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História e Legislação da Educação Física livrei

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Prévia do material em texto

HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Prof. Me. PEDRO HENRIQUE RODRIGUES
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenadora Pedagógica do Curso
Inserir nome da coordenadora responsável
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
G915b Sobrenome, Nome autor
Titulo Disciplina [livro eletrônico] / Nome completo autor. - 
Marília: Unimar, 2020.
PDF (XXX p.) : il. color.
ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
1. palavra 2. palavra 3. palavra 4. palavra 5. palavra 6.
palavra 7. palavra 8. palavra I. Título.
CDD – 610.6952017
Introdução
Olá, aluno, seja bem-vindo a esta disciplina!
Gostaria de apresentar a você, de forma resumida, os objetivos deste material e quais
os conteúdos que iremos trabalhar ao longo das aulas.
O objetivo desta disciplina é apresentar a relação entre homem e o movimento
corporal, objeto de estudo da área em que você está se inserindo, junto ao
entendimento do processo histórico e evolução da Educação Física no mundo e no
Brasil, para que possamos refletir e entender sobre a área e suas possibilidades de
atuação no mercado de trabalho, nos dias de hoje, observando também a legislação
vigente que regulamenta a profissão para a proteção da sociedade e do profissional
devidamente graduado e registrado no Conselho de Educação Física.
Primeiramente entenderemos por que estudar a história. Assim, você verá que é uma
ciência que estuda a vida do homem ao longo do tempo e investiga o que a
humanidade fez, pensou e sentiu enquanto seres sociais. Nesse sentido, o
conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói
seu tempo. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física
que vai nos dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens
de exercício da profissão e seu renome na sociedade atual.
No segundo capítulo, apresentaremos um panorama das áreas de atuação na
Educação Física atual, e para isso, conheceremos as formações em Licenciatura e
Bacharelado, definindo as formas e locais de atuação de ambas.
A partir daí, começaremos a olhar para o processo histórico, vendo a importância dos
movimentos corporais nas diversas civilizações antigas, com o uso voltado à
sobrevivência, preparação para a guerra, ritos e cultos, jogos e práticas atléticas.
Antes de começarmos a falar da história da Educação Física do Brasil, entraremos
primeiro no início da Idade Contemporânea, que foi marcada pelo surgimento da
ginástica localizada, tendo quatro grandes escolas como responsáveis: a alemã, a
nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa.
As quatro grandes escolas de ginástica tiveram papel crucial para a evolução da
Educação Física, trazendo a prática dos exercícios físicos com direcionamentos para
diversos objetivos, como: militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das
3
escolas, médica voltada à higiene e saúde, preparação física dos trabalhadores e
também estética. Mas, foi o surgimento da Calistenia que abriu caminho para grande
avanço da Educação Física moderna, com parâmetros base para o que temos
atualmente.
Observando a história da Educação Física no Brasil, veremos várias tendências
ideológicas direcionando a área, com intuitos e objetivos diferentes, em que podemos
destacar o Higienismo, Militarismo, Pedagogicismo e Esportitivismo. A partir da década
de 80, começaremos a observar várias abordagens pedagógicas na área que se
mantém na Educação Física atual, como a Psicomotricidade, Desenvolvimentista,
Construtivista, Saúde Renovada, Crítico-superadora, Critíco-emancipatória e
Parâmetros curriculares nacionais.
Junto a essa evolução da área, abriremos espaço para discussões acerca da evolução
dos cursos de formação em Educação Física, assim como todo o processo que levou a
regulamentação da Profissão de Educação Física, no ano de 1998. A partir deste marco,
você verá que, felizmente, a área ficou restrita para a atuação de profissionais
graduados e com registro nos Conselhos Regionais (CREFs) e Federal de Educação
Física (CONFEF).
Por fim, conheceremos as atuações do CONFEF e CREFs, junto aos documentos
norteadores da profissão, como a Carta Brasileira de Educação Física, Código de Ética
do Profissional de Educação Física e Documento de Intervenção do Profissional de
Educação Física. Nestes capítulos você entenderá a importância dos Conselhos e destes
documentos para a solidez e maior reconhecimento da profissão perante a sociedade.
Assim, convido-o a caminhar comigo pela história da Educação Física, para
aprofundarmos os entendimentos a respeito desta bela área que você está escolhendo
como profissão. Bons estudos!
4
006 Aula 01:
017 Aula 02:
024 Aula 03:
035 Aula 04:
046 Aula 05:
054 Aula 06:
060 Aula 07:
068 Aula 08:
077 Aula 09:
086 Aula 10:
094 Aula 11:
102 Aula 12:
109 Aula 13:
116 Aula 14:
122 Aula 15:
130 Aula 16:
Por que Estudar a História? 
A Educação Física como Profissão 
O Surgimento da Educação Física 
A Idade Contemporânea e as Grandes Escolas de 
Ginástica
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Higienista
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Militarista
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Pedagogicista
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Esportitivista
Abordagens Pedagógicas na Educação Física Atual 
A Construção e Evolução dos Cursos de Graduação 
em Educação Física no Brasil
O Processo da Regulamentação da Educação Física 
no Brasil
Conselho Federal de Educação Física 
Conselhos Regionais de Educação Física 
Carta Brasileira de Educação Física 
Código de Ética dos Profissionais de Educação Física 
A Intervenção do Profissional de Educação Física
01
Por que Estudar 
a História?
6
Caro aluno,
Antes de iniciarmos nossas discussões a respeito da disciplina, quero que você pense
por alguns instantes sobre o significado da palavra “história”. Pensou? Agora reflita
sobre a importância de se estudar a história nos diversos contextos da sociedade.
Conseguiu?
Então, vamos lá!
O que a História Representa?
O dicionário Aurélio da língua portuguesa define “história” como:
Narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos,
em particular, e na vida da humanidade em geral; Conjunto de
conhecimentos adquiridos através da tradição e/ou por meio dos
documentos, relativos à evolução, ao passado da humanidade; [...]
Estudo das origens e processos de uma arte, de uma ciência ou de
um ramo do conhecimento [...] (FERREIRA, 2020).
Etimologicamente, história é uma palavra com origem no antigo termo grego ἱστορίαι
(historíai) que significa “investigação”, "pesquisa", "conhecimento através da
investigação". A palavra tem sua origem nas investigações de Heródoto, um geógrafo
e historiador grego (485 a.C..- 425 a.C..) que foi o autor da história da invasão persa à
Grécia nos princípios do século V a.C.., conhecida como “As histórias de Heródoto”.
Por ser o primeiro a conceber um método histórico capaz de reconstituir e explicar a
história do seu tempo, Heródoto é considerado o pai da história (SILVA, 2015).
7
Estátua de Heródoto
Fonte: Pixabay.
Os historiadores organizam a passagem do tempo etapas e para isso estabelecemos
fatos acontecidos antes da invenção da escrita e o que ocorreu depois. O anterior é a
pré-história e o posterior é propriamente a história, da qual se desenvolve em um
sentido cronológico em diferentes períodos: Antiguidade (de 4.000 a.C.. até 476 d.C..,
com a queda do Império Romano), Idade Média (de 476 d.C.. a 1453, com a conquista
de Constantinopla pelos turcos otomanos), Idade Moderna (de 1453 a 1789, quando
ocorre a Revolução Francesa) e Idade Contemporânea (de 1789 até os dias atuais)
(BORGES, 1996).
8
Saque de Roma, 455 d. C.
Fonte: Wikipedia.
Mesquita em Istambul, antiga Constantinopla
Fonte: Freepik.
9
A queda da bastilha na Revolução Francesa
Fonte: Wikipedia.
Assim, história é a reunião e análise de informações e conhecimentos sobre o
passado e o desenvolvimento da própria humanidade, em suas diversas
manifestações. A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do
tempo. Ela investiga o que a humanidade fez, pensou e sentiu enquanto seres sociais.
Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto
ser que constrói seu tempo (MELO, 2006).
E é a contribuição que ela pode trazer para a explicação da realidade
em que vivemos que nos leva a ver como fundamental sua
divulgação fora das universidades e das escolas onde ela está
prisioneira há longos anos. Essa divulgação se torna importante na
medida em que se acredita que a história, ajudando a explicar
realidade, pode ajudar ao mesmo tempo a transformá-la (BORGES,
1996).
Sintetizando este conceito, é por meio do estudo histórico que se obtém um conjunto
de informações sobre processos e fatos ocorridos no passado que contribuem para a
compreensão do presente. Há de se ter a consciência que sofremos e interferimos
diretamente na história, e que seu estudo é vivo e tem impacto em nossas vidas.
10
Então, para compreendermos o momento atual, em todas as áreas do conhecimento,
precisamos estudar e entender as circunstâncias e eventos construídos ao longo do
tempo.
Por que Estudar a História da
Educação Física?
Por que estudar a história da Educação Física? Gostaria que você pensasse por alguns
minutos sobre esta pergunta antes de seguirmos com a disciplina.
Pensou? É possível que esta pergunta já tenha sido diversas vezes pronunciada entre
os estudantes e professores dos diversos cursos superiores ligados à formação em
Educação Física por todo o país. Mas afinal, em que o estudo da história contribuiria
na formação do futuro Profissional de Educação Física?
A graduação deve dar condições, por meio de uma preparação
teórica aprofundada, para que o aluno possa recriar constantemente
sua atuação, a partir da compreensão da realidade que o cerca, dos
valores em jogo, das especificidades da atuação e das possibilidades
de que pode dispor para alcance de seus objetivos. A graduação
estaria preocupada em preparar o aluno para pensar/repensar sua
atuação, entendendo que há a necessidade de uma compreensão
teórica por trás de toda atuação, que nunca é só prática, mais
indissociadamente teórico-prática (MELO, 1997).
O fato de buscarmos uma crítica do presente através do conhecimento histórico não
significa que ela deva se submeter às compreensões apenas ideológicas. A História
tem um caminho para contribuir na compreensão da sociedade que se diferencia e
deve se diferenciar, de outros campos do conhecimento.
Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física que nos vai
dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens de
exercício da profissão e seu renome na sociedade atual.  É o conhecimento histórico
da área que vai nos conscientizar sobre a importância de se ter um conselho
profissional regulador, orientador e fiscalizador para proteção jurídica da atuação e
solidez na Educação Física.
11
Atualmente, a Educação Física visa a formação integral das pessoas, sejam crianças,
jovens, adultos ou idosos, desenvolvendo estilo de vida ativo com práticas de
atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de
vida da população. O Profissional de Educação Física exerce suas atividades por meio
de intervenções, utilizando-se de métodos e técnicas específicas de avaliação, de
prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e intelectivas, com fins
educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da saúde (CONFEF, 2000).
Mas, historicamente sempre foi assim? E o futuro da profissão? Seria possível planejar
o futuro a partir do exercício histórico?
Se o estudo do passado guarda uma relação relativa com o presente, mais relativa
ainda é sua relação com o futuro. O máximo que podemos fazer a partir do estudo
histórico é levantar algumas tendências, apresentar algumas possibilidades, mas de
forma alguma afirmar com exatidão os acontecimentos futuros (MELO, 2006).
Os homens fazem sua própria história, mas não fazem como
querem, não a fazem sob a circunstância de sua escolha e sim sob
aquelas que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo
passado (MARX, 1974).
Esta afirmação de Marx aponta uma reflexão importante para olharmos e
entendermos a Educação Física hoje. A reflexão de que o passado também estabelece
condições que temos de nos reportar no presente, situações construídas no decorrer
do tempo, assim, o estudo da história nos ajuda a entender melhor essas condições
que nos cercam.
12
O filósofo Karl Marx (1818 – 1883)
Fonte: Wikipedia.
História é a reunião e análise de informações e conhecimentos sobre o
passado e o desenvolvimento da própria humanidade, em suas diversas
manifestações. O passado também estabelece condições que temos de nos
reportar no presente, situações construídas no decorrer do tempo, assim, o
estudo da história nos ajuda a entender melhor essas condições que nos
cercam. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação
Física que nos vai dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia,
junto às abordagens de exercício da profissão e seu renome na sociedade
atual.
13
Como a História Trouxe Você
até a Educação Física?
Todos nós temos um passado que de alguma maneira influencia diretamente em
nossas ações presentes. Você já parou para pensar na sua história de vida e como
você chegou ao curso de Educação Física?
Eu, professor Pedro Henrique Rodrigues, hoje profissional de Educação Física,
contarei, brevemente, como a história me trouxe até a Educação Física.
Sempre gostei da prática de modalidades esportivas diversas, sendo sempre muito
participativo nas aulas de Educação Física na escola. Sempre “respirei” Educação
Física, mas eu nunca havia sido apresentado ao curso e dessa forma, não pensava em
cursá-lo. Eu não conhecia o que era a profissão e muito menos quais eram as
possibilidades de atuação.
Assim, prestei vestibular para um outro curso da área da saúde. Na mesma época,
antes das aulas iniciarem, me inscrevi para um programa de bolsas estudantis no
curso de Educação Física. Pois bem, a história se encarregou de me direcionar para
esta tão bela área. Conseguindo a bolsa, minha ideia era tentar a transferência para
outro curso. Mesmo assim, iniciei a graduação em Educação Física e já na primeira
semana me apaixonei pelo curso e pela área, e hoje não me imagino fora dela.
Atualmente tenho o privilégio de trabalhar com aquilo que sempre amei durante a
infância e juventude, e espero que você também se apaixone por esta área logo nas
primeiras aulas do curso, assim como eu me apaixonei.
Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um
único dia em sua vida. (CONFÚCIO)
14
Estátua do pensador chinês Confúcio (551 a.C.. - 479 a.C..)
Fonte: Freepik.
Mas e você? Como você conheceu a área da Educação Física e o que te trouxe ao
curso? Quais seus objetivos e expectativas durante a graduação e após graduado em
Educação Física?
Compartilhe sua história e anseios dentro da área, com outros alunos na atividade em
fórum na plataforma.
Eu mencionei, nesta aula, que nunca havia sido apresentado à profissão e ao curso de
Educação Físicaaté iniciar a graduação. Dessa forma, esse será o nosso assunto para
a próxima aula: “A Educação Física como profissão”. Aguardo você!
15
Acesse o link: Disponível aqui
Conforme vimos nesta aula, conhecer história ajuda a entender o momento
atual. A Educação Física já passou por diversos momentos até ganhar o
reconhecimento e importância que tem hoje dentro da sociedade. Em uma
reportagem para o “Portal da Educação Física”, Fabiano Braun, profissional
de Educação Física e Mestre em Ciências do Movimento Humano, destaca a
importância do profissional para a sociedade.
“Não há dúvidas que os profissionais de educação física são extremamente
importantes à nossa sociedade. Ainda mais, nos dias atuais, em que
sedentarismo, consumo de alimentos de baixa qualidade e sobrepeso
imperam. Mas será que a única função desses profissionais é cuidar da
saúde das pessoas?”
Vale a pena ler esta reportagem na íntegra. Acesse lá!
16
https://www.educacaofisica.com.br/noticias/a-importancia-da-educacao-fisica-para-a-sociedade/
02
A Educação Física 
como Profissão
17
Você Conhece a Educação
Física?
Caro aluno,
Você agora entende que a importância de estudar a história da Educação Física tem
como objetivo refletir o momento atual da profissão, observando os processos e
acontecimentos ao longo do tempo.
Desta forma, começaremos olhando para o momento atual e mercado de atuação do
Profissional de Educação Física, para então voltarmos na história e entender os fatos
importantes que possibilitaram a abertura para tantas possibilidades que temos hoje.
Através do Profissional de Educação Física, esta área visa a formação integral das
pessoas, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, desenvolvendo estilo de vida ativo
com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor
qualidade de vida da população. O Profissional de Educação Física exerce suas
atividades por meio de intervenções, utilizando-se de métodos e técnicas específicas
de avaliação, de prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e
intelectivas, com fins educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da
saúde (CONFEF, 2000; LOZADA, 2017).
Desta forma, o profissional atuará em diversas áreas da sociedade, distinguidos entre
os cursos de Bacharelado ou Licenciatura na universidade. Então, para
entendermos as possibilidades de atuação, precisamos entender primeiro como
funciona a formação do profissional de Educação Física nos dias de hoje.
Os cursos de formação devem abordar o conjunto de conceitos, teorias e
procedimentos empregados para elucidar problemas teóricos e práticos, relacionados
à esfera profissional e ao empreendimento científico, na área específica das
atividades físicas, desportivas e similares. Mas quais são as diferenças entre duas
opções de formação?
18
https://portal.unimar.br/site/cursos/graduacao/educacao-fisica-bacharelado
https://ead.unimar.br/cursos/educacao-fisica/
https://www.unimar.br/site/
A Educação Física tem objetivo de formação integral das pessoas,
estimulando um estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais,
promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da
população, e, através do Profissional de Educação Física exerce intervenções
por meio de avaliação, prescrição e orientação das atividades físicas, com
fins educacionais, recreacionais e de promoção da saúde.
Quais Diferenças Entre
Bacharelado e Licenciatura?
A Licenciatura e o Bacharelado são dois tipos de graduação. Na Educação Física,
ambos trabalham com objetivo de ensino de promover saúde e educação em saúde
através das práticas corporais, porém, com atuações em locais diferentes.
O licenciado em Educação Física tem a atuação exclusiva em escolas de educação
básica, interagindo com as outras disciplinas na composição do currículo escolar,
trabalhando com crianças e adolescentes com o objetivo de desenvolver habilidades
motoras, atitudes, valores e conhecimentos, procurando levá-los a uma participação
ativa e voluntária em atividades físicas e esportivas ao longo de suas vidas.
Embora tenha práticas esportivas e jogos em seu conteúdo, o objetivo é educacional e
não reproduzir o esporte de competição e rendimento, atendendo a princípios
socioeducativos (CONFEF, 2000).
Além das disciplinas voltadas às áreas biológicas, atividades esportivas e recreativas, o
estudante de licenciatura em Educação Física tem inclusas, em sua matriz curricular,
disciplinas que abrangem o campo da educação, como por exemplo: história da
19
https://ead.unimar.br/cursos/educacao-fisica/
https://portal.unimar.br/site/cursos/graduacao/educacao-fisica-bacharelado
educação no Brasil, psicologia da educação, didática geral, didática da Educação Física,
métodos de ensino e processos de avaliação, entre outras (LOZADA, 2017).
Já o bacharel em Educação Física tem sua atuação em clubes esportivos e de lazer,
centros de reabilitação, postos de saúde, em academias como instrutor de
musculação, personal trainer, professor de modalidades aquáticas e de ginástica
geral, praças, parques e condomínios com assessoria de corrida e treinamento
funcional, entre outros (CONFEF, 2000).
O bacharel tem o propósito de prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da
saúde, contribuindo para o desempenho e condicionamento físico das pessoas,
visando o bem-estar, a qualidade de vida, a prevenção de doenças, problemas
posturais e distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para a autonomia, da
autoestima (CONFEF, 2002).
Além das disciplinas voltadas às áreas biológicas, o estudante de Bacharelado em
Educação Física tem inclusas em sua matriz curricular disciplinas como: fisiologia do
exercício, avaliação e prescrição do exercício físico, biomecânica, treinamento
resistido (musculação), teoria do treinamento físico desportivo, entre outras.
20
Olhando Para a Atuação da
Educação Física
A profissão é constituída pelo conjunto dos graduados e habilitados pelo Conselho
Federal e pelos Regionais de Educação Física (CONFEF/CREFs), para atender às
demandas sociais referentes às atividades físicas nas suas diferentes manifestações,
constituindo-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos
seres humanos (CONFEF, 2000).
O Profissional de Educação Física utiliza diagnóstico, define
procedimentos, ministra, orienta, desenvolve, identifica, planeja,
coordena, supervisiona, leciona, assessora, organiza, dirige e avalia
as atividades físicas, desportivas e similares, sendo especialista no
conhecimento da atividade física/motricidade humana nas suas
diversas manifestações e objetivos, de modo a atender às diferentes
expressões do movimento humano presentes na sociedade,
considerando o contexto social e histórico-cultural, as características
regionais e os distintos interesses e necessidades, com competências
e capacidades de identificar, planejar, programar, coordenar,
supervisionar, assessorar, organizar, lecionar, desenvolver, dirigir,
dinamizar, executar e avaliar serviços, programas, planos e projetos,
bem como, realizar auditorias, consultorias, treinamentos
especializados, participar de equipes multidisciplinares e
interdisciplinares, informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos
nas áreas das atividades físicas, do desporto e afins (CONFEF, 2002).
O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas
diversas manifestações, dentre elas, as ginásticas, os exercícios físicos, desportos,
jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e
acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento
corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras
práticas corporais (CONFEF, 2002).
21
Fonte: Freepik.
O propósito do profissional de Educação Física é prestar serviços que favoreçam o
desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e
restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento físico-
corporal dos praticantes (CONFEF, 2000).Esta importante área visa acima de tudo o bem-estar, a qualidade de vida, a prática
correta do movimento, a prevenção de doenças, da autoestima, da cooperação, da
solidariedade, da integração, da cidadania e das relações sociais. Assim, a profissão
tem importante papel na sociedade, levando os preceitos de responsabilidade,
segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo (CONFEF,
2015).
Agora que você já tem uma visão geral sobre as possibilidades de atuação e
importância da Educação Física na sociedade atual, na próxima aula começaremos a
falar da história do homem e do movimento corporal, e consequentemente, dos
primórdios da Educação Física. Aguardo você!
22
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula, vimos que a atuação da Educação Física tem grande importância
na sociedade. Mas será que está importância reflete boa perspectiva de
mercado de trabalho no futuro? Uma reportagem do site Você S/A intitulado
“Estes são os profissionais que serão muito cobiçados nos próximos anos”,
aponta boas perspectivas para a Educação Física.
“Com sessentões, setentões e oitentões trocando remédios e hospitais por
diversão e bem-estar, além dos empreendedores, ganham relevância
diversos profissionais. Vanessa Cepellos, professora de gestão de pessoas
da Fundação Getulio Vargas, diz que serão altamente valorizados psicólogos,
geriatras, gerontólogos, personal trainers para a terceira idade,
fisioterapeutas, agentes de turismo e até especialistas em aconselhamento
para aposentadoria. Haverá demanda na área da saúde e em setores como
alimentação, estética, finanças, moradia, entretenimento e tecnologia.”
Confira esta reportagem na íntegra. Acesse lá!
23
https://vocesa.abril.com.br/geral/estes-sao-os-profissionais-que-serao-muito-cobicados-nos-proximos-anos/
03
O Surgimento da 
Educação Física
24
Caro aluno,
Nas aulas anteriores abordamos a importância de se estudar a história e o mercado
da Educação Física atualmente. Pois bem, a partir de agora voltaremos no tempo para
tentar entender como o movimento corporal esteve junto ao homem desde os
primórdios, e não se desvincula da história e evolução do próprio homem –
lembrando que, dependendo da época ou civilização, veremos que o movimento
corporal tinha determinada finalidade e importância específica.
A Evolução da Educação Física
ao Longo dos Tempos
Por serem os principais objetos de estudo da área, adotaremos aqui como sinônimos
os termos “Educação Física”, “movimento corporal”, “exercício físico” e “ginástica” para
então apresentarmos uma linha do tempo envolvendo a importância da área na
história do homem.
Desde a pré-história, a Educação Física vem sendo influenciada pela sociedade. Nessa
época as atividades físicas, que são todos movimentos corporais do cotidiano não
sistematizados, tinham finalidade de defender-se e atacar através dos movimentos
naturais na luta pela sobrevivência. Mas como se tem informações deste período da
história do homem?
Para desenvolver estudos sobre esta época, os pesquisadores se baseiam
principalmente nos tipos de objetos utilizados, como pedras trabalhadas e
rudimentares, fósseis de animais e de humanos, pinturas rupestres nas paredes de
cavernas e, um pouco mais tarde, objetos e monumentos de bronze e ferro, câmaras
mortuárias, estradas, dentre outros.
25
Representação da Estátua “Discóbolo de Mirón”, símbolo da Educação Física
Fonte: Wikimedia.
O homem primitivo deslocava-se de um lugar para outro a procura
de alimentos, andando, subindo em árvores, escalando penhascos,
nadando, saltando e lançando as suas diferentes armas de
arremesso. Assim o homem executa os seus movimentos corporais
mais básicos e naturais desde que se colocou de pé. Pela repetição
contínua desses exercícios, na luta pela sobrevivência, aperfeiçoava
as funções, educando-as gradativa e inconscientemente (BAGNARA,
LARA e CALONEGO, 2010).
Todo este contexto apontado até agora retratam movimentos naturais e cotidianos
do ser humano. A Educação Física propriamente dita, ou mais próxima do modelo que
temos hoje, tardou a aparecer na história.
Mas, você perceberá durante esta aula que todos os tipos de exercícios e atividades
físicas são provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência; ritos
e cultos; preparação para a guerra; jogos e práticas atléticas.
26
O Papel da Educação Física em
Diversas Sociedades
Em cada sociedade, veremos que a Educação Física apresentava focos diferentes
objetivos e utilização. Na China, por exemplo, a Educação Física era praticada para
preparação para guerra, além da finalidade terapêutica e higiênica, ou seja, voltada à
saúde (BAGNARA, LARA e CALONEGO, 2010).
Já na Índia, a prática de exercício físico era vista como uma doutrina de foco fisiológico
e com necessidades militares indispensáveis. Foi lá que o Yoga e exercícios ginásticos
com técnicas de respiração e foco medicinal, tiveram origem. Segundo conta a
história, no budismo, os exercícios físicos representam o caminho da energia física,
pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema
felicidade (RAMOS, 1983).
No Japão, a Educação Física possuía fundamentos médicos, higiênicos, filosóficos,
morais, religiosos e voltados para a guerra. Nesta sociedade, os samurais são
exemplos de guerreiros feudais originados da prática de exercícios físicos. Já no Egito,
os exercícios que englobam as ginásticas, formaram um modelo de prática voltada ao
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equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. A existência da ginástica egípcia foi
descrita por pesquisadores através das descobertas de pinturas nas paredes de
tumbas (RAMOS, 1983).
Entre todas as civilizações antigas, é na Grécia que encontramos as maiores
contribuições para a Educação Física. Foi lá que surgiram os grandes pensadores que
contribuíram com vários conceitos filosóficos, que ainda nos dias de hoje são aceitos
pela Educação Física e pela pedagogia. Grandes artistas, pensadores e filósofos como
Mirón, Sócrates, Hipócrates, Platão e Aristóteles criaram conceitos como o de
equilíbrio entre corpo e espírito ou mente, citados por Platão. Também nasceram na
Grécia os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo, e a própria olimpíadas.
Na música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde
ao corpo (SÓCRATES).
O nome Academia, que se usa comumente hoje para designar os centros de prática
de exercícios físicos, originou-se do filósofo Platão (427-347 a.C.), que fundou sua
escola de filosofia e a intitulou com nome de um lendário herói grego, Academos.
Nesta época, era o local de ensino e aprimoramento de filosofia, matemática e
ginástica (GAARDER, 1995).
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A Academia de Platão em Atenas, mosaico em Pompéia, século I
Fonte: Wikipedia.
Após a tomada militar da Grécia (146 a.C.), Roma absorveu a cultura desta civilização,
porém a Educação Física se caracterizou por uma visão voltada para a preparação dos
soldados e da população para a guerra. Foi no período romano que surgiu a famosa
frase “Mens sana in Corpore Sano” (Mente sã em corpo são). Esta é uma citação em
Latim, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal (século I e II d.C.). (GODOY, 1996).
O cristianismo marcou a Idade Média (476-1453 d.C.) com sua doutrina. Mesmo assim,
estudantes continuavam a seguir a filosofia de Aristóteles (385-323 a.C.),
enriquecendo o campo dos conhecimentos por influência de Tomás de Aquino (1225-
1274 d.C.), frade católico opositor a muitas correntes da igreja da época. Nesta época
floresceu a arte gótica e surgiram as primeiras universidades. Este período ficou
conhecido também como “a Idade das Trevas”, em que o culto ao corpo foi
considerado pecado e com isso, houve uma grande decadência na prática de
exercícios físicos (RAMOS, 1983).
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Tomás de Aquino
Fonte: Wikipedia.
No período da Renascença, entre meados do século XIV e o final do século XVI, a
Educação Física deu um salto em busca do seu próprio conhecimento. Neste período,
a cultura física ficou mais em evidência, trazendo a admiração e dedicação pelabeleza
do corpo, retratado inclusive por grandes artistas como Leonardo da Vinci (1432-1519
d.C.) e Michelângio Buonarroti (1475-1564 d.C.). O estudo da anatomia, a escultura de
estátuas e a criação de regras proporcionais do corpo humano, foram de grande
contribuição para a Educação Física e a Medicina (RAMOS, 1983; PEREIRA e MOULIN,
2006).
A introdução da Educação Física na escola, tendo a mesma importância das outras
disciplinas tidas como intelectuais, se deve nesse período a Vittorino da Feltre (1378-
1466 d.C.), religioso pedagogicista que em 1423 d.C. fundou a escola “Casa Giocosa”
(casa da alegria) na Itália, que utilizava métodos completamente opostos aos que
caracterizaram a educação monástica nos mosteiros da Idade Média. O conteúdo
programático incluía exercícios físicos e as atividades lúdicas como, lutas, corridas,
saltos, esgrima, jogos com bolas, entre outros. Para ele, o caminho da educação era
impossível sem a Educação Física (PEREIRA e MOULIN, 2006).
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Estátua de Leonardo da Vinci em Milão, Itália
Fonte: Freepik.
Vittorino da Feltre
Fonte: Wikimedia.
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Jean-Jacque Rousseau / Johann Heinrich Pestalozzi
Fonte: Wikipedia.
O Iluminismo (1715-1789 d.C.) na Inglaterra era contra o abuso do poder no campo
social, trazendo assim novas ideais para a sociedade. Dois grandes nomes têm
destaque para a Educação Física neste período: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778
d.C.) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827 d.C.). Rousseau propôs a Educação Física
como necessária à educação física infantil, introduzida nas escolas. Ao mesmo tempo,
Pestalozzi foi o precursor da escola primária, sendo o primeiro educador a chamar a
atenção para dois elementos fundamentais na prática dos exercícios físicos: a posição
e a execução correta, sem os quais os praticantes não conseguiriam os objetivos
visados (PEREIRA e MOULIN, 2006).
A Idade Contemporânea (1789 d.C. até os dias atuais) foi marcada pelo surgimento da
ginástica localizada, tendo como referências quatro grandes escolas: a alemã, a
nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa. Mas esse será tema para nossa próxima
aula. Aguardo você para darmos continuidade nesta viagem através da história da
Educação Física. Forte abraço!
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A história da Educação Física sempre esteve atrelada à história do próprio
homem, em que os movimentos corporais foram utilizados com finalidades
específicas dependendo da civilização ou sociedade. De modo geral,
percebe-se que todos os tipos de exercícios e atividades físicas são
provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência; ritos
e cultos; preparação para a guerra; jogos e práticas atléticas.
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Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula você percebeu que a Educação Física sempre esteve ligada à
história do homem e evoluiu junto dele nas diversas civilizações, deixando
mais forte ainda o entendimento da importância desta área para a
sociedade. Neste sentido, o site “Centro de Referências em Educação
Integral” publicou reportagem intitulada “Escolas ativas defendem a
importância do corpo para a aprendizagem”, que traz conteúdo sobre a
importância da Educação Física na escola, no sentido que continha na “Casa
Giocosa” (casa da alegria), fundada em 1423 d.C pelo religioso pedagogicista
Vittorino da Feltre, na Itália.
Na reportagem, Fabio D’Angelo, coordenador do projeto sobre escolas
ativas, comenta: “Tudo parte da pergunta: qual o lugar do corpo na escola?
Ser criança é ser corpo em movimento, e essa linguagem corporal possibilita
sua comunicação com o mundo”.
Juliana Soares, do Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento,
constatou nos resultados do Projeto “Escolas e Comunidades Ativas”,
desenvolvido desde 2014, que não só os professores gostaram da interação
entre conteúdo e movimento, mas principalmente as crianças, e comenta:
“Isto porque alguns dos elementos-chave de uma escola ativa são a diversão,
a conexão com o conteúdo, a interação com a Educação Física e que a escola
dê tempo para o brincar”.
Confira a reportagem completa!
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https://educacaointegral.org.br/reportagens/escolas-ativas-defendem-a-importancia-do-corpo-para-a-aprendizagem/
04
A Idade Contemporânea 
e as Grandes Escolas de 
Ginástica
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Caro aluno,
Dando continuidade aos nossos estudos sobre a história da Educação Física,
entraremos agora na Idade Contemporânea (1789 d.C. até os dias atuais), que foi
marcada pelo surgimento da ginástica localizada, tendo quatro grandes escolas como
responsáveis: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa.
A Evolução da Educação Física
Através das Grandes Escolas
de Ginástica
A Alemanha, com o pedagogo e educador Johann Bernard Basedow (1723-1790), a
partir dos princípios orientadores de Rousseau, impulsionou a ginástica e criou em
1775 no seu “Philanthropicum” (escola filantropina), na cidade de Dessau, o pentatlo,
constituído por provas de corrida, saltos, transporte, de equilíbrio e de escalar. Este
pedagogo defendia que o exercício físico deveria fazer parte dos programas das
escolas primárias (TESCHE, 2001).
Em 1784, Christian Gotthlif Saltzmann (1744-1811), pedagogo e educador, abre outro
"Philanthropicum" em Schneppenthal, em que conservou o ideário de formar homens
sadios, cultos, bons e felizes. Esse estabelecimento merece destaque, pois foi nele que
em 1785, Johann Christoph Friedrich Guts-Muths (1759-1839), professor e educador
considerado o "pai" da ginástica pedagógica, concretizou sua primeira
sistematização, dando inicio a um novo conceito de ginástica. As ideias filantrópicas e
os conteúdos pedagógicos de Guts-Muths tiveram eco nos países da Europa,
especialmente na Suécia, Dinamarca e França (TESCHE, 2001).
As crianças hão de brincar não apenas para descansar dos trabalhos
escolares: os exercícios devem fazer parte de sua educação geral e se
acham e m ligação intelectual, moral e estética dos educandos.
Chegou a hora em que o corpo, até agora descuidado, deve exercitar-
se ao ar livre, com vento e chuva, para fortificar-se contra a
influência do tempo, robustecer seus pulmões por meio de exercícios
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Alunos suecos durante aula de ginástica localizada
Fonte: Fonte aqui Disponível aqui
como andar, correr, atirar, alentando em seu espírito os germes do
valor, da perseverança e da reflexão (SILVA, 1998).
No princípio do século XIX, surge um novo conceito de ginástica na Alemanha com
Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852). Além de criar aparelhos e novas formas gímnicas,
fundou, em 1811, o primeiro ginásio ao ar livre de Hasenheide, Berlim. Daí nasceu o
termo "Turnkunst" (arte da ginástica alemã) pelo qual ele substitui a palavra
"Gymnastik" (palavra grega de caráter universal para ginástica). A ginástica de Jahn,
com um conteúdo mais patriótico, cujo lema era “vive quem é forte”, rapidamente
superou as ideias pedagógicas de Guts-Muths, tendo por objetivo formar homens
fortes para defender a pátria. Jahn também inventou a barra fixa, as barras
paralelas e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica (PEREIRA; MOULIN, 2006).
O sistema de ginástica de Jahn não era destinado especificamente para a escola. Sua
preocupação era com uma Educação Física comunitária e popular que pudesse
envolver todo o povo alemão. No turnkunst de Jahn, os exercícios físicos eram
elaborados a partir de situações de guerra: a marcha, o desempenho no cavalo, a
“luta braço a braço”, exercícios de esquiva, de equilíbrio e a desenvoltura na
superação dos obstáculos. Todas as atividades colocavam o praticante em condições
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https://sites.google.com/site/historiaeducacaofisica/conteudos/conceito-contemporaneo-do-esporte
Friedrich Ludwig Jahn, o pai da ginástica / Ginástica Olímpica
Fonte: Wikipedia.
que lhe exigiam coragem, vigor e habilidades guerreiras. Além dos exercícios físicos,
os alunos escutavam nos intervalos palestras do professor sobre temas que
enaltecesse a pátria e que desafiasse a juventude para a guerra (SILVA, 1998).
Já na escola nórdica, tendo a Suécia como referência, houve a grande influência da
ginástica filantropina alemã. É necessárioobservar que a sistematização pedagógica
da ginástica sueca foi apenas um protótipo do movimento ginástico escandinavo que
abrangia os países da Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia e Estônia-Letônia. A
Suécia é destacada dentre os país es nórdicos,  porque esse país foi palco de  uma
 das maiores  sistematizações   pedagógicas da educação física escolar no século XIX
(PEREIRA; MOULIN, 2006).
É possível inclusive afirmar que o ideário filantropino se desenvolveu mais na
Escandinávia do que na Alemanha, e tudo isso devido ao trabalho de Fue Franz
Nachategall (1777-1847), que fundou em 1799 um Instituto de Ginástica em
Copenhague nos moldes filantropinos, o grande destaque foi o sueco Pehr Henrik
Ling (1776-1839), que teve de lutar com energia e tenacidade ao procurar estabelecer
ramos científicos aos exercícios físicos, levando para a Suécia as ideias do alemão
Guts Muths (PEREIRA; MOULIN, 2006).
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A prática de exercícios em grupo: herança sueca
Fonte: Wikipedia.
Pehr Henrik Ling então dividiu sua ginástica em quatro partes, sendo:
Pedagógica, voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças;
Militar, incluindo o tiro e a esgrima;
Médica, que era baseada na pedagógica, evitando também as doenças;
Estética, preocupada com a aparência do corpo.
Os exercícios eram estabelecidos com um critério localizado,
analítico, enfocados sobre uma articulação e o acionamento do
grupo muscular que a mobilizava. As demais partes do corpo
mantinham-se na posição inicial, fixando-a e evitando todo
movimento, afim de assegurar assim a máxima localização (DALLO,
2007).
Assim, a ginástica nórdica foi o grande trampolim para tudo o que se conhece como
ginástica atualmente (PEREIRA; MOULIN, 2006).
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Antigo ginásio onde se treinava a escalada
Fonte: Wikipedia.
Já na escola francesa, temos como referência principal Francisco Amorós y Ondeano
(1770-1848), professor e militar espanhol, naturalizado francês. Ele dividiu a ginástica
em civil, industrial, militar, médica e cênica.
Há de se destacar outros nomes importantes dentro da escola de ginástica francesa.
O Dr. Fernand Lagrange (1845-1909) aplicou-se em estudar e divulgar os   efeitos
 fisiológicos  e higiênicos  dos exercícios físicos. Já o Dr. Philippe Auguste Tissié (1852-
1935) dedicou-se a defender e implantar as ideias de Ling (ginástica nórdica) na
França com objetivos higiênicos (SILVA, 1998).
Outro nome importante foi o Dr. Georges Demeny (1850-1917), responsável por uma
consistente elaboração pedagógica para a Educação Física escolar da segunda metade
do século XIX, aprofundando a área prática dos exercícios ginásticos, contribuindo
para a sistematização de uma Educação Física científica para a escola pública na
França (SILVA, 1998).
O método conhecido como ginástica natural teve um francês como seu
desenvolvedor em 1906. O tenente de navio Georges Hébert (1875-1957) defendia
que a Educação Física deveria preconizar os movimentos naturais do ser humano,
como: correr, escalar, nadar, saltar, empurrar e puxar (PEREIRA; MOULIN, 2006).
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Por sua vez, a escola Inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como
precursor Thomas Arnold (1795-1842), considerado pai da pedagogia do esporte. Ele
reconhecia na sua concepção de esportes, três características principais: um jogo,
uma competição e uma formação. As duas primeiras já caracterizavam o esporte na
antiguidade, mas para a questão da formação, o criador do esporte moderno dava
um sentido diferente da visão do filosofo Platão (427-347 a.C..),  que entendia o corpo
e a alma unificados. Arnold, porém, acreditava que o corpo era um meio para a
moralidade, definindo o esporte como um auxiliar do corpo (TUBINO, 1999).
Thomas Arnold, quando esteve a frente do Colégio Rugby, na
Inglaterra, no período entre 1828 e 1842, incorporou as atividades
físicas praticadas pela burguesia e pela aristocracia inglesas ao
processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos e
criassem regras e códigos próprios, numa atmosfera de fairplay,
termo que significa a atitude cavalheiresca na disputa esportiva,
respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros
(TUBINO, 1999).
Com a propagação das ideias destas quatro grandes escolas pelo mundo, a Educação
Física passou a ser mais estudada, organizada e reconhecida, conquistando seu
espaço e ganhando cunho científico, tornando-se indispensável na vida das pessoas
de todas as idades e com os mais variados objetivos.
A Importância da Calistenia
para a Educação Física
Moderna
Observando a história da Educação física, podemos dizer que a calistenia foi o
verdadeiro marco do desenvolvimento da Educação Física moderna com
fundamentos específicos e abordagens destinadas a diversos públicos tais como
obesos, crianças, sedentários, idosos e mulheres.
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A palavra “calistenia” tem origem nas palavras gregas kallos, que significa “beleza” e
stehnos, que significa “força”, e começou a ser difundida em 1822 tanto na França
como na Inglaterra pelo suíço Phoktion Heinrich Clias (1782-1854), tendo sua origem
nos princípios da ginástica Nórdica e apresentada com uma divisão de oito grupos de
exercícios localizados (CLERK, CRENN e LISTELLO, 1964).
Em 1827, Marian Mason, que era discípula de Clias, publicou o livro “On the utility of
exercise” na Inglaterra, que descrevia as vantagens do exercício calistênico (CLERK,
CRENN e LISTELLO, 1964). Em 1829, Clias publicava o livro “Kallisthenie - Exercises for
Beauty and Strength”, a partir do qual a calistenia foi denominada como exercício físico
de forma ritmada, usando apenas o do peso corpo e sem nenhum tipo de
equipamento ou apoio (ALIJAS e TORRE, 2015).
Nos EUA, a difusora da calistenia foi a americana Catherine Beecher (1800-1878), com
a publicação do livro “Physiology and Calisthenics for schools and families”. A partir
disso, a calistenia ganhou força nos EUA com o movimento “Saúde, Educação Física e
Recreação”, que utilizou a prática de atividade física para promover a saúde na
população da época. Basicamente, o movimento estimulava a prática da calistenia
para toda a população, independente de sexo e/ou nível de condicionamento. Além
do treinamento físico proposto pelos exercícios calistênicos, o movimento também
tinha um foco de sociabilização, uma vez que todos participavam juntos (MACHADO,
2017).
Porém, foi através do Dr. Dio Lewis (1823-1886) e da Associação Cristã de Moços
(ACM) que a Calistenia se propagou pelo EUA, pois passou a ser encarada como um
sistema de treinamento, praticada em clubes e associações, sendo introduzida nas
escolas americanas em 1860. As aulas de Calistenia eram elaboradas levando em
consideração seis princípios (AMARAL, 1965), sendo:
Princípio da seleção: utiliza os exercícios que mais se adaptam aos objetivos
propostos;
Princípio da precisão: os movimentos devem ser executados com a mecânica
correta para evitar possíveis lesões;
Princípio da totalidade: os movimentos devem envolver grandes músculos nas
sessões de treinamento;
Princípio da progressão: aumento do número de exercícios e da intensidade em
função dos objetivos;
Princípio da unidade: os exercícios deveriam ser selecionados a partir de uma
estratégia, para evitar sobrecarga e
Princípio da adaptação: os estímulos devem ser fortes para promoverem
adaptação de forma individual nas sessões de calistenia.
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Agachamento com peso corporal
Fonte: Wikipedia.
Os exercícios foram divididos em oito grupos, organizados a partir da seleção de
objetivos e considerando a prescrição das sessões de treino (ALIJAS e TORRE, 2015).
Os grupos eram divididos em:
Braços e pernas;
Região posterior-superior do tronco;
Região posterior-inferior do tronco;
Região lateral do tronco;
Equilíbrio;
Região abdominal;
Gerais do ombro e
Saltos e corridas.
A partir da influência das grandes escolas de ginástica e da prática da Calistenia, a
Educação Física ganhou forte importância na sociedade e se propagou pelo mundo,
sendo introduzida também no Brasil. E este será o foco da nossa próxima aula.
Aguardo você!
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Asquatro grandes escolas de ginástica (alemã, nórdica, francesa e inglesa)
tiveram papel crucial para a evolução da Educação Física, trazendo a prática
dos exercícios físicos com direcionamentos para diversos objetivos, como:
militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das escolas, médica
voltada à higiene e à saúde, preparação físico dos trabalhadores e também
estética. Mas foi o surgimento da calistenia que abriu caminho para grande
avanço da Educação Física moderna, com parâmetros base para o que
temos atualmente.
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Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula observamos a importância e evolução da ginástica para a
Educação Física. Neste sentido, uma reportagem do site globoesporte.com
intitulada “Projeto de ginástica geral em Petrolina desenvolve e difunde a
modalidade”, traz a importância de um projeto que introduziu no ambiente
escolar a prática da ginástica.
“Com a proposta de promover o lazer saudável, e com isso o bem-estar
físico, psíquico e social, a Ginástica para Todos (GPT) preza pelo respeito ao
indivíduo, já que ela não impede que qualquer pessoa, independente da
idade, sexo ou capacidade física, pratique o esporte. A modalidade é
reconhecida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) e utiliza dos
princípios de ginásticas como rítmica, artística, acrobática, além de dança e
folclore.”
Gostou do assunto? Então confira a reportagem completa!
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http://globoesporte.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2015/11/projeto-de-ginastica-geral-em-petrolina-desenvolve-e-difunde-modalidade.html
05
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Higienista
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Caro aluno,
Nós já observamos a história da Educação Física em várias sociedades e
aprofundamos as informações em algumas escolas de ginástica que tiveram papel
importante para a evolução desta área. A partir desta aula, olharemos para a
introdução e evolução da Educação Física no Brasil, dando destaque aos diversos
períodos e tendências ideológicas ao longo dos tempos.
Você verá que basicamente falaremos da Educação Física escolar, já que as
graduações voltadas ao bacharelado são mais recentes. Para compreendermos o
papel da Educação Física no Brasil, é necessário resgatarmos a história da disciplina e
seus respectivos períodos.
A história da Educação Física no país dependeu inteiramente das transformações na
história do Brasil. Assim, vamos contextualizar sempre o período histórico em que o
país se encontrava para que você consiga entender o processo da evolução desta
área.
Começamos então pelo Brasil colônia, que data a partir do ano de 1500, em que há
relatos relacionados à Educação Física, descritos por Pero Vaz de Caminha, que em
uma de suas cartas, relatou indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando
ao som de uma gaita tocada por um português. Certamente esta foi a primeira “aula
de ginástica e recreação” relatada no Brasil (RAMOS, 1983).
De modo geral, sabe-se que as atividades físicas realizadas pelos indígenas no
período do Brasil colônia estavam relacionadas a aspectos da cultura primitiva, como
já foi descrito na aula 3, tendo características elementares de cunho natural
(brincadeiras, nado, escalada e locomoção), utilitário (aprimoramento das atividades
agrícolas, de caça, pesca, outros), guerreiras (proteção de suas terras), recreativo e
religioso (como as danças, agradecimentos aos deuses, festas, encenações, etc.)
(GUTIERREZ, 1972).
Posteriormente, ainda no período colonial (1500-1822), surge a capoeira por
influência dos escravizados africanos, sobretudo no Rio de Janeiro e na Bahia, sendo
uma atividade criativa e rítmica (RAMOS, 1983). Desta forma, podemos destacar que
no Brasil colônia, as atividades físicas realizadas pelos povos indígenas e escravizados
africanos, representaram os primeiros elementos da Educação Física no Brasil.
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Aquarela “A luta dos negros”, de Augustus Earle, 1842
Fonte: Wikimedia.
Apesar destes primeiros elementos, o desenvolvimento cultural da Educação Física no
Brasil ocorreu no período do Brasil império (1822-1889), em que surgiram os
primeiros tratados sobre a área.
O método alemão de ginástica foi o primeiro a se instalar no Brasil, praticado desde o
início do século XIX tanto pelos imigrantes quanto pelos militares. No sul do país, a
ginástica patriótica do alemão Jahn funcionou para os imigrantes e seus
descendentes como uma forma de preservação da identidade cultural.
A influência da ginástica sueca foi posterior à da ginástica alemã, localizando-se
inicialmente no meio civil do Rio de Janeiro. Sua transferência não ocorreu através de
imigrantes ou militares, mas resultou do processo político-civilizador de formar uma
sociedade nacional “independente”, racional e higiênica.
Em 1823, Joaquim Antônio Serpa (1825-1900) elaborou o “Tratado de Educação Física
e Moral dos Meninos”, entendendo que a educação moral auxiliava na Educação Física
e vice-versa, apontando que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do
espírito, considerando que os exercícios físicos deveriam ser divididos em duas
categorias, sendo aqueles que exercitavam o corpo, e aqueles que exercitavam a
memória (GUTIERREZ, 1972).
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O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica,
ocorreu oficialmente com a reforma do ensino de 1851, feita por Luís Pedreira do
Couto Ferraz (1818-1886). Porém, foi somente em 1882 que Rui Barbosa de Oliveira
(1849-1923), ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, Secundário e
Superior”, denota importância à Ginástica na formação do brasileiro. Nesse parecer,
Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em países mais adiantados
politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável para formação
integral da juventude (RAMOS, 1983).
O projeto de Rui Barbosa buscava instituir uma sessão essencial de Ginástica em
todas as escolas de ensino normal e estender a prática obrigatória para ambos os
gêneros, uma vez que as meninas não tinham obrigatoriedade em fazê-la. Rui
Barbosa propõe também inserir a Ginástica nos programas escolares como matéria
de estudo, além de buscar a equiparação em categoria e autoridade dos professores
de Ginástica em relação aos professores de outras disciplinas. No entanto, a
implementação da Ginástica nas escolas ocorreu inicialmente apenas em parte do Rio
de Janeiro e nas escolas militares (DARIDO e RANGEL, 2005).
Em 1890, inicia-se a primeira fase do Brasil república (1890-1930). Podemos destacar
que a ginástica francesa foi a última a ser introduzida no país e a que efetivamente
tornou-se obrigatória no território brasileiro. Sob um vínculo militar, a ginástica com o
método da escola de Joinville-le-Pont (escola de uma pequena comunidade francesa)
foi introduzida inicialmente em São Paulo, em 1906, através da missão militar
francesa que foi contrata da para instruir a Força Pública do Estado de São Paulo, a
fim de capacitá-la para controlar os movimentos operários reivindicatórios.
A partir de 1920, outros estados da Federação, além do Rio de Janeiro, começaram a
realizar suas reformas educacionais e a incluir a Ginástica na escola (BETTI, 1991).
Além disso, ocorre a criação de diversas escolas de Educação Física, que tinham como
objetivo principal a formação militar (RAMOS, 1983).
Dentro de todo esse período histórico do Brasil descrito nesta aula, predominavam na
Educação Física ideias influenciadas pela medicina e pela eugenia, com enfoque
higienista. Essa concepção possuía a preocupação principal com os hábitos de higiene
e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do
exercício físico (DARIDO e RANGEL, 2005).
A Educação Física desta época, tendo profissionais da área médica, possuía como
característica a utilização da Calistenia, não havendo interação entre professores e
alunos durante as aulas. Os mais fracos e doentes eram excluídos das aulas e não
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havia nenhuma interação com as questões pedagógicas da escola (SOARES, 2004).
O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo
contaminações,utilizou a Educação Física como um meio de
doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover
a assepsia corporal. Tal fiscalização era realizada no início das aulas
quando era realizada a inspeção, momento em que os alunos
deveriam mostrar aos professores a limpeza corporal – unhas,
cabelos, pescoço, braços e pernas. Alunos com qualquer tipo de
doença eram eliminados das aulas, aqueles que estivessem
demonstrando qualquer tipo de impureza – roupa suja, unhas a
fazer, etc., eram sumariamente excluídos. As blusas do uniforme da
prática de Educação Física deveriam ser brancas, fato até hoje
usualmente corriqueiro nas aulas da disciplina, tal cor foi admitida
por representar a pureza e a limpeza (AZEVEDO, 1920).
Olhando para a sociedade da época, havia a superioridade do sexo masculino e uma
submissão da mulher, logo, no modelo higienista, o programa de exercícios físicos era
diferente entre homens e mulheres. Mulheres fortes e sadias teriam mais condições
de gerarem filhos saudáveis e estes estariam mais aptos a defenderem e construírem
a Pátria, no caso dos homens, e de se tornarem mães robustas, no caso das mulheres
(CASTELLANI FILHO, 2003).
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Alunos em fila no ambiente escolar após prática de educação física
Fonte: Disponível aqui
Além disso, as crianças eram educadas e disciplinadas pelas mães, que ao dominar o
conjunto de medidas e normas médicas, eram peça fundamental nas estratégias para
a domesticação da classe operária. Nessa perspectiva, a Educação Física denominada
higienista, visaria à preparação para o trabalho da população (SOARES, 2004).
O modelo eugênico higienista de encarar a saúde pode ser considerado os
precursores da pedagogia da Educação Física escolar, baseada na apologia ao estilo
de vida ativo adquirido pela exercitação mecânica, cujos fundamentos refletem ainda
nos dias de hoje naqueles que não seguem os direcionamentos impostos no que diz
respeito à aparência física (SOARES, 2004).
A busca por indivíduos fortes, a preocupação com os aspectos posturais, a influência
médica e a boa aparência eram as metas dos programas de Educação Física da época,
e que ainda persistem em alguns aspectos ainda nos dias atuais. Apesar disso, as
instituições médicas favoreceram a compreensão da Educação Física como sinônimo
de saúde e criação de hábitos higiênicos que afastassem a possibilidade de doenças e
agravos de saúde, assim como um caminho para a promoção da eugenia, ou seja, o
melhoramento da raça. Portanto, a medicina contribuiu para a construção de uma
Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos
aspectos anatômicos e de rendimento físico (MOTA, 1992).
51
https://miro.medium.com/max/580/1*P2hWYe5dNZohVzJ8r2_CXg.jpeg
A tendência higienista encerra seu ciclo em 1930, pois o mundo não estava mais
preocupado com o desenvolvimento da medicina, mas sim com a possibilidade de
uma guerra mundial (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). A partir de então, instala-se na
Educação Física a tendência Militarista, e este será o assunto da nossa próxima aula.
Espero você!
Observando a história do Brasil, até 1930, a tendência ideológica
predominante na Educação Física era a Higienista, tendo à frente
profissionais da área médica que se baseavam na preocupação principal aos
hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico
quanto o moral, a partir do exercício físico. O tema saúde era uma
preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a
Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no
sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. De modo geral, a
medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases
biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos
anatômicos e de rendimento físico.
52
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula vimos a tendência ideológica Higienista que tinha o foco
direcionado à promoção da saúde. As contribuições da medicina para a
Educação Física trouxeram conceitos que temos até hoje, e uma reportagem
do programa “Bem Estar” da globo.com, intitulado “Atividade física combate
insônia, depressão e problemas cardíacos”, trouxe justamente este
direcionamento da área.
“Além de emagrecer, o exercício físico melhora a qualidade de vida em
vários aspectos: autoestima, melhora do sono e da respiração, por exemplo.
A atividade física também pode ser um remédio para depressão, diabetes,
colesterol alto, insônia e osteoporose.” Explicou o médico do esporte e
consultor Gustavo Magliocca.
Confira a reportagem na íntegra!
53
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/01/atividade-fisica-e-remedio-para-insonia-depressao-diabetes-e-colesterol.html
06
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Militarista
54
Caro aluno,
Na última aula, conversamos a respeito da história da Educação Física no Brasil, e
pudemos observar a influência da área médica direcionando a tendência higienista.
Essa tendência predominou durante o Brasil império e início da república, mas a
partir de 1930, os olhares e objetivos da sociedade estavam voltados à eminente
guerra mundial, que acontece nove anos mais tarde.
A partir de 1930, chamamos de segunda fase do Brasil república, com Getúlio Vargas
assumindo o “governo provisório”, após golpe de Estado que impediu Júlio Prestes de
assumir a presidência mesmo eleito por voto popular.
Nesta época, após a criação do Ministério da Educação e Saúde, a Educação Física
começa a ganhar destaque perante aos objetivos do governo. Nessa época, a
Educação Física é inserida na constituição brasileira e surgem leis que a tornam
obrigatória no ensino secundário (Ramos, 1983).
Como já tratado na aula anterior, na intenção de sistematizar a ginástica dentro da
escola brasileira, surgem os métodos ginásticos oriundos das escolas sueca, alemã e
francesa, que conferiam à Educação Física uma perspectiva eugênica, higienista e
militarista, na qual o exercício físico deveria ser utilizado para aquisição e manutenção
da higiene física e moral (Higienismo), preparando os indivíduos fisicamente para o
combate militar (Militarismo) (Darido e Rangel, 2005).
O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-fisiológicos,
buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade
brasileira. Totalmente biologicista, esta tendência expressa a forma como os
professores compreendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea
(DAOLIO, 1995).
A saúde dos indivíduos e a saúde pública, presentes na Educação
Física Higienista de inspiração liberal, são relegadas em detrimento
da ‘saúde da Pátria’. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1988).
Com a implantação do Estado Novo (1937), a escola passa a sofrer transformações
nos programas das disciplinas, em que os professores de Educação Física começaram
a atuar recorrendo a filosofia da militarização, institucionalizando os corpos de seus
alunos e renegando o aspecto educacional da prática (GUEDES, 1999).
55
A Educação Física Militarista passa a ser influenciada pelas questões bélicas, tendo
preocupações com eventuais guerras e o envolvimento do país nestes conflitos. Para
entendermos melhor as circunstâncias, o período militarista se configura entre o final
da Primeira e a Segunda Guerra Mundial, portanto, uma época de conturbações
políticas (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).
Havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios
de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação
Física como um meio de treinamento para os alunos. As aulas
passam a ser ministradas, em sua maioria, por militares. Exercícios
como polichinelo, abdominal, flexão de braço, corridas, defesa
pessoal, instruções militares e ginásticas passam a configurar como
conteúdos da Educação Física escolar (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).
A relação aluno-professor abandona a postura paciente-médico, como era
considerada na tendência Higienista, e passa a vigorar como recruta-sargento, não
havendo diálogo entre ambos. Os fundamentos do nazismo e do fascismo, em
ascensão na Europa,também são marcantes na aplicação da Educação Física, em que
é incorporado o nacionalismo exacerbado por meio de hinos e canções de amor à
pátria, a preocupação com a limpeza da raça (eugenia), o racismo, o culto ao belo e a
exclusão dos ditos inferiores, sendo situações frequentes nas aulas (FERREIRA, 2009).
As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas por
instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os
rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia (SOARES et
al.,1992).
O tema saúde era abordado somente quanto a construção de futuros soldados, fortes
e doutrinados, capazes de representar a pátria em combates, o que acabou
acontecendo em 1944, durante a Segunda Grande Guerra. Nas aulas de Educação
Física havia a exclusão dos mais fracos e incapazes, pois a eugenia ainda era
preconizada como meio de seleção dos melhores (FERREIRA, 2005).
56
A tendência ideológica militarista foi instituída durante o governo do
presidente Getúlio Vargas, enquanto os olhares e objetivos da sociedade
estavam voltados a eminente guerra mundial, em que havia a necessidade
de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o
governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treinamento
para os alunos. As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas
por instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os
rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia Assim, a Educação
Física serviu como uma ferramenta ideológica para alienação social,
favorecendo aos interesses do ideário dominante da ditadura de Getúlio
Vargas.
As mulheres começaram a ser incluídas de forma mais forte nas aulas de Educação
Física, porém separadas dos homens. Esta separação ocorria, pois os exercícios
masculinos eram mais rigorosos e a ginástica feminina era mais calma.
O objetivo desta inclusão mais marcante era favorecer a saúde feminina, porém com
a real preocupação em preparar as futuras mães. Assim, a Educação Física feminina
se preocupava em preparar o corpo de suas alunas para uma boa gestação, tendo o
pensamento voltado ao nascimento de brasileiros puros e saudáveis, apontando mais
uma vez para a ideia da eugenia (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).
Apesar disso, a absorção de instrutores militares pelo âmbito educacional foi apenas
um dos fatores para a concretização da área da Educação Física na escola.
(CAPARROZ, 2005). As disciplinas de Educação Física e Educação Moral e Cívica eram
elos de uma mesma corrente, articuladas no sentido de darem à prática educacional a
conotação almejada pelos responsáveis da política de governo. Assim, a Educação
Física serviu como uma ferramenta ideológica para alienação social, favorecendo aos
interesses do ideário dominante da ditadura de Getúlio Vargas (CASTELLANI FILHO,
2003).
57
Alunos assistem ao hasteamento da bandeira nacional, ca. 1977
Foto: arquivo pessoal.
[...] análises que confundem duas questões que logicamente mantêm
relação entre si, mas que não podem ser colocadas como idênticas: a
obrigatoriedade da educação física em todas as escolas primárias,
normais e secundárias, expressa no artigo 131 da Carta
Constitucional; a criação de Centros da Juventude, pelo artigo 132,
artigo este que se refere a ‘adestramento physico’ mas que não faz
menção direta à educação física, ainda que seja possível inferir que
tal adestramento seria responsabilidade dessa área (CAPARROZ,
2005).
Nesta época, foi fundada a primeira escola de Educação Física do exército e
posteriormente, em 1939, foi criada a primeira escola civil de formação de
professores da área, a Escola Nacional de Educação Física e Desportos, integrada à
Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo o corpo
docente composto por instrutores de Educação Física e médicos (SOUZA NETO et al.,
2004).
58
Com o final da segunda guerra mundial, em 1945, o pensamento militar também foi
colocado de lado, dando início a construção de uma nova Educação Física no Brasil,
baseada em conceitos pedagógicos do modelo americano, um dos países vencedores
da guerra (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). Começa então a predominar a tendência
ideológica Pedagogicista, que será assunto a ser discutido na próxima aula. Aguardo
você!
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula observamos que a Educação Física foi utilizada dentro da
tendência ideológica Militarista para implantar valores objetivados pelo
governo da época. Olhando a Educação Física, ainda hoje ela pode ser o
caminho para a conscientização e implantação de valores na sociedade.
Neste sentido, a reportagem intitulada “Educação Física estimula valores
éticos e morais” do jornal eletrônico “Hoje em dia”, nos trás justamente esta
perspectiva.  
“Do ponto de vista social, desde que esteja vinculado ao desenvolvimento e
à prática de valores, o esporte tem a capacidade de melhorar a convivência
entre os colegas e estimular a cooperação”, explica a professora de
pedagogia do esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), Ana Cláudia Porfírio Couto.
Assunto bacana, não é? Então confira a reportagem completa!
59
https://www.hojeemdia.c.om.br/horizontes/educa%C3%A7%C3%A3o-f%C3%ADsica-estimula-valores-%C3%A9ticos-e-morais-1.171624
07
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Pedagogicista
60
Caro aluno,
Na última aula você acompanhou a evolução histórica da Educação Física no Brasil
entre 1930 e 1945, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, em que a
tendência ideológica predominante era a militarista.
Com o final da segunda guerra mundial em 1945, o pensamento militar também foi
colocado de lado, dando início a construção de uma nova Educação Física no Brasil,
baseada em conceitos pedagógicos, dando inicio então à tendência ideológica
Pedagogicista.
O contexto político, social, econômico e histórico do país nas décadas posteriores a
guerra conduziram a esta tendência, sendo a concepção que reclamou na sociedade a
necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de
promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física
como uma prática eminentemente educativa (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
Com a derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, a Educação Física passa
a sofrer a influência do liberalismo americano, assim como grande parte do mundo
ocidental. Nos Estados Unidos, a Educação Física recorria a jogos e brincadeiras,
ginásticas, lutas e esportes, principalmente o basquetebol e o voleibol, conteúdos logo
assimilados pela disciplina no Brasil (SESC, 2003).
Com o crescimento da escola pública no Brasil, a Educação Física recebe impulsos da
ideologia desenvolvimentista do Governo de Juscelino Kubitscheck e passa a se
integrar pela primeira vez nas questões pedagógicas, passando a ser o centro vivo da
escola.
Dentro do processo de implantação da Educação Física na matriz curricular das
escolas, buscava-se habilidades consideradas fundamentais para a saúde física e
mental, por meio de festas, torneios, gincanas, desfiles, formação de bandas musicais,
entre outras, havendo maior preocupação com a inclusão para a participação dos
alunos, visando o lazer com o intuito de gerar o controle emocional, o aproveitamento
das horas livres e a formação do caráter dos alunos (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1998).
61
Aluno participa de competição entre escolas
Fonte: Disponível aqui
A saúde passa a ser discutida de forma teórica na disciplina e assuntos como
primeiros socorros, higiene, prevenção de doenças e alimentação saudável são
incorporados às aulas de Educação Física. Entretanto, no período ainda não se notava
uma preocupação com a saúde coletiva, e sim individual. Não havia discussões sobre
lazer, moradia, emprego e saneamento, condições básicas para a saúde, na visão da
Saúde Coletiva (FERREIRA, 2009).
Um fato negativo desta época é o início do culto ao corpo de forma consumista, a
partir da década de 1960, fortemente apoiado pelo modelo american way of life (modode vida americano), que passa a ser copiado pela sociedade brasileira (COURTINE,
1995).
Inversamente a este fato, a tendência Pedagogicista, denominada por alguns como
biopsicossocial, foi inspirada no discurso liberal do movimento conhecido com “Escola
Nova”, “Escola Ativa”, que buscava uma renovação do ensino para efetivar um caráter
mais educacional à Educação Física, que mesmo sustentando o pensamento liberal
burguês, foi o primeiro movimento na área que buscou a valorização da Educação
Física perante a sociedade (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
62
https://www.maispajeu.com.br/2016/12/fotos-antigas-dos-jogos-escolares-da.html
As introduções de ideias pedagógicas fizeram com que a Educação Física fosse
reconhecida como um meio de educação, pois advogava no sentido de explicar que o
homem, para ser instruído de forma integral, deveria não somente ser educado
cognitiva e afetivamente, mas também no campo físico. Este fato proporcionou aos
professores da disciplina substituir os métodos mecânicos da prática por métodos
mais lúdicos (GUEDES,1999).
A Educação Física Pedagogicista está preocupada com a juventude
que frequenta as escolas. A ginástica, a dança, o desporto etc, são
meios de educação do alunado. São instrumentos capazes de levar a
juventude a aceitar as regras de convívio democrático e de preparar
as novas gerações para o altruísmo, o culto a riquezas etc
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 1998).
Assim como os militares da tendência militarista tentaram superar os métodos
médicos da tendência higienista, foram os pedagogos que procuraram tomar o lugar
dos militares na tendência Pedagogicista, apesar de alguns resquícios da área médica
e militar que se mantiveram presentes nas aulas dos professores da época. Mesmo
assim, a partir de agora a relação era, enfim, aluno-professor (GUEDES,1999).
63
A tendência Pedagogicista surgiu na Educação Física no Brasil, após o
término da Segunda Guerra Mundial, por influência do liberalismo
Americano, em que as introduções de ideias pedagógicas fizeram com que a
área fosse reconhecida como um meio de educação, pois advogava no
sentido de explicar que o homem, para ser instruído de forma integral,
deveria não somente ser educado cognitiva e afetivamente, mas também no
campo físico. Este fato proporcionou aos professores da disciplina substituir
os métodos mecânicos da prática por métodos mais lúdicos, buscando
habilidades consideradas fundamentais para a saúde física e mental, por
meio de festas, torneios, gincanas, desfiles, formação de bandas musicais,
entre outras, havendo maior preocupação com a inclusão para a
participação dos alunos, visando o lazer com o intuito de gerar o controle
emocional, o aproveitamento das horas livres e a formação do caráter dos
alunos.
Outro fato extremamente importante para a consolidação da Educação Física
Pedagogicista foi quando as disciplinas de “prática de ensino”, “recreação e lazer”,
didática”, entre outras com este novo direcionamento, foram incluídas dentro dos
currículos das faculdades. Estas disciplinas visavam formar o futuro profissional de
Educação Física com um olhar mais direcionado ao ato educativo, levando o professor
a pensar a atividade física não só como meio de desenvolver a eficiência e o
rendimento (CASTELHANI FILHO, 1988).
O aspecto não crítico da Educação Física Pedagogicista elencava alguns fins para os
quais a área deveria ser dirigida:
Saúde: a Educação Física deveria contribuir para a saúde física e mental;
Caráter e qualidades mínimas de um bom membro de família e bom
cidadão, no qual a Educação Física serviria para o desenvolvimento do caráter;
Preparação vocacional, no qual certos tipos de atividades físicas,
especialmente as competições desportivas, desenvolveriam controle emocional
64
e liderança;
Uso contínuo das horas livres ou de folga: A Educação Física estaria
relacionada com o intuito de ir contra o mau aproveitamento do tempo livre,
pois isto poderia destruir a saúde, reduzir a eficiência e quebrar o caráter, além
de degradar a vida (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
A Educação Física Pedagogicista seguiu, então, a forma da educação liberal, a qual
buscava a formação de um cidadão voltado aos valores da sociedade vigente. E que
em um primeiro momento, discutiu uma nova concepção de Educação Física, mas que
apesar de sua contribuição, não fugiu a reprodução dos ideais conservadores.
Outro marco importante para a Educação Física escolar foi a promulgação da primeira
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LBD. Nº 4024, em 1961.
Na escola primária, a Educação Física teve como objetivo a recreação
(individual e coletiva) nos seus variados aspectos, onde era realizada
por meio das atividades naturais, jogos, atividades rítmicas,
dramatizações, atividades complementares, visando abarcar a
totalidade do desenvolvimento do aluno (Programa da Escola
Primária de São Paulo, 1967).
Durante toda a década de 1960, a Educação Física se preocupou também com a
atitude postural adequada, com a coordenação sensório motor, o refinamento dos
sentidos, e o aumento da sensibilidade rítmica, favorecendo a coeducação, e o
conhecimento de nossos costumes (ARANTES, 1991).
Neste período houve por parte governamental e pela iniciativa privada, um
significativo esforço para uma escolarização diversificada, podendo ser notada pela
criação de inúmeras experiências inovadoras no processo de educação formal tais
como os ginásios pluri-curriculares, vocacionais, a unificação em dois níveis dos anos
do primário formando apenas dois blocos (ARANTES, 1991).
65
A Educação Física brasileira parecia caminhar a passos largos para uma boa utilização
de seus métodos, passando a ter sua aplicação em prol da discussão teórica-
educacional. Porém, um fato histórico no Brasil causou um retrocesso tamanho com
uma lastimável volta ao biologicismo: a ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964,
assunto este que será discutido na nossa próxima aula. Aguardo você!
66
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula, você aprendeu que a tendência ideológica Pedagogicista aponta
para a importância da Educação Física para a transformação integral dos
alunos, para que ele entenda os seus limites e exerça papel como sujeito
ativo dentro da escola e na sociedade. Vindo neste mesmo sentido, a
reportagem intitulada “A importância da Educação Física na Escola”,
publicada pelo site globo.com visitou uma escola na cidade de Sorocaba,
interior de São Paulo, e conversou com profissionais sobre o tema:
“A escola estimula todos os alunos a participarem das mais variadas
atividades esportivas, acreditando sempre que o esporte seja parte
integrante do desenvolvimento de importantes habilidades, como a
socialização, o trabalho em equipe, o respeito a regras, a cultura corpórea e
o aprender a ganhar e, também, a perder.”
Gostou do tema? Então confira agora a reportagem na íntegra!
67
https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/especial-publicitario/objetivo-sorocaba/conduzindo-o-melhor-de-voce/noticia/a-importancia-da-educacao-fisica-na-escola.ghtml
08
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Esportitivista
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Caro aluno,
Observando todo o processo histórico da Educação Física no Brasil, há que se
concordar que os maiores avanços para a área no sentido pedagógico e com olhar do
aluno como ser integral, aconteceram durante a implantação das ideias da tendência
Pedagogicista, sob influência do liberalismo americano. Porém, estes avanços foram
interrompidos com o golpe militar de 1964, trazendo para a área ideias retrógradas.
A tendência ideológica dominante na Educação Física, a partir de então, foi conhecida
como Esportitivista, Competitivista, Mecanicista ou Tecnicista. Com a tomada de poder
pelos militares em 1º de abril de 1964, é instalado um governo em que as pessoas
com ideias contrárias à ditadura eram rigorosamente punidas com perseguições,
cadeia, exílio e morte. A censura passa a ser exercida e ocorrem   fiscalização de
sindicatos, entidades estudantis e partidárias (FERREIRA, 2009).
Nesse período, o Brasil consegue

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