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HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA Prof. Me. PEDRO HENRIQUE RODRIGUES Reitor Márcio Mesquita Serva Vice-reitora Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor Acadêmico Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitor Administrativo Marco Antonio Teixeira Direção do Núcleo de Educação a Distância Paulo Pardo Coordenadora Pedagógica do Curso Inserir nome da coordenadora responsável Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico B42 Design *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade de Marília Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 CEP 17.525–902- Marília-SP Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia G915b Sobrenome, Nome autor Titulo Disciplina [livro eletrônico] / Nome completo autor. - Marília: Unimar, 2020. PDF (XXX p.) : il. color. ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X 1. palavra 2. palavra 3. palavra 4. palavra 5. palavra 6. palavra 7. palavra 8. palavra I. Título. CDD – 610.6952017 Introdução Olá, aluno, seja bem-vindo a esta disciplina! Gostaria de apresentar a você, de forma resumida, os objetivos deste material e quais os conteúdos que iremos trabalhar ao longo das aulas. O objetivo desta disciplina é apresentar a relação entre homem e o movimento corporal, objeto de estudo da área em que você está se inserindo, junto ao entendimento do processo histórico e evolução da Educação Física no mundo e no Brasil, para que possamos refletir e entender sobre a área e suas possibilidades de atuação no mercado de trabalho, nos dias de hoje, observando também a legislação vigente que regulamenta a profissão para a proteção da sociedade e do profissional devidamente graduado e registrado no Conselho de Educação Física. Primeiramente entenderemos por que estudar a história. Assim, você verá que é uma ciência que estuda a vida do homem ao longo do tempo e investiga o que a humanidade fez, pensou e sentiu enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física que vai nos dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens de exercício da profissão e seu renome na sociedade atual. No segundo capítulo, apresentaremos um panorama das áreas de atuação na Educação Física atual, e para isso, conheceremos as formações em Licenciatura e Bacharelado, definindo as formas e locais de atuação de ambas. A partir daí, começaremos a olhar para o processo histórico, vendo a importância dos movimentos corporais nas diversas civilizações antigas, com o uso voltado à sobrevivência, preparação para a guerra, ritos e cultos, jogos e práticas atléticas. Antes de começarmos a falar da história da Educação Física do Brasil, entraremos primeiro no início da Idade Contemporânea, que foi marcada pelo surgimento da ginástica localizada, tendo quatro grandes escolas como responsáveis: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa. As quatro grandes escolas de ginástica tiveram papel crucial para a evolução da Educação Física, trazendo a prática dos exercícios físicos com direcionamentos para diversos objetivos, como: militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das 3 escolas, médica voltada à higiene e saúde, preparação física dos trabalhadores e também estética. Mas, foi o surgimento da Calistenia que abriu caminho para grande avanço da Educação Física moderna, com parâmetros base para o que temos atualmente. Observando a história da Educação Física no Brasil, veremos várias tendências ideológicas direcionando a área, com intuitos e objetivos diferentes, em que podemos destacar o Higienismo, Militarismo, Pedagogicismo e Esportitivismo. A partir da década de 80, começaremos a observar várias abordagens pedagógicas na área que se mantém na Educação Física atual, como a Psicomotricidade, Desenvolvimentista, Construtivista, Saúde Renovada, Crítico-superadora, Critíco-emancipatória e Parâmetros curriculares nacionais. Junto a essa evolução da área, abriremos espaço para discussões acerca da evolução dos cursos de formação em Educação Física, assim como todo o processo que levou a regulamentação da Profissão de Educação Física, no ano de 1998. A partir deste marco, você verá que, felizmente, a área ficou restrita para a atuação de profissionais graduados e com registro nos Conselhos Regionais (CREFs) e Federal de Educação Física (CONFEF). Por fim, conheceremos as atuações do CONFEF e CREFs, junto aos documentos norteadores da profissão, como a Carta Brasileira de Educação Física, Código de Ética do Profissional de Educação Física e Documento de Intervenção do Profissional de Educação Física. Nestes capítulos você entenderá a importância dos Conselhos e destes documentos para a solidez e maior reconhecimento da profissão perante a sociedade. Assim, convido-o a caminhar comigo pela história da Educação Física, para aprofundarmos os entendimentos a respeito desta bela área que você está escolhendo como profissão. Bons estudos! 4 006 Aula 01: 017 Aula 02: 024 Aula 03: 035 Aula 04: 046 Aula 05: 054 Aula 06: 060 Aula 07: 068 Aula 08: 077 Aula 09: 086 Aula 10: 094 Aula 11: 102 Aula 12: 109 Aula 13: 116 Aula 14: 122 Aula 15: 130 Aula 16: Por que Estudar a História? A Educação Física como Profissão O Surgimento da Educação Física A Idade Contemporânea e as Grandes Escolas de Ginástica Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Higienista Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Militarista Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Pedagogicista Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Esportitivista Abordagens Pedagógicas na Educação Física Atual A Construção e Evolução dos Cursos de Graduação em Educação Física no Brasil O Processo da Regulamentação da Educação Física no Brasil Conselho Federal de Educação Física Conselhos Regionais de Educação Física Carta Brasileira de Educação Física Código de Ética dos Profissionais de Educação Física A Intervenção do Profissional de Educação Física 01 Por que Estudar a História? 6 Caro aluno, Antes de iniciarmos nossas discussões a respeito da disciplina, quero que você pense por alguns instantes sobre o significado da palavra “história”. Pensou? Agora reflita sobre a importância de se estudar a história nos diversos contextos da sociedade. Conseguiu? Então, vamos lá! O que a História Representa? O dicionário Aurélio da língua portuguesa define “história” como: Narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade em geral; Conjunto de conhecimentos adquiridos através da tradição e/ou por meio dos documentos, relativos à evolução, ao passado da humanidade; [...] Estudo das origens e processos de uma arte, de uma ciência ou de um ramo do conhecimento [...] (FERREIRA, 2020). Etimologicamente, história é uma palavra com origem no antigo termo grego ἱστορίαι (historíai) que significa “investigação”, "pesquisa", "conhecimento através da investigação". A palavra tem sua origem nas investigações de Heródoto, um geógrafo e historiador grego (485 a.C..- 425 a.C..) que foi o autor da história da invasão persa à Grécia nos princípios do século V a.C.., conhecida como “As histórias de Heródoto”. Por ser o primeiro a conceber um método histórico capaz de reconstituir e explicar a história do seu tempo, Heródoto é considerado o pai da história (SILVA, 2015). 7 Estátua de Heródoto Fonte: Pixabay. Os historiadores organizam a passagem do tempo etapas e para isso estabelecemos fatos acontecidos antes da invenção da escrita e o que ocorreu depois. O anterior é a pré-história e o posterior é propriamente a história, da qual se desenvolve em um sentido cronológico em diferentes períodos: Antiguidade (de 4.000 a.C.. até 476 d.C.., com a queda do Império Romano), Idade Média (de 476 d.C.. a 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos), Idade Moderna (de 1453 a 1789, quando ocorre a Revolução Francesa) e Idade Contemporânea (de 1789 até os dias atuais) (BORGES, 1996). 8 Saque de Roma, 455 d. C. Fonte: Wikipedia. Mesquita em Istambul, antiga Constantinopla Fonte: Freepik. 9 A queda da bastilha na Revolução Francesa Fonte: Wikipedia. Assim, história é a reunião e análise de informações e conhecimentos sobre o passado e o desenvolvimento da própria humanidade, em suas diversas manifestações. A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que a humanidade fez, pensou e sentiu enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo (MELO, 2006). E é a contribuição que ela pode trazer para a explicação da realidade em que vivemos que nos leva a ver como fundamental sua divulgação fora das universidades e das escolas onde ela está prisioneira há longos anos. Essa divulgação se torna importante na medida em que se acredita que a história, ajudando a explicar realidade, pode ajudar ao mesmo tempo a transformá-la (BORGES, 1996). Sintetizando este conceito, é por meio do estudo histórico que se obtém um conjunto de informações sobre processos e fatos ocorridos no passado que contribuem para a compreensão do presente. Há de se ter a consciência que sofremos e interferimos diretamente na história, e que seu estudo é vivo e tem impacto em nossas vidas. 10 Então, para compreendermos o momento atual, em todas as áreas do conhecimento, precisamos estudar e entender as circunstâncias e eventos construídos ao longo do tempo. Por que Estudar a História da Educação Física? Por que estudar a história da Educação Física? Gostaria que você pensasse por alguns minutos sobre esta pergunta antes de seguirmos com a disciplina. Pensou? É possível que esta pergunta já tenha sido diversas vezes pronunciada entre os estudantes e professores dos diversos cursos superiores ligados à formação em Educação Física por todo o país. Mas afinal, em que o estudo da história contribuiria na formação do futuro Profissional de Educação Física? A graduação deve dar condições, por meio de uma preparação teórica aprofundada, para que o aluno possa recriar constantemente sua atuação, a partir da compreensão da realidade que o cerca, dos valores em jogo, das especificidades da atuação e das possibilidades de que pode dispor para alcance de seus objetivos. A graduação estaria preocupada em preparar o aluno para pensar/repensar sua atuação, entendendo que há a necessidade de uma compreensão teórica por trás de toda atuação, que nunca é só prática, mais indissociadamente teórico-prática (MELO, 1997). O fato de buscarmos uma crítica do presente através do conhecimento histórico não significa que ela deva se submeter às compreensões apenas ideológicas. A História tem um caminho para contribuir na compreensão da sociedade que se diferencia e deve se diferenciar, de outros campos do conhecimento. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física que nos vai dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens de exercício da profissão e seu renome na sociedade atual. É o conhecimento histórico da área que vai nos conscientizar sobre a importância de se ter um conselho profissional regulador, orientador e fiscalizador para proteção jurídica da atuação e solidez na Educação Física. 11 Atualmente, a Educação Física visa a formação integral das pessoas, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, desenvolvendo estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da população. O Profissional de Educação Física exerce suas atividades por meio de intervenções, utilizando-se de métodos e técnicas específicas de avaliação, de prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e intelectivas, com fins educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da saúde (CONFEF, 2000). Mas, historicamente sempre foi assim? E o futuro da profissão? Seria possível planejar o futuro a partir do exercício histórico? Se o estudo do passado guarda uma relação relativa com o presente, mais relativa ainda é sua relação com o futuro. O máximo que podemos fazer a partir do estudo histórico é levantar algumas tendências, apresentar algumas possibilidades, mas de forma alguma afirmar com exatidão os acontecimentos futuros (MELO, 2006). Os homens fazem sua própria história, mas não fazem como querem, não a fazem sob a circunstância de sua escolha e sim sob aquelas que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado (MARX, 1974). Esta afirmação de Marx aponta uma reflexão importante para olharmos e entendermos a Educação Física hoje. A reflexão de que o passado também estabelece condições que temos de nos reportar no presente, situações construídas no decorrer do tempo, assim, o estudo da história nos ajuda a entender melhor essas condições que nos cercam. 12 O filósofo Karl Marx (1818 – 1883) Fonte: Wikipedia. História é a reunião e análise de informações e conhecimentos sobre o passado e o desenvolvimento da própria humanidade, em suas diversas manifestações. O passado também estabelece condições que temos de nos reportar no presente, situações construídas no decorrer do tempo, assim, o estudo da história nos ajuda a entender melhor essas condições que nos cercam. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física que nos vai dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens de exercício da profissão e seu renome na sociedade atual. 13 Como a História Trouxe Você até a Educação Física? Todos nós temos um passado que de alguma maneira influencia diretamente em nossas ações presentes. Você já parou para pensar na sua história de vida e como você chegou ao curso de Educação Física? Eu, professor Pedro Henrique Rodrigues, hoje profissional de Educação Física, contarei, brevemente, como a história me trouxe até a Educação Física. Sempre gostei da prática de modalidades esportivas diversas, sendo sempre muito participativo nas aulas de Educação Física na escola. Sempre “respirei” Educação Física, mas eu nunca havia sido apresentado ao curso e dessa forma, não pensava em cursá-lo. Eu não conhecia o que era a profissão e muito menos quais eram as possibilidades de atuação. Assim, prestei vestibular para um outro curso da área da saúde. Na mesma época, antes das aulas iniciarem, me inscrevi para um programa de bolsas estudantis no curso de Educação Física. Pois bem, a história se encarregou de me direcionar para esta tão bela área. Conseguindo a bolsa, minha ideia era tentar a transferência para outro curso. Mesmo assim, iniciei a graduação em Educação Física e já na primeira semana me apaixonei pelo curso e pela área, e hoje não me imagino fora dela. Atualmente tenho o privilégio de trabalhar com aquilo que sempre amei durante a infância e juventude, e espero que você também se apaixone por esta área logo nas primeiras aulas do curso, assim como eu me apaixonei. Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida. (CONFÚCIO) 14 Estátua do pensador chinês Confúcio (551 a.C.. - 479 a.C..) Fonte: Freepik. Mas e você? Como você conheceu a área da Educação Física e o que te trouxe ao curso? Quais seus objetivos e expectativas durante a graduação e após graduado em Educação Física? Compartilhe sua história e anseios dentro da área, com outros alunos na atividade em fórum na plataforma. Eu mencionei, nesta aula, que nunca havia sido apresentado à profissão e ao curso de Educação Físicaaté iniciar a graduação. Dessa forma, esse será o nosso assunto para a próxima aula: “A Educação Física como profissão”. Aguardo você! 15 Acesse o link: Disponível aqui Conforme vimos nesta aula, conhecer história ajuda a entender o momento atual. A Educação Física já passou por diversos momentos até ganhar o reconhecimento e importância que tem hoje dentro da sociedade. Em uma reportagem para o “Portal da Educação Física”, Fabiano Braun, profissional de Educação Física e Mestre em Ciências do Movimento Humano, destaca a importância do profissional para a sociedade. “Não há dúvidas que os profissionais de educação física são extremamente importantes à nossa sociedade. Ainda mais, nos dias atuais, em que sedentarismo, consumo de alimentos de baixa qualidade e sobrepeso imperam. Mas será que a única função desses profissionais é cuidar da saúde das pessoas?” Vale a pena ler esta reportagem na íntegra. Acesse lá! 16 https://www.educacaofisica.com.br/noticias/a-importancia-da-educacao-fisica-para-a-sociedade/ 02 A Educação Física como Profissão 17 Você Conhece a Educação Física? Caro aluno, Você agora entende que a importância de estudar a história da Educação Física tem como objetivo refletir o momento atual da profissão, observando os processos e acontecimentos ao longo do tempo. Desta forma, começaremos olhando para o momento atual e mercado de atuação do Profissional de Educação Física, para então voltarmos na história e entender os fatos importantes que possibilitaram a abertura para tantas possibilidades que temos hoje. Através do Profissional de Educação Física, esta área visa a formação integral das pessoas, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, desenvolvendo estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da população. O Profissional de Educação Física exerce suas atividades por meio de intervenções, utilizando-se de métodos e técnicas específicas de avaliação, de prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e intelectivas, com fins educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da saúde (CONFEF, 2000; LOZADA, 2017). Desta forma, o profissional atuará em diversas áreas da sociedade, distinguidos entre os cursos de Bacharelado ou Licenciatura na universidade. Então, para entendermos as possibilidades de atuação, precisamos entender primeiro como funciona a formação do profissional de Educação Física nos dias de hoje. Os cursos de formação devem abordar o conjunto de conceitos, teorias e procedimentos empregados para elucidar problemas teóricos e práticos, relacionados à esfera profissional e ao empreendimento científico, na área específica das atividades físicas, desportivas e similares. Mas quais são as diferenças entre duas opções de formação? 18 https://portal.unimar.br/site/cursos/graduacao/educacao-fisica-bacharelado https://ead.unimar.br/cursos/educacao-fisica/ https://www.unimar.br/site/ A Educação Física tem objetivo de formação integral das pessoas, estimulando um estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da população, e, através do Profissional de Educação Física exerce intervenções por meio de avaliação, prescrição e orientação das atividades físicas, com fins educacionais, recreacionais e de promoção da saúde. Quais Diferenças Entre Bacharelado e Licenciatura? A Licenciatura e o Bacharelado são dois tipos de graduação. Na Educação Física, ambos trabalham com objetivo de ensino de promover saúde e educação em saúde através das práticas corporais, porém, com atuações em locais diferentes. O licenciado em Educação Física tem a atuação exclusiva em escolas de educação básica, interagindo com as outras disciplinas na composição do currículo escolar, trabalhando com crianças e adolescentes com o objetivo de desenvolver habilidades motoras, atitudes, valores e conhecimentos, procurando levá-los a uma participação ativa e voluntária em atividades físicas e esportivas ao longo de suas vidas. Embora tenha práticas esportivas e jogos em seu conteúdo, o objetivo é educacional e não reproduzir o esporte de competição e rendimento, atendendo a princípios socioeducativos (CONFEF, 2000). Além das disciplinas voltadas às áreas biológicas, atividades esportivas e recreativas, o estudante de licenciatura em Educação Física tem inclusas, em sua matriz curricular, disciplinas que abrangem o campo da educação, como por exemplo: história da 19 https://ead.unimar.br/cursos/educacao-fisica/ https://portal.unimar.br/site/cursos/graduacao/educacao-fisica-bacharelado educação no Brasil, psicologia da educação, didática geral, didática da Educação Física, métodos de ensino e processos de avaliação, entre outras (LOZADA, 2017). Já o bacharel em Educação Física tem sua atuação em clubes esportivos e de lazer, centros de reabilitação, postos de saúde, em academias como instrutor de musculação, personal trainer, professor de modalidades aquáticas e de ginástica geral, praças, parques e condomínios com assessoria de corrida e treinamento funcional, entre outros (CONFEF, 2000). O bacharel tem o propósito de prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da saúde, contribuindo para o desempenho e condicionamento físico das pessoas, visando o bem-estar, a qualidade de vida, a prevenção de doenças, problemas posturais e distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para a autonomia, da autoestima (CONFEF, 2002). Além das disciplinas voltadas às áreas biológicas, o estudante de Bacharelado em Educação Física tem inclusas em sua matriz curricular disciplinas como: fisiologia do exercício, avaliação e prescrição do exercício físico, biomecânica, treinamento resistido (musculação), teoria do treinamento físico desportivo, entre outras. 20 Olhando Para a Atuação da Educação Física A profissão é constituída pelo conjunto dos graduados e habilitados pelo Conselho Federal e pelos Regionais de Educação Física (CONFEF/CREFs), para atender às demandas sociais referentes às atividades físicas nas suas diferentes manifestações, constituindo-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seres humanos (CONFEF, 2000). O Profissional de Educação Física utiliza diagnóstico, define procedimentos, ministra, orienta, desenvolve, identifica, planeja, coordena, supervisiona, leciona, assessora, organiza, dirige e avalia as atividades físicas, desportivas e similares, sendo especialista no conhecimento da atividade física/motricidade humana nas suas diversas manifestações e objetivos, de modo a atender às diferentes expressões do movimento humano presentes na sociedade, considerando o contexto social e histórico-cultural, as características regionais e os distintos interesses e necessidades, com competências e capacidades de identificar, planejar, programar, coordenar, supervisionar, assessorar, organizar, lecionar, desenvolver, dirigir, dinamizar, executar e avaliar serviços, programas, planos e projetos, bem como, realizar auditorias, consultorias, treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares, informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas das atividades físicas, do desporto e afins (CONFEF, 2002). O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, dentre elas, as ginásticas, os exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais (CONFEF, 2002). 21 Fonte: Freepik. O propósito do profissional de Educação Física é prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento físico- corporal dos praticantes (CONFEF, 2000).Esta importante área visa acima de tudo o bem-estar, a qualidade de vida, a prática correta do movimento, a prevenção de doenças, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania e das relações sociais. Assim, a profissão tem importante papel na sociedade, levando os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo (CONFEF, 2015). Agora que você já tem uma visão geral sobre as possibilidades de atuação e importância da Educação Física na sociedade atual, na próxima aula começaremos a falar da história do homem e do movimento corporal, e consequentemente, dos primórdios da Educação Física. Aguardo você! 22 Acesse o link: Disponível aqui Nesta aula, vimos que a atuação da Educação Física tem grande importância na sociedade. Mas será que está importância reflete boa perspectiva de mercado de trabalho no futuro? Uma reportagem do site Você S/A intitulado “Estes são os profissionais que serão muito cobiçados nos próximos anos”, aponta boas perspectivas para a Educação Física. “Com sessentões, setentões e oitentões trocando remédios e hospitais por diversão e bem-estar, além dos empreendedores, ganham relevância diversos profissionais. Vanessa Cepellos, professora de gestão de pessoas da Fundação Getulio Vargas, diz que serão altamente valorizados psicólogos, geriatras, gerontólogos, personal trainers para a terceira idade, fisioterapeutas, agentes de turismo e até especialistas em aconselhamento para aposentadoria. Haverá demanda na área da saúde e em setores como alimentação, estética, finanças, moradia, entretenimento e tecnologia.” Confira esta reportagem na íntegra. Acesse lá! 23 https://vocesa.abril.com.br/geral/estes-sao-os-profissionais-que-serao-muito-cobicados-nos-proximos-anos/ 03 O Surgimento da Educação Física 24 Caro aluno, Nas aulas anteriores abordamos a importância de se estudar a história e o mercado da Educação Física atualmente. Pois bem, a partir de agora voltaremos no tempo para tentar entender como o movimento corporal esteve junto ao homem desde os primórdios, e não se desvincula da história e evolução do próprio homem – lembrando que, dependendo da época ou civilização, veremos que o movimento corporal tinha determinada finalidade e importância específica. A Evolução da Educação Física ao Longo dos Tempos Por serem os principais objetos de estudo da área, adotaremos aqui como sinônimos os termos “Educação Física”, “movimento corporal”, “exercício físico” e “ginástica” para então apresentarmos uma linha do tempo envolvendo a importância da área na história do homem. Desde a pré-história, a Educação Física vem sendo influenciada pela sociedade. Nessa época as atividades físicas, que são todos movimentos corporais do cotidiano não sistematizados, tinham finalidade de defender-se e atacar através dos movimentos naturais na luta pela sobrevivência. Mas como se tem informações deste período da história do homem? Para desenvolver estudos sobre esta época, os pesquisadores se baseiam principalmente nos tipos de objetos utilizados, como pedras trabalhadas e rudimentares, fósseis de animais e de humanos, pinturas rupestres nas paredes de cavernas e, um pouco mais tarde, objetos e monumentos de bronze e ferro, câmaras mortuárias, estradas, dentre outros. 25 Representação da Estátua “Discóbolo de Mirón”, símbolo da Educação Física Fonte: Wikimedia. O homem primitivo deslocava-se de um lugar para outro a procura de alimentos, andando, subindo em árvores, escalando penhascos, nadando, saltando e lançando as suas diferentes armas de arremesso. Assim o homem executa os seus movimentos corporais mais básicos e naturais desde que se colocou de pé. Pela repetição contínua desses exercícios, na luta pela sobrevivência, aperfeiçoava as funções, educando-as gradativa e inconscientemente (BAGNARA, LARA e CALONEGO, 2010). Todo este contexto apontado até agora retratam movimentos naturais e cotidianos do ser humano. A Educação Física propriamente dita, ou mais próxima do modelo que temos hoje, tardou a aparecer na história. Mas, você perceberá durante esta aula que todos os tipos de exercícios e atividades físicas são provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência; ritos e cultos; preparação para a guerra; jogos e práticas atléticas. 26 O Papel da Educação Física em Diversas Sociedades Em cada sociedade, veremos que a Educação Física apresentava focos diferentes objetivos e utilização. Na China, por exemplo, a Educação Física era praticada para preparação para guerra, além da finalidade terapêutica e higiênica, ou seja, voltada à saúde (BAGNARA, LARA e CALONEGO, 2010). Já na Índia, a prática de exercício físico era vista como uma doutrina de foco fisiológico e com necessidades militares indispensáveis. Foi lá que o Yoga e exercícios ginásticos com técnicas de respiração e foco medicinal, tiveram origem. Segundo conta a história, no budismo, os exercícios físicos representam o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade (RAMOS, 1983). No Japão, a Educação Física possuía fundamentos médicos, higiênicos, filosóficos, morais, religiosos e voltados para a guerra. Nesta sociedade, os samurais são exemplos de guerreiros feudais originados da prática de exercícios físicos. Já no Egito, os exercícios que englobam as ginásticas, formaram um modelo de prática voltada ao 27 equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. A existência da ginástica egípcia foi descrita por pesquisadores através das descobertas de pinturas nas paredes de tumbas (RAMOS, 1983). Entre todas as civilizações antigas, é na Grécia que encontramos as maiores contribuições para a Educação Física. Foi lá que surgiram os grandes pensadores que contribuíram com vários conceitos filosóficos, que ainda nos dias de hoje são aceitos pela Educação Física e pela pedagogia. Grandes artistas, pensadores e filósofos como Mirón, Sócrates, Hipócrates, Platão e Aristóteles criaram conceitos como o de equilíbrio entre corpo e espírito ou mente, citados por Platão. Também nasceram na Grécia os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo, e a própria olimpíadas. Na música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde ao corpo (SÓCRATES). O nome Academia, que se usa comumente hoje para designar os centros de prática de exercícios físicos, originou-se do filósofo Platão (427-347 a.C.), que fundou sua escola de filosofia e a intitulou com nome de um lendário herói grego, Academos. Nesta época, era o local de ensino e aprimoramento de filosofia, matemática e ginástica (GAARDER, 1995). 28 A Academia de Platão em Atenas, mosaico em Pompéia, século I Fonte: Wikipedia. Após a tomada militar da Grécia (146 a.C.), Roma absorveu a cultura desta civilização, porém a Educação Física se caracterizou por uma visão voltada para a preparação dos soldados e da população para a guerra. Foi no período romano que surgiu a famosa frase “Mens sana in Corpore Sano” (Mente sã em corpo são). Esta é uma citação em Latim, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal (século I e II d.C.). (GODOY, 1996). O cristianismo marcou a Idade Média (476-1453 d.C.) com sua doutrina. Mesmo assim, estudantes continuavam a seguir a filosofia de Aristóteles (385-323 a.C.), enriquecendo o campo dos conhecimentos por influência de Tomás de Aquino (1225- 1274 d.C.), frade católico opositor a muitas correntes da igreja da época. Nesta época floresceu a arte gótica e surgiram as primeiras universidades. Este período ficou conhecido também como “a Idade das Trevas”, em que o culto ao corpo foi considerado pecado e com isso, houve uma grande decadência na prática de exercícios físicos (RAMOS, 1983). 29 Tomás de Aquino Fonte: Wikipedia. No período da Renascença, entre meados do século XIV e o final do século XVI, a Educação Física deu um salto em busca do seu próprio conhecimento. Neste período, a cultura física ficou mais em evidência, trazendo a admiração e dedicação pelabeleza do corpo, retratado inclusive por grandes artistas como Leonardo da Vinci (1432-1519 d.C.) e Michelângio Buonarroti (1475-1564 d.C.). O estudo da anatomia, a escultura de estátuas e a criação de regras proporcionais do corpo humano, foram de grande contribuição para a Educação Física e a Medicina (RAMOS, 1983; PEREIRA e MOULIN, 2006). A introdução da Educação Física na escola, tendo a mesma importância das outras disciplinas tidas como intelectuais, se deve nesse período a Vittorino da Feltre (1378- 1466 d.C.), religioso pedagogicista que em 1423 d.C. fundou a escola “Casa Giocosa” (casa da alegria) na Itália, que utilizava métodos completamente opostos aos que caracterizaram a educação monástica nos mosteiros da Idade Média. O conteúdo programático incluía exercícios físicos e as atividades lúdicas como, lutas, corridas, saltos, esgrima, jogos com bolas, entre outros. Para ele, o caminho da educação era impossível sem a Educação Física (PEREIRA e MOULIN, 2006). 30 Estátua de Leonardo da Vinci em Milão, Itália Fonte: Freepik. Vittorino da Feltre Fonte: Wikimedia. 31 Jean-Jacque Rousseau / Johann Heinrich Pestalozzi Fonte: Wikipedia. O Iluminismo (1715-1789 d.C.) na Inglaterra era contra o abuso do poder no campo social, trazendo assim novas ideais para a sociedade. Dois grandes nomes têm destaque para a Educação Física neste período: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778 d.C.) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827 d.C.). Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação física infantil, introduzida nas escolas. Ao mesmo tempo, Pestalozzi foi o precursor da escola primária, sendo o primeiro educador a chamar a atenção para dois elementos fundamentais na prática dos exercícios físicos: a posição e a execução correta, sem os quais os praticantes não conseguiriam os objetivos visados (PEREIRA e MOULIN, 2006). A Idade Contemporânea (1789 d.C. até os dias atuais) foi marcada pelo surgimento da ginástica localizada, tendo como referências quatro grandes escolas: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa. Mas esse será tema para nossa próxima aula. Aguardo você para darmos continuidade nesta viagem através da história da Educação Física. Forte abraço! 32 A história da Educação Física sempre esteve atrelada à história do próprio homem, em que os movimentos corporais foram utilizados com finalidades específicas dependendo da civilização ou sociedade. De modo geral, percebe-se que todos os tipos de exercícios e atividades físicas são provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência; ritos e cultos; preparação para a guerra; jogos e práticas atléticas. 33 Acesse o link: Disponível aqui Nesta aula você percebeu que a Educação Física sempre esteve ligada à história do homem e evoluiu junto dele nas diversas civilizações, deixando mais forte ainda o entendimento da importância desta área para a sociedade. Neste sentido, o site “Centro de Referências em Educação Integral” publicou reportagem intitulada “Escolas ativas defendem a importância do corpo para a aprendizagem”, que traz conteúdo sobre a importância da Educação Física na escola, no sentido que continha na “Casa Giocosa” (casa da alegria), fundada em 1423 d.C pelo religioso pedagogicista Vittorino da Feltre, na Itália. Na reportagem, Fabio D’Angelo, coordenador do projeto sobre escolas ativas, comenta: “Tudo parte da pergunta: qual o lugar do corpo na escola? Ser criança é ser corpo em movimento, e essa linguagem corporal possibilita sua comunicação com o mundo”. Juliana Soares, do Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento, constatou nos resultados do Projeto “Escolas e Comunidades Ativas”, desenvolvido desde 2014, que não só os professores gostaram da interação entre conteúdo e movimento, mas principalmente as crianças, e comenta: “Isto porque alguns dos elementos-chave de uma escola ativa são a diversão, a conexão com o conteúdo, a interação com a Educação Física e que a escola dê tempo para o brincar”. Confira a reportagem completa! 34 https://educacaointegral.org.br/reportagens/escolas-ativas-defendem-a-importancia-do-corpo-para-a-aprendizagem/ 04 A Idade Contemporânea e as Grandes Escolas de Ginástica 35 Caro aluno, Dando continuidade aos nossos estudos sobre a história da Educação Física, entraremos agora na Idade Contemporânea (1789 d.C. até os dias atuais), que foi marcada pelo surgimento da ginástica localizada, tendo quatro grandes escolas como responsáveis: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa. A Evolução da Educação Física Através das Grandes Escolas de Ginástica A Alemanha, com o pedagogo e educador Johann Bernard Basedow (1723-1790), a partir dos princípios orientadores de Rousseau, impulsionou a ginástica e criou em 1775 no seu “Philanthropicum” (escola filantropina), na cidade de Dessau, o pentatlo, constituído por provas de corrida, saltos, transporte, de equilíbrio e de escalar. Este pedagogo defendia que o exercício físico deveria fazer parte dos programas das escolas primárias (TESCHE, 2001). Em 1784, Christian Gotthlif Saltzmann (1744-1811), pedagogo e educador, abre outro "Philanthropicum" em Schneppenthal, em que conservou o ideário de formar homens sadios, cultos, bons e felizes. Esse estabelecimento merece destaque, pois foi nele que em 1785, Johann Christoph Friedrich Guts-Muths (1759-1839), professor e educador considerado o "pai" da ginástica pedagógica, concretizou sua primeira sistematização, dando inicio a um novo conceito de ginástica. As ideias filantrópicas e os conteúdos pedagógicos de Guts-Muths tiveram eco nos países da Europa, especialmente na Suécia, Dinamarca e França (TESCHE, 2001). As crianças hão de brincar não apenas para descansar dos trabalhos escolares: os exercícios devem fazer parte de sua educação geral e se acham e m ligação intelectual, moral e estética dos educandos. Chegou a hora em que o corpo, até agora descuidado, deve exercitar- se ao ar livre, com vento e chuva, para fortificar-se contra a influência do tempo, robustecer seus pulmões por meio de exercícios 36 Alunos suecos durante aula de ginástica localizada Fonte: Fonte aqui Disponível aqui como andar, correr, atirar, alentando em seu espírito os germes do valor, da perseverança e da reflexão (SILVA, 1998). No princípio do século XIX, surge um novo conceito de ginástica na Alemanha com Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852). Além de criar aparelhos e novas formas gímnicas, fundou, em 1811, o primeiro ginásio ao ar livre de Hasenheide, Berlim. Daí nasceu o termo "Turnkunst" (arte da ginástica alemã) pelo qual ele substitui a palavra "Gymnastik" (palavra grega de caráter universal para ginástica). A ginástica de Jahn, com um conteúdo mais patriótico, cujo lema era “vive quem é forte”, rapidamente superou as ideias pedagógicas de Guts-Muths, tendo por objetivo formar homens fortes para defender a pátria. Jahn também inventou a barra fixa, as barras paralelas e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica (PEREIRA; MOULIN, 2006). O sistema de ginástica de Jahn não era destinado especificamente para a escola. Sua preocupação era com uma Educação Física comunitária e popular que pudesse envolver todo o povo alemão. No turnkunst de Jahn, os exercícios físicos eram elaborados a partir de situações de guerra: a marcha, o desempenho no cavalo, a “luta braço a braço”, exercícios de esquiva, de equilíbrio e a desenvoltura na superação dos obstáculos. Todas as atividades colocavam o praticante em condições 37 https://sites.google.com/site/historiaeducacaofisica/conteudos/conceito-contemporaneo-do-esporte Friedrich Ludwig Jahn, o pai da ginástica / Ginástica Olímpica Fonte: Wikipedia. que lhe exigiam coragem, vigor e habilidades guerreiras. Além dos exercícios físicos, os alunos escutavam nos intervalos palestras do professor sobre temas que enaltecesse a pátria e que desafiasse a juventude para a guerra (SILVA, 1998). Já na escola nórdica, tendo a Suécia como referência, houve a grande influência da ginástica filantropina alemã. É necessárioobservar que a sistematização pedagógica da ginástica sueca foi apenas um protótipo do movimento ginástico escandinavo que abrangia os países da Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia e Estônia-Letônia. A Suécia é destacada dentre os país es nórdicos, porque esse país foi palco de uma das maiores sistematizações pedagógicas da educação física escolar no século XIX (PEREIRA; MOULIN, 2006). É possível inclusive afirmar que o ideário filantropino se desenvolveu mais na Escandinávia do que na Alemanha, e tudo isso devido ao trabalho de Fue Franz Nachategall (1777-1847), que fundou em 1799 um Instituto de Ginástica em Copenhague nos moldes filantropinos, o grande destaque foi o sueco Pehr Henrik Ling (1776-1839), que teve de lutar com energia e tenacidade ao procurar estabelecer ramos científicos aos exercícios físicos, levando para a Suécia as ideias do alemão Guts Muths (PEREIRA; MOULIN, 2006). 38 A prática de exercícios em grupo: herança sueca Fonte: Wikipedia. Pehr Henrik Ling então dividiu sua ginástica em quatro partes, sendo: Pedagógica, voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças; Militar, incluindo o tiro e a esgrima; Médica, que era baseada na pedagógica, evitando também as doenças; Estética, preocupada com a aparência do corpo. Os exercícios eram estabelecidos com um critério localizado, analítico, enfocados sobre uma articulação e o acionamento do grupo muscular que a mobilizava. As demais partes do corpo mantinham-se na posição inicial, fixando-a e evitando todo movimento, afim de assegurar assim a máxima localização (DALLO, 2007). Assim, a ginástica nórdica foi o grande trampolim para tudo o que se conhece como ginástica atualmente (PEREIRA; MOULIN, 2006). 39 Antigo ginásio onde se treinava a escalada Fonte: Wikipedia. Já na escola francesa, temos como referência principal Francisco Amorós y Ondeano (1770-1848), professor e militar espanhol, naturalizado francês. Ele dividiu a ginástica em civil, industrial, militar, médica e cênica. Há de se destacar outros nomes importantes dentro da escola de ginástica francesa. O Dr. Fernand Lagrange (1845-1909) aplicou-se em estudar e divulgar os efeitos fisiológicos e higiênicos dos exercícios físicos. Já o Dr. Philippe Auguste Tissié (1852- 1935) dedicou-se a defender e implantar as ideias de Ling (ginástica nórdica) na França com objetivos higiênicos (SILVA, 1998). Outro nome importante foi o Dr. Georges Demeny (1850-1917), responsável por uma consistente elaboração pedagógica para a Educação Física escolar da segunda metade do século XIX, aprofundando a área prática dos exercícios ginásticos, contribuindo para a sistematização de uma Educação Física científica para a escola pública na França (SILVA, 1998). O método conhecido como ginástica natural teve um francês como seu desenvolvedor em 1906. O tenente de navio Georges Hébert (1875-1957) defendia que a Educação Física deveria preconizar os movimentos naturais do ser humano, como: correr, escalar, nadar, saltar, empurrar e puxar (PEREIRA; MOULIN, 2006). 40 Por sua vez, a escola Inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como precursor Thomas Arnold (1795-1842), considerado pai da pedagogia do esporte. Ele reconhecia na sua concepção de esportes, três características principais: um jogo, uma competição e uma formação. As duas primeiras já caracterizavam o esporte na antiguidade, mas para a questão da formação, o criador do esporte moderno dava um sentido diferente da visão do filosofo Platão (427-347 a.C..), que entendia o corpo e a alma unificados. Arnold, porém, acreditava que o corpo era um meio para a moralidade, definindo o esporte como um auxiliar do corpo (TUBINO, 1999). Thomas Arnold, quando esteve a frente do Colégio Rugby, na Inglaterra, no período entre 1828 e 1842, incorporou as atividades físicas praticadas pela burguesia e pela aristocracia inglesas ao processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos e criassem regras e códigos próprios, numa atmosfera de fairplay, termo que significa a atitude cavalheiresca na disputa esportiva, respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros (TUBINO, 1999). Com a propagação das ideias destas quatro grandes escolas pelo mundo, a Educação Física passou a ser mais estudada, organizada e reconhecida, conquistando seu espaço e ganhando cunho científico, tornando-se indispensável na vida das pessoas de todas as idades e com os mais variados objetivos. A Importância da Calistenia para a Educação Física Moderna Observando a história da Educação física, podemos dizer que a calistenia foi o verdadeiro marco do desenvolvimento da Educação Física moderna com fundamentos específicos e abordagens destinadas a diversos públicos tais como obesos, crianças, sedentários, idosos e mulheres. 41 A palavra “calistenia” tem origem nas palavras gregas kallos, que significa “beleza” e stehnos, que significa “força”, e começou a ser difundida em 1822 tanto na França como na Inglaterra pelo suíço Phoktion Heinrich Clias (1782-1854), tendo sua origem nos princípios da ginástica Nórdica e apresentada com uma divisão de oito grupos de exercícios localizados (CLERK, CRENN e LISTELLO, 1964). Em 1827, Marian Mason, que era discípula de Clias, publicou o livro “On the utility of exercise” na Inglaterra, que descrevia as vantagens do exercício calistênico (CLERK, CRENN e LISTELLO, 1964). Em 1829, Clias publicava o livro “Kallisthenie - Exercises for Beauty and Strength”, a partir do qual a calistenia foi denominada como exercício físico de forma ritmada, usando apenas o do peso corpo e sem nenhum tipo de equipamento ou apoio (ALIJAS e TORRE, 2015). Nos EUA, a difusora da calistenia foi a americana Catherine Beecher (1800-1878), com a publicação do livro “Physiology and Calisthenics for schools and families”. A partir disso, a calistenia ganhou força nos EUA com o movimento “Saúde, Educação Física e Recreação”, que utilizou a prática de atividade física para promover a saúde na população da época. Basicamente, o movimento estimulava a prática da calistenia para toda a população, independente de sexo e/ou nível de condicionamento. Além do treinamento físico proposto pelos exercícios calistênicos, o movimento também tinha um foco de sociabilização, uma vez que todos participavam juntos (MACHADO, 2017). Porém, foi através do Dr. Dio Lewis (1823-1886) e da Associação Cristã de Moços (ACM) que a Calistenia se propagou pelo EUA, pois passou a ser encarada como um sistema de treinamento, praticada em clubes e associações, sendo introduzida nas escolas americanas em 1860. As aulas de Calistenia eram elaboradas levando em consideração seis princípios (AMARAL, 1965), sendo: Princípio da seleção: utiliza os exercícios que mais se adaptam aos objetivos propostos; Princípio da precisão: os movimentos devem ser executados com a mecânica correta para evitar possíveis lesões; Princípio da totalidade: os movimentos devem envolver grandes músculos nas sessões de treinamento; Princípio da progressão: aumento do número de exercícios e da intensidade em função dos objetivos; Princípio da unidade: os exercícios deveriam ser selecionados a partir de uma estratégia, para evitar sobrecarga e Princípio da adaptação: os estímulos devem ser fortes para promoverem adaptação de forma individual nas sessões de calistenia. 42 Agachamento com peso corporal Fonte: Wikipedia. Os exercícios foram divididos em oito grupos, organizados a partir da seleção de objetivos e considerando a prescrição das sessões de treino (ALIJAS e TORRE, 2015). Os grupos eram divididos em: Braços e pernas; Região posterior-superior do tronco; Região posterior-inferior do tronco; Região lateral do tronco; Equilíbrio; Região abdominal; Gerais do ombro e Saltos e corridas. A partir da influência das grandes escolas de ginástica e da prática da Calistenia, a Educação Física ganhou forte importância na sociedade e se propagou pelo mundo, sendo introduzida também no Brasil. E este será o foco da nossa próxima aula. Aguardo você! 43 Asquatro grandes escolas de ginástica (alemã, nórdica, francesa e inglesa) tiveram papel crucial para a evolução da Educação Física, trazendo a prática dos exercícios físicos com direcionamentos para diversos objetivos, como: militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das escolas, médica voltada à higiene e à saúde, preparação físico dos trabalhadores e também estética. Mas foi o surgimento da calistenia que abriu caminho para grande avanço da Educação Física moderna, com parâmetros base para o que temos atualmente. 44 Acesse o link: Disponível aqui Nesta aula observamos a importância e evolução da ginástica para a Educação Física. Neste sentido, uma reportagem do site globoesporte.com intitulada “Projeto de ginástica geral em Petrolina desenvolve e difunde a modalidade”, traz a importância de um projeto que introduziu no ambiente escolar a prática da ginástica. “Com a proposta de promover o lazer saudável, e com isso o bem-estar físico, psíquico e social, a Ginástica para Todos (GPT) preza pelo respeito ao indivíduo, já que ela não impede que qualquer pessoa, independente da idade, sexo ou capacidade física, pratique o esporte. A modalidade é reconhecida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) e utiliza dos princípios de ginásticas como rítmica, artística, acrobática, além de dança e folclore.” Gostou do assunto? Então confira a reportagem completa! 45 http://globoesporte.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2015/11/projeto-de-ginastica-geral-em-petrolina-desenvolve-e-difunde-modalidade.html 05 Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Higienista 46 Caro aluno, Nós já observamos a história da Educação Física em várias sociedades e aprofundamos as informações em algumas escolas de ginástica que tiveram papel importante para a evolução desta área. A partir desta aula, olharemos para a introdução e evolução da Educação Física no Brasil, dando destaque aos diversos períodos e tendências ideológicas ao longo dos tempos. Você verá que basicamente falaremos da Educação Física escolar, já que as graduações voltadas ao bacharelado são mais recentes. Para compreendermos o papel da Educação Física no Brasil, é necessário resgatarmos a história da disciplina e seus respectivos períodos. A história da Educação Física no país dependeu inteiramente das transformações na história do Brasil. Assim, vamos contextualizar sempre o período histórico em que o país se encontrava para que você consiga entender o processo da evolução desta área. Começamos então pelo Brasil colônia, que data a partir do ano de 1500, em que há relatos relacionados à Educação Física, descritos por Pero Vaz de Caminha, que em uma de suas cartas, relatou indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando ao som de uma gaita tocada por um português. Certamente esta foi a primeira “aula de ginástica e recreação” relatada no Brasil (RAMOS, 1983). De modo geral, sabe-se que as atividades físicas realizadas pelos indígenas no período do Brasil colônia estavam relacionadas a aspectos da cultura primitiva, como já foi descrito na aula 3, tendo características elementares de cunho natural (brincadeiras, nado, escalada e locomoção), utilitário (aprimoramento das atividades agrícolas, de caça, pesca, outros), guerreiras (proteção de suas terras), recreativo e religioso (como as danças, agradecimentos aos deuses, festas, encenações, etc.) (GUTIERREZ, 1972). Posteriormente, ainda no período colonial (1500-1822), surge a capoeira por influência dos escravizados africanos, sobretudo no Rio de Janeiro e na Bahia, sendo uma atividade criativa e rítmica (RAMOS, 1983). Desta forma, podemos destacar que no Brasil colônia, as atividades físicas realizadas pelos povos indígenas e escravizados africanos, representaram os primeiros elementos da Educação Física no Brasil. 47 Aquarela “A luta dos negros”, de Augustus Earle, 1842 Fonte: Wikimedia. Apesar destes primeiros elementos, o desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil ocorreu no período do Brasil império (1822-1889), em que surgiram os primeiros tratados sobre a área. O método alemão de ginástica foi o primeiro a se instalar no Brasil, praticado desde o início do século XIX tanto pelos imigrantes quanto pelos militares. No sul do país, a ginástica patriótica do alemão Jahn funcionou para os imigrantes e seus descendentes como uma forma de preservação da identidade cultural. A influência da ginástica sueca foi posterior à da ginástica alemã, localizando-se inicialmente no meio civil do Rio de Janeiro. Sua transferência não ocorreu através de imigrantes ou militares, mas resultou do processo político-civilizador de formar uma sociedade nacional “independente”, racional e higiênica. Em 1823, Joaquim Antônio Serpa (1825-1900) elaborou o “Tratado de Educação Física e Moral dos Meninos”, entendendo que a educação moral auxiliava na Educação Física e vice-versa, apontando que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do espírito, considerando que os exercícios físicos deveriam ser divididos em duas categorias, sendo aqueles que exercitavam o corpo, e aqueles que exercitavam a memória (GUTIERREZ, 1972). 48 O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica, ocorreu oficialmente com a reforma do ensino de 1851, feita por Luís Pedreira do Couto Ferraz (1818-1886). Porém, foi somente em 1882 que Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923), ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, Secundário e Superior”, denota importância à Ginástica na formação do brasileiro. Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em países mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável para formação integral da juventude (RAMOS, 1983). O projeto de Rui Barbosa buscava instituir uma sessão essencial de Ginástica em todas as escolas de ensino normal e estender a prática obrigatória para ambos os gêneros, uma vez que as meninas não tinham obrigatoriedade em fazê-la. Rui Barbosa propõe também inserir a Ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, além de buscar a equiparação em categoria e autoridade dos professores de Ginástica em relação aos professores de outras disciplinas. No entanto, a implementação da Ginástica nas escolas ocorreu inicialmente apenas em parte do Rio de Janeiro e nas escolas militares (DARIDO e RANGEL, 2005). Em 1890, inicia-se a primeira fase do Brasil república (1890-1930). Podemos destacar que a ginástica francesa foi a última a ser introduzida no país e a que efetivamente tornou-se obrigatória no território brasileiro. Sob um vínculo militar, a ginástica com o método da escola de Joinville-le-Pont (escola de uma pequena comunidade francesa) foi introduzida inicialmente em São Paulo, em 1906, através da missão militar francesa que foi contrata da para instruir a Força Pública do Estado de São Paulo, a fim de capacitá-la para controlar os movimentos operários reivindicatórios. A partir de 1920, outros estados da Federação, além do Rio de Janeiro, começaram a realizar suas reformas educacionais e a incluir a Ginástica na escola (BETTI, 1991). Além disso, ocorre a criação de diversas escolas de Educação Física, que tinham como objetivo principal a formação militar (RAMOS, 1983). Dentro de todo esse período histórico do Brasil descrito nesta aula, predominavam na Educação Física ideias influenciadas pela medicina e pela eugenia, com enfoque higienista. Essa concepção possuía a preocupação principal com os hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do exercício físico (DARIDO e RANGEL, 2005). A Educação Física desta época, tendo profissionais da área médica, possuía como característica a utilização da Calistenia, não havendo interação entre professores e alunos durante as aulas. Os mais fracos e doentes eram excluídos das aulas e não 49 havia nenhuma interação com as questões pedagógicas da escola (SOARES, 2004). O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo contaminações,utilizou a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. Tal fiscalização era realizada no início das aulas quando era realizada a inspeção, momento em que os alunos deveriam mostrar aos professores a limpeza corporal – unhas, cabelos, pescoço, braços e pernas. Alunos com qualquer tipo de doença eram eliminados das aulas, aqueles que estivessem demonstrando qualquer tipo de impureza – roupa suja, unhas a fazer, etc., eram sumariamente excluídos. As blusas do uniforme da prática de Educação Física deveriam ser brancas, fato até hoje usualmente corriqueiro nas aulas da disciplina, tal cor foi admitida por representar a pureza e a limpeza (AZEVEDO, 1920). Olhando para a sociedade da época, havia a superioridade do sexo masculino e uma submissão da mulher, logo, no modelo higienista, o programa de exercícios físicos era diferente entre homens e mulheres. Mulheres fortes e sadias teriam mais condições de gerarem filhos saudáveis e estes estariam mais aptos a defenderem e construírem a Pátria, no caso dos homens, e de se tornarem mães robustas, no caso das mulheres (CASTELLANI FILHO, 2003). 50 Alunos em fila no ambiente escolar após prática de educação física Fonte: Disponível aqui Além disso, as crianças eram educadas e disciplinadas pelas mães, que ao dominar o conjunto de medidas e normas médicas, eram peça fundamental nas estratégias para a domesticação da classe operária. Nessa perspectiva, a Educação Física denominada higienista, visaria à preparação para o trabalho da população (SOARES, 2004). O modelo eugênico higienista de encarar a saúde pode ser considerado os precursores da pedagogia da Educação Física escolar, baseada na apologia ao estilo de vida ativo adquirido pela exercitação mecânica, cujos fundamentos refletem ainda nos dias de hoje naqueles que não seguem os direcionamentos impostos no que diz respeito à aparência física (SOARES, 2004). A busca por indivíduos fortes, a preocupação com os aspectos posturais, a influência médica e a boa aparência eram as metas dos programas de Educação Física da época, e que ainda persistem em alguns aspectos ainda nos dias atuais. Apesar disso, as instituições médicas favoreceram a compreensão da Educação Física como sinônimo de saúde e criação de hábitos higiênicos que afastassem a possibilidade de doenças e agravos de saúde, assim como um caminho para a promoção da eugenia, ou seja, o melhoramento da raça. Portanto, a medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos anatômicos e de rendimento físico (MOTA, 1992). 51 https://miro.medium.com/max/580/1*P2hWYe5dNZohVzJ8r2_CXg.jpeg A tendência higienista encerra seu ciclo em 1930, pois o mundo não estava mais preocupado com o desenvolvimento da medicina, mas sim com a possibilidade de uma guerra mundial (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). A partir de então, instala-se na Educação Física a tendência Militarista, e este será o assunto da nossa próxima aula. Espero você! Observando a história do Brasil, até 1930, a tendência ideológica predominante na Educação Física era a Higienista, tendo à frente profissionais da área médica que se baseavam na preocupação principal aos hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do exercício físico. O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. De modo geral, a medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos anatômicos e de rendimento físico. 52 Acesse o link: Disponível aqui Nesta aula vimos a tendência ideológica Higienista que tinha o foco direcionado à promoção da saúde. As contribuições da medicina para a Educação Física trouxeram conceitos que temos até hoje, e uma reportagem do programa “Bem Estar” da globo.com, intitulado “Atividade física combate insônia, depressão e problemas cardíacos”, trouxe justamente este direcionamento da área. “Além de emagrecer, o exercício físico melhora a qualidade de vida em vários aspectos: autoestima, melhora do sono e da respiração, por exemplo. A atividade física também pode ser um remédio para depressão, diabetes, colesterol alto, insônia e osteoporose.” Explicou o médico do esporte e consultor Gustavo Magliocca. Confira a reportagem na íntegra! 53 http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/01/atividade-fisica-e-remedio-para-insonia-depressao-diabetes-e-colesterol.html 06 Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Militarista 54 Caro aluno, Na última aula, conversamos a respeito da história da Educação Física no Brasil, e pudemos observar a influência da área médica direcionando a tendência higienista. Essa tendência predominou durante o Brasil império e início da república, mas a partir de 1930, os olhares e objetivos da sociedade estavam voltados à eminente guerra mundial, que acontece nove anos mais tarde. A partir de 1930, chamamos de segunda fase do Brasil república, com Getúlio Vargas assumindo o “governo provisório”, após golpe de Estado que impediu Júlio Prestes de assumir a presidência mesmo eleito por voto popular. Nesta época, após a criação do Ministério da Educação e Saúde, a Educação Física começa a ganhar destaque perante aos objetivos do governo. Nessa época, a Educação Física é inserida na constituição brasileira e surgem leis que a tornam obrigatória no ensino secundário (Ramos, 1983). Como já tratado na aula anterior, na intenção de sistematizar a ginástica dentro da escola brasileira, surgem os métodos ginásticos oriundos das escolas sueca, alemã e francesa, que conferiam à Educação Física uma perspectiva eugênica, higienista e militarista, na qual o exercício físico deveria ser utilizado para aquisição e manutenção da higiene física e moral (Higienismo), preparando os indivíduos fisicamente para o combate militar (Militarismo) (Darido e Rangel, 2005). O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-fisiológicos, buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade brasileira. Totalmente biologicista, esta tendência expressa a forma como os professores compreendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea (DAOLIO, 1995). A saúde dos indivíduos e a saúde pública, presentes na Educação Física Higienista de inspiração liberal, são relegadas em detrimento da ‘saúde da Pátria’. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1988). Com a implantação do Estado Novo (1937), a escola passa a sofrer transformações nos programas das disciplinas, em que os professores de Educação Física começaram a atuar recorrendo a filosofia da militarização, institucionalizando os corpos de seus alunos e renegando o aspecto educacional da prática (GUEDES, 1999). 55 A Educação Física Militarista passa a ser influenciada pelas questões bélicas, tendo preocupações com eventuais guerras e o envolvimento do país nestes conflitos. Para entendermos melhor as circunstâncias, o período militarista se configura entre o final da Primeira e a Segunda Guerra Mundial, portanto, uma época de conturbações políticas (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). Havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treinamento para os alunos. As aulas passam a ser ministradas, em sua maioria, por militares. Exercícios como polichinelo, abdominal, flexão de braço, corridas, defesa pessoal, instruções militares e ginásticas passam a configurar como conteúdos da Educação Física escolar (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). A relação aluno-professor abandona a postura paciente-médico, como era considerada na tendência Higienista, e passa a vigorar como recruta-sargento, não havendo diálogo entre ambos. Os fundamentos do nazismo e do fascismo, em ascensão na Europa,também são marcantes na aplicação da Educação Física, em que é incorporado o nacionalismo exacerbado por meio de hinos e canções de amor à pátria, a preocupação com a limpeza da raça (eugenia), o racismo, o culto ao belo e a exclusão dos ditos inferiores, sendo situações frequentes nas aulas (FERREIRA, 2009). As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas por instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia (SOARES et al.,1992). O tema saúde era abordado somente quanto a construção de futuros soldados, fortes e doutrinados, capazes de representar a pátria em combates, o que acabou acontecendo em 1944, durante a Segunda Grande Guerra. Nas aulas de Educação Física havia a exclusão dos mais fracos e incapazes, pois a eugenia ainda era preconizada como meio de seleção dos melhores (FERREIRA, 2005). 56 A tendência ideológica militarista foi instituída durante o governo do presidente Getúlio Vargas, enquanto os olhares e objetivos da sociedade estavam voltados a eminente guerra mundial, em que havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treinamento para os alunos. As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas por instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia Assim, a Educação Física serviu como uma ferramenta ideológica para alienação social, favorecendo aos interesses do ideário dominante da ditadura de Getúlio Vargas. As mulheres começaram a ser incluídas de forma mais forte nas aulas de Educação Física, porém separadas dos homens. Esta separação ocorria, pois os exercícios masculinos eram mais rigorosos e a ginástica feminina era mais calma. O objetivo desta inclusão mais marcante era favorecer a saúde feminina, porém com a real preocupação em preparar as futuras mães. Assim, a Educação Física feminina se preocupava em preparar o corpo de suas alunas para uma boa gestação, tendo o pensamento voltado ao nascimento de brasileiros puros e saudáveis, apontando mais uma vez para a ideia da eugenia (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). Apesar disso, a absorção de instrutores militares pelo âmbito educacional foi apenas um dos fatores para a concretização da área da Educação Física na escola. (CAPARROZ, 2005). As disciplinas de Educação Física e Educação Moral e Cívica eram elos de uma mesma corrente, articuladas no sentido de darem à prática educacional a conotação almejada pelos responsáveis da política de governo. Assim, a Educação Física serviu como uma ferramenta ideológica para alienação social, favorecendo aos interesses do ideário dominante da ditadura de Getúlio Vargas (CASTELLANI FILHO, 2003). 57 Alunos assistem ao hasteamento da bandeira nacional, ca. 1977 Foto: arquivo pessoal. [...] análises que confundem duas questões que logicamente mantêm relação entre si, mas que não podem ser colocadas como idênticas: a obrigatoriedade da educação física em todas as escolas primárias, normais e secundárias, expressa no artigo 131 da Carta Constitucional; a criação de Centros da Juventude, pelo artigo 132, artigo este que se refere a ‘adestramento physico’ mas que não faz menção direta à educação física, ainda que seja possível inferir que tal adestramento seria responsabilidade dessa área (CAPARROZ, 2005). Nesta época, foi fundada a primeira escola de Educação Física do exército e posteriormente, em 1939, foi criada a primeira escola civil de formação de professores da área, a Escola Nacional de Educação Física e Desportos, integrada à Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo o corpo docente composto por instrutores de Educação Física e médicos (SOUZA NETO et al., 2004). 58 Com o final da segunda guerra mundial, em 1945, o pensamento militar também foi colocado de lado, dando início a construção de uma nova Educação Física no Brasil, baseada em conceitos pedagógicos do modelo americano, um dos países vencedores da guerra (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). Começa então a predominar a tendência ideológica Pedagogicista, que será assunto a ser discutido na próxima aula. Aguardo você! Acesse o link: Disponível aqui Nesta aula observamos que a Educação Física foi utilizada dentro da tendência ideológica Militarista para implantar valores objetivados pelo governo da época. Olhando a Educação Física, ainda hoje ela pode ser o caminho para a conscientização e implantação de valores na sociedade. Neste sentido, a reportagem intitulada “Educação Física estimula valores éticos e morais” do jornal eletrônico “Hoje em dia”, nos trás justamente esta perspectiva. “Do ponto de vista social, desde que esteja vinculado ao desenvolvimento e à prática de valores, o esporte tem a capacidade de melhorar a convivência entre os colegas e estimular a cooperação”, explica a professora de pedagogia do esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Cláudia Porfírio Couto. Assunto bacana, não é? Então confira a reportagem completa! 59 https://www.hojeemdia.c.om.br/horizontes/educa%C3%A7%C3%A3o-f%C3%ADsica-estimula-valores-%C3%A9ticos-e-morais-1.171624 07 Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Pedagogicista 60 Caro aluno, Na última aula você acompanhou a evolução histórica da Educação Física no Brasil entre 1930 e 1945, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, em que a tendência ideológica predominante era a militarista. Com o final da segunda guerra mundial em 1945, o pensamento militar também foi colocado de lado, dando início a construção de uma nova Educação Física no Brasil, baseada em conceitos pedagógicos, dando inicio então à tendência ideológica Pedagogicista. O contexto político, social, econômico e histórico do país nas décadas posteriores a guerra conduziram a esta tendência, sendo a concepção que reclamou na sociedade a necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física como uma prática eminentemente educativa (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994). Com a derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, a Educação Física passa a sofrer a influência do liberalismo americano, assim como grande parte do mundo ocidental. Nos Estados Unidos, a Educação Física recorria a jogos e brincadeiras, ginásticas, lutas e esportes, principalmente o basquetebol e o voleibol, conteúdos logo assimilados pela disciplina no Brasil (SESC, 2003). Com o crescimento da escola pública no Brasil, a Educação Física recebe impulsos da ideologia desenvolvimentista do Governo de Juscelino Kubitscheck e passa a se integrar pela primeira vez nas questões pedagógicas, passando a ser o centro vivo da escola. Dentro do processo de implantação da Educação Física na matriz curricular das escolas, buscava-se habilidades consideradas fundamentais para a saúde física e mental, por meio de festas, torneios, gincanas, desfiles, formação de bandas musicais, entre outras, havendo maior preocupação com a inclusão para a participação dos alunos, visando o lazer com o intuito de gerar o controle emocional, o aproveitamento das horas livres e a formação do caráter dos alunos (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1998). 61 Aluno participa de competição entre escolas Fonte: Disponível aqui A saúde passa a ser discutida de forma teórica na disciplina e assuntos como primeiros socorros, higiene, prevenção de doenças e alimentação saudável são incorporados às aulas de Educação Física. Entretanto, no período ainda não se notava uma preocupação com a saúde coletiva, e sim individual. Não havia discussões sobre lazer, moradia, emprego e saneamento, condições básicas para a saúde, na visão da Saúde Coletiva (FERREIRA, 2009). Um fato negativo desta época é o início do culto ao corpo de forma consumista, a partir da década de 1960, fortemente apoiado pelo modelo american way of life (modode vida americano), que passa a ser copiado pela sociedade brasileira (COURTINE, 1995). Inversamente a este fato, a tendência Pedagogicista, denominada por alguns como biopsicossocial, foi inspirada no discurso liberal do movimento conhecido com “Escola Nova”, “Escola Ativa”, que buscava uma renovação do ensino para efetivar um caráter mais educacional à Educação Física, que mesmo sustentando o pensamento liberal burguês, foi o primeiro movimento na área que buscou a valorização da Educação Física perante a sociedade (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994). 62 https://www.maispajeu.com.br/2016/12/fotos-antigas-dos-jogos-escolares-da.html As introduções de ideias pedagógicas fizeram com que a Educação Física fosse reconhecida como um meio de educação, pois advogava no sentido de explicar que o homem, para ser instruído de forma integral, deveria não somente ser educado cognitiva e afetivamente, mas também no campo físico. Este fato proporcionou aos professores da disciplina substituir os métodos mecânicos da prática por métodos mais lúdicos (GUEDES,1999). A Educação Física Pedagogicista está preocupada com a juventude que frequenta as escolas. A ginástica, a dança, o desporto etc, são meios de educação do alunado. São instrumentos capazes de levar a juventude a aceitar as regras de convívio democrático e de preparar as novas gerações para o altruísmo, o culto a riquezas etc (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1998). Assim como os militares da tendência militarista tentaram superar os métodos médicos da tendência higienista, foram os pedagogos que procuraram tomar o lugar dos militares na tendência Pedagogicista, apesar de alguns resquícios da área médica e militar que se mantiveram presentes nas aulas dos professores da época. Mesmo assim, a partir de agora a relação era, enfim, aluno-professor (GUEDES,1999). 63 A tendência Pedagogicista surgiu na Educação Física no Brasil, após o término da Segunda Guerra Mundial, por influência do liberalismo Americano, em que as introduções de ideias pedagógicas fizeram com que a área fosse reconhecida como um meio de educação, pois advogava no sentido de explicar que o homem, para ser instruído de forma integral, deveria não somente ser educado cognitiva e afetivamente, mas também no campo físico. Este fato proporcionou aos professores da disciplina substituir os métodos mecânicos da prática por métodos mais lúdicos, buscando habilidades consideradas fundamentais para a saúde física e mental, por meio de festas, torneios, gincanas, desfiles, formação de bandas musicais, entre outras, havendo maior preocupação com a inclusão para a participação dos alunos, visando o lazer com o intuito de gerar o controle emocional, o aproveitamento das horas livres e a formação do caráter dos alunos. Outro fato extremamente importante para a consolidação da Educação Física Pedagogicista foi quando as disciplinas de “prática de ensino”, “recreação e lazer”, didática”, entre outras com este novo direcionamento, foram incluídas dentro dos currículos das faculdades. Estas disciplinas visavam formar o futuro profissional de Educação Física com um olhar mais direcionado ao ato educativo, levando o professor a pensar a atividade física não só como meio de desenvolver a eficiência e o rendimento (CASTELHANI FILHO, 1988). O aspecto não crítico da Educação Física Pedagogicista elencava alguns fins para os quais a área deveria ser dirigida: Saúde: a Educação Física deveria contribuir para a saúde física e mental; Caráter e qualidades mínimas de um bom membro de família e bom cidadão, no qual a Educação Física serviria para o desenvolvimento do caráter; Preparação vocacional, no qual certos tipos de atividades físicas, especialmente as competições desportivas, desenvolveriam controle emocional 64 e liderança; Uso contínuo das horas livres ou de folga: A Educação Física estaria relacionada com o intuito de ir contra o mau aproveitamento do tempo livre, pois isto poderia destruir a saúde, reduzir a eficiência e quebrar o caráter, além de degradar a vida (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994). A Educação Física Pedagogicista seguiu, então, a forma da educação liberal, a qual buscava a formação de um cidadão voltado aos valores da sociedade vigente. E que em um primeiro momento, discutiu uma nova concepção de Educação Física, mas que apesar de sua contribuição, não fugiu a reprodução dos ideais conservadores. Outro marco importante para a Educação Física escolar foi a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LBD. Nº 4024, em 1961. Na escola primária, a Educação Física teve como objetivo a recreação (individual e coletiva) nos seus variados aspectos, onde era realizada por meio das atividades naturais, jogos, atividades rítmicas, dramatizações, atividades complementares, visando abarcar a totalidade do desenvolvimento do aluno (Programa da Escola Primária de São Paulo, 1967). Durante toda a década de 1960, a Educação Física se preocupou também com a atitude postural adequada, com a coordenação sensório motor, o refinamento dos sentidos, e o aumento da sensibilidade rítmica, favorecendo a coeducação, e o conhecimento de nossos costumes (ARANTES, 1991). Neste período houve por parte governamental e pela iniciativa privada, um significativo esforço para uma escolarização diversificada, podendo ser notada pela criação de inúmeras experiências inovadoras no processo de educação formal tais como os ginásios pluri-curriculares, vocacionais, a unificação em dois níveis dos anos do primário formando apenas dois blocos (ARANTES, 1991). 65 A Educação Física brasileira parecia caminhar a passos largos para uma boa utilização de seus métodos, passando a ter sua aplicação em prol da discussão teórica- educacional. Porém, um fato histórico no Brasil causou um retrocesso tamanho com uma lastimável volta ao biologicismo: a ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964, assunto este que será discutido na nossa próxima aula. Aguardo você! 66 Acesse o link: Disponível aqui Nesta aula, você aprendeu que a tendência ideológica Pedagogicista aponta para a importância da Educação Física para a transformação integral dos alunos, para que ele entenda os seus limites e exerça papel como sujeito ativo dentro da escola e na sociedade. Vindo neste mesmo sentido, a reportagem intitulada “A importância da Educação Física na Escola”, publicada pelo site globo.com visitou uma escola na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, e conversou com profissionais sobre o tema: “A escola estimula todos os alunos a participarem das mais variadas atividades esportivas, acreditando sempre que o esporte seja parte integrante do desenvolvimento de importantes habilidades, como a socialização, o trabalho em equipe, o respeito a regras, a cultura corpórea e o aprender a ganhar e, também, a perder.” Gostou do tema? Então confira agora a reportagem na íntegra! 67 https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/especial-publicitario/objetivo-sorocaba/conduzindo-o-melhor-de-voce/noticia/a-importancia-da-educacao-fisica-na-escola.ghtml 08 Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Esportitivista 68 Caro aluno, Observando todo o processo histórico da Educação Física no Brasil, há que se concordar que os maiores avanços para a área no sentido pedagógico e com olhar do aluno como ser integral, aconteceram durante a implantação das ideias da tendência Pedagogicista, sob influência do liberalismo americano. Porém, estes avanços foram interrompidos com o golpe militar de 1964, trazendo para a área ideias retrógradas. A tendência ideológica dominante na Educação Física, a partir de então, foi conhecida como Esportitivista, Competitivista, Mecanicista ou Tecnicista. Com a tomada de poder pelos militares em 1º de abril de 1964, é instalado um governo em que as pessoas com ideias contrárias à ditadura eram rigorosamente punidas com perseguições, cadeia, exílio e morte. A censura passa a ser exercida e ocorrem fiscalização de sindicatos, entidades estudantis e partidárias (FERREIRA, 2009). Nesse período, o Brasil consegue
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