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22
Aprender a pesquisar
CAPÍTULO
1
Os métodos dos clássicos
Principais teorias clássicas 
da Sociologia
A objetividade das 
Ciências Sociais
Estudaremos neste capítulo:
Habilidades da BNCC
EM13CHS103 EM13CHS106 EM13CHS606
 Entrevistador do IBGE aplicando o questionário do Censo 2010 na porta da casa das pessoas.
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Observe a imagem da abertura deste capítulo e responda:
1. Que situação foi representada na imagem? Você já passou por algo assim?
2. Na sua opinião, por que se entrevistam cidadãos “comuns”? O que você sabe sobre pesquisas cujo objetivo é 
coletar dados?
A imagem representa uma entrevista realizada no âmbito do Censo Demográfico do Brasil de 2010. O 
Censo é a maior e mais importante pesquisa social do país e acontece a cada dez anos. A pesquisa é or-
ganizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e realizada pelos mais de 230 mil pes-
quisadores contratados por esse instituto. Esses pesquisadores, também chamados de recenseadores, 
visitam aproximadamente 71 milhões de endereços em 5 570 municípios brasileiros. Um dos objetivos do 
Censo é atualizar o número de pessoas que habitam o território nacional. Além disso, os recenseadores 
entrevistam as pessoas para conhecer suas condições de saúde, de educação, de habitação, de trans-
portes, etc. Com base nas informações, o poder público pode identificar áreas que necessitam de mais 
investimentos e criar políticas públicas para atender as necessidades básicas das diversas comunidades 
do país. As pesquisas sociais são importantes instrumentos para conhecer e mudar a estrutura das so-
ciedades e a vida de cada um dos indivíduos.
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A objetividade das Ciências Sociais
As Ciências Sociais conseguem obter informações e conclusões sobre a sociedade mais confiáveis do 
que aquelas obtidas pelo senso comum. Isso se deve às técnicas de pesquisa que essas ciências usam. No 
entanto, as pesquisas das Ciências Sociais não produzem verdades absolutas. Elas analisam recortes da 
realidade social e, a partir deles, conseguem chegar a algumas generalizações que ajudam a explicar fenô-
menos sociais. Essas explicações não servem para todos os casos, mas ajudam a entender boa parte deles.
O Censo Demográfico do Brasil é a principal pesquisa social quantitativa realizada no país. Ele é organi-
zado pelo IBGE e ocorre a cada dez anos. O Censo é a principal fonte de dados utilizada para fazer pesquisa 
social no Brasil. Suas informações sobre a população servem de base para várias outras pesquisas. Como 
dito, o Censo é uma pesquisa quantitativa, baseada principalmente em dados estatísticos. Porém, existem 
outras formas de fazer pesquisa e produzir informações sobre a sociedade. Você vai conhecê-las a seguir.
Senso comum é o conjunto de ideias sobre a vida e o mundo arraigadas na cultura e reproduzidas como verdades 
fundamentais. Pensamento compartilhado pelas pessoas sem o auxílio da crítica ou do suporte científico. A simples 
opinião sobre os fatos imbuída de imaginação e de preconceitos.
De olho
Principais métodos de pesquisa nas Ciências Sociais
A maneira de fazer pesquisa representa o jeito escolhido pelo pesquisador para examinar o objeto 
de sua investigação científica. No mundo das ciências, esse "jeito" é expresso pela palavra "método", que 
identifica o conjunto de procedimentos que são utilizados pelo pesquisador ao trabalhar. Nas Ciências 
Humanas e Sociais, os principais métodos de pesquisa são organizados em duas categorias: métodos quan-
titativos e qualitativos.
As ciências sociais, em particular a sociologia, desde o seu nascimento, no século XIX, oscilaram entre dois 
modelos. De um lado, seguir o método experimental das ciências naturais, modelando-se na biologia, que se 
consolidava, e construir, à sua maneira, instrumentos de medida e comparação. De outro lado, aproximar-se da 
história e da literatura, com as quais compartilha o objeto – a vida social – e o instrumento – a linguagem e a 
capacidade de argumentar. O dilema entre explicar, como as ciências naturais, ou interpretar, como a história e 
a literatura, colocou a sociologia na situação de “terceira cultura” (Lepenies, 1995), no meio do caminho entre os 
dois campos e pendente, conforme as diferentes escolas de pensamento que foram se construindo ao longo do 
tempo, mais para um lado ou mais para o outro.
A história dos métodos das ciências sociais pode ser resumida como uma oscilação entre essas duas posições. 
A perspectiva da sociologia como ciência levou ao desenvolvimento de métodos quantitativos, que, com ambição 
de generalização, valem-se da estatística para analisar um grande número de eventos. O outro veio, da sociologia 
como interpretação, levou ao desenvolvimento de métodos qualitativos, visando a entender a lógica de processos 
e estruturas sociais, a partir de análises em profundidade de um ou poucos casos particulares.
ALONSO, Angela. Métodos qualitativos de pesquisa: uma introdução. São Paulo: Sesc; Cebrap, 2016, p. 8.
Métodos quantitativos
A pesquisa quantitativa tem o objetivo de traçar o perfil de uma população investigada com base 
em grande quantidade de informações. Ela exige rigor e confiabilidade no método de coleta e no 
modo de tratar os dados obtidos. As informações devem ser comparáveis em um mesmo conjunto de 
pessoas entrevistadas. O uso das respostas deve ser autorizado previamente pelos entrevistados, e a 
divulgação deve ser comunicada publicamente sempre que possível, respeitando a legislação vigente.
Na Sociologia, a técnica de pesquisa quantitativa mais comum é aplicação de questionários. Ela é 
usada pelo IBGE no Censo. Os questionários podem ser aplicados pessoalmente, enviados como corres-
pondência ou respondidos em canais digitais.
Foco no tema
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Métodos qualitativos
As pesquisas qualitativas são muito importantes para a Sociologia, pois têm uma abordagem complexa 
dos indivíduos. Elas entendem que as pessoas são sujeitos, ou seja, que elas são diferentes e que interpre-
tam o mundo social cada uma à sua maneira, baseadas nos valores e na cultura na qual estão imersas. A 
interpretação dos sujeitos, longe de ser um problema, oferece uma rica possibilidade de análise das estru-
turas sociais, valorizando detalhes e minúcias que nem sempre são captados pela pesquisa quantitativa.
Principais métodos qualitativos
ESTUDO DE INTERAÇÕES 
COTIDIANAS
ESTUDO DE EXPERIÊNCIAS, 
VALORES E ATITUDES
ESTUDO DE ESTRUTURAS 
E PROCESSOS
• Observação participante
• Etnometodologia
• Entrevistas e grupos focais
• Histórias de vida
• Depoimentos
• Biografias e prosopografias
• Análises de trajetórias
• Análises de processos
Fonte: ALONSO, Angela. Métodos qualitativos de pesquisa: uma introdução. São Paulo: Sesc; Cebrap, 2016, p. 8.
Etnometodologia: pesquisa 
sobre os modelos de ação que 
os indivíduos utilizam no 
cotidiano, como o modo de 
pensar, a tomada de decisões, a 
comunicação, etc. É uma linha 
do pensamento sociológico 
que aborda a sociedade a partir 
do entendimento do dia a dia 
dos indivíduos.
Prosopografia: método 
de pesquisa que combina 
dados biográficos com dados 
das Ciências Sociais para 
a construção do perfil de 
grupos específicos, tais como 
profissões, agentes culturais, 
políticos, entre outros. É a 
investigação das características 
comuns de determinados grupos 
por meio de um estudo coletivo 
das biografias.
Métodos dos primeiros sociólogos
A história da Sociologia é marcada pela constante discussão sobre seus próprios métodos de pesqui-
sa. Os primeiros sociólogos tiveram como principal objetivo delimitar o campo de atuação da Sociologia e 
definir o que ela tinha de específico, o que a permitia ser diferenciada dos demais estudos sociais. Esses 
pioneiros tiveram de encarar as mesmas perguntas que você talvez esteja se fazendoagora: O que é a 
Sociologia? Qual a diferença entre o conhecimento sociológico e o que eu aprendo nas disciplinas de His-
tória, Geografia e Filosofia? Será que não é tudo parecido? Como eu posso diferenciar o que eu aprendo 
na disciplina de Sociologia das demais áreas do conhecimento?
Uma das primeiras disciplinas das quais a Sociologia teve de se diferenciar foi a Arqueologia. Esta 
também estuda as comunidades humanas, mas a diferença é que seu objeto de pesquisa está no pas-
sado. A partir de vestígios e objetos, a Arqueologia elabora hipóteses sobre o modo de vida das pessoas 
que habitavam o local investigado.
 Arqueóloga em trabalho de campo. Local e data da imagem desconhecidos.
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Na imagem, vemos uma pesquisadora trabalhando num sítio arqueológico. Como seu objeto está no 
passado, ela é capaz de isolar uma área e fazer recortes. Porém, quando se trata de pessoas vivas, é im-
possível isolar os fenômenos sociais do pesquisador. Os entrevistados podem, por exemplo, mudar seu 
comportamento no decorrer da pesquisa. As pessoas pesquisadas são sujeito e objeto ao mesmo tempo. 
O pesquisador está diante de outros sujeitos, assim como ele. Como fazer uma pesquisa social mantendo 
a objetividade das Ciências Sociais? Como manter a integridade da pesquisa sofrendo a influência do 
ambiente onde a pesquisa é realizada?
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Um dos primeiros objetivos dos cientistas sociais foi esta-
belecer uma forma rígida e segura para analisar os fenômenos 
sociais. O termo “Ciências Sociais” foi utilizado pela primeira vez 
por Auguste Comte (1798-1857), que o escolheu para designar uma 
forma de tratar os fatos sociais cientificamente, por meio de aná-
lise objetiva e isenta das opiniões dos sujeitos que pesquisam. 
Esse pensamento ficou conhecido como positivismo científico, 
segundo o qual o papel do cientista é compreender a realidade 
social por meio de fatos organizados pelo rigor da ciência.
Émile Durkheim (1858-1917), autor da obra As regras do método 
sociológico, de 1895, aprofundou a preocupação com a objetivi-
dade nas pesquisas sociais. Considerou que todo problema social 
deve ser estudado em sua morfologia, ou seja, como uma forma 
constituída objetivamente pelas estatísticas. Para Durkheim, “os 
fatos devem ser tratados como coisas”. Com base nessa premissa, 
Durkheim abordou um dos temas mais importantes da sua épo-
ca: a questão social, ou seja, a exploração dos trabalhadores nas 
fábricas. Na obra Da divisão do trabalho social, de 1893, o autor 
analisou as consequências das transformações do mundo do tra-
balho no final do século XIX e demonstrou, por meio de uma aná-
lise quantitativa dos relatos de trabalhadores, como suas vidas 
estavam sendo afetadas pela produção.
Na medida em que o mercado se amplia, aparece a grande indús-
tria. Ora, ela tem como efeito transformar as relações entre patrões 
e operários. Uma maior fadiga do sistema nervoso, juntamente com 
a infl uência contagiosa das grandes aglomerações, aumentam as ne-
cessidades destas últimas. O trabalho da máquina substitui o do ho-
mem; o trabalho da manufatura ao da pequena ofi cina. O operário é 
colocado sob regulamentos, afastado o dia inteiro de sua família; vive 
sempre separado daquele que o emprega etc. Estas novas condições 
da vida industrial exigem naturalmente uma nova organização; mas 
como estas transformações se completaram com extrema rapidez, os 
interesses em confl ito não tiveram tempo ainda para se equilibrarem.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 
In: RODRIGUES, José Albertino (org.). Émile Durkheim: Sociologia. 9. ed. 
São Paulo: Ática, 1999, p. 99. (Coleção Grandes Cientistas Sociais, n. 1).
Ao observar o comportamento coletivo dos trabalhadores, 
o autor percebeu que a anomia (ver página 12) apresentava a 
objetividade de um fenômeno social, que existia independente-
mente da vontade dos operários, como algo exterior; que tinha 
existência geral, portanto generalidade; e que alterava o com-
portamento, pressionando os trabalhadores a mudar de atitude, 
exercendo assim uma coercitividade.
Outro autor que também contribuiu para organizar métodos 
objetivos para as Ciências Sociais foi Karl Marx (1818-1883). No 
sistema de pensamento criado por ele, denominado de materia-
lismo dialético, Marx apontou que os cientistas sociais confun-
diam a aparência dos fenômenos com a essência dos mesmos. 
Ele questionou o idealismo dos pensadores de sua época, que 
elaboravam teorias sociológicas baseadas em modelos lógicos, 
ou seja, coisas que não existiam de verdade. Marx defendeu 
que os problemas de cada sociedade deveriam ser estudados a 
partir da realidade material. Ao escrever o Manifesto do Partido 
Comunista, em 1848, Marx e seu parceiro de pesquisas sociais, 
Friedrich Engels (1820-1895), afirmaram que a história das so-
ciedades deveria ser contada por meio da evolução do modo 
de produção. Para eles, a base da investigação científica das 
Ciências Sociais deveria ser a economia, ou seja, o que os seres 
humanos produzem. No entanto, os autores enfatizaram que 
as pessoas fazem as coisas tendo como base sua experiência 
coletiva. Os estudos sociais deveriam, então, se concentrar na 
diferença entre as ações e as ideias. A dialética consiste em con-
frontar as ações individuais ou coletivas perante as estruturas 
sociais que reproduzem as condições históricas. Engels refere-se 
ao materialismo da seguinte forma:
Segundo a concepção materialista da história, o fator que em 
última instância determina a história é a produção e a reprodução 
da vida real. [...] Somos nós mesmos que fazemos a história, mas 
nós a fazemos em primeiro lugar, segundo premissas e condições 
muito concretas. Entre elas, são as econômicas as que, em última 
instância, decidem.
ENGELS, Friedrich apud QUINTANEIRO, Tania et al. Um toque de 
clássicos. Belo Horizonte: UFMG, 2002, p. 39.
Max Weber (1864-1920) foi um pensador da Sociologia que, 
em outro momento histórico, sofisticou a reflexão sobre o 
problema central da pesquisa social: a relação entre sujeito e 
objeto. Reconhecendo que no mundo dos fenômenos os acon-
tecimentos não se repetem e os indivíduos possuem existência 
única, o autor defendeu que toda descoberta se passa na in-
terpretação do pesquisador. As evidências são construídas com 
base na observação metódica e da experimentação, mas o su-
jeito que pesquisa filtra e analisa os problemas sociais a partir 
de ferramentas de análise, os conceitos, que, segundo Weber, 
funcionam como tipos ideais. No trecho a seguir, o autor expõe o 
que seriam esses tipos ideais:
No que se refere à investigação, o conceito do tipo ideal propõe-
-se formar o juízo de atribuição. Não é uma “hipótese”, mas pretende 
apontar o caminho para a formação de hipóteses. Embora não cons-
titua uma exposição da realidade, pretende “conferir” a ela meios 
expressivos e unívocos. [...]
Obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um 
ou vários pontos de vista, e mediante o encadeamento de grande 
quantidade de fenômenos isoladamente dados, difusos e discretos, 
que se podem dar em maior ou menor número ou mesmo faltar por 
completo, e que se ordenam segundo os pontos de vista unilateral-
mente acentuados, a fi m de se formar um quadro homogêneo de pen-
samento. Torna-se impossível encontrar empiricamente na realidade 
esse quadro, na sua pureza conceitual, pois trata-se de uma utopia. [...]
Portanto, a construção de tipos ideais abstratos não interessa 
como fi m, mas única e exclusivamente como meio do conhecimento. 
[...] Tais conceitos são confi gurações nas quais construímos relações, 
pela utilização da categoria da possibilidade objetiva, que a nossa ima-
ginação, formada e orientada segundo a realidade, julga adequadas. [...]
Nesta função, o tipo ideal é acima de tudo uma tentativa para 
apreender os indivíduos históricos ou os seus diversos elementos em 
conceitosgenéticos. [...]
Qualquer descrição meramente intuitiva faz-se acompanhar do 
fenômeno particular da importância assumida pelo enunciado estéti-
co: “Cada um vê o que tem no coração”. Os juízos válidos pressupõem 
sempre, ao contrário, a elaboração lógica do intuitivo, isto é, a utili-
zação de conceitos.
WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: 
COHN, Gabriel (org.). Weber. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 106-123. 
(Coleção Grandes Cientistas Sociais, n. 13)
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Com a ferramenta do tipo ideal, Weber quer dizer que o cientista lida com uma variedade infinita de 
fenômenos. Junte-se a isso o fato de cada indivíduo avaliar o que vive de acordo com seu ponto de vista. 
Com uma premissa assim, fica praticamente impossível compreender o que é a realidade, uma vez que 
cada um a constrói socialmente em sua imaginação.
A solução para o impasse foi criada pela imaginação sociológica de Weber com a elaboração do tipo 
ideal. Já que cada indivíduo interpreta a realidade social de um jeito, o pesquisador não lida com a rea-
lidade, mas com interpretações individuais. Assim, cabe ao pesquisador agrupar as interpretações mais 
recorrentes e traduzi-las em um “padrão”, uma “média”, aquilo que, em Sociologia, são os conceitos.
O método sociológico é a capacidade de pensar conceitualmente a realidade social, ou seja, a ca-
pacidade de “ interpretar as interpretações” sobre a sociedade. Ainda neste capítulo, vamos conhecer 
métodos científicos desenvolvidos por outros pensadores e estudar as principais teorias clássicas do 
conhecimento sociológico.
Você conheceu o trabalho de pesquisa realizado pelo IBGE e outros métodos de pesquisa sociológica. Agora, investigue 
outros institutos de pesquisa no Brasil, contextualizando seus métodos de pesquisa, sua área de atuação, os conceitos 
mais importantes com os quais ele trabalha e a sua contribuição científica para o país.
Pesquise sobre um instituto que você conheça ou escolha um entre os indicados a seguir:
• Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Disponível em: www.inpe.br/.
• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Disponível em: www.embrapa.br/.
• Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Disponível em: <www.ipea.gov.br/portal/>.
• Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Disponível em: http://portal.sbpcne t.org.br/.
Acessos em: 7 abr. 2020.
Investigue
1. Leia o texto a seguir.
Então, vamos lá: a mulher nua ou o homem nu será visto por alguém. Digamos que esse alguém que olha seja um médico, que estabeleça 
com a pessoa observada uma relação profi ssional. Suponhamos que eles estejam numa consulta médica. Imaginemos agora, esse mesmo 
homem ou essa mulher diante de um pintor, em um ateliê, posando para uma obra de arte. [...] Finalmente, tomemos o caso histórico em 
que a pessoa nua está sendo banhada por seus servos, na Europa medieval. [...] O objeto corpo pode ser o mesmo, mas as relações entre 
quem olha e quem é observado são diferentes.
ATHAYDE, Celso. Cabeça de porco. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 172.
Tendo em vista o estudado até aqui sobre os métodos de pesquisa e a partir da leitura do texto, descreva como o objeto “corpo” 
pode ser analisado sob diferentes pontos de vista.
Parada obrigatória
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iaParada complementar
Teste seu conhecimento: 1 e 2
1. Leia o texto a seguir.
Nossa visão das coisas é carregada de expectativas e sentimentos, valores e crenças, compromissos e culpas, desejos e frustrações. Acima de 
tudo, é necessário reter na memória esse ponto: ver é relacionar-se. Sendo assim, o que seria não ver, sobretudo em certos contextos?
ATHAYDE, Celso. Cabeça de porco. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 173.
Com base no texto, explique por que ver uma questão social implica se relacionar com o contexto em que ela está inserida. Exempli-
fique com situações do cotidiano.
2. (Seduc-CE)
Não existe qualquer análise científi ca puramente objetiva da vida cultural, ou o que pode signifi car algo mais limitado, mas segura-
mente não essencialmente diverso, para nossos propósitos dos fenômenos sociais, que seja independente de determinadas perspecti-
vas especiais e parciais, graças às quais estas manifestações possam ser, explícita ou implicitamente, consciente ou inconscientemente, 
selecionadas, analisadas e organizadas na exposição, enquanto objeto de pesquisa. Deve-se isso ao caráter particular do alvo do co-
nhecimento de qualquer trabalho das ciências sociais que se proponha ir além de um estudo meramente formal das normas legais ou 
convencionais da convivência social.
WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas Ciências Sociais. In COHN, Gabriel (Org.). Sociologia: Weber. São Paulo: Ática, 2006.
A clássica reflexão de Max Weber sobre a objetividade do conhecimento destaca que as Ciências Sociais são ciências que
a) seguem os modelos de sucesso das ciências naturais e visam explicar de maneira clara e coerente os fatos sociais.
b) fundamentam-se em realidades concretas de um mundo social que deve ser pensado a partir das estruturas econômicas.
c) cuidam de realidades isoláveis em suas manifestações individuais e que podem ser compreendidas de maneira independente de 
suas manifestações históricas.
d) tratam de maneira compreensiva e parcial o problema do signifi cado cultural de fenômenos que constituem a história e a vida social.
Principais teorias clássicas da Sociologia
Antes de compreender o que é uma teoria, é importante valorizar uma obra que passa a ser conside-
rada um clássico. O escritor Italo Calvino elaborou curiosas definições sobre o que é uma obra clássica:
Comecemos com algumas propostas de defi nição
1. Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: “Estou relendo…” e nunca “Estou lendo…”. [...]
2. Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas 
constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores 
condições para apreciá-los. [...]
3. Os clássicos são livros que exercem uma infl uência particular quando se impõem como inesquecíveis e também 
quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual. [...]
4. Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.
5. Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura. [...]
6. Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 9-11.
A diferença entre ler um clássico e uma obra comum é que o clássico suscita muito mais reflexões e 
interpretações, e ele não perde essa qualidade ao longo do tempo. Mesmo tendo surgido em momen-
tos e lugares específicos, os clássicos são capazes de explicar outras sociedades e outros momentos 
históricos e continuam fazendo sentido e suscitando reflexões ao longo da história.
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Como surgiu a Sociologia?
A Sociologia surgiu da reflexão de homens e mulheres que, ao 
serem afetados por mudanças sociais profundas, procuraram com-
preender as causas dos problemas sociais de seu tempo. Histori-
camente, esse surgimento está relacionado às transformações que 
marcaram a passagem da Era Moderna para a Era Contemporânea.
Para entendermos o processo histórico do surgimento da So-
ciologia, precisamos recuar um pouco no tempo, à época marcada 
por grandes revoluções que caracterizam a Idade Contemporânea. 
O século XVIII destaca-se pela ocorrência da Revolução Industrial, 
iniciada na Inglaterra, substituindo o trabalho das manufaturas 
pela introdução do uso de maquinários. Essa mudança no modo 
de produção e na maneira de organizar o trabalho afetou profun-
damente os trabalhadorese contribuiu para a consolidação do 
sistema capitalista.
A implantação das indústrias motivou a migração das pessoas 
do campo para a cidade, concentrando nos centros urbanos uma 
grande quantidade de trabalhadores. Famílias inteiras foram ab-
sorvidas como mão de obra, incluindo as crianças. Ao mesmo tem-
po, a maior parte dos lucros da produção no sistema fabril ficava 
concentrada nas mãos dos proprietários, grandes empresários.
Dudley Street, Seven Dials, de Gustave Doré. Litogravura, 1872. A ilustração 
representa a cidade de Londres da década de 1870 e mostra o aumento da 
pobreza e a precariedade das condições sociais das famílias no processo de 
industrialização da Inglaterra.
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No transcurso do primeiro século da Revolução Industrial, 
entre 1760 e 1860, todo o movimento se concentra na Inglaterra, 
nação pioneira no processo de industrialização. Nesse mesmo 
período, surgem alguns problemas característicos da urbaniza-
ção e da industrialização, tais como a grande concentração ur-
bana e a falta de infraestrutura. Um grande número de pessoas 
passou a viver em áreas de periferia, com pouca ou nenhuma 
estrutura urbana, a criminalidade cresceu e a produção de lixo e 
a poluição se intensificaram.
Ainda no século XVIII, a Inglaterra enfrenta o conflito pela 
independência dos Estados Unidos, declarada em 1776 e reco-
nhecida somente em 1783. Os Estados Unidos vencem a guerra 
pela independência e se tornam a primeira nação livre no conti-
nente americano. Esse processo de independência é influenciado 
por ideais iluministas, o que leva a nova nação a se basear em 
princípios como o direito à propriedade privada e às garantias 
fundamentais para o cidadão, elementos essenciais para a con-
solidação do Estado Democrático de Direito.
O movimento pela independência e o ideal de liberdade pro-
pagados pela Revolução Americana foram fonte de inspiração 
para uma das maiores e mais importantes revoluções da Idade 
Contemporânea: a Revolução Francesa.
Ocorrida em 1789, a Revolução Francesa marca o início da Era 
Contemporânea, que perdura até hoje. Essa revolução colocou fim 
ao absolutismo monárquico e o povo passou da condição de “sú-
dito” para a de “cidadão”, instituída na Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão. A constituição promulgada na França em 1791 
previa a igualdade de todos perante a lei, condição fundamental 
para assegurar a cidadania.
Em uma tentativa de responder aos problemas sociais, o pen-
samento muda e exige novas formas de viver em sociedade. Expli-
cações tradicionais e autoritárias não servem mais para enfrentar 
os problemas mais básicos do cotidiano. A realidade muda e exige 
respostas. É nesse contexto revolucionário e desafiador, a partir 
da necessidade de compreender os processos sociais, políticos 
e econômicos que marcaram tais mudanças, que surge uma nova 
ciência voltada a compreender a sociedade: a Sociologia.
Precursores do pensamento sociológico 
e seus métodos
Não existe uma única origem para o pensamento sociológico. 
O conhecimento sobre a sociedade é uma confluência de várias 
tradições e correntes de pensamento que formaram a civilização 
ocidental. A Sociologia é um pensamento associado à moderniza-
ção da Europa Ocidental. Ou seja, carregada de valores e crenças 
ocidentais. No entanto, as divergências e debates dentro do pen-
samento social foram muito grandes. Vamos conhecer brevemente 
algumas de suas vertentes e seus métodos de pesquisa social.
O socialismo utópico de Saint-Simon
Na Europa do século XVIII, aquele que criticasse a sociedade 
era considerado um indivíduo perturbador da ordem social. Foi 
assim com os pensadores alinhados à corrente do socialismo 
utópico. Um deles foi Saint-Simon (1760-1825), um nobre francês 
que renunciou aos seus títulos com o intuito de transformar 
a sociedade. 
Saint-Simon analisou seu país como um Estado composto de 
duas classes. Uma era a dos grupos produtores e a outra, dos gru-
pos ociosos. A primeira classe era formada por todos os cidadãos 
capazes de realizar um trabalho, desde aqueles considerados mais 
simples, como trabalhos braçais e rurais, até aqueles considerados 
mais complexos, como os relacionados à indústria, à medicina e à 
engenharia. A outra classe abarcava todos aqueles que nada pro-
duzem, como os militares, a nobreza e o clero.
O autor buscou compreender os fenômenos sociais para en-
contrar as leis gerais relativas ao desenvolvimento e, a partir des-
sas leis, estabelecer os fundamentos para uma nova sociedade. 
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Em sua proposta, os mais capacitados deveriam encabeçar cada área do conhecimento e da produção. 
Nesse sentido, o clero deveria ser substituído pelos cientistas e o senhor feudal daria lugar a uma classe 
que estava surgindo, a dos industriais. 
Para Saint-Simon, a ciência que estuda a sociedade servia para apontar os caminhos do progresso. 
Sua tarefa era compreender como a sociedade mudava. Desejar que uma sociedade avance idealmente 
em uma direção melhor é o que a Sociologia chama de utopia. Daí essa corrente de pensamento ter fica-
do conhecida como socialismo utópico.
O positivismo de Auguste Comte
Auguste Comte, analisando a grande confusão social em sua época, 
vislumbrou a necessidade de superar crenças e valores tornados incompa-
tíveis com a nova sociedade organizada em torno da industrialização. Tal 
sociedade demandava, como nunca antes, apoiar-se no uso da razão. Assim, 
ele propôs uma “filosofia positiva”, cujo objetivo era reformar o modo de 
pensar dos indivíduos. A proposta envolvia basear o pensamento em prin-
cípios científicos, o que, naquele momento, significava sobretudo a Física. 
Ele estabeleceu, então, uma Física Social, cujo nome ele depois mudou para 
Sociologia. Essa disciplina visava analisar as estruturas das organizações 
sociais para garantir racionalmente a necessária reforma das instituições.
Para Comte, as sociedades humanas deviam evoluir no sentido da or-
dem e do progresso, duas palavras que se tornaram lemas do positivismo. 
O progresso seria a meta de toda sociedade e a ordem seria a condição 
para evitar distúrbios impeditivos ao avanço social. Não por coincidência, 
elas constam na bandeira da República do Brasil, cuja fundação foi muito 
inspirada no positivismo.
“Conhecer para prever, prever para prover” foi outro lema do positivismo. Ele indica a expressiva função 
do conhecimento científico para as sociedades contemporâneas, forjadas no processo de industrialização.
A predição científica
A capacidade de fazer previsões com base em estudos científicos é uma das características mais importantes 
do positivismo e foi inspirada nas Ciências Exatas e Biológicas. Um exemplo de como isso funciona nas Ciências 
Biológicas é o estudo de sementes de milho realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 
Nesse estudo, utiliza-se a técnica da predição científica para identificar com antecedência quais sementes podem 
ser mais resistentes à escassez hídrica. Comte propunha que algo semelhante poderia ser realizado no estudo 
da sociedade. A predição científica na Sociologia permitiria analisar e prever fenômenos e criar métodos para 
interferir em eventos e na vida social.
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 Lavoura de milho no interior do estado de São Paulo.
Conexões
O escritor uruguaio 
Eduardo Galeano definiu 
assim o termo utopia:
Ela está no horizonte. 
[...]. Me aproximo dois 
passos, ela se afasta dois 
passos. Caminho dez 
passos e o horizonte corre 
dez passos. Por mais que 
eu caminhe, jamais a 
alcançarei. Para que serve 
a utopia? Serve para isso: 
para caminhar.
GALEANO, Eduardo. 
As palavras andantes. 
Rio de Janeiro: L&PM, 1994.
De olho
 Auguste Comte, criador do 
positivismo e precursor 
da Sociologia.
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2. Leia o texto a seguir.
Estudante cria fi ta que acusa 
fraude no leite
[…]
Com ajuda da professora orientadora Andréia Michelon 
Gobbi, da disciplina de Metodologia Científi ca, e motivada pelas 
notícias de adulteração de leite no Rio Grande do Sul, Joana 
iniciou o trabalho pesquisando as irregularidades mais comuns 
encontradas no produto. A gaúcha contou com a ajuda de sua 
colega de classe Alexandra Gozzi e as duas chegaram a três subs-
tâncias adicionadas irregularmente com mais frequência: o for-
mol, prejudicial à saúde e utilizado para matar as bactérias do 
leite; o hidróxido de sódio, que mascara a validade; e o amido, 
usado para conferir mais consistência ao produto, depois de ele 
ter sido misturado com água. A partir daí a jovem estudou os 
reagentes que poderiam revelar essas fraudes. “Para os testes, 
tive que ir atrás dos produtos químicos, já que a escola não tinha 
todos. O formol, por exemplo, consegui em uma funerária perto 
da minha casa”, conta.
[...]
REDAÇÃO PRÊMIO JOVEM CIENTISTA. Estudante cria fi ta 
que acusa fraude no leite. Época, 29 jul. 2015. Disponível em: 
http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/07/estudante-cria-
fi ta-que-acusa-fraude-no-leite.html. Acesso em: 25 jan. 2020.
Tendo como referência os conhecimentos estudados até aqui, 
analise a reportagem e responda às seguintes questões.
a) Demonstre como a atitude da pesquisadora revela uma 
utopia sobre a sociedade brasileira. Justifi que.
b) Relacione as atitudes da pesquisadora com as característi-
cas do método positivista nas Ciências Sociais.
A ciência é a prática capaz de realizar previsões e propor solu-
ções para os problemas enfrentados pelas sociedades humanas. 
Comte analisa o progresso humano por meio da formulação de 
sua Lei dos Três Estágios. Segundo Comte:
[...] cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nos-
sos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados históricos 
diferentes: o estado teológico ou fi ctício, estado metafísico ou abstrato, 
estado científi co ou positivo. Em outros termos, o espírito humano, 
por sua natureza, emprega sucessivamente em cada uma de suas inves-
tigações, três métodos de fi losofar [...]: primeiro o método teológico, 
em seguida, o método metafísico e, fi nalmente, o método positivo.
COMTE, Auguste. Curso de Filosofi a Positiva. In: . Auguste Comte. 
São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 35-36 (Coleção Os Pensadores).
O problema levantado nessa tese diz respeito às associações 
entre formas não científicas e científicas do conhecimento como 
uma necessidade para a atitude sociológica. É importante obser-
var que todo conhecimento positivo surge a partir de algumas 
percepções ou de conhecimentos não científicos. Desse modo, 
a Sociologia enquanto ciência representa o momento em que os 
saberes associados ao senso comum, à Teologia ou à Filosofia 
dão lugar ao conhecimento científico.
A respeito dessa mudança de perspectiva para o conheci-
mento, o sociólogo alemão Norbert Elias (1987-1990) comenta:
É este, se assim quiserem, o segredo da ciência: através da renún-
cia ao pensamento guiado pelo desejo, às fantasias embelezadoras 
ou, eventualmente, também ao receio e à angústia, desenvolver o 
saber sobre o mundo de modo que ele se adapte o mais rigorosamente 
possível ao mundo real. Se possuirmos um tal saber, poderemos 
empreender a transformação de um mundo não desejado e talvez 
até atemorizador, por forma a fazê-lo melhor corresponder às neces-
sidades humanas.
ELIAS, Norbert. A condição humana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991, p. 22.
Por ter se dedicado com tal intensidade a essa perspectiva 
do pensamento científico, Auguste Comte é reconhecido como o 
“pai” da Sociologia. O método positivista permitiu compreender 
os mais variados tipos de organização social, desde uma co-
munidade religiosa a um clube de futebol, que ele estabeleceu 
como unidades observáveis. Por outro lado, essa corrente de 
pensamento não criou instrumentos nem abriu espaço para 
considerar as características peculiares de cada membro das 
comunidades estudadas.
Parada obrigatória
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iaParada complementar
Teste seu conhecimento: 3 e 4
3. (Unicentro-PR)
Considerando-se as grandes mudanças que ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram no século XVIII — e que se 
estenderam no século XIX — só foram superadas pelas grandes transformações do fi nal do século XX. As mudanças provocadas pela revolução 
científi co-tecnológica, que denominamos Revolução Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por completo, 
criando novas formas de organização e causando modifi cações culturais duradouras, que perduram até os dias atuais.
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Person Prentice Hall, 2004.
Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na modernidade, é correto afirmar:
a) A intensifi cação da economia agrária em larga escala nas metrópoles gerou o êxodo para o campo.
b) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou ao crescimento das cidades rurais.
c) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a diminuição da divisão do trabalho.
d) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que fez surgir as ciências sociais.
e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os novos problemas sociais.
4. (UEL-PR)
Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como na Antiguidade 
Clássica, parte integral dos grandes sistemas fi losófi cos. A constituição de saberes autônomos, organizados em disciplinas específi cas, como a 
Biologia ou a própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva refl exão fi losófi ca, como a liberdade e a razão.
Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12.
Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da Sociologia, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a relação entre 
conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas.
a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi defendida pelo Iluminismo, que infl uenciou o Positivismo.
b) A crença na razão como promotora do progresso da sociedade foi compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo.
c) O Iluminismo forneceu os princípios e as bases teóricas da luta de classes para a formulação do Positivismo.
d) O reconhecimento da validade do conhecimento teológico para explicar a realidade social é um ponto comum entre o Iluminismo e 
o Positivismo.
e) Os limites e as contradições do progresso para a liberdade humana foram apontados pelo Iluminismo e aceitos pelo Positivismo.
Os métodos dos clássicos
Relembrando a citação de Italo Calvino, uma obra clássica é aquela que continua dizendo algo impor-
tante para as pessoas mesmo com o passar do tempo. Ao reler um clássico, estamos sempre aprendendo 
algo sobre a sociedade.
Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber são três autores considerados clássicos da Sociologia. Cada 
um deles, por meio de suas obras, apresentou uma forma específica de ver a sociedade e uma metodo-
logia específica para estudá-la. As obras desses autores foram o ponto de partida para três correntes de 
pensamento distintas nas quais a Sociologia se desenvolveu. A seguir, analisaremos cada um desses três 
modelos de pensamento e conheceremos as principais características deles.
Durkheim: o fato social
Como já vimos, o positivismo se baseava no uso sistemático de experiências científicas e de evidên-
cias para tentar estabelecer um método de pesquisa objetivo, seguro e imparcial.
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Émile Durkheim (1858-1917) foi bastante influenciado pelo po-
sitivismo e procurou dar continuidade ao projeto de construir 
uma ciência socialque estivesse livre da subjetividade e adqui-
risse um estatuto equivalente ao das Ciências Naturais.
 O sociólogo francês 
Émile Durkheim.
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O fato social
Para Durkheim, o sociólogo precisava construir suas catego-
rias conceituais com objetividade e tratar os fenômenos sociais 
como um engenheiro ou um físico lidam com as experiências 
empíricas. Ou seja, o sociólogo deveria tratar os acontecimentos 
da sociedade como coisas, as quais ele passou a chamar de fatos 
sociais. Durkheim definiu da seguinte forma o que é o fato social:
[...] toda maneira de fazer, fi xada ou não, suscetível de exercer 
sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de 
fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo 
tempo, possui uma existência própria, independente de suas mani-
festações individuais.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Trad. Paulo Neves. 
São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 13.
O trabalho de Durkheim descreve uma sociologia funcionalista, 
isto é, aquela que procura explicar a sociedade a partir da com-
preensão das causas, ou funções, descrevendo a semelhança da 
sociedade com um organismo no qual cada órgão (instituições, 
grupos, famílias, etc.) desempenha uma função específica para a 
coesão geral. Desse modo, considera-se que o mal desempenho de 
uma função compromete todo o tecido social. 
As principais características do fato social são: a objetividade, 
a exterioridade, a generalidade e a coercitividade. Os fenômenos 
sociais obrigam os indivíduos a mudarem suas condutas de acor-
do com as transformações estruturais que os cercam.
Solidariedade mecânica e solidariedade orgânica
As sociedades se mantêm integradas por meio de laços sociais 
de solidariedade. Tais laços contribuem para manter o indivíduo 
adaptado ao grupo social e conservar a comunidade. Dessa forma, 
ela pode se transformar sem que sua estrutura seja destruída.
O trabalho é um exemplo de solidariedade social. Para Durkheim, 
há duas formas de solidariedade por meio do trabalho: a mecânica 
e a orgânica. Na solidariedade mecânica, o indivíduo desenvol-
ve sua igualdade junto ao coletivo e, na solidariedade orgânica, 
o indivíduo complementa suas atividades com outras dos demais 
indivíduos da coletividade.
Outra questão importante na obra de Durkheim é que existem 
forças que geram coesão social e outras que geram desintegração 
social, o que ele chamou de anomia.
 O inchaço populacional nas grandes cidades transforma as pessoas em 
números. A dificuldade de estabelecer vínculos é o que chamamos de anomia.
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Segundo Durkheim, para conhecer o que motiva uma cultura 
e como a vida e os costumes de uma sociedade são organizados, 
o sociólogo precisa abrir mão de seus juízos de valor, de suas crí-
ticas e de suas crenças pessoais. Desse modo, poderá compreen-
der os fatos sem distorcê-los. Essa, segundo ele, é uma atitude 
objetiva exigida pelo método sociológico, e vale até mesmo para 
compreendermos nossa própria cultura e nosso próprio tempo.
O sociólogo utiliza como ferramentas a observação, a descri-
ção, a comparação e alguns cálculos estatísticos para compreender 
a regularidade dos fatos. Durkheim procurava exercitar consigo a 
capacidade de questionar a veracidade dos fatos estudados para 
evitar ao máximo a influência de seus próprios preconceitos.
Anomia
Um dos conceitos mais importantes da obra de Durkheim é o 
de anomia. A expressão aparece na obra Da divisão do trabalho 
social, de 1893, que trata das formas de solidariedade, incluindo 
a reciprocidade entre os grupos sociais. A interpretação do autor 
sobre a passagem do mundo rural e tradicional para o mundo 
urbano revela dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores no 
processo de socialização. 
Nas sociedades tradicionais, os sujeitos procuravam fazer sua 
integração ao mundo social por meio da imitação de funções 
e papéis estabelecidos nas tradições da comunidade. A socia-
bilidade era produzida com base na reprodução de costumes 
associados às práticas sociais que produziam a coesão do grupo. 
A divisão social do trabalho introduzida na industrialização 
modificou o padrão de sociabilidade, ao fazer com que as trocas 
sociais fossem estabelecidas pela diferença nas funções. Ocorre 
que a introdução de sujeitos acostumados a se identificar com 
suas coletividades em ambientes onde predomina a individua-
lização das tarefas levou parte considerável dos trabalhadores a 
um estado de anomia.
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Durkheim descreve a anomia como u m sentimento de falta de objetivos, ausência de vínculos sociais 
e de interação. É como se houvesse, nos grandes centros urbanos, uma quantidade grande de indivíduos 
próximos sem estabelecer relações e interações. A raiz do problema, segundo Durkheim, seria a imple-
mentação rápida de uma divisão do trabalho com fins exclusivamente econômicos, sem levar em conta a 
necessária socialização que o mundo do trabalho necessita para construir o ser moral.
A desagregação, sentimento de anonimato e de falta de importância, 
ao longo da história levou um considerável número de pessoas ao aban-
dono e à exclusão e, em casos extremos, ao suicídio, tema que Durkheim 
abordou quatro anos mais tarde em outra obra. Em decorrência da difi-
culdade de incorporar e interagir, os sujeitos vão perdendo a identidade 
e se afastando uns dos outros, afrouxando seus laços sociais. 
A anomia é um fato social que ocorre frequentemente associa-
do a períodos de modernização e crescimento econômico. Uma das 
principais consequências da anomia social são as cenas de exclusão e 
abandono observadas nos grandes centros urbanos envolvendo as po-
pulações em situação de rua.
A principal pesquisa sobre a situação foi feita pelo IBGE em 2008. A 
Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, elaborada 
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, revelou 
um cenário preocupante. Uma sucessão de crises econômicas produ-
ziu um contingente superior a 12 milhões de pessoas desempregadas 
e cerca de 50 milhões de pessoas com uma renda mensal de 400 reais 
ou menos.
Invisível nas estatísticas, população de rua demanda 
políticas públicas integradas
[...]
A primeira e única pesquisa ampla sobre a população de rua foi realizada entre 2007 e 2008 pelo Ministério 
do Desenvolvimento Social (agora transformado em secretaria vinculada ao Ministério da Cidadania), mas não 
atingiu todo o território nacional. Avaliou um público composto por pessoas com 18 anos completos ou mais e 
abrangeu 71 cidades, sendo 48 municípios com mais de 300 mil habitantes e 23 capitais. Foram detectados 31,9 
mil adultos em situação de rua. Somando-se os resultados de pesquisas feitas à parte em São Paulo, Belo Horizon-
te e Recife, o contingente se elevou a 44 mil.
Graças a esse estudo, foi possível traçar um perfi l heterogêneo da população de rua levando em conta idade, 
gênero, cor da pele, formação escolar, razões da ida para rua. Constatou-se, entre outros aspectos, que 69,6% de-
les dormem na rua, 22,1% em albergues e 8,3% alternam entre a rua e os albergues. Quanto à alimentação, 79,6% 
conseguem fazer pelo menos uma refeição por dia, mas apenas 27,4% compram comida com o próprio dinheiro.
SASSE, Cintia; OLIVEIRA, Nelson. Invisível nas estatísticas, população de rua demanda políticas 
públicas integradas. Agência Senado, 28 mar. 2019. Disponível em: www12.senado.leg.br/noticias/
especiais/especial-cidadania/especial-cidadania-populacaoem-situacao-de-rua. Acesso em: 8 abr. 2020.
A anomia é o reverso do processo de solidariedade porque, para Durkheim, o Direito, a cultura, a reli-
gião e as instituições sociais têm por objetivo manter a saúde na relação entre o indivíduo e a sociedade. 
O afastamento, o isolamento e a solidão representam uma patologia do sistema social. A doença social 
está no não estabelecimentoda integração social. Pessoas em situação de rua ficam mais vulneráveis às 
doenças, ao crime, à prática de condutas ilícitas, a tentativas de homicídios e ao suicídio.
Durkheim considera que as igrejas e religiões podem auxiliar no processo em função do sentido de 
coesão social que produzem, além das obras sociais que garantem o apoio a vários indivíduos que per-
deram seus laços. Para o autor, a criminalidade é resultado de irregularidades na solidariedade social e 
há, no funcionamento do sistema jurídico, políticas, sanções e penas que podem tanto restringir quanto 
restituir os indivíduos ao conjunto da sociedade.
Assim como fez quando estudou a solidariedade, Durkheim organizou a questão do Direito em duas ca-
tegorias conceituais. Em sociedades nas quais prevalece a solidariedade mecânica, em que a semelhança e 
os padrões sociais predominam, o papel do Direito é mais repressivo, no sentido de evitar que a rebeldia dos 
indivíduos coloque a coesão social do grupo em ameaça. Por sua vez, nas sociedades nas quais prevalece a 
solidariedade orgânica, a diferença favorece que cada indivíduo complemente o outro, e o Direito funciona 
com um sentido mais restitutivo, com menor ênfase na força, concentrando-se na regulação das interações.
 O enfrentamento dos problemas sociais depende da mobilização da 
sociedade e do poder público. Na imagem, a realização de campanhas 
solidárias para auxiliar a população de rua no atendimento de necessidades 
essenciais durante o período de quarentena pela Covid-19, no Recife, 
em março de 2020. Em diversas regiões do país, voluntários trabalham 
distribuindo produtos de higiene, máscaras e alimentos, e transmitem 
orientações sobre cuidados pessoais e coletivos.
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A Pesquisa Nacional de População em Situação de Rua traçou um perfil dos moradores de rua e conheceu parte de 
seus motivos ou razões para estarem nas ruas. O trabalho também analisou as características socioeconômicas, os 
vínculos familiares e os aspectos culturais.
De acordo com os dados da pesquisa, o desemprego, a anomia e a perda de vínculos familiares são algumas das 
causas do problema da situação de rua. 
Fique por dentro
SASSE, Cintia; OLIVEIRA, 
Nelson. Invisível nas estatísticas, 
população de rua demanda 
políticas públicas integradas. 
Ag•ncia Senado, 28 mar. 2019. 
Disponível em: www12.senado.
leg.br/noticias/especiais/especial-
cidadania/especial-cidadania-
populacao-em-situacao-de-rua. 
Acesso em: 8 abr. 2020.
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O método sociológico
Ao tratar os fatos sociais como coisas e estudar os problemas sociais com objetividade, Durkheim 
tinha o propósito de que as Ciências Sociais tivessem o mesmo respeito que outras áreas do conhe-
cimento possuíam com relação à confiabilidade de seus métodos. Utilizar pesquisas para conhecer 
o comportamento coletivo dos indivíduos era uma estratégia mais segura para dar forma aos pro-
blemas estudados.
Assim como o positivismo defendeu a importância do rigor e da objetividade das Ciências Sociais, o 
método sociológico de Durkheim procurou compreender o peso das instituições, costumes, regras, valores 
e leis para manter a solidariedade coesa e os indivíduos integrados.
Observe os dados a seguir.
População em situação de rua segundo 
posse de documentos de identificação
Nota: A coluna de percentuais não totaliza 100%, pois a informação 
é coletada em quesito de marcação múltipla. Fonte: Pesquisa 
Nacional sobre a População em Situação de Rua, Meta/MDS, 2008.
População em situação de rua segundo 
experiências de impedimento de entrada 
em locais ou para realização de atividades
Nota: A coluna de percentuais não totaliza 100%, pois a informação 
é coletada em quesito de marcação múltipla. Fonte: Pesquisa 
Nacional sobre a População em Situação de Rua, Meta/MDS, 2008.
Tipo de documento %
Carteira de identidade 58,9
Certidão de nascimento/casamento 49,5
CPF 42,2
Carteira de Trabalho 39,7
Título eleitoral 37,9
Sem documento 24,8
Todos os documentos 21,9
Experiências %
Entrar em estabelecimento comercial 31,8
Entrar em shopping center 31,3
Entrar em transporte coletivo 29,8
Entrar em bancos 26,7
Entrar em órgãos públicos 21,7
Receber atendimento na rede de saúde 18,4
Obter documentos 13,9
Considerando as informações apresentadas, explique como a proposta metodológica de Durkheim se aplica à análise da anomia como fenômeno 
sociológico frequente nas populações em situação de rua.
Resolução:
Para responder à questão, você pode lembrar que Durkheim afirmou em sua obra As regras do método sociológico que os fatos sociais deve-
riam ser tratados como coisas. Os fatos sociais possuem três características fundamentais: a generalidade, a exterioridade e a coercitividade. Os 
fenômenos sociais podem ser tratados, a partir da premissa do autor, com objetividade, se pudermos analisar quantitativamente o comportamen-
to de determinado grupo social.
Primeiramente, observe que a tabela apresenta informações sobre os documentos que os moradores de rua carregam. A informação é im-
portante para compreender o fenômeno da anomia social dos moradores de rua porque a falta de documentos indica que os indivíduos estão 
desvinculados dos cadastros oficiais e em maior condição de vulnerabilidade.
Em seguida, observe as informações da segunda tabela. Elas indicam que os moradores de rua são impedidos ou proibidos de entrar em 
estabelecimentos comerciais, shopping centers, transporte coletivo, bancos e órgãos públicos. 
Os dados indicam duas características marcantes do processo de anomia social: a perda da identidade ou vínculo com as instituições 
sociais e a perda do direito de interagir com outras pessoas. Sofrendo com essas limitações, as populações em situação de rua vivem em um 
estado de vulnerabilidade.
Como fazer
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3. Observe o infográfico.
SASSE, Cintia; OLIVEIRA, Nelson. Invisível nas estatísticas, população de rua demanda políticas 
públicas integradas. Ag•ncia Senado, 28 mar. 2019. Disponível em: www12.senado.leg.br/noticias/es-
peciais/especial-cidadania/especial-cidadania-populacao-em-situacao-de-rua. Acesso em: 8 abr. 2020.
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Por meio dos métodos utilizados tanto por Comte como por Durkheim, temas complexos, como anomia e abandono social, são vis-
tos como objetos de pesquisa e tratados como coisas. Explique como o uso de registros estatísticos pode aumentar a objetividade 
das pesquisas, tendo como referência a imagem acima.
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Teste seu conhecimento: 5 e 6
5. (Enem)
A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e 
das sínteses fi losófi cas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz 
sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as 
brilhantes generalidades em que todas as questões são levanta-
das sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com 
exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode 
chegar a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobre-
tudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são 
suscetíveis de nenhum tipo de prova.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
O textoexpressa o esforço de Émile Durkheim em construir 
uma sociologia com base na
a) vinculação com a fi losofi a como saber unifi cado.
b) reunião de percepções intuitivas para demonstração.
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências 
naturais.
e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo enga-
jamento político.
6. (UEL-PR)
Leia o texto a seguir.
De acordo com Susie Orbach, “Muitas coisas feitas em nome 
da saúde geram difi culdades pessoais e psicológicas. Olhar fotos 
de corpos que passaram por tratamento de imagem e achar que 
correspondem à realidade cria problema de autoimagem, o que 
leva muitas mulheres às mesas de cirurgia. Na geração das mi-
nhas fi lhas, há garotas que gostam e outras que não gostam de 
seus corpos. Elas têm medo de comida e do que a comida pode 
fazer aos seus corpos. Essa é a nova norma, mas isso não é nor-
mal. Elas têm pânico de ter apetite e de atender aos seus desejos”.
Adaptado: “As mulheres estão famintas, mas têm medo da 
comida”, Folha de S.Paulo, São Paulo, 15 ago. 2010, Saúde. 
Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ saude/
sd1508201001.htm>. Acesso em: 15 out. 2010.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamen-
to de Émile Durkheim, é correto afirmar:
a) O confl ito geracional produz anomia social, dada a inca-
pacidade de os mais velhos compreenderem as aspirações 
dos mais novos.
b) Os padrões do que se considera saudável e belo são exem-
plos de fato social e, portanto, são suscetíveis de exercer 
coerção sobre o indivíduo.
c) Normas são prejudiciais ao desenvolvimento social por 
criarem parâmetros e regras que institucionalizam o agir 
dos indivíduos.
d) A consciência coletiva é mais forte entre os jovens, voltados 
que estão a princípios menos individualistas e egoístas.
e) A base para a formação de princípios morais e de solidez 
das instituições são os desejos individuais, visto estes tra-
duzirem o que é melhor para a sociedade
Marx e Engels: o método dialético
Uma das primeiras consequências das alterações sociais promovidas pe-
los incrementos da produção industrial foi o inchaço das cidades. Na Ingla-
terra, entre os séculos XVIII e XIX, era grande o número de operários vivendo 
em condições precárias, tanto no interior das fábricas quanto fora delas.
Em torno da luta por melhores condições de vida e de trabalho, surgiram 
associações de trabalhadores em sindicatos e em movimentos reivindica-
tórios, moldando os traços das relações existentes entre proprietários de 
indústrias e a classe operária.
Tais relações atravessam o complexo campo das condições sociais, 
políticas e econômicas que definem nossa realidade social. A emergência 
desses movimentos e dessa forma de produção provocou uma discussão 
sobre os rumos do sistema capitalista e sobre as suas consequências para 
a sociedade.
Em meio à efervescência dos acontecimentos do século XIX, Karl Marx 
(1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) publicaram, em 1848, o Manifesto 
do Partido Comunista. Nesse livro, eles mostram que a história se dá por 
meio da luta entre a burguesia e o proletariado, as principais classes da 
sociedade industrial. Karl Marx (à esquerda) e Friedrich Engels (à direita).
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Por criticarem a insuficiência prática no pensamento dos socialistas utópicos e por proporem a aná-
lise científica da sociedade, inauguraram o chamado socialismo científico.
O Manifesto do Partido Comunista introduz a noção de materialismo histórico e dialético. Leia um 
trecho da obra:
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, membro de corporação e ofi cial-artesão, em 
síntese, opressores e oprimidos estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, 
ora dissimulada, ora aberta, que a cada vez terminava com uma reconfi guração revolucionária de toda a sociedade 
ou com a derrocada comum das classes em luta.
Nas épocas remotas da história, encontramos por quase toda a parte uma estruturação completa da sociedade 
em diferentes estamentos, uma gradação multifacetada das posições sociais. Na Roma antiga temos patrícios, ca-
valeiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, membros de corporação, ofi ciais-artesãos, 
servos, e ainda, em quase cada uma dessas classes, novas gradações particulares.
A moderna sociedade burguesa, emergente do naufrágio da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos 
de classes. Ela apenas colocou novas classes, novas condições de opressão, novas estruturas de luta no lugar 
das antigas.
A nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se, contudo, pelo fato de ter simplifi cado os antagonismos 
de classes. A sociedade toda cinde-se, mais e mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes 
diretamente confrontadas: burguesia e proletariado.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Boitempo, 2005, p. 40-41.
A Sociologia de Karl Marx é estrutural como a de 
Durkheim. Contudo, os marxistas acreditam na força das 
classes sociais para produzir mudanças que alterem a 
ordem social e política a partir da mobilização dos gru-
pos menos favorecidos.
A revolução é, para Marx, portanto, uma mudança 
social produzida pelas classes oprimidas que desejam 
substituir as classes opressoras. O desenvolvimento da 
mudança resulta de conflitos históricos, das disputas 
pelos recursos materiais que sustentam o poder eco-
nômico dos grupos políticos.
Em sua concepção sociológica, as pessoas fazem 
o mundo, mas não o fazem como gostariam porque 
estão afetados pelas estruturas sociais. A ideia de prá-
xis, para Marx, norteou toda a História. Os conflitos 
foram os motores das mudanças sociais. A sua visão fi-
cou conhecida como materialismo dialético, porque os 
homens e as estruturas sociais estão em permanente 
conflito. As contradições movem as mudanças sociais.
Weber: os tipos ideais
Max Weber (1864-1920) mudou a perspectiva dos métodos estruturais e enfatizou a importância das 
ações individuais na interpretação sociológica. No entanto, em vez de creditar as causas das mudanças 
sociais ao modo de produção e às condições materiais, relacionou as motivações individuais aos grandes 
processos sociais e mostrou como a sociedade resulta de uma grande teia de ações individuais estrutu-
radas em relações sociais com éticas e racionalidades próprias de cada contexto.
O método de Weber possui uma concepção de objetividade que valoriza a interpretação das subje-
tividades – tanto a do sujeito que pesquisa como a dos indivíduos em diferentes tipos de ação social. 
Para compreender a sociedade, o autor elaborou, a partir da observação empírica da história, os tipos 
ideais. Eles são categorias abstratas, hipotéticas, que procuram isolar princípios motivadores das 
ações sociais. Os tipos ideais procuram compreender a realidade social pela interpretação dos movi-
mentos dos indivíduos.
[...] A ação social, como toda ação, pode ser: 1) racional com relação a fi ns: determinada por expectativas no 
comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens, e utilizando essas expectativas 
como “condições” ou “meios” para o alcance de fi ns próprios racionalmente avaliados e perseguidos; 2) racional 
com relação a valores: determinada pela crença consciente no valor interpretável como ético, estético, religioso 
 Multidões protestam contra 
cortes na educação no Brasil, 
em São Paulo (SP), em 2019. 
Um exemplo de que mudança 
social depende de ações 
coletivas organizadas.
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ou de qualquer forma – próprio e absoluto de uma determinada conduta, considerada de per sie independente de 
êxito; 3) afetiva, especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais atuais; e 4) tradicional: 
determinada por um costume arraigado.
WEBER, Max. Ação social e relação social. In: FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza. 
Sociologia e sociedade: leitura de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1977, p. 118.
De acordo com Weber, um professor pode defender sua profissão por diversos fatores. A ação social 
do professor pode ser afetiva, quando ele trabalha pelo prazer pessoal de ensinar. Pode ser tradicional, 
quando entra na profissão para respeitar um valor do passado. No caso das manifestações, os protestos 
são ações sociais racionais com relação aos fins, quando se luta com o objetivo de aumentar o salário, 
ou com relação a valores, quando se defendem direitos conquistados por uma categoria profissional.
A contribuição de Weber é conhecida como sociologia interpretativa (ou sociologia compreensiva). Tra-
ta-se de sua dedicação para buscar o conhecimento das ações individuais, valorizando as subjetividades. 
Ao contrário de focar em interpretações muito amplas, Weber buscava conhecer o significado das ações de 
diferentes indivíduos, em sua rede de interesses próprios, para melhor compreender a sociedade.
4. Explique como os métodos e conceitos dos três pensadores clássicos da Sociologia poderiam ser usados para estudar o problema 
social do bullying na escola.
a) Como Durkheim poderia ter estudado o bullying enquanto um fato social?
b) Como Marx poderia ter estudado o bullying segundo sua concepção materialista e dialética? Quais confl itos entre estrutura econô-
mica e indivíduos poderiam ser observados para ser relacionados ao bullying?
c) Como Weber teria estudado o bullying?
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Teste seu conhecimento: 7
7. (UFGD-MS)
Karl Marx e Friedrich Engels são importantes e destacados autores das teses do socialismo científico, cuja proposição se baseou
a) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos, visando ao aperfeiçoamento do Liberalismo.
b) em redefi nir o movimento sindical, por considerar que ele estaria ultrapassado após a Revolução Russa.
c) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos, visando ao aperfeiçoamento do Liberalismo.
d) na perspectiva de que seria urgente a redução do papel do Estado na economia.
e) em apontar e discutir as contradições do capitalismo, a partir da ideia de que seria necessária a ação revolucionária dos trabalhadores.
8. (Enem)
Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais 
relações de produção correspondem a um estágio defi nido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas re-
lações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual 
correspondem determinadas formas de consciência social.
MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
 b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. 
Síntese
Complete o quadro com as informações que aprendeu no capítulo.
APRENDER A PESQUISAR
A objetividade das Ciências Sociais
Questionários, entrevistas.
Rigor e confiabilidade.
Generalização e estatísticas.
Estudo das interações cotidianas, história de vida, análise 
de processos de casos particulares. O objeto de pesquisa é o 
indivíduo e sua interpretação da realidade social.
Método sociológico
Tipo ideal como meio de conhecimento. Capacidade de 
pensar conceitualmente.
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iaPRINCIPAIS MÉTODOS SOCIOLÓGICOS
Sociologia Positivista
Sociologia Funcionalista
Fatos sociais: objetividade, exterioridade, generalidade e coercitividade.
Anomia.
Materialismo histórico e dialético.
Sociologia Interpretativa
Valorização das subjetividades.
Ação social.
AUTORES E IDEIAS
Auguste Comte
Conhecer para prever, prever para prover.
Ordem e progresso.
A sociedade se mantém integrada por meio de laços de solidariedade.
Solidariedade mecânica e orgânica.
O motor da História é a luta de classes.
Classes oprimidas promovem movimentos revolucionários.
Tipo ideal.
“Cada um vê o que tem no coração”.
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Teste seu conhecimento
1. (Enade)
A investigação quantitativa tem como campo de práticas e 
objetivos trazer à luz dados, indicadores e tendências observá-
veis. Deve ser utilizada para abarcar, do ponto de vista social, 
grandes aglomerados de dados, de conjuntos demográfi cos, por 
exemplo, classifi cando-os e tornando-os inteligíveis por meio de 
variáveis. A investigação qualitativa trabalha com valores, cren-
ças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Adequa-se a 
aprofundar a complexidade dos fenômenos, fatos e processos 
particulares e específi cos de grupos mais ou menos delimitados 
em extensão e capazes de serem abrangidos intensamente.
MINAYO, M. C.; SANCHES, O. Quantitativo-Qualitativo: oposição 
ou complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 
9 (3): 239-262, jul/set 1993. (com adaptações)
As Ciências Sociais dispõem de métodos quantitativos e qua-
litativos, descritos sinteticamente no texto acima. Conside-
rando essas definições, analise as afirmações que se seguem.
 I. Os métodos qualitativos e quantitativos não podem ser 
empregados em uma mesma pesquisa.
 II. Os métodos quantitativos são mais científi cos que os qua-
litativos.
 III. Os métodos qualitativos são utilizados em estudos de caso 
ou contextos delimitados.
 IV. Métodos quantitativos e qualitativos não são mutuamente 
excludentes.
É correto apenas o que se afirma em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
2. (Enade)
Entre o conjunto das técnicas de pesquisa das Ciências So-
ciais, o questionário destaca-se como uma das ferramentas mais 
habituais e têm como características a simplicidade e a economia. 
Seu uso é necessário sempre que o pesquisador não dispõe de 
dados previamente coletados pelas instituições públicas sobre 
determinadas características da população, e sempre que se quer 
obter levantamentos específi cos sobre certos aspectos, opiniões 
e comportamentos de uma população. Não obstante, além de ser 
utilizado para fi ns mais explicitamente exploratórios, o ques-
tionário tem por função principal dar à pesquisa uma extensão 
maior e possibilitar que se verifi que com dados estatísticos até 
que ponto são generalizáveis as informações e hipóteses da pes-
quisa previamente construídas. Todavia, a elaboração dos ques-
tionários deve se pautar em algumas regras simples.
COMBESSIE, J.C. O método em sociologia. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
Com relação às regras que devem ser observadas para a 
pesquisa sociológica feita com elaboração e aplicação de 
questionários, observa-se que
a) o questionário deve apresentar um conjunto de questões 
que possam resumir de modo efi caz o perfi l do entrevista-
do para que seja útil como instrumento de pesquisa.
b) a redação das perguntas do questionário deve revelar a 
familiaridade do pesquisador com sua área de pesquisa, 
com a inclusão de termos técnicos e acadêmicos.
c) as perguntas do questionário devem ser do tipo fechado,pois elas evitam que o entrevistado conduza a entrevista 
e seu uso garante que o pesquisador receba as respostas 
desejadas.
d) a ordem das perguntas do questionário deve ser estabele-
cida de maneira aleatória, para que as respostas dadas não 
sejam infl uenciadas pelas próprias perguntas.
e) os entrevistados devem responder ao questionário antes 
de serem informados acerca da origem e da intenção da 
pesquisa e do questionário para que os dados coletados 
sejam objetivos.
3. (Pitágoras)
Disse-se já muitas vezes que a conjunção dos acontecimen-
tos políticos da Revolução Francesa com a evolução econômica 
da Revolução Industrial foi o contexto que deu origem à So-
ciologia. Temos, no entanto, de sublinhar o fato de a evolução 
dos vários países da Europa ocidental se ter processado dos 
fi ns do século XVIII em diante de forma diferente, pois as di-
vergências entre as principais correntes do pensamento social 
do século XIX radicam nessas diferenças. Os sociólogos dos 
nossos dias falam-nos da emergência da “sociedade industrial” 
na Europa do século XIX de uma maneira geral, ignorando a 
complexidade desse processo.
GIDDENS, Anthony. Capitalismo e Moderna Teoria Social. 
Lisboa: Editorial Presença, 1976. p. 18.
 A relação entre o aparecimento da Sociologia como ciência 
e as transformações sociais e econômicas oriundas da Re-
volução Francesa e da Revolução Industrial fez com que ela 
fosse chamada de “ciência da crise”.
 Tal designação sobre o conhecimento sociológico com-
preende uma
a) crítica das ideias sociais associadas ao mundo do trabalho 
na decadência do capitalismo ocidental.
b) explicação teológica com referência nos pensamentos tra-
dicionais anteriores à Revolução Industrial.
c) refl exão sobre as mudanças políticas e sociais decorrentes 
da urbanização e da industrialização.
d) ruptura com o cientifi cismo europeu e com o pensamento 
radical presente nos confl itos revolucionários.
e) tentativa de romper com as ciências exatas e naturais e 
valorizar as interpretações subjetivas.
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4. (Pitágoras)
Entendo por Física Social a ciência que tem por objeto pró-
prio o estudo dos fenômenos sociais, considerados com o mesmo 
espírito que os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fi sio-
lógicos, isto é, como submetidos a leis naturais invariáveis, cuja 
descoberta é o objetivo especial de suas pesquisas.
COMTE, Augusto. Sociologia: conceitos gerais e surgimento. In: 
MORAES FILHO, E. de (Org.). Comte. São Paulo: Ática, 1983. p. 53. 
Coleção Grandes Cientistas Sociais. (Fragmento)
A Física Social foi uma noção desenvolvida por Augusto 
Comte que foi precursora da ideia de Sociologia. Inspirada 
pelo positivismo de Comte, a Sociologia como ciência procu-
ra investigar
a) as estruturas sociais determinadas pelos modos de produ-
ção e os confl itos e rupturas causados pela economia.
b) as ideias fi losófi cas consideradas as bases fundamentais 
para as transformações sociais e políticas.
c) as opiniões subjetivas dos agentes individuais e os signifi -
cados por eles atribuídos às experiências particulares.
d) os fenômenos sociais como processos submetidos a leis e 
princípios gerais desvendados pelo cientista social.
e) os padrões de comportamento internalizados pelos indiví-
duos a partir de suas escolhas e preferências pessoais.
5. (Pitágoras)
[...] toda maneira de agir fi xa ou não, suscetível de exercer so-
bre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral 
na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência 
própria, independente das manifestações individuais que possa ter.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Companhia 
Editora Nacional: 1972. p. 1-4; 5; 8-11. (Fragmento).
 Para o sociólogo Émile Durkheim, a Sociologia tem um objeto 
claramente definido pelas características acima destacadas. 
Tal objeto, em seu conjunto, compreende
a) as ideologias políticas.
b) as técnicas fabris.
c) os dogmas religiosos.
d) os fatos sociais.
e) os métodos científi cos.
6. (Pitágoras)
Em resumo, a sociedade não é de maneira alguma, o ser ilógico 
ou alógico, incoerente e fantástico, que se quer ver nela muitas vezes. 
Ao contrário, a consciência coletiva é a forma mais elevada da vida 
psíquica, visto que é uma consciência das consciências. Situada fora 
e acima das contingências individuais e locais, só vê as coisas por 
seu aspecto permanente e essencial, as quais ela fi xa em noções co-
municáveis. Ao mesmo tempo que ela vê do alto, vê ao longe; a cada 
momento do tempo, abrange toda a realidade conhecida; eis por que 
só ela pode proporcionar aos espíritos os marcos que se aplicam à 
totalidade dos seres e que permitem pensar sobre eles. Ela não cria 
esses marcos artifi cialmente: encontra-os em si própria; nada mais 
faz que tomar consciência deles.
DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. P. 179. (Fragmento). 
In: DURKHEIM. Coleção Grandes Cientistas Sociais. Volume 1. 9. ed. 
Organizador: José Albertino Rodrigues. Coordenador: Florestan Fernandes. 
São Paulo: Editora Ática, 1999. p. 179.
Para o autor, a consciência coletiva
a) não deriva das consciências particulares, mas se constitui 
na cooperação que ocorre entre elas.
b) origina-se nas vontades individuais pois se configura a 
partir de escolhas pessoais intransferíveis.
c) representa uma consciência de classe dependente das 
forças materiais do sistema produtivo.
d) confi gura-se a partir das opiniões individuais majoritárias 
tornadas mais usuais na sociedade.
e) não depende das consciências individuais, pois as repre-
sentações coletivas são artifícios ideológicos.
7. (Enade) Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, consi-
derados fundadores das ciências sociais, desenvolveram 
interpretações e conceitos sobre o mundo social que per-
manecem como referências de análise até os tempos atuais. 
Nesse sentido, assinale a opção correta a respeito de inter-
pretações e conceitos elaborados pelos referidos autores.
a) Karl Marx, ao trabalhar a esfera dos valores, elaborou o 
conceito de capital simbólico; Max Weber, na sua crítica à 
modernidade, referiu-se ao “desencantamento do mundo”; 
Émile Durkheim, ao analisar a determinação da sociedade 
sobre o indivíduo, formulou os conceitos de consciência 
coletiva e fato social.
b) Karl Marx decodifi cou as leis do capitalismo e analisou as 
relações de produção como relações de exploração; Max 
Weber, a partir do estudo das religiões, concluiu que a eco-
nomia é fator preponderante do desenvolvimento do ca-
pitalismo; Émile Durkheim, ao desenvolver o conceito de 
fato social, afi rmou que a coerção é interna aos indivíduos.
c) Karl Marx desenvolveu os conceitos de relações de produ-
ção e alienação; Max Weber elaborou os conceitos de ação 
social e poder; Émile Durkheim estabeleceu os conceitos 
de fato social e anomia.
d) Karl Marx utilizou as metáforas de infraestrutura e supe-
restrutura, para explicar as relações sociais; Max Weber 
considerou diferentes níveis de racionalidade na socieda-
de capitalista ocidental; Émile Durkheim sustentou que o 
indivíduo determina a sociedade.
e) Karl Marx estudou o caráter civilizador das religiões; Max 
Weber analisou as relações entre as classes sociais como 
relações de exploração; Émile Durkheim desenvolveu, em 
detalhes, a ideia de fetichismo.
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