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Fitocosméticos e Inovações - UNIDADE I Querido(a) aluno(a), você está cada vez mais perto de se tornar um(a) profissional, portanto, vamos abordar diversos conhecimentos fundamentais para o desempenho da sua futura profissão. O uso de plantas medicinais para combater enfermidades e melhorar a saúde é uma prática antiga, seja por ingestão ou aplicação direta na pele. Os vegetais utilizados na dieta e alimentação humana possuem o propósito de melhorar a nutrição, saúde e prevenção de determinadas doenças. A fitoterapia é uma prática integrativa e complementar do Sistema Único de Saúde (SUS) e desde 2006, com a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Brasil, conta com diferentes formas farmacêuticas a serem oferecidas aos pacientes. Portanto, neste conteúdo, você conhecerá os principais conceitos e histórico envolvendo os fitoterápicos, metabolismo vegetal, além de compreender a relação entre a fitoterapia, a medicina alternativa e os tratamentos não convencionais. Sendo assim, você está pronto(a) para embarcar na nossa jornada de estudos? Vamos em frente! Conhecer os principais conceitos relacionados à fitoterapia. Compreender como funciona o metabolismo vegetal. Conhecer a relação entre a fitoterapia e a medicina alternativa. Identificar a relação da fitoterapia com os tratamentos não convencionais. FITOTERAPIA – CONCEITO, HISTÓRICO, IMPORTÂNCIA E METODOLOGIA DE ESTUDOFITOTERAPIA – CONCEITO, HISTÓRICO, IMPORTÂNCIA E METODOLOGIA DE ESTUDO Conceitos Para iniciar os estudos e compreensão a respeito da fitoterapia e fitocosméticos, é necessário que você se familiarize com alguns conceitos principais. definição : Fitoterapia é a terapêutica que utiliza plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. A palavra possui origem grega com a junção dos termos phyton (vegetal) e therapeia (tratamento). A fitoterapia utiliza as plantas medicinais para o desenvolvimento dos fitoterápicos e fitocosméticos. Chamam-se fitoterápicos, os produtos obtidos das plantas medicinais e seus derivados, com exceção de substâncias isoladas. Os fitoterápicos possuem finalidade profilática, curativa ou paliativa. Por isso, diversas partes das plantas podem ser utilizadas para a extração dos ativos, sejam folhas, flores, sementes, raízes ou cascas. Já as plantas medicinais são compreendidas como os vegetais, cultivados ou não, utilizados com finalidades terapêuticas. A planta pode estar fresca (in natura) ou seca. Quando a planta é seca e triturada, é chamada de droga vegetal (JARDIM, 2013). No quadro abaixo, você encontrará mais alguns conceitos importantes para aprofundar os seus conhecimentos sobre a fitoterapia. vc sabia ? Os medicamentos fitoterápicos passam por um controle que verifica seus riscos e atesta sua qualidade e estabilidade para uso. Não podem incluir, em sua composição, substâncias ativas isoladas ou serem associadas a extratos vegetais. O medicamento fitoterápico pode ser denominado simples ou composto. O simples possui apenas uma planta medicinal como ativo, enquanto o composto, apresenta mais de uma espécie vegetal em sua elaboração. A maneira mais simples e mais usada para utilizar a droga vegetal ou planta medicinal é por meio dos chás, que dependem da parte da planta que será utilizada. Essa extração, caso seja a partir das folhas, flores ou cascas mais macias, é feita pelo processo de infusão, onde é utilizada água quente (fervida e depois resfriada até os 70°C) sobre a planta fresca ou droga vegetal, após isso, cobre- se o recipiente, aguardando o líquido esfriar até 50°C para ser filtrado no final. Em caso de sachês, deve-se ferver a água, aguardar esfriar até os 70°C e inserir o sachê. Caso as partes utilizadas sejam galhos, raízes, sementes e cascas mais duras, o processo utilizado chama-se decocção e consiste no cozimento com água (até o ponto de ebulição), para depois, cobrir o líquido e aguardar o seu resfriamento até os 50°C. Por fim, filtrá-lo ou decantá-lo. Popularmente, utiliza-se o que chamamos de suco ou sumo, onde as folhas, flores e cascas secas são amassadas com uma pequena quantidade de água para obter a extração máxima dos ativos presentes na planta (JARDIM, 2013). O uso de plantas medicinais é utilizado desde os primórdios e, por isso, a sabedoria popular durante séculos transmitiu tais informações. Entretanto, nem todas as plantas são inofensivas à saúde e são necessárias constantes pesquisas e comprovações científicas das propriedades e efeitos terapêuticos dos ativos vegetais. A fitoterapia baseada em evidências utiliza bases e comprovações científicas referentes ao uso dos medicamentos fitoterápicos e suas diferentes preparações para atestar sua atividade e ação farmacológica. Além dos conceitos já trabalhados anteriormente, é necessário que você esteja familiarizado com outras terminologias utilizadas. Alopatia Uso de medicamentos que causam efeito contrário aos provocados pela doença ou patologia. Farmacovigilância Ciência que identifica, avalia, compreende e previne os efeitos adversos. Homeopatia Usa matéria-prima animal, vegetal ou mineral. Utiliza doses diluídas ou doses muito pequenas, produzindo sinais semelhantes à da doença. Preparações extemporâneas Preparações para uso imediato. Sinergia Combinação de ativos de uma planta medicinal, possuindo ação mais eficaz do que se fossem isolados. Xenobiótico Compostos diferentes e estranhos ao organismo. Vale ressaltar que a fitoterapia de um país ou região está diretamente ligada à flora local, por isso, plantas diferentes são utilizadas para a mesma finalidade, aumentando a quantidade existente a serem estudadas. Nesse sentido, plantas desidratadas e vendidas a granel podem perder parte de suas propriedades devido à oxidação e exposição à umidade, ar e luz. Além disso, as folhas e flores também podem ser rapidamente deterioradas devido à sua sensibilidade. A trituração também pode interferir no potencial fitoterápico da planta, uma vez que, quanto mais conservada, mais conservados também estarão os ativos. Com relação às formas farmacêuticas, os fitoterápicos podem ser encontrados de diversas maneiras, para isso, observe o seguinte quadro: A capacidade terapêutica das plantas está relacionada aos seus princípios ativos (normalmente, mais de um ativo presente em cada planta), sendo todas potencialmente fitoterápicas. Portanto, é necessário conhecer o modo de ação de cada ativo e onde ele pode ser encontrado. Assim como os fármacos, os fitoterápicos também podem causar reações adversas, sejam elas graves ou não. Portanto, é necessário o uso consciente e cuidadoso, ingerindo somente com prescrição médica e a dose correta. Histórico A fitoterapia é utilizada desde os primórdios pelo homem para a melhora e manutenção da saúde, seja por ingestão ou aplicação direta na pele e, por muito tempo, foi baseada no conhecimento popular. Os primeiros registros dessa técnica são identificados na Índia, com a Medicina Ayurvédica, China e Egito antigo, com o uso de extratos utilizados para unguentos, emplastros e bálsamos. Na China, desde os anos 3.000 a. C., o cultivo de plantas medicinais era conhecido e seus efeitos fisiológicos eram observados, o livro do Imperador Amarelo registrou cerca de 365 drogas vegetais. Os egípcios ainda utilizavam as plantas para a fabricação de papiro e os óleos essenciais no processo de mumificação para proteção do corpo embalsamado (AZEVEDO, 2017; GALLINA, 2021). Hipócrates, em seu livro Corpus hippocratium, no século 3 a. C., mencionou cerca de 257 drogas vegetais, algumas ainda utilizadas atualmente. Portanto, esta obra foi uma forte influência nos estudos medicinais das plantas. O botânico Teofrasto (372 a. C. – 287 a. C), discípulo de Aristóteles, sistematizoue descreveu o uso medicinal de algumas destas drogas, já o médico Dioscórides, escreveu o livro Matéria médica, abordando as características terapêuticas de 500 drogas. Por fim, o médico e filósofo romano de origem grega Galeno (ca. 129 - ca. 217) denominou os antídotos feitos com plantas preparados por ele de preparações galênicas. No período das cruzadas, o médico Avicena utilizou métodos de destilação com serpentina refrigerada, extraindo um hidrolato (óleo essencial com água) das rosas. Os óleos essenciais apresentam registros no século XIII, por Arnold Villanova de Bachuone, que utilizava terebentina, ervas maceradas ou fermentadas em água, sálvia e alecrim. Entretanto, os óleos não eram separados das ervas. No século XVIII, as plantas passaram a ser divididas de acordo com a taxonomia, cujas principais categorias de classificação são: reino, divisão, classe, ordem, família, gênero e espécie. No Brasil, o primeiro mapa botânico foi feito pelo médico e botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, mas não continha parte da Amazônia devido à falta de acesso à área. No entanto, o desenvolvimento no país contou com a união da sabedoria indígena, conhecimentos do povo negro e dos portugueses. Com o passar dos anos, na década de 1920, a fitoterapia entrou em declínio devido ao avanço dos fármacos produzidos pela indústria de medicamentos e, por consequência, à desvalorização dos saberes populares. As tecnologias desenvolvidas pela indústria farmacêutica e o uso de substâncias sintetizadas em laboratórios diminuiu a procura pelos fitoterápicos. Diante deste contexto, alguns países proibiram a indicação dos fitoterápicos, seja por leigos ou por médicos. Medidas como esta, baseava-se no pensamento de que o fármaco sintético seria superior em eficácia e segurança em comparação aos fitoterápicos. Entretanto, devido aos diversos efeitos colaterais dos fármacos, a população voltou a buscar meios alternativos e mais naturais na década de 1960, que perdura até os dias atuais. Em 1978, a Organização Mundial de Saúde (OMS), reconheceu, oficialmente, a fitoterapia e recomendou a difusão mundial dos conhecimentos necessários para utilizá-la e, considerando as plantas medicinais importantes para a atenção farmacêutica, estimulou o desenvolvimento de políticas públicas no intuito de inserir a medicina complementar e alternativa junto com a tradicional nos sistemas de saúde de seus 191 Estados-membros (BRASIL, 2006). Em 1981, a Portaria n.º 212 de 11 de setembro definiu o estudo das plantas medicinais como uma das prioridades de investigação em saúde e implantou, um ano depois, o Programa de Plantas Medicinais com o objetivo de desenvolver terapias complementares com comprovação científica. Enquanto isso, a Portaria n.º 6 de 31 de janeiro de 1995, da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), normatizou o registro dos fitoterápicos. Já o decreto presidencial n.º 5.813 de 22 de junho de 2006 criou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Além disso, no mesmo ano, através da Portaria do Ministério da Saúde n.º 971, foi criada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), no âmbito do SUS e que abrangeu, além da fitoterapia, a medicina tradicional chinesa, a acupuntura, homeopatia, termalismo/crenoterapia e medicina antroposófica. Atualmente, o SUS possui mais de 300 municípios que oferecem ações e serviços de fitoterapia e mais de dez fitoterápicos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), que podem ser ofertados na rede pública de saúde. A história da fitoterapia no SUS iniciou com a resolução do CIPLAN n.º 8 de 1988, que inseriu a prática na atenção básica de saúde. Em 1996, no relatório da 10ª Conferência Nacional de Saúde, a prática foi recomendada para todo o território nacional pelo sistema de saúde. Com a Política Nacional de Medicamentos, em 1998, destacou-se a necessidade de incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico para estudos relacionados à flora, à fauna brasileira e à capacidade terapêutica das plantas medicinais. Esta necessidade foi consolidada pela Portaria n.º 3.916 em 1998. Em 2006, foi assinado pelo Presidente da República, o decreto n.º 5.813, já mencionado anteriormente. Esta legislação, ainda vigente, autoriza médicos(as), médicos(as) veterinários(as) (se a planta possuir tal indicação), nutricionistas (na forma de infusão, decocção e maceração), farmacêuticos(as), biomédicos(as), dentistas, enfermeiros(as), fisioterapeutas (de acordo com o campo de atuação) e biólogos(as), desde que possuam certificado de curso reconhecido na área específica, como no caso do(a) biomédico(a), biólogo(a) e nutricionistas (para demais formas de apresentação) (BRASIL, 2006; FIGUEREDO; GURGEL; GURGEL JUNIOR, 2014; AZEVEDO, 2017; GALLINA, 2021). No Brasil, ainda contamos com o projeto Farmácia Viva, criado pelo Professor Dr. Francisco José de Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará (UFC). O objetivo do programa é resgatar o uso e o potencial das plantas medicinais, realizando o seu cultivo, a sua conservação e utilização. Além disso, também foca na produção de plantas que serão dispensadas no SUS com receita médica, fruto de parceria entre os municípios e órgãos públicos. Olá, estudante! Convido você a assistir um vídeo da Drª Andreia Torres falando sobre a história da fitoterapia e dos fitoterápicos. Importância O Brasil é um país extremamente rico em flora e fauna, com diversas espécies de plantas medicinais, algumas já conhecidas e outras que ainda estão sendo estudadas para identificar os seus efeitos no corpo humano. Assim, a associação do conhecimento popular com a comprovação científica possibilita o uso seguro das propriedades terapêuticas das plantas, que produzem, naturalmente, substâncias que favoreçam seu desenvolvimento. Os fitoquímicos encontrados possuem ações semelhantes no organismo humano e podem apresentar características anti-inflamatórias, protetoras, bactericidas, antioxidantes, antifúngicas, antitumorais e estimular o sistema imune. O uso das plantas medicinais, desde a antiguidade, auxiliou na manutenção da saúde e tratamentos da população. Com relação a atenção primária à saúde, estima-se que mais de 80% da população utilize plantas ou preparados à base de vegetais. Em comparação com os medicamentos alopáticos, a fitoterapia utiliza a planta e suas partes em quase sua totalidade, com flores, folhas, caules, raízes, bulbos e demais estruturas. Já a extração dos ativos realizada pela indústria contempla apenas uma pequena parte. Vale lembrar que é necessário desmistificar o pensamento de que produtos e ervas naturais não causam mal à saúde. Existem plantas que, em certas dosagens, ou, em conjunto com outras, podem causar efeitos indesejáveis e prejudicar seriamente o quadro clínico do(a) usuário(a). Além disso, existe a possibilidade de interação medicamentosa se associado a algum fármaco sem o devido conhecimento. Por isso, é recomendado o uso apenas de fitoterápicos ou plantas medicinais já comprovados e com prescrição médica, uma vez que a dose ideal, toxicidade e associação entre ativos estão assegurados. A fitoterapia pode ser utilizada sozinha para os tratamentos de saúde e como adjuvante em alguns tratamentos. Se comparados aos efeitos colaterais dos medicamentos alopáticos, os fitoterápicos são considerados isentos. Com o estímulo das políticas públicas e a inserção da fitoterapia na atenção primária à saúde, ocorreu o aumento da procura pelos(as) usuários(as), aumentando sua interação com os(as) profissionais de saúde, além de fomentar a pesquisa científica e disseminar as informações acerca dos riscos e uso adequado à população e comunidade científica. Entre os demais benefícios da fitoterapia, pode-se destacar o baixo custo do tratamento, seus efeitos colaterais e o fator de não causar dependência em seus(suas) usuários(as). Além disso,inibe o crescimento de células cancerígenas, reduz inflamações e oxidação, possui efeito de regulação hormonal, estimula o sistema imunológico e auxilia na morte de células danificadas (BRASIL, 2006; FIGUEREDO; GURGEL; GURGEL JUNIOR, 2014; AZEVEDO, 2017; GALLINA, 2021). De acordo com a Drª Paloma Michelle de Sales Jardim (2013), a seguir, apresentamos alguns dos principais cuidados para se ter durante o preparo ou uso dos derivados das plantas: • ► identificar se a planta que será utilizada está correta, evitando uso de espécies erradas; • ► verificar se há a presença de fungos ou sujidades antes do preparo; • ► verificar se o local de coleta foi adequado; • ► evitar recipientes metálicos para o preparo de chás; • ► utilizar o chá imediatamente após o preparo; • ► evitar o uso do mesmo fitoterápico ou chá por mais de sete dias; • ► não utilizar doses maiores que a indicada. Os fitofármacos são utilizados para tratamentos de doenças crônicas, como asma e alergias, e alguns medicamentos alopáticos são feitos com extrato das plantas. É o caso da aspirina, cujo composto modificado do salgueiro origina o ácido acetilsalicílico. Caro(a) estudante, para ampliar os seus conhecimentos acerca do que estamos estudando, indicamos para você a leitura do artigo intitulado A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: construção, perspectivas e desafios, de Climério Avelino de Figueredo, Idê Gomes Dantas Gurgel e Garibaldi Dantas Gurgel Junior. Neste texto, você encontrará informações sobre a implementação da fitoterapia no SUS e os desafios para o seu uso em nosso sistema de saúde. Metodologia de estudo As plantas e algas são estudadas pela botânica, área da biologia. A botânica abrange a fisiologia, taxonomia, morfologia, crescimento, reprodução, metabolismo, entre outras estruturas do reino plantae e possui diversos ramos especializados. A botânica pode atuar em nível molecular, genético e bioquímico. As plantas recebem sua nomenclatura de acordo com a botânica, sendo constituída por dois nomes de origem latina. O primeiro, refere-se ao gênero e o segundo à espécie. A nomenclatura dos fitoterápicos segue a farmacopeia, onde se utiliza o nome botânico (ou o gênero), com a parte da planta utilizada para a extração do ativo. A farmacopeia é um compêndio que estabelece as exigências mínimas de qualidade, pureza e autenticidade dos insumos farmacêuticos, medicamentos e demais produtos sujeitos à vigilância sanitária. No Brasil, a Portaria n.º 212 de 11 de setembro de 1981, do Ministério da Saúde, destacou, como prioridade, o estudo e investigação das plantas medicinais em saúde. No ano seguinte, foi criado o Programa de Pesquisas em Plantas Medicinais cujo objetivo era comprovar cientificamente as ações farmacológicas e toxicológicas das plantas, potencialmente medicinais. Para isso, seria necessário submetê-las a ensaios pré-clínicos e toxicológicos, da mesma maneira que era feito com os fármacos sintéticos. Entre as propostas do programa, podemos destacar as principais na seguinte tabela: Tabela 1 – Propostas do Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais. Fonte: elaborado pela autora, adaptado de Brasil, 2006. A pesquisa foi demandada pelo Ministério da Saúde devido à necessidade de subsídio de ações e políticas públicas na área de fitoterapia e plantas medicinais. O programa selecionou cerca de 74 espécies para estudo. Entretanto, poucos resultados foram divulgados, por conta da falta de recursos e infraestrutura para desenvolvimento das pesquisas e projetos (BRASIL, 2007[LCS1] ). Atualmente, para que sejam desenvolvidos os ensaios clínicos de fármacos, existem quatro questões envolvidas: o tripé de qualidade total no desenvolvimento, a produção e controle de medicamentos, os aspectos pré- clínicos e clínicos e os questionamentos éticos. As orientações para ensaios com fitoterápicos têm sido adaptadas. Com isso, um dos pontos para a avaliação do fitoterápico é que sua composição química, forma de fabricação e controle de qualidade imitem a formulação tradicional e, ao contrário dos medicamentos convencionais, os fitoterápicos não necessitam ser purificados para que seus constituintes sejam isolados ou identificados. Porém, é preciso lembrar que os fitoterápicos são poli-herbáceos e podem ser misturados antes da extração ou seus extratos podem ser combinados. A análise dos ativos pode ser feita pelo composto de maior teor em relação à composição total ou pelo perfil cromatográfico dos ingredientes totais (BRASIL, 2008). XXII - perfil cromatográfico: padrão cromatográfico de constituintes característicos, obtido em condições definidas, que possibilite a identificação da espécie vegetal em estudo e a diferenciação de outras espécies (BRASIL, 2014, p. 4). XXII - perfil cromatográfico: padrão cromatográfico de constituintes característicos, obtido em condições definidas, que possibilite a identificação da espécie vegetal em estudo e a diferenciação de outras espécies (BRASIL, 2014, p. 4). Outro ponto a ser observado é a toxicidade, uma vez que, por serem oriundos de plantas, podem apresentar contaminação por pesticidas, herbicidas e demais contaminações tóxicas. Por isso, esses níveis devem ser considerados cuidadosamente. Para serem utilizados em humanos e em ensaios clínicos, os fitoterápicos devem ser produzidos de acordo com as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e possuir certificado atualizado. Dessa forma, os estudos e ensaios clínicos com fitoterápicos passam por três fases. As fases I e II são feitas com um número reduzido de participantes e uma rigorosa supervisão médica, além de envolverem aspectos como: descrição da planta; processamento; armazenamento; validade; teor do princípio ativo; excipientes; apresentação farmacêutica; análise dos ativos; perfil cromatográfico, entre outros aspectos. Já a fase III é executada com um número maior de pacientes, sendo feitos antes do registro e do uso geral do fitoterápico. Por isso, é necessário realizar os mesmos procedimentos das fases I e II de forma mais extensa e com um maior cuidado. Ainda é necessário emitir a declaração de que a planta é cultivada de acordo com as Boas Práticas de Agricultura ou colhida de acordo com as Boas Práticas de Colheita de Planta Nativa, informando o lote de referência e o estudo de impacto ambiental (BRASIL, 2008). Caro(a) aluno(a)! Convidamos você a acessar o manual elaborado pelo Ministério da Saúde e pela OMS referente às instruções e informações para a realização de ensaios clínicos com fitoterápicos. CLIQUE AQUI! Biotecnologia e fitocosmetologia https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/fitoterapicos.pdf A biotecnologia utiliza o conhecimento e diversas práticas em sistemas biológicos para obter produtos e serviços, seja por modificação ou criação. Para isso, estes agrupam áreas como bioquímica, genética, microbiologia e engenharia química. Entre as práticas e produtos obtidos estão à cultura celular, fermentação e seleção de biomoléculas com efeitos específicos, tais como substâncias antiligantes do colágeno, alfa hidroxiácidos menos irritantes, agentes reestruturadores, estimulantes lipolíticos e protetores do DNA. A indústria cosmética emprega inúmeros ingredientes proveniente de biotecnologia, tendo como exemplos corantes como flavonoides e carotenoides, ácidos orgânicos como ácido málico, cítrico e lático, biopolímeros como goma xantana e o ácido hialurônico e as enzimas, que são proteínas modificadas, como as proteases, amilases e lípases (COTTE, 1992 apud EMILIANO; GUIMARÃES; NETZ, 2012, p .12). A indústria cosmética emprega inúmeros ingredientes proveniente de biotecnologia, tendo como exemplos corantes como flavonoides e carotenoides, ácidos orgânicos como ácido málico, cítrico e lático, biopolímeros como goma xantana e o ácido hialurônico e as enzimas, que são proteínas modificadas, como as proteases, amilasese lípases (COTTE, 1992 apud EMILIANO; GUIMARÃES; NETZ, 2012, p .12). No caso dos fitocosméticos, a biotecnologia usa a tecnologia para aplicar as propriedades benéficas dos metabólitos secundários das plantas, que possuem a capacidade de auxiliar na renovação, recuperação, restauração da barreira protetora e proteção da pele. Os bioativos ricos em vitaminas E, C, polifenóis e propriedades antioxidantes são utilizados em cosméticos de antienvelhecimento e como ativos fotoprotetores. Os estudos são voltados para avaliar as atividades biológicas das plantas, seus metabólitos e sua estabilidade preliminar, fundamental para o desenvolvimento de cosméticos. O estudo de estabilidade proporciona maior conhecimento relacionado a como a formulação irá se comportar sob diferentes condições, como alteração de temperatura e umidade, garantindo a qualidade e segurança da formulação e seu uso. Além dos testes de estabilidade, os aspectos químicos são investigados. Entre os diversos métodos de investigação está a triagem fitoquímica, que rastreia os principais componentes químicos que compõem o extrato. Este processo é feito pelos reagentes de coloração e precipitação que revelam a presença dos metabólitos secundários existentes no extrato. Além disso, existe outro teste que é a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Outros procedimentos realizados pela biotecnologia no desenvolvimento de fitocosméticos são os testes in vitro e de compatibilidade com as formulações fitocosméticas já produzidas, além da atividade microbiana dos extratos. METABOLISMO VEGETAL Vias metabólicas O metabolismo vegetal consiste nas reações químicas que ocorrem nas células vegetais. As chamadas vias ou rotas metabólicas ocorrem devido à ação de enzimas específicas presentes nessas reações, que podem ser anabólicas (construção de complexos orgânicos no organismo), catabólicas (produzem grande quantidade de ATP (adenosina trifosfato) a partir da decomposição/degradação de matéria orgânica) e biotransformação (transformação de compostos orgânicos). Estas rotas possuem como objetivo obter os nutrientes necessários para a célula, como energia, poder redutor e biossíntese de compostos essenciais (carboidratos, lipídios e proteínas). Os processos metabólicos podem ser divididos em primários e secundários. O metabolismo primário compreende os processos que são indispensáveis à vida das plantas, possuem grande produção e distribuição universal e são idênticos em todas as células vegetais, como crescimento, respiração, armazenamento, reprodução e divisão celular. Por isso, este contém os processos de fotossíntese, metabolismo de açúcares e lipídios. No metabolismo secundário, temos os derivados dos metabólitos primários com influência da luz, temperatura e estresses. A produção ocorre em pequena escala, apresentando biossíntese de micromoléculas e distribuição restrita e específica para alguns gêneros de plantas, como a adaptação ao meio, defesa, proteção dos raios ultravioleta (UV) e a atração de polinizadores e dispersores de sementes. Alguns são específicos para algumas espécies e existem três grupos que fazem parte dos metabólitos secundários: terpenos, compostos fenólicos e alcaloides. A origem dos metabólitos secundários é o metabolismo da glicose por meio da via do ácido chiquímico e acetato. Os principais metabólitos são: polissacarídeos; ácidos orgânicos; terpenóides; saponinas; alcaloides; antraquinonas; taninos; lignanas; flavonoides; glicosídeos cardiotônicos; cumarinas. Os compostos mais conhecidos oriundos do metabolismo secundário são a cafeína, nicotina, carotenóides, látex, resveratrol, morfina, lignina, antocianinas e xantofilas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; TAIZ; ZEIGER, 2012). Respiração A respiração das plantas pode ocorrer de maneira aeróbia ou anaeróbia. Nela, ocorre a oxidação dos compostos orgânicos para a produção de energia, sendo a glicose e sacarose (fotossíntese e quebra do amido) os substratos mais comuns, oxidando na presença de oxigênio. Na oxidação da sacarose ou glicose, as moléculas são quebradas e os átomos de hidrogênio removidos, combinados com o oxigênio, reduzindo-o à água, ocorrendo liberação de energia para a produção de ATP. Na respiração aeróbia, a molécula de ATP é armazenada e utilizada no desenvolvimento e nos demais processos vitais da planta. Em caso de déficit de oxigênio, o ATP será produzido por metabolismo anaeróbio. Na respiração aeróbia, são produzidas cerca de 36 moléculas de ATP por molécula de glicose, enquanto na anaeróbia apenas duas moléculas. Para que a respiração ocorra, é necessário que ocorra a glicólise, o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons. Na glicólise, primeira etapa da respiração, a glicose é dividida em dois açúcares de três carbonos que, após oxidados, são rearranjados para que produzam duas moléculas de piruvato, utilizadas no ciclo de Krebs. A glicólise produz poucas moléculas de ATP e NADH e não depende diretamente do oxigênio (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; OLIVEIRA, 2015a). O ciclo de Krebs ocorre na matriz mitocondrial e é o segundo estágio da respiração. Para que ele ocorra, é necessário que as moléculas de piruvato produzidas na glicólise sejam transportadas para a mitocôndria, resultando em piruvato e OH-. De acordo com o professor Luiz Edson Mota de Oliveira (2015b), “a oxidação do piruvato na mitocôndria dá origem a 3 moléculas de CO2, e muita da energia livre liberada por estas oxidações é armazenada na forma reduzida de NAD+ (4 NADH) e FAD (1 FADH2). Em adição uma molécula de ATP é produzida pela fosforilação ao nível de substrato durante o ciclo Krebs” (OLIVEIRA, 2015b, s. p.). A conversão de NADH (Dinucleótido de Nicotinamida e Adenina) e FADH (Dinucleótido de Flavina e Adenina) em ATP necessita de oxigênio e ocorre dentro da membrana interna mitocondrial. Para que isso ocorra, a cadeia transportadora de elétrons catalisa os fluxos de NADH e FADH para o oxigênio. Além deles, existe a via de pentoses, que, embora não gere ATP, auxilia em funções importantes do metabolismo celular (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; TAIZ; ZEIGER, 2012; OLIVEIRA, 2015c). Figura 2 – Fotossíntese e respiração celular. Fonte: Shutterstock, 2022, GraphicsRF. Fotossíntese Este é o processo em que as plantas e algas convertem energia solar em energia química, transformando gás carbônico e água em açúcar e oxigênio. O processo ocorre quando a água e os sais minerais são retirados do solo pela raiz e conduzidos na planta pela seiva bruta. Quando essas substâncias chegam às folhas, a luz solar é absorvida pela clorofila, transformando a energia solar em energia química (reação fotoquímica). Essa energia é usada como alimento pela planta, sendo conduzida por todas as suas partes, auxiliando também em seu crescimento. A fotossíntese ocorre nos cloroplastos, presentes, principalmente, nas folhas e está dividida em duas fases: a clara (fotoquímica) e a escura (puramente química). A fase clara ocorre durante o dia, com a presença da luz, que é absorvida nas lamelas dos tilacoides dos cloroplastos e a transferência de elétrons por fotossistemas. Ainda nessa fase, temos a fosforilação e a fotólise da água (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; TAIZ; ZEIGER, 2014). Figura 3 – Estrutura do cloroplasto. Fonte: Wikimedia Commons (CC0 1.0). 1 – Granum. 2 – Revestimento do cloroplasto. 3 – Membrana externa. 4 – Espaço intermembranoso. 5 – Membrana interna. 6 – Tilacoide. 7 – Espaço tilacoide (lúmen). 8 – Membrana tilacoide. 9 – Lamela. 10 – Estroma. 11 – DNA do cloroplasto. 12 – Ribossomo. 13 – Glóbulo de lipídios. 14 – Grão de amido. Os fotossistemas contêm bastante pigmento e auxiliam na coleta da energia luminosa e possuem transportadores de elétrons e proteínas. Por isso, dividem-se em fotossistema I (absorve luz de comprimento de onda 700 nm) e fotossistema II (absorveluz de comprimento de onda 680 nm). A fosforilação ocorre quando o fósforo é adicionado à adenosina difosfato (ADP), resultando na formação de ATP. A energia do fóton de luz, ao reagir com a clorofila, se energiza e libera elétrons, formando água, ATP e NADHP (Fosfato de dinucleótido de nicotinamida e adenina). A fosforilação pode ser acíclica (os elétrons liberados pela clorofila vão para outro sistema e produz NADH e ATP) ou cíclica (os elétrons retornam para a clorofila e produz apenas ATP). A fotólise da água ocorre quando a molécula de água é quebrada pela energia solar, substituindo os elétrons perdidos no fotossistema II, além de produzir oxigênio. O ATP e o NADPH são utilizados na fase escura para a síntese de carboidratos a partir do dióxido de carbono. Na fase escura ocorre a formação de glicose a partir do dióxido de carbono, fixando o carbono. Essa etapa pode ocorrer na presença ou ausência de luz. O NADPH e o ATP reduzem o dióxido de carbono a carbono orgânico (Ciclo de Calvin). A quebra das moléculas e o ganho de uma molécula de PGAL (gliceraldeído 3-fosfato) auxilia na produção de amido e sacarose. Similar em funcionamento à fotossíntese e a quimiossíntese não precisam de luz, produzindo a matéria orgânica que nutrirá os organismos envolvidos no processo, por meio de oxidação de moléculas inorgânicas. Entre elas estão o enxofre (S), nitrogênio (N), ferro (Fe), manganês (Mg) e hidrogênio (H). A quimiossíntese é realizada por bactérias e arqueobactérias comuns em ambientes com pouca luz solar (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; TAIZ; ZEIGER, 2014). EXTRAÇÃO DE PRODUTOS NATURAIS Para serem estudados e inseridos nas formulações cosméticas, os fitoativos necessitam ser extraídos corretamente. Entre os métodos convencionais utilizados estão a imersão, agitação, Soxhlet, prensagem, destilação com água ou vapor. Já as técnicas modernas utilizam extração assistida por ultrassom, micro-ondas, pressurização e fluidos supercríticos. A extração por imersão utiliza solventes que são misturados com o extrato em um sistema com tubo em U, onde ocorre o carregamento de ambos. A maceração é um processo de extração realizado em ambiente fechado e em temperatura ambiente. O processo pode demorar diversas horas ou dias, onde o líquido extrator não é renovado e pode sofrer agitação em reator. O processo é feito a frio e a substância é fragmentada e, posteriormente, utiliza-se um solvente. O método de Soxhlet utiliza solventes para a extração de óleos por meio de processos físicos, onde o óleo transferido para o solvente, é recuperado. O processo consiste em diversas etapas, onde, em primeiro lugar, a amostra deve estar moída no chamado cartucho de Soxhlet, com papel filtro e algodão. Após isso, a amostra deve secar em estufa e, posteriormente, em dessecador, antes de ser colocada no extrator de Soxhlet, onde será adicionado éter e conectado ao condensador. O aquecimento deve ocorrer por um longo período (oito horas após o início da fervura). A extração ocorre com o aquecimento do solvente no balão pela chapa aquecedora pois, com a ebulição, o vapor alcança o condensador se transformando em líquido. Para a extração de óleos, o método de Soxhlet pode ser combinado com a prensagem. A destilação a vapor utiliza um destilador para que a quebra das moléculas dos vegetais feitas pelo vapor favoreça o arrasto dos compostos para o condensador, onde o vapor resfriado permite que as fases existentes (água e óleo) sejam decantadas. A prensa hidráulica é um método de extração a frio e utiliza sementes inteiras, cujo suco e óleo serão coletados e, em seguida, o óleo é separado da mistura por meio de decantação, destilação fracionada ou centrifugação. Os fluidos supercríticos são assim chamados porque são utilizados em temperatura e pressão maiores que o ponto crítico. O método tem sido bastante utilizado por não deixar resíduo dos fluidos no extrato final e não utilizar solventes. A extração assistida por ultrassom utiliza a cavitação das ondas ultrassônicas para causar a ruptura do tecido vegetal, liberando seus componentes intracelulares no solvente. Já a extração assistida por micro-ondas ocorre devido ao aquecimento seletivo do aparelho, liberando os extratos, uma vez que a água presente no vegetal evapora pelo aquecimento. O método pode ser associado com o uso de solventes. Por fim, a extração com líquidos pressurizados utiliza a combinação entre temperatura e pressão com solventes, possibilitando a permeação dos solventes no vegetal e permitindo uma extração mais potente e em larga escala. FITOCOSMÉTICOS: AÇÃO NA PELE, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES Fitoativo Ação na pele Indicações Contraindicações Alecrim Antisséptico, ativa a circulação, antioxidante e anti-inflamatório. Caspa, calvície, acne, dermatite e peles oleosas. Gestantes, doenças de pele, dermatites, hipersensibilidade ou alergia à planta. Aloe vera Hidratante, anti- inflamatória, calmante, antiviral, antifúngica, antibacteriana, protege contra a radiação UV. Hidratação, cicatrização e pós-exposição solar Pessoas com alergia à planta ou à família Liliaceae. Os fitocosméticos são ricos em ativos que auxiliam na recuperação da barreira cutânea, antiglicação, antioxidantes e protetores da pele, além disso, alguns possuem efeitos hidratantes, umectantes e clareadores. Entretanto, assim como todo cosmético, possuem indicações e contraindicações. No quadro abaixo, você conhecerá alguns dos principais fitoativos encontrados nos fitocosméticos, sua ação na pele, indicações e contraindicações. Quadro 3 – Principais fitoativos, ação, indicações e contraindicações. Fonte: elaborado pela autora e adaptado de Ruivo, 2012. FITOTERAPIA E MEDICINAS ALTERNATIVAS A fitoterapia já é utilizada pelo homem para o combate de enfermidades e demais efeitos terapêuticos no organismo há muito tempo. Diversas medicinas alternativas associam seus tratamentos com o uso terapêutico das plantas medicinais e fitofármacos. Entre elas, podemos citar a medicina integrativa, medicina tradicional chinesa, homeopatia, medicina antroposófica e Arnica Anti-inflamatória, antimicrobiana, hidratante, regeneradora e cicatrizante. Pós-operatórios, tratamentos de feridas, dores musculares e nas articulações, peles reativas e pós-exposição solar. Gestantes e lactantes, alérgicos à planta, crianças menores de 12 anos e pessoas com problemas hepáticos. Aveia Emoliente, hidratante, anti-inflamatória, estimula o colágeno. Hidratação, revitalização, tratamentos para a flacidez cutânea, loções para uso depois de exposição solar, peles e cabelos secos e tratamentos de caspa. Celíacos. Calêndula Hidratante, anti- inflamatório, cicatrizante, antiedematoso, antioxidante e antifúngico. Feridas, acne, protetores solares, assaduras e psoríase. Grávidas, lactantes, crianças e alérgicos à planta. Camomila Calmante, anti- inflamatória, antieritematosa, antipruriginosa e clareadora. Tratamentos de manchas, hidratação, peles reativas, inflamações. Gestantes e alérgicos à planta. a medicina ayurvédica. Agora, vamos conhecer melhor cada uma dessas vertentes. Medicina integrativa A medicina integrativa associa os tratamentos da medicina tradicional com práticas alternativas e possui uma abordagem holística do ser humano. Assim, o ser possui, além do corpo físico, mente e espírito, sendo necessário investigar as patologias e tratá-las como um todo, levando também em consideração como o indivíduo se relaciona e interage com o mundo. A abordagem reúne profissionais de diversas áreas e formações, como homeopatas, psicólogos, nutricionistas, acupunturistas e terapeutas ayurvédicos, garantindo a interdisciplinaridade para o cuidado do paciente, atuando em conjunto e de maneira sinérgica no corpo, mente, espírito e interações. Entre os tratamentosestão inclusos a meditação, o uso de fitoterápicos com segurança e eficácia comprovada, além do relaxamento. A medicina interativa também promove tratamentos em pacientes oncológicos. No Brasil, as Práticas Integrativas e Complementares (PICS) podem ser encontradas no SUS ou por convênios médicos (LIMA, 2009). Medicina tradicional chinesa A medicina tradicional chinesa (MTC) é milenar e possui a visão holística do indivíduo e de que as patologias devem ser tratadas visando o reequilíbrio energético do ser humano (corpo, mente, espírito e interações com o meio). Esta medicina é baseada no confucionismo, budismo e taoísmo. Portanto, acredita que o processo patológico proporciona uma transformação pessoal no enfermo(a). Assim, o(a) paciente necessita passar por mudanças. A acupuntura é a técnica mais conhecida, entretanto, a MTC utiliza a fitoterapia, massagens, dietas, exercícios, meditação e práticas de respiração (CARVALHO, 2003; MACIOCIA, 2016). A sua base filosófica é formada por cinco teorias principais, como o Qi, Yin-yang, teoria dos cinco elementos, Zang Fu e a teoria dos meridianos. O funcionamento orgânico possui embasamento nas chamadas substâncias fundamentais, que iremos conhecer detalhadamente agora. QISHENJINGJIN YEXUE Energia presente em todas as coisas, que possui três formas básicas, o Yuang Qi, que nasce a partir da fecundação, decresce ao longo da vida; o Yong Qi, proveniente da respiração e alimentação; e o Wei Qi, responsável pela imunidade. Homeopatia Este sistema médico de caráter holístico foi desenvolvido por Samuel Hahnemann no século XVIII e busca ministrar doses mínimas ou muito diluídas do medicamento com objetivo de estimular o organismo, sem intoxicação. Baseia-se na chamada Lei dos Semelhantes, mencionada por Hipócrates, cujo preceito defende que se uma substância pode provocar determinados sintomas em um ser humano sadio, pode curar indivíduos que apresentarem os mesmos sintomas decorrentes de alguma patologia. Ademais, outro princípio da homeopatia que merece ser mencionado é o da experimentação patogenética. Neste método é possível ministrar substâncias medicinais em diferentes doses e concentrações em seres sadios com o objetivo de identificar/investigar os sinais e sintomas que irão surgir. Com isso, são observados sintomas mentais, emocionais, físicos ou funcionais (CAIRO, 2020). Medicina antroposófica Baseada nos métodos das ciências naturais, trata-se de uma ampliação da medicina acadêmica, dividindo a organização física do indivíduo em três partes: organização vital (fenômenos físicos como fenômenos viventes); organização anímica (fenômenos físicos e vitais que possibilitam a consciência) e organização espiritual (individual de pessoa para pessoa). Esta medicina foi fundada na Europa, em 1920, por Rudolf Steiner e a sua prática considera a relação do homem com a natureza, individualidade e vida emocional. Por isso, utiliza medicamentos fitoterápicos, homeopatia e a multidisciplinaridade, sendo reconhecida no Brasil, em 1993, pelo Conselho Federal de Medicina através do parecer n.º 21. Entre seus diferenciais, estão as quatro estruturas essenciais para a construção do indivíduo: corpo físico, corpo vital ou etérico, anímico ou astral e organização para o eu, agrupando-se em três formas diferentes no sistema humano (sistema neurossensorial, rítmico, metabólico e das extremidades). Além do uso de medicamentos, a medicina antroposófica utiliza outros recursos, como a euritmia curativa (movimentos corporais específicos); terapia artística (pintura, modelagem, música, desenho); massagem rítmica e quirofonética (terapia baseada na fala) (KIENLE, 2018). Medicina ayurvédica Este é um dos mais antigos sistemas de saúde, que conta com cerca de cinco mil anos de existência e trabalha o fortalecimento do corpo e da mente no intuito de combater as doenças. Agrega religião, medicina, ciência e filosofia, pois acredita que o corpo humano é constituído pelas combinações dos elementos, os doshas, que estão classificados em Vata, Pitta e Kapha. O foco da Ayurveda é a harmonia entre corpo, mente e alma que, quando desequilibrados, favorecem o surgimento das patologias. Os tratamentos associam técnicas de massagem, yoga, nutrição, meditação, aromaterapia e fitoterapia, entre outras técnicas. Para identificar o problema existe o exame físico, análise do histórico de saúde, diagnóstico da língua, entre outros (ALBA, 2015). Estudante, indicamos para você a leitura do artigo intitulado As práticas terapêuticas não convencionais nos serviços de saúde: revisão integrativa, das professoras Perola Liciane Baptista Cruz e Sueli Fátima Sampaio. A revisão fala sobre a adesão das práticas terapêuticas nos tratamentos de saúde. FITOTERAPIA E TERAPIAS NÃO CONVENCIONAIS A atenção básica de saúde possui a política de realizar ações voltadas para a promoção e proteção da saúde e dos agravos clínicos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção. As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) do SUS auxiliam nos tratamentos complementares e são fatores importantes para a mudança do modelo de cuidado, onde o foco seja o bem-estar do indivíduo. Práticas como a yoga, meditação, acupuntura, reiki, shantala, cromoterapia, crenoterapia, hipnoterapia, entre as demais oferecidas pelo SUS, são cada vez mais utilizadas em tratamentos de saúde, incluindo pacientes oncológicos, e apresentam boa resposta clínica e respaldo científico acerca das terapêuticas adotadas. A fitoterapia, além de ser umas das PICs, é usada em associação com demais terapias, conforme visto no tópico anterior. Os vegetais são utilizados em outras terapias não convencionais, que você irá conhecer um pouco nos próximos tópicos. Aromaterapia Também milenar, a aromaterapia utiliza os óleos essenciais, extraídos das partes de diversas plantas, utilizando-os em variados tipos de tratamentos e com aplicação distintas. Cabe ressaltar que há indícios do uso destes óleos no processo de mumificação no Egito antigo para proteção dos copos do clima severo. Além disso, estes óleos são compostos por fenóis, aldeídos, cetonas e álcoois. Eles podem ser extraídos por enfloração, destilação e uso de solventes orgânicos. Devido à sua alta concentração de ativos, é necessário que sejam diluídos em substâncias carreadoras, permitindo o uso de suas propriedades terapêuticas de diversas maneiras, seja por inalação, aplicação no ambiente, banhos de imersão, compressas e/ou massagens. Atualmente, são usados para compor a formulação de diversos fitocosméticos (FERREIRA, 2015). Os óleos essenciais não devem ser aplicados diretamente na pele. É necessário sempre os diluir nas substâncias carreadoras. Óleos vegetais Os óleos vegetais são excelentes umectantes e possuem diversas propriedades terapêuticas, normalmente eles são associados aos óleos essenciais, funcionando como carreadores, ou seja, diluindo-os. Os óleos vegetais estão presentes nos fitocosméticos, seja como veículo ou ativo, sendo encontrados em máscaras, pomadas, cremes, séruns e tônicos capilares. A extração dos óleos vegetais ocorre por prensagem a frio, garantindo suas propriedades e características, que vão desde umectantes, emolientes, hidratantes, regeneradores, anti-inflamatórios, cicatrizantes, entre outras (WOLFRAM, 2000). Moxaterapia Normalmente, a moxaterapia é associada à acupuntura e está dentro das inúmeras práticas realizadas na medicina tradicional chinesa (MTC). A terapia da moxa consiste na aplicação direta ou indireta de calor sobre os tecidos com o uso de um bastão composto por ervas medicinais, comumente de artemísia. Na MTC, o calor auxilia na liberação do fluxo energético acumulado em determinados pontos. A terapia pode ser indicada para o auxílio do tratamento de ansiedade, dores musculares, artrite reumatóide, fibromialgia, cólicas menstruais, constipação estomacal e úlceras.A artemísia é uma planta rica em flavonoides e possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antiespasmódica e antisséptica (CARVALHO, 2003; MACIOCIA, 2016). Florais Os florais são os extratos de flores silvestres diluídos e essa terapia foi criada pelo Dr. Edward Bach, em 1930. Nesta prática, as flores são selecionadas de acordo com suas propriedades terapêuticas, pois necessitam atuar nos estados emocionais, espirituais, físico e mental. Por isso, são indicados para complementar a terapia de pacientes com ansiedade, irritação, medo, depressão, raiva, baixa autoestima, entre outros. Os florais agem reequilibrando a personalidade e podem ser obtidos por meio da fervura das flores em água por cerca de trinta minutos ou pelo chamado método do sol, onde as flores ficam expostas ao sol da manhã durante um período entre três e quatro horas em um vidro com água mineral. Ao todo, são 38 florais e são divididos de acordo com as suas categorias. Observe o seguinte quadro para conhecer ainda mais acerca dos florais. CATEGORIA PLANTA/EFEITO Medo • Mimulus: medo de coisas conhecidas e timidez. • Rock rose: terror e medo paralisante. • Cherry plum: medo de perder o controle. • Aspen: medo de coisas desconhecidas. • Red chestnut: excesso de preocupação pelo bem-estar • de seus próximos. Insegurança • Cerato: falta de confiança nas suas próprias decisões. • Scleranthus: dificuldade de escolher. • Gentian: desânimo à primeira ou depois de uma contrariedade. • Gorse: desespero. • Wild oat: dúvidas sobre que direção tomar na vida. • Hornbeam: sentimento de cansaço. Perda de interesse • Clematis: sonhar com o futuro sem trabalhar no presente. • Olive: exaustão após esforço mental ou físico. • Chestnut bud: incapacidade de aprender com seus próprios • erros. • Honeysuckle: viver no passado. • Wild rose: sensação de andar à deriva, apático(a) e resignado(a). • Mustard: tristeza profunda e sem motivo aparente. • White chestnut: pensamentos indesejados e incontroláveis, • conflitos mentais. Solidão • Impatiens: impaciência. • Water violet: para equilibrar personalidades reservadas e • distantes. • Heather: excesso de preocupação por si e personalidade egoísta Sensibilidade aumentada • Agrimony: pensamentos ruins e inquietação interior por • trás de uma aparência alegre. • Centaury: dificuldade em dizer não. • Walnut: proteção de influências indesejadas e em caso de • mudança. • Holly: ódio, inveja e ciúme. Desesperança e desespero • Oak: suporta além do limite das suas capacidades. • Elm: sensação de sobrecarga por excesso de responsabilidade. • Larch: falta de confiança. • Pine: culpa. • Willow: autocomiseração e ressentimento. • Sweet chestnut: angústia mental extrema. • Crab apple: para limpeza e para o sentimento de autorrejeição. • Star of bethlehem: choque e traumas. Preocupação • Beech: intolerância. • Chicory: egoísmo e possessividade. • Rock water: autonegação e repressão por rigidez. • Vervain: excesso de entusiasmo. • Vine: excesso de autoridade, despotismo. Quadro 4 – Categorias e ação dos florais. Fonte: elaborado pela autora e adaptado de Oliveira, 2020). Embora as categorias facilitem a escolha e indicação, é importante salientar que cada floral possui ação específica, sendo necessário utilizar somente o indicado por um(a) terapeuta habilitado. Os florais podem ser utilizados de três maneiras: diluídos em um copo d’água, diluição em frasco conta- gotas e aplicação direta na língua (OLIVEIRA, 2020). Pindas As pindas podem ser aplicadas com trouxas de tecidos, possuindo em seu interior alguns componentes terapêuticos, por exemplo, plantas medicinais, óleos essenciais e demais alimentos, como o arroz ou o sal grosso. Essa terapia faz parte tanto da MTC quanto da medicina ayurvédica, sendo também usada em massagens relaxantes ou terapêuticas. As pindas são elaboradas de acordo com o caso clínico do(a) paciente, sendo as ervas e óleos essenciais escolhidos exatamente para estabelecer a melhora e o bem-estar do indivíduo. Elas podem ser chinesas (sal e ervas) ou sweda (leite, arroz e ervas). As pindas são utilizadas tanto em tratamentos corporais quanto faciais e podem conter as mais variadas combinações de ervas e óleos essenciais, utilizando os óleos vegetais como lubrificante para sua aplicação sobre a pele (ALBA, 2015). Caro(a) aluno(a)! Antes de finalizarmos esse primeiro momento de estudos, convidamos você para assistir um vídeo do canal Rãmaga Pro Estética, falando sobre o uso das pindas chinesas e demonstrando como utilizá-las nas massagens. Parabéns, estudante! Em conjunto, concluímos esta etapa! As plantas medicinais são utilizadas pelo homem para combater enfermidades e obter efeitos terapêuticos desde sempre. O uso das plantas pode modificar de acordo com a região, uma vez que o uso dos fitoterápicos está diretamente ligado à flora local. As plantas podem ser preparadas de diversas maneiras e possuir formas farmacêuticas distintas. As vias metabólicas são indispensáveis para que a planta realize os processos necessários para sua nutrição, crescimento, desenvolvimento e proteção, possuindo o metabolismo primário e o metabolismo secundário. Entre os principais processos metabólicos estão a respiração e a fotossíntese. No Brasil, a fitoterapia faz parte do Sistema único de Saúde, sendo associada a outras práticas integrativas e complementares, devido à versatilidade das plantas e seus diversos usos. Embora as plantas medicinais possuam propriedades benéficas, é necessária a constante investigação para que se comprove tais efeitos, como também a sua toxicidade, uma vez que, dependendo da concentração e dose, os efeitos podem ser adversos e comprometer a saúde clínica do(a) usuário(a). Espero que você tenha conseguido assimilar todo o conteúdo e até a próxima etapa de estudos! Fitocosméticos e Inovações - UNIDADE II Olá, aluno(a)! As plantas medicinais possuem diversas aplicações e propriedades, sendo utilizadas não apenas para o desenvolvimento de fitoterápicos. As plantas são a base de desenvolvimentos de outros produtos e terapias, como os óleos essenciais, óleos vegetais, florais e essências. Além disso, as substâncias que as compõem possuem diversos efeitos terapêuticos utilizados em terapêuticas e cosméticos para o equilíbrio, manutenção e melhora da saúde das pessoas. Sendo assim, neste objeto de aprendizagem, você conhecerá os principais conceitos e histórico envolvendo a aromaterapia, óleos essenciais e vegetais, além de compreender as propriedades terapêuticas dos flavonoides, taninos e saponinas. Sendo assim, vamos dar início ao nosso conteúdo. Bons estudos! OBJETIVOS DESSA UNIDADE Olá, aluno(a)! As plantas medicinais possuem diversas aplicações e propriedades, sendo utilizadas não apenas para o desenvolvimento de fitoterápicos. As plantas são a base de desenvolvimentos de outros produtos e terapias, como os óleos essenciais, óleos vegetais, florais e essências. Além disso, as substâncias que as compõem possuem diversos efeitos terapêuticos utilizados em terapêuticas e cosméticos para o equilíbrio, manutenção e melhora da saúde das pessoas. Sendo assim, neste objeto de aprendizagem, você conhecerá os principais conceitos e histórico envolvendo a aromaterapia, óleos essenciais e vegetais, além de compreender as propriedades terapêuticas dos flavonoides, taninos e saponinas. AROMATERAPIA Principais Conceitos Aromaterapia é um ramo da fitoterapia que utiliza os óleos essenciais obtidos das plantas e seu aroma com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar do corpo, mente e emoções, sendo, portanto, uma medicina natural, preventiva, alternativa e curativa, entrando no Sistema Único de Saúde brasileiro como Prática Integrativa e Complementar no anode 2018, junto com as terapias de florais e a imposição das mãos (GRACE, 1999; ULRICH, 2004). A prática foi incluída no SUS e anunciada no 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública, no Rio de Janeiro (ANDRADE; COSTA, 2010). Plantas aromáticas são plantas que liberam aroma por meio de suas estruturas (talos, folhas, raízes) capazes de provocar sensação agradável ao olfato. A percepção dos aromas é variável e depende da sensibilidade da pessoa. As chamadas ervas aromáticas são utilizadas na culinária, acentuando o sabor dos alimentos, sejam elas frescas, secas ou em pó. As plantas aromáticas e os óleos essenciais podem ser utilizados por seus aromas, propriedades terapêuticas e sabores. Embora existam aromas sintéticos, não há comparação com o natural. Aromas são substâncias ou misturas voláteis que ativam os neurônios olfativos e o paladar. Os aromas estão ligados ao gosto, odor e sabor das coisas. Por isso, são usados para mascarar ou intensificar notas de acordo com a necessidade do produto. Os aromas são capazes de ativar o sistema límbico, responsável pelas emoções, fazendo com que o cérebro reaja modificando o humor. Um aroma pode trazer a lembrança de uma memória afetiva boa, ou não. As essências são matérias extraídas de plantas, flores, óleos essenciais, frutas, animais e são utilizadas para aromatizar alimentos, cosméticos, produtos de limpeza, entre outras coisas. A essência pode ser de origem vegetal, animal ou sintetizada 100% em laboratório. Espécies vegetais que possuem aromas e perfumes, seus ativos são constituídos basicamente por essências, sensibilizando o olfato de maneira agradável, em sua maioria. Os óleos essenciais são produtos complexos extraídos das diversas partes das plantas medicinais e são amplamente utilizados na aromaterapia, fitoterapia e em associação com outras terapêuticas. O termo aromaterapia foi utilizado pela primeira vez pelo químico René-Maurice de Gattefossé, em 1920, e vem da junção das palavras aroma (cheiro, fragrância) e terapia (tratamento). Entretanto, o termo passou a ser difundido a partir da década de 1960. ÓLEOS ESSENCIAIS Os óleos essenciais (OE) são o produto obtido de qualquer parte da planta. São voláteis, complexos, de fácil oxidação quando submetidos à luz e apresentam fragrância variável. Entre as famílias das plantas que mais produzem os OE, estão a Lauraceae, Myrtaceae, Labiateae, Rutaceae, Umbeliferaceae, além dos produtos oriundos do metabolismo secundário das plantas aromáticas (ANDREI; DEL COMUNE, 2005; BRITO; RODRIGUES; XAVIER-FILHO, 2013). Os óleos essenciais apresentam em sua composição diversos elementos orgânicos tais quais o carbono, oxigênio e hidrogênio. A combinação entre os elementos propicia a formação de moléculas de cetona, fenóis, óxidos, ésteres, aldeídos, álcoois, hidrocarbonetos, compostos orgânicos sulfurados e nitrogenados, ácidos orgânicos e terpenos. Na tabela abaixo, você conhecerá os grupos funcionais químicos encontrados nos OE utilizados na aromaterapia, que lhes conferem as propriedades terapêuticas. Tabela 1: Grupos químicos dos óleos essenciais. Fonte: elaborado pela autora e adaptada de Andrei; Del Comune, 2005. Os OE apresentam características lipofílicas, sendo solúveis em gorduras e álcoois, além de serem bastante concentrados. Embora sejam extraídos de qualquer parte das plantas, isso varia de acordo com o OE a ser extraído. Óleos como o de hortelã, melaleuca e eucalipto são extraídos das folhas; sândalo e canela são extraídos do tronco; limão e laranja, dos frutos, já a camomila, rosa e a laranja, são extraídas das flores. Histórico da aromaterapia e dos óleos essenciais Assim como não é possível definir o momento exato em que a primeira planta medicinal ou vegetal foi utilizada para a melhorar a saúde clínica do homem, é impossível definir com exatidão quando e como ocorreu o uso do primeiro óleo essencial na história. Embora se tenha registros de seu uso na China antiga e na medicina Ayurvédica, sabe-se que no período neolítico o homem já realizava a extração de óleos dos vegetais, pressionando-os com pedras. O manuseio era feito com cuidado devido à toxicidade. As ervas eram utilizadas junto com bálsamos para auxiliar nos rituais de embalsamamento e cerimônias religiosas, além de sacrifícios. O registro mais antigo refere-se aos livros em sânscritos dos Ayurvedas, sendo usados em sua medicina há mais de 2000 a. C. Ademais, na China, desde os 3.000 a. C. o grande cultivo de plantas medicinais e seu uso nos tratamentos de saúde, como ocorreu com o próprio imperador Shen Nung, que teria utilizado várias em seu corpo para observar seus efeitos e auxiliar na escrita do livro PEN T’SAO, relacionando o uso das plantas como medicamentos. Já O Tratado de Medicina Interna, de Huang Di, conhecido como o Imperador Amarelo, houve o registro de cerca de 365 drogas vegetais e seu uso aromático. Entre elas, estão registradas o ópio e o ginseng. Os persas e egípcios conheciam os OE de terebintina (pinheiro) e a resina de mastique, o primeiro óleo essencial extraído por destilação a seco. Diversos artefatos e vasos contendo OE foram encontrados nas antigas tumbas dos faraós, eles além de serem usados em massagens para proteger o corpo contra o clima, eram também utilizados nos cadáveres para evitar a sua decomposição. Além disso, esses povos antigos tratavam as fraturas com uma mistura de plantas e óleos e possuíam o costume de utilizar águas perfumadas com ervas aromáticas nos banhos, bem como a utilização da mirra para perfumar o corpo, conforme ocorria com a rainha Hatshepsut que a utilizava em suas pernas. Já Cleópatra utilizava um perfume de aroma sensual, feito com óleos essenciais das flores de henna, açafrão, menta e zimbro. Nos rituais com fogueira, era percebido que a fumaça das plantas aromáticas queimadas possuía poder de provocar sonolência, revigoramento entre outras sensações. Daí se originou a palavra perfume (do latim per fumum) que significa “através da fumaça” e que eram usados nos rituais para as divindades. Os antigos hebreus faziam o uso do incenso nas consagrações de seus templos e nos altares para iniciação de seus sacerdotes, como consta no livro do Êxodo. Era utilizado um óleo sagrado composto por mirra, canela e cálamo em óleo de oliva. Os gregos utilizavam a palavra arômata para incenso, perfume, plantas e medicina aromática. Na cidade de Atenas, os seus cidadãos comercializavam ervas em forma de óleos e pomadas. Relacionavam os aromas aos deuses e, assim como os egípcios, ungiam seus mortos, queimavam incensos e se perfumavam. Além disso, os vitoriosos nos jogos olímpicos recebiam uma coroa de louro aromático. No século VII d. C., o árabe Yakub al-Kindi escreveu O Livro da Destilação e da Química do Perfume e nesta obra ele descreveu diversos óleos essenciais e seu uso, mesmo os que eram oriundos de outros países, por exemplo, a cânfora. Ademais, no período das cruzadas, o médico persa Avicena destilou serpentina refrigerada para conseguir extrair o óleo essencial de rosas. A técnica possibilitou a extração do hidrolato (água e óleo essencial) e aperfeiçoou o processo de destilação. Já na Idade Média, a primeira experiência registrada com os óleos essenciais foi feita por Arnold Villanova de Bachuone, relacionando alecrim, sálvia e terebintina. O processo consistiu na maceração ou fermentação das plantas em água devido ao álcool. Nesse período, as ervas aromáticas eram consideradas importantes devido à peste, pois acreditava-se que a doença contaminava o ar puro. Devido os procedimentos desenvolvidos por Arnold Villanova de Bachuone não conseguirem separar os óleos essenciais ao final do processo, o produto era chamado de águas aromáticas. Em 1551 o médico e botânico alemão Adam Lonicir publicou o Livro das ervas (Kräuterbuch), catalogando ervas e óleos de sementes que eram conhecidos, comotambém o seu uso medicinal, sendo um marco na prática da aromaterapia. O padre José de Anchieta, em suas missivas da Companhia de Jesus, em Portugal, relatou acerca das plantas comestíveis e medicinais da flora brasileira. Entre elas, a Mentha piperita, utilizada pelos indígenas em casos de indigestão, reumatismo, doenças nervosas e nevralgias. Mais tarde, em 1639, o alemão George Marcgrave e o holandês Guilherme Piso explicaram no livro História Natural do Brasil como as plantas medicinais eram utilizadas no país, prescritas em sua maioria por pajés e curandeiros, sendo ministradas de formas distintas como chás e unguentos. Em 1563, foi publicado o livro Líber de distillatione, pelo médico italiano Giovanni Battista Della Porta. O objetivo desta obra era especificar a diferença entre óleos essenciais e óleos carreadores, além dos métodos de separação usados para obter os óleos essenciais das águas aromáticas. O botânico herbalista, médico e astrólogo inglês Nicholas Culpeper catalogou diversas ervas medicinais e lançou dois livros: The English Physitian e Complete Herbal, contendo mais de 300 remédios oriundos de ervas inglesas. Os séculos XVI e XVII contaram com a expansão do uso dos OE nas doenças e enfermidades. Em 1904, o Dr. Cuthbert Hall comprovou que o óleo essencial do eucalipto possuía uma maior concentração e potência que o ativo isolado, o eucaliptol. Foi em 1920 que a aromaterapia adquiriu sua denominação com o francês René-Maurice de Gattefossé. Para amenizar os danos de uma queimadura acidental em seu braço, o mergulhou em um recipiente com óleo de lavanda, sentindo alívio da dor, resultando em uma cicatrização sem características de queimaduras na pele, como hiperemia, bolhas e inflamação. Em 1928, ele publicou o livro com as suas pesquisas intitulado Aromatherapy. Anos mais tarde, o médico francês Jean Valnet, após ter estudado as pesquisas de Gattefossé, publicou o livro Terapias através dos óleos essenciais desenvolvendo o primeiro sistema de terapia. Valnet serviu como médico na Segunda Guerra Mundial e, ao ficar sem antibióticos, fez uso dos óleos e constatou o poder deles, usando-os em desordens médicas e psiquiátricas. Seus alunos Paul Belaiche e Jean Claude Lapraz divulgaram a pesquisa do professor e descobriram posteriormente que os OE possuem propriedades antivirais, antibacterianas, antifúngica e antisséptica, além de serem potentes oxigenadores a auxiliarem na condução de nutrientes para as células. O médico Godissart, em 1938, utilizou formulações à base de óleos essenciais para o tratamento de úlceras faciais, câncer de pele, gangrena e outros tipos infecções cutâneas. A farmacêutica e bioquímica Marguerite Maury introduziu a técnica e o uso dos óleos a serem utilizados na estética e beleza na Inglaterra. Ela foi pioneira com relação à visão holística da aromaterapia, criando um método de aplicação através da massagem, para a absorção cutânea, de acordo com a personalidade de cada indivíduo. Assim como a fitoterapia, a aromaterapia entrou em declínio devido aos avanços dos fármacos produzidos pela indústria de medicamentos e pelo descrédito do saber popular, sendo proibida a sua indicação ou prescrição. Devido aos efeitos colaterais da medicina alopática, a fitoterapia e a aromaterapia continuam a ser utilizadas até hoje. A fitoterapia foi inserida no Sistema Único de Saúde por meio da Portaria n.º 971, de 03 de maio de 2006 e a aromaterapia pela Portaria n.º 702, de 21 de março de 2018. Extração Os óleos essenciais podem ser extraídos de diversas maneiras, como a destilação por arraste de vapor de água; hidrodestilação; extração por solvente; prensagem; extração com dióxido de carbono supercrítico. O processo de destilação é um dos mais efetivos, este método usa os fenômenos de vaporização e condensação para liberar os compostos voláteis das plantas e possui duas etapas. Na destilação por arraste a vapor, a primeira etapa é a geração de vapor em uma caldeira. O vapor força a quebra intermolecular da planta e arrasta seus componentes voláteis; a segunda etapa ocorre no condensador, onde os vapores são resfriados e liquefeitos para suas fases (óleo e água) serem separadas em um decantador. Na hidrodestilação, o vegetal está totalmente submerso em água, onde esta mistura é também aquecida até a ebulição, ocorrendo a separação das fases, com o óleo na parte de cima devido a densidade da água. Por ser um método versátil e eficiente, ele é bastante usado nos laboratórios. Contudo, embora evite a perda de compostos sensíveis nas temperaturas mais altas, o processo é lento e com pouco rendimento. A enfleurage é um método bastante antigo e lento, portanto, não muito utilizado atualmente. Nele, as flores são depositadas em uma camada de gordura durante algum tempo para que os óleos sejam absorvidos. Após isso, a gordura é tratada com álcool e derretida, para que se tenha o óleo essencial. A maceração também é um processo lento, onde as flores e folhas dos vegetais são esmagadas e, na sequência, colocadas em gordura purificada e inodora ou em óleo vegetal quente. Para obter a concentração desejada do óleo, é necessário acrescentar mais matéria vegetal e aquecê-lo novamente a uma temperatura de 30°C. Neste método, o processo pode demorar até um mês para ser concluído. A prensagem é comum na região italiana da Sicília, onde esta técnica ainda é feita manualmente, espremendo os frutos submersos em água (após várias horas) sobre esponjas para absorverem o sumo e os OE. No procedimento com as prensas hidráulicas, os frutos cítricos são esmagados, método em que o suco e o OE são separados por jatos d’água, devido a emulsão formada pelo processo. Após isso, a separação ocorre por decantação, centrifugação e/ou destilação fracionada. Além desse procedimento, os óleos cítricos também podem ser destilados a vapor. A extração por solvente usa uma substância orgânica e apolar (normalmente acetona ou derivado de petróleo), possuindo diversas etapas, como a mistura do solvente com o material; o aquecimento da mistura até a ebulição, que fará o arraste do vapor com solvente até o condensador, onde ocorre o resfriamento e a evaporação do solvente para a obtenção do óleo essencial. A extração por dióxido de carbono supercrítico é muito utilizada na indústria farmacêutica, pois não deixa resíduos na matéria-prima. Trata-se de uma tecnologia limpa e benéfica para o meio ambiente, visto que não necessita de solventes. O processo consiste no uso do CO2 pressurizado no estado líquido. O gás é aquecido e se torna supercrítico, passando pela matéria sólida (o vegetal) na câmara de extração. Essa mistura (solvente-soluto) é expandida ao passar pela válvula de expansão. Com a redução da temperatura e pressão, o extrato é precipitado no coletor. Por fim, o CO2 recircula no sistema até chegar no vaso extrator. A temperatura crítica de um gás é aquela acima da qual ele pode existir em forma de gás. A pressão crítica é aquela acima da qual o gás não pode ser liquefeito por resfriamento. No CO2 a temperatura crítica é de 31°C e a pressão 7,3 MPa. SÓLIDAS Destilação (arraste por vapor de água) Consiste no uso de um destilador, separando substâncias imiscíveis e pouco miscíveis. A destilação ocorre devido a diferença de volatilidade dos compostos dos OE. Bastante usado por ser relativamente barato. Destilação (hidrodestilação) Método bastante versátil, se diferencia do arraste por vapor de água em decorrência da planta se encontrar totalmente submersa em água. Maceração Flores e folhas são esmagadas e colocadas em gordura depurada ou óleo vegetal quente. O processo se repete até chegar à concentração desejada. Enfloração ou enfleurage Método mais lento e caro, utilizado apenas por algumas indústrias. Consiste na absorção dos óleos essenciais das flores que possuem pouco OE (laranjeira, jasmim e rosas). Após a absorção,a gordura é tratada com álcool, derretida e filtrada para ser destilada em baixa temperatura até que se obtenha o óleo essencial. Prensagem (expressão) Realizada manualmente ou por máquina, consiste no esmagamento do fruto. O OE é separado do suco por meio de jatos d’água. Utilizado para a extração de OE de frutos cítricos. Na tabela abaixo, um resumo das principais técnicas de extração: Tabela 2: Formas farmacêuticas dos fitoterápicos. Fonte: elaborado pela autora e adaptada de Silva, 2018; Corrêa; Schotten; Machado, 2010. Toxicidade e ação Alguns óleos essenciais podem apresentar toxicidade, uma vez que a concentração dos OE pode ser setenta vezes mais concentrada que a planta utilizada para a obtenção, ou seja, os óleos puros apresentarão toxicidade elevada com frequência, por isso, a dosagem recomendada é mínima e usadas nas chamadas substâncias carreadoras. Portanto, conhecer o potencial tóxico dos óleos é fundamental para a biossegurança nos tratamentos que possuem os OE como ativos. Nos óleos, a toxicidade envolve a dose; diluição ou quantidade; frequência, forma de utilização e composição. Além disso, é recomendado saber a procedência dos vegetais utilizados e seu cultivo, se houve contaminação por metais pesados, radiação, poluição e agrotóxicos na cultivação. Certas dosagens podem acarretar intoxicações ao contato, como sensibilização e fotossensibilidade, mais comuns nos OE compostos por álcool cinâmico, aldeído, eugenol e bergapteno. A reação pode provocar queimaduras e manchas, já em óleos com mentol, tujona e cânfora, as superdosagens podem provocar convulsões, além de comprometer os movimentos e reflexos. Com relação ao mecanismo e ação, deve-se considerar a toxicidade crônica e aguda. A toxicidade crônica está relacionada a propriedades teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas e não há muita literatura referente a isso, sendo necessária uma avaliação. Em contrapartida, a toxicidade aguda refere- se às reações cutâneas, como irritação, sensibilização e fototoxicidade, além das reações no sistema nervoso central (convulsões e efeitos psicotrópicos). Extração com solvente Utiliza um solvente orgânico e apolar para obtenção do OE. Extração por dióxido de carbono supercrítico Utiliza o dióxido de carbono em estado supercrítico para obter o OE. Vale ressaltar que a inalação prolongada dos OE pode provocar dores de cabeça e náuseas, além das alergias. Os OE exercem efeitos não apenas no corpo, mas também possuem ação direta no cérebro, através do sistema límbico. Quando o óleo adentra o nosso organismo (por meio do olfato, pele ou sistema digestório), ele promove uma série de reações. Nas vias respiratórias ativam o bulbo e nervos olfativos, ligados diretamente com o sistema límbico (sistema nervoso central). É pelo sistema respiratório que maior parte dos OE inalados chegam à corrente sanguínea, demais órgãos e tecidos. Na aplicação cutânea, o composto é absorvido, chegando à corrente sanguínea. No caso da ingestão, os óleos serão absorvidos pelo intestino, que irá distribuí-los pelos órgãos e demais tecidos. A absorção percutânea dos OE devido ao uso das técnicas de massagem é facilitada pelas manobras e uso das substâncias carreadoras. A liberação dos ativos contidos nos óleos está relacionada à sua concentração e frequência dos movimentos, ou seja, quanto maior o tempo da massagem e frequência dos movimentos, maior a taxa de absorção, facilitada em regiões bastante vascularizadas e orifícios pilossebáceos. Alguns óleos necessitam de cuidado com seu manuseio, como no caso dos óleos que possuem em sua composição o salicilato de metila, que causa taquipneia, aumento da pressão arterial, excitação e pode levar ao coma. O OE de bétula apresenta 98% de concentração de salicilato; o OE de alecrim possui a cânfora, cuja neurotoxicidade pode levar a convulsões; o OE de eucalipto contém cineol (70 a 85%) e que, a depender da dose, pode causar sonolência (3ml), perda da consciência (5ml) ou ser fatal (acima de 5ml). A hortelã-pimenta apresenta cerca de 50 a 80% de mentol em sua composição, podendo causar convulsões, ataxia e perda de reflexos. A Associação brasileira de Aromas e Fragrâncias, ABRIFA, juntamente com a International Fragrance Association restringem o uso de alguns OE como ingrediente em algumas fragrâncias (perfumes, material de limpeza, cosméticos e produtos de higiene pessoal) devido a toxicidade de alguns de seus componentes. A Anvisa regulamenta e fiscaliza o uso dos OE no Brasil. Nas tabelas abaixo, vocês encontrarão os constituintes químicos dos óleos e seus efeitos gerais e seus efeitos na gestação. Composto químico Efeito OE Álcool cinâmico Sensibilização (primeira exposição). Reação inflamatória grave, dermatite, alergia e irritação cutânea (reexposição). Canela. Aldeído cinâmico ou cinamaldeído Sensibilizante, alergias e irritação cutânea. Canela. Anetol Ação tóxica e neurotóxica. Erva-doce Ylang-ylang Antranilato de metil N-metila Fototóxico. Laranja, limão e mandarina. Bergapteno Fototóxico (restrição à exposição solar). Bergamota, laranja amarga, limão, mandarina e tangerina. Cânfora Neurotóxico e convulsivante (evitar o uso em grávidas, epilepsia, asma e uso de medicação homeopática). Alecrim. Citral Sensibilizante, alergias e irritação cutânea. Capim-limão, cardamomo, citronela, gengibre -da-índia, gerânio, laranja amarga, laranja doce, limão, litsea cubeba, mandarina, néroli, rosa. Eugenol Sensibilizante, alergias e irritação cutânea. Canela, capim-limão, citronela, cravo, manjericão, rosa, Ylang-ylang. Farnesol Sensibilizante, alergias e irritação cutânea. Rosa, palmarosa, Ylang-ylang. Isoeugenol Sensibilizante, alergias e irritação cutânea. Cravo, rosa, Ylang-ylang. Metileugenol Carcinogênico em animais. Cenoura, citronela, cravo, manjericão e rosa. Trans-2-hexanal Sensibilizante, alergias e irritação cutânea. Bergamota, hortelã, laranja amarga, limão, mandarina, manjerona, menta piperita,sálvia-esclareia, tangerina e tomilho. Tujona Tóxica, neurotóxica, efeito psicomimético, alucinogênico, epileptizante e convulsivo. Artemísia e sálvia. Tabela 3: Efeitos dos compostos químicos do OE e sua toxicidade. Fonte: elaborado pela autora e adaptada de Matos, 2013. Óleos essenciais e seus efeitos na gestação OE Composto químico Efeito Alecrim (Rosmarinus officinalis) Cânfora. Neurotóxico. Angélica (Angelica archangelica) Alfa-tujona. Neurotóxico. Anis (Pimpinella anisum) Trans-anetol. Estragol. Efeito semelhante ao do hormônio estrógeno. Carcinogênico, hepatotóxico. Cânfora (Cinnamomum camphora) Cânfora. Neurotóxico. Erva-doce (Foeniculum vulgare) Trans-anetol. Estragol. Efeito semelhante ao do hormônio estrógeno.Carcinogênico. Hissopo (Hyssopus officinalis) Pinocânfora. Neurotóxico. Lavandim (Lavandula hybrida) Cânfora. Neurotóxico. Lavanda (Spicata lavandula latifolia) Cânfora. Neurotóxico. Melissa (Melissa officinalis) Citral. Efeito semelhante ao do hormônio estrógeno. Noz-moscada (Myristicina fragrans) Miristicina. Elemicina. Alucinógeno. Alucinógeno Sassafrás (Octea pretiosa) Safrol = safrole. Hepatotóxico. Salsa (Petroselinum sativum = petroselinum crispum) Apiol. Miristicina. Elemicina. Abortivo. Alucinógeno. Alucinógeno. Sálvia (Salvia officinalis) Alfa-tujona e beta-tujona. Cânfora. Neurotóxico. Neurotóxico. Sálvia espanhola (Salvia lavandulifolia = Salvia lavandulaefolia) Acetato de sabinila.Cânfora. Abortivo. Neurotóxico. Tabela 4: Efeitos tóxicos dos OE na gestação. Fonte: retirada de Matos, 2013. Olá, estudante, convidamos você a acessar a monografia de Shirley dos Santos Matos, Considerações sobre a inserção do tema “contribuições da Biossegurança na graduação em estética e cosmetologia” na Disciplina de
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