJUÍZOS DANO PREJUÍZO Fonte: Ceped/UFSC (2021). Públicos Privados Humanos Materiais Ambientais DANO: resultado das perdas humanas, materiais ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos ecossistemas, como consequência de um desastre (BRASIL, 2020c). PREJUÍZO: medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em circunstâncias de desastre (BRASIL, 2020c). 63CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Para compreender melhor esses conceitos, é hora de observar um exemplo prático e verificar as diferen- ças entre danos e prejuízos. No setor público, veja o caso de uma escola municipal que foi destruída por uma inundação. Enquanto, por exemplo, os danos são mensurados pela área física afetada (número de paredes que caíram, telhado, janelas etc.), os prejuízos são quantificados pelos gastos que o município terá para providenciar um local para a continuidade das aulas, seja o aluguel de um espaço ou a reforma de uma área da própria prefeitura. No setor privado, observe uma relação similar. No caso hipotético de um porto ter sido danificado por uma forte ressaca, enquanto o pátio, atracadouros e até mesmo os navios danificados representam os danos, os prejuízos podem ser estimados pela redução da movimentação e consequente perda de faturamento que permanece até a reparação dos estragos. TRAZENDO PARA A REALIDADE 64CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A partir das definições apresentadas até aqui, pode- -se constatar que um desastre deve ser caracterizado por um ou mais tipos de danos e/ou prejuízos, sendo que para a Sedec deve ocorrer, no mínimo, o dano humano. SE e ECP Fonte: adaptado do Decreto nº 7.257 (2010). SITUAÇÃO DE ANORMALIDADE TIPO DE DANO INTENSIDADE DO DANO SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA Danos Suportáveis e Superáveis Situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público do Ente atingido ou que demande a adoção de medidas administrativas excepcionais para resposta e recuperação. ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA Danos Severos Situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder público do Ente atingido e adoção de medidas administrativas excepcionais para resposta e recuperação. Nesses casos, o poder executivo dos estados, mu- nicípios e Distrito Federal podem decretar SE ou ECP. Além disso, conforme define a IN MDR nº 36/2020, quando os danos e prejuízos ocorrem em mais de um município, concomitantemente, o estado pode decretar a SE ou o ECP para um grupo de municípios. Assim, para restaurar a situação de normalidade interrompida pelo desastre e seus impactos, podem ser necessárias ações administrativas excepcionais que demandem uma situação jurídica especial. MARCELO CAMARGO, AGÊNCIA BRASIL NETO Realce 65CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A IN MDR nº 36/2020 também classifica o desastre, quanto a sua intensidade, em três níveis: I, II e III. Enten- da no que consiste cada um desses níveis: São aqueles em que somente danos humanos são considerados e que a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e federais. São aqueles em que os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis pelos governos locais, e a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e federais. Além disso, são caracterizados pela ocorrência de ao menos dois danos, sendo um deles obrigatoriamente danos humanos que importem no prejuízo econômico público ou privado e que afetem a capacidadedo poder público local em responder e gerenciar a crise instalada. Ensejam a decretação de Situação de Emergência Ensejam a decretação de Situação de Emergência Enseja a decretação de Estado de Calamidade Pública Fonte: Ceped/UFSC (2021). GRAU DE INTENSIDADE DO DESASTRE INTENSIDADE INTENSIDADE INTENSIDADENÍVEL NÍVEL NÍVEL PEQUENA MÉDIA GRANDE São aqueles em que os danos e prejuízos não são superáveis e suportáveis pelos governos locais e o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do Sinpdec e, em alguns casos, de ajuda internacional. Além disso, são caracterizados pela concomitância na existência de óbitos, isolamento de população, interrupção de serviços essenciais, interdição ou destruição de unidades habitacionais, danificação ou destruição de instalações públicas prestadoras de serviços essenciais e obras de infraestrutura pública. 66CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Os decretos de SE ou de ECP realizados pelos go- vernos municipais, estaduais e distrital, podem ser re- conhecidos pelo governo federal quando houver ne- cessidade de apoio federal para ações de resposta e recuperação do desastre. O reconhecimento federal é um ato realizado por meio de portaria assinada pelo Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, mediante requerimento, conforme texto definido no Decreto nº 10.593, de 24 de dezembro de 2020. Os critérios e procedimentos para o reconhecimento federal são detalhados na IN MDR nº 36/2020 e esse tema será abordado mais a frente em outro curso desta capacitação. Quando a intensidade do desastre e seus impactos sociais, econômicos e ambientais forem de notorieda- de pública, a Sedec reconhece sumariamente a SE ou o ECP (art. 33, do Decreto nº 10.593/2020). Vimos até aqui as principais definições que auxiliam a compreender como se formam os processos de ris- cos e desastres, bem como a forma administrativa e legal que o Brasil adota para os registros dos desastres. No próximo tópico, você vai verificar como se dá o ciclo de atuação da P&DC no Brasil. Todos esses documentos devem ser encaminhados à Sedec, via S2ID, em até 10 dias contados da data do desastre, nos casos súbitos; e em até 10 dias contados da data do decreto do Ente para os casos de desastres graduais. Além dos critérios para o reconhecimento federal, a IN MDR nº 36/2020 lista os documentos necessários para realizar a análise do requerimento. ARQUIVO IBAMA 67CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL FASES DE ATUAÇÃO DA DEFESA CIVIL As ações e atribuições dos órgãos de P&DC são es- tabelecidas pela Lei nº 12.608/2012 que, como já visto, define as ações de: prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. Essas ações devem ter uma abordagem sistêmica, integrando um ciclo de atuação, com vistas à cons- trução de cidades e comunidades mais resilientes por meio do desenvolvimento sustentável. Esse ciclo divide-se em duas partes: » A primeira refere-se à gestão de risco, no qual se observam as ações de prevenção, mitigação e preparação durante o período de normalidade. » A segunda, denominada gestão de desastres, refere-se às ações de resposta e recuperação, ligadas aos períodos de anormalidade ou crise. Entenda melhor esse ciclo de atuação analisando a imagem a seguir. CICLO DE ATUAÇÃO DA DEFESA CIVIL Fonte: Ceped/UFSC (2021). 68CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Por isso, é necessário que os setores públicos e pri- vados, bem como a academia e instituições científicas e de pesquisa, trabalhem igualmente em conjunto e criem oportunidades de colaboração, organizando uma atua- ção integrada para a RRD em suas práticas de gestão. AÇÕES DE PREVENÇÃO As ações de prevenção podem ser conceituadas como as medidas e atividades prioritárias destinadas a evitar riscos de desastres existentes e instalação de novos (UNISDR, 2017). Elas devem evitar os possíveis impactos adversos (negativos) de um desastre, me- diante a execução de ações planejadas e realizadas de forma antecipada, como a construção de uma represa ou muro de contenção para eliminar o risco de inunda- ções e/ou deslizamentos, ou a criação de leis que pro- íbam a construção de moradias em áreas de risco por meio da aplicação de políticas públicas e fiscalização. AÇÕES DE MITIGAÇÃO Já as ações de mitigação são as medidas e atividades adotadas para reduzir o impacto de um desastre (UNIS- DR, 2017). Logo, tais atividades consistem em intervenções, com o intuito de limitar os impactos adversos das ame- aças, por exemplo: melhoria nos sistemas de drenagem, adaptações das coberturas de edificações para resistir melhor a vendavais, desenvolvimento de políticas e pro- gramas voltados ao aumento da resiliência, dentre outros. Lembre-se sempre de que as práticas de redução do risco de desastres precisam ser multissetoriais e orientadas para uma variedade de perigos, devendo ser inclusivas e acessíveis. O Sinpdec engloba os Sistemas Federal, Estadual e Municipal. Eles atuam em conjunto, alinhados em uma Política Pública integrada de P&DC, que faça prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação dos desastres. Logo – por seu papel de liderança, regulamentação e coordenação de esforços – os governos devem, por meio de organizações da sociedade civil e entidades privadas com atuação relevante na área de P&DC, envolver todas as partes interessadas na concepção e implementação de políticas, planos e normas. AÇÕES DE PREPARAÇÃO As ações de preparação referem-se ao conheci- mento e às capacidades desenvolvidas por gover- nos, organizações de resposta e recuperação, comu- nidades e indivíduos para efetivamente antecipar, responder e se recuperar dos impactos de desastres prováveis, iminentes ou atuais (UNISDR, 2017). Exem- plos de ações de preparação são: a elaboração de planos de contingência, a implementação de monito- ramento, sistemas de alerta e sirenes antecipados e os treinamentos e simulados. AÇÕES DE RESPOSTA Por sua vez, as atividades de resposta são aquelas re- alizadas durante e imediatamente após um desastre, a fim de salvar vidas, reduzir os impactos na saúde, ga- rantir a segurança pública e atender às necessidades básicas de subsistência das pessoas afetadas (UNIS- DR, 2017). Portanto, atividades de resposta são aquelas que ocorrem em atendimento a um desastre, desde o seu impacto até o momento em que a emergência ter- mina, para então dar início ao processo de recuperação. 69CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A resposta está organizada em: AÇÕES DE RECUPERAÇÃO Finalmente, as ações de recuperação referem-se à restauração ou melhoria dos meios de subsis- tência e saúde, bem como propriedades, sistemas e atividades econômicas, sociais, culturais e am- bientais de uma comunidade ou sociedade afe- tada por desastres, alinhando-se aos princípios de desenvolvimento sustentável e “reconstruir melhor”, a fim de evitar ou reduzir o risco de desastres futuros (UNISDR, 2017). Logo, pode-se afirmar que tais atividades englo- bam a restauração e melhoramento, se necessário, das plantas, instalações, meios de sustento e condi- ções de vida das comunidades afetadas por desastres, incluindo esforços para reduzir os fatores residuais de risco de desastres. Exemplos de ações de recupera- ção: obras de reconstrução de infraestrutura danificada ou destruída, saque do FGTS e programas de crédito, dentre outros, além da melhoria na preparação para desastres, conforme proposto pelo Marco de Sendai. O crescimento constante do risco, combinado com as lições aprendidas com os desastres do passado,indica a necessidade de reforçar ainda mais a preparação para responder aos desastres, tomar medidas com base na previsão de eventos adversos, integrar a redução do risco de desastres na preparação e assegurar que exista capacidade para resposta e recuperação eficazes em todos os níveis. Os desastres demonstram que a fase de recuperação, reabilitação e reconstrução é uma oportunidade fundamental para o princípio de reconstruir melhor, inclusive pela integração da redução do risco de desastres (UNISDR, 2015, p. 17). Marco de Sendai PRIORIDADE 4. AUMENTAR A PREPARAÇÃO PARA DESASTRES PARA UMA RESPOSTA EFICAZ E PARA “RECONSTRUIR MELHOR” EM RECUPERAÇÃO, REABILITAÇÃO E RECONSTRUÇÃO » ações de socorro (exemplos: primeiros-socorros, resgate de pessoas, o atendimento pré- -hospitalar e o atendimento mé- dico e cirúrgico de urgência); » assistência às vítimas (exem- plos: alimentação, água potável, suprimento de material de abri- gamento, de vestuário, de limpe- za e de higiene pessoal); » restabelecimento (exemplos: su- primento e distribuição de energia elétrica, limpeza urbana, drena- gem das águas pluviais e desobs- trução e remoção de escombros). 70CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL As novas definições do Decreto nº 10.593/2020, que regulamenta a Lei nº 12.608/2012, estabelecem que a P&DC, em todo o território nacional, abrangem: AÇÕES DE PREVENÇÃO Medidas prioritárias destinadas a evitar a con- versão de risco em desastre ou a instalação de vulnerabilidades. AÇÕES DE MITIGAÇÃO Medidas destinadas a reduzir, limitar ou evitar o risco de desastre. AÇÕES DE PREPARAÇÃO Medidas destinadas a otimizar as ações de res- posta e minimizar os danos e as perdas decor- rentes do desastre. Vale destacar ainda que todas as ações podem ser realizadas sob dois aspectos denominados estruturais e não estruturais. » As ações estruturais são aquelas que envolvem medidas de controle essencialmente construti- vas, tais como barragens, diques, represas, re- servatórios, canais de desvio, alargamento de rios, reflorestamento etc. » As não estruturais são as medidas que buscam reduzir os danos ou consequências dos desas- tres pela introdução de planejamentos, mapea- mentos, capacitações, normas, regulamentos e programas, como a regularização do uso e ocu- pação do solo, implantação de sistemas de aler- ta e processos de participação da sociedade. AÇÕES DE RESPOSTA Medidas de caráter emergencial, executadas durante ou após a ocorrência do desastre, des- tinadas a socorrer, assistir a população atingida e restabelecer os serviços essenciais. AÇÕES DE RESTABELECIMENTO Medidas de caráter emergencial destinadas a restabelecer as condições de segurança, habi- tabilidade e os serviços essenciais à população na área atingida pelo desastre. AÇÕES DE RECUPERAÇÃO Medidas desenvolvidas após a ocorrência do desastre destinadas a restabelecer a normali- dade social, que abrangem a reconstrução de infraestrutura danificada ou destruída e a recu- peração do meio ambiente e da economia. 71CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL GESTÃO DE RISCO DE DESASTRES – GRD A Gestão de Riscos de Desastres (GRD) é um con- ceito que surgiu essencialmente após 1998, inspira- do na realidade posta em evidência pelo desastre associado ao furacão Mitch e seus desdobramentos. A nova concepção evoluiu da simples gestão de de- sastres para a gestão de riscos de desastres, com o objetivo de ampliar o conceito e reduzir as perdas e danos, fortalecer a resiliência e promover o desenvol- vimento sustentável. VOCÊ SABIA? O furacão Mitch afetou grandes áreas em Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Honduras e Sul da Flórida, EUA, em outubro e novembro de 1998, causando cerca de 7 bilhões de dólares em perdas econômicas e aproximadamente 20.000 mortes (LAVELL, 2000, p. 18). N O A A , S AT EL LI TE A N D IN FO R M AT IO N S ER V IC E (2 6/ 10 /1 99 8) 72CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Assim, pode-se dizer que a GRD faz parte do plane- jamento de um órgão de P&DC, voltado para as ações de prevenção, mitigação e preparação, com destaque inicial para a análise de variáveis, em que se permite estabelecer as relações de causa e efeito do elemento risco. Nesse sentido, a análise de riscos abrange três dimensões: 1. Levantamento das características da ameaça, tais como a sua localização, intensidade, fre- quência e probabilidade; 2. Análise da exposição da população e outros elementos à determinada ameaça; 3. Análise da vulnerabilidade, incluindo saúde, dimensões físicas, sociais, econômicas e am- bientais. Por isso, quando se analisa a relação entre ameaça, vulnerabilidade e exposição, fica evidente que a cor- reta consideração desses fatores é fundamental para a construção de estratégias para a redução de riscos. É essencial entender quais serão os impactos na popula- ção, na infraestrutura, nos serviços básicos e nos meios de produção para a construção dessas estratégias, além de compreender a importância do planejamento para a recuperação na ocorrência de um desastre. Observe os exemplos, na imagem a seguir, para entender melhor a relação que propicia o risco de desastre. Fonte: Ceped/UFSC (2021). Urb an iza çã o H ab ita çã o e in fra estr utura em condições precárias M udança Climática RISCO DE DESASTRE Ameaça Exposição Vulnerabilidade CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL 73CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL Visto a abrangência da análise do risco, pode-se concluir que a concretização da ameaça sobre uma área exposta e vulnerável resulta em um desastre. Como exemplo, acompanhe a seguinte situação: Vulnerabilidade Infraestruturas em condições precárias construídas irregularmente em áreas de risco. Exposição Como acarretamento da urbanização desordenada, a construção irregular de habitações em encostas acentuadas apresenta maior risco de deslizamento em situações de chuva intensa. Ameaça ou perigo O alto volume de água das chuvas, causadas pe- las alterações climáticas urbanas, provoca desli- zamento de terra e soterra as construções irregu- lares do local, gerando danos humanos, materiais, ambientais e prejuízos. Além disso, para que ocorra de forma efetiva, a GRD deve: implementar políticas e estratégias para reduzir os riscos de desastres já existentes (gestão corretiva); prevenir novos riscos (prospectiva); e ainda gerenciar TRAZENDO PARA A REALIDADE TÂNIA RÊGO, AGÊNCIA BRASIL riscos residuais (gestão compensatória), contribuindo para a redução de perdas e danos, fortalecimento da resiliência e desenvolvimento sustentável. 74CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL » Gestão corretiva: é representada pelas ativi- dades que abordam e buscam remover ou re- duzir os riscos de desastres já existentes. São exemplos: a modernização de infraestruturas críticas, mediante o reforço da estrutura cons- trutiva de um hospital que se encontra em uma área de risco de terremoto; a redução das vul- nerabilidades sociais e de saúde por meio de melhores moradias; o acesso a terras seguras e tratamento de déficits em infraestrutura e ser- viços básicos (água, luz, esgoto); a introdução de barragens, diques e medidas de estabiliza- ção de taludes. » Gestão prospectiva: é representada pelas ati- vidades que abordam e buscam evitar o de- senvolvimento de novos (ou maiores) riscos de desastre se as políticas de redução de riscos não forem implementadas. Por exemplo: locali- zação de uma área segura para construir uma nova escola ou hospital evitando riscos futuros; construção de sistemas de drenagem que inte- grem o uso de sistemas de retenção deágua e infraestrutura verde, combinados com melhores sistemas de drenagem pluvial e esgoto, com o objetivo de reduzir os riscos relacionados ao cli- ma e à saúde (UNISDR, 2009). » Gestão compensatória: é representada pelas atividades que são desenvolvidas para fortale- cer a resiliência social e econômica de indivíduos e sociedades diante de riscos residuais que não podem ser efetivamente reduzidos. Envolve, por exemplo, atividades de preparação, resposta e recuperação, mas também uma combinação de diferentes instrumentos de financiamento, como fundos de contingência nacionais, crédito con- tingente, seguros e resseguros, além de redes de segurança social. Fonte: adaptado de UNISDR (2017). Veja mais detalhadamente essa distinção dos componentes da GRD. 75CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A Gestão Prospectiva, como visto, atua na prevenção de novos riscos e a Gestão Compensatória tem foco na gestão dos riscos residuais, com o objetivo maior de reforçar a resiliência, seja ela financeira ou social. Pode-se pensar em exemplos de Gestão Compen- satória ao se explorar oportunidades benéficas para aumentar a resiliência (capacidade de enfrentamento de uma comunidade aos desastres), harmonizando ações com foco no desenvolvimento econômico e na conservação ambiental. Um bom exemplo é o uso do lixo para geração de energia. A cidade de São Paulo chegou a um acordo com a empresa Biogás para utilização do gás metano (decorrente da decomposição dos resíduos orgânicos) em combustíveis para geração de energia elétrica. O risco residual está representado pelos resíduos orgânicos depositados nos aterros, que podem ser espalhados em uma enxurrada, por exemplo, e causar problemas de saúde ou mesmo poluição. Por isso a importância da atuação da P&DC em conjunto com a iniciativa privada fortalecendo a Gestão Compensatória. LUIZ GUADAGNOLI, PREFEITURA DE SÃO PAULO/SECOM 76CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Portanto, a GRD, além de reduzir os riscos, previne os riscos futuros relacionados às emergências e desastres. Fonte: Ceped/UFSC (2021). Por fim, considera-se fundamental compreender que a GRD não pode ser caracterizada à margem do de- senvolvimento, uma vez que o risco é uma construção social, ou seja, algo resultante de processos de desen- volvimento inadequados que geram problemas e inse- gurança para pessoas e podem comprometer a vida, a saúde, bem como infraestruturas e serviços essenciais. Veja que, se no passado a noção de desastre era centrada unicamente na perda de benefícios acumula- dos pelo processo de desenvolvimento (quantidade de moradias, comércios, pontes, escolas e hospitais danifi- cados), hoje ela incorpora o próprio desenvolvimento (e a expansão urbana desordenada, o crescimento popu- GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRE lacional e econômico, a gestão ineficiente de recursos naturais etc.) como um fator causal de risco. Logo, os desastres estão intimamente relaciona- dos com os processos de desenvolvimento da socie- dade, de forma que decisões relacionadas ao planeja- mento urbano podem agravar os riscos já existentes e gerar novos riscos de desastres. De outro lado, quando observados os aspectos de construção social do risco, pode-se atuar para conciliar interesses de desenvolvi- mento com a RRD de forma eficiente e eficaz. Para isso, é preciso evoluir por um caminho que incorpore a GRD e a Adaptação às Mudanças Climáticas (AMC) ao de- senvolvimento sustentável. VOCÊ SABIA? As mudanças climáticas podem ser causadas por processos internos naturais ou forças externas, ou ainda mudanças antropogênicas persistentes na composição da atmosfera ou no uso da terra. O processo de AMC se refere aos ajustes nos sistemas humanos e naturais como resposta aos estímulos climáticos, projetados ou reais, e seus efeitos, a fim de moderar o dano ou explorar oportunidades benéficas. O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland, de 1988), criada pela Organização das Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Gestão corretiva dos riscos redução dos riscos existentes Gestão compensatória dos riscos gerenciar riscos residuais Gestão prospectiva dos riscos redução dos riscos futuros 77CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL GESTÃO CORRETIVA GESTÃO PROSPECTIVA GESTÃO COMPENSATÓRIA Gestão de riscos de desastre Com foco na redução/mitigação dos riscos existentes Com foco na prevenção para evitar novos riscos Com foco no gerenciamento de riscos residuais para reforçar a resiliência (econômica e social) Mudança climática Adaptando-se às mudanças climáticas reais (existentes) e seus efeitos, mitigando danos e prejuízos Adaptando-se às mudanças climáticas projetadas (futuras) e seus efeitos, prevenindo danos e prejuízos Explorando oportunidades benéficas para aumentar a resiliência a eventos extremos associados às mudanças climáticas (harmonizando desenvolvimento econômico e conservação ambiental) Desenvolvimento sustentável Ampliando as condições de desenvolvimento existentes com foco em ações sustentáveis Contribuindo para o desenvolvimento sustentável futuro Reforçando a resiliência aos riscos e desastres cotidianos Antes de ler sobre governança, recapitule os com- ponentes que fazem parte da GRD. COMPONENTES DE GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES Ligações entre áreas de prática de GRD, mudança climática e desenvolvimento sustentável Fonte: Adaptada de UNDRR (2019). 78CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL GOVERNANÇA Agora que você já passou pelos principais concei- tos sobre P&DC, vale conhecer o conceito de gover- nança, que está destacado na prioridade 2 do Marco de Sendai. A governança do risco de desastres nos níveis nacional, regional e global tem grande importância para uma gestão eficaz e eficiente dos riscos de desastres. É necessário ter visão clara, planos, competências, orientação e coordenação intra e interssetorial, bem como a participação das partes interessadas. O fortalecimento da governança do risco de desastres para prevenção, mitigação, preparação, resposta, recuperação e reabilitação é, portanto, necessário e promove colaboração e parceria entre mecanismos e instituições para a implementação de instrumentos relevantes para a redução do risco de desastres e para o desenvolvimento sustentável. (UNISDR, 2015, p. 12). Marco de Sendai PRIORIDADE 2. FORTALECIMENTO DA GOVERNANÇA DO RISCO DE DESASTRES PARA GERENCIAR O RISCO DE DESASTRES. A R Q U IV O S ED EC 79CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Então, sob a ótica da P&DC, pode-se dizer que a boa governança inclui: » Coordenação e cooperação entre os diferentes níveis de governo e os setores envolvidos nas diferentes ações do ciclo de atuação em P&DC (prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação). No Brasil, governança pública é definida pelo Decre- to nº 9.203, de 22 de novembro de 2017, como sendo: “o conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução das políti- cas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade” (BRASIL, 2007a), o que vai ao encontro do conceito de Sinpdec, que trata do: Conjunto de órgãos e entidades da administraçãopública federal, organizados a partir da articulação horizontal, visando o exercício das competências da União Federal na execução das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, e no planejamento e coordenação das ações de gerenciamento de riscos e de desastres. (BRASIL, 2017b). Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil » Ampla participação da sociedade civil nos pro- cessos de GRD. » Transparência e definição clara do papel e res- ponsabilidades das entidades envolvidas na GRD. D EF ES A C IV IL , G O V ER N O D E SÃ O P A U LO UNIDADE 3 CONTEXTO DOS DESASTRES A R Q U IV O SED EC 81CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL CONTEXTO DOS DESASTRES ARQUIVO SEDEC O objetivo desta unidade é apresentar o contexto internacional e nacional de desastres, bem como contribuir para a construção do conhecimento voltado para promoção de medidas de redução de desastres, além dos investimentos dos governos para enfrentamento das situações de anormalidade. 82CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O estudo dos desastres, incluindo seus fatores de-flagradores e as ações voltadas à minimização deles, é um tema multidisciplinar, que envolve uso e ocupação do solo, planejamento urbano, mudanças cli- máticas, valorização do conhecimento empírico e local, bem como das ciências como psicologia, comunicação, engenharia, meteorologia, economia, entre outros. Na busca por representar os desastres em núme- ros, algumas instituições se utilizam de base de dados mantidas por iniciativas internacionais e, apesar de ha- ver diferenças entre elas nos critérios adotados para qualificação e quantificação, as mais amplamente ci- tadas são: DESASTRES NO MUNDO » International Disaster Database (EM-DAT) que coleta dados por países desde 1988, resgatando dados datados desde 1900. » Desinventar, iniciativa coordenada pela UNDRR, que iniciou na década de 90, com foco nos paí- ses latino-americanos e se expandiu para deze- nas de outros nas últimas décadas. » NatCat, mantido pela Munich Reinsurance Com- pany, que contabiliza os danos com base nos eventos, não nos países. » Sigma, mantido pela Swiss Reinsurance Com- pany, que também contabiliza os danos com base nos eventos. ARQUIVO UNDRR 83CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL O relatório aponta que, somente na década de 2008 a 2017, foram registrados em todo o mundo 3.480 desastres, que afetaram diretamente 1,98 bilhão de pessoas, com destaque para as secas e inundações. No mesmo período, foram verificados 67.572 óbitos e perdas econômicas da ordem de US$ 167 bilhões, cau- sados principalmente por terremotos, furacões/ciclo- nes e seus eventos correlatos. Observe esses dados na tabela a seguir: MÉDIA ANUAL DOS DADOS (2008 – 2017) AFETADOS (pessoas) ÓBITOS (pessoas) PERDAS ECONÔMICAS (em US$) SECA 73.900.000 2.004 8.300.000.000,00 TERREMOTOS 8.300.000 35.197 45.300.000.000,00 TEMPERATURAS EXTREMAS 9.000.000 7.388 3.000.000.000,00 INUNDAÇÕES 73.100.000 5.039 36.300.000.000,00 DESLIZAMENTOS 300.000 1.034 300.000.000,00 MOVIMENTO DE MASSA < 100.000 24 < 100.000,00 TEMPESTADE 33.900.000 16.762 69.600.000.000,00 ATIVIDADE VULCÂNICA 200.000 44 < 100.000,00 INCÊNDIOS 100.000 80 3.800.000.000,00 TOTAL 198.900.000 67.572 166.600.200.000,00 Assim, os dados apresentados a seguir têm como base o relatório anual do EM-DAT publicado em 2019, sendo considerados somente aqueles relacionados a eventos de origem natural. Apesar da difícil comparação de dados de diferentes bases – principalmente por diferenças metodológicas e porque as companhias de seguro comumente igno- ram dados de países com pouca prospecção comercial – considera-se o EM-DAT como o mais abrangente por buscar ampliar a coleta dos dados para mais fontes. Média anual dos dados mais relevantes sobre desastres ocorridos no mundo entre 2008 e 2017 Fonte: adaptado de CRED (2019). MÉDIA ANUAL DOS DADOS 84CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Os números expostos na tabela demonstram a rele- vância que os impactos dos desastres têm sobre a so- ciedade e a economia mundial, seja em países ricos ou subdesenvolvidos. Os registros do CRED (2019) identifi- cam que ocorreram 11.804 mortes decorrentes de de- sastres em 2018 e mostram que os 5 (cinco) desastres de maior impacto aconteceram em países onde a po- pulação é mais vulnerável. Observe na tabela a seguir quais são esses desastres mais fatais. LOCAL DESASTRE TOTAL DE PERDAS ECONÔMICAS (em US$) ESTADOS UNIDOS Incêndios 16,5 bilhões ESTADOS UNIDOS Furacão Michael 16 bilhões ESTADOS UNIDOS Furacão Florence 14 bilhões JAPÃO Tufão Jebi 12,5 bilhões JAPÃO Inundações 9,5 bilhões LOCAL DESASTRE TOTAL DE ÓBITOS INDONÉSIA Terremoto/Tsunami 4.340 INDONÉSIA Terremoto 564 ÍNDIA Inundação 504 INDONÉSIA Atividade Vulcânica/ Tsunami 453 GUATEMALA Atividade Vulcânica/ Tsunami 425 Por outro lado, ao verificar a composição dos de- sastres, que somados acarretaram perdas de US$ 132 bilhões em 2018, observe que os 5 (cinco) maiores pre- juízos ocorreram nos Estados Unidos e Japão. Além do perfil elevado de risco desses países, a quantidade de bens expostos potencializa as perdas no setor privado e, também, no público, conforme dados demonstrados na tabela a seguir. OS CINCO DESASTRES MAIS DANOSOS EM 2018OS CINCO DESASTRES MAIS FATAIS EM 2018 Fonte: adaptado de CRED (2019).Fonte: adaptado de CRED (2019). 85CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL É preciso considerar a possibilidade de que esses números sejam ainda maiores, ponderando que essa base de dados, bem como as demais, registra os de- sastres de maior impacto, subnotificando os de peque- no a médio porte, que acontecem, usualmente, de for- ma mais frequente. Assim, ao comparar os desastres mais letais com os desastres mais danosos economicamente, pode-se reafirmar a ideia de que é preciso investir na redução da pobreza para prevenir danos humanos causados por desastres. Outro fator a se observar é que os impactos dos desastres sobre as populações expostas e vulnerá- veis não ocorrem exclusivamente em países despre- parados ou relacionados a desastres de mais difícil previsão, como terremotos e tsunamis. Exemplo disso foram as inundações e fluxos de lama ocorridas no Japão em junho de 2018, devido às chuvas torren- ciais. O desastre culminou, segundo o EM-DAT, em 220 óbitos, figurando como o sexto desastre com mais fatalidades naquele ano em todo o mundo, atrás apenas dos cinco eventos listados na tabela que cita os cinco desastres mais fatais em 2018. Os dados apresentados no relatório anual do EM- -DAT, publicado em 2019 (três tabelas apresentadas anteriormente), demonstram a importância da con- tínua necessidade de investimentos na redução de riscos, priorizando o aumento da resiliência. São es- forços que, considerando a realidade brasileira, devem ser investidos desde municípios até o Governo Federal, de forma que a população, setor privado e a adminis- tração pública estejam tão capacitados quanto possí- vel para enfrentar a frequência e a magnitude de cená- rios de desastres, que parecem crescentes, seja pelas mudanças no clima ou por processos de urbanização inadequados. Ora, os países com mais óbitos são os que possuem a população mais vulnerável e são os mais drastica- mente afetados, ainda que os desastres que os impac- tam sejam de magnitude inferior. KYODO NEWS 86CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL BASE DE DADOS NACIONAIS A primeira iniciativa de se obter um banco de da- dosestruturado em nível nacional foi a construção do S2ID, que resultou da elaboração do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, publicado em 2011, que trazia as informações dos desastres ocorridos no Brasil nas últimas duas décadas, de 1991 até 2010. Em 2013, o Atlas foi atualizado, contemplando os dados até 2012. A partir da implantação do S2ID, cuja utilização passou a ser obrigatória para solicitação de reconhe- cimento e recursos federais desde 2013 – por meio da Portaria MI nº 526, de 6 de setembro de 2012 – os da- dos passaram a ser registrados diretamente pelos mu- nicípios de forma sistematizada e padronizada. Assim, a atualização das informações sobre as ocorrências, os danos e o prejuízos relacionados a desastres, tornou- -se mais ágil e com boa granularidade. Em 2019, por exemplo, foram realizados 4.193 regis- tros no sistema. Esses registros informam, no mínimo, a identificação do local de ocorrência (município), data e tipo do desastre. Desses 4.193 registros, 1.813 não pros- peram para qualquer tipo de solicitação de apoio pos- terior à União, ou seja, foram apenas apontados pelos Entes para a composição do banco de dados do S2ID. Esses dados, fornecidos pela Sedec e analisados pelo Ceped UFSC, serviram de base para a criação do Atlas Digital de Desastres no Brasil, desenvolvido com o apoio do Banco Mundial e lançado em 2020. No atlas, é possível pesquisar os dados de ocorrências conforme a tipologia do desastre, data e localização, detalhando os dados até o nível municipal. Atlas Digital de Desastres no Brasil https://atlas.ceped.ufsc.br/ 87CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Dentre as referências com dados disponíveis so- bre os impactos dos desastres no país, além do Atlas Digital, encontra-se o Relatório de Danos Materiais e Prejuízos Decorrentes de Desastres Naturais no Brasil, 1995 a 2019. O estudo também foi realizado em cooperação entre o Banco Mundial e o Ceped/UFSC, com foco nos prejuízos e danos materiais informados pelos municípios no decorrer dos 25 anos da pesqui- sa. O levantamento soma-se à base de dados manti- da pelo próprio Ceped, que é atualizada anualmente por meio do tratamento e consolidação dos dados das informações registradas no S2ID e informados por ór- gãos estaduais de P&DC. Elaborado pelo Banco Mundial em parceria Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com base nos dados da Sedec e dos órgãos estaduais de P&DC, 1995 – 2019, com valores corrigidos para 2019. Mais sobre o Relatório no site relatório de Desastres do Ceped/UFSC. O Sistema Integrado de Informações sobre Desastres O Decreto nº 10.593/2020 coloca a Sedec como responsável pela instituição e coordenação do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, cujo desenvolvimento foi autorizado pela Lei nº 12.608 em 2012. Ele deve integrar as informações relevantes de sistemas existentes e que venham a ser instituídos pelos órgãos e entidades do Sinpdec. Além da própria Sedec, que coordena o S2ID, outros órgãos do Sinpdec destacam-se como geradores de informações relevantes sobre riscos de desastres no país, tais como: a Agência Nacional de Águas (ANA), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Nacionais (Cemaden), o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), dentre outros. ARQUIVO CEMADEN https://relatoriodedesastres.ceped.ufsc.br/ 88CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Com os dados fornecidos pelo Atlas Digital e o relatório de danos e prejuízos, foi possível analisar um perfil de risco do país que será estudado no próximo tópico, concentrando-se nos desastres com origem em eventos naturais, divididos em cinco grandes grupos, que reúnem os eventos mais representativos, como pode ser observado a seguir: CINCO GRANDES GRUPOS DE DESASTRES Fonte: Ceped/UFSC (2021). 1 2 3 4 5 Cabe ressaltar, porém, que os registros são feitos diretamente pelos municípios e estados, sem uma análise qualitativa posterior, como é realizada nas outras bases de dados aqui mencionadas, sendo suscetível a interpretações distintas, conforme o entendimento do responsável pelo registro. O que, somado à dificuldade inerente de, em muitos casos, identificar uma causa prevalente para um desastre com diversos elementos presentes (alagamentos, inundações, vendavais, deslizamentos etc.), pode acarretar variações na classificação da tipologia do desastre. Então, agrupar alguns tipos de eventos parece ser adequado para entender a causa/ origem do desastre. 89CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PERFIL DE RISCO NACIONAL Para avaliar adequadamente o risco, é necessário determinar as ameaças mais relevantes, entendendo suas características, frequência e prováveis impactos. É necessário definir a sua abrangência avaliando as pessoas, edifícios, bens e serviços que podem ser afe- tados. Por fim, é preciso entender as características dos elementos expostos para determinar suas vulnerabili- dades sociais, físicas e ambientais. Em um país como o Brasil, com extensão continental e notáveis diferenças regionais e sociais, a avaliação de todos esses fatores é o desafio a ser superado. Modelos que dimensionem os perigos e seus impactos de forma abrangente e homogênea, ao longo do território, não se encontram disponíveis, o que dificulta tanto a avaliação quanto a comparação dos níveis de risco, mesmo que de forma regional. Nesse contexto, as informações para construção de um perfil de risco para todo o país devem se apoiar em dados de danos e prejuízos pretéritos, sendo as cartas de setori- zação de risco elaboradas pelo CPRM uma exceção a essa condição. Mesmo que não alcancem todos os municípios, abrangem a maioria daqueles com riscos mais relevantes relacionados a inundações, enxurradas e movimentos de massa, sendo atualmente a melhor referência nacional. Além disso, os dados de reconhecimento federal (RF) das ocorrências de desastres geram informações que auxiliam na determinação das características do perfil de risco brasileiro. Uma vez que os registros que originam os RFs estão vinculados à classificação da Cobrade, também estão re- lacionados diretamente ao evento adverso que resultou nos danos e prejuízos. Sendo assim, os dados sobre os reconhecimentos realizados se tornam uma fonte oficial relevante para se analisar a origem dos desastres e sua distribuição geográfica. FE R N A N D O F R A ZÃ O /A G ÊN C IA B R A SI L 90CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL A partir desse contexto, a seguir são apresentados os gráficos com a distribuição dos RFs entre os anos de 2003 e 2019, disponíveis no S2ID. Primeiramente, reuniu- -se as tipologias mais próximas, de forma a identificar os desastres mais recorrentes, como pode ser observado no gráfico a seguir. Em seguida, os desastres naturais classificados como mais recorrentes foram divididos em cinco gran- des grupos assim distribuídos: RECONHECIMENTOS FEDERAIS POR TIPOLOGIA DE DESASTRES DESASTRES POR GRUPOS Fonte: Ceped/UFSC (2021). Fonte: Ceped/UFSC (2021). Biológico 83 (0,2%) Climatológico 25700 (72,5%) Hidrológico 7933 (22,4%) Meteorológico 1390 (3,9%) Geológico 334 (0,9%) 91CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL » As ocorrências relacionadas a secas e estia- gens (e, em mínima proporção, a incêndios florestais) representam 72% do total de re- conhecimentos realizados. Dentre os fatores que justificam esse número, ressalta-se que os desastres relacionados a eventos de estiagem e seca são usualmente mais abrangentes,fa- zendo com que a contagem de municípios vin- culados a um único evento seja maior. As secas são fenômenos que duram por mais tempo, resultando na necessidade de novas decreta- ções de situação de emergência pelos Entes e, consequentemente, mais solicitações de RF são requeridas, enquanto perdurarem os im- pactos do desastre. » As inundações e enxurradas representam a maior parte dos desastres com origem em fe- nômenos hidrológicos. Ao avaliar os eventos deflagrados por alto volume de chuva, é neces- sário considerar ainda que os registros de chu- vas intensas representam mais da metade (55%) dos desastres classificados como meteorológi- cos. Tendo em vista a já mencionada dificuldade técnica em se classificar adequadamente o de- sastre no nível municipal – além do fato de que a própria definição de Chuva Intensa induz a que essa seja empregada em eventos com características mais generalizadas – é razoável concluir que esses eventos também têm origem em fenômenos hidrológicos. » Embora sejam notoriamente relevantes e recor- rentes em vários estados brasileiros, o número de deslizamentos registrados é baixo. Apesar de representar quase a totalidade dos desas- tres classificados como movimento de massa, os deslizamentos e corridas de lama/solo foram utilizados em apenas 172 registros que originaram RF entre 2003 e 2019. Esse fato se justifica na me- dida em que esses são, normalmente, eventos mais pontuais que acabam sendo inseridos no contexto de enxurradas e chuvas intensas. Outra questão importante é que esse tipo de desastre não está entre os elegíveis para o saque do Fundo de Garantia (FGTS), conforme determina artigo 2º do Decreto nº 5.113, de 22 de junho de 2004. Ao observar os registros dos desastres, é possí- vel concluir que as codificações escolhidas foram, em muitos casos, as associadas a inundações e enxurradas, ao invés de deslizamentos, por exem- plo, para se enquadrar a essa legislação. A Instrução Normativa Nº 36 Sedec/MDR, de dezembro de 2020, determina que o decreto de SE/ECP terá validade máxima de 180 dias a contar da data de sua publicação. São chuvas que ocorrem com acumulados significativos, causando múltiplos desastres (ex.: inundações, movimentos de massa, enxurradas etc.). O inciso XVI do art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, é regulamentado pelo Decreto nº 5.113, de 22 de junho de 2004. Ao analisar a distribuição dos Reconhecimentos Federais de SE/ECP apresentadas nos dois gráficos, pode-se concluir que: 92CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Ao analisar os dados de SE/ECP, a conclusão é que os desastres no Brasil têm origem, fundamentalmente, em duas situações: » No elevado volume pluviométrico (concentrado ou persistente). » Na ausência de chuva por períodos consideráveis. Os deslizamentos podem ser de grande impacto, causados por eventos extremos e raros, como os de- sastres do Vale do Itajaí (2008) e Região Serrana do RJ (2011), como também terem sua principal característica relacionada à repetição de eventos de pequena e mé- dia intensidade, somados à exposição e à vulnerabili- dade da população e ativos. Outra maneira de analisar o perfil de desastres, além dos registros e reconhecimento federal de SE/ ECP, é a análise do histórico dos danos e prejuízos, que permite avaliar a magnitude do impacto do de- sastre. O já mencionado Relatório de Danos e Prejuízos apresenta uma análise regional desses impactos, que pode ser útil para uma visão ampla do problema, para que se possam direcionar esforços para avaliação e entendimento em nível local (município). MARCELLO CASAL JR, AGÊNCIA BRASIL 93CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL Fonte: Elaborado pelo Banco Mundial em parceria Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com base nos dados da Sedec e dos órgãos estaduais de Defesa Civil, 1995 – 2019, com valores corrigidos para 2019. Privados 226,28 bi Públicos 40,53 bi 0,66 bi Saúde 0,03 bi Comercial 1,43 bi Ensino 0,86 bi Comunitário 39,13 bi Infraestrutura 24,43 bi Habitação 333,36 bi (totais, em R$) 32.832 (registros) 2,10 bi Comércio 7,44 bi Indústria 11,20 bi Serviços 55,72 bi Pecuária 149,82 bi Agricultura 0,11 bi Praga 0,13 bi Combustível 0,15 bi Telecomunicação 0,16 bi Segurança 0,91 bi Energia 0,93 bi Limpeza 1,59 bi Ensino 1,66 bi Saúde 2,93 bi Esgoto 8,83 bi Transporte 23,13 bi Água 199,83 bi Estiagem e seca 32,18 bi Inundações 54,97 bi Enxurradas 16,29 bi Chuvas intensas 7,00 bi Vendavais e ciclones DESASTRES QUE IMPLICAM MAIORES DANOS MATERIAIS E PREJUIZOS Grupo de desastres, em % 19,96% 80,04% 89,21% 7,47% 2,69% 0,63% 20,81% 3,33% 0,64% 75,22% DANOS (R$) 66,54 bi Dados de 1995 a 2019 CLIMATOLÓGICO HIDROLÓGICO METEOROLÓGICO OUTROS PREJUÍZOS (R$) 266,81 bi 94CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL Observando o infográfico anterior, é possível con- cluir que os danos materiais estão fundamentalmente relacionados aos desastres hidrológicos, principal- mente enxurradas e inundações, impactando em infraestruturas públicas e habitações. Por sua vez, os prejuízos estão majoritariamente relacionados aos de- sastres climatológicos (secas e estiagens), afetando a agricultura e a pecuária. Você pode consultar informações e dados sobre os danos e prejuízos materiais do seu município nos relatórios de desastres do Ceped. W EN D ER SO N A R A U JO , T R IL U X (G O V ER N O D E SA N TA C AT A R IN A ) https://relatoriodedesastres.ceped.ufsc.br/ 95CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL As imagens a seguir ilustram a distribuição dos danos materiais e prejuízos ao longo do território e as perdas econômicas por região. DISTRIBUIÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E PREJUÍZOS NO BRASIL Fonte: Ceped/UFSC (2021). CLIMATOLÓGICOS POR MESORREGIÃO HIDROLÓGICOS POR MESORREGIÃO CLIMATOLÓGICOS POR REGIÃO HIDROLÓGICOS POR REGIÃO Legenda (R$ Milhões) 0 a 800 800,001 a 2.500 2.500,001 a 5.300 5.300,001 a 9.000 9.000,001 a 18.550 Legenda (R$ Milhões) 0 a 430 430,001 a 1.050 1.050,001 a 2.300 2.300,001 a 4.300 4.300,001 a 7.700 Norte 0,6 bi 0,3% Norte 11,7 bi 10,2% Nordeste 116,9 bi 58,1% Nordeste 22,5 bi 19,6% Centro-Oeste 10,9 bi 5,4% Centro-Oeste 8,6 bi 7,5% Sudeste 32,6 bi 16,2% Sudeste 37,3 bi 32,5% Sul 40 bi 19,9% Sul 34,8 bi 30,3% 96CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Ao analisar as figuras, conclui-se que os desastres climatológicos impactam, principalmente, a Região Nordeste, Centro-Oeste e parte oeste da Região Sul. Por sua vez, os hidrológicos são mais abrangentes e ocasionam mais perdas no Sudeste, Norte e Sul do país, mas também afetam significativamente a Região Centro-Oeste e faixa litorânea dos estados nordes- tinos. Por fim, os desastres climatológicos têm maior impacto nos três estados do Sul, com baixa incidências nas demais Regiões. A R Q U IV O S ED EC DISTRIBUIÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E PREJUÍZOS NO BRASIL METEOROLÓGICOS POR MESORREGIÃO Legenda (R$ Milhões) 0 a 58 58,001 a 230 230,001 a 620 620,001 a 1.000 1.000,001 a 1.900 METEOROLÓGICOS POR REGIÃO Sudeste 1,3 bi 9,5% Centro-Oeste 91,1 mi 0,7% Sul 12,3 bi 88,5% Norte 52,4 mi 0,4% Nordeste 130,5 mi 0,9% Fonte: Ceped/UFSC (2021). CONSIDERAÇÕES FINAIS Parabéns! Você concluiu os estudos do curso 1 PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: Intro- dução à Política Nacional! Você pôde conhecer aqui um pouco mais sobre os aspectos conceituais, legais e práticos de P&DC, incluindo o histórico de surgimento no Brasil e no mundo. Conhe- ceu o contexto dos principais temas relacionados à Política e ao Sinpdec; a Sedec; bemcomo as atribuições da União, estados e municípios. Na sequência, foram abordados os principais conceitos, buscando estabelecer uma relação prática com a RRD aplicada na atuação municipal, o que lhe permitiu re- fletir sobre as principais discussões que se articulam às ações de um gestor de P&DC, bem como compreender os processos de riscos e desastres, por meio da gestão in- tegrada de risco em P&DC. Por último, foi visto o contexto internacional e nacional de desastres e pode com- preender como o conhecimento e as análises de dados e ocorrências contribuem para a compreensão das causas e impactos dos desastres. Consequentemente, per- mitem uma atuação focada na realidade e voltada para promoção de medidas de redução de desastres. Portanto, você pode perceber que a gestão de risco e o papel de um gestor de P&DC envolvem uma atuação articulada que considere questões como uso e ocupa- ção do solo, planejamento urbano, mudanças climáticas, valorização do conhecimen- to empírico e local, bem como da psicologia, comunicação, engenharia, meteorologia, economia, entre outros. Espera-se que este curso tenha contribuído para os seus estudos e auxiliado no conhecimento de algumas definições fundamentais para o entendimento dos pro- cessos de riscos e desastres, desde os fatores que permitem sua ocorrência até sua gestão adequada. ROVENA ROSA, AGÊNCIA BRASIL R O V EN A R O SA , A G ÊN C IA B R A SIL 98CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 1.080, de 08 de março de 1994. Regulamenta o Fundo Especial para Calamidades Públicas (Funcap) e dá outras providências. Brasília, DF: Pre- sidência da República, 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/decreto/1990-1994/D1080.htm#:~:text=DECRETA%3A&text=36%20 do%20Ato%20das%20Disposições,de%20reabilitação%20de%20áreas%20 atingidas. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 5.113, de 23 de junho de 2004. Regulamenta o art. 20, inciso XVI, da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2004/decreto/d5113.htm. Acesso em: 31 ago. 2020. BRASIL. Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010. Regulamenta a Medida Pro- visória no 494 de 2 de julho de 2010, para dispor sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil - Sindec, sobre o reconhecimento de Situação de Emergência e Estado de Calamidade Pública, sobre as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por desastre, e dá outras providências. Brasí- lia, DF: Presidência da República, 2010a. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7257.htm. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017. Dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Brasília, DF: Presidência da República, 2017a. Disponível em: http://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9203.htm. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 9.666, de 02 de janeiro de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Con- fiança do Ministério do Desenvolvimento Regional, remaneja cargos em comis- são e funções de confiança e substitui cargos em comissão do Grupo Direção e Assessoramento Superiores - DAS por Funções Comissionadas do Poder Executivo - FCPE. Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. Disponível em: http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identifica- cao/DEC%209.666-2019?OpenDocument. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 9.775, de 6 de setembro de 1946. Dispõe sôbre as atribuições do Conselho de Segurança Nacional e de seus órgãos complementares e dá outras providências. Brasil, DF: Presidência da República, 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del9775impressao. htm. Acesso em: 7 abr. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D1080.htm#:~:text=DECRETA%3A&text=36%20do%20Ato%20das%20Disposições,de%20reabilitação%20de%20áreas%20atingidas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D1080.htm#:~:text=DECRETA%3A&text=36%20do%20Ato%20das%20Disposições,de%20reabilitação%20de%20áreas%20atingidas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D1080.htm#:~:text=DECRETA%3A&text=36%20do%20Ato%20das%20Disposições,de%20reabilitação%20de%20áreas%20atingidas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D1080.htm#:~:text=DECRETA%3A&text=36%20do%20Ato%20das%20Disposições,de%20reabilitação%20de%20áreas%20atingidas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5113.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5113.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7257.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7257.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9203.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9203.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.666-2019?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%209.666-2019?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del9775impressao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del9775impressao.htm 99CURSO I. PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL BRASIL. Decreto nº 10.290, de 24 de março de 2020. Aprova a Estrutura Regi- mental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério do Desenvolvimento Regional e remaneja e transfor- ma cargos em comissão e funções de confiança. Brasília, DF: Presidência da República, 2020a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2019-2022/2020/Decreto/D10290.htm#art7. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 10.593, de 24 de dezembro de 2020. Dispõe sobre a orga- nização e o funcionamento do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil e do Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil e sobre o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil e o Sistema Nacional de Informações sobre Desastres. Brasília, DF: Presidência da República, 2020b. Disponível em: http://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10593.htm. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Decreto-Lei nº 348, de 4 de janeiro de 1968. Dispõe sobre a organização, a competência e o funcionamento do Conselho de Segurança Nacional (CSN) e dá outras providências. Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.135, de 1970. Brasília, DF: Presidência da República,1968. Disponível em: https://legislacao.presi- dencia.gov.br/atos/?tipo=DEL&numero=348&ano=1968&ato=25dETTU10d- jRVT4e1. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garan- tia do Tempo de Serviço, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l8036consol.htm#:~:text=L8036consol&text=LEI%20N%C2%BA%20 8.036%2C%20DE%2011%20DE%20MAIO%20DE%201990.&text=Disp%- C3%B5e%20sobre%20o%20Fundo%20de,Servi%C3%A7o%2C%20e%20d%- C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Lei nº 12.340,1 de dezembro de 2010. 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Institui a Política Nacional de Pro- teção e Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – Sinpdec e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - Conpdec; autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as Leis nºs 12.340, de 1º de dezembro de 2010, 10.257, de 10 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Lei nº 12.983, de 2 de junho de 2014. Altera a Lei nº 12.340, de 1º de de- zembro de 2010, para dispor sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco e de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Pú- blicas, Proteção e Defesa Civil, e as Leis nºs 10.257, de 10 de julho de 2001, e 12.409, de 25 de maio de 2011, e revoga dispositivos da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010. Brasília, DF: Presidência da República,2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12983. htm. 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PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL BRASIL. Lei nº 13.502, de 1 de novembro de 2017. Estabelece a organização bá- sica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios; altera a Lei nº 13.334, de 13 de setembro de 2016; e revoga a Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, e a Medida Provisória nº 768, de 2 de fevereiro de 2017. Brasília, DF: Presi- dência da República, 2017b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13502.htm#:~:text=Estabelece%20a%20 organização%20básica%20dos,2%20de%20fevereiro%20de%202017. Acesso em: 7 abr. 2021. BRASIL. Instrução Normativa nº 36, de 4 de dezembro de 2020. Estabelece pro- cedimentos e critérios para o reconhecimento federal e para declaração de situação de emergência ou estado de calamidade pública pelos municípios, estados e pelo Distrito Federal. Brasília, DF: Presidência da República, 2020c. 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PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL CLASSIFICAÇÃO e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade). Secom, To- cantins, [201-]. Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/113124/. Acesso em: 7 abr. 2021. LAGO, A. A. C. do. Estocolmo, Rio de Janeiro e Joanesburgo: o Brasil e as três con- ferências ambientais das Nações Unidas. Brasília, DF: Funag, 2006. Disponível em: http://funag.gov.br/loja/download/903-Estocolmo_Rio_Joanesbur- go.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021. LAVELL, A. Desastres y desarrollo: hacia un entendimiento de las formas de cons- trucción social de un desastre: el caso del Huracán Mitch en Centroamérica. In: GARITA, Nora; NOWALSKY, Jorge. Del Desastre al desarrollo sostenible: hura- cán mitch em centroamérica. San José, Costa Rica: BID, CIDHS, 2000. UNITED NATIONS INTERNATIONAL STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION (UNISDR). Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030 (versão em português). 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Alexandre Ladvig Amanda Neto Domingos Ana Leticia Oliveira do Amaral, Ma. Arnoldo Bublitz Arthur Vinícius Anorozo Nunes, Me. Ayla de Brito Péres Bárbara D’oro Débora Machado Gonçalves Delma Cristiane Morari, Ma. Diego Borges da Silva, Me. Fábio Hermógenes Fernanda Luisa da Costa França, Esp. Gabriela Camargo Roumeliotis George Rodrigues, Esp. Giselle Regina Furtado Guilherme Evangelista da Silva Guilherme Inã Ferreira Jéssica Rodrigues Esteves, Ma. João Pedro Palhares Torres Filippe Júlia dos Santos Amaro Júlia Jacintho Karina Martins da Cruz Lara Calvette Daunis Luana Martins Sanches Lucas Denir Espíndola Manoela de Souza Marcos de Oliveira Maria Eduarda Hanoff Amaral de Oliveira Natália Kilpp da Silva Rafael Schadeck, Me. Sarah Marcela Chinchilla Cartagena, Ma. Sofia Moreira Pachedo de Souza Thais Guimarães Thiago Souza Valdir Aparecido da Silva Junior Victória Junkes Natividade Vinícius Borges de Souza REVISÃO TÉCNICA George Luiz P. Santos (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Rio Branco/AC) José Luiz de Abreu (Colegiado de Coordenadores de Proteção e Defesa Civil dos municípios da Região da Foz do Rio Itajaí/SC) Keila Ferreira (Secretaria-Executiva de Defesa Civil do Recife/PE) Lidiane Natalie de Souza (Sedec/MDR) Liliane Campos Alves (Subsecretaria de Proteção Defesa Civil de Belo Horizonte/MG) Loiane Ferreira de Souza (Sedec/MDR) Luiz Carlos da Costa Junior (Secretaria Adjunta de Proteção e Defesa Civil do Mato Grosso) Paulo Sérgio Menezes Luz (Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia) Reinaldo Soares Estelles, Me. (Sedec/MDR) Ricardo Jerônimo de Oliveira (Subsecretaria de Proteção Defesa Civil de Belo Horizonte/MG) Wellington Silva de Oliveira (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Maricá/RJ) FOTOS DE CAPA Antônio Cruz, Agência Brasil (Brumadinho, 2019) Washington Alves, Reuters (Brumadinho, 2019) Durval Jr., Arquivo Nacional (FEB, 1944) Realização: CEPED / UFSC (2021)