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Prévia do material em texto

LEGISLAÇÃO CIVIL
APLICADA II
Eduardo Zaffari
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna 
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional 
e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito
Miguel do Nascimento Costa
Bacharel em Ciências Sociais 
Especialista em Processo Civil
Mestre em Direito Público
 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
L514 Legislação civil aplicada II / Fabiana Hundertmarck Leal... [et
al.] ; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna, 
Miguel do Nascimento Costa]. – Porto Alegre: SAGAH, 
2018.
380 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-428-1
1. Direito civil. I. Leal, Fabiana Hundertmarck. 
CDU 347
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 2 22/05/2018 13:31:12
Doação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Conceituar doação.
  Explicar as características, a natureza jurídica, os efeitos e a extinção 
da doação.
  Analisar as espécies de doação.
Introdução
A doação é um instituto que remonta à Antiguidade, embora as suas caracte-
rísticas hoje sejam menos abrangentes do que nos tempos remotos. Apesar 
de o texto legal apontar um conceito simples para a doação, devemos ter 
cuidado para não a confundir com outros institutos afins, pois muitas vezes 
o traço da liberalidade não é compreendido nas doações com encargos.
As características desse contrato determinam a sua natureza jurídica e 
a tipicidade das suas formas de extinção, que são bastante específicas. As 
diferentes espécies de doação apresentam o traço comum da gratuidade, 
mesmo naquelas doações em que se atribui um encargo a quem recebe.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de doação, as suas carac-
terísticas, os seus efeitos e a sua extinção. Você também vai analisar as 
diferentes espécies de doação.
Conceito de doação 
O instituto da doação é muito antigo, encontrando as suas primeiras manifes-
tações por escrito na legislação do Direito Romano, no século II a.C. Advém 
da palavra latina donum, que se refere ao dom de receber algo sem qualquer 
contraprestação. Diferentemente de outras formas de dar algo a alguém, essa 
atribuição não tem uma causa subjacente. Pontes de Miranda (2012, p. 269) 
recorda que a Lex Cincia, de 204 a.C., previa a doação como uma das formas 
de aquisição da propriedade.
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 115 22/05/2018 13:31:28
Contemporâneo do jurista Pontes de Miranda, Abelardo da Cunha Lobo foi um grande 
romanista e influenciador de reflexões sobre o Direito Romano. Saiba mais sobre o 
autor e os seus estudos sobre a Roma antiga em Curso de Direito Romano: história, 
sujeito e objeto de Direito (LOBO, 2006).
Diferentemente do conceito abrangente que os romanos davam à doação, 
hoje ela apresenta características que a distinguem de outras formas con-
tratuais, como a compra e venda, o empréstimo e o comodato. Os romanos 
entendiam que qualquer ato dedar (dare) era doação, independentemente da 
concordância de quem recebia.
Prevista no art. 538 do Código Civil de 2002, a doação é conceituada 
como “[...] contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu 
patrimônio bens ou vantagens para o de outra” (BRASIL, 2002, documento 
on-line). Entretanto, há que se destacar os pontos mais importantes do 
conceito legal. 
O ato de doação não deverá ter causa subjacente, expressando apenas a 
vontade do doador. Haverá o chamado animus donandi, ou seja, a vontade 
de doar. Isso não significa que o doador não tenha, no seu íntimo, um motivo 
pessoal que lhe anima a doar. A distinção reside apenas no fato de que, na 
doação, essa vontade não é expressa e não importará para o ato de doação.
Na doação, não interessa a vontade do doador de aumentar o patrimônio do 
donatário ou sua intenção de enriquecê-lo. Como se trata de uma atribuição 
patrimonial, importa tão somente a vontade do doador de atribuir patrimônio 
ao donatário. Por essa razão, diz-se que a doação se dá por liberalidade do 
doador em favor do donatário.
A liberalidade é a causa da doação. Não é necessário explicitara causa, 
tampouco exteriorizá-la a qualquer título. Os motivos que levam o doador a 
efetuar a doação em benefício do donatário poderão ser os mais diversos, como 
gratidão, benemerência, caridade, entre outros sentimentos nobres. Mas esses 
motivos não interessam para a doação, e apenas a liberalidade será considerada 
a causa. Ocorre a desvinculação entre os motivos e a doação.
Quem doa terá, necessariamente, uma redução no seu patrimônio. Qualquer 
espécie de liberalidade que não comporte uma efetiva redução no patrimônio 
daquele que dá, consistirá em outra espécie jurídica. Por exemplo, se alguém 
construir em terreno alheio em favor de outra pessoa, não estará diminuindo 
Doação116
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 116 22/05/2018 13:31:28
o seu patrimônio, o que significa dizer que estará fazendo uma liberalidade 
em favor de alguém, mas não estará doando algo seu.
Em contrapartida, o patrimônio de quem recebe deverá aumentar pelo ato 
de doação. Observe que não significa, necessariamente, enriquecimento por 
aquele que recebe o bem doado, mas tão somente aumento patrimonial. Isso 
porque o donatário, isto é, quem recebe, poderá receber um bem cujo valor 
econômico é inexpressivo, ou até mesmo inexistente, mas com grande valia 
afetiva. Um exemplo é uma gravura confeccionada por um ancestral comum, 
sem valor de venda em mercado. Ainda assim, haverá a doação, com um au-
mento patrimonial de quem recebe e uma redução do patrimônio de quem doa.
Pouco importa, também, a utilidade do bem doado ou da doação. Um bem 
útil ao doador poderá ser inútil na propriedade daquele que o recebe. O inverso 
também é verdadeiro, pois o doador poderá doar ao donatário um bem que 
julgara inútil, mas que nas mãos do donatário é de grande valia.
Considerando que a doação acarreta a redução e o aumento patrimonial, doador e 
donatário deverão declarar, dependendo do bem doado, nas suas Declarações de 
Ajuste Anual de Rendimentos, sob pena de omissão patrimonial passível de autuação 
pela Receita Federal.
Qualquer espécie de bem poderá ser doado, desde que seja de propriedade 
do doador. Nestes se incluem os bens corpóreos e incorpóreos, fungíveis e 
infungíveis, consumíveis ou não consumíveis. Desde bens fungíveis como 
o dinheiro, até incorpóreos como uma marca comercial poderão ser doados. 
O crédito poderá ser igualmente doado. Aquele que abre mão de receber do 
devedor os juros a que tinha direito, já constituídos e devidos, estará doando 
em favor deste.
Observe que o texto legal fala em vantagens, o que comprova que a doação 
poderá ser não apenas de bens corpóreos e infungíveis.
O bem doado não precisa estar na posse do doador, do donatário, ou de 
qualquer destes. Tratando-se de atribuição patrimonial, em que a proprie-
dade será transferida do doador para o donatário, independe-se da posse. O 
doador poderá doar ao donatário um imóvel locado a terceiros, sem que haja 
117Doação
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 117 22/05/2018 13:31:28
a necessidade de retomada da posse pelo beneficiado, que passará a receber 
os frutos de aluguéis do bem.
Observe que, além da doação, discute-se a possibilidade da promessa de 
doação, em que o doador promete doar ao donatário determinado bem. Alguns 
doutrinadores, como Caio Mário da Silva Pereira, afirmam que não poderia 
o donatário exigir do doador o cumprimento da promessa, tampouco seria 
possível a conversão em perdas e danos da promessa de doação não cumprida. 
Venosa (2005, p. 143) afirma que “a promessa se inclui dentre os pré-contratos 
e que, se a vontade do doador não apresentar vícios, não se pode desconsiderar 
a possibilidade da promessa de doação”.
Características, natureza jurídica, efeitos 
e extinção da doação
A doação é um contrato unilateral e um negócio jurídico bilateral causal. 
Essas características explicama natureza jurídica da doação, mas causam 
controvérsias pela difi culdade de distinção entre esta e outros institutos se-
melhantes, como a renúncia à herança, usualmente confundida com a doação.
É um contrato unilateral porque há apenas uma prestação pelo doador, 
inexistindo uma contraprestação pelo donatário. Existindo uma contrapres-
tação pelo donatário, caracterizará outro contrato, como a locação, a compra 
e venda ou a prestação de serviços, entre outros.
Não se pode confundir a unilateralidade característica da doação com o 
fato de esta ser um negócio jurídico bilateral. A doação é considerada um 
negócio jurídico bilateral porque o mundo jurídico a admite na legislação, 
diferenciando-a dos demais institutos. Foi precisamente a disposição legal 
que tornou esse instituto menos abrangente do que na época romana. A 
bilateralidade do negócio decorre da necessidade de aceitação da doação 
pelo donatário.
Venosa (2005) recorda que, diferentemente de outras legislações (como 
a francesa, por exemplo), a doutrina mais moderna e o sistema brasileiro 
adotaram a teoria da bilateralidade do contrato de doação. A consequência 
da adoção da bilateralidade na doação gera a distinção de outros institutos, 
como a renúncia de herança, que não se confunde com a doação. Também, 
considerando que a doação importará na atribuição patrimonial mesmo de 
bens sem utilidade para o donatário, a doação necessita da concordância de 
quem a recebe.
Doação118
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 118 22/05/2018 13:31:28
Venosa (2005) afirma que a bilateralidade decorreria do fato de a doação 
ser um contrato. Já segundo Bruno Miragem, comentando as lições de Pontes 
de Miranda, “[...] a doação supõe bilateralidade do negócio jurídico, sem bi-
lateralidade do contrato, de modo que quem doa contrata, porém o donatário 
apenas aceita o contrato, que é unilateral” (MIRANDA, 2012, p. 278). 
A doação será também ato inter vivos, visto que não se admite, em nosso 
sistema, a doação após a morte. A forma de atribuição patrimonial causa 
mortis por ato de vontade do proprietário é o testamento. Apenas pessoas 
vivas poderão doar e receber em doação. 
O debate doutrinário sobre a necessidade de aceitação da doação pelo donatário pode 
ser conferido no estudo desenvolvido por Paulo de Tarso Sanseverino, em Contratos 
Nominados II (2011), nas páginas 71 e 72.
A legislação anterior, isto é, o Código Civil de 1916, trazia no conceito 
de doação, na parte final, a expressão “[...] que os aceita”. A exclusão da 
expressão levou à discussão doutrinária sobre a desnecessidade de aceitação 
da doação pelo donatário. Entretanto, a doutrina já superou essa discussão, 
entendendo que é necessária a aceitação pelo donatário para que se carac-
terize a doação.
A aceitação pelo donatário poderá ser expressa, tácita ou presumida. O 
donatário poderá concordar expressamente em receber o bem doado (aceitação 
expressa), ou poderá adotar atos que demonstrem que aceitou o bem doado 
(aceitação tácita). Um exemplo de aceitação tácita se dá quando o donatário 
passa a exercer a posse e assumir a propriedade plena do bem doado. O art. 
543 do Código Civil apresenta a aceitação presumida, ao referir que “se o 
donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se 
trate de doação pura” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Também consistirá em aceitação presumida quando o bem doado para o 
nascituro for aceito pelos representantes legais, na forma do art. 542 do Código 
Civil, e nos casos de silêncio do donatário quando o doador fixar prazo para a 
manifestação pelo donatário. A aceitação presumida pelo silêncio do donatário 
vem prescrita no art. 539 do Código Civil (BRASIL, 2002). 
119Doação
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 119 22/05/2018 13:31:29
Observe que os tutores e curadores não poderão doar bens dos seus tutelados ou 
curatelados enquanto estiver vigente a curatela e a tutela, e ainda não tiverem sido 
prestadas as contas, conforme prescreve o art. 1.749 do Código Civil. A proibição tem 
índole moral.
A gratuidade, decorrente da liberalidade do doador, é característica funda-
mental para a doação. O doador doa para o donatário de forma gratuita, e quem 
recebe tem que concordar em aceitar gratuitamente. Se o donatário se recusa 
a receber gratuitamente a doação, obrigando-se a contraprestar algo, não se 
caracteriza a doação, porque não será um ato gratuito (tampouco unilateral). 
Deverá haver, para a existência da doação, a vontade de doar gratuitamente 
pelo doador e a vontade de receber gratuitamente pelo donatário.
No contrato de doação, o doador entrega, ou promete entregar, o bem doado 
ao donatário ou em benefício deste. A entrega poderá se dar pela tradição, em 
relação aos bens móveis, ou por escritura pública, quanto aos bens imóveis. 
O doador não responderá pelos vícios redibitórios ou pela evicção, salvo se 
expressamente declarar que se responsabiliza por tais defeitos do direito. 
Evidentemente responderá o doador por dolo ou má-fé.
O donatário, especialmente por ser um contrato unilateral, apenas terá 
a obrigação de receber o bem doado a partir de sua aceitação da doação, 
seja ela expressa, tácita ou presumida. Como efeito, ainda haverá a redução 
do patrimônio do doador com o respectivo aumento do patrimônio do 
donatário.
A doação poderá ser revertida pela premoriência, ou seja, o doador poderá 
estipular a reversão dos bens doados ao seu patrimônio quando o donatário 
falecer antes do doador. Proíbe-se a reversão dos bens doados ao patrimônio 
de terceiros, nos termos do parágrafo único do art. 547 do CC. É a imposição 
de uma cláusula resolutória do negócio jurídico.
Como todo negócio jurídico, além da resolução inerente a todos os contra-
tos (como o mero distrato, por exemplo), o Código Civil prescreve hipóteses 
especiais de resolução para a doação. Consistem essas nas previstas nos incisos 
I a IV do art. 557 do Código Civil, relativas à revogação por ingratidão do 
donatário. São situações taxativas, que visam à proteção moral do doador. 
Para não depender da vontade arbitrária do doador, este não pode renunciar 
Doação120
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 120 22/05/2018 13:31:29
antecipadamente o seu direito de revogar a liberalidade da doação, conforme 
art. 556 do mesmo Código (BRASIL, 2002).
As hipóteses específicas de extinção da doação por ingratidão do donatário 
são as seguintes: 
  se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de 
homicídio doloso contra ele;
  se cometeu contra ele ofensa física; 
  se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
  se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este 
necessitava. 
Observe que algumas espécies de doação não admitem a revogação por 
ingratidão, visto que o legislador pretendeu retirar a instabilidade de uma 
relação contratual que poderia envolver terceiros. São elas: 
  as doações remuneratórias; 
  as doações oneradas com encargos; 
  as doações sem cumprimento de obrigação natural; 
  as doações realizadas em razão de determinado casamento.
A ação competente para revogar a doação é a Ação Revogatória, cujo 
prazo decadencial é de um ano a partir da ciência pelo doador do ato de 
ingratidão, conforme art. 559 do Código Civil (BRASIL, 2002). O doador 
tem a liberdade, se assim desejar, de perdoar o ato de ingratidão do donatário, 
validando a doação.
Análise das espécies de doação
A doação poderá se dar de diversas formas, conforme a sua espécie. Poderá 
ser ela doação pura e simples, doação por merecimento do donatário, doação 
remuneratória, doação como subvenção periódica, doação conjuntiva, doação 
feita em contemplação de casamento futuro e doação modal.
A doação pura e simples é aquela em que a liberalidade é plena, ou seja, 
sem qualquer condição ou encargo. Venosa (2005) recorda que a imposição 
de cláusulas restritivas, como a incomunicabilidade, impenhorabilidade ou 
inalienabilidade, não desnaturam a simplicidade ou purezado ato de doação.
121Doação
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 121 22/05/2018 13:31:29
O art. 1.911 do Código Civil estabelece que “a cláusula de inalienabilidade, imposta 
aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade” 
(BRASIL, 2002, documento on-line). 
A doação por merecimento, ou contemplativa, é aquela em que o doador 
anuncia expressamente o motivo da doação, seja em razão de uma amizade, 
ou até mesmo por ter o donatário uma qualidade especial (ser um filantropo ou 
um cientista). Nessa espécie de doação, não se perde o caráter de liberalidade, 
e a enunciação do motivo em nada altera o ato de doar. O art. 540 do Código 
Civil deixa clara a liberalidade mesmo quando expresso o motivo.
A doação remuneratória é aquela realizada pelo doador ao donatário em 
razão de serviços prestados pelo recebedor ao doador. Observe-se, porém, que 
se trata de liberalidade porque, mesmo tendo o doador recebido serviços do 
donatário, não se torna este credor do doador. Ao prestar serviços ao doador, 
o donatário havia feito despretensiosamente, o que lhe retira a possibilidade 
posterior de cobrar por tais serviços. Em reconhecimento, o doador poderá 
efetuar, se assim o desejar, uma doação remuneratória ao donatário. O exemplo 
doutrinário clássico é quando o donatário salva a vida do doador, que lhe 
retribui no futuro com uma doação remuneratória.
Ao explicar essa modalidade de doação, Pontes de Miranda (2012, p. 283) 
bem explica que “não há reciprocidade, porque o que se remunera já foi pres-
tado; nem há pagamento, porque nada se deve. A doação remuneratória de 
modo nenhum se pode colocar no rol das donationes reciprocae”.
A subvenção periódica é aquela em que o doador dá ao donatário um 
subsídio ou uma subvenção periódica em dinheiro, alimentos, rendas ou 
qualquer outra forma de vantagem. Trata-se de um benefício concedido 
pelo doador por períodos, no qual os subsídios poderão ser doados a cada 
período de dias, meses ou anos. Essa subvenção poderá ter prazo deter-
minado ou não. 
O art. 545 do Código Civil prescreve expressamente que a subvenção 
periódica se extinguirá com a morte do donatário, não se transmitindo aos 
seus herdeiros (BRASIL, 2002). Atente-se que o doador, nesse caso e em ato 
inter vivos, poderá expressamente dispor que a subvenção periódica continue 
a ser paga após a sua morte, o que deverá ser cumprido por seus herdeiros até 
o prazo estipulado ou exaurimento da herança.
Doação122
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 122 22/05/2018 13:31:29
Entretanto, não confunda a doação como subvenção periódica com o legado 
de subvenção periódica, que será aquele deixado em testamento pelo testador 
e que será pago a partir de sua morte. Ambos são subvenções, porém a doação 
de subvenção periódica consiste em ato inter vivos, enquanto o legado de 
subvenção periódica consiste em ato causa mortis.
Um exemplo de doação de subvenção periódica é a assunção de pagamento, pelo 
doador, de mensalidade escolar do filho de um amigo. 
A doação conjuntiva é aquela em que o doador doa para mais de um 
donatário, presumindo-se, não havendo estipulação em sentido contrário, 
que doou para todos os beneficiados em iguais partes. Doações conjuntivas 
realizadas para casais, falecendo um dos cônjuges, serão acrescentadas à 
quota-parte do cônjuge sobrevivente, nos termos do parágrafo único do art. 
551 do Código Civil (BRASIL, 2002). A redação deixa claro que, não sendo 
casal, a doação apenas acrescerá à quota-parte dos demais beneficiados, 
quando expressamente constante na doação pelo doado.
Embora na redação do texto do art. 551 do Código Civil conste o direito 
de acrescer entre homens e mulheres casados, a nova interpretação legislativa 
desde a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, do ano de 2011, 
estendeu iguais direitos a casais homoafetivos.
A doação feita em contemplação a casamento futuro independe de 
aceitação expressa e vem prevista no art. 546 do CC. Ela se dá na modalidade 
de condição suspensiva e fica sem efeito até que haja o casamento. Nessa 
modalidade, já há pessoa certa e a possibilidade de casamento é real, o que 
impede a confusão com a cláusula condicional (se o donatário se casar rece-
berá doação, por exemplo). Chama-se de doação propter nuptias. É possível 
também a doação para os filhos dos nubentes, e apenas subsistirá a doação 
com o nascimento com vida dos filhos do casal (BRASIL, 2002).
A doação modal, igualmente chamada de doação onerosa, ou com encargo, 
é aquela em que o donatário fica vinculado a um determinado encargo em 
favor do doador, de um terceiro ou no interesse geral. Um exemplo é a doa-
ção de um determinado prédio para que seja utilizado na instalação de uma 
123Doação
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 123 22/05/2018 13:31:29
escola, ou para a construção de uma área de lazer. O doador deverá estipular 
um prazo para que o encargo seja cumprido, e caso não o cumpra o donatário, 
este perderá o bem doado, revogando-se a doação. 
Caso o doador não estipule prazo para o cumprimento do encargo, o 
doador e o Ministério Público – se a condição for estipulada em favor da 
coletividade –, poderão constituir o donatário em mora e exigir o cumpri-
mento sob pena de perda da doação. Os sucessores do doador têm igual 
legitimidade para exigir o cumprimento do encargo.
Pontes de Miranda (2012) recorda que o encargo é uma determinação anexa 
que faz parte da doação de forma inseparável e, por essa razão, não poderá 
ser onerosa ao donatário nem importar em aumento patrimonial. Caso seja 
onerosa demais para o donatário, não se estará diante de uma doação.
Na doação modal, a eficácia surge a partir do momento em que o doador 
efetua a doação com o encargo, nascendo a pretensão de cumprimento do 
encargo a partir do prazo assinalado pelo doador. Entretanto, o doador poderá 
estipular que o encargo seja cumprido a partir de determinada data, o que não 
retira a eficácia desde o momento da doação com encargo.
O doador poderá, em qualquer momento enquanto for vivo (o que exclui a 
vontade testamentária), renunciar ao encargo estipulado na doação. Ademais, 
a impossibilidade superveniente de cumprir o encargo sem culpa do donatário 
exime-o de cumprir o encargo sem a perda da doação.
O art. 122 do propter nuptias estabelece que “são lícitas, em geral, todas as condições 
não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas 
se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro 
arbítrio de uma das partes” (BRASIL, 2002, documento on-line). 
Doação124
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 124 22/05/2018 13:31:29
1. A doação é um ato de 
liberalidade. A esse respeito, 
marque a alternativa correta.
a) Isso significa que a doação será 
realizada independentemente 
da vontade do donatário.
b) Isso não significa, 
necessariamente, o 
enriquecimento do donatário.
c) Isso importará na 
redução patrimonial 
do donatário.
d) O doador deverá expressar 
os motivos da doação. 
e) Nas doações onerosas, 
não há liberalidade.
2. Com relação às características da 
doação, marque a alternativa correta.
a) A doação não é negócio jurídico 
bilateral, pois não necessita da 
concordância do donatário.
b) Não se pode afirmar que a 
doação é um contrato unilateral.
c) A exclusão da parte final 
do conceito de doação na 
legislação civil, “[...] que os 
aceita”, mudou a necessidade 
da aceitação pelo donatário.
d) Poderá existir uma 
contraprestação pelo donatário.
e) Encargo não se confunde 
com contraprestação.
3. A doação se extingue pela(s):
a) morte do donatário, nas 
doações puras e simples.
b) hipóteses previstas nos 
incisos I a IV do art. 557 do 
propternuptias, somente.
c) tentativa contra a vida do doador.
d) ingratidão do donatário, mesmo 
que haja o perdão pelo doador.
e) calúnia, unicamente.
4. Qual destas espécies de doaçãoestá corretamente descrita?
a) A doação pura e simples é aquela 
que exige motivo pelo doador.
b) Na doação contemplativa, há a 
premiação por reconhecimento.
c) Na doação remuneratória, 
os serviços serão prestados 
após a doação.
d) A subvenção periódica 
necessariamente deverá 
ser em dinheiro.
e) A doação conjuntiva não admite 
o acréscimo ao outro donatário.
5. Assinale a alternativa correta.
a) O bem doado necessita estar 
na posse do doador para que 
seja realizada a doação. 
b) Apenas bens infungíveis 
poderão ser doados.
c) Bens incorpóreos também 
poderão ser doados.
d) Caso o donatário não cumpra 
o encargo, apenas o doador 
poderá constituí-lo em mora.
e) Após instituído o encargo, não 
poderá o doador modificá-lo.
125Doação
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BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 8 maio 
2018.
LOBO, A. da C. Curso de Direito Romano: história, sujeito e objeto de direito: instituições 
jurídicas. Brasília, DF: Senado Federal: Conselho Editorial, 2006.
MIRANDA, P. de. Direito das Obrigações: contratos e seguro (continuação). São Paulo: 
RT, 2012. (Coleção tratado de direito privado: parte especial; 46). 
SANSEVERINO, P. de T. Contratos nominados II. São Paulo: RT, 2011.
VENOSA, S. de S. Direito Civil: direitos reais. São Paulo: Atlas, 2005.
Doação126
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 126 22/05/2018 13:31:30
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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