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7 Prof. Marco Túlio AULA 04 – BRASIL REPÚBLICA I 3.1. Governo Provisório de Deodoro da Fonseca (1891) Na mesma noite da queda da monarquia, em 15 de novembro de 1889, foi organizado um governo provisório republicano para comandar o país, tendo à frente o marechal Deodoro da Fonseca. Suas primeiras providências foram as seguintes: ▪ Extinção de instituições imperais: foram dissolvidos o Conselho de Estado, a Constituição de 1824 e os poderes legislativos centrais (Senado e Câmara dos Deputados), estaduais (Assembleias Provinciais) e municipais (Câmaras). ▪ Instituição do federalismo: as províncias passaram a ser estados, com ampla autonomia em relação ao poder central. Os estados podiam redigir suas próprias constituições, criar impostos eleger governadores e contrair empréstimos no exterior. ▪ Separação entre Igreja e Estado: foi extinto o regime de padroado, e o catolicismo deixou de ser a religião oficial do Brasil. Foi instituído os registros civis de nascimento e de casamento, pois até então existiam apenas os de batismo e do casamento religioso. ▪ Criação de símbolos republicanos: foram criados hinos (hino da República, hino nacional e hino da bandeira) e feriados nacionais (Proclamação da República, no dia 15 de novembro, e Tiradentes, no dia 21 de maio.). ▪ Promulgação da lei da grande naturalização: algumas reações populares surgiram contra os portugueses no período (antilusitanismo), o que fez com que o governo decidisse declarar cidadãos brasileiros todos os estrangeiros residentes no Brasil. ▪ Banimento da família imperial: D. Pedro II e a família imperial foram intimados pelo governo a sair do país, o que ocorreu no dia 17 de novembro de 1889. ▪ Convocação de eleições para a criação de uma Assembleia Constituinte: foram agendadas eleições para setembro de 1890. Figura 3 - na charge, Deodoro da Fonseca apresenta uma criança que representa a jovem República brasileira. Fonte: Biblioteca Nacional. 8 Prof. Marco Túlio AULA 04 – BRASIL REPÚBLICA I Encilhamento O governo Deodoro enfrentou grande turbulência em função da política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Rui Barbosa. A fim de estimular a industrialização do país, foi autorizada a emissão desenfreada de papel moeda e facilitado o crédito para investidores, mas os resultados obtidos foram o contrário do almejado. Para terem acesso aos recursos disponibilizados, muitos criaram empresas-fantasmas, ou seja, que só existiam mesmo no papel. Mesmo sem produzir absolutamente nada, essas empresas tinham suas ações compradas na Bolsa de Valores, contribuindo para que uma grave crise econômica assolasse o país. Como a especulação no mercado financeiro se tornou febre no período, muitos compararam os acionistas a apostadores em corridas de cavalos, o que tornou a política econômica conhecida como encilhamento – em referência à cilha utilizada para selar os animais. Constituição de 1891 Entre 1889 e 1891, Deodoro da Fonseca se manteve na presidência da República sem uma Constituição, o que fez esse período ser conhecido como governo provisório. Em fevereiro de 1891, uma nova Constituição foi aprovada pelo Congresso, da qual podemos destacar os seguintes elementos: ▪ A extinção do Poder Moderador e a manutenção dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; ▪ Mandato presidencial fixado em quatro anos, bem como dos governadores; ▪ Separação entre Igreja Estado, o que instituiu o casamento civil e a certidão de nascimento; ▪ Afirmação do federalismo como sistema político, no qual os estados dispõem de ampla autonomia diante da União. ▪ Voto universal masculino1 aos maiores de 21 anos, excetuando analfabetos, mulheres, mendigos, os praças (recrutas, soldados, cabos e sargentos) e clérigos submetidos ao voto de obediência. Além disso, o voto era aberto, ou seja, não-secreto. A Assembleia foi transformada em Congresso Nacional e responsabilizada pela eleição (indireta) do novo presidente da República. Naquele momento, o cenário político se dividiu da seguinte forma: 1 A expressão “universal masculino” sugere que o voto censitário tinha sido extinto. 9 Prof. Marco Túlio AULA 04 – BRASIL REPÚBLICA I SITUACIONISTAS OPOSICIONISTAS Deodoro da Fonseca (candidato à presidência) e Almirante Wandekolk (candidato à vice- presidência) Prudente de Morais (candidato à presidência) e marechal Floriano Peixoto (candidato à vice- presidência, da facção jacobina) APOIADO POR MILITARES POSITIVISTAS APOIADO POR PAULISTAS LIBERAIS Após intensa pressão militar, o Congresso Nacional elegeu Deodoro da Fonseca presidente constitucional. Porém, como as eleições de presidente e vice ocorreram separadamente, foi eleito para o cargo de vice-presidente o candidato da chapa adversária, Floriano Peixoto. Figura 4 - Juramento constitucional", de Aurélio de Figueiredo, representa a posse de Deodoro da Fonseca como presidente constitucional. 3.2. Governo Constitucional de Deodoro da Fonseca (1891) Apesar de garantir sua continuidade na cadeira presidencial, Deodoro da Fonseca passou a sofrer pressões do Congresso. Foram fatores para tal desgaste foi a aproximação do presidente com o barão de Lucena e outros monarquistas confessos, além do fracasso da política do “Encilhamento”.