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História e Legislação da Educação Física livrei

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Questões resolvidas

O fato de buscarmos uma crítica do presente através do conhecimento histórico não significa que ela deva se submeter às compreensões apenas ideológicas. A História tem um caminho para contribuir na compreensão da sociedade que se diferencia e deve se diferenciar, de outros campos do conhecimento.

A Educação Física tem qual objetivo em relação à formação integral das pessoas?

a) Estimular um estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da população.
b) Desenvolver apenas habilidades motoras e atitudes em crianças e adolescentes.
c) Atuar exclusivamente em clubes esportivos e de lazer.

Observando a história do Brasil, até 1930, a tendência ideológica predominante na Educação Física era a Higienista, tendo à frente profissionais da área médica que se baseavam na preocupação principal aos hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do exercício físico. O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. De modo geral, a medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos anatômicos e de rendimento físico.

a) A tendência higienista encerra seu ciclo em 1930.
b) A tendência militarista inicia-se a partir de 1930.
c) A Educação Física Higienista valorizava apenas o desenvolvimento físico.

O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-fisiológicos, buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade brasileira. Totalmente biologicista, esta tendência expressa a forma como os professores compreendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea. A saúde dos indivíduos e a saúde pública, presentes na Educação Física Higienista de inspiração liberal, são relegadas em detrimento da ‘saúde da Pátria’.

a) O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios sociológicos.
b) A Educação Física Higienista valorizava a saúde pública em detrimento da ‘saúde da Pátria’.
c) O militarismo buscava a criação de um homem crítico à realidade brasileira.

A tendência ideológica militarista foi instituída durante o governo do presidente Getúlio Vargas, enquanto os olhares e objetivos da sociedade estavam voltados a eminente guerra mundial, em que havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treinamento para os alunos.

a) A tendência militarista foi instituída durante o governo de Juscelino Kubitschek.
b) A Educação Física Militarista visava preparar os jovens para a vida pacífica.
c) A Educação Física foi encarada como um meio de treinamento para os alunos durante a tendência militarista.

A criação do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) foi de extrema importância para a solidez da profissão, pois a partir de 1º de setembro de 1998 ficou instituído que apenas profissional devidamente registrado no Conselho da classe está habilitado para a atuação, protegendo, acima de tudo, a sociedade. Qual é a missão do Sistema CONFEF/CREFs?

A missão do Sistema CONFEF/CREFs é garantir à sociedade que o direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e esportivas seja exercido por profissionais de Educação Física.

Em 2020, contamos com 21 Conselhos Regionais espalhados pelo país, sendo: CREF1/RJ-ES; CREF2/RS; CREF3/SC; CREF4/SP; CREF5/CE; CREF6/MG; CREF7/DF; CREF8/AM-AC-RO-RR; CREF9/PR; CREF10/PB; CREF11/MS; CREF12/PE; CREF13/BA; CREF14/GO-TO; CREF15/PI; CREF16/RN; CREF17/MT; CREF18/PA-AP; CREF19/AL; CREF20/SE; CREF21/MA.

Um recurso extremamente importante para que seja assegurado o direto da sociedade em ser atendido por um profissional graduado e registrado, é a área de busca no site do CONFEF, em que qualquer pessoa consegue pesquisar pelo nome, se quem está realizando o entendimento nas áreas pertinentes à Educação Física, é de fato um Profissional.

Realizando a busca e não identificando o registro de determinada pessoa que esteja exercendo a profissão, deve-se formalizar denúncia de exercício ilegal da profissão através site do CREF da região em que o fato ocorre, para que o Conselho faça a fiscalização.

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Questões resolvidas

O fato de buscarmos uma crítica do presente através do conhecimento histórico não significa que ela deva se submeter às compreensões apenas ideológicas. A História tem um caminho para contribuir na compreensão da sociedade que se diferencia e deve se diferenciar, de outros campos do conhecimento.

A Educação Física tem qual objetivo em relação à formação integral das pessoas?

a) Estimular um estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da população.
b) Desenvolver apenas habilidades motoras e atitudes em crianças e adolescentes.
c) Atuar exclusivamente em clubes esportivos e de lazer.

Observando a história do Brasil, até 1930, a tendência ideológica predominante na Educação Física era a Higienista, tendo à frente profissionais da área médica que se baseavam na preocupação principal aos hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do exercício físico. O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. De modo geral, a medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos anatômicos e de rendimento físico.

a) A tendência higienista encerra seu ciclo em 1930.
b) A tendência militarista inicia-se a partir de 1930.
c) A Educação Física Higienista valorizava apenas o desenvolvimento físico.

O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-fisiológicos, buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade brasileira. Totalmente biologicista, esta tendência expressa a forma como os professores compreendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea. A saúde dos indivíduos e a saúde pública, presentes na Educação Física Higienista de inspiração liberal, são relegadas em detrimento da ‘saúde da Pátria’.

a) O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios sociológicos.
b) A Educação Física Higienista valorizava a saúde pública em detrimento da ‘saúde da Pátria’.
c) O militarismo buscava a criação de um homem crítico à realidade brasileira.

A tendência ideológica militarista foi instituída durante o governo do presidente Getúlio Vargas, enquanto os olhares e objetivos da sociedade estavam voltados a eminente guerra mundial, em que havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treinamento para os alunos.

a) A tendência militarista foi instituída durante o governo de Juscelino Kubitschek.
b) A Educação Física Militarista visava preparar os jovens para a vida pacífica.
c) A Educação Física foi encarada como um meio de treinamento para os alunos durante a tendência militarista.

A criação do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) foi de extrema importância para a solidez da profissão, pois a partir de 1º de setembro de 1998 ficou instituído que apenas profissional devidamente registrado no Conselho da classe está habilitado para a atuação, protegendo, acima de tudo, a sociedade. Qual é a missão do Sistema CONFEF/CREFs?

A missão do Sistema CONFEF/CREFs é garantir à sociedade que o direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e esportivas seja exercido por profissionais de Educação Física.

Em 2020, contamos com 21 Conselhos Regionais espalhados pelo país, sendo: CREF1/RJ-ES; CREF2/RS; CREF3/SC; CREF4/SP; CREF5/CE; CREF6/MG; CREF7/DF; CREF8/AM-AC-RO-RR; CREF9/PR; CREF10/PB; CREF11/MS; CREF12/PE; CREF13/BA; CREF14/GO-TO; CREF15/PI; CREF16/RN; CREF17/MT; CREF18/PA-AP; CREF19/AL; CREF20/SE; CREF21/MA.

Um recurso extremamente importante para que seja assegurado o direto da sociedade em ser atendido por um profissional graduado e registrado, é a área de busca no site do CONFEF, em que qualquer pessoa consegue pesquisar pelo nome, se quem está realizando o entendimento nas áreas pertinentes à Educação Física, é de fato um Profissional.

Realizando a busca e não identificando o registro de determinada pessoa que esteja exercendo a profissão, deve-se formalizar denúncia de exercício ilegal da profissão através site do CREF da região em que o fato ocorre, para que o Conselho faça a fiscalização.

Prévia do material em texto

HISTÓRIA E LEGISLAÇÃO 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Prof. Me. PEDRO HENRIQUE RODRIGUES
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenadora Pedagógica do Curso
Inserir nome da coordenadora responsável
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
G915b Sobrenome, Nome autor
Titulo Disciplina [livro eletrônico] / Nome completo autor. - 
Marília: Unimar, 2020.
PDF (XXX p.) : il. color.
ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
1. palavra 2. palavra 3. palavra 4. palavra 5. palavra 6.
palavra 7. palavra 8. palavra I. Título.
CDD – 610.6952017
Introdução
Olá, aluno, seja bem-vindo a esta disciplina!
Gostaria de apresentar a você, de forma resumida, os objetivos deste material e quais
os conteúdos que iremos trabalhar ao longo das aulas.
O objetivo desta disciplina é apresentar a relação entre homem e o movimento
corporal, objeto de estudo da área em que você está se inserindo, junto ao
entendimento do processo histórico e evolução da Educação Física no mundo e no
Brasil, para que possamos refletir e entender sobre a área e suas possibilidades de
atuação no mercado de trabalho, nos dias de hoje, observando também a legislação
vigente que regulamenta a profissão para a proteção da sociedade e do profissional
devidamente graduado e registrado no Conselho de Educação Física.
Primeiramente entenderemos por que estudar a história. Assim, você verá que é uma
ciência que estuda a vida do homem ao longo do tempo e investiga o que a
humanidade fez, pensou e sentiu enquanto seres sociais. Nesse sentido, o
conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói
seu tempo. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física
que vai nos dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens
de exercício da profissão e seu renome na sociedade atual.
No segundo capítulo, apresentaremos um panorama das áreas de atuação na
Educação Física atual, e para isso, conheceremos as formações em Licenciatura e
Bacharelado, definindo as formas e locais de atuação de ambas.
A partir daí, começaremos a olhar para o processo histórico, vendo a importância dos
movimentos corporais nas diversas civilizações antigas, com o uso voltado à
sobrevivência, preparação para a guerra, ritos e cultos, jogos e práticas atléticas.
Antes de começarmos a falar da história da Educação Física do Brasil, entraremos
primeiro no início da Idade Contemporânea, que foi marcada pelo surgimento da
ginástica localizada, tendo quatro grandes escolas como responsáveis: a alemã, a
nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa.
As quatro grandes escolas de ginástica tiveram papel crucial para a evolução da
Educação Física, trazendo a prática dos exercícios físicos com direcionamentos para
diversos objetivos, como: militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das
3
escolas, médica voltada à higiene e saúde, preparação física dos trabalhadores e
também estética. Mas, foi o surgimento da Calistenia que abriu caminho para grande
avanço da Educação Física moderna, com parâmetros base para o que temos
atualmente.
Observando a história da Educação Física no Brasil, veremos várias tendências
ideológicas direcionando a área, com intuitos e objetivos diferentes, em que podemos
destacar o Higienismo, Militarismo, Pedagogicismo e Esportitivismo. A partir da década
de 80, começaremos a observar várias abordagens pedagógicas na área que se
mantém na Educação Física atual, como a Psicomotricidade, Desenvolvimentista,
Construtivista, Saúde Renovada, Crítico-superadora, Critíco-emancipatória e
Parâmetros curriculares nacionais.
Junto a essa evolução da área, abriremos espaço para discussões acerca da evolução
dos cursos de formação em Educação Física, assim como todo o processo que levou a
regulamentação da Profissão de Educação Física, no ano de 1998. A partir deste marco,
você verá que, felizmente, a área ficou restrita para a atuação de profissionais
graduados e com registro nos Conselhos Regionais (CREFs) e Federal de Educação
Física (CONFEF).
Por fim, conheceremos as atuações do CONFEF e CREFs, junto aos documentos
norteadores da profissão, como a Carta Brasileira de Educação Física, Código de Ética
do Profissional de Educação Física e Documento de Intervenção do Profissional de
Educação Física. Nestes capítulos você entenderá a importância dos Conselhos e destes
documentos para a solidez e maior reconhecimento da profissão perante a sociedade.
Assim, convido-o a caminhar comigo pela história da Educação Física, para
aprofundarmos os entendimentos a respeito desta bela área que você está escolhendo
como profissão. Bons estudos!
4
006 Aula 01:
017 Aula 02:
024 Aula 03:
035 Aula 04:
046 Aula 05:
054 Aula 06:
060 Aula 07:
068 Aula 08:
077 Aula 09:
086 Aula 10:
094 Aula 11:
102 Aula 12:
109 Aula 13:
116 Aula 14:
122 Aula 15:
130 Aula 16:
Por que Estudar a História? 
A Educação Física como Profissão 
O Surgimento da Educação Física 
A Idade Contemporânea e as Grandes Escolas de 
Ginástica
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Higienista
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Militarista
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Pedagogicista
Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica 
Esportitivista
Abordagens Pedagógicas na Educação Física Atual 
A Construção e Evolução dos Cursos de Graduação 
em Educação Física no Brasil
O Processo da Regulamentação da Educação Física 
no Brasil
Conselho Federal de Educação Física 
Conselhos Regionais de Educação Física 
Carta Brasileira de Educação Física 
Código de Ética dos Profissionais de Educação Física 
A Intervenção do Profissional de Educação Física
01
Por que Estudar 
a História?
6
Caro aluno,
Antes de iniciarmos nossas discussões a respeito da disciplina, quero que você pense
por alguns instantes sobre o significado da palavra “história”. Pensou? Agora reflita
sobre a importância de se estudar a história nos diversos contextos da sociedade.
Conseguiu?
Então, vamos lá!
O que a História Representa?
O dicionário Aurélio da língua portuguesa define “história” como:
Narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos,
em particular, e na vida da humanidade em geral; Conjunto de
conhecimentos adquiridos através da tradição e/ou por meio dos
documentos, relativos à evolução, ao passado da humanidade; [...]
Estudo das origens e processos de uma arte, de uma ciência ou de
um ramo do conhecimento [...] (FERREIRA, 2020).
Etimologicamente, história é uma palavra com origem no antigo termo grego ἱστορίαι
(historíai) que significa “investigação”, "pesquisa", "conhecimento através da
investigação". A palavra tem sua origem nas investigações de Heródoto, um geógrafo
e historiador grego (485 a.C..- 425 a.C..) que foi o autor da história da invasão persa à
Grécia nos princípios do século V a.C.., conhecida como “As histórias de Heródoto”.
Por ser o primeiro a conceber um método histórico capaz de reconstituir e explicar a
história do seu tempo, Heródoto é considerado o pai da história (SILVA, 2015).
7
Estátua de Heródoto
Fonte: Pixabay.
Os historiadores organizam a passagem do tempo etapas e para isso estabelecemos
fatos acontecidos antes da invenção da escrita e o que ocorreu depois. O anterior é a
pré-história e o posterior é propriamente a história, da qual se desenvolve em um
sentido cronológico em diferentes períodos: Antiguidade (de 4.000 a.C.. até 476 d.C..,
com a queda do Império Romano), Idade Média (de 476 d.C.. a 1453, com a conquista
de Constantinopla pelos turcos otomanos), Idade Moderna (de 1453 a 1789, quando
ocorre a Revolução Francesa) e Idade Contemporânea (de 1789 até os dias atuais)
(BORGES, 1996).
8
Saque de Roma, 455 d. C.
Fonte: Wikipedia.
Mesquita em Istambul, antiga Constantinopla
Fonte: Freepik.
9
A queda da bastilha na Revolução Francesa
Fonte: Wikipedia.
Assim, história é a reunião e análise de informações e conhecimentos sobre o
passado e o desenvolvimento da própria humanidade, em suas diversas
manifestações. A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do
tempo. Ela investiga o que a humanidade fez, pensou e sentiu enquanto seres sociais.
Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto
ser que constrói seu tempo (MELO, 2006).
E é a contribuição que ela pode trazer para a explicação da realidade
em que vivemos que nos leva a ver como fundamental sua
divulgação fora das universidades e das escolas onde ela está
prisioneira há longos anos. Essa divulgação se torna importante na
medida em que se acredita que a história, ajudando a explicar
realidade, pode ajudar ao mesmo tempo a transformá-la (BORGES,
1996).
Sintetizando este conceito, é por meio do estudo histórico que se obtém um conjunto
de informações sobre processos e fatos ocorridos no passado que contribuem para a
compreensão do presente. Há de se ter a consciência que sofremos e interferimos
diretamente na história, e que seu estudo é vivo e tem impacto em nossas vidas.
10
Então, para compreendermos o momento atual, em todas as áreas do conhecimento,
precisamos estudar e entender as circunstâncias e eventos construídos ao longo do
tempo.
Por que Estudar a História da
Educação Física?
Por que estudar a história da Educação Física? Gostaria que você pensasse por alguns
minutos sobre esta pergunta antes de seguirmos com a disciplina.
Pensou? É possível que esta pergunta já tenha sido diversas vezes pronunciada entre
os estudantes e professores dos diversos cursos superiores ligados à formação em
Educação Física por todo o país. Mas afinal, em que o estudo da história contribuiria
na formação do futuro Profissional de Educação Física?
A graduação deve dar condições, por meio de uma preparação
teórica aprofundada, para que o aluno possa recriar constantemente
sua atuação, a partir da compreensão da realidade que o cerca, dos
valores em jogo, das especificidades da atuação e das possibilidades
de que pode dispor para alcance de seus objetivos. A graduação
estaria preocupada em preparar o aluno para pensar/repensar sua
atuação, entendendo que há a necessidade de uma compreensão
teórica por trás de toda atuação, que nunca é só prática, mais
indissociadamente teórico-prática (MELO, 1997).
O fato de buscarmos uma crítica do presente através do conhecimento histórico não
significa que ela deva se submeter às compreensões apenas ideológicas. A História
tem um caminho para contribuir na compreensão da sociedade que se diferencia e
deve se diferenciar, de outros campos do conhecimento.
Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação Física que nos vai
dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia, junto às abordagens de
exercício da profissão e seu renome na sociedade atual.  É o conhecimento histórico
da área que vai nos conscientizar sobre a importância de se ter um conselho
profissional regulador, orientador e fiscalizador para proteção jurídica da atuação e
solidez na Educação Física.
11
Atualmente, a Educação Física visa a formação integral das pessoas, sejam crianças,
jovens, adultos ou idosos, desenvolvendo estilo de vida ativo com práticas de
atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de
vida da população. O Profissional de Educação Física exerce suas atividades por meio
de intervenções, utilizando-se de métodos e técnicas específicas de avaliação, de
prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e intelectivas, com fins
educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da saúde (CONFEF, 2000).
Mas, historicamente sempre foi assim? E o futuro da profissão? Seria possível planejar
o futuro a partir do exercício histórico?
Se o estudo do passado guarda uma relação relativa com o presente, mais relativa
ainda é sua relação com o futuro. O máximo que podemos fazer a partir do estudo
histórico é levantar algumas tendências, apresentar algumas possibilidades, mas de
forma alguma afirmar com exatidão os acontecimentos futuros (MELO, 2006).
Os homens fazem sua própria história, mas não fazem como
querem, não a fazem sob a circunstância de sua escolha e sim sob
aquelas que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo
passado (MARX, 1974).
Esta afirmação de Marx aponta uma reflexão importante para olharmos e
entendermos a Educação Física hoje. A reflexão de que o passado também estabelece
condições que temos de nos reportar no presente, situações construídas no decorrer
do tempo, assim, o estudo da história nos ajuda a entender melhor essas condições
que nos cercam.
12
O filósofo Karl Marx (1818 – 1883)
Fonte: Wikipedia.
História é a reunião e análise de informações e conhecimentos sobre o
passado e o desenvolvimento da própria humanidade, em suas diversas
manifestações. O passado também estabelece condições que temos de nos
reportar no presente, situações construídas no decorrer do tempo, assim, o
estudo da história nos ajuda a entender melhor essas condições que nos
cercam. Dessa forma, é o entendimento do processo histórico da Educação
Física que nos vai dar a compreensão das áreas de atuação hoje em dia,
junto às abordagens de exercício da profissão e seu renome na sociedade
atual.
13
Como a História Trouxe Você
até a Educação Física?
Todos nós temos um passado que de alguma maneira influencia diretamente em
nossas ações presentes. Você já parou para pensar na sua história de vida e como
você chegou ao curso de Educação Física?
Eu, professor Pedro Henrique Rodrigues, hoje profissional de Educação Física,
contarei, brevemente, como a história me trouxe até a Educação Física.
Sempre gostei da prática de modalidades esportivas diversas, sendo sempre muito
participativo nas aulas de Educação Física na escola. Sempre “respirei” Educação
Física, mas eu nunca havia sido apresentado ao curso e dessa forma, não pensava em
cursá-lo. Eu não conhecia o que era a profissão e muito menos quais eram as
possibilidades de atuação.
Assim, prestei vestibular para um outro curso da área da saúde. Na mesma época,
antes das aulas iniciarem, me inscrevi para um programa de bolsas estudantis no
curso de Educação Física. Pois bem, a história se encarregou de me direcionar para
esta tão bela área. Conseguindo a bolsa, minha ideia era tentar a transferência para
outro curso. Mesmo assim, iniciei a graduação em Educação Física e já na primeira
semana me apaixonei pelo curso e pela área, e hoje não me imagino fora dela.
Atualmente tenho o privilégio de trabalhar com aquilo que sempre amei durante a
infância e juventude, e espero que você também se apaixone por esta área logo nas
primeiras aulas do curso, assim como eu me apaixonei.
Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um
único dia em sua vida. (CONFÚCIO)
14
Estátua do pensador chinês Confúcio (551 a.C.. - 479 a.C..)
Fonte: Freepik.
Mas e você? Como você conheceu a área da Educação Física e o que te trouxe ao
curso? Quais seus objetivos e expectativas durante a graduação e após graduado em
Educação Física?
Compartilhe sua história e anseios dentro da área, com outros alunos na atividade em
fórum na plataforma.
Eu mencionei, nesta aula, que nunca havia sido apresentado à profissão e ao curso de
Educação Físicaaté iniciar a graduação. Dessa forma, esse será o nosso assunto para
a próxima aula: “A Educação Física como profissão”. Aguardo você!
15
Acesse o link: Disponível aqui
Conforme vimos nesta aula, conhecer história ajuda a entender o momento
atual. A Educação Física já passou por diversos momentos até ganhar o
reconhecimento e importância que tem hoje dentro da sociedade. Em uma
reportagem para o “Portal da Educação Física”, Fabiano Braun, profissional
de Educação Física e Mestre em Ciências do Movimento Humano, destaca a
importância do profissional para a sociedade.
“Não há dúvidas que os profissionais de educação física são extremamente
importantes à nossa sociedade. Ainda mais, nos dias atuais, em que
sedentarismo, consumo de alimentos de baixa qualidade e sobrepeso
imperam. Mas será que a única função desses profissionais é cuidar da
saúde das pessoas?”
Vale a pena ler esta reportagem na íntegra. Acesse lá!
16
https://www.educacaofisica.com.br/noticias/a-importancia-da-educacao-fisica-para-a-sociedade/
02
A Educação Física 
como Profissão
17
Você Conhece a Educação
Física?
Caro aluno,
Você agora entende que a importância de estudar a história da Educação Física tem
como objetivo refletir o momento atual da profissão, observando os processos e
acontecimentos ao longo do tempo.
Desta forma, começaremos olhando para o momento atual e mercado de atuação do
Profissional de Educação Física, para então voltarmos na história e entender os fatos
importantes que possibilitaram a abertura para tantas possibilidades que temos hoje.
Através do Profissional de Educação Física, esta área visa a formação integral das
pessoas, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, desenvolvendo estilo de vida ativo
com práticas de atividades corporais, promovendo saúde e contribuindo para melhor
qualidade de vida da população. O Profissional de Educação Física exerce suas
atividades por meio de intervenções, utilizando-se de métodos e técnicas específicas
de avaliação, de prescrição e de orientação de sessões de atividades físicas e
intelectivas, com fins educacionais, recreacionais, de treinamento e de promoção da
saúde (CONFEF, 2000; LOZADA, 2017).
Desta forma, o profissional atuará em diversas áreas da sociedade, distinguidos entre
os cursos de Bacharelado ou Licenciatura na universidade. Então, para
entendermos as possibilidades de atuação, precisamos entender primeiro como
funciona a formação do profissional de Educação Física nos dias de hoje.
Os cursos de formação devem abordar o conjunto de conceitos, teorias e
procedimentos empregados para elucidar problemas teóricos e práticos, relacionados
à esfera profissional e ao empreendimento científico, na área específica das
atividades físicas, desportivas e similares. Mas quais são as diferenças entre duas
opções de formação?
18
https://portal.unimar.br/site/cursos/graduacao/educacao-fisica-bacharelado
https://ead.unimar.br/cursos/educacao-fisica/
https://www.unimar.br/site/
A Educação Física tem objetivo de formação integral das pessoas,
estimulando um estilo de vida ativo com práticas de atividades corporais,
promovendo saúde e contribuindo para melhor qualidade de vida da
população, e, através do Profissional de Educação Física exerce intervenções
por meio de avaliação, prescrição e orientação das atividades físicas, com
fins educacionais, recreacionais e de promoção da saúde.
Quais Diferenças Entre
Bacharelado e Licenciatura?
A Licenciatura e o Bacharelado são dois tipos de graduação. Na Educação Física,
ambos trabalham com objetivo de ensino de promover saúde e educação em saúde
através das práticas corporais, porém, com atuações em locais diferentes.
O licenciado em Educação Física tem a atuação exclusiva em escolas de educação
básica, interagindo com as outras disciplinas na composição do currículo escolar,
trabalhando com crianças e adolescentes com o objetivo de desenvolver habilidades
motoras, atitudes, valores e conhecimentos, procurando levá-los a uma participação
ativa e voluntária em atividades físicas e esportivas ao longo de suas vidas.
Embora tenha práticas esportivas e jogos em seu conteúdo, o objetivo é educacional e
não reproduzir o esporte de competição e rendimento, atendendo a princípios
socioeducativos (CONFEF, 2000).
Além das disciplinas voltadas às áreas biológicas, atividades esportivas e recreativas, o
estudante de licenciatura em Educação Física tem inclusas, em sua matriz curricular,
disciplinas que abrangem o campo da educação, como por exemplo: história da
19
https://ead.unimar.br/cursos/educacao-fisica/
https://portal.unimar.br/site/cursos/graduacao/educacao-fisica-bacharelado
educação no Brasil, psicologia da educação, didática geral, didática da Educação Física,
métodos de ensino e processos de avaliação, entre outras (LOZADA, 2017).
Já o bacharel em Educação Física tem sua atuação em clubes esportivos e de lazer,
centros de reabilitação, postos de saúde, em academias como instrutor de
musculação, personal trainer, professor de modalidades aquáticas e de ginástica
geral, praças, parques e condomínios com assessoria de corrida e treinamento
funcional, entre outros (CONFEF, 2000).
O bacharel tem o propósito de prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da
saúde, contribuindo para o desempenho e condicionamento físico das pessoas,
visando o bem-estar, a qualidade de vida, a prevenção de doenças, problemas
posturais e distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para a autonomia, da
autoestima (CONFEF, 2002).
Além das disciplinas voltadas às áreas biológicas, o estudante de Bacharelado em
Educação Física tem inclusas em sua matriz curricular disciplinas como: fisiologia do
exercício, avaliação e prescrição do exercício físico, biomecânica, treinamento
resistido (musculação), teoria do treinamento físico desportivo, entre outras.
20
Olhando Para a Atuação da
Educação Física
A profissão é constituída pelo conjunto dos graduados e habilitados pelo Conselho
Federal e pelos Regionais de Educação Física (CONFEF/CREFs), para atender às
demandas sociais referentes às atividades físicas nas suas diferentes manifestações,
constituindo-se em um meio efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos
seres humanos (CONFEF, 2000).
O Profissional de Educação Física utiliza diagnóstico, define
procedimentos, ministra, orienta, desenvolve, identifica, planeja,
coordena, supervisiona, leciona, assessora, organiza, dirige e avalia
as atividades físicas, desportivas e similares, sendo especialista no
conhecimento da atividade física/motricidade humana nas suas
diversas manifestações e objetivos, de modo a atender às diferentes
expressões do movimento humano presentes na sociedade,
considerando o contexto social e histórico-cultural, as características
regionais e os distintos interesses e necessidades, com competências
e capacidades de identificar, planejar, programar, coordenar,
supervisionar, assessorar, organizar, lecionar, desenvolver, dirigir,
dinamizar, executar e avaliar serviços, programas, planos e projetos,
bem como, realizar auditorias, consultorias, treinamentos
especializados, participar de equipes multidisciplinares e
interdisciplinares, informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos
nas áreas das atividades físicas, do desporto e afins (CONFEF, 2002).
O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas
diversas manifestações, dentre elas, as ginásticas, os exercícios físicos, desportos,
jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e
acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento
corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras
práticas corporais (CONFEF, 2002).
21
Fonte: Freepik.
O propósito do profissional de Educação Física é prestar serviços que favoreçam o
desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e
restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento físico-
corporal dos praticantes (CONFEF, 2000).Esta importante área visa acima de tudo o bem-estar, a qualidade de vida, a prática
correta do movimento, a prevenção de doenças, da autoestima, da cooperação, da
solidariedade, da integração, da cidadania e das relações sociais. Assim, a profissão
tem importante papel na sociedade, levando os preceitos de responsabilidade,
segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo (CONFEF,
2015).
Agora que você já tem uma visão geral sobre as possibilidades de atuação e
importância da Educação Física na sociedade atual, na próxima aula começaremos a
falar da história do homem e do movimento corporal, e consequentemente, dos
primórdios da Educação Física. Aguardo você!
22
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula, vimos que a atuação da Educação Física tem grande importância
na sociedade. Mas será que está importância reflete boa perspectiva de
mercado de trabalho no futuro? Uma reportagem do site Você S/A intitulado
“Estes são os profissionais que serão muito cobiçados nos próximos anos”,
aponta boas perspectivas para a Educação Física.
“Com sessentões, setentões e oitentões trocando remédios e hospitais por
diversão e bem-estar, além dos empreendedores, ganham relevância
diversos profissionais. Vanessa Cepellos, professora de gestão de pessoas
da Fundação Getulio Vargas, diz que serão altamente valorizados psicólogos,
geriatras, gerontólogos, personal trainers para a terceira idade,
fisioterapeutas, agentes de turismo e até especialistas em aconselhamento
para aposentadoria. Haverá demanda na área da saúde e em setores como
alimentação, estética, finanças, moradia, entretenimento e tecnologia.”
Confira esta reportagem na íntegra. Acesse lá!
23
https://vocesa.abril.com.br/geral/estes-sao-os-profissionais-que-serao-muito-cobicados-nos-proximos-anos/
03
O Surgimento da 
Educação Física
24
Caro aluno,
Nas aulas anteriores abordamos a importância de se estudar a história e o mercado
da Educação Física atualmente. Pois bem, a partir de agora voltaremos no tempo para
tentar entender como o movimento corporal esteve junto ao homem desde os
primórdios, e não se desvincula da história e evolução do próprio homem –
lembrando que, dependendo da época ou civilização, veremos que o movimento
corporal tinha determinada finalidade e importância específica.
A Evolução da Educação Física
ao Longo dos Tempos
Por serem os principais objetos de estudo da área, adotaremos aqui como sinônimos
os termos “Educação Física”, “movimento corporal”, “exercício físico” e “ginástica” para
então apresentarmos uma linha do tempo envolvendo a importância da área na
história do homem.
Desde a pré-história, a Educação Física vem sendo influenciada pela sociedade. Nessa
época as atividades físicas, que são todos movimentos corporais do cotidiano não
sistematizados, tinham finalidade de defender-se e atacar através dos movimentos
naturais na luta pela sobrevivência. Mas como se tem informações deste período da
história do homem?
Para desenvolver estudos sobre esta época, os pesquisadores se baseiam
principalmente nos tipos de objetos utilizados, como pedras trabalhadas e
rudimentares, fósseis de animais e de humanos, pinturas rupestres nas paredes de
cavernas e, um pouco mais tarde, objetos e monumentos de bronze e ferro, câmaras
mortuárias, estradas, dentre outros.
25
Representação da Estátua “Discóbolo de Mirón”, símbolo da Educação Física
Fonte: Wikimedia.
O homem primitivo deslocava-se de um lugar para outro a procura
de alimentos, andando, subindo em árvores, escalando penhascos,
nadando, saltando e lançando as suas diferentes armas de
arremesso. Assim o homem executa os seus movimentos corporais
mais básicos e naturais desde que se colocou de pé. Pela repetição
contínua desses exercícios, na luta pela sobrevivência, aperfeiçoava
as funções, educando-as gradativa e inconscientemente (BAGNARA,
LARA e CALONEGO, 2010).
Todo este contexto apontado até agora retratam movimentos naturais e cotidianos
do ser humano. A Educação Física propriamente dita, ou mais próxima do modelo que
temos hoje, tardou a aparecer na história.
Mas, você perceberá durante esta aula que todos os tipos de exercícios e atividades
físicas são provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência; ritos
e cultos; preparação para a guerra; jogos e práticas atléticas.
26
O Papel da Educação Física em
Diversas Sociedades
Em cada sociedade, veremos que a Educação Física apresentava focos diferentes
objetivos e utilização. Na China, por exemplo, a Educação Física era praticada para
preparação para guerra, além da finalidade terapêutica e higiênica, ou seja, voltada à
saúde (BAGNARA, LARA e CALONEGO, 2010).
Já na Índia, a prática de exercício físico era vista como uma doutrina de foco fisiológico
e com necessidades militares indispensáveis. Foi lá que o Yoga e exercícios ginásticos
com técnicas de respiração e foco medicinal, tiveram origem. Segundo conta a
história, no budismo, os exercícios físicos representam o caminho da energia física,
pureza dos sentimentos, bondade e conhecimento das ciências para a suprema
felicidade (RAMOS, 1983).
No Japão, a Educação Física possuía fundamentos médicos, higiênicos, filosóficos,
morais, religiosos e voltados para a guerra. Nesta sociedade, os samurais são
exemplos de guerreiros feudais originados da prática de exercícios físicos. Já no Egito,
os exercícios que englobam as ginásticas, formaram um modelo de prática voltada ao
27
equilíbrio, força, flexibilidade e resistência. A existência da ginástica egípcia foi
descrita por pesquisadores através das descobertas de pinturas nas paredes de
tumbas (RAMOS, 1983).
Entre todas as civilizações antigas, é na Grécia que encontramos as maiores
contribuições para a Educação Física. Foi lá que surgiram os grandes pensadores que
contribuíram com vários conceitos filosóficos, que ainda nos dias de hoje são aceitos
pela Educação Física e pela pedagogia. Grandes artistas, pensadores e filósofos como
Mirón, Sócrates, Hipócrates, Platão e Aristóteles criaram conceitos como o de
equilíbrio entre corpo e espírito ou mente, citados por Platão. Também nasceram na
Grécia os termos halteres, atleta, ginástica, pentatlo, e a própria olimpíadas.
Na música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica dá saúde
ao corpo (SÓCRATES).
O nome Academia, que se usa comumente hoje para designar os centros de prática
de exercícios físicos, originou-se do filósofo Platão (427-347 a.C.), que fundou sua
escola de filosofia e a intitulou com nome de um lendário herói grego, Academos.
Nesta época, era o local de ensino e aprimoramento de filosofia, matemática e
ginástica (GAARDER, 1995).
28
A Academia de Platão em Atenas, mosaico em Pompéia, século I
Fonte: Wikipedia.
Após a tomada militar da Grécia (146 a.C.), Roma absorveu a cultura desta civilização,
porém a Educação Física se caracterizou por uma visão voltada para a preparação dos
soldados e da população para a guerra. Foi no período romano que surgiu a famosa
frase “Mens sana in Corpore Sano” (Mente sã em corpo são). Esta é uma citação em
Latim, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal (século I e II d.C.). (GODOY, 1996).
O cristianismo marcou a Idade Média (476-1453 d.C.) com sua doutrina. Mesmo assim,
estudantes continuavam a seguir a filosofia de Aristóteles (385-323 a.C.),
enriquecendo o campo dos conhecimentos por influência de Tomás de Aquino (1225-
1274 d.C.), frade católico opositor a muitas correntes da igreja da época. Nesta época
floresceu a arte gótica e surgiram as primeiras universidades. Este período ficou
conhecido também como “a Idade das Trevas”, em que o culto ao corpo foi
considerado pecado e com isso, houve uma grande decadência na prática de
exercícios físicos (RAMOS, 1983).
29
Tomás de Aquino
Fonte: Wikipedia.
No período da Renascença, entre meados do século XIV e o final do século XVI, a
Educação Física deu um salto em busca do seu próprio conhecimento. Neste período,
a cultura física ficou mais em evidência, trazendo a admiração e dedicação pelabeleza
do corpo, retratado inclusive por grandes artistas como Leonardo da Vinci (1432-1519
d.C.) e Michelângio Buonarroti (1475-1564 d.C.). O estudo da anatomia, a escultura de
estátuas e a criação de regras proporcionais do corpo humano, foram de grande
contribuição para a Educação Física e a Medicina (RAMOS, 1983; PEREIRA e MOULIN,
2006).
A introdução da Educação Física na escola, tendo a mesma importância das outras
disciplinas tidas como intelectuais, se deve nesse período a Vittorino da Feltre (1378-
1466 d.C.), religioso pedagogicista que em 1423 d.C. fundou a escola “Casa Giocosa”
(casa da alegria) na Itália, que utilizava métodos completamente opostos aos que
caracterizaram a educação monástica nos mosteiros da Idade Média. O conteúdo
programático incluía exercícios físicos e as atividades lúdicas como, lutas, corridas,
saltos, esgrima, jogos com bolas, entre outros. Para ele, o caminho da educação era
impossível sem a Educação Física (PEREIRA e MOULIN, 2006).
30
Estátua de Leonardo da Vinci em Milão, Itália
Fonte: Freepik.
Vittorino da Feltre
Fonte: Wikimedia.
31
Jean-Jacque Rousseau / Johann Heinrich Pestalozzi
Fonte: Wikipedia.
O Iluminismo (1715-1789 d.C.) na Inglaterra era contra o abuso do poder no campo
social, trazendo assim novas ideais para a sociedade. Dois grandes nomes têm
destaque para a Educação Física neste período: Jean-Jaques Rousseau (1712-1778
d.C.) e Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827 d.C.). Rousseau propôs a Educação Física
como necessária à educação física infantil, introduzida nas escolas. Ao mesmo tempo,
Pestalozzi foi o precursor da escola primária, sendo o primeiro educador a chamar a
atenção para dois elementos fundamentais na prática dos exercícios físicos: a posição
e a execução correta, sem os quais os praticantes não conseguiriam os objetivos
visados (PEREIRA e MOULIN, 2006).
A Idade Contemporânea (1789 d.C. até os dias atuais) foi marcada pelo surgimento da
ginástica localizada, tendo como referências quatro grandes escolas: a alemã, a
nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa. Mas esse será tema para nossa próxima
aula. Aguardo você para darmos continuidade nesta viagem através da história da
Educação Física. Forte abraço!
32
A história da Educação Física sempre esteve atrelada à história do próprio
homem, em que os movimentos corporais foram utilizados com finalidades
específicas dependendo da civilização ou sociedade. De modo geral,
percebe-se que todos os tipos de exercícios e atividades físicas são
provenientes de quatro grandes causas humanas: luta pela existência; ritos
e cultos; preparação para a guerra; jogos e práticas atléticas.
33
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula você percebeu que a Educação Física sempre esteve ligada à
história do homem e evoluiu junto dele nas diversas civilizações, deixando
mais forte ainda o entendimento da importância desta área para a
sociedade. Neste sentido, o site “Centro de Referências em Educação
Integral” publicou reportagem intitulada “Escolas ativas defendem a
importância do corpo para a aprendizagem”, que traz conteúdo sobre a
importância da Educação Física na escola, no sentido que continha na “Casa
Giocosa” (casa da alegria), fundada em 1423 d.C pelo religioso pedagogicista
Vittorino da Feltre, na Itália.
Na reportagem, Fabio D’Angelo, coordenador do projeto sobre escolas
ativas, comenta: “Tudo parte da pergunta: qual o lugar do corpo na escola?
Ser criança é ser corpo em movimento, e essa linguagem corporal possibilita
sua comunicação com o mundo”.
Juliana Soares, do Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento,
constatou nos resultados do Projeto “Escolas e Comunidades Ativas”,
desenvolvido desde 2014, que não só os professores gostaram da interação
entre conteúdo e movimento, mas principalmente as crianças, e comenta:
“Isto porque alguns dos elementos-chave de uma escola ativa são a diversão,
a conexão com o conteúdo, a interação com a Educação Física e que a escola
dê tempo para o brincar”.
Confira a reportagem completa!
34
https://educacaointegral.org.br/reportagens/escolas-ativas-defendem-a-importancia-do-corpo-para-a-aprendizagem/
04
A Idade Contemporânea 
e as Grandes Escolas de 
Ginástica
35
Caro aluno,
Dando continuidade aos nossos estudos sobre a história da Educação Física,
entraremos agora na Idade Contemporânea (1789 d.C. até os dias atuais), que foi
marcada pelo surgimento da ginástica localizada, tendo quatro grandes escolas como
responsáveis: a alemã, a nórdica (escandinava), a francesa e a inglesa.
A Evolução da Educação Física
Através das Grandes Escolas
de Ginástica
A Alemanha, com o pedagogo e educador Johann Bernard Basedow (1723-1790), a
partir dos princípios orientadores de Rousseau, impulsionou a ginástica e criou em
1775 no seu “Philanthropicum” (escola filantropina), na cidade de Dessau, o pentatlo,
constituído por provas de corrida, saltos, transporte, de equilíbrio e de escalar. Este
pedagogo defendia que o exercício físico deveria fazer parte dos programas das
escolas primárias (TESCHE, 2001).
Em 1784, Christian Gotthlif Saltzmann (1744-1811), pedagogo e educador, abre outro
"Philanthropicum" em Schneppenthal, em que conservou o ideário de formar homens
sadios, cultos, bons e felizes. Esse estabelecimento merece destaque, pois foi nele que
em 1785, Johann Christoph Friedrich Guts-Muths (1759-1839), professor e educador
considerado o "pai" da ginástica pedagógica, concretizou sua primeira
sistematização, dando inicio a um novo conceito de ginástica. As ideias filantrópicas e
os conteúdos pedagógicos de Guts-Muths tiveram eco nos países da Europa,
especialmente na Suécia, Dinamarca e França (TESCHE, 2001).
As crianças hão de brincar não apenas para descansar dos trabalhos
escolares: os exercícios devem fazer parte de sua educação geral e se
acham e m ligação intelectual, moral e estética dos educandos.
Chegou a hora em que o corpo, até agora descuidado, deve exercitar-
se ao ar livre, com vento e chuva, para fortificar-se contra a
influência do tempo, robustecer seus pulmões por meio de exercícios
36
Alunos suecos durante aula de ginástica localizada
Fonte: Fonte aqui Disponível aqui
como andar, correr, atirar, alentando em seu espírito os germes do
valor, da perseverança e da reflexão (SILVA, 1998).
No princípio do século XIX, surge um novo conceito de ginástica na Alemanha com
Friedrich Ludwig Jahn (1778-1852). Além de criar aparelhos e novas formas gímnicas,
fundou, em 1811, o primeiro ginásio ao ar livre de Hasenheide, Berlim. Daí nasceu o
termo "Turnkunst" (arte da ginástica alemã) pelo qual ele substitui a palavra
"Gymnastik" (palavra grega de caráter universal para ginástica). A ginástica de Jahn,
com um conteúdo mais patriótico, cujo lema era “vive quem é forte”, rapidamente
superou as ideias pedagógicas de Guts-Muths, tendo por objetivo formar homens
fortes para defender a pátria. Jahn também inventou a barra fixa, as barras
paralelas e o cavalo, dando origem à Ginástica Olímpica (PEREIRA; MOULIN, 2006).
O sistema de ginástica de Jahn não era destinado especificamente para a escola. Sua
preocupação era com uma Educação Física comunitária e popular que pudesse
envolver todo o povo alemão. No turnkunst de Jahn, os exercícios físicos eram
elaborados a partir de situações de guerra: a marcha, o desempenho no cavalo, a
“luta braço a braço”, exercícios de esquiva, de equilíbrio e a desenvoltura na
superação dos obstáculos. Todas as atividades colocavam o praticante em condições
37
https://sites.google.com/site/historiaeducacaofisica/conteudos/conceito-contemporaneo-do-esporte
Friedrich Ludwig Jahn, o pai da ginástica / Ginástica Olímpica
Fonte: Wikipedia.
que lhe exigiam coragem, vigor e habilidades guerreiras. Além dos exercícios físicos,
os alunos escutavam nos intervalos palestras do professor sobre temas que
enaltecesse a pátria e que desafiasse a juventude para a guerra (SILVA, 1998).
Já na escola nórdica, tendo a Suécia como referência, houve a grande influência da
ginástica filantropina alemã. É necessárioobservar que a sistematização pedagógica
da ginástica sueca foi apenas um protótipo do movimento ginástico escandinavo que
abrangia os países da Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia e Estônia-Letônia. A
Suécia é destacada dentre os país es nórdicos,  porque esse país foi palco de  uma
 das maiores  sistematizações   pedagógicas da educação física escolar no século XIX
(PEREIRA; MOULIN, 2006).
É possível inclusive afirmar que o ideário filantropino se desenvolveu mais na
Escandinávia do que na Alemanha, e tudo isso devido ao trabalho de Fue Franz
Nachategall (1777-1847), que fundou em 1799 um Instituto de Ginástica em
Copenhague nos moldes filantropinos, o grande destaque foi o sueco Pehr Henrik
Ling (1776-1839), que teve de lutar com energia e tenacidade ao procurar estabelecer
ramos científicos aos exercícios físicos, levando para a Suécia as ideias do alemão
Guts Muths (PEREIRA; MOULIN, 2006).
38
A prática de exercícios em grupo: herança sueca
Fonte: Wikipedia.
Pehr Henrik Ling então dividiu sua ginástica em quatro partes, sendo:
Pedagógica, voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças;
Militar, incluindo o tiro e a esgrima;
Médica, que era baseada na pedagógica, evitando também as doenças;
Estética, preocupada com a aparência do corpo.
Os exercícios eram estabelecidos com um critério localizado,
analítico, enfocados sobre uma articulação e o acionamento do
grupo muscular que a mobilizava. As demais partes do corpo
mantinham-se na posição inicial, fixando-a e evitando todo
movimento, afim de assegurar assim a máxima localização (DALLO,
2007).
Assim, a ginástica nórdica foi o grande trampolim para tudo o que se conhece como
ginástica atualmente (PEREIRA; MOULIN, 2006).
39
Antigo ginásio onde se treinava a escalada
Fonte: Wikipedia.
Já na escola francesa, temos como referência principal Francisco Amorós y Ondeano
(1770-1848), professor e militar espanhol, naturalizado francês. Ele dividiu a ginástica
em civil, industrial, militar, médica e cênica.
Há de se destacar outros nomes importantes dentro da escola de ginástica francesa.
O Dr. Fernand Lagrange (1845-1909) aplicou-se em estudar e divulgar os   efeitos
 fisiológicos  e higiênicos  dos exercícios físicos. Já o Dr. Philippe Auguste Tissié (1852-
1935) dedicou-se a defender e implantar as ideias de Ling (ginástica nórdica) na
França com objetivos higiênicos (SILVA, 1998).
Outro nome importante foi o Dr. Georges Demeny (1850-1917), responsável por uma
consistente elaboração pedagógica para a Educação Física escolar da segunda metade
do século XIX, aprofundando a área prática dos exercícios ginásticos, contribuindo
para a sistematização de uma Educação Física científica para a escola pública na
França (SILVA, 1998).
O método conhecido como ginástica natural teve um francês como seu
desenvolvedor em 1906. O tenente de navio Georges Hébert (1875-1957) defendia
que a Educação Física deveria preconizar os movimentos naturais do ser humano,
como: correr, escalar, nadar, saltar, empurrar e puxar (PEREIRA; MOULIN, 2006).
40
Por sua vez, a escola Inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como
precursor Thomas Arnold (1795-1842), considerado pai da pedagogia do esporte. Ele
reconhecia na sua concepção de esportes, três características principais: um jogo,
uma competição e uma formação. As duas primeiras já caracterizavam o esporte na
antiguidade, mas para a questão da formação, o criador do esporte moderno dava
um sentido diferente da visão do filosofo Platão (427-347 a.C..),  que entendia o corpo
e a alma unificados. Arnold, porém, acreditava que o corpo era um meio para a
moralidade, definindo o esporte como um auxiliar do corpo (TUBINO, 1999).
Thomas Arnold, quando esteve a frente do Colégio Rugby, na
Inglaterra, no período entre 1828 e 1842, incorporou as atividades
físicas praticadas pela burguesia e pela aristocracia inglesas ao
processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos e
criassem regras e códigos próprios, numa atmosfera de fairplay,
termo que significa a atitude cavalheiresca na disputa esportiva,
respeitando as regras, os códigos, os adversários e os árbitros
(TUBINO, 1999).
Com a propagação das ideias destas quatro grandes escolas pelo mundo, a Educação
Física passou a ser mais estudada, organizada e reconhecida, conquistando seu
espaço e ganhando cunho científico, tornando-se indispensável na vida das pessoas
de todas as idades e com os mais variados objetivos.
A Importância da Calistenia
para a Educação Física
Moderna
Observando a história da Educação física, podemos dizer que a calistenia foi o
verdadeiro marco do desenvolvimento da Educação Física moderna com
fundamentos específicos e abordagens destinadas a diversos públicos tais como
obesos, crianças, sedentários, idosos e mulheres.
41
A palavra “calistenia” tem origem nas palavras gregas kallos, que significa “beleza” e
stehnos, que significa “força”, e começou a ser difundida em 1822 tanto na França
como na Inglaterra pelo suíço Phoktion Heinrich Clias (1782-1854), tendo sua origem
nos princípios da ginástica Nórdica e apresentada com uma divisão de oito grupos de
exercícios localizados (CLERK, CRENN e LISTELLO, 1964).
Em 1827, Marian Mason, que era discípula de Clias, publicou o livro “On the utility of
exercise” na Inglaterra, que descrevia as vantagens do exercício calistênico (CLERK,
CRENN e LISTELLO, 1964). Em 1829, Clias publicava o livro “Kallisthenie - Exercises for
Beauty and Strength”, a partir do qual a calistenia foi denominada como exercício físico
de forma ritmada, usando apenas o do peso corpo e sem nenhum tipo de
equipamento ou apoio (ALIJAS e TORRE, 2015).
Nos EUA, a difusora da calistenia foi a americana Catherine Beecher (1800-1878), com
a publicação do livro “Physiology and Calisthenics for schools and families”. A partir
disso, a calistenia ganhou força nos EUA com o movimento “Saúde, Educação Física e
Recreação”, que utilizou a prática de atividade física para promover a saúde na
população da época. Basicamente, o movimento estimulava a prática da calistenia
para toda a população, independente de sexo e/ou nível de condicionamento. Além
do treinamento físico proposto pelos exercícios calistênicos, o movimento também
tinha um foco de sociabilização, uma vez que todos participavam juntos (MACHADO,
2017).
Porém, foi através do Dr. Dio Lewis (1823-1886) e da Associação Cristã de Moços
(ACM) que a Calistenia se propagou pelo EUA, pois passou a ser encarada como um
sistema de treinamento, praticada em clubes e associações, sendo introduzida nas
escolas americanas em 1860. As aulas de Calistenia eram elaboradas levando em
consideração seis princípios (AMARAL, 1965), sendo:
Princípio da seleção: utiliza os exercícios que mais se adaptam aos objetivos
propostos;
Princípio da precisão: os movimentos devem ser executados com a mecânica
correta para evitar possíveis lesões;
Princípio da totalidade: os movimentos devem envolver grandes músculos nas
sessões de treinamento;
Princípio da progressão: aumento do número de exercícios e da intensidade em
função dos objetivos;
Princípio da unidade: os exercícios deveriam ser selecionados a partir de uma
estratégia, para evitar sobrecarga e
Princípio da adaptação: os estímulos devem ser fortes para promoverem
adaptação de forma individual nas sessões de calistenia.
42
Agachamento com peso corporal
Fonte: Wikipedia.
Os exercícios foram divididos em oito grupos, organizados a partir da seleção de
objetivos e considerando a prescrição das sessões de treino (ALIJAS e TORRE, 2015).
Os grupos eram divididos em:
Braços e pernas;
Região posterior-superior do tronco;
Região posterior-inferior do tronco;
Região lateral do tronco;
Equilíbrio;
Região abdominal;
Gerais do ombro e
Saltos e corridas.
A partir da influência das grandes escolas de ginástica e da prática da Calistenia, a
Educação Física ganhou forte importância na sociedade e se propagou pelo mundo,
sendo introduzida também no Brasil. E este será o foco da nossa próxima aula.
Aguardo você!
43
Asquatro grandes escolas de ginástica (alemã, nórdica, francesa e inglesa)
tiveram papel crucial para a evolução da Educação Física, trazendo a prática
dos exercícios físicos com direcionamentos para diversos objetivos, como:
militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das escolas, médica
voltada à higiene e à saúde, preparação físico dos trabalhadores e também
estética. Mas foi o surgimento da calistenia que abriu caminho para grande
avanço da Educação Física moderna, com parâmetros base para o que
temos atualmente.
44
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula observamos a importância e evolução da ginástica para a
Educação Física. Neste sentido, uma reportagem do site globoesporte.com
intitulada “Projeto de ginástica geral em Petrolina desenvolve e difunde a
modalidade”, traz a importância de um projeto que introduziu no ambiente
escolar a prática da ginástica.
“Com a proposta de promover o lazer saudável, e com isso o bem-estar
físico, psíquico e social, a Ginástica para Todos (GPT) preza pelo respeito ao
indivíduo, já que ela não impede que qualquer pessoa, independente da
idade, sexo ou capacidade física, pratique o esporte. A modalidade é
reconhecida pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) e utiliza dos
princípios de ginásticas como rítmica, artística, acrobática, além de dança e
folclore.”
Gostou do assunto? Então confira a reportagem completa!
45
http://globoesporte.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2015/11/projeto-de-ginastica-geral-em-petrolina-desenvolve-e-difunde-modalidade.html
05
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Higienista
46
Caro aluno,
Nós já observamos a história da Educação Física em várias sociedades e
aprofundamos as informações em algumas escolas de ginástica que tiveram papel
importante para a evolução desta área. A partir desta aula, olharemos para a
introdução e evolução da Educação Física no Brasil, dando destaque aos diversos
períodos e tendências ideológicas ao longo dos tempos.
Você verá que basicamente falaremos da Educação Física escolar, já que as
graduações voltadas ao bacharelado são mais recentes. Para compreendermos o
papel da Educação Física no Brasil, é necessário resgatarmos a história da disciplina e
seus respectivos períodos.
A história da Educação Física no país dependeu inteiramente das transformações na
história do Brasil. Assim, vamos contextualizar sempre o período histórico em que o
país se encontrava para que você consiga entender o processo da evolução desta
área.
Começamos então pelo Brasil colônia, que data a partir do ano de 1500, em que há
relatos relacionados à Educação Física, descritos por Pero Vaz de Caminha, que em
uma de suas cartas, relatou indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando
ao som de uma gaita tocada por um português. Certamente esta foi a primeira “aula
de ginástica e recreação” relatada no Brasil (RAMOS, 1983).
De modo geral, sabe-se que as atividades físicas realizadas pelos indígenas no
período do Brasil colônia estavam relacionadas a aspectos da cultura primitiva, como
já foi descrito na aula 3, tendo características elementares de cunho natural
(brincadeiras, nado, escalada e locomoção), utilitário (aprimoramento das atividades
agrícolas, de caça, pesca, outros), guerreiras (proteção de suas terras), recreativo e
religioso (como as danças, agradecimentos aos deuses, festas, encenações, etc.)
(GUTIERREZ, 1972).
Posteriormente, ainda no período colonial (1500-1822), surge a capoeira por
influência dos escravizados africanos, sobretudo no Rio de Janeiro e na Bahia, sendo
uma atividade criativa e rítmica (RAMOS, 1983). Desta forma, podemos destacar que
no Brasil colônia, as atividades físicas realizadas pelos povos indígenas e escravizados
africanos, representaram os primeiros elementos da Educação Física no Brasil.
47
Aquarela “A luta dos negros”, de Augustus Earle, 1842
Fonte: Wikimedia.
Apesar destes primeiros elementos, o desenvolvimento cultural da Educação Física no
Brasil ocorreu no período do Brasil império (1822-1889), em que surgiram os
primeiros tratados sobre a área.
O método alemão de ginástica foi o primeiro a se instalar no Brasil, praticado desde o
início do século XIX tanto pelos imigrantes quanto pelos militares. No sul do país, a
ginástica patriótica do alemão Jahn funcionou para os imigrantes e seus
descendentes como uma forma de preservação da identidade cultural.
A influência da ginástica sueca foi posterior à da ginástica alemã, localizando-se
inicialmente no meio civil do Rio de Janeiro. Sua transferência não ocorreu através de
imigrantes ou militares, mas resultou do processo político-civilizador de formar uma
sociedade nacional “independente”, racional e higiênica.
Em 1823, Joaquim Antônio Serpa (1825-1900) elaborou o “Tratado de Educação Física
e Moral dos Meninos”, entendendo que a educação moral auxiliava na Educação Física
e vice-versa, apontando que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do
espírito, considerando que os exercícios físicos deveriam ser divididos em duas
categorias, sendo aqueles que exercitavam o corpo, e aqueles que exercitavam a
memória (GUTIERREZ, 1972).
48
O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica,
ocorreu oficialmente com a reforma do ensino de 1851, feita por Luís Pedreira do
Couto Ferraz (1818-1886). Porém, foi somente em 1882 que Rui Barbosa de Oliveira
(1849-1923), ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, Secundário e
Superior”, denota importância à Ginástica na formação do brasileiro. Nesse parecer,
Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em países mais adiantados
politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável para formação
integral da juventude (RAMOS, 1983).
O projeto de Rui Barbosa buscava instituir uma sessão essencial de Ginástica em
todas as escolas de ensino normal e estender a prática obrigatória para ambos os
gêneros, uma vez que as meninas não tinham obrigatoriedade em fazê-la. Rui
Barbosa propõe também inserir a Ginástica nos programas escolares como matéria
de estudo, além de buscar a equiparação em categoria e autoridade dos professores
de Ginástica em relação aos professores de outras disciplinas. No entanto, a
implementação da Ginástica nas escolas ocorreu inicialmente apenas em parte do Rio
de Janeiro e nas escolas militares (DARIDO e RANGEL, 2005).
Em 1890, inicia-se a primeira fase do Brasil república (1890-1930). Podemos destacar
que a ginástica francesa foi a última a ser introduzida no país e a que efetivamente
tornou-se obrigatória no território brasileiro. Sob um vínculo militar, a ginástica com o
método da escola de Joinville-le-Pont (escola de uma pequena comunidade francesa)
foi introduzida inicialmente em São Paulo, em 1906, através da missão militar
francesa que foi contrata da para instruir a Força Pública do Estado de São Paulo, a
fim de capacitá-la para controlar os movimentos operários reivindicatórios.
A partir de 1920, outros estados da Federação, além do Rio de Janeiro, começaram a
realizar suas reformas educacionais e a incluir a Ginástica na escola (BETTI, 1991).
Além disso, ocorre a criação de diversas escolas de Educação Física, que tinham como
objetivo principal a formação militar (RAMOS, 1983).
Dentro de todo esse período histórico do Brasil descrito nesta aula, predominavam na
Educação Física ideias influenciadas pela medicina e pela eugenia, com enfoque
higienista. Essa concepção possuía a preocupação principal com os hábitos de higiene
e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do
exercício físico (DARIDO e RANGEL, 2005).
A Educação Física desta época, tendo profissionais da área médica, possuía como
característica a utilização da Calistenia, não havendo interação entre professores e
alunos durante as aulas. Os mais fracos e doentes eram excluídos das aulas e não
49
havia nenhuma interação com as questões pedagógicas da escola (SOARES, 2004).
O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo
contaminações,utilizou a Educação Física como um meio de
doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover
a assepsia corporal. Tal fiscalização era realizada no início das aulas
quando era realizada a inspeção, momento em que os alunos
deveriam mostrar aos professores a limpeza corporal – unhas,
cabelos, pescoço, braços e pernas. Alunos com qualquer tipo de
doença eram eliminados das aulas, aqueles que estivessem
demonstrando qualquer tipo de impureza – roupa suja, unhas a
fazer, etc., eram sumariamente excluídos. As blusas do uniforme da
prática de Educação Física deveriam ser brancas, fato até hoje
usualmente corriqueiro nas aulas da disciplina, tal cor foi admitida
por representar a pureza e a limpeza (AZEVEDO, 1920).
Olhando para a sociedade da época, havia a superioridade do sexo masculino e uma
submissão da mulher, logo, no modelo higienista, o programa de exercícios físicos era
diferente entre homens e mulheres. Mulheres fortes e sadias teriam mais condições
de gerarem filhos saudáveis e estes estariam mais aptos a defenderem e construírem
a Pátria, no caso dos homens, e de se tornarem mães robustas, no caso das mulheres
(CASTELLANI FILHO, 2003).
50
Alunos em fila no ambiente escolar após prática de educação física
Fonte: Disponível aqui
Além disso, as crianças eram educadas e disciplinadas pelas mães, que ao dominar o
conjunto de medidas e normas médicas, eram peça fundamental nas estratégias para
a domesticação da classe operária. Nessa perspectiva, a Educação Física denominada
higienista, visaria à preparação para o trabalho da população (SOARES, 2004).
O modelo eugênico higienista de encarar a saúde pode ser considerado os
precursores da pedagogia da Educação Física escolar, baseada na apologia ao estilo
de vida ativo adquirido pela exercitação mecânica, cujos fundamentos refletem ainda
nos dias de hoje naqueles que não seguem os direcionamentos impostos no que diz
respeito à aparência física (SOARES, 2004).
A busca por indivíduos fortes, a preocupação com os aspectos posturais, a influência
médica e a boa aparência eram as metas dos programas de Educação Física da época,
e que ainda persistem em alguns aspectos ainda nos dias atuais. Apesar disso, as
instituições médicas favoreceram a compreensão da Educação Física como sinônimo
de saúde e criação de hábitos higiênicos que afastassem a possibilidade de doenças e
agravos de saúde, assim como um caminho para a promoção da eugenia, ou seja, o
melhoramento da raça. Portanto, a medicina contribuiu para a construção de uma
Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos
aspectos anatômicos e de rendimento físico (MOTA, 1992).
51
https://miro.medium.com/max/580/1*P2hWYe5dNZohVzJ8r2_CXg.jpeg
A tendência higienista encerra seu ciclo em 1930, pois o mundo não estava mais
preocupado com o desenvolvimento da medicina, mas sim com a possibilidade de
uma guerra mundial (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). A partir de então, instala-se na
Educação Física a tendência Militarista, e este será o assunto da nossa próxima aula.
Espero você!
Observando a história do Brasil, até 1930, a tendência ideológica
predominante na Educação Física era a Higienista, tendo à frente
profissionais da área médica que se baseavam na preocupação principal aos
hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico
quanto o moral, a partir do exercício físico. O tema saúde era uma
preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a
Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no
sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. De modo geral, a
medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases
biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos
anatômicos e de rendimento físico.
52
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula vimos a tendência ideológica Higienista que tinha o foco
direcionado à promoção da saúde. As contribuições da medicina para a
Educação Física trouxeram conceitos que temos até hoje, e uma reportagem
do programa “Bem Estar” da globo.com, intitulado “Atividade física combate
insônia, depressão e problemas cardíacos”, trouxe justamente este
direcionamento da área.
“Além de emagrecer, o exercício físico melhora a qualidade de vida em
vários aspectos: autoestima, melhora do sono e da respiração, por exemplo.
A atividade física também pode ser um remédio para depressão, diabetes,
colesterol alto, insônia e osteoporose.” Explicou o médico do esporte e
consultor Gustavo Magliocca.
Confira a reportagem na íntegra!
53
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/01/atividade-fisica-e-remedio-para-insonia-depressao-diabetes-e-colesterol.html
06
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Militarista
54
Caro aluno,
Na última aula, conversamos a respeito da história da Educação Física no Brasil, e
pudemos observar a influência da área médica direcionando a tendência higienista.
Essa tendência predominou durante o Brasil império e início da república, mas a
partir de 1930, os olhares e objetivos da sociedade estavam voltados à eminente
guerra mundial, que acontece nove anos mais tarde.
A partir de 1930, chamamos de segunda fase do Brasil república, com Getúlio Vargas
assumindo o “governo provisório”, após golpe de Estado que impediu Júlio Prestes de
assumir a presidência mesmo eleito por voto popular.
Nesta época, após a criação do Ministério da Educação e Saúde, a Educação Física
começa a ganhar destaque perante aos objetivos do governo. Nessa época, a
Educação Física é inserida na constituição brasileira e surgem leis que a tornam
obrigatória no ensino secundário (Ramos, 1983).
Como já tratado na aula anterior, na intenção de sistematizar a ginástica dentro da
escola brasileira, surgem os métodos ginásticos oriundos das escolas sueca, alemã e
francesa, que conferiam à Educação Física uma perspectiva eugênica, higienista e
militarista, na qual o exercício físico deveria ser utilizado para aquisição e manutenção
da higiene física e moral (Higienismo), preparando os indivíduos fisicamente para o
combate militar (Militarismo) (Darido e Rangel, 2005).
O higienismo e o militarismo estavam orientados em princípios anátomo-fisiológicos,
buscando a criação de um homem obediente, submisso e acrítico à realidade
brasileira. Totalmente biologicista, esta tendência expressa a forma como os
professores compreendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea
(DAOLIO, 1995).
A saúde dos indivíduos e a saúde pública, presentes na Educação
Física Higienista de inspiração liberal, são relegadas em detrimento
da ‘saúde da Pátria’. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1988).
Com a implantação do Estado Novo (1937), a escola passa a sofrer transformações
nos programas das disciplinas, em que os professores de Educação Física começaram
a atuar recorrendo a filosofia da militarização, institucionalizando os corpos de seus
alunos e renegando o aspecto educacional da prática (GUEDES, 1999).
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A Educação Física Militarista passa a ser influenciada pelas questões bélicas, tendo
preocupações com eventuais guerras e o envolvimento do país nestes conflitos. Para
entendermos melhor as circunstâncias, o período militarista se configura entre o final
da Primeira e a Segunda Guerra Mundial, portanto, uma época de conturbações
políticas (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).
Havia a necessidade de preparar futuros jovens para possíveis envios
de tropas à guerra, assim o governo brasileiro encara a Educação
Física como um meio de treinamento para os alunos. As aulas
passam a ser ministradas, em sua maioria, por militares. Exercícios
como polichinelo, abdominal, flexão de braço, corridas, defesa
pessoal, instruções militares e ginásticas passam a configurar como
conteúdos da Educação Física escolar (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).
A relação aluno-professor abandona a postura paciente-médico, como era
considerada na tendência Higienista, e passa a vigorar como recruta-sargento, não
havendo diálogo entre ambos. Os fundamentos do nazismo e do fascismo, em
ascensão na Europa,também são marcantes na aplicação da Educação Física, em que
é incorporado o nacionalismo exacerbado por meio de hinos e canções de amor à
pátria, a preocupação com a limpeza da raça (eugenia), o racismo, o culto ao belo e a
exclusão dos ditos inferiores, sendo situações frequentes nas aulas (FERREIRA, 2009).
As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas por
instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os
rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia (SOARES et
al.,1992).
O tema saúde era abordado somente quanto a construção de futuros soldados, fortes
e doutrinados, capazes de representar a pátria em combates, o que acabou
acontecendo em 1944, durante a Segunda Grande Guerra. Nas aulas de Educação
Física havia a exclusão dos mais fracos e incapazes, pois a eugenia ainda era
preconizada como meio de seleção dos melhores (FERREIRA, 2005).
56
A tendência ideológica militarista foi instituída durante o governo do
presidente Getúlio Vargas, enquanto os olhares e objetivos da sociedade
estavam voltados a eminente guerra mundial, em que havia a necessidade
de preparar futuros jovens para possíveis envios de tropas à guerra, assim o
governo brasileiro encara a Educação Física como um meio de treinamento
para os alunos. As aulas de Educação Física nas escolas eram ministradas
por instrutores físicos do exército, que traziam para essas instituições os
rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia Assim, a Educação
Física serviu como uma ferramenta ideológica para alienação social,
favorecendo aos interesses do ideário dominante da ditadura de Getúlio
Vargas.
As mulheres começaram a ser incluídas de forma mais forte nas aulas de Educação
Física, porém separadas dos homens. Esta separação ocorria, pois os exercícios
masculinos eram mais rigorosos e a ginástica feminina era mais calma.
O objetivo desta inclusão mais marcante era favorecer a saúde feminina, porém com
a real preocupação em preparar as futuras mães. Assim, a Educação Física feminina
se preocupava em preparar o corpo de suas alunas para uma boa gestação, tendo o
pensamento voltado ao nascimento de brasileiros puros e saudáveis, apontando mais
uma vez para a ideia da eugenia (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).
Apesar disso, a absorção de instrutores militares pelo âmbito educacional foi apenas
um dos fatores para a concretização da área da Educação Física na escola.
(CAPARROZ, 2005). As disciplinas de Educação Física e Educação Moral e Cívica eram
elos de uma mesma corrente, articuladas no sentido de darem à prática educacional a
conotação almejada pelos responsáveis da política de governo. Assim, a Educação
Física serviu como uma ferramenta ideológica para alienação social, favorecendo aos
interesses do ideário dominante da ditadura de Getúlio Vargas (CASTELLANI FILHO,
2003).
57
Alunos assistem ao hasteamento da bandeira nacional, ca. 1977
Foto: arquivo pessoal.
[...] análises que confundem duas questões que logicamente mantêm
relação entre si, mas que não podem ser colocadas como idênticas: a
obrigatoriedade da educação física em todas as escolas primárias,
normais e secundárias, expressa no artigo 131 da Carta
Constitucional; a criação de Centros da Juventude, pelo artigo 132,
artigo este que se refere a ‘adestramento physico’ mas que não faz
menção direta à educação física, ainda que seja possível inferir que
tal adestramento seria responsabilidade dessa área (CAPARROZ,
2005).
Nesta época, foi fundada a primeira escola de Educação Física do exército e
posteriormente, em 1939, foi criada a primeira escola civil de formação de
professores da área, a Escola Nacional de Educação Física e Desportos, integrada à
Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo o corpo
docente composto por instrutores de Educação Física e médicos (SOUZA NETO et al.,
2004).
58
Com o final da segunda guerra mundial, em 1945, o pensamento militar também foi
colocado de lado, dando início a construção de uma nova Educação Física no Brasil,
baseada em conceitos pedagógicos do modelo americano, um dos países vencedores
da guerra (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998). Começa então a predominar a tendência
ideológica Pedagogicista, que será assunto a ser discutido na próxima aula. Aguardo
você!
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula observamos que a Educação Física foi utilizada dentro da
tendência ideológica Militarista para implantar valores objetivados pelo
governo da época. Olhando a Educação Física, ainda hoje ela pode ser o
caminho para a conscientização e implantação de valores na sociedade.
Neste sentido, a reportagem intitulada “Educação Física estimula valores
éticos e morais” do jornal eletrônico “Hoje em dia”, nos trás justamente esta
perspectiva.  
“Do ponto de vista social, desde que esteja vinculado ao desenvolvimento e
à prática de valores, o esporte tem a capacidade de melhorar a convivência
entre os colegas e estimular a cooperação”, explica a professora de
pedagogia do esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), Ana Cláudia Porfírio Couto.
Assunto bacana, não é? Então confira a reportagem completa!
59
https://www.hojeemdia.c.om.br/horizontes/educa%C3%A7%C3%A3o-f%C3%ADsica-estimula-valores-%C3%A9ticos-e-morais-1.171624
07
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Pedagogicista
60
Caro aluno,
Na última aula você acompanhou a evolução histórica da Educação Física no Brasil
entre 1930 e 1945, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, em que a
tendência ideológica predominante era a militarista.
Com o final da segunda guerra mundial em 1945, o pensamento militar também foi
colocado de lado, dando início a construção de uma nova Educação Física no Brasil,
baseada em conceitos pedagógicos, dando inicio então à tendência ideológica
Pedagogicista.
O contexto político, social, econômico e histórico do país nas décadas posteriores a
guerra conduziram a esta tendência, sendo a concepção que reclamou na sociedade a
necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de
promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física
como uma prática eminentemente educativa (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
Com a derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, a Educação Física passa
a sofrer a influência do liberalismo americano, assim como grande parte do mundo
ocidental. Nos Estados Unidos, a Educação Física recorria a jogos e brincadeiras,
ginásticas, lutas e esportes, principalmente o basquetebol e o voleibol, conteúdos logo
assimilados pela disciplina no Brasil (SESC, 2003).
Com o crescimento da escola pública no Brasil, a Educação Física recebe impulsos da
ideologia desenvolvimentista do Governo de Juscelino Kubitscheck e passa a se
integrar pela primeira vez nas questões pedagógicas, passando a ser o centro vivo da
escola.
Dentro do processo de implantação da Educação Física na matriz curricular das
escolas, buscava-se habilidades consideradas fundamentais para a saúde física e
mental, por meio de festas, torneios, gincanas, desfiles, formação de bandas musicais,
entre outras, havendo maior preocupação com a inclusão para a participação dos
alunos, visando o lazer com o intuito de gerar o controle emocional, o aproveitamento
das horas livres e a formação do caráter dos alunos (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1998).
61
Aluno participa de competição entre escolas
Fonte: Disponível aqui
A saúde passa a ser discutida de forma teórica na disciplina e assuntos como
primeiros socorros, higiene, prevenção de doenças e alimentação saudável são
incorporados às aulas de Educação Física. Entretanto, no período ainda não se notava
uma preocupação com a saúde coletiva, e sim individual. Não havia discussões sobre
lazer, moradia, emprego e saneamento, condições básicas para a saúde, na visão da
Saúde Coletiva (FERREIRA, 2009).
Um fato negativo desta época é o início do culto ao corpo de forma consumista, a
partir da década de 1960, fortemente apoiado pelo modelo american way of life (modode vida americano), que passa a ser copiado pela sociedade brasileira (COURTINE,
1995).
Inversamente a este fato, a tendência Pedagogicista, denominada por alguns como
biopsicossocial, foi inspirada no discurso liberal do movimento conhecido com “Escola
Nova”, “Escola Ativa”, que buscava uma renovação do ensino para efetivar um caráter
mais educacional à Educação Física, que mesmo sustentando o pensamento liberal
burguês, foi o primeiro movimento na área que buscou a valorização da Educação
Física perante a sociedade (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
62
https://www.maispajeu.com.br/2016/12/fotos-antigas-dos-jogos-escolares-da.html
As introduções de ideias pedagógicas fizeram com que a Educação Física fosse
reconhecida como um meio de educação, pois advogava no sentido de explicar que o
homem, para ser instruído de forma integral, deveria não somente ser educado
cognitiva e afetivamente, mas também no campo físico. Este fato proporcionou aos
professores da disciplina substituir os métodos mecânicos da prática por métodos
mais lúdicos (GUEDES,1999).
A Educação Física Pedagogicista está preocupada com a juventude
que frequenta as escolas. A ginástica, a dança, o desporto etc, são
meios de educação do alunado. São instrumentos capazes de levar a
juventude a aceitar as regras de convívio democrático e de preparar
as novas gerações para o altruísmo, o culto a riquezas etc
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 1998).
Assim como os militares da tendência militarista tentaram superar os métodos
médicos da tendência higienista, foram os pedagogos que procuraram tomar o lugar
dos militares na tendência Pedagogicista, apesar de alguns resquícios da área médica
e militar que se mantiveram presentes nas aulas dos professores da época. Mesmo
assim, a partir de agora a relação era, enfim, aluno-professor (GUEDES,1999).
63
A tendência Pedagogicista surgiu na Educação Física no Brasil, após o
término da Segunda Guerra Mundial, por influência do liberalismo
Americano, em que as introduções de ideias pedagógicas fizeram com que a
área fosse reconhecida como um meio de educação, pois advogava no
sentido de explicar que o homem, para ser instruído de forma integral,
deveria não somente ser educado cognitiva e afetivamente, mas também no
campo físico. Este fato proporcionou aos professores da disciplina substituir
os métodos mecânicos da prática por métodos mais lúdicos, buscando
habilidades consideradas fundamentais para a saúde física e mental, por
meio de festas, torneios, gincanas, desfiles, formação de bandas musicais,
entre outras, havendo maior preocupação com a inclusão para a
participação dos alunos, visando o lazer com o intuito de gerar o controle
emocional, o aproveitamento das horas livres e a formação do caráter dos
alunos.
Outro fato extremamente importante para a consolidação da Educação Física
Pedagogicista foi quando as disciplinas de “prática de ensino”, “recreação e lazer”,
didática”, entre outras com este novo direcionamento, foram incluídas dentro dos
currículos das faculdades. Estas disciplinas visavam formar o futuro profissional de
Educação Física com um olhar mais direcionado ao ato educativo, levando o professor
a pensar a atividade física não só como meio de desenvolver a eficiência e o
rendimento (CASTELHANI FILHO, 1988).
O aspecto não crítico da Educação Física Pedagogicista elencava alguns fins para os
quais a área deveria ser dirigida:
Saúde: a Educação Física deveria contribuir para a saúde física e mental;
Caráter e qualidades mínimas de um bom membro de família e bom
cidadão, no qual a Educação Física serviria para o desenvolvimento do caráter;
Preparação vocacional, no qual certos tipos de atividades físicas,
especialmente as competições desportivas, desenvolveriam controle emocional
64
e liderança;
Uso contínuo das horas livres ou de folga: A Educação Física estaria
relacionada com o intuito de ir contra o mau aproveitamento do tempo livre,
pois isto poderia destruir a saúde, reduzir a eficiência e quebrar o caráter, além
de degradar a vida (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
A Educação Física Pedagogicista seguiu, então, a forma da educação liberal, a qual
buscava a formação de um cidadão voltado aos valores da sociedade vigente. E que
em um primeiro momento, discutiu uma nova concepção de Educação Física, mas que
apesar de sua contribuição, não fugiu a reprodução dos ideais conservadores.
Outro marco importante para a Educação Física escolar foi a promulgação da primeira
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LBD. Nº 4024, em 1961.
Na escola primária, a Educação Física teve como objetivo a recreação
(individual e coletiva) nos seus variados aspectos, onde era realizada
por meio das atividades naturais, jogos, atividades rítmicas,
dramatizações, atividades complementares, visando abarcar a
totalidade do desenvolvimento do aluno (Programa da Escola
Primária de São Paulo, 1967).
Durante toda a década de 1960, a Educação Física se preocupou também com a
atitude postural adequada, com a coordenação sensório motor, o refinamento dos
sentidos, e o aumento da sensibilidade rítmica, favorecendo a coeducação, e o
conhecimento de nossos costumes (ARANTES, 1991).
Neste período houve por parte governamental e pela iniciativa privada, um
significativo esforço para uma escolarização diversificada, podendo ser notada pela
criação de inúmeras experiências inovadoras no processo de educação formal tais
como os ginásios pluri-curriculares, vocacionais, a unificação em dois níveis dos anos
do primário formando apenas dois blocos (ARANTES, 1991).
65
A Educação Física brasileira parecia caminhar a passos largos para uma boa utilização
de seus métodos, passando a ter sua aplicação em prol da discussão teórica-
educacional. Porém, um fato histórico no Brasil causou um retrocesso tamanho com
uma lastimável volta ao biologicismo: a ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964,
assunto este que será discutido na nossa próxima aula. Aguardo você!
66
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula, você aprendeu que a tendência ideológica Pedagogicista aponta
para a importância da Educação Física para a transformação integral dos
alunos, para que ele entenda os seus limites e exerça papel como sujeito
ativo dentro da escola e na sociedade. Vindo neste mesmo sentido, a
reportagem intitulada “A importância da Educação Física na Escola”,
publicada pelo site globo.com visitou uma escola na cidade de Sorocaba,
interior de São Paulo, e conversou com profissionais sobre o tema:
“A escola estimula todos os alunos a participarem das mais variadas
atividades esportivas, acreditando sempre que o esporte seja parte
integrante do desenvolvimento de importantes habilidades, como a
socialização, o trabalho em equipe, o respeito a regras, a cultura corpórea e
o aprender a ganhar e, também, a perder.”
Gostou do tema? Então confira agora a reportagem na íntegra!
67
https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/especial-publicitario/objetivo-sorocaba/conduzindo-o-melhor-de-voce/noticia/a-importancia-da-educacao-fisica-na-escola.ghtml
08
Educação Física no Brasil: 
Tendência Ideológica 
Esportitivista
68
Caro aluno,
Observando todo o processo histórico da Educação Física no Brasil, há que se
concordar que os maiores avanços para a área no sentido pedagógico e com olhar do
aluno como ser integral, aconteceram durante a implantação das ideias da tendência
Pedagogicista, sob influência do liberalismo americano. Porém, estes avanços foram
interrompidos com o golpe militar de 1964, trazendo para a área ideias retrógradas.
A tendência ideológica dominante na Educação Física, a partir de então, foi conhecida
como Esportitivista, Competitivista, Mecanicista ou Tecnicista. Com a tomada de poder
pelos militares em 1º de abril de 1964, é instalado um governo em que as pessoas
com ideias contrárias à ditadura eram rigorosamente punidas com perseguições,
cadeia, exílio e morte. A censura passa a ser exercida e ocorrem   fiscalização de
sindicatos, entidades estudantis e partidárias (FERREIRA, 2009).
Nesse período, o Brasil consegueconquistar o tricampeonato da seleção brasileira de
futebol, no México em 1970, e o povo comemorava pelas ruas as vitórias brasileiras. O
governo percebeu que a população adorava esportes, e que este poderia ser o
caminho para direcionar a atenção às disputas, mantendo as pessoas afastadas das
discussões políticas (FERREIRA, 2009).
O governo militar começou a investir bastante no esporte, fazendo da Educação Física
um sustentáculo ideológico, a partir do êxito em competições esportivas de alto
nível, para eliminar as críticas internas e deixar transparecer um clima de
prosperidade e desenvolvimento (DARIDO e RANGEL, 2005).
Assim, o discurso era o de descobrir novos talentos e tentar transformar o Brasil em
potência olímpica. Porém, junto a isso havia um objetivo oculto: Incentivar a
população a se ocupar com a prática de esportes, e deixar de lado as preocupações
com o governo autoritário. Apesar deste direcionamento, o Brasil não se torna uma
potência olímpica, obtendo maus resultados em competições internacionais
(FERREIRA, 2009).
Direcionado aos objetivos traçados, o governo resolve apoiar a prática de esportes na
escola através da Educação Física, em que os professores agora deveriam deixar de
lado os aspectos sociais, educativos e afetivos e se preocupar somente com o
rendimento e o aprimoramento das habilidades esportivas (FERREIRA, 2009).
69
A prática de alguma modalidade esportiva se tornou tão importante
sob esse prisma político que justificou a criação, na década de 70, de
um programa federal chamado “Esporte Para Todos” (EPT), cujas
bases ideológicas assentavam-se justamente na popularização da
prática esportiva como uma espécie de analgésico para a consciência
das pessoas (CATELHANI FILHO, 1988).
Com esta mudança de ideal, a Educação Física passa a passa a ser sinônimo de
esportes, estigma que a área carrega até hoje em dia. Neste novo modelo, há uma
exclusão generalizada daqueles que não possuíam habilidades para as modalidades,
pois a competição passa a ser o objetivo final de todo o processo, modificando a
relação professor-aluno, para relação técnico-atleta (FERREIRA, 2009).
É nessa época que se desenvolve a ideia do “professor-atleta”, apoiando que o bom
profissional de Educação Física deveria ser aquele que já tivesse praticado a
modalidade que ensina e quanto melhor o atleta tivesse sido, melhor professor seria
considerado. O extremo absoluto dessa ideia de profissional fica expresso nos pré-
testes físicos a que os candidatos a cursar uma faculdade de Educação Física
deveriam se submeter. Eram provas para testar a condição física e atlética do
candidato como: corridas, natação, modalidades esportivas. Aqueles que não
obtivessem índices desejáveis eram excluídos do processo de seleção  (GHIRALDELLI
JUNIOR, 1994).
70
A tendência Esportitivista esteve na Educação Física no Brasil durante a
ditadura militar iniciada com o golpe de 1964. O governo resolve apoiar a
prática de esportes na escola através da Educação Física, em que os
professores agora deveriam deixar de lado os aspectos sociais, educativos e
afetivos e se preocupar somente com o rendimento e o aprimoramento das
habilidades esportivas, o que resultou em uma exclusão generalizada
daqueles que não possuíam destreza motora para as modalidades, pois a
competição passa a ser o objetivo final de todo o processo, modificando a
relação professor-aluno, para relação técnico-atleta. O discurso era o de
descobrir novos talentos e tentar transformar o Brasil em potência olímpica.
Porém, junto a isso havia um objetivo oculto: Incentivar a população a se
ocupar com a prática de esportes, e deixar de lado as preocupações com o
governo autoritário. Apesar deste direcionamento, o Brasil não se torna uma
potência olímpica, obtendo maus resultados em competições internacionais.
Outro fato importante, nesta época, foi a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes
no ensino do 3º Grau, por meio do decreto lei no 705/69 (Brasil., 1969), que tinha
como propósito político favorecer o regime militar, desmantelando as mobilizações e
o movimento estudantil que era contrário ao governo, uma vez que as universidades
representavam um dos principais polos de resistência à ditadura (CASTELLANI FILHO,
1998).
Desta forma, o esporte era utilizado como um elemento de distração à realidade
política da época. Além disso, a Educação Física/Esportes no 3º Grau era considerada
uma atividade destituída de conhecimentos e estaca voltada a formação de mão de
obra apta para a produção (DARIDO e RANGEL, 2005).
A Educação Física, agora como disciplina acadêmica e como política
social voltada as demandas de lazer/tempo livre dos universitários,
teve uma função ideológica clara, a qual coube à educação física o
71
Alunos jogam basquete em aula de educação física na década de 1970
Fonte: arquivo pessoal.
papel de colaborar, por meio de seu caráter lúdico esportivo, com o
esvaziamento de qualquer tentativa de rearticulação política do
movimento estudantil no contexto universitário. Desse modo,
surgiram neste período os Jogos escolares, jogos municipais, jogos
abertos, jogos da juventude e todas as demais competições em nível
“amador” (CHAGAS e GARCIA, 2011).
No ano de 1971 foi implementada a segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional Nº 5692, em que os diferentes graus de escolarização recebiam agora nova
organização e unificação vertical. O primeiro segmento denominado Primeiro Grau
era composto por oito séries integradas pelo Núcleo Comum e Parte Diversificada.
Nomeavam-se “Disciplina” aquelas com orientação teórica e por “Atividade” as de
cunho prático, sem reprovação, exceto por faltas (Educação Artística, Inglês e
Educação Física) (PAR.CFE. 853/71). O Segundo Grau era composto por três ou quatro
séries, de cunho técnico profissionalizante que era oferecido a todos os estudantes.
Em São Paulo, durante esta época, deu-se a confecção de um material de apoio e
conteúdo obrigatoriamente seguido e desenvolvido por todos os professores da rede
pública estadual, conhecido como “Verdão”, que apresentava orientação rígida e
72
estrutural. Em Educação Física, o documento explicava as sequências dos diferentes
conteúdos das modalidades ginásticas, atléticas e esportivas (CERHUPE, 1972).
As séries primárias eram direcionadas a grandes jogos, com ênfase na competição,
em que as crianças de 1ª a 4ª série deveriam participar de jogos e brincadeiras que
atuassem sobre todo esquema corporal, visando desenvolver as habilidades básicas
para a futura prática de algum Esporte (GHIRALDELLI JUNIOR, 1994).
Já de 5ª a 8ª série, as aulas deveriam ser dirigidas aos fundamentos de alguma
modalidade esportiva, além de horários exclusivos para o treinamento das “seleções
colegiais”, valendo-se do Método da “Desportiva Generalizada”, em que não se previa
no processo a inclusão daqueles que fossem menos habilidosos e não se
adequassem. No segundo grau, o objetivo era desenvolver mais noções técnicas e
táticas, para competir contra outros colégios e/ou cidades (CASTELHANI FILHO, 1988).
A ideologia do esporte e a construção do corpo eficiente e dócil
permanecem na atuação de inúmeros profissionais, bem como
permanece o desporto de alto nível como modelo de atividade física,
de espetáculo e de anestésico à consciência social (CHAGAS e GARCIA,
2011).
73
Vôlei feminino em aulas de educação física na década de 1970
Fonte: arquivo pessoal.
Ainda neste período, a Educação Física recebe também influências dos discursos
econômicos, que preocupados com os problemas de saúde, alertavam para a
realização de atividades físicas pela população. O argumento na verdade era o de
tornar menos custosa a saúde para os governos. Esse movimento denominado
healthism (Estilo de vida que prioriza a saúde) teve sua origem nos Estados Unidos da
América e, anos mais tarde no Brasil, passa a se chamar de Movimento da Saúde
(SOARES, 2004).
O Movimento da Saúde era pautado pelo individualismo, em detrimento das questões
sociais, onde as atividades físicas passam a ser medidas dainiciativa privada,
diferentemente das tendências Higienista e Militarista, em que a ideologia era voltada
para o Estado, com objetivo de conseguir a eugenia e melhoria da raça (GÓIS JÚNIOR;
LOVISOLO, 2003).
A crescente prática do esporte, desenvolvida em lugares específicos,
como nos clubes, nas escolas e nas universidades, ajudou para que
essa expressão da cultura fosse sendo regulamentada sob a
intervenção do Estado que, por sua vez, passou a assumir a
organização esportiva com a criação de políticas. É importante
ressaltar também que o crescimento do esporte não teve um caráter
74
de neutralidade, mas de sentidos e significados políticos e
ideológicos, de uma determinada estrutura social que produz uma
visão de mundo e de sociedade sob a lógica da manutenção e
perpetuação das relações capitalistas (CASTELHANI FILHO, 1988).
A partir de meados dos anos 1980, a ditadura brasileira começa a perder força para
sustentar o poder, e os movimentos democráticos começam a se fortalecer, como,
por exemplo, o movimento “Diretas Já”, que pedia eleições democráticas e o fim do
regime militar. A Educação Física penetra na era da tendência popular, dominada
pelos anseios operários de ascensão na sociedade, com conceitos de inclusão,
participação, cooperação, afetividade, lazer e qualidade de vida (FERREIRA, 2009).
A força do biologicismo, tão presente em outras tendências da Educação Física,
parece, então, declinar. Lesões, traumas, estresse e uso de drogas para aumentar o
rendimento direcionam a atenção da população para os efeitos do esportitivismo e de
sua busca pelo alto rendimento, criticando a Educação Física pelo predomínio desses
conteúdos esportivos (DARIDO e RANGEL, 2005).
Atualmente, coexistem na Educação física diversas concepções, modelos, tendências e
abordagens que tentam romper com o modelo mecanicista e tradicional, como por
exemplo: psicomotricidade, desenvolvimentista, saúde renovada e mais
recentemente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997). Porém,
esses assuntos serão tratados na nossa próxima aula. Aguardo você!
75
Acesse o link: Disponível aqui
Dentro do tema da aula, você viu que com a implantação da tendência
Esportitivista na Educação Física durante a ditadura militar, o foco era
friamente a performance esportiva, o que excluía os alunos com poucas
habilidades para as modalidades. Na direção oposta a este ideal, o “Centro
de Referência em Educação Integral” traz uma visão atualizada de como o
esporte deve ser abordado na escola. A reportagem que leva o título “Alto
rendimento não deve ser foco da Educação Física escolar” questiona:
“Mas qual deve ser o papel do esporte na escola? Encontrar potenciais
atletas? Desenvolver apenas as práticas esportivas mais populares
transmitidas na televisão? Como ficam os estudantes que não se enquadram
nesse padrão?”
A partir desses questionamentos, o diretor geral da Fundação Gol de Letra,
Sóstenes Brasileiro, irmão dos jogadores de futebol Raí e Sócrates afirma:
“O central na prática esportiva escolar é garantir o desenvolvimento físico,
motor e a inteligência corporal. O sujeito só pode ser plenamente
desenvolvido a partir disso. Esporte é envolvimento com o outro, entender e
respeitar regras, compartilhar regras com amigos e adversários. A Educação
Física tem que se preocupar com isso e não em formar atletas de elite”.
Tema interessante, não é? Confira a reportagem completa!
76
https://educacaointegral.org.br/reportagens/alto-rendimento-nao-deve-ser-foco-principal-da-educacao-fisica-escolar-dizem-especialistas/
09
Abordagens Pedagógicas 
na Educação Física Atual
77
Caro aluno,
Como vimos até a aula passada, a Educação Física no Brasil teve uma história cheia de
transformações ao longo dos tempos, com influências da área médica, militar,
pedagógica e esportiva. Após 1985, com o final da ditadura militar, diversas
concepções e abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista e
tradicional, surgiram e se mantém na área atualmente.
Na década de 1980, iniciou-se um amplo debate sobre os pressupostos e a
especificidade da Educação Física, resultando em várias abordagens pedagógicas para
a área, como a Psicomotricidade, Desenvolvimentista, Construtivista, Saúde
Renovada, Crítico-superadora e Critíco-emancipatória, entre outras (DARIDO, 2003).
A Educação Física passa então a realizar importantes mudanças em sua estrutura,
reformulando a matriz curricular, conteúdos desenvolvidos para a escola e reflexões
críticas que fazem a área romper com o biologicismo reinante (RAMOS e FERREIRA,
2000), avançando para a ampliação de seus conteúdos e percepção do corpo e do
movimento, voltando-se então para a compreensão da cultura corporal (BRACHT,
1996).
A Educação Física deve preocupar-se com a formação do cidadão que
irá usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas
culturais da atividade física (BETTI, 1992).
A Psicomotricidade foi o primeiro movimento a se articular, a partir da década de
1970, como uma abordagem da Educação Física Escolar, em que seus princípios
extrapolam a ordem biológica e de rendimento corporal, inserindo na prática o
conhecimento de ordem psicológica (DARIDO, 2001), visando o desenvolvimento
integral do aluno, estimulando os aspectos motores, cognitivos e afetivos (SOARES,
1996).
Seu grande difusor foi o francês Jean Le Boulch (1924-2001) que preconizava a
educação psicomotora através de movimentos espontâneos com o intuito de
favorecer a imagem do corpo, que seria, segundo ele, o núcleo central da
personalidade (LE BOULCH, 1986).
78
A Psicomotricidade desenvolve fatores como a noção de corpo, tonicidade, equilíbrio,
estrutura espaço-temporal, lateralidade, coordenação motora global e coordenação
fina. Nesta abordagem, a saúde é vista de forma indireta como resultado do
desenvolvimento dos fatores psicomotores, afetivos e cognitivos (FERREIRA, 2001).
Esta concepção pedagógica foi divulgada inicialmente em programas de escolas
voltadas para o atendimento de alunos com deficiência motora e intelectual (DARIDO
e RANGEL, 2005).
Já o Construtivismo se baseia na abordagem do Sueco Jean Piaget (1896-1980),
sofrendo influências também da Psicomotricidade, no sentido de valorizar aspectos
psicológicos, afetivos e cognitivos no desenvolvimento do movimento humano.
Dentro desta complexidade, a construção do conhecimento se dá através da
interação sujeito-mundo (DARIDO, 2001).
Em complemento, esta abordagem proporciona ao aluno condições para que seu
comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experiências de
movimentos adequados às diferentes faixas etárias, cabendo ao professor observar
sistematicamente o comportamento dos alunos, no sentido de verificar em que fase
de desenvolvimento motor eles se encontram, localizando os erros e oferecendo
informações relevantes para o aprimoramento (DARIDO e RANGEL, 2005).
79
Paulo Freire (1921-1997) foi o responsável pela introdução desta abordagem na
Educação Física Escolar, tendo seu livro “Educação de Corpo Inteiro”   como obra de
referência no contexto construtivista. Para o autor, a criança é uma especialista no
jogo, no brincar e no brinquedo, e possui um conhecimento prévio que deve ser
respeitado, considerando o erro como um processo para a aprendizagem (FREIRE,
1991). O tema saúde na abordagem construtivista é, assim como na psicomotricidade,
compreendido de forma indireta.
Na abordagem desenvolvimentista, a preocupação é com o desenvolvimento das
habilidades motoras básicas, entre elas as habilidades locomotoras, de manipulação e
de estabilização. No Brasil, o autor Go Tani é representante esta abordagem,  explica
que a Educação Física deve se preocupar com o crescimento e desenvolvimento
motor, pois para esta abordagem defende que o movimento é o principal meio e fim
da Educação Física. Sendo mais biologiscista, a abordagem Desenvolvimentista possui
um conceito de saúde indireto, se preocupando com a aprendizagem das habilidades
motoras, pois é através delas que os seres humanos se adaptam aos problemasdo
cotidiano (DARIDO, 2001).
Opondo-se ao tecnicismo da Educação Física escolar, alguns autores elaboram uma
proposta de mudanças para a área regida pelo marxismo, sendo as abordagens
críticas, também denominadas progressivas, exigem do professor de Educação Física
uma visão da realidade de forma mais política, combatendo a alienação dos alunos e
defendendo uma postura de superação das injustiças sociais, econômicas e políticas.
Dentre essas abordagens podemos citar a Crítico-superadora e a Crítico-
emancipatória (DARIDO, 2001).
Na abordagem Crítico-superadora, representada no livro “Metodologia do Ensino da
Educação Física”, instiga a reflexão sobre questões de poder, interesse, esforço e
contestação, analisando que não se deve apenas explicar como ensinar, mas,
sobretudo, como se adquire conhecimento, respeitando os aspectos sócio-culturais
dos alunos e considerando a realidade dos operários (DARIDO, 2001).
Já a abordagem Crítico-emancipatória, proposta pelo autor Elonor Kunz, segue as
diretrizes da Escola alemã de Frankfurt e busca no ensino através da Educação Física a
libertação de falsas ilusões, interesses e desejos criados por uma mídia com
interesses capitalistas, envolvendo discussões sobre a saúde direcionada mais para as
questões de justiça social (DARIDO, 2001).
80
Nessas visões críticas, a Educação Física é entendida como uma disciplina que trata do
conhecimento denominado cultura corporal, que tem como temas, o jogo, a
brincadeira, a ginástica, a dança e o esporte, apresentando relações com os principais
problemas sociais e políticos vivenciados pelos alunos (DARIDO e RANGEL, 2005).
A partir da década de 1990, ocorre a existência de uma abordagem da Educação Física
Escolar voltada diretamente para as questões da saúde, não apenas repetindo os
conceitos da tendência Higienista, mas ampliando a discussão, denominada de Saúde
Renovada. Essa abordagem é considerada renovada pois incorpora os preceitos
positivos do Higienismo, descarta soluções negativas, como o eugenismo e recorre a
um enfoque mais sociocultural que biológico (DARIDO, 2003).
Nahas (1989) e Guedes e Guedes (1996) passam a defender a ideia de uma Educação
Física escolar dentro da perspectiva biológica para explicar as causas e fenômenos da
saúde, entretanto não se afastam das questões sociais. Começa-se então a discutir o
sentido de qualidade de vida e bem estar, alertando para as preocupações com a
incidência de distúrbios orgânicos associados ao sedentarismo.
A prática da atividade física através da Educação Física Escolar, na infância e
adolescência, pode estimular uma vida saudável na fase adulta, para tanto o hábito da
vida saudável deve ser ensinado na escola, sugerindo a reformulação dos programas,
agora como um meio de educação e promoção da saúde (GUEDES e GUEDES, 1996).
81
Nahas (1989) aponta que o objetivo da Educação Física Escolar é ensinar conceitos
básicos da relação atividade física-saúde e incluir todos os alunos nesta perspectiva,
como sedentários, obesos, portadores de baixa aptidão física e especiais.
A compreensão de saúde e o entendimento dos benefícios que a atividade física
produz no organismo são informações que não se resumem apenas à prática
costumeira dos esportes, mas conceitos que devem ser assimilados e incorporados à
rotina, produzindo futuros adultos conscientes dos hábitos saudáveis ao longo da
vida (NAHAS, 1989; GUEDES e GUEDES, 1996).
A compreensão de saúde deve envolver temas como: estresse, sedentarismo,
doenças hipocinéticas, problemas cardíacos, entre outros, compreendendo saúde
como a capacidade do indivíduo desfrutar a vida com bem estar, e não apenas
ausência de doença. Devemos considerar que a saúde não é um estado estável e sim
mutável, que é construído individualmente ao longo da vida, e para isso, a Educação
Física escolar é fundamental (GUEDES e GUEDES, 1996; NAHAS, 1997).
Na década de 1990, o Ministério da Educação e do Desporto, inspirado no modelo
educacional espanhol, convidou um grupo de pesquisadores de várias áreas do
conhecimento, entre elas a Educação Física, para a construção dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs). As propostas dos PCNs para Educação Física
82
apresentavam avanços, sendo relevantes o princípio da inclusão, as dimensões de
conteúdo atitudinais, conceituais e procedimentais, e os temas transversais (DARIDO,
2001).
Com a reformulação dos PCNs em 1996, é ressaltada a importância da articulação da
Educação Física entre o aprender a fazer, o saber por que se está fazendo e como
relacionar-se nesse saber, trazendo as diferentes dimensões dos conteúdos e
propondo um relacionamento com grandes problemas da sociedade brasileira, sem
no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na esfera da cultura
corporal, devendo ser trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através
de temas transversais, favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e
autonomia (BRASIL, 1997).
Os PCNs se atrelam a um conceito de saúde que supera o paradigma biológico e
informativo. No documento são considerados os diversos enfoques que formam a
composição do cenário da saúde, incluindo os aspectos sociais, econômicos, culturais,
afetivos e psicológicos (BRASIL, 1998). O texto introdutório dos PCNs-Saúde
apresentou o desafio de educar para a saúde, no que se refere a hábitos e atitudes de
vida (BRASIL, 2000). Os PCNs buscam um modelo de compreensão de saúde mais
abrangente, que não excluem as questões biológicas, mas defendem o fenômeno
social como fator decisivo do entendimento de saúde, sendo a abordagem que mais
se aproxima dos ideais da saúde coletiva, por abordar e considerar fatores externos, e
não somente a prática de exercícios, como indicadores de saúde (BRASIL, 2000).
Observando todas as abordagens predominantes na Educação Física através dos
tempos, há de se discutir agora a evolução da formação de professores e os cursos de
graduação na área. Mas este será assunto para nossa próxima aula. Aguardo você!
83
Na década de 1980, iniciou-se um amplo debate sobre os pressupostos e a
especificidade da Educação Física, resultando em várias abordagens
pedagógicas para a área, como a Psicomotricidade, Desenvolvimentista,
Construtivista, Saúde Renovada, Crítico-superadora, Critíco-emancipatória e
Parâmetros curriculares nacionais. Todas essas abordagens buscaram
confrontar à visão tecnicista e mecanicista antes predominante na área. O
objetivo agora, resumindo as abordagens atuais na Educação Física, é incluir
todos os alunos no processo educacional, com foco no desenvolvimento
motor e saúde, levando em consideração os aspectos socioculturais.
84
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula, você viu que nas abordagens pedagógicas na Educação Física a
partir da década de 1980 tinham foco na inclusão e todos os alunos. Neste
sentido, a reportagem intitulada “A Educação Física mudou para melhor:
agora ela é de todos”, do site Nova Escola, discute justamente o processo
histórico e apresenta a prática atual na área, como descreve o professor
Marcelo Barro Jabu:
“A partir desse momento, foi feito um grande esforço de criação e
sistematização de uma proposta metodológica que conseguisse, por assim
dizer, democratizar o acesso dos alunos, de TODOS os alunos, aos processos
de aprendizagem com êxito. Foram muitas as mudanças e os avanços
construídos pelos educadores da área. Com muitos erros e acertos, ajustes e
reajustes, foi possível constituir e aplicar uma proposta metodológica que
transformasse a chamada Educação Física tradicional em uma nova
Educação Física escolar. Diga-se em tempo: o que norteou essa busca foi
justamente a garantia de acesso à aprendizagem da dimensão corporal dos
conteúdos da disciplina, ainda que outros aspectos também passassem a ter
um mesmo grau de importância.”
Gostou deste trecho da reportagem? Então confira na íntegra!
85
https://novaescola.org.br/conteudo/767/a-educacao-fisica-mudou-para-melhor-agora-ela-e-de-todos
10
A Construção e Evolução 
dos Cursos de Graduação 
em Educação Físicano 
Brasil 86
Caro aluno,
Nas últimas aulas, conversamos a respeito das abordagens e tendências pedagógicas
dentro da Educação Física no Brasil. Você percebeu o quanto a área foi dinâmica em
relação às mudanças de pensamento e ideias?
A partir disso, você deve estar se perguntando: “E a graduação em Educação Física?
Como foram as mudanças na formação dos professores?”
Pois bem. Nesta aula, discutiremos justamente a construção e evolução dos cursos de
graduação em Educação Física no Brasil. É importante pensarmos que na sociedade
contemporânea, as exigências de mercado que influenciam as reformas e mudanças
no sistema educativo, com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento da
sociedade em seus diversos domínios e adaptar-se à concepção de ser humano que
se busca construir.
A formação de professores não pode considerar-se um domínio
autônomo de conhecimento e decisão, muito pelo contrário, é um
domínio profundamente determinado pelos conceitos de escola,
ensino e currículo, prevalecentes em cada época (GÓMEZ, 1992).
A história dos cursos em Educação Física no Brasil inicia-se com a criação do primeiro
curso provisório de Educação Física do Exército em 1910, em que participava a área
militar, tendo como professores médicos e ex-atletas, com duração de cinco meses
(FIGUEIREDO, 2005).
Os primeiros cursos civis foram criados em São Paulo em 1934, incorporados à
Universidade de São Paulo (USP) tempos depois, e no Rio de Janeiro, em 1939, na
Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
(FIGUEIREDO, 2005).
O curso da Universidade do Brasil foi criado pelo decreto de lei 1212, de 17 de abril de
1939, que tinha como objetivo ser a escola padrão na formação de Educação Física no
Brasil, apesar de naquela ocasião já existissem outras escolas de formação na área
pelo país. Esta outorgava diferentes títulos com diferentes durações (FIGUEIREDO,
2005):
Licenciado – 2 anos;
Normalista especializado em Educação Física – 1 ano;
87
Diploma de Educação Física da Universidade do Brasil, atual UFRJ, de 1951
Fonte: Disponível aqui
Técnico desportivo – 1 ano;
Treinador e Massagista desportivo – 1 ano;
Médico especializado em Educação Física e desporto - 1 ano.
É importante refletirmos que na sociedade contemporânea são as
exigências do mercado de trabalho que influenciam nas reformas e
mudanças no sistema educacional, com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento da sociedade em seus diversos domínios e adaptar-se à
concepção de ser humano que se busca construir. Assim, não se pode
considerar a formação de professores como um domínio autônomo de
conhecimento e decisão, mas sim, como um domínio profundamente
determinado pelos conceitos de escola, ensino e currículo, prevalecentes em
cada época.
88
https://www.capadocialeiloes.com.br/peca.asp?ID=1316804
No ano de 1969, o currículo de formação em Educação Física ganha o status de nível
superior após a resolução CFE de nº 69/69 que aumentou a carga horária para um
mínimo de três anos e 1800 horas, levando título de Licenciatura Plena e uma possível
complementação de duas disciplinas para a obtenção do título de Técnico desportivo
(TOJAL, 2005).
Houve então uma preocupação com a formação educacional com o aumento das
disciplinas da área, com a inserção de disciplinas obrigatórias, subdivididas em
“básicas” e “profissionais”, compondo um modelo chamado de “currículo mínimo”
em todos os cursos do Brasil. As disciplinas eram as seguintes (TOJAL, 2005):
Básicas: Biologia, Anatomia, Fisiologia, Cinesiologia, Biometria e Higiene.
Profissionais: Socorros Urgentes, Ginástica, Rítmica, Natação, Atletismo,
Recreação e as matérias pedagógicas de acordo com o parecer nº 672/69
(Psicologia da educação, Didática, Prática de Ensino através de Estágios
Supervisionados e Estrutura de Ensino de 1º e 2º grau).
Muitas críticas foram feitas ao currículo mínimo por levar em consideração as
diferenças regionais em que os cursos estavam inseridos. Outro problema era o fato
de algumas instituições não adicionarem em seus currículos nenhuma disciplina
complementar, ficando o currículo mínimo como currículo pleno. Com essas questões
levantadas e o aumento da área de atuação do profissional no mercado de trabalho,
uma terceira proposta curricular foi aprovada em 16 de Outubro de 1987. (TOJAL,
2005).
Feita através da Resolução nº 03/87, esta proposta decretava o fim do currículo
mínimo, substituindo-o por áreas de conhecimento, conteúdo identificador da área e
conteúdo de natureza técnico-científica, com a ampliação da carga horária mínima
para 2880 horas e tempo mínimo de integralização de quatro anos. Foi criada
também a titulação de Bacharel em Educação Física, visando atender exclusivamente
o mercado não escolar que estava em crescente expansão na década de 80,
principalmente por conta da ginástica de academia (TOJAL, 2005).
Apesar de constar na resolução nº 03/87 como possibilidade de titulação, o
Bacharelado em Educação Física foi oferecido por poucas instituições no Brasil, pois a
Licenciatura Plena, além de permitir a atuação na área escolar, também o fazia em
relação ao outros espaços, tirando o sentido de existência do Bacharelado naquele
momento (NOZAKI, 2004).
89
Em adição, nas matrizes curriculares do Bacharelado e da Licenciatura Plena, não se
percebia uma diferenciação na formação, o que aumentou o desinteresse das
instituições de ensino em oferecer uma modalidade de formação que possibilitava
menos campos de atuação ao egresso (NOZAKI, 2004).
Entretanto, após as discussões da década de 90 e pelas exigências do modelo
socioeconômico vigente, o Ministério da Educação resolveu novamente reformular os
currículos dos cursos de Licenciatura, o que acontece em 2002 com as Resoluções
CNE\CES 01 e 02 de 2002. Os pontos principais que estes documentos abordavam
dizem respeito ao aumento da carga horária de estágio que passou a ter 400 horas,
além de mais 400 horas de Práticas Curriculares, totalizando a carga horária mínima
de 2800 horas e tempo de integralização mínimo de três anos(BRASIL, 2002).
Havia a possibilidade, inclusive, do aluno cursar três anos de Bacharelado e mais um
de complementação com disciplinas pedagógicas para a obtenção do título de
Licenciado. Ou seja, tornando a Licenciatura em apenas um apêndice do Bacharelado.
Essa característica, apesar de ter sido a formatação curricular dominante no Brasil nas
diversas áreas que possuíam Licenciatura e Bacharelado, quase não foi utilizada nos
cursos de Educação Física do país (BRASIL, 2002).
Diante dessa nova organização curricular para a formação de professores, diversas
comissões foram criadas para determinar os diferentes conteúdos dos cursos de
Licenciatura e Bacharelado para a delimitação das diversas áreas de atuação. Foi
criada uma comissão de especialistas com professores universitários de Educação
Física de diversas regiões do país para que se encaminhasse ao Conselho Nacional de
Educação uma proposta de formação (TOJAL, 2005).
90
Alguns defendiam a proposta da manutenção da divisão entre Licenciatura e
Bacharelado com currículos voltados para a consolidação de competências diferentes
para campos de atuação distintos: a área escolar para a Licenciatura e o não
escolar para o Bacharelado (KUNZ, 1998).
Entretanto, este modelo tem como críticas principais o fato de que um único curso de
bacharelado também poderia não dar conta de atender ao mercado de trabalho em
constante expansão, além de desconsiderar o principio da atuação da Educação Física
que é a prática docente (KUNZ, 1998).
Em contrapartida, outra proposta defendia a criação de uma “Licenciatura ampliada”
que garantisse todo o conhecimento da Educação Física, independente do campo de
atuação. A grande crítica a esta proposta foi justamente o fato de que o aumento de
disciplinas que atendessem a área não escolar, acabaria por descaracterizar a
Licenciatura, não possibilitando a formação das competências para a atuação na
escola (KUNZ, 1998). Depois de muitas discussões prevaleceu a primeira propostamaterializada no Parecer CNE/CES 58/2004 e homologada pela Resolução CNE/CES nº
07/2004.
Esse documento veio a substituir a antiga Resolução 03/87 da educação física, sendo a
principal balizadora da formação profissional da graduação em Educação Física no
Brasil (TAFFAREL, 2005). Em 2018, através da Resolução do CNE/CES, de nº 06 de
91
dezembro, foi instituída nova atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais dos
cursos de Educação Física, fixando prazo de dois anos para a implantação nas
universidades em todo o país.
A partir desta atualização, o curso terá Etapa Comum e Específica para a formação
nos cursos de Licenciatura e Bacharelado. Nos quatro primeiros semestres, não há
distinção entre Bacharelado e Licenciatura, sendo designado apenas de graduação
em Educação Física, compondo o núcleo comum de estudos de formação geral e
identificador da área, com carga horária total de 1600 horas (CONFEF, 2019).
A partir de então, o aluno decide se cursará a etapa específica do Bacharelado ou da
Licenciatura em Educação Física, na qual o graduando terá acesso aos conhecimentos
específicos de cada vertente, totalizando 1600 horas em quatro semestres para cada
uma (CONFEF, 2019).
As novas Diretrizes Curriculares Nacionais definem que para cada formação
será obtido um diploma específico. Ainda de acordo com a Resolução nº
06/18, não há aproveitamento de nenhuma disciplina da etapa Específica,
impedindo abreviamentos e/ou atalhos. O estágio supervisionado agora
conta com carga horária de 640 horas para os cursos de Licenciatura e
bacharelado (CONFEF, 2019).  O Conselho Federal de Educação Física (2019)
apontou que o intuito desta atualização nos currículos é pela permanente e
necessária qualidade do exercício profissional em Educação Física, condição
indissociável da formação superior em nível de graduação.
E por mencionar a questão de qualidade na área, outro fato histórico que é
considerado uma grande conquista para a Educação Física é a Regulamentação da
profissão. Mas este é assunto para a próxima aula. Espero você!
92
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula, você viu os aspectos importantes da evolução da graduação em
Educação Física, o que resultou nos cursos de Bacharelado e Licenciatura
que temos atualmente. A reportagem do site globo.com, intitulada “Maioria
dos diplomas em educação física são da licenciatura, mas procura pelo
bacharelado tem crescido mais”, dá um panorama da área a partir do Censo
da Educação Superior de 2015.
"Tradicionalmente, a formação da educação física se deu principalmente
pela licenciatura. A ascensão do bacharelado foi maior na última década, nos
últimos 15 anos, após as últimas diretrizes de 2004. Entre os cursos mais
antigos, tradicionais, a maioria das instituições tinha licenciatura e algumas
abriram bacharelado. Outras ficaram só com licenciatura. Essa expansão
[dos cursos de bacharelado] se dá principalmente pelas faculdades privadas.
Elas acompanham mais a demanda do mercado, de forma mais rápida. O
interesse do mercado prevalece bem mais", aponta o professor Roberto
Pereira Furtado, da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Confira a reportagem na íntegra!
93
https://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/noticia/maioria-dos-diplomas-em-educacao-fisica-sao-da-licenciatura-mas-procura-pelo-bacharelado-tem-crescido-mais-veja-o-raio-x.ghtml
11
O Processo da 
Regulamentação da 
Educação Física no 
Brasil 94
Caro aluno,
A regulamentação da profissão em Educação Física foi de extrema importância para
maior valorização e crescimento da área, pois garantiu por lei, a exclusividade de
atuação apenas de profissionais graduados, o que não acontecia anteriormente.
Apesar de a regulamentação ter se concretizado em 1º de Setembro de 1998, os
movimentos em prol destes objetivos iniciaram no final da década de 1940 (NETTO,
GENARI e GOBBI, 2019).
Podemos dividir a história da regulamentação da profissão de Educação Física no
Brasil em três fases:
A primeira relacionada aos profissionais que manifestavam ou escreviam a
respeito desta necessidade da regulamentação, porém, sem desenvolver ação
nesse sentido;
A segunda na década de 1980 quando tramitou o projeto de lei relativo à
regulamentação sendo vetado pelo Presidente da República, José Sarney.
A terceira, vinculada ao processo de regulamentação aprovado pelo Congresso e
promulgado pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso em 1º de
setembro de 1998 (CONFEF, s/d).
Todo o processo da regulamentação da profissão de Educação Física se deve a
iniciativa das Associações dos Professores de Educação Física (APEFs), localizadas no
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, que juntas fundaram a Federação
Brasileira das Associações de Professores de Educação Física (FBAPEF) em 1946
(STEINHILBER, 1998).
As APEFs promoveram diversos Congressos com o objetivo era discutir os rumos da
disciplina e da profissão, apontando a necessidade de consolidar e conquistar a
regulamentação, recebendo aprovação em todos os estados. Um exemplo desses
eventos foi o III Encontro de Professores de Educação Física, organizado pela APEF da
Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, em 1972, apresentando uma proposta de
criação dos Conselhos Regionais e Federal de Educação Física (CONFEF, s/d).
Contudo, somente na década de 80 que são efetivamente identificadas as ações para
a apresentação do projeto de regulamentação da profissão ao poder legislativo.
Em 22 de novembro de 1983, na reunião entre os diretores, professores e estudantes
de Escolas de Educação Física, realizada em Brasília-DF, cujo propósito foi discutir
sobre a problemática da atuação profissional em Educação Física, visando a criação de
95
um órgão orientador, disciplinador e fiscalizador do exercício profissional,
coordenada pelo Prof. Benno Becker, membro da Comissão de Pesquisa em Educação
Física e Desportos do MEC, apresentou um projeto elaborado, tendo como base os
projetos de conselho regionais e federais da psicologia e medicina. Após discussão e
debate, o projeto de lei foi aperfeiçoado (CONFEF, 1983).
Chegaram ao acordo de que a proposta seria de criação de Conselho dos Profissionais
de Educação Física, alertando a todos os presentes a respeito da tramitação que o
projeto teria na Câmara dos Deputados e da necessidade de cada um mobilizar os
representantes políticos de cada estado, para a defesa e o acompanhamento do
projeto. Assim, os Professores Benno Becker e Antônio Amorim foram designados
para o encaminhamento do projeto de lei ao poder legislativo (CONFEF, 1983).
Do ano de 1984 em diante, as ações concretas foram iniciadas de fato para a
regulamentação da profissão. No II Congresso de Esporte Para todos (EPT), na cidade
de Belo Horizonte, em julho de 1984, o Prof. Dr. Inezil Penna Marinho propõe que seja
modificado o nome designatório da atividade profissional para “Cineantropólogo”,
“Antropocinesiólogo”, Kinesiólogo” ou “Antropocineólogo”. No entanto não houve
concordância para a mudança do termo (NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
Culturalmente e tradicionalmente, a designação do profissional nas intervenções na
área dos exercícios físicos e desportivos, é Professor de Educação Física. A partir disso,
surgiu a proposta, aceita posteriormente, de designarmos o interventor como
“Profissional de Educação Física”. Desta forma, passou-se a defender a
regulamentação do Profissional de Educação Física (NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
Paralelamente, em 1984 foi apresentado o Projeto de Lei 4559/84, pelo Deputado
Federal Darcy Pozza à Câmara dos Deputados, que dispunha sobre o Conselho
Federal e os Regionais dos Profissionais de Educação Física, Desporto e Recreação,
sendo oficialmente o primeiro projeto de regulamentação da profissão (CONFEF, s/d).
O PL 4559/84 foi aprovado pelo Congresso Nacional, em dezembro de 1989, sendo
vetado pelo, então, Presidente da República, José Sarney. Isso ocorreu no início do
ano de 1990, baseando-se em parecer emitido pelo Ministério do Trabalho (CONFEF,
s/d).
No começo do ano de 1994, alguns grupos deestudantes de Educação Física,
preocupados com o crescente aumento de pessoas sem formação atuando no
mercado emergente, como em academias, clubes, condomínios, entre outros,
procuraram a APEF do Rio de Janeiro (NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
96
A APEF então reafirmou a posição de que para impedir tal ilegalidade, fazia-se
necessário um instrumento jurídico que determinasse serem os graduados em
Educação Física, os profissionais responsáveis pela dinamização das atividades físicas
(NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
Dessa forma, era requerida para regulamentar a profissão, um novo movimento e
mobilização da categoria, junto com a adesão de algum político para apresentar o
projeto de lei e encarar o desgaste que representaria todo o tramite na Câmara de
Deputados e no Senado Federal (CONFEF, s/d).
Em prol da regulamentação, os Professores Jorge Steinhilber, Sergio Kudsi Sartori,
Walfrido Jose Amaral e Ernani Contursi, decidem lançar um Movimento em Prol da
Regulamentação. Assim, em Janeiro de 1995, durante o congresso da Federação
Internacional de Educação Física (FIEP) em Foz do Iguaçu, o “Movimento pela
regulamentação do Profissional de Educação Física” foi lançado na abertura do
evento, dando posse solene dos membros conselheiros do 1º Conselho de Educação
Física (STEINHILBER, 1998).
A partir disso, várias ações foram iniciadas para a difusão do movimento, como por
exemplo, o envio de correspondência às direções das Instituições de Ensino Superior
de Educação Física, informando a respeito da importância e necessidade de
regulamentarmos a profissão, apresentação do movimento e abertura de
possibilidade da adesão ao mesmo, solicitando que a questão fosse amplamente
divulgada, promovendo discussões e debates junto aos docentes e discentes
(STEINHILBER, 1998).
97
Símbolo do movimento pela regulamentação da profissão em Educação Física
Fonte: Disponível aqui
A apresentação formal do projeto de lei relativo à regulamentação da profissão na
Câmara dos Deputados foi feita pelo então Deputado Federal Eduardo Mascarenhas,
através da PL de nº 330/95. Neste mesmo ano, 1995, o projeto foi analisado pela
Comissão de Educação, Cultura e Desporto, consultando instituições de ensino,
órgãos públicos relacionados com a área e notórios profissionais de Educação Física,
sendo todos favoráveis à regulamentação (CONFEF, s/d).
No início do ano de 1996, o projeto foi para na Comissão de Trabalho, Administração
e Serviço Público, em que teve o Deputado Federal Paulo Paim como relator. Após um
longas discussões, ajustes e substituições do projeto de lei, naquele ano não houve
tempo hábil para ser apreciado na Comissão, devido ao recesso de final de ano
(CONFEF, s/d).
Em 1997, o trâmite foi lento, pois houve a troca de relator e entraves por conta de
dúvidas por parte do Ministério do Trabalho. Assim, foi levado o projeto junto ao
Secretário Executivo do Ministério do Trabalho, onde foram tiradas as dúvidas do
Ministério, que por fim, deu “sinal verde” para o projeto ser incluído na pauta da
Comissão (CONFEF, s/d).
98
https://www.confef.org.br/imagens/regulamentacao.ja.gif
Imagem 13 - Diário Oficial da União com a sanção da lei 9696/98, que regulamentou a
Profissão em Educação Física
Fonte: Disponível aqui
Em 22 de outubro de 1997, o projeto é aprovado por unanimidade em reunião
ordinária e remetido para a Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, sendo
analisado até o dia 09 de junho de 1998, quando é considerado constitucional e
aprovado por unanimidade (CONFEF, s/d).
Na sessão plenária de 30 de junho de 1998 da Câmara dos Deputados, o projeto de lei
330/95 é debatido, apreciado e aprovado com parecer favorável de todos os oradores.
A partir de primeiro de julho de 1998, o projeto de lei passa a ser analisado e
apreciado então, pelo Senado Federal (NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
No dia seguinte, 13 de agosto de 1998, o projeto foi incluído na ordem do dia do
Senado, e após algumas manifestações dos parlamentares, o texto foi aprovado por
unanimidade e encaminhado à sanção presidencial (NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
Em 1º de Setembro de 1998, o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,
sanciona a lei 9696/98, publicada no Diário Oficial da União em 02/09/98 (CONFEF,
s/d).
99
https://www.confef.org.br/imagens/DO_G.jpg%20Descri%C3%A7%C3%A3o:%20Di%C3%A1rio%20oficial%20da%20Uni%C3%A3o%20do%20dia%2002%20de%20setembro%20de%201998,%20com%20a%20lei%209696/98
A regulamentação foi ponto crucial para a defesa do Profissional de Educação Física,
tendo a ideia principal de limitar quem poderia ou não atuar na área, afirmando que
apenas podem operar os profissionais registrados nos Conselhos Regionais de
Educação Física, colocando o critério de ingresso no exercício profissional sob
fiscalização e decisão do Conselho (NETTO, GENARI e GOBBI, 2019).
A regulamentação da profissão também foi importante para a sociedade porque
protege os usuários das atividades físicas, pois, a partir de 1998, ele saberia que
necessariamente uma pessoa regulamentada estaria promovendo aquela atividade
(REPPORT FILHO, 2003).
É importante destacar que apenas são inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais
de Educação Física os profissionais possuidores de diploma obtidos em cursos de
Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido. O inciso III, art. 2º da Lei
também possibilitou as pessoas sem graduação que já exerciam atividades próprias
dos Profissionais de Educação Física, antes da promulgação, recebessem do Conselho
Federal de Educação Física (CONFEF) uma autorização com algumas particularidades,
para trabalhar especificamente com aquilo que já faziam anteriormente (CONFEF,
s/d).
Esta emenda possibilitou a transição de um estado jurídico para outro, respeitando o
direito adquirido, instituto constitucionalmente assegurado, e também, promoveu
uma adaptação daqueles que exerciam a atividade sem nenhum tipo de
conhecimento formal sobre o assunto. Estes registros são denominados de
provisionados (CONFEF, s/d).
Você percebeu que a lei 9696/98, além de regulamentar a profissão, também criou o
CONFEF, órgão regulador, regulamentador, orientador e fiscalizador da atuação
profissional. E na próxima aula falaremos sobre como funciona este órgão, apontando
a devida importância para a solidez da profissão. Aguardo você!
100
As discussões pela regulamentação da profissão em Educação Física tiveram
início na década de 40, com movimentos de professores por todo o país. A
primeira tentativa de regulamentação foi vetada em 1989 pelo Presidente
José Sarney. As discussões foram retomadas em 1994 com movimentos
estudantis e discussões com as associações de professores. Um novo
projeto de lei foi então apresentado em 1995 e discutido por longos anos,
até ser sancionado em 1º de Setembro de 1998, pelo então Presidente da
República Fernando Henrique Cardoso. A regulamentação trouxe para a
profissão maior solidez, garantindo o direito dos graduados e protegendo a
saúde dos praticantes de exercícios físicos.
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula você viu o longo caminho que foi percorrido na luta pela
regulamentação do Profissional de Educação Física, protegendo o direito dos
graduados e garantindo maior segurança a sociedade.
Sobre este assunto, o CONFEF fez um vídeo institucional falando de todo o
processo que discutimos aqui, junto a outras informações importantes a
você aluno de Educação Física.
Confira então, a íntegra deste vídeo institucional!
101
https://www.youtube.com/watch?v=j6h7mbw00Z8
12
Conselho Federal 
de Educação Física
102
Caro aluno,
Na aula anterior, você observou que a lei 9696/98, além de regulamentar a profissão,
através de seu artigo 4º, também criou o CONFEF, órgão regulador, regulamentador,
orientador e fiscalizador da atuação profissional. A criação deste foi de extrema
importância para solidez da profissão, pois a partir de 1º de setembro de 1998 ficou
instituído que apenas profissional devidamente registrado no Conselho da classe, está
habilitados para a atuação, protegendo,acima de tudo, a sociedade.
A intenção de se criar uma Ordem ou um Conselho ocorreu durante a década de 50,
em que os professores Inezil Penna Marinho, Jacinto Targa e Manoel Monteiro
apresentaram esta ideia e defendiam sua importância, fazendo paralelo sempre com
as demais profissões regulamentadas, citando como exemplo a Ordem dos
Advogados ou o Conselho dos Médicos (CONFEF, s/d).
Como você acompanhou na última aula, após a longa trajetória pela regulamentação
e criação do Conselho de Educação Física, em 08 de novembro de 1998, na cidade do
Rio de Janeiro, a Federação Brasileira das Associações de Profissionais de Educação
Física (FBAPEF) elegeu os primeiros membros do Conselho Federal de Educação Física
(CONFEF), eleitos pelas Associações de Professores de Educação Fisica (APEFs) e
Instituições de Ensino Superior em Educação Física (CONFEF, s/d).
Na ocasião, o Professor Jorge Steinhilber, então presidente do Movimento Nacional
pela Regulamentação do Profissional de Educação Física, apresentou a chapa dos
Conselheiros, sendo aprovada por todos os presentes (CONFEF, s/d).
A posse solene dos primeiros membros do CONFEF foi realizada no dia 10 de janeiro
de 1999, na abertura do 14º Congresso Internacional de Educação Física da FIEP, em
Foz do Iguaçu-PR, como agradecimento ao apoio da Federação ao Movimento da
Regulamentação, presenciado por cerca de 1.500 congressistas (CONFEF, s/d).
Desde então, o CONFEF é caracterizado como pessoa jurídica de direito público
interno sem fins lucrativos, com sede e Foro na cidade do Rio de Janeiro/RJ e
abrangência em todo o Território Nacional, tendo autonomia administrativa,
financeira e patrimonial (CONFEF, 2010 ).
O CONFEF hoje é composto de 28 Conselheiros, dos quais 20 são efetivos e oito são
suplentes, com mandato de quatro anos, eleitos pelo Presidente de cada Conselho
Regional de Educação Física (CREF) e pelo último ex-Presidente que tenha cumprido
integralmente o mandato (CONFEF, 2010 ).
103
A missão do Sistema CONFEF/CREFs é garantir à sociedade que o
direito constitucional de ser atendida na área de atividades físicas e
esportivas seja exercido por profissionais de Educação Física
(CONFEF, 2010).
Os valores pregados pelo CONFEF são a Tradição, Legitimidade, Comprometimento,
Cooperação, Tolerância, Democracia, o Saber profissional, Responsabilidade social e a
Solidariedade.
O Conselho tem poder delegado pela União para normatizar, orientar, disciplinar e
fiscalizar o exercício das atividades próprias dos Profissionais de Educação Física e das
pessoas jurídicas (academias, estúdios, etc), cuja finalidade seja a prestação de
serviços nas áreas das atividades físicas e desportivas, em prol da sociedade (CONFEF,
2010 ).
Criado em 1º de setembro de 1998, junto a regulamentação da profissão
através da lei 9696/98, o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) tem
atribuições de órgão regulador, regulamentador, orientador e fiscalizador,
garantindo à sociedade o direito constitucional de ser atendida na área de
atividades físicas e esportivas, exclusivamente por profissionais de Educação
Física, prezando pela qualidade técnica, científica, pedagógica e
compromisso ético. A regulamentação e a criação do próprio CONFEF,
conferiram à Educação Física maior solidez e reconhecimento perante a
sociedade brasileira.
104
A inscrição no CONFEF é feita através do registro nos Conselhos Regionais de
Educação Física (CREFs), precisando atender aos seguintes critérios:
Possuir diploma obtido em curso de Educação Física, oficialmente reconhecido
pelo Ministério da Educação;
Possuir de diploma em Educação Física expedido por instituição de ensino
superior estrangeira, convalidado na forma da legislação em vigor;
Ter comprovação de que, até dia 01 de setembro de 1998, tenha exercido
atividades próprias dos Profissionais de Educação Física, nos termos
estabelecidos em Resolução pelo CONFEF(CONFEF, 2010 ).
Destaca-se que todo Profissional poderá solicitar a qualquer momento a baixa do
registro ou o cancelamento dos quadros dos CREFs, mediante requerimento.
Inclusive academias, estúdios, clubes desportivos, entre outros, na forma de pessoas
jurídicas, obrigatoriamente precisam registrar-se no CREF em cuja área de
abrangência territorial esteja incluída, que lhes fornecerá a certificação oficial. O
registro dos centros de oferta das atividades próprias da Educação Física garantem
parametrizações em prol da qualidade e segurança, junto à facilitação da fiscalização
do exercício legal da profissão (CONFEF, 2010 ).
Cumprindo com suas atribuições, compete ao CONFEF exercer a função normativa
superior, baixando os atos necessários à interpretação e execução de suas
normativas, assim como a disciplina e fiscalização do exercício profissional.
Cabe ao CONFEF também zelar pela dignidade, independência, prerrogativas e
valorização da Profissão de Educação Física e de seus Profissionais, fazendo
levantamentos, estudos e análises, visando à reciclagem e atualização na área, bem
como incentivar o aprimoramento técnico, científico e cultural dos Profissionais de
Educação Física (CONFEF, 2010 ).
Em complemento, o CONFEF normatiza os documentos da profissão, como por
exemplo, o código de ética, documento de intervenção do profissional, carta brasileira
de Educação Física. O mesmo se comunica com a sociedade e com os profissionais
através de notas e manifestos, se posicionando referente aos diversos assuntos que
influenciam direta e indiretamente na área (CONFEF, 2000; CONFEF, 2002; CONFEF,
2015).
105
Assim, todo profissional deve exercer sua atividade dentro das normas instituídas
pelo CONFEF, defendendo dessa forma, a sociedade no seu direito de ser atendida
por profissionais de Educação Física e com qualidade nos serviços oferecidos.
A regulamentação se fez neste sentido, para que exercícios físicos não sejam
ministrados por quem não tem conhecimento técnico, científico, pedagógico e
compromisso ético, como nas demais profissões da área de saúde. Aquele que não
tem formação e atua como falso profissional de Educação Física, oferece um sério
risco à saúde do praticante, além de ser uma Contravenção Penal, sendo
caracterizado como exercício ilegal da profissão, podendo ser julgado nas esferas
criminais e civis (CONFEF, s/d).
Para garantir estes direitos da sociedade, existe a necessidade de um
acompanhamento mais próximo nos locais de prática de exercícios físicos para
garantir a aplicação das normativas, assim como a necessidade de suporte para os
Profissionais de Educação Física. No Brasil, por tamanha extensão territorial e
quantidade de profissionais, seria difícil tal acompanhamento.   Em agosto de 2020,
quase 520 mil (517.116) profissionais constavam como ativos no cadastro CONFEF.
Dessa forma, em 1999 foi iniciada a criação dos primeiros seis Conselhos Regionais de
Educação Física (CREFs) para garantir as atribuições de regular, orientar e fiscalizar as
atividades ligadas a área, cabendo a eles inclusive, a realização dos registros dos
profissionais.
Para finalizarmos esta aula, eu trouxe algumas curiosidades a respeito da nossa área.
Você sabe qual é o Dia Nacional do Profissional de Educação Física? Você sabe qual é
o símbolo da Educação Física?
O Dia Nacional do Profissional de Educação Física é o 1º de Setembro, fazendo alusão
à lei que regulamentou a profissão no Brasil. O reconhecimento desta data foi
instituído em 18 de agosto de 2006, através da Lei Federal 11.342, sancionada pelo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ratificando o reconhecimento social da profissão.
106
Imagem 15 - Discóbolo de Mirón
Fonte: Wikimedia.
Já o símbolo oficial da Educação Física é o Discóbolo de Mirón, que foi escolhido em
reunião plenária do CONFEF em 2002, por representar a força e o dinamismo
característicos dessa profissão. O conceito vem da representação ideal de um atleta,
captando a natureza do movimento como se tratasse de uma fotografia instantânea.
107
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula você pode perceber a importância de um órgão regulador,orientador e fiscalizador para garantir a solidez da profissão. Em relação a
este assunto, atualmente corre no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que trata da criação do Conselho
Federal e dos Conselhos Regionais de Educação Física, que, se julgada
procedente, excluirá o sistema CONFEF/CREF, o que representará grande
retrocesso para a Educação Física.
“[...] no ano de 2005, a Procuradoria Geral da República entendia que a
iniciativa de proposição da Lei 9696/1998 deveria partir do Poder Executivo e
não do Poder Legislativo, exatamente como foi feito à época. Ao longo dos
últimos 15 anos, por diversas vezes, a ADI nº 3428/2005 foi colocada e
retirada da pauta de julgamento do STF. Entretanto, neste ano de 2020, o Sr.
Ministro Luiz Fux decidiu pautar esta Ação, que foi incluída em pauta de
julgamento virtual no último dia 03 de abril. [...] No último dia de votação,
14/04, o Ministro Gilmar Mendes requereu vista dos autos e, com isso, o
julgamento foi suspenso. Até o momento da suspensão, o julgamento seguia
indefinido, com 4 (quatro) votos pela inconstitucionalidade dos art. 4º e 5º da
Lei Federal 9.696/1998, proferidos pelo Relator Min. Luiz Fux, acompanhado
pelos Ministros Edson Fachin, Alexandre  de Moraes e Ricardo Lewandowski.
  [...] Ainda não há previsão para retomada do julgamento.[...] Em qualquer
que seja o cenário, o Sistema CONFEF/CREFs seguirá buscando o melhor
encaminhamento para a situação apresentada, exercendo a sua missão de
defender o direito da Sociedade brasileira ter os serviços em atividades
físicas e esportivas prestados por Profissionais de Educação Física, condição
imprescindível para garantir os benefícios decorrentes dessas práticas.”
Confira na íntegra a notícia do site CONFEF com a descrição detalhada dos
fatos!
108
https://www.confef.org.br/confef/comunicacao/noticias/1483
13
Conselhos Regionais 
de Educação Física
109
Caro aluno,
Você acompanhou nas últimas aulas a descrição do processo histórico e a luta pela
regulamentação da Profissão em Educação Física. Junto à regulamentação, o Conselho
Federal (CONFEF) foi criado com atribuições de regular, orientar e fiscalizar para
garantir segurança à sociedade e o direito do profissional graduado na área, dando
maior solidez e reconhecimento.
Por conta da extensão territorial do Brasil, para garantir as atribuições do CONFEF, em
1999 ao alcançar a marca de 20 mil profissionais registrados, foram criados os
primeiros 6 Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) (CONFEF/sd).
Em 2020, contamos com 21 Conselhos Regionais espalhados pelo país, sendo:
CREF1/RJ-ES; CREF2/RS; CREF3/SC; CREF4/SP; CREF5/CE; CREF6/MG; CREF7/DF;
CREF8/AM-AC-RO-RR; CREF9/PR; CREF10/PB; CREF11/MS; CREF12/PE; CREF13/BA;
CREF14/GO-TO; CREF15/PI; CREF16/RN; CREF17/MT; CREF18/PA-AP; CREF19/AL;
CREF20/SE; CREF21/MA.
Os CREFs foram instalados, estruturados e orientados por ato específico do CONFEF e
segundo o critério da divisão do país em regiões que, em função do número de
Profissionais registrados, tem assegurado à autonomia administrativa e financeira
(CONFEF, 2010).
Cada regional tem sede e Foro na Capital de um dos Estados da Federação ou no
Distrito Federal, exercendo em sua respectiva área de abrangência, as competências,
vedações e funções atribuídas ao CONFEF, seguindo as normas estabelecidas na Lei
nº. 9.696, de 01 de setembro de 1998. É importante destacar que, como você
percebeu acima, alguns CREFs abrangem mais de um estado, visto a quantidade de
profissionais registrados, como é o caso do CREF1/RJ-ES, CREF8/AM-AC-RO-RR,
CREF14/GO-TO e CREF18/PA-AP (CONFEF, 2010).
Os CREFs são compostos de 28 Conselheiros, dos quais 20 são Efetivos e oito
Suplentes, com mandato de seis anos. A Diretoria dos CREFs é o órgão que exerce as
funções administrativas e executivas, para mandato de três anos, sendo constituída
pelo Presidente, 1º Vice-Presidente, 2º Vice-Presidente, 1º Secretário, 2º Secretário, 1º
Tesoureiro e 2º Tesoureiro (CONFEF, 2010).
Os Membros dos CREFs são eleitos pelo sistema de eleição direta, através de voto
facultativo pessoal e secreto dos Profissionais de Educação Física registrados nos
respectivos CREFs, em pleno gozo de seus direitos estatutários e com mais de um ano
110
de registro ininterrupto, sendo realizadas a cada três anos (CONFEF, 2010).
Para garantir que as funções do Conselho Federal de Educação Física
(CONFEF) sejam cumpridas em todas as regiões do país, a partir de 1999
foram criados os primeiros seis Conselhos Regionais de Educação Física
(CREFs). Hoje em dia, contamos com 21 CREFs espalhados por todas as
regiões do Brasil, onde alguns abrangem mais de um estado. Os Conselhos
Regionais tem função de registrar e habilitar o exercício da profissão,
fazendo o cadastro e expedindo as cédulas de identidade dos profissionais
graduados em suas respectivas áreas de abrangência, assim como o registro
das pessoas jurídicas que prestam ou ofereçam serviços nas áreas de
atividades físicas e desportivas. Além disso, a fiscalização da atuação
profissional também fica a cargo dos CREFs, garantindo o direito do
graduados e protegendo a sociedade.
Dentre as atribuições dos Conselhos Regionais, assim como consta no Estatuto do
CONFEF (2010), podemos destacar:
Registrar e habilitar ao exercício da Profissão;
Registrar as Pessoas Jurídicas que prestam ou ofereçam serviços nas
áreas das atividades físicas, desportivas e similares; 
Expedir Cédula de Identidade Profissional para os Profissionais e
Certificado de Registro de Funcionamento para as Pessoas Jurídicas e
entidades que ofereçam ou prestem serviços nas áreas das atividades
físicas, desportivas e similares.
Quanto à fiscalização da atuação profissional e dos locais de oferta de atividades
ligadas à Educação Física, o mesmo estatuto dispõe:
111
Campanha publicitária do CONFEF sobre a Cédula de Identidade Profissional.
Fonte: Disponível aqui
Fiscalizar o exercício profissional e os serviços ofertados na área de
sua abrangência, representando, inclusive, às autoridades e Órgãos
competentes, sobre os fatos que apurar e cuja solução ou repressão
não sejam de sua alçada.
É importante destacar que, todos os profissionais, além de graduados em Educação
Física, devem estar registrados no CREF da região em que atua para estar habilitado à
atuação prática. Caso um profissional mude de endereço para uma área de
abrangência diferente daquela em que se encontra registrado, o mesmo precisa
solicitar a transferência, pois o documento de Identidade do Profissional de Educação
Física tem validade regional, segundo a normatização prevista na Resolução CONFEF
nº 076/2004.
Um recurso extremamente importante para que seja assegurado o direto da
sociedade em ser atendido por um profissional graduado e registrado, é a área de
busca no site do CONFEF, em que qualquer pessoa consegue pesquisar pelo nome, se
quem está realizando o entendimento nas áreas pertinentes à Educação Física, é de
fato um Profissional.
112
https://www.confef.org.br/
Busca por Profissionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/CREFs
Fonte: Disponível aqui
Acessando www.confef.org.br, no canto superior direito do site, consta a busca por
registrados. Digitando o nome que se deseja, o sistema apresentará todos os
registrados e sua respectiva região de cadastro no CREF, como demonstrado no
exemplo abaixo (Imagem 17).
Realizando a busca e não identificando o registro de determinada pessoa que esteja
exercendo a profissão, deve-se formalizar denúncia de exercício ilegal da profissão
através site do CREF da região em que o fato ocorre, para que o Conselho faça a
fiscalização.
Atualmente com o crescimento dos atendimentos on-line, é cabível denúncia
também, quando caracterizado tal exercício ilegal nas redes sociais. Várias pessoas,
inclusive famosas, têm sido autuadas pelos CREFs em várias regiões do país. Os
Conselhos fiscalizam dentro de sua abrangência regularmente, porém, são as
denúncias que aumentam a efetividade das identificações de irregularidadese
autuações.
É importante destacar também que, estudantes de Educação Física só podem atuar
na prática mediante supervisão de um profissional graduado e registrado, estando o
estágio oficializado por meio de contrato “empresa-escola”, garantindo direitos ao
113
https://www.confef.org.br/confef/busca/
aluno, de acordo com a Lei Federal de nº 11.788/2008.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), este vínculo só pode ocorrer a partir da
metade do curso de ensino superior, ou seja, a partir do sexto termo. Caso o aluno
atue fora destes padrões estabelecidos, o mesmo poderá ser enquadrado no art. 47
do Decreto-Lei 3.688/1941 (Lei de Contravenções Penais) por exercício ilegal de
profissão.
Nos termos do art. 12 da Lei nº 11.788/2008, a remuneração do estágio não
obrigatório é compulsória, através de bolsa ou outra forma de contraprestação que
venha a ser acordada, bem como a concessão do auxílio-transporte. Para o estágio
obrigatório, realizado no último ano da graduação como parte dos critérios e carga
horária do curso de Educação Física, a concessão de bolsa ou outra forma de
contraprestação e auxílio-transporte é facultativa.
Ainda sobre os CREFs, entrando nas questões financeiras e normativas, o Estatuto do
CONFEF (2010) aponta atribuições de:
Fixar, dentro dos limites estabelecidos pelo CONFEF, o valor das
contribuições, anuidades, taxas, multas e emolumentos, através de
Resolução sobre o tema;
Arrecadar contribuições, anuidades, taxas, serviços, multas e
emolumentos na forma que deliberar o seu Plenário, segundo
diretrizes estabelecidas pelo CONFEF;
Elaborar e aprovar Resoluções sobre assuntos de sua competência; 
Cumprir e fazer cumprir as disposições da Lei Federal nº. 9.696, de 01
de setembro de 1998, das disposições da legislação aplicável, do seu
Estatuto, do seu Regimento, das Resoluções e demais atos;
É importante conhecermos as atribuições do sistema CONFEF/CREFs para que
possamos, de fato, cobra-las na prática. Alguns profissionais, ao desconhecer as
atribuições legais do órgão, cobram assuntos que não são da competência dos
mesmos. Por exemplo, os assuntos ligados aos cursos de ensino superior, são de
responsabilidade do Ministério da Educação e de normativas da União.
114
Outro assunto erroneamente cobrado do sistema CONFEF/CREF é referente ao
estabelecimento de valores relativos a piso salarial e valor de hora de trabalho, que na
verdade é de competência dos Sindicatos dos trabalhadores da categoria no estado,
município ou grupo de municípios, que podem, através de acordos ou convenções
coletivas de trabalho com o Sindicato Patronal, estabelecer tais valores. O piso salarial
também pode ser definido por leis federais e estaduais, podendo variar de acordo
com a região do País.
Para assuntos que não são legalmente de competência do Conselho, cabe apenas ao
mesmo lançar notas e manifestos, apontando o posicionamento e anseios da classe.
A respeito dos documentos norteadores da área, podemos destacar três principais:
Carta Brasileira de Educação Física;
Código de Ética do Profissional de Educação Física;
Documento de Intervenção do Profissional de Educação Física.
Estes documentos trazem informações extremamente importantes para a atuação
profissional de qualidade e para que a sociedade conheça melhor a nossa atuação.
Trataremos então, especificamente de cada um desses documentos nas próximas
aulas. Espero você!
Acesse o link: Disponível aqui
Nesta aula você viu as funções dos Conselhos Regionais de Educação Física,
assim como sua importância para melhor acompanhar e atender os
profissionais e a sociedade como um todo.
Sobre este assunto, o CREF/SP fez um vídeo institucional abordando a
importância da atuação do Profissional de Educação Física e como o
Conselho pode, de fato, atuar.
Confira a íntegra deste vídeo institucional!
115
https://www.youtube.com/watch?v=MDddha65A7A
14
Carta Brasileira de 
Educação Física
116
Caro aluno,
Nas últimas aulas você observou a importância da atuação do Sistema CONFEF/CREFs
para a solidez da Educação Física, assim como a própria regulamentação da profissão.
Deste modo, com o intuito de orientação, o CONFEF lançou vários documentos
direcionados aos profissionais e sociedade. Um deles é a Carta Brasileira de Educação
Física.
A ideia de sua produção se deu no Congresso Mundial FIEP, em Foz do Iguaçu/PR,
com o lançado do Manifesto Mundial FIEP de Educação Física no ano 2000. Este
Manifesto, a partir do pressuposto do direito de todos à Educação Física, renovou o
conceito de Educação Física e estabeleceu as relações da mesma com as outras áreas
(Educação, Esporte, Cultura, Ciência, Saúde, Lazer e Turismo) e ainda evidenciou o seu
compromisso com os grandes questões da Humanidade, como a exclusão social,
países subdesenvolvidos, pessoas com necessidades especiais, meio ambiente e a
cultura da paz (CONFEF, 2000).
O manifesto também absorveu praticamente todos os documentos da segunda
metade do século XX publicados no mundo, o que possibilitou caracterizá-lo como
uma síntese dos posicionamentos internacionais declarados.
No final de século passado, a Educação Física se propôs a oferecer as pessoas de
todas as idades, uma ação comprometida com a melhoria da sociedade, adotando um
novo posicionamento no Brasil para a missão de construir a Carta Brasileira de
Educação Física, a cargo do CONFEF (CONFEF, 2000).
O CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, durante o Fórum
Nacional dos Cursos de Formação Profissional em Educação Física do
Brasil (Belo Horizonte/ Agosto/ 2000), pela Legitimidade alcançada
com a conquista da Lei nº 9696/1998, que regulamentou o exercício
profissional na área de Educação Física no Brasil; Representando os
Profissionais brasileiros de Educação Física; Reconhecendo que a
nação está necessitando mais que uma Educação Física para a sua
população, mas a imprescindibilidade da instalação urgente de um
PROCESSO DE QUALIDADE em todas as ações inerentes a esta área,
que possa provocar uma renovação nas reflexões e discussões nos
próximos anos, na diversidade das várias conjunturas culturais,
sociais e educacionais do país; CUMPRE O COMPROMISSO DE
APRESENTAR o seguinte texto para a CARTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA (CONFEF, 2000).
117
Capa do documento oficial do CONFEF “Carta Brasileira de Educação Física”
Fonte: Disponível aqui
A carta apresenta à sociedade a importância da área, apontando que os Profissionais
de Educação Física no Brasil, devem ser identificados como trabalhadores qualificados
e registrados no sistema CONFEF/ CREFs, devendo possuir uma formação acadêmica
sólida e permanentemente envolver-se em programas de aprimoramento técnico-
científico e cultural (CONFEF, 2000).
Acrescenta-se que, para a construção de uma Educação Física de Qualidade, sem
distinção de qualquer condição humana e sem perder de vista a formação integral
das pessoas, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, as atividades terão que ser
conduzida pelos Profissionais de Educação Física como um caminho de
desenvolvimento de estilos de vida ativos nos brasileiros, para que possa contribuir
para a Qualidade de Vida da população (CONFEF, 2000).
Para isso a preparação de Profissionais para uma Educação Física de Qualidade no
Brasil deverá ser rediscutida, comparada e ampliada.
REDISCUTIDA para que os currículos acadêmicos de preparação se
harmonizem com as últimas renovações conceituais ocorridas na
118
https://www.confef.org.br/confef/conteudo/21
Educação Física, incorporando inclusive, perspectivas de Educação
Continuada, para que esses profissionais possam acompanhar os
avanços técnicos e científicos da área, a cada momento de suas
trajetórias de atuação;
COMPARADA, através de indicadores efetivos, à preparação de
Profissionais de Educação Física de países vizinhos, para que os
futuros Tratados de correspondências acadêmicas nos blocos sócio-
economicos da América Latina sejam equiparados em padrões
considerados de Qualidade;
AMPLIADA com a preparação complementada resultante de cursos,
eventos, estágios clínicas etc.,oferecidos por organizações de
distintas naturezas, desde que se apresentem com o compromisso da
Qualidade (CONFEF, 2000).
Dentre os parâmetros para o desenvolvimento de uma Educação Física de qualidade,
o CONFEF (2000) destaca que a prática de exercícios físicos deve ser entendida como
direito fundamental e não como obrigação dos brasileiros, focando no
desenvolvimento de habilidades motoras, atitudes, valores e conhecimentos,
procurando levá-los a uma participação ativa e voluntária em atividades físicas e
esportivas ao longo de suas vidas.
Também aponta que as aulas devem ser ministradas com foco na alegria, e que as
práticas corporais e esportivas sejam prazerosas, respeitando as leis biológicas de
individualidade, do crescimento, do desenvolvimento e da maturação humana,
ajudando a todos a desenvolver respeito pela sua corporiedade e os das outras
pessoas, através da percepção e entendimento do papel das atividades físicas na
promoção da saúde (CONFEF, 2000).
Deve-se destacar também que a qualidade da área depende da ação cada vez mais
intensa da comunidade acadêmica quanto à pesquisa, intercâmbio e difusão de
informações e programas de cooperação técnico-científica.
A carta brasileira de Educação Física, aponta grandes importâncias da área para o
ambiente escolar também, destacando ser indispensável sua obrigatoriedade no
ensino básico (infantil, fundamental e médio), fazendo parte de um currículo
longitudinal ao longo da passagem dos alunos pelas escolas. Importante frisar que a
119
Educação Física deve interagir e integrar-se com as outras disciplinas na composição
do currículo escolar, sendo dotada de instalações e meios materiais adequados
(CONFEF, 2000).
A Educação Física deve usar as práticas esportivas e jogos em seu conteúdo sob a
forma de Esporte Educacional, não reproduzindo o esporte de rendimento no
ambiente escolar, devendo apresentar-se com regras específicas que permitam
atender a princípios socioeducativos, possibilitando aos alunos uma variedade
considerável de experiências, vivências e convivências no uso de atividades físicas e
no conhecimento de sua corporeidade (CONFEF, 2000).
O CONFEF (2000), por meio da Carta Brasileira, aponta também as responsabilidades
dos governos para o fomento de Educação Física de qualidade, sugerindo a inserção
de uma Política de valorização da Educação Física para os cidadãos brasileiros através
de programas e campanhas efetivas de promoção das atividades físicas em todas as
idades.
Reivindica também a valorização da atuação dos Profissionais de Educação Física,
solicitando a abertura de concursos e oportunidades de trabalho para atuações em
todos os espaços públicos, além da promoção de programas de capacitação. Acima de
tudo, os governos devem ter a compreensão da Educação Física como um meio de
promoção da Saúde e assim, propiciar ações favoráveis a beneficiar toda a sociedade
(CONFEF, 2000).
Assim, esses são os aspectos principais levantados pela carta Brasileira de Educação
Física, na busca por reconhecimento e qualidade da área. Na próxima aula, falaremos
de outro documento que influencia diretamente como a área é vista dentro da
sociedade: O Código de Ética do Profissional de Educação Física. Aguardo você!
120
A Carta Brasileira de Educação Física foi criada no ano de 2000 pelo
Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), sendo uma síntese de vários
documentos internacionais, com o intuito de apresentar para a sociedade e
importância da área, assim como apontar caminhos para a oferta das
atividades com qualidade nos diversos campos de atuação, destacando que
a prática de exercícios físicos deve ser entendida como direito fundamental
dos brasileiros, focando no desenvolvimento de habilidades motoras,
atitudes, valores e conhecimentos, procurando levá-los a uma participação
ativa e voluntária em atividades físicas e esportivas ao longo de suas vidas.
Acesse o link: Disponível aqui
Você acabou de conhecer alguns pontos da Carta Brasileira de Educação
Física. Este documento é muito importante para que você entenda
verdadeiramente os caminhos para a construção de uma Educação Física de
qualidade, como papel primordial na promoção da saúde da sociedade
brasileira.
Assim, confira na íntegra este documento no site do CONFEF!
121
https://www.confef.org.br/confef/conteudo/21
15
Código de Ética dos 
Profissionais de 
Educação Física
122
Caro aluno,
Nesta aula discutiremos um documento que parametriza a atuação profissional
quanto à conduta e imagem a se passar para a sociedade, adequando todos os
profissionais à proposta contida na Carta Brasileira de Educação Física (CONFEF,
2000), que reformulou o conceito da profissão.
Antes de tudo, vamos conceituar “ética”. O dicionário Aurélio da língua portuguesa
define como sendo:
O estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana
susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto
(FERREIRA, 2020).
Ou seja, a ética é um segmento da filosofia que se dedica à análise das razões que
ocasionam, alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano, geralmente tendo
em conta seus valores morais.
Já no âmbito profissional, o indivíduo atua dentro de um sistema e é necessário que
ele respeite a ordem do mesmo, para que possa, com ética, ter sucesso como
indivíduo.
Cada conjunto de profissionais deve seguir uma ordem que permita a
evolução harmônica do trabalho de todos, a partir da conduta de
cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza à
regulação do individualismo perante o coletivo (LOPES DE SÁ, 2001).
Assim, o Código de Ética do Profissional de Educação Física tem o intuito de adoção da
ética na promoção das atividades físicas, desportivas e similares, mobilizando dos
integrantes da categoria profissional para assumirem seu papel social e se
comprometerem, além do plano das realizações individuais, com a realização social e
coletiva (CONFEF, 2015).
Com a regulamentação da Educação Física como atividade profissional, identificou-se
a importância do conhecimento técnico e científico especializado junto ao
desenvolvimento de competência específica para sua aplicação, possibilitando
123
Capa do documento oficial do CONFEF “Código de Ética do Profissional de Educação
Física”
Fonte: Disponível aqui
estender a toda a sociedade os valores e os benefícios advindos da sua prática.
O Código de Ética então se propõe a normatizar a articulação das dimensões técnica e
social com a dimensão ética, para garantir a união de conhecimento científico e
atitude. Dessa forma, o exercício profissional em Educação Física se baseia nos
seguintes princípios:
O respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo;
A responsabilidade social;
A ausência de discriminação ou preconceito de qualquer natureza;
O respeito à ética nas diversas atividades profissionais;
A valorização da identidade profissional no campo das atividades físicas,
esportivas e similares;
A sustentabilidade do meio ambiente;
A prestação, sempre, do melhor serviço a um número cada vez maior de
pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade;
A atuação dentro das especificidades do seu campo e área do conhecimento, no
sentido da educação e desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles
aos quais presta serviços (CONFEF, 2015).
124
https://www.confef.org.br/confef/resolucoes/381
O Código descreve alguns direitos do Profissional de Educação Física, como exercer a
Profissão sem ser discriminado, receber salários ou honorários pelo seu trabalho
profissional, participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, apontar
falhas ou irregularidades nos regulamentos e normas, formalmente, por escrito, aos
gestores de eventos e de instituições que oferecem serviços no campo da Educação
Física quando os julgar tecnicamente incompatíveis com a dignidade da profissão ou
prejudiciais aos beneficiários (CONFEF, 2015).
Completa ainda que, referente ao relacionamento com outros colegas de profissão,é
vedado ao Profissional de Educação Física oferecer ou disputar serviços profissionais
mediante rebaixamento moral de honorários ou concorrência desleal, fazer
referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras, provocar
desentendimento com colega que venha o substituir no exercício profissional
(CONFEF, 2015).
Fonte: Disponível aqui
O Código de Ética do Profissional de Educação Física tem por base a lei
9696/98 e os conteúdos da Carta Brasileira de Educação Física, com o intuito
de adoção da ética na promoção das atividades físicas, desportivas e
similares, mobilizando dos integrantes da categoria profissional para
assumirem seu papel social e se comprometerem, além do plano das
realizações individuais, com a realização social e coletiva. Com a
regulamentação da Educação Física como atividade profissional, identificou-
se a importância do conhecimento técnico e científico especializado junto ao
desenvolvimento de competência específica para sua aplicação,
possibilitando estender a toda a sociedade os valores e os benefícios
advindos da sua prática. Este Código, então, se propõe a normatizar a
articulação das dimensões técnica e social com a dimensão ética, para
garantir a união de conhecimento científico e atitude do profissional.
125
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-mudaconforme-situacao.htm
Com observância na lei 9696/98, o profissional tem papel crucial no auxílio da
aplicação e cumprimento da mesma, devendo auxiliar a fiscalização do exercício
Profissional, denunciar aos órgãos competentes as irregularidades no exercício da
profissão ou na administração das entidades de classe e zelar pelo cumprimento do
Código de Ética (CONFEF, 2015).
Inclusive, comete infração ética aquele Profissional que tiver conhecimento de
transgressão deste Código e omitir-se de denunciá-la ao respectivo Conselho Regional
de Educação Física. Qualquer descumprimento do código de ética da classe, o
profissional fica sujeito a penalidades, como:
Advertência escrita, com ou sem aplicação de multa;
Censura pública;
Suspensão do exercício da profissão e
Cancelamento do registro profissional e divulgação do fato (CONFEF, 2015).
As penalidades são aplicadas de acordo como julgar o Tribunal Regional de Ética (TRE),
que são de responsabilidade dos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs), que
tem função de julgar infrações e aplicar penalidades previstas no Estatuto e em atos
normativos baixados pelo CONFEF, conhecendo, processando e decidindo os casos
que lhe forem submetidos, adotando as medidas jurídicas legais cabíveis (CONFEF,
2000).
Assim, o ideal da profissão define-se pela prestação de um
atendimento melhor e mais qualificado a um número cada vez maior
de pessoas, tendo como referência um conjunto de princípios,
normas e valores éticos livremente assumidos, individual e
coletivamente, pelos Profissionais de Educação Física (CONFEF, 2015).
Os acadêmicos de Curso de Graduação em Educação Física, devem se conscientizar
de que esta é uma profissão que tem como foco principal o desenvolvimento junto à
Sociedade de uma cultura de estilo de vida que possa ser suficientemente ativo,
permitindo ao cidadão viver e conviver a seu modo e de acordo com seus anseios,
necessidades e desejos. Ainda assim, é importante ressaltar que acadêmicos são
indivíduos que ainda não preparados de assumir legalmente as responsabilidades
profissionais e sociais.
126
Quem aceita prestar serviços sem ter a competência necessária ou
sem estar atento para que esta se concretize, comete infração aos
princípios da ética, em razão do prejuízo defluente. Desconhecer,
como realizar a tarefa ou apenas saber fazê-la parcialmente, em face
da totalidade do exigível para a eficácia, é conduta que fere os
preceitos da doutrina da moral e da ética (LOPES DE SÁ, 2001).
Após levantarmos todos esses aspectos referentes ao código de ética do Profissional
de Educação Física, convido vocês, estudantes deste curso com linda importância na
sociedade, a ler os juramentos que são proferidos no dia da colação de grau dos
cursos de bacharelado e licenciatura, respectivamente.
127
Dessa forma, reflita sobre estes juramentos e, dessa forma, desenhe seus caminhos
para um futuro profissional ético e compromissado com a promoção de saúde da
sociedade.
128
Acesse o link: Disponível aqui
Você sabia que além do Código de Ética do Profissional de Educação Física, o
Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) elaborou um “Guia de
Princípios de Conduta Ética do Estudante de Educação Física”? Este guia
serve como alerta sobre a fundamental importância da responsabilidade
ética e sobre a necessidade da uma formação de qualidade e continuada.
Então, complemente os estudos desta aula, conferindo na íntegra este guia!
129
http://www.listasconfef.org.br/arquivos/2019/com/documentos_fundamentais/guia_do_estudante.pdf
16
A Intervenção do 
Profissional de 
Educação Física
130
Caro aluno,
Chegamos à nossa última aula desta disciplina. Ao longo do processo, você
acompanhou a linha histórica e os fatos que moldaram a nossa Educação Física ao
ponto que conhecemos atualmente.
Neste último documento norteador da profissão, gostaria de trazê-lo a mais uma
reflexão a respeito da forma como você deverá atuar, assim que graduado,
conectando com as informações discutidas lá na nossa segunda aula, em que
abordamos “A Educação Física como Profissão” e foi apresentado um panorama geral
da atuação profissional na sociedade brasileira.
Este documento de “Intervenção do Profissional de Educação Física”, tem caráter de
descrever e definir as atividades próprias da área, de acordo com a Lei 9696/98, a
partir do mercado de trabalho e da pluralidade de competências próprias destes
profissionais.
É importante afirmar para toda a sociedade que é prerrogativa do profissional
graduado em Curso Superior de Educação Física (Licenciatura ou Bacharelado), com
registro no Sistema CONFEF/CREFs, a prestação de serviços em todas as atividades
relacionadas à prática de exercícios físicos Educação Física e nas suas diversas
manifestações e objetivos. Este é um campo profissional legalmente organizado,
integrado a área da saúde e da educação, sendo necessário que, em todas as
ocupações profissionais da área de Educação Física, se considere esta realidade
(CONFEF, 2002).
O documento aponta que o Profissional de Educação Física é especialista em
atividades físicas nas suas diversas manifestações, como ginásticas, exercícios
físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades
rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação,
ergonomia, relaxamento corporal, ioga e exercícios compensatórios à atividade
laboral e do cotidiano (CONFEF, 2002).
131
Capa do documento do CONEFEF a respeito da Intervenção do Profissional de
Educação Física
Fonte: Disponível aqui
O profissional tem competências para atividades de desenvolvimento das práticas
corporais, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento
da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e restabelecimento de níveis
adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus praticantes,
visando o bem-estar e a qualidade de vida (CONFEF, 2002).
É importante destacar também que o profissional de Educação Física tem suas
atribuições ligadas à prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da
compensação de distúrbios funcionais, contribuindo para a autonomia, a autoestima,
a cooperação, a solidariedade e a cidadania, observados os preceitos de
responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e
coletivo (CONFEF, 2002).
Em sua atuação, o profissional de Educação Física utiliza diagnóstico, define
procedimentos, ministra, orienta, desenvolve, identifica, planeja, coordena,
supervisiona, leciona, organiza e avalia as atividades físicas, desportivas e
similares, sendo especialista no conhecimento do exercício físico e da motricidade
humana nas suas diversasmanifestações e objetivos (CONFEF, 2002).
132
https://www.confef.org.br/imagens/documentos/intervencao_profissional.jpg
É importante destacar que o profissional deve a atender às diferentes expressões do
movimento humano presentes na sociedade, considerando o contexto social e
histórico-cultural, as características regionais e os distintos interesses e necessidades,
com competências e capacidades de identificar, planejar, programar, supervisionar,
dinamizar, executar e avaliar os serviços e projetos (CONFEF, 2002).
Entre os serviços do profissional de Educação Física, podemos destacar a realização
de auditorias, consultorias, treinamentos especializados, participação de equipes
interdisciplinares, informes técnicos, científicos e pedagógicos, envolvendo as áreas
das atividades físicas, do desporto e afins (CONFEF, 2002).
Podemos inclusive apontar que o profissional de Educação Física exerce suas
atividades por meio de intervenções, legitimadas por diagnósticos, utilizando-se de
métodos e técnicas específicas de avaliação, prescrição e de orientação de sessões de
exercícios físicos, com fins educacionais, recreacionais, de treinamento e de
promoção da saúde, sempre fazendo observância da Legislação pertinente e o Código
de Ética Profissional, sujeito à fiscalização em suas intervenções pelo Sistema
CONFEF/CREFs (CONFEF, 2002).
A respeito das intervenções, o profissional utiliza procedimentos diagnósticos,
técnicas e instrumentos de medidas e avaliação funcional, motora, biomecânica,
composição corporal, assim como a programação e aplicação de dinâmica de cargas
133
de treinamento, técnicas de demonstração, auxílio e segurança à execução dos
movimentos, servindo-se de instalações, equipamentos e materiais para estas
finalidades (CONFEF, 2002).
O Documento de Intervenção do Profissional de Educação Física tem caráter
de descrever e definir as atividades próprias da área, de acordo com a Lei
9696/98, a partir do mercado de trabalho e da pluralidade de competências
próprias destes profissionais, sendo prerrogativa do profissional graduado
em Curso Superior de Educação Física (Licenciatura ou Bacharelado), com
registro no Sistema CONFEF/CREFs, a prestação de serviços em todas as
atividades relacionadas à prática de exercícios físicos Educação Física e nas
suas diversas manifestações e objetivos. Este é um campo profissional
legalmente organizado, integrado à área da saúde e da educação, exercendo
suas atividades por meio de intervenções, legitimadas por diagnósticos,
utilizando-se de métodos e técnicas específicas de avaliação, prescrição e de
orientação de sessões de exercícios físicos, com fins educacionais,
recreacionais, de treinamento e de promoção da saúde.
O documento de Intervenção do Profissional de Educação Física (CONFEF, 2002)
descreve algumas capacidades importantes para a atuação, sendo:
Compreender, analisar, estudar, pesquisar (profissional e academicamente),
esclarecer, transmitir e aplicar os conhecimentos biopsicossociais e pedagógicos
da atividade física e desportiva nas suas diversas manifestações, levando em
conta o contexto histórico cultural;
Atuar em todas as dimensões de seu campo profissional, o que supõe pleno
domínio da natureza do conhecimento da Educação Física e das práticas
essenciais de sua produção, difusão, socialização e de competências técnico-
instrumentais a partir de uma atitude crítico-reflexiva e éticas;
Disseminar e aplicar conhecimentos práticos e teóricos sobre a Educação Física
(Atividade Física/Motricidade Humana/Movimento Humano), analisando-os na
134
relação dinâmica entre o ser humano e o meio ambiente;
Promover uma educação efetiva e permanente para a saúde e a ocupação do
tempo livre e de lazer, como meio eficaz para a conquista de um estilo de vida
ativo e compatível com as necessidades de cada etapa e condições da vida do
ser humano;
Contribuir para a formação integral de crianças, jovens, adultos e idosos, no
sentido de que sejam cidadãos autônomos e conscientes;
Estimular e fomentar o direito de todas as pessoas à atividade física, por vias
formais e/ou não formais;
Promover estilos de vida saudáveis, conciliando as necessidades de indivíduos e
grupos, atuando como agente de transformação social e
Conhecer e utilizar os recursos tecnológicos, inerentes à aplicação profissional.
Ainda dentro do contexto da atuação profissional, a partir da regulamentação da
profissão através da lei 96969/98, cabe ressaltar que atletas não são considerados
Profissionais de Educação Física, sendo extensivo este entendimento aos atletas de
lutas e de artes marciais, bem como, aos dançarinos e bailarinos. Esta concepção
pode ser adotada também em relação ao árbitro esportivo, sendo profissional que faz
parte do esporte, exercendo uma função que exige conhecimento e habilidades
específicas da modalidade, porém não o caracterizam como Profissional de Educação
Física (CONFEF, 2002).
135
Cabe destacar que o profissional de Educação Física não pertence à área da
estética, apesar de alguns alunos praticantes buscarem o treinamento físico
com esta finalidade. No documento de Intervenção do Profissional, o termo
“estética” só se faz presente ao se referir a “estética do movimento”,
referindo-se à boa execução dos exercícios.   O termo aparece também ao
citar os locais onde há a possibilidade das atividades ligadas a Educação
Física, podendo ser ofertadas em centros de estética, clínicas condomínios,
centros de lazer, academias, clubes, parques, praças, entre outros (CONFEF,
2002), onde o Bacharel em Educação Física é entitulado como profissional da
saúde através da classificação de número 2241-40 do ministério do trabalho.
Por fim, dada à dimensão e a importância do documento aqui descrito, decorrente da
realidade surgida com a regulamentação da profissão, espera-se que o mesmo
traduza o entendimento da sociedade brasileira sobre a Intervenção dos Profissionais
de Educação Física.
136
Acesse o link: Disponível aqui
Você acabou de conhecer alguns pontos abordados no Documento de
Intervenção do Profissional de Educação Física. Este documento é muito
importante, pois descreve e delimita as atuações próprias da área, assim
como os locais, meios de intervenção e capacitação profissional.
Confira mais informações pertinentes ao assunto na íntegra deste
documento no site do CONFEF!
137
https://www.confef.org.br/confef/conteudo/82
Conclusão
Chegamos ao final da nossa disciplina!
Nela pudemos acompanhar os principais aspectos históricos que influenciaram as
transformações da Educação Física, que culminaram na forma de atuação e
importância para a sociedade que presenciamos hoje.
Você viu que desde a pré-história, os movimentos corporais, objeto de estudo principal
da Educação Física, sempre teve importância na vida do homem com a finalidade de
defender-se e atacar através dos movimentos naturais na luta pela sobrevivência.
Dentro das civilizações como a grega e a romana, a preparação física tinha a
importância voltada para a guerra, questões terapêuticas e higiênicas. Mas foi na
renascença e no iluminismo que a Educação Física adquiriu conhecimentos voltados a
medicina e filosofia.
Entrando na idade contemporânea, as escolas de ginástica alemã, francesa,
escandinava e inglesa influenciaram grandemente a área pelo mundo, cujos objetivos
eram o militar para a preparação a guerra, pedagógica dentro das escolas, médica
voltada a higiene e saúde, preparação físico dos trabalhadores e também estética.
Vimos que foi o surgimento da Calistenia que abriu caminho para grande avanço da
Educação Física moderna, com parâmetros base para o que temos atualmente. No
Brasil, vivemos vários fases distintas, tendo influências da área médica, militar durante
os períodos de tendência Higienista e Militarista.   A partir de 1945, com o
Pedagogicismo, você percebeu que a área escolar avançou grandemente, mas
infelizmente foi suprimida com golpe militar de 1964, com a implantação do
Esportitivismo como tendência ideológica. Apenas na década de 80 que as tendênciaspedagógicas como a Psicomotricidade, Desenvolvimentista, Construtivista, Saúde
Renovada, Crítico-superadora, Critíco-emancipatória e Parâmetros curriculares
nacionais, deram maior qualidade e olhar progressista a área.
Junto a este processo histórico, você observou as lutas pela regulamentação da
profissão que se iniciou na década de 1940, que se concretizou apenas em 1998. A
partir disso, a área ganhou grande solidez e importância na sociedade com a criação do
Conselho Federal de Educação Física, tendo crescido e ganhado mais espaço, atuando
tanto na área escolar como da saúde, com finalidade de transformação social e
promoção de hábitos saudáveis na população brasileira, sempre prezando pela ética e
qualidade no atendimento.
138
Então, caro aluno, esta disciplina apresentou a você todos os processos e fatos que
trouxeram a Educação Física ao patamar atual, cabendo aos novos profissionais a
responsabilidade de manter o crescimento e evolução constante, atuando sempre com
ética e atenção aos beneficiários das práticas corporais provenientes desta maravilhosa
área.  
Foi um prazer caminhar com você até aqui! Agradeço a companhia e desejo que você
se apaixone pela Educação Física a cada dia mais, da forma como eu me apaixonei.
Leve sempre consigo esta frase de Confúcio: “Escolha um trabalho que você ame e não
terás que trabalhar um único dia em sua vida.”
Forte abraço!
Prof. Me. Pedro Henrique Rodrigues
139
Material Complementar
Livro
História da Educação Física no Brasil
Autor: Inezil Penna Marinho
Editora: Cia Brasil
Sinopse: Nesta obra, o autor sinaliza a tentativa de preservar a
memória da Educação Física, pois seus trabalhos foram
constituídos de maneira a se tornar testemunhos, perpetuando
sua produção e sua inserção como autoridade na Educação
Física brasileira.
Comentário: Este livro te ajudará a entender os primórdios da
Educação Física no país, aprofundando os assuntos trabalhados
nesta disciplina.
Livro
Educação Física Progressista
Autor: Paulo Ghiraldelli Junior
Editora: Edições Loyola
Sinopse: Nesta obra, o autor discorre a respeito de
tendênciaspedagógicas voltadas ao desenvolvimento crítico e
visão social através daEducação Física brasileira.
Comentário: Recomenda-se esta obra, visto os
assuntosabordados nesta disciplina acerca da história e
evolução da Educação Física.Está é será uma oportunidade para
você aprofundar seus estudos neste assunto.
140
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145
	Por que Estudar a História?
	A Educação Física como Profissão
	O Surgimento da Educação Física
	A Idade Contemporânea e as Grandes Escolas de Ginástica
	Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Higienista
	Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Militarista
	Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Pedagogicista
	Educação Física no Brasil: Tendência Ideológica Esportitivista
	Abordagens Pedagógicas na Educação Física Atual
	A Construção e Evolução dos Cursos de Graduação em Educação Física no Brasil
	O Processo da Regulamentação da Educação Física no Brasil
	Conselho Federal de Educação Física
	Conselhos Regionais de Educação Física
	Carta Brasileira de Educação Física
	Código de Ética dos Profissionais de Educação Física
	A Intervenção do Profissional de Educação Física

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