Compreendendo os gastos públicos

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Compreendendo os gastos públicos
O gasto público é um tema amplamente discutido no campo das finanças públicas e frequentemente alvo de críticas por parte de economistas, especialmente os que defendem uma maior eficiência na gestão dos recursos. Entender como alocar melhor os recursos do governo é de grande importância para toda a sociedade, e para isso, o Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia é utilizado como forma de acompanhar a eficiência dos gastos governamentais.
Ao longo dos anos, estudiosos têm analisado os impactos dos gastos públicos no crescimento econômico. Uma linha de argumentação sugere que aumentos sucessivos nesses gastos tendem a limitar a formação de poupança interna e os investimentos privados, levando a uma redução nos níveis de produção per capita. No entanto, outras pesquisas, como as de Barro (1990), argumentam que os gastos públicos podem ter impacto neutro no crescimento, desde que não afetem a produtividade do setor privado.
Esses estudos também destacam a importância de distinguir entre gastos públicos produtivos e improdutivos. Gastos em infraestrutura, por exemplo, são considerados produtivos, pois podem elevar o produto econômico. Por outro lado, gastos com defesa e educação, segundo Summers e Heston (1988), são considerados improdutivos.
No Brasil, estudos como os de Araujo, Monteiro e Cavalcante (2010) e Silva (2012) têm explorado a relação entre gastos públicos e crescimento econômico em nível municipal. Essas pesquisas têm mostrado que nem todos os tipos de gastos públicos têm impacto positivo no produto econômico, sendo necessário um acompanhamento detalhado para garantir uma alocação eficiente dos recursos públicos.
A forma como os gastos públicos são organizados e classificados pode variar de acordo com cada país, mas geralmente eles são categorizados com base em sua finalidade, natureza e órgão responsável pela execução. A finalidade dos gastos refere-se ao objetivo ou área em que os recursos são aplicados, como saúde, educação, infraestrutura, entre outros. A natureza dos gastos está relacionada com o tipo de despesa realizada, podendo ser operacionais (custeio), investimentos, transferências ou reversões financeiras. Já o órgão responsável pela execução dos gastos pode ser a Administração Direta (órgãos do próprio governo) ou a Administração Indireta (entidades controladas pelo governo, como autarquias e fundações).
A análise dos gastos públicos é fundamental para garantir a eficiência, eficácia e transparência na aplicação dos recursos públicos. Através dessa análise, é possível identificar áreas prioritárias para investimento, avaliar a qualidade dos serviços públicos prestados e garantir o cumprimento das leis e normas que regem a administração financeira do Estado.
É importante ressaltar que a gestão responsável dos gastos públicos é essencial para o desenvolvimento econômico e social de um país. Um controle rigoroso dos gastos, aliado a uma política de transparência e prestação de contas, contribui para o fortalecimento das instituições democráticas e para o aumento da confiança da população nas instituições públicas.
Categorização dos Gastos Públicos no Brasil
Existem várias formas de categorizar os gastos públicos no Brasil, cada uma servindo a propósitos diferentes. Uma categorização comum é pela área do governo, também conhecida como classificação funcional, que identifica a área (função) do governo onde os fundos públicos foram gastos. Essas informações são relevantes para que o público entenda quanto está sendo destinado a áreas que impactam diretamente no seu dia a dia.
São 28 funções e, a cada ano, o governo revisa a previsão orçamentária dessas funções para melhor atender às necessidades da população. Além disso, as funções podem ser detalhadas em subfunções. Por exemplo, na função Educação, você pode ter subfunções como Ensino Básico e Ensino Superior. É importante notar que esta estrutura é matricial, podendo por vezes ser executada uma subfunção sob diferentes funções (a Assistência Hospitalar está geralmente associada à Saúde, mas também a despesas relacionadas com a Educação, como os hospitais universitários).
As funções são padronizadas nos níveis federal, estadual, distrital e municipal para consolidar os gastos dos diferentes entes.
Análise de áreas específicas de gastos públicos
Em 2022, os gastos públicos no Brasil sofreram variações entre diferentes setores. No setor da saúde, as despesas diminuíram em comparação com os dois anos anteriores devido à redução dos custos relacionados com a pandemia. Do total de R$ 155 bilhões destinados à saúde, R$ 12 bilhões foram direcionados à COVID-19, R$ 73 bilhões aos municípios e R$ 23 bilhões aos estados e ao Distrito Federal. O requisito de despesa “mínima em saúde” foi cumprido e ultrapassado, com despesas totais equivalentes a 6,6% das despesas totais e 1,6% do PIB.
Na educação, foram gastos R$ 128 bilhões em manutenção e desenvolvimento. O mínimo constitucional para a educação foi respeitado e ultrapassado em R$ 21 bilhões. Os gastos totais representaram 5,4% das despesas públicas e 1,3% do PIB. A União complementou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) em R$ 34 bilhões em 2022, antes R$ 15 bilhões em 2020.
Os gastos com assistência social permaneceram elevados em 2022, influenciados pela criação do programa de transferência de renda Auxílio Brasil. Do total de R$ 198,33 bilhões destinados à assistência social, R$ 113,03 bilhões (56,99%) foram para o programa. Outras destinações significativas foram para o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência ou idosos (R$ 43 bilhões) e para idosos (R$ 34,46 bilhões). Os gastos com assistência social representaram 8,4% das despesas totais e 2,0% do PIB.
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https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/estatisticas-fiscais-e-planejamento/qualidade-do-gasto-e-avaliacao-de-politicas-publicas
https://portal.tcu.gov.br/imprensa/noticias/exposicao-fatos-fiscais-apresenta-os-gastos-publicos-de-2022-em-importantes-areas-do-pais.htm
https://portaldatransparencia.gov.br/pagina-interna/603315-orcamento-da-despesa