Prévia do material em texto
AULA 6 DESAFIOS DA INDÚSTRIA 4.0 TEMA 1 – VEÍCULOS GUIADOS AUTOMATICAMENTO (AGV) A última aula da disciplina aborda as tecnologias complementares da indústria 4.0 e os impactos de sua implementação em uma indústria. Os assuntos que serão abordados têm como objetivos: • Apresentar os veículos guiados automaticamente (AGVs); • Mostrar como é o gerenciamento de energia na indústria 4.0; • Explicar os impactos na gestão industrial; • Mostrar os impactos da indústria 4.0 na manutenção industrial; • Apresentar um roteiro básico para diagnóstico e implementação das tecnologias na indústria. Um AGV ou “Veículo Guiado Automaticamente” consiste em um veículo autônomo (sem um tripulante) com a finalidade de uso industrial. Pode ser utilizado para o transporte de cargas em fábricas ou cooperar no processo de fabricação. Figura 1 – AGVs transportando material em uma fábrica Crédito: Chesky/Shutterstock. As características do AGV são: • Transporte de cargas entre estações de trabalho; • Traçar rotas para executar a ação desejada (transporte de materiais); • Evitar colisões por meio do uso de sensores; 2 • Manter as baterias carregadas. Os AGVs ganharam destaque nos últimos anos em virtude da evolução dos sensores e da troca de dados por IoT. Dentre as vantagens do uso de AGVs, é possível citar: • Operação por longos períodos; • Redução de mão de obra; • Aumento da segurança operacional, pois opera com sensores; • Aumento da produtividade. Saiba mais Assista aos vídeos e veja o uso de AGVs na logística: • https://www.youtube.com/watch?v=WIlS3vNSuQ4 (Group (2016)) • https://www.youtube.com/watch?v=fPWmJGKOA4c (Lubas (2017)) Figura 2 – AGV Crédito: Max Blender 3D/Shutterstock. TEMA 2 – ENERGIA NA INDÚSTRIA 4.0 A energia é um dos principais custos da produção, motivo pelo qual as indústrias têm buscado alternativas com o intuito de maior competitividade. A indústria 4.0 tem como preceito a busca pela sustentabilidade por meio da produção sob demanda, com redução do consumo de matéria-prima e energia. 3 Aliada às novas tecnologias e ao novo comportamento do consumidor (que se torna proativo na produção), as indústrias adotam ações para melhorar sua eficiência energética. O que é eficiência energética? A eficiência energética busca produzir mais usando menos energia, ou seja, por meio da substituição de equipamentos e motores que consomem menos energia. Trata-se do uso racional e controlado da energia na indústria. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2017), somente o setor industrial corresponde a cerca de 41% do consumo de energia do país. Quanto maior o consumo, maiores serão os investimentos em infraestrutura, por isso é tão importante conter o desperdício de energia. Que ações podem ser executadas para reduzir o desperdício e otimizar o consumo? 1.Instalações Elétricas: a manutenção das instalações elétricas é imprescindível em uma indústria para garantir a segurança e economia. Diversos problemas podem causar desperdício de energia, tais como perdas por histerese e perdas por efeito Joule. 2. Motores elétricos: os motores mais antigos consomem mais energia e apresenta rendimentos menores se comparados aos mais novos. Muitas indústrias estão substituindo os motores para aumentar sua eficiência energética. Algumas soluções do mercado já disponibilizam o monitoramento dos motores em tempo real por meio de IoT e solução em nuvem. Com isto, é possível monitorar e ter um diagnóstico completo do motor, auxiliando a manutenção preditiva. Assista ao vídeo e veja como monitorar motores (WEG,2019): <https://youtu.be/ cxQQab2YbtM> 3. Iluminação: a substituição por lâmpadas de LED ajuda a reduzir o consumo de energia. Além disso, controlar o sistema de iluminação conforme a demanda por áreas também é outra ação que contribui muito. 4. Fornos elétricos e estufas: consomem bastante energia, portanto é necessário fazer o monitoramento constante e averiguar se há alguma discrepância no rendimento e consumo. 4 Figura 3 – Eficiência energética na indústria Crédito: andriano.cz/Shutterstock. Além destas ações, muitas indústrias estão buscando formas alternativas de geração de energia. O uso de energias renováveis, tais como energia eólica, fotovoltaica e biomassa, tem crescido no setor industrial. Saiba mais Conheça alguns exemplos de indústrias que investem em energias renováveis: • https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/11/ epoca- negocios-ambev-investira-r600-mi-em-usina-eolica- para-cervejarias-da- budweiser-no-brasil.html (Época (2019)) • https://www.honda.com.br/noticias/honda-energy-anuncia- expansao-de- seu-parque-eolico (Honda (2019)) 5 Figura 4 – Energias renováveis na indústria Crédito: Christos Georghiou/Shutterstock. TEMA 3 – GESTÃO NA INDÚSTRIA 4.0 Ao longo das aulas da disciplina, foram abordadas as tecnologias que compõem o conceito de indústria 4.0. A adoção das tecnologias requer um investimento alto, porém necessário, pois traz uma série de benefícios a longo prazo. Como estas tecnologias mudam a gestão industrial? Quais seriam os principais impactos? A primeira consideração a ser feita é em relação ao consumidor, que assume um papel proativo. Muitas indústrias permitem que o consumidor faça suas compras por meio de sites, com a customização do seu produto. Ele pode acompanhar todas as etapas: o pedido, a produção, o despacho e a entrega. O comportamento do consumidor mudou: ele não compra apenas pelo preço de um produto, e sim pela experiência que teve desde o momento da sua solicitação. Sua experiência é compartilhada pelas redes sociais, as quais, por sua vez, acabam influenciando outros consumidores. Assim que recebe a requisição de compra, a indústria precisa disponibilizar todos os recursos para que a produção seja feita em tempo hábil. 6 Outra mudança no comportamento do consumidor é a preferência pela contratação de serviços em vez da aquisição de produtos, por exemplo: uso compartilhado de carros, bicicletas e patinetes. Há a preocupação com a sustentabilidade e uso racional de recursos naturais. Figura 5 – Perfil do consumidor na indústria 4.0 Proativo (customização de produtos) Participa das etapas de produção Pautado pela experiência Compartilha sua experiência em redes sociais A segunda consideração que deve ser feita é em relação ao marketing adotado pela indústria. O foco agora é a experiência, e não os atributos do produto. Muitas marcas fidelizam seus clientes pela atualização constante de seus produtos. Um bom exemplo são os smartphones, lançados anualmente e que permitem a entrega do celular antigo como crédito. As redes sociais e os influenciadores digitais se tornam estratégicos para o lançamento de novos produtos e monitoramento da satisfação pós-venda. 7 Consumidor Figura 6 – Marketing na indústria 4.0 Monitoramento de redes sociais Divulgação do produto é pautada pela experiência Se preocupa com o valor da marca na sociedade Outro setor que sofre o impacto das novas tecnologias diz respeito à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O uso de “Gêmeos Digitais” e Realidade Virtual permite a simulação de novos produtos. A análise de dados de redes sociais e do consumo permite agregar ferramentas de inteligência artificial para prever tendências e novas características em produtos. O uso da impressão 3D permite o desenvolvimento de protótipos. 8 Marketing Figura 7 – P&D na indústria 4.0 Gêmeos Digitais - Simulação Realidade Virtual - Simulação Inteligência Artificial - previsão e análise Impressão 3D - Protótipos O setor de produção realiza seu planejamento com base em análise de dados históricos e, com o auxílio da inteligência artificial, consegue identificar gargalos na produção, setores que geram maiores paradas, solicitar materiais de forma antecipada. A supervisão eo controle da planta industrial são feitos em tempo real, localmente e por meio de aplicações em smartphones graças à computação em nuvem. O uso de AGVs na logística garante maior precisão e permite alocar mão de obra para outros setores. 9 Pesquisa e Desenvolvimento Figura 8 – Produção na indústria 4.0 Big Data - análise Inteligência Artificial como apoio a tomada de decisões Supervisão e controle em tempo real de qualquer localidade Uso de AGVs na logística e produção O setor de qualidade consegue rastrear todas as etapas da produção: desde a chegada da matéria-prima por meio do uso de RFID até a saída do produto. O feedback relacionado à qualidade do produto é analisada pelas redes sociais. O uso de ferramentas de visão permite detectar falhas e avarias com maior precisão. 10 Produção Figura 9 – Qualidade na indústria 4.0 Rastreabilidade - RFID e Big Data Análise de redes sociais - feedback de clientes Sistemas de visão - detecção de avarias TEMA 4 – MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA 4.0 A manutenção exerce um papel fundamental em uma indústria, pois tem a responsabilidade de assegurar que a produção seja contínua, sem paradas não programadas. Também deve auxiliar a compra de máquinas e equipamentos e buscar a otimização da produção com a redução de custos (“Produzir mais, gastando menos”). O uso das novas tecnologias impacta diretamente no planejamento da produção e altera o modo como esta é feita atualmente. Os tipos de manutenção industrial são: 11 Qualidade Figura 10 – Tipos de Manutenção industrial Como as novas tecnologias afetam a manutenção industrial? Corretiva • Parada não programada • Maior custo •Não planejada Preventiva • Planejada • Troca de peças feita antes do tempo • Desperdício Preditiva • Análise de dados • Feita pouco antes de parar • Aproveitamento máximo da peça • Menor custo Primeiro é preciso destacar que há um número maior de sensores monitorando máquinas, equipamentos, motores etc. Os dados coletados por esses sensores são enviados por IoT para sistemas (softwares) de manutenção que são executados na nuvem. O conjunto de dados coletados (Big Data) permite que sistemas dotados de inteligência artificial façam a análise e, por meio do aprendizado de máquina, consigam definir padrões de comportamento. Se o sistema detecta algum comportamento discrepante, ele aciona o operador para que ele intervenha antes de uma parada não programada. Dentre as análises que o sistema permite, é possível elencar: 1. Disponibilidade: a manutenção deve garantir a máxima disponibilidade dos equipamentos e máquinas na produção. Quanto maior o tempo de disponibilidade, maior a produção. a. Uso incorreto de máquinas/equipamentos. b. Desgaste por tempo de uso; c. Desgaste por ajustes mal feitos; 2. Ciclo de vida: aproveitar ao máximo o ciclo de vida de um equipamento ou peça. Um dos problemas da manutenção preventiva é que as peças que são substituídas ainda poderiam ser usadas por mais tempo. a. Descarte de peças por mudanças; b. Troca por atualização tecnológica; c. Desgaste por tempo operacional. 12 3. Operação e manutenção (O&M): os custos de operação e manutenção do sistema têm grande impacto. Se uma indústria faz uso de manutenção corretiva de forma recorrente, há grandes chances de ter um custo bastante elevado. Não há tempo hábil para pesquisar os melhores preços de peças de reposição, o tempo de parada não programada na fábrica acarreta prejuízos. Por este motivo, as novas tecnologias auxiliam a detectar: a. Áreas com maior problema; b. Uso incorreto de equipamentos por falta de informações e treinamento de operadores; c. Equipamentos que mais geram problemas; d. Ações baseadas em eventos; e. Gerenciamento de todos os ativos; f. Predição de variáveis e planejamento com menor tempo de parada e aproveitamento máximo do ciclo de vida do produto; g. Redução da manutenção preventiva; h. Uso de drones e realidade aumentada para as atividades de manutenção; i. Acesso ao sistema de manutenção de qualquer localidade. Figura 11 – Manutenção na indústria 4.0 Crédito: Suwin/Shuttestock. 13 TEMA 5 – AUTOMAÇÃO E INDÚSTRIA 4.0 A pesquisa realizada pela Confederação Nacional das Indústrias em 2017 apontou que a adoção das tecnologias é imprescindível para a competividade no mercado global. Diversas ações estão sendo realizadas com o intuito de fomentar a indústria 4.0 no Brasil. Muitas indústrias querem adotar as tecnologias, mas têm dificuldades em estabelecer um planejamento e justificar os investimentos a longo prazo. Primeiro é necessário difundir o conceito de indústria 4.0 para a equipe técnica. Realizar um treinamento e explicar todas as tecnologias que fazem parte e como elas podem atuar em cada setor. • Quais são as tecnologias? • Como estas tecnologias afetam cada setor? • Quais são os benefícios da sua implementação? • Os funcionários têm treinamento para manusear/usar as novas tecnologias? A segunda etapa consiste em realizar um diagnóstico da automação da fábrica. Neste caso, o uso de sensores, atuadores, controladores lógicos programáveis (CLPs), sistemas supervisórios, banco de dados e redes industriais devem ser analisados. Com base no diagnóstico realizado, é possível otimizar algum setor? Existem atualizações e upgrades que devem ser feitos em máquinas, motores e softwares? É possível adaptar a infraestrutura existente para que haja a convergência de dados? A etapa seguinte consiste em fazer um planejamento para a implementação das tecnologias levando em conta os custos de investimento, treinamento e o cronograma de implementação. 14 REFERÊNCIAS AMBEV investirá R$600 mi em usina eólica para cervejarias da Budweiser no Brasil. Época Negócios, 08 nov. 2019. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2019/11/ epoca-negocios- ambev-investira-r600-mi-em-usina-eolica-para- cervejarias-da-budweiser-no- brasil.html>. Acesso em: 13 dez. 2019. HONDA Energy anuncia expansão de seu parque eólico. Honda, 27 mar. 2019. Disponível em: <https://www.honda.com.br/noticias/ honda-energy-anuncia- expansao-de-seu-parque-eolico>. Acesso em: 13 dez. 2019. SACOMANO, J. B.; GONÇALVES, R. F.; SILVA, M. T.; BONILLA, S. H.; SÁTYROWALTER. Indústria 4.0: Conceitos e Fundamentos. Editora Blucher, São Paulo, 2018. VOLPATO, N.; CARVALHO, J. DE. Introdução à manufatura aditiva ou impressão 3D. In: VOLPATO, N. (Org.) Manufatura Aditiva: Tecnologias e Aplicações da Impressão 3D. São Paulo, SP: Editora Blucher, 2018. VOLPATO, N.; SILVA, J. V. Aplicação direta da manufatura aditiva na fabricação final. In: VOLPATO, N. (Org.) Manufatura Aditiva: Tecnologias e Aplicações da Impressão 3D. São Paulo: Editora Blucher, 2018. 15