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1 
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE 
 
DA TROCA OU PERMUTA (ART. 533 DO CÓDIGO CIVIL) 
 Segundo Carvalho de Mendonça, permuta, escambo, troca, permutação, barganha, são palavras 
sinônimas na técnica e no uso vulgar, exprimem “O contrato em que as partes se obrigam a prestar uma 
coisa por outra, excluindo o dinheiro”. A troca é, portanto, o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar 
uma coisa por outra, que não seja dinheiro. Difere da compra e venda apenas porque, nesta, a prestação 
de uma das partes consiste em dinheiro. 
 O objeto pode ser, em regra, qualquer coisa ou objeto suscetível de troca: móveis por móveis, móveis 
por imóveis, imóveis por imóveis, coisa por coisa, coisa por direito, direito por direito. Tudo o que pode ser 
vendido por ser trocado. A permuta pode, envolver coisas distintas e quantidades diversas, podendo ter por 
objeto, também, coisas futuras, sendo frequente, hoje, a permuta de um terreno por apartamento do edifício 
que nele será construído pelo incorporador permutante. 
 Assim como na compra e venda, a troca é negócio jurídico bilateral, oneroso e consensual, não tendo 
caráter real, mas apenas obrigacional. Insta dizer que a troca ocorrida entre ascendentes e descendentes, se os 
valores são desiguais, e o objeto que pertence ao ascendente é mais valioso, os demais descendentes devem 
consentir expressamente (art. 533, II do CC/2002). 
 
 
DO CONTRATO ESTIMÁTÓRIO (ARTS. 534 A 537 DO CÓDIGO CIVIL) 
 É espécie de contrato de natureza mercantil, agora disciplinado pelo Código Civil de 2002, como 
contrato típico e nominado, devido à sua importância no mundo moderno, sendo de uso bastante frequente 
no comércio de joias e antiguidades, de obras de arte e de livros, “com ressalva de restituição, ao fabricante 
ou proprietário, das unidades não alienadas, e lucrando o comerciante a diferença entre o preço estabelecido 
pelo consignante e o obtido do comprador”. 
 Assim, o contrato estimatório ou de vendas em consignação é aquele em que uma pessoa (consignante) 
entrega bens móveis a outra (consignatária), ficando esta autorizada a vendê-los, obrigando-se a pagar um 
preço ajustado previamente, se não preferir restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado. 
 A natureza jurídica é de obrigação alternativa, pois a autorização para venda não é essencial, uma vez 
que o consignatário pode optar por adquirir a coisa para si ou simplesmente restituí-la. Trata-se de contrato 
de real, pois se aperfeiçoa com a entrega do bem ao consignatário, não produzindo o efeito de lhe transferir 
a propriedade. Além disso, é espécie de contrato oneroso, visto que ambas as partes obtêm proveito; 
comutativo, porque não envolve risco e bilateral, pois acarreta obrigações recíprocas. 
 
 
 
 
 2 
Resumo: 
 
 
 
DA DOAÇÃO (ARTS. 538 A 564 DO CÓDIGO CIVIL) 
 De acordo com o art. 538 do Código Civil, doação é “o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra”. 
 
1) Elementos peculiares à doação 
 Os elementos peculiares da adoção é: a natureza contratual, o animus donandi (intenção de fazer uma 
liberalidade), transferência de bens para o patrimônio do donatário e a aceitação deste. 
 Por ter a doação natureza contratual, necessário falar de algumas características das partes (doador e 
donatário). 
a) Capacidade ativa – exige-se a mesma requerida para os contratos em geral. Todavia, não vigora a 
restrição imposta aos ascendentes, no caso de permuta ou venda a descendentes. Não necessitam eles da 
anuência dos demais, nem do cônjuge, para doar a um descendente, importando adiantamento de 
legítima a doação de pai a filho ou de um cônjuge a outro (art. 544 do CC/2002). 
b) Doações entre cônjuges – marido e mulher podem fazer doações recíprocas, sendo, porém, inócuas no 
regime da comunhão universal. A doação de cônjuge adúltero ao seu cúmplice é, no entanto, proibida, 
podendo ser anulada pelo outro cônjuge (art. 550 do CC/2002). 
 
 
 
 
 3 
c) Doação por menor autorizado a casar – também o menor não pode doar. No entanto, quando autorizado a 
casar, pode fazer doação ao outro nubente, no pacto antenupcial, mas a eficácia deste “fica condicionada 
à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens” 
(art. 1654 do CC/2002). 
d) Capacidade passiva – têm-na todos aqueles que podem praticar os atos da vida civil, sejam pessoas 
naturais ou pessoas jurídicas de direito privado, e, por exceção, o nascituro (art. 542 do CC), em função do 
caráter benéfico do ato. Pela mesma razão, têm-na os incapazes (art. 543 do CC) e a prole eventual de 
determinado casal (art. 546 do CC). As pessoas jurídicas poderão aceitar doações na conformidade das 
disposições especiais a elas concernentes. 
 
 A doação é espécie de contrato, em regra, gratuito (porque constitui liberalidade, não sendo imposto 
qualquer ônus ou encargo ao beneficiário, sendo, portanto, oneroso, se houver tal imposição), unilateral 
(porque cria obrigação para somente uma das partes, contudo será bilateral, quando modal ou com encargo), 
formal ou solene (porque se aperfeiçoa com acordo de vontades entre doador e donatário e a observância da 
forma escrita, independentemente da entrega da coisa). 
 É um tipo de contrato que só pode ser constituído por atos inter vivos, pois nosso ordenamento jurídico 
desconhece doações causa mortis, pois lhe falta o caráter de irrevogabilidade, que é inerente as liberalidades. 
 Importante salientar que o doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às 
consequências da evicção ou do vício redibitório (art. 552 do CC), pois não seria justo que surgissem 
obrigações para quem praticou uma liberalidade, mas a responsabilidade subsiste nas doações 
remuneratórias e com encargo, até o limite do serviço prestado e do ônus imposto. 
 O animus donandi ou liberalidade é um elemento essencial para a configuração da doação, tendo o 
significado de ação desinteressada de dar a outrem, sem estar obrigado, parte do próprio patrimônio. 
 O terceiro elemento objeto da doação é a transferência de bens ou vantagens de um patrimônio para 
outro, devendo esta vantagem ser de natureza patrimonial, bem como deve haver ainda aumento de um 
patrimônio à custa de outro. 
 O quarto e último elemento da doação é a aceitação, que é indispensável para o aperfeiçoamento da 
doação e pode ser expressa, tácita ou presumida (ficta). 
 
2) Promessa de doação 
 Assim como há promessa ou compromisso de compra e venda, pode haver também, promessa de 
doação. No entanto, há controvérsias sobre a exigibilidade de seu cumprimento. Caio Mário sustenta ser 
inexigível o cumprimento de promessa de doação pura, porque esta representa uma liberalidade plena. 
 No entanto, na doação onerosa, mostra-se exigível, porque o encargo imposto ao donatário estabelece 
um dever exigível do doador. 
 
 
 
 
 4 
3) Espécies de doação 
 Em razão de seus elementos integrativos, já citados, pode ser classificada em vários tipos, a seguir 
especificados: 
 
3.1) Doação pura e simples ou típica 
 É a doação quando o doador não impõe nenhuma restrição ou encargo ao beneficiário, nem subordina 
a sua eficácia a qualquer condição, ou seja, o ato constitui uma liberalidade plena. 
 
3.2) Doação onerosa, modal, com encargo ou gravada 
 É aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever. Ex.: quando o autor da 
liberalidade sujeita o município donatário a construir uma creche ou escola na área urbana doada. O encargo 
(representado em geral, com a locução “com a obrigação de” ) não suspende a aquisição, nem o exercício do 
direito (art. 136 do CC), diferentemente da condição suspensiva (identificada pela partícula “se”), que 
subordina o efeito da liberalidade a evento futuro e incerto (art. 121 do CC), ou seja, enquanto este não se 
verificar, o donatário não adquirirá odireito. 
 
3.3) Doação remuneratória 
 É a doação feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo 
donatário. Ex.: pessoa que faz uma doação a outra que lhe salvou a vida ou que lhe deu apoio em momento 
de dificuldade. 
 
 3.4) Doação mista 
 É aquela em que se procura beneficiar por meio de um contrato de caráter oneroso. Decorre da inserção 
de liberalidade em alguma modalidade diversa de contrato. Ex.: venda a preço vil ou irrisório, que é venda 
na aparência, e doação na realidade. Pode ocorrer, também, na aquisição de um bem por preço superior 
ao valor real, neste caso, o sobre preço inspira-se na liberalidade que o adquirente deseja praticar. 
 
3.5) Doação em contemplação do merecimento do donatário 
 Configura-se quando o doador menciona, expressamente, o motivo da liberalidade, dizendo, por 
exemplo, que a faz porque o donatário tem determinada virtude, ou porque é seu amigo, consagrado 
profissional ou renomado cientista, não tendo como pressuposto a recompensa de um favor ou de um serviço 
recebido. 
 
 
 
 
 5 
3.6) Doação feita ao nascituro 
 Conforme art. 542 do Código Civil, esta doação “valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”. 
Pode o nascituro (aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu) ser contemplado com doações, tendo em 
vista que o art. 2º põe a salvo os seus direitos desde a concepção. 
 A aceitação por parte do representante legal do nascituro está no plano da validade do contrato. Além 
disso, a eficácia do contrato depende do nascimento com vida do donatário, havendo uma doação 
condicional, segundo o entendimento majoritário. 
 Assim, sendo titular de direito eventual, sob condição suspensiva, caducará a liberalidade, se não 
nascer com vida. 
 
3.7) Doação em forma de subvenção periódica 
 Trata-se de uma pensão, como favor pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a morte do 
doador, não se transferindo a obrigação a seus herdeiros, salvo se o contrário houver, ele próprio, 
estipulado. Neste caso, “não poderá ultrapassar a vida do donatário” (art. 545 do CC), e os herdeiros só serão 
obrigados dentro das forças da herança. 
 Nesta doação, em vez de entregar ao donatário um objeto, o doador assume a obrigação de ajuda-lo 
mediante auxílio pecuniário, sob a forma de rendas, dividendos ou alimentos, periodicamente, com intuito de 
liberalidade, sendo esta periodicidade definida pelo doador. 
 
3.8) Doação em contemplação de casamento futuro (donatio propter nuptias) 
 Constitui liberalidade realizada em consideração às núpcias próximas do donatário com certa e 
determinada pessoa. Conforme art. 546 do Código Civil, “só ficará sem efeito se o casamento não se 
realizar”. A sua eficácia subordina-se, pois, a uma condição suspensiva, qual seja, a realização do 
casamento. 
 Segundo Paulo Luiz Netto Lôbo, tal modalidade de doação se perfaz pelos nubentes entre si, por 
terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, no futuro, houverem um do outro. Portanto, pode-se 
beneficiar a prole eventual do futuro casal. Neste caso, são duas as condições suspensivas: se o casamento se 
realizar e se os filhos nascerem com vida. 
 A doação propter nuptias não se resolve pelo divórcio, nem podem os bens doados para casamento ser 
reivindicados pelo doador por ter o donatário enviuvado ou divorciado e passado a novas núpcias. 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
3.9) Doação entre cônjuges 
 O art. 544 do Código Civil estatui que a doação “de um cônjuge a outro importa adiantamento do que 
lhes cabe por herança”. A regra aplica-se às hipóteses em que o cônjuge participa da sucessão do outro na 
qualidade de herdeiro, em concorrência com os descendentes, previstas no art. 1829 do Código Civil. 
 Pondera Jones Figueirêdo Alves ser lógica “a conclusão de que a doação versará sobre os bens 
particulares de cada cônjuge, certo que, no regime de comunhão universal, o acervo patrimonial é comum a 
ambos, o que seria ocioso doar; no de separação obrigatória de bens, o cônjuge não concorre na sucessão, e 
no da comunhão parcial, apenas concorre se o autor da herança não houver deixado bens particulares”. 
 Portanto, é possível a doação de um cônjuge ao outro, no regime de separação absoluta, convencional 
ou legal, todos os bens, em virtude da inexistência de bens comuns; no regime da comunhão parcial, os 
bens particulares; no regime da comunhão universal, os excluídos da comunhão (art. 1668 do CC); no 
regime de participação final dos aquestos, os bens próprios de cada cônjuge, excluídos os aquestos (art. 
1672 do CC). 
 
3.10 Doação em comum a mais de uma pessoa (conjuntiva) 
 A doação conjuntiva é aquela que conta com a presenta de dois ou mais donatários (art. 551 do CC), 
presente uma obrigação divisível. Em regra, incide uma presunção relativa de divisão igualitária da coisa em 
quotas iguais entre os donatários. Entretanto, o instrumento contratual poderá trazer previsão em contrário. 
 Por regra, não há direito de acrescer entre os donatários na doação conjuntiva. Dessa forma, falecendo 
um deles, sua quota será transmitida diretamente a seus sucessores e não ao outro donatário, mas o direito de 
acrescer pode estar previsto no contrato ou na lei. 
 Como exemplo deste último (previsto na lei), “Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher”, 
a regra é o direito de acrescer, ou seja, “subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo”, em vez 
de a parte do falecido passar aos seus herdeiros (art. 551, parágrafo único do CC). 
 
3.11 Doação de ascendentes a descendentes 
 Disciplina o art. 544 do Código Civil que a doação de ascendentes a descendentes “importa 
adiantamento do que lhes cabe por herança”. Estes estão obrigados a conferir, no inventário do doador, por 
meio de colação (trata-se de uma conferência dos bens da herança com outros transferidos pelo “de cujus”, 
em vida, aos seus descendentes), os bens recebidos, pelo valor que lhes atribuir o ato de liberalidade ou a 
estimativa feita naquela época (art. 2004, §1º do CC), para que sejam igualados os quinhões dos herdeiros 
necessários, salvo se o ascendente os dispensou dessa exigência, determinando que saiam de sua metade 
disponível, contanto que não a excedam computado o seu valor ao tempo da doação (arts. 2002 e 2005 do 
CC). 
 A obrigatoriedade da colação, na doação dos pais a determinado filho, dispensa, salvo a ressalva feita, a 
anuência dos outros filhos, somente exigível na venda (art. 496) ou permuta de bens de valores desiguais 
(art. 533, II do CC). 
 
 
 
 7 
 A doação do avô a um neto não importa adiantamento da legítima, quando apenas concorrem os filhos 
do doador, inclusive o pai do donatário. O neto somente estará obrigado à colação se suceder no lugar do 
pai, por estirpe ou representação. 
 
3.12 Doação inoficiosa 
 A doação inoficiosa é a que excede o limite que o doador, “no momento da liberalidade, poderia dispor 
em testamento”. O art. 549 do Código Civil declara “nula” somente a parte que exceder tal limite, e não 
toda a doação. 
 De acordo com o art. 1846 do CC, havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da 
metade de seus bens, pois a outra “pertence de pleno direito” aos referidos herdeiros (art. 1846 do CC). O 
art. 549 visa a preservar, pois, a “legítima” dos herdeiros necessários. 
 Portanto, só tem liberdade plena de testar e, portanto, de doar quem não tem herdeiros necessários, quais 
sejam: descendentes, ascendentes e cônjuge. 
 Um bom exemplo de doação inoficiosa, é o doador que tem um patrimônio de R$ 200.000,00 e faz uma 
doação de R$ 120.000,00, o ato será válido até R$ 100.000,00 (parte disponível) e nulo nos R$ 20.000,00 
que excederam a proteção da legítima. 
 
3.12.1 Momento e objeto do pedido para arguir a inoficiosidade 
 Em que pese o argumento que entende que ajuizada a ação declaratória de nulidade da parte inoficiosa 
(ação de redução) antes da abertura dasucessão, estar-se-ia a litigar em juízo sobre herança de pessoa viva, 
inclina-se a doutrina pela possibilidade de tal ação ser ajuizada desde logo, não sendo necessário aguardar 
a morte do doador, porque o excesso é declarado nulo, expressamente, pela lei. 
 Dispõe o art. 168 do Código Civil que as nulidades “podem ser alegadas por qualquer interessado, ou 
pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir”, acrescentando o parágrafo único que “devem ser 
pronunciadas pelo juiz”, de ofício. Ademais, a ação tem por objeto contratos entre vivos e se reporta ao 
“momento da liberalidade”, neste sentido Paulo Luiz Netto Lôbo, entende que a redução do excesso “nada 
tem a ver com a sucessão hereditária, pois o legislador apenas utilizou o mesmo parâmetro que determinou 
para o testador”. 
 Quanto ao objeto do pedido, é a anulação do ato, requerendo o retorno dos bens ao patrimônio do 
doador. 
 
3.13 Doação com cláusula de retorno ou reversão 
 O art. 547 do Código Civil permite que o doador estipule o retorno, “ao seu patrimônio”, dos bens 
doados, “se sobreviver ao donatário”. Revela o propósito do doador de beneficiar somente o donatário, e 
 
 
 
 
 8 
não os herdeiros deste, sendo portanto, intuitu personae. 
 A cláusula de reversão só terá eficácia se o doador sobreviver ao donatário. Se morrer antes deste, 
deixa de ocorrer a condição, e os bens doados incorporam-se definitivamente ao patrimônio do beneficiário, 
transmitindo-se, por sua morte, aos seus próprios herdeiros. 
 Insta mencionar que consoante disposto no parágrafo único do citado artigo, a cláusula de retorno não é 
possível em favor de terceiro. A razão da proibição é que tal cláusula caracterizaria uma espécie de 
fideicomisso por ato inter vivos. 
 Importante mencionar, que também é possível que se convencione a reversão do bem, estando o 
donatário ainda vivo, pois não há nada de ilícito em determinar que uma doação se resolva após o decurso de 
certo tempo ou verificada certa condição. 
 
3.14 Doação manual 
 A doação manual é a doação verbal de “bens móveis de pequeno valor”. Será válida “se lhe seguir 
incontinenti a tradição.” (art. 541, parágrafo único do Código Civil). Geralmente, constitui presente de 
casamento ou de aniversário, homenagem ou demonstração de estima. 
 Como a lei não define o critério para aferir o que é bem de pequeno valor, leva-se em consideração o 
patrimônio do doador. Em geral, considera-se de pequeno valor a doação que não ultrapassa 10% do 
patrimônio do doador. Tal critério, todavia, não pode ser aplicada generalizada, por não corresponder, em 
muitos casos, à intenção do legislador. Se o patrimônio for de valor muito alto, o denominado “pequeno 
valor” poderá perder esta conotação. 
 
3.15 Doação feita a entidade futura 
 É possível a doação feita a entidade futura, no entanto, o art. 554 do Código Civil determina que a 
adoção a entidade futura, caducará se, em 02 anos, esta não estiver constituída regularmente. O prazo para 
sua constituição é decadencial e de dois anos, não se prorrogando e nem interrompendo. 
 
4) Restrições legais 
 A lei impõe algumas limitações à liberdade de doar, visando preservar o interesse social, o interesse das 
partes e de terceiros, como será demonstrado a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
a) Doação feita pelo devedor já insolvente, ou por ela reduzido à insolvência – é proibida a doação feita pelo 
devedor já insolvente, ou por ela reduzido à insolvência, por configurar fraude contra credores, podendo a 
sua validade ser impugnada por meio da ação pauliana, sem a necessidade de comprovar conluio entre 
doador e donatário; 
b) Doação da parte inoficiosa – conforme já explicado anteriormente; 
c) Doação de todos os bens do doador (doação universal) – o art. 548 do Código Civil considera “nula a 
doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador”. No 
entanto, não haverá restrição se este tiver alguma fonte de renda ou reservar para si o usufruto dos referidos 
bens, ou de parte deles, pois o que o legislador não permite é a doação universal sem que o doador conserve 
o necessário para assegurar a sua sobrevivência; 
d) Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice – dispõe o art. 550 do Código Civil que tal doação “pode ser 
anulada (significa que é anulável) pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos 
depois de dissolvida a sociedade conjugal”. No entanto, nada impede que a ação para anulação do ato, seja 
ajuizada na constância do casamento. O objetivo é a proteção da família e repelir o adultério, que constitui 
afronta a moral e aos bons costumes. 
4) Revogação da doação 
 A doação pode ser revogada: pelos modos comuns a todos os contratos (ex.: erro, dolo, coação, estado 
de perigo, lesão ou fraude contra credores); por inexecução do encargo (art. 555 do CC) e por ingratidão 
(somente se for pura e simples, rol taxativo disposto nos arts. 557 e 558 do CC) do donatário. 
 A ação para requerer a revogação da doação é a ação revocatória de caráter personalíssimo (não se 
transmite aos herdeiros) e deve ser postulada “dentro de 01 ano, a contar de quando chegue ao conhecimento 
do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor” (art. 559 do CC). 
Resumo: 
 
 
 
 
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