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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO CONTABILIDADE PÚBLICA 2 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MiSSÃo Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. ViSÃo Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO biblioteCa MUltiViX (dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Lopes, Cleisiane Olinda de Guimarães. Contabilidade Pública / Cleisiane Olinda de Guimarães Lopes. – Serra: Multivix, 2018. editoRial FaCUldade CaPiXaba da SeRRa • MUltiViX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina diretor executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO Apresentação da Disciplina Caro aluno, seja bem-vindo! O objetivo desta disciplina é estudar sobre elementos da contabilidade geral, métodos e sistemas de escrituração da contabilidade públi- ca. Entenderemos sobre as receitas e despesas públicas, contabilidade orçamentária, financeira e patrimonial, demonstrações contábeis e especificidades do campo de aplicação da contabilidade pública. Você verá que são temas simples, mas essenciais à sua formação acadêmica. Ressaltamos que sua participação e integração na aula é muito importante. Por isso, não deixe de ler os materiais complementares que serão sugeridos ao longo da matéria. Ao final desta disciplina, esperamos que você: • Defina métodos e sistemas de escrituração da contabilidade pública. • Identifique receitas e despesas públicas. • Identifique contabilidade orçamentária, financeira e patrimonial. • Analise demonstrações contábeis. • Compare lançamentos contábeis e contabilidade em empresas públicas. • Identifique campos de aplicação da contabilidade pública. • Defina patrimônio público. • Defina exercício financeiro. • Analise Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) e Relatório de Gestão Fiscal (RGF). 6 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO liSta de tabelaS > QUADRO 1 - Contabilização dos fatos 50 > QUADRO 2 - Receitas e despesas 51 > QUADRO 3 - Fatos do período 51 > QUADRO 4 - Razonetes 51 > QUADRO 5 - Balancete de Verificação 53 > QUADRO 6 - Balancete Orçamentário 54 > QUADRO 7 - Sistema Financeiro 54 > QUADRO 8 - Balancete de Verificação do Sistema Financeiro 56 > QUADRO 9 - Balanço Financeiro 56 > QUADRO 10 - Aspectos qualitativos e quantitativos 66 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO SUMÁRio 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 1 Contabilidade GeRal e Contabilidade PúbliCa 12 1.1 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 16 ConClUSÃo 20 2 ReCeitaS e deSPeSaS PúbliCaS 23 2.1 RECEITAS PÚBLICAS 23 2.1.1 ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA ORÇAMENTÁRIA 25 2.2 DESPESAS PÚBLICAS 26 ConClUSÃo 30 3 PRÁtiCaS ContÁbeiS no RaMo PúbliCo 33 3.1 INTRODUÇÃO 33 3.1.1 CONTABILIDADE ORÇAMENTÁRIA 33 3.1.1.1 RECEITAS PÚBLICAS 33 3.1.2 DESPESAS PÚBLICAS 35 3.2 CONTABILIDADE FINANCEIRA E PATRIMONIAL 37 3.2.1 ATIVO 37 3.2.2 PASSIVO 38 3.2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 39 3.2.4 CONTAS DE RESULTADO PATRIMONIAL DO EXERCÍCIO39 3.3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 40 3.3.1 BALANÇO ORÇAMENTÁRIO 40 3.3.2 BALANÇO FINANCEIRO 41 3.3.3 BALANÇO PATRIMONIAL 41 3.3.4 DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 42 3.4 CONSOLIDAÇÃO 43 3.5 PRESTAÇÃO DE CONTAS 43 ConClUSÃo 45 8 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 ContabiliZaÇÃo naS eMPReSaS PúbliCaS 48 4.1 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 48 4.2 PLANO DE CONTAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 48 4.3 CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES TÍPICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLI- CA 51 4.4 REGISTRO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS DA ADMINISTRAÇÃO ESTA- DUAL E MUNICIPAL 58 ConClUSÃo 59 5 PatRiMÔnio PúbliCo 61 5.1 INTRODUÇÃO 61 5.2 PATRIMÔNIO PÚBLICO 61 5.2.1 PATRIMÔNIO SOB ASPECTO QUALITATIVO 62 5.2.2 PATRIMÔNIO SOB ASPECTO QUANTITATIVO 67 5.2.3 AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES PATRIMONIAIS 67 ConClUSÃo 68 6 RelatÓRioS RReo e RGF 71 6.1 RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (RREO) 71 6.1.1 BALANÇO ORÇAMENTÁRIO 73 6.1.2 DEMONSTRATIVO DA EXECUÇÃO DAS DESPESAS POR FUNÇÃO/SUB- FUNÇÃO 73 6.1.3 DEMONSTRATIVO DA RECEITA CORRENTE LÍQUIDA 74 6.1.4 DEMONSTRATIVO DAS RECEITAS E DESPESAS PREVIDENCIÁRIAS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 74 6.1.5 DEMONSTRATIVO DO RESULTADO NOMINAL 75 6.1.6 DEMONSTRATIVO DO RESULTADO PRIMÁRIO – ESTADOS, DISTRITO FE- DERAL E MUNICÍPIOS 75 6.1.7 DEMONSTRATIVO DO RESULTADO PRIMÁRIO DA UNIÃO 76 6.1.8 DEMONSTRATIVO DOS RESTOS A PAGAR POR PODER E ÓRGÃO 76 6.2 RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL (RGF) 76 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO ConClUSÃo 77 ReFeRÊnCiaS 79 10 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO iConoGRaFia ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você: > Aponte as características em comum entre a contabilidade geral e a contabilidade pública > Defina métodos e sistemas de escrituração da contabilidade pública. UNIDADE 1 12 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1 Contabilidade GeRal e Contabilidade PúbliCa A contabilidade é uma ciência que estuda as variações do patrimônio de uma entida- de com o objetivo de orientar e controlar atos e fatos administrativos, como aquisições de mercadorias, de ativo imobilizado, contratação de serviços, pagamento de mão de obra própria e terceira e tantas outras transações que uma entidade pode realizar. Kohama (2016) conceitua contabilidade como sendo a ciência que estuda o patri- mônio à disposição das organizações, em seus aspectos estáticos e em suas varia- ções, para enunciar, por meio de fórmulas racionalmente deduzidas, os efeitos da administração sobre a formação e a distribuição dos créditos. A contabilidade pública, por sua vez, é uma especialidade da contabilidade voltada para o estudo e análise dos fatos administrativos na esfera pública. Ela é uma das divisões da contabilidade que estuda, orienta, controla e demonstra a organização e execução da Fazenda Pública, o patrimônio público e suas variações. Tais objetivos são alcançados pela utilização de contas, por meio das quais são escriturados os atos e os fatos administrativos (KOHAMA, 2016). Silva (2011) afirma que a contabilidade aplicada ao setor público tem por objetivo fornecer à administração informações a respeito de: a. registro, controle e acompanhamento das variações do patrimônio do Estado; b. organização e execução de orçamentos; c. controle de custos e eficiência do setor público; d. normas e procedimentos para o registro das entradas de receita e das saídas de despesas; e. normas para a prestação de contas dos responsáveis por bens e valores; normas para a prestação de contas do governo. As práticas contábeis no ambiente público são amparadas pela Lei n° 4.320/64, con- forme artigos a seguir: 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados. Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição pa- trimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros. Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações oriundos de ajustes ou con- tratos em que a administração pública for parte. Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira patrimonial e industrial (BRASIL, Lei nº 4.320/64, Arts. 83, 85, 87,89). Observe que nos que artigos citados, há ênfase na contabilidade orçamentária em detrimento das demais. Isso se explica pelo fato de o setor público geralmente neces- sitar de financiamentos e ter o fluxo de caixa como fator de preocupação. Os estudos da Lei n° 4.320/64, em consonância com a Lei da Responsabilidade Fiscal e da globalização da contabilidade, mostram que a contabilidade pública passou por grande evolução, incorporando um modelo dual que se preocupa com informações econômico-financeiras elaboradas de acordo com os princípios contábeis e também de informações orçamentárias estabelecidas de acordo com os princípios orçamen- tários e legais que sustentam todo o modelo do orçamento (SILVA, 2011). Alinhado a isso, o Conselho Federal da Contabilidade, como órgão regulador da ciên- cia contábil, estabeleceu duas abordagens para a contabilidade pública. a. enfoque orçamentário: visa confrontar receitas e despesas. Tem relação dire- ta com o fluxo de caixa e é realizada na linha do tempo conforme diretriz da Constituição e das leis orçamentárias. Seu objetivo é apurar se no período houve déficit ou superávit. Os produtos do enfoque orçamentário são o balanço orça- mentário e o balanço financeiro. b. enfoque contábil: visa evidenciar não só os ativos e passivos, mas também as receitas e despesas, bem como avaliar os ativos, passivos e patrimônio líquido. 14 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Podemos dizer que a contabilidade pública é o conhecimento das principais carac- terísticas da contabilidade orçamentária e financeira (SILVA, 2011). A contabilidade pública tem por objetivo captar, registrar e interpretar os atos ad- ministrativos que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio de metodologia específica, e utiliza de contas escrituradas constituintes do sistema contábil público (KOHAMA, 2016). Conforme Kohama (2016), o sistema contábil compila as informações de forma que elas sejam identificadas, mensuradas, registradas, avaliadas, controladas e evidencia- das para que haja gestão pública dos fatos e dados administrativos, objetivando a tomada de decisão, a prestação de contas e o controle social. As normas brasileiras de contabilidade subdividem o sistema contábil em 3 grandes partes. a. Sistemas de informações orçamentárias:tem por foco registrar e evidenciar os atos e fatos relacionados ao planejamento e execução orçamentária. Exemplos: orçamento, programação e execução orçamentária e resultado orçamentário. b. Sistemas de informações patrimoniais: visa às variações do patrimônio líquido, tais como alterações dos elementos que compõem o patrimônio líquido e re- sultado econômico. c. Sistemas de compensação: visa aos atos que possam alterar o patrimônio de entidades do setor público, como acordos, garantias e responsabilidades. Os sistemas devem ser integrados, fornecendo à Administração informações quanto à avaliação das metas, dos riscos, das contingências, da avaliação dos resultados e da análise de desempenho. O sistema contábil está intimamente ligado ao plano de contas público, tema a ser abordado nas próximas unidades. Kohama (2016) aponta que devido à necessidade de padronizar as normas relativas às receitas e despesas públicas, órgãos públicos editaram e aprovaram o Manual da Contabilidade aplicada ao Setor Público, com os temas listados a seguir. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO • Parte i - procedimentos contábeis orçamentários: têm como objetivo bus- car regras, normas e procedimentos quantos aos atos e fatos orçamentários e como eles serão tratados contabilmente. Buscam também padronizar os critérios para a tratativa das receitas e despesas orçamentárias pela Adminis- tração Pública, especialmente quanto à registro, evidenciação e consolidação das contas públicas. • Parte ii - procedimentos contábeis patrimoniais: abordam os aspectos re- lacionados ao reconhecimento, mensuração, registro, apuração, avaliação e controle do patrimônio público, adequando-os aos dispositivos legais vigentes e aos padrões internacionais de contabilidade do setor público. As variações patrimoniais são reconhecidas pelo regime de competência patrimonial, vi- sando garantir o reconhecimento de todos os ativos e passivos das entidades que integram o setor público, conduzindo a contabilidade do setor público brasileiro aos padrões internacionais e ampliando a transparência sobre as contas públicas. • Parte iii - procedimentos contábeis específicos: padronizam os conceitos e procedimentos contábeis relativos ao Fundo de Manutenção e Desenvolvi- mento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), às parcerias público-privadas, às operações de crédito, ao regime próprio de previdência social, à dívida ativa e a outros procedimentos de que tratam. • Parte iV – plano de contas aplicado ao setor público: padroniza o plano de contas do setor público em âmbito nacional, adequando-o aos dispositivos le- gais vigentes e aos padrões internacionais de contabilidade do setor público. • Parte V – demonstrações contábeis aplicadas ao setor público: padroniza as demonstrações contábeis a serem apresentadas pelos entes na divulgação das contas anuais. • Parte Vi – perguntas e respostas: contém respostas às principais dúvidas. • Parte Vii – exercício prático: contém exemplos de classificações contábeis e tratativas para diversos atos e fatos contábeis, com o intuito de ilustrar e exem- plificar como deverão ser registradas e evidenciadas as transações contábeis. 16 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Visite o site do Tesouro Nacional e saiba mais sobre p Manual da contabilidade aplicada ao setor público. A contabilidade pública possui uma metodologia de escrituração contábil especial. A Lei n° 4.320/64 define normas gerais de direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos da União, que estabelece normas de finanças públicas destinadas para a responsabilidade de gestão fiscal para os entes federativos (KOHAMA, 2016). Vamos estudar sobre a escrituração contábil para a Administração Pública? 1.1 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Silva (2011) afirma que a escrituração dos fatos administrativos da entidade, seja pú- blica, seja privada, é feita segundo o método de escrituração e por um sistema de contas adotado. O método de escrituração pode ser por partidas simples ou por partidas dobradas. Esse último é o mais usado tanto universalmente quanto na contabilidade pública. Por sua vez, o sistema de contas é o conjunto de contas agrupadas em um plano de acordo com a natureza básica das operações. O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) deve ser utilizado por todos os Poderes de cada ente da federação, seus fundos, órgãos e autarquias, inclusive espe- ciais, e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, bem como pelas empre- sas estatais dependentes. As entidades abrangidas pelo campo de aplicação devem observar as normas e as técnicas próprias da contabilidade aplicada ao setor público. A escrituração contábil visa ao acompanhamento das variações do patrimônio, sen- do, portanto, obrigatório o registro de todos os fatos contábeis que alterem qualitati- 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO vas ou quantitativas os elementos que integram o patrimônio do Estado. Ela permite o levantamento de demonstrativos orçamentários, financeiros e patrimoniais, que darão apoio às decisões dos administradores, assim como serão utilizados nas pres- tações de contas e audiências públicas (SILVA, 2011). O órgão do sistema de contabilidade federal é a Secretaria do tesouro nacional do Ministério da Fazenda, que vem desde 2001 editando as normas gerais para a con- solidação das contas públicas. Seus objetivos são: a. padronizar os procedimentos contábeis na esfera pública, com o objetivo de orientar e dar apoio à gestão patrimonial na forma estabelecida na Lei Comple- mentar n° 101, de 4 de maio de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal; b. elaborar demonstrações contábeis consolidadas e padronizadas com base no plano de contas aplicado ao setor público, a ser utilizado por todos os entes da federação; c. orientar a esfera pública quanto aos conceitos, regras e procedimentos de reco- nhecimento e apropriação contábil de operações típicas do setor público, entre as quais se destacam aquelas relativas às operações de crédito, à dívida ativa, às Parcerias Público-Privadas (PPP), ao Regime Próprio de Previdência Social (RPS) e ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valori- zação dos Profissionais da Educação (Fundeb). A contabilidade, na União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atenderá aos requisitos constantes no Manual de contabilidade aplicado ao setor público e seguirá a aplicação do plano de contas aplicado ao setor público, que abrange to- das as entidades governamentais, exceto as estatais independentes, cuja utilização é facultativa. Os procedimentos contábeis orçamentários têm como objetivo estabelecer padrões a serem observados pela Administração Pública, tanto para receitas quanto para des- pesas orçamentárias, assim como suas classificações, destinações e registros, possibi- litando a evidenciação e a consolidação das contas públicas nacionais. A receita e a despesa orçamentárias na Administração Pública têm fundamental im- portância, pois representam o montante que o Estado se apropria da sociedade por meio da tributação e em contrapartida repassa aos cidadãos com a geração de bens e serviços. Além disso, deve, conforme situações legais específicas, distribuir parte dessa receita entre as esferas de governo. 18 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Todo registro contábil deverá ser efetuado mediante um comprovante hábil. Tal com- provante classifica-seem comprovantes de caixa ou extracaixa. Os primeiros são do- cumentos que servem de comprovação de pagamentos ou recebimentos em dinhei- ro efetuados pelos setores financeiros ou pela rede bancária, enquanto os segundos dizem respeito a documentos que fundamentam registros que não tiveram movi- mentação de recursos financeiros. Os comprovantes que constituem a base documental da escrituração são aqueles que compõem os “fluxos econômicos” e as “transferências de registros contábeis”. Constituem “fluxos econômicos” as movimentações de bens, direitos e obrigações que poderão acontecer entre: • Estado e terceiros, fluxos econômicos externos (exemplo: pagamento de salá- rios e fornecedores); • diversos setores do Estado, fluxos econômicos internos (exemplo: transferência de materiais do almoxarifado a setores de consumo). As “transferências de registros contábeis” são atos de natureza administrativa desti- nados a: • corrigir erros em registros contábeis anteriormente executados (estornos); • unir ou segregar valores de uma ou várias contas em outra ou outras (exem- plo: reunião na conta resultado patrimonial do exercício de todas as variações ativas e passivas). Os comprovantes serão classificados contabilmente, segundo a conceituação do pla- no de contas, mediante a inscrição da correspondente codificação das contas. A codificação será registrada nos documentos de fluxos econômicos externos, com- preendendo os comprovantes de pagamentos e recebimentos. Já nos documentos de fluxos econômicos internos, compreendendo os comprovantes extracaixa. Os comprovantes para fins de escrituração, para cada dia, serão separados e agrupa- dos da seguinte forma: • reunindo em um só grupo todos os documentos relativos a partidas idênticas, envolvendo as contas de razão sintética, como mencionadas no plano de contas; 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO • dentro dos grupos assim organizados, formar subgrupos, reunindo em cada um deles as partidas que envolvam idênticos desdobramentos. A escrituração será efetuada por meio dos seguintes livros ou fichas a serem escritu- radas pelos órgãos setoriais. • diário setorial: escriturado pelo órgão setorial, conterá a reprodução individual e clara de todas as fichas de lançamento emitidas com base nas operações resultantes das atividades econômicas e financeiras desenvolvidas e, ainda, no final de cada exercício, os balancetes orçamentário, financeiro e patrimonial, bem como a respectiva demonstração da conta variações patrimoniais. Ele é um livro cronológico, fundamental e obrigatório, no qual são lançados todos os fatos que alterem, quantitativa ou qualitativamente, a estrutura do patri- mônio. • Razão setorial: é um livro classificador das contas e seus desdobramentos, de tal modo que toda partida lançada no diário deve ser transcrita no razão em duas páginas ou fichas, pelo menos: uma (ou mais) correspondente à conta debitada (ou às contas debitadas); e outra (ou mais) relativa à conta creditada (ou contas creditadas). O livro razão é um livro facultativo e fundamental. • Registro de movimento bancária: nele são registradas as operações de depó- sitos e emissão de cheques, calculando-se o saldo da respectiva conta bancá- ria após cada operação. É, portanto, um registro que facilita o controle dos sal- dos bancários disponíveis. Por isso, cada folha representa uma conta bancária que é escriturada, dia a dia, mediante respectiva documentação. Para finalizar, vale ressaltar que tais livros são escriturados pelo órgão central e são encaminhados para consolidação no: • diário central, que tem o mesmo formato do diário setorial. No central, serão registradas as operações resultantes da centralização dos balancetes dos ór- gãos setoriais e, ainda, ao final de cada exercício, os balanços orçamentários financeiro e patrimonial consolidados e a respectiva conta de variações patri- moniais; • livro de centralização dos balancetes setoriais, que destina-se ao registro, para fins de centralização, do conteúdo dos balancetes oriundos dos órgãos setoriais. Será escriturado em fichas, uma para cada conta vinculada pelos ór- gãos setoriais. 20 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO A contabilidade é uma ciência que estuda o patrimônio à disposição das aziendas, em seus aspectos estáticos e em suas variações, para enunciar, por meio de fórmulas racionalmente deduzidas, os efeitos da administração sobre a formação e a distribui- ção dos créditos. A contabilidade pública, por sua vez, é uma especialidade da contabilidade voltada ao estudo e análise dos fatos administrativos na esfera pública. Ela é uma das divisões da contabilidade que estuda, orienta, controla e demonstra a organização e execu- ção da Fazenda Pública, o patrimônio público e suas variações. Tais objetivos são al- cançados pela utilização de contas, por meio das quais são escriturados os atos e os fatos administrativos. A contabilidade aplicada ao setor público é amparada pela Lei n° 4.320/64 e tem por objetivo fornecer à administração informações a respeito de: a. registro, controle e acompanhamento das variações do patrimônio do Estado; b. organização e execução de orçamentos; c. controle de custos e eficiência do setor público; d. normas e procedimentos para o registro das entradas de receita e das saídas de despesas; e. normas para a prestação de contas dos responsáveis por bens e valores; f. normas para a prestação de contas do governo. A contabilidade pública é o conhecimento das principais características da contabi- lidade orçamentária e financeira e da contabilidade patrimonial. Diante do exposto, podemos concluir que a contabilidade pública possui metodo- logia especial de escrituração com aplicação obrigatória pelas entidades públicas, como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas entida- des autárquicas, fundações e empresas estatais dependentes. Além disso, podemos também inferir que a contabilidade pública não se destina apenas ao registro e escrituração contábil, mas também exige a legalidade dos atos da execução orçamentária por meio do controle e acompanhamento. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO E para que a contabilidade pública atinja seus objetivos de controle e acompanha- mento, existem hoje sistemas de administração financeira, como o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) e o Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (SIAFEM), que fazem tal acom- panhamento. Obviamente, os atos da administração pública devem respeitar a legalidade da exe- cução orçamentária. O empenho da despesa deve respeitar a legislação vigente, deve haver licitação, a liquidação da despesa deve atender a todos os aspectos legislativos, o pagamento deve conter documentos processados pelo serviço de contabilidade e a liberação do pagamento deve partir de autoridade competente. 22 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você: > Defina receitas e despesas públicas. > Diferencie receitas e despesas do ramo público das do ramo comercial. UNIDADE 2 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO 2 ReCeitaS e deSPeSaS PúbliCaS 2.1 RECEITAS PÚBLICAS Conforme Quintana (2014), receita é a entrada de recursos ou aumento de ativos ou ainda a redução de passivos, que acarreta em crescimentodo patrimônio líquido. Dessa forma, para organizações comerciais, as receitas decorrem da venda de merca- dorias. Já nas empresas de prestação de serviços, as receitas surgem da remuneração pelos serviços prestados. E nas organizações industriais, a receita é oriunda da venda de produtos produzidos. Mas e no ramo público, de onde surgem as receitas? No âmbito público, as receitas públicas surgem do conjunto de entradas nos cofres públicos, rendas ou outros bens representativos de valores recebidos pelo Estado ou por outras pessoas de direito público, para arcar com as despesas ocorridas no exer- cício das funções básicas do Estado de atendimento das necessidades coletivas e de fomento e desenvolvimento econômico e social (ARAÚJO; ARRUDA; BARRETO, 2009). Vale destacar que, no âmbito público, receita é diferente de ingresso público. Os in- gressos são entradas de recursos, assim como as receitas, mas o Estado não é titular dessa entrada. Portanto, mesmo que aquele recurso esteja na conta do governo, em um futuro breve ele deverá sair, então não pode ser caracterizado como receita. Um bom exemplo de ingresso público são os depósitos judiciais. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) aponta como principais fontes de receitas públicas: • doações voluntárias; • rendas produzidas pelos bens públicos ou pela produção de empresas esta- tais; • tributos e penalidades obrigatórias; • empréstimos de instituições privadas ou públicas, nacionais ou estrangeiras; • emissão de moeda. 24 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO As entradas de recursos aos cofres públicos, ou melhor, as receitas, possuem diversas classificações. Podem ser ordinárias e extraordinárias. Também podem ser originá- rias ou derivadas. Ou ainda corrente ou de capital. Vamos estudar sobre cada uma delas a seguir. Receitas ordinárias e extraordinárias: considera a periodicidade que as receitas in- gressam nos cofres públicos. As receitas ordinárias são constantes, periódicas, perma- nentes e previsíveis. São previstas anualmente e destinadas a arcar com as despesas regulares do Estado. Exemplo: impostos. As receitas extraordinárias não são tão cons- tantes como as ordinárias, acontecem em casos raros. Não são previstas no orçamen- to e por isso são tratadas como algo extra, que não se esperava. Exemplo de receita extraordinária é uma doação internacional em países que não estão acostumados a receber esse tipo de ajuda. Receitas originárias e derivadas: essas receitas consideram a origem dos recursos. As receitas originárias têm como fonte o próprio patrimônio do Estado, suas indústrias, etc. Exemplo de receita originária: locação de um bem público, concurso de prognós- tico (loteria), concessão. Já as receitas derivadas vêm do setor privado. São arrecada- das compulsoriamente do patrimônio de particulares. Exemplo: tributos e multas. Receitas correntes e de capital: são derivadas de tributos, de execuções fiscais, da ex- ploração dos bens estatais, entre outros. Já a receita de capital é a conversão de bens e direitos em espécie para atender às despesas de capital, como as operações de cré- dito (empréstimos e financiamentos), venda de bens móveis e imóveis, entre outros. Outra classificação das receitas é pelo poder de tributação. No Brasil, a tributação é dividida entre os entes federativos conforme estabelecido pela Constituição Federal. • União: responsável por tributar sobre os impostos sobre a importação de pro- dutos estrangeiros; sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionali- zados; sobre a renda e proventos de qualquer natureza; sobre produtos in- dustrializados; sobre crédito, câmbio e seguro ou relativos a títulos ou valores mobiliários; sobre a propriedade rural; sobre grandes fortunas; taxas; contri- buição de melhoria; empréstimo compulsório; contribuições sociais, de inter- venção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO estados: responsáveis pela tributação de impostos sobre a transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens e direitos; sobre operações relativas à circulação de merca- dorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; sobre propriedade de veículos automotores; taxas; contribuição de melhoria; contribuições dos servidores estaduais para o custeio do seu sistema previdenciário e assistencial. Municípios: Responsáveis pela tributação de impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana; sobre a transmissão inter vivos a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos de aquisição; sobre serviços de qualquer natureza, não compreendidos no campo de incidência dos serviços tributados por competência estadual; taxas; contribuição de melhoria; contribuições dos servidores municipais para o custeio do seu sistema previdenciário e assistencial. distrito Federal: responsável pelos tributos de competência do Estado e dos Municí- pios. 2.1.1 ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA ORÇAMENTÁRIA A realização da receita pública acontece conforme processo técnico-administrativo que envolve uma série de atividades desenvolvidas pelos órgãos de planejamento, execução e controle dos entes governamentais, respeitando os estágios legais da pre- visão, lançamento, arrecadação e recolhimento. Veja sobre cada fase. a. Previsão: é uma estimativa das receitas que comporão a proposta orçamentária. É o orçamento das receitas propriamente dito. Na previsão da receita, serão ob- servadas as normas técnicas e legais pertinentes, as indicações contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, os efeitos das alterações na legislação, as variações dos índices de preços, o crescimento econômico e qualquer outro fator relevan- te, sendo acompanhada de demonstrativo da evolução da arrecadação nos três últimos anos, da projeção para os dois anos seguintes àquele a que se referir a estimativa e da indicação da metodologia de cálculo e premissas utilizadas, se- gundo dispõe o art. 12 da Lei Complementar n° 101/2000. 26 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO b. lançamento: é a verificação da origem do crédito fiscal e se é uma pessoa físi- ca ou jurídica que lhe é devedora, inscrevendo-a no Sistema Orçamentário do respectivo ente da Federação, mediante lançamentos contábeis específicos. No lançamento é realizado o cálculo do imposto, identificado o sujeito passivo e o notificado. c. arrecadação: é a fase em que o Estado recebe os tributos, multas e demais cré- ditos dos seus contribuintes. d. Recolhimento: é a entrega aos cofres públicos de todas as receitas arrecadadas. O registro da receita orçamentária é procedido no momento da arrecadação. 2.2 DESPESAS PÚBLICAS De forma geral, despesas são valores pagos ou prometidos a terceiros pelo recebi- mento de bens ou serviços em determinado período de tempo. As despesas públicas são os dispêndios realizados pelo Estado para atender os in- teresses gerais da coletividade, nos termos da Constituição Federal e das leis, ou em decorrência de contratos ou outros ajustes similares. A realização da despesa pública depende sempre de prévia autorização legislativa e representa o cumprimento do programa de trabalho constante na Lei Orçamentária. A violação dessa regra configu- ra crime e violação à Lei da Responsabilidade Fiscal. As despesas públicas, assim como as receitas, possuem algumas classificações. a. despesas orçamentárias:estão incluídas na lei orçamentária anual e devem respeitar o programa anual aprovado pela Lei de Orçamento. as despesas orça- mentárias, no plano legal, são classificadas, por natureza, em despesas corren- tes (custeio e transferências correntes) e despesas de capital (investimentos, inversões financeiras e transferências de capital), conforme o disposto no art. 12 da Lei n° 4.320/1964. As despesas correntes são gastos para a manutenção da máquina administrativa. As despesas de capital são investimentos realizados pelo Estado. Em resumo, podemos afirmar que, enquanto as despesas correntes sempre representam diminuição no patrimônio público em valor exatamente igual ao valor da despesa, as despesas de capital proporcionam mutações patri- moniais, também em valores equivalentes ao valor da despesa, representadas por diminuições no ativo (caso da venda de bens públicos, por exemplo) ou no passivo (quando há amortização de dívidas fundadas). 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO As despesas orçamentárias podem ser classificadas em federal, quando realizadas pela União, em estadual ou distrital, quando realizadas pelos Estados e Distrito Fe- deral, respectivamente, e em despesa municipal, quando realizadas pelo município. São estabelecidas por lei classificações orçamentárias uniformes para as despesas públicas realizadas pelos entes federativos. As principais classificações da despesa orçamentária são: institucional, funcional, programática, econômica (natureza do gasto) e por fonte de recursos. • Classificação institucional: tem como finalidade identificar a esfera de gover- no (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), os Poderes (Executivo, Legis- lativo e Judiciário e Ministério Público), os órgãos, entidades e fundos especiais e respectivas unidades orçamentárias das administrações direta e indireta. As unidades orçamentárias representam o menor agrupamento de serviços a que são consignadas dotações próprias na LOA ou em créditos adicionais. • Classificação funcional: os principais objetivos são estimular a adoção, em to- das as esferas de governo, do uso do gerenciamento por programas, na forma preconizada pelo Decreto Federal n° 2.829/1998; tornar mais prática e objetiva a classificação orçamentária dos gastos públicos; dar maior transparência e visibilidade ao orçamento-programa; permitir maior integração entre a pro- gramação estabelecida no plano plurianual (que vigora por quatro anos) e os respectivos orçamentos anuais, realçando o papel do orçamento como instru- mento de planejamento; ajustar a estrutura do orçamento-programa, intro- duzida pela Lei n° 4.320/1964, às necessidades atuais de gerenciamento da Administração Pública. • Classificação programática: agrupa os programas definidos nos planos plu- rianuais próprios de cada ente público e mandato governamental e os res- pectivos projetos, atividades e operações especiais que lhes estão vinculados na estrutura programática definida em cada orçamento anual. O programa representa os objetivos que se pretende alcançar por meio dos projetos, ativi- dades e operações especiais. b. despesas extraorçamentárias: compostas por restituições feitas pelo Tesou- ro de valores numerários, pertencentes a terceiros, que por motivos legais ou contratuais, permaneceram transitoriamente depositados nos cofres públicos, como consignatário autorizado e cauções, assim como os pagamentos dos res- tos a pagar e dos serviços da dívida a pagar e a quitação em estabelecimentos bancários. As despesas extraorçamentárias não estão previstas no orçamento. 28 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para finalizar o estudo das despesas, no Brasil foi implantado pela portaria n° 05/1992 uma nova classificação das despesas públicas quanto à sua natureza. Essa nova clas- sificação, ampliando a abrangência econômica da regra anterior, busca a obtenção de informações que possibilitem: • avaliar os efeitos na economia dos gastos do setor público; • identificar as formas pelas quais as aplicações dos recursos públicos estão sen- do realizadas; • realizar acompanhamento, controle e avaliação da execução dos orçamentos, quanto aos aspectos legal, programático, operacional e gerencial. Por essa classificação, as despesas podem ser diversas, conforme listado a seguir. a. despesas correntes: são despesas que não contribuem diretamente para a for- mação ou aquisição de um bem patrimonial, a exemplo daquelas destinadas à manutenção, funcionamento ou operação dos serviços públicos e à conserva- ção de bens móveis e imóveis. b. despesas de custeio: visam atender à manutenção dos serviços citados acima, compreendendo os gastos com pessoal civil e militar, obrigações patronais, ma- terial de consumo e serviços de terceiros. c. transferências correntes: voltadas para atender às despesas que não tenham contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e sub- venções destinadas a atender à manutenção de outras entidades de direito pú- blico ou privado. Como exemplo, podemos citar as instituições sem fins lucrativos. d. despesas de capital: despesas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem patrimonial, a exemplo dos gastos com o planejamen- to e a execução de obras; a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou en- tidades de qualquer natureza. e. investimentos: destinados ao planejamento e à execução de obras públicas, à aquisição de imóveis necessários à realização dessas obras e de instalações, equipamentos e material permanente, constituição de empresas agrícolas e in- dustriais. f. inversões financeiras: destinadas para a aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização na economia; constituição de empresas comerciais ou financeiras ou aumento do capital de empresas; aquisição de títulos represen- tativos do capital de empresas; concessão de empréstimos e outras inversões. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO g. transferências de capital: voltadas para despesas com investimentos ou inver- sões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam reali- zar, independentemente da contraprestação direta de bens ou serviços, com- preendendo, também, as destinadas à amortização da dívida pública. Quando destinadas a outras pessoas, podem constituir-se em auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da lei orçamentária ou de lei especial anterior. 30 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Podemos concluir que as receitas públicas surgem do conjunto de entradas nos co- fres públicos, rendas ou outros bens representativos de valores recebidos pelo Estado ou por outras pessoas de direito público, para arcar com as despesas ocorridas no exercício das funções básicas do Estado de atendimento das necessidades coletivas e de fomento e desenvolvimento econômico e social. Importante salientar que receita pública não é a mesma coisa que ingresso público. Os ingressos são entradas de recursos, assim como as receitas, mas o Estado não é titular dessa entrada. Portanto mesmo que aquele recurso esteja na conta do gover- no, em um futuro breve ele deverá sair, portanto não pode ser caracterizado como receita. Um bom exemplo de ingresso público são os depósitos judiciais. As receitas públicas podem ser classificadas em ordinárias ou extraordinárias. E tam- bém em originárias ou derivadas. Ou ainda em corrente ou de capital. As receitas orçamentáriaspassam por um processo técnico administrativo que envol- ve uma série de atividades desenvolvidas pelos órgãos de planejamento, execução e controle dos entes governamentais, respeitando os estágios legais da previsão, lan- çamento, arrecadação e recolhimento. Essas são as fases das receitas orçamentárias. Já as despesas são os dispêndios realizados pelo Estado para atender os interesses gerais da coletividade, nos termos da Constituição Federal e das leis, ou em decorrên- cia de contratos ou outros ajustes similares. A realização da despesa pública depende sempre de prévia autorização legislativa e representa o cumprimento do programa de trabalho constante na Lei Orçamentária. A violação dessa regra configura crime e violação à Lei de Responsabilidade Fiscal. As despesas públicas, assim como as receitas, também possuem uma classificação. Elas podem ser orçamentárias e extraorçamentárias. As despesas orçamentárias possuem uma subdivisão, podendo ser classificadas em funcional, programática, econômica (natureza do gasto) e por fonte de recursos. Em 1992, implantou-se no Brasil uma nova classificação para as despesas. Essa nova classificação buscava: 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO • avaliar os efeitos na economia dos gastos do setor público; • identificar as formas pelas quais as aplicações dos recursos públicos estão sen- do realizadas; • realizar acompanhamento, controle e avaliação da execução dos orçamentos, quanto aos aspectos legal, programático, operacional e gerencial. Por essa classificação, as despesas podem ser: correntes; de custeio; transferências correntes; despesas de capital; investimentos; inversões financeiras e transferências de capital. 32 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você: > Defina receitas e despesas públicas. > Aponte os itens que compõem o Subsistema da Contabilidade Financeira e Patrimonial. > Examine as principais demonstrações contábeis no ramo público. > Identifique a importância da consolidação dos dados contábeis. > Aponte a aplicação e importância da prestação de contas públicas. UNIDADE 3 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO 3 PRÁTICAS CONTÁBEIS NO RAMO PÚBLICO 3.1 INTRODUÇÃO A gestão contábil no âmbito público apresenta diferenças da gestão societária. Nesta unidade, estudaremos algumas dessas diferenças. Relembraremos a respeito das receitas e despesas públicas. Abordaremos os principais relatórios contábeis para a gestão pública e o papel da Secretaria do Tesouro Nacional como órgão consolida- dor da obtenção de receitas e a aplicação dos recursos na forma de despesas públi- cas. Os entes públicos, até mais do que as empresas societárias, devem prestar contas dos gastos e também de como obtiveram as receitas, a esse ato, damos o nome de prestação de contas. 3.1.1 CONTABILIDADE ORÇAMENTÁRIA A contabilidade orçamentária aplicada ao setor público é bastante diferente da con- tabilidade societária (SLOMSKI, 2013). O que a torna tão diferente surge desde o registro da previsão da receita orçamentá- ria até o empenho da despesa pública. Tais fatos fornecem uma série de informações sobre o planejamento e execução pública, tais como temas relacionados ao regime de competência, receitas e despesas públicas. 3.1.1.1 RECEITAS PÚBLICAS Conforme Slomski (2013), as receitas públicas podem ser classificadas em: • efetiva e não efetiva; • ordinária e vinculada; • derivada e originária; 34 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • econômica; • intraorçamentária; • orçamentária e extraorçamentária; • entre outras. Receita efetiva: ingressa aos cofres públicos no exercício financeiro, aumentando o patrimônio da entidade. É o recolhimento de impostos, taxas e contribuições. Receita não efetiva: também chamada de receita por mutação patrimonial, ingressa aos cofres públicos durante o exercício financeiro. Porém, não contribui para o au- mento do patrimônio da entidade. Surge da alienação de bens ou direitos, da contra- tação de financiamentos de longo prazo e do recolhimento de créditos tributários ou não tributários de exercícios anteriores. Receita ordinária: é de livre utilização pela entidade. Receita vinculada: ao contrário da receita ordinária, a receita vinculada tem vínculo direto a algum objeto. Geralmente existe um convênio que já define onde aplicar a receita vinculada. Receita derivada: surge da exploração compulsória do patrimônio do particular pelo Estado, por meio do poder de soberania. É imposta aos cidadãos. Receita originária: vem da exploração do patrimônio próprio da Administração Pú- blica, por meio da alienação de bens ou serviços, aplicação de recursos, entre outros. A receita pode ser também classificada considerando o regimento de competência, nesse caso é chamada de re- ceita econômica. Pode também ser chamada de receita extraorçamentária, quando vista como uma entrada de re- cursos de terceiros nos cofres públicos. É chamada de re- ceita intraorçamentária quando recebida de uma entidade da mesma esfera administrativa. E de receita orçamentária quando surge de recursos que lhe pertencem. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO Receita econômica: é a receita gerada pelo serviço público respeitando o regime da competência. É mensurada pelo custo de oportunidade, ou seja, pelo menor preço de mercado, considerando qualidade, tempestividade e oportunidade. Ela não é re- gistrada no sistema orçamentário ou financeiro-patrimonial. É apenas uma receita mensurada e utilizada como uma ferramenta gerencial para avaliar se é mais vanta- joso produzir internamente ou terceirizar. Receita extraorçamentária: refere-se ao registro dos créditos dos valores referentes às obrigações com terceiro. Ou seja, todos os recursos que ingressam nos cofres pú- blicos que não são receitas orçamentárias ou intraorçamentárias, mas contabilizadas no passivo circulante da entidade, serão classificados como receitas extraorçamentá- rias, sua execução será uma despesa orçamentária. Receita intraorçamentária: quando a despesa de um órgão público é a receita de outro órgão público, e ambos pertencem à mesma esfera de governo e estão no mes- mo orçamento fiscal e de seguridade social. Receita orçamentária: são as receitas previstas na Lei Orçamentária Anual que tenha sido objeto de lei que a estabeleça. As receitas orçamentárias devem seguir quatro es- tágios, sendo eles: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. As receitas orça- mentárias possuem uma subdivisão, em que elas podem ser classificadas como cor- rentes e de capital. As receitas correntes são aquelas que surgem da arrecadação de tributos, contribuições, multas recebidas, transferências intergovernamentais constitu- cionais destinadas a atender às despesas correntes. Já as receitas de capital são oriundas da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de emprésti- mos e financiamento ou alienação do ativo imobilizado, além dos recursos recebidos de pessoas públicas ou privadas destinados à aplicação em despesas de capital. Até aqui revisitamos alguns conceitos das receitas públicas. Falemos agora sobre as despesas públicas. 3.1.2 DESPESAS PÚBLICAS As despesas públicas são a aplicação de bens e direitos para atender às demandas da coletividade. 36 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciadapela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Conforme Slomski (2013), elas podem ser classificadas em: • efetiva e não efetiva; • vinculada e ordinária; • extraorçamentária; • intraorçamentária; • orçamentária. Vamos estudar sobre cada tipo de despesa! despesa efetiva: é fixada na Lei Orçamentária Anual como o custeio de pessoal e en- cargos sociais, juros e encargos da dívida e outras despesas correntes. despesa não efetiva: também chamada de despesa por mutação patrimonial. Ela compõe o ativo não circulante da entidade e se torna realmente despesa por meio da apropriação da depreciação quando for utilizada na prestação dos serviços públicos. despesa extraorçamentária: débitos dos valores referentes às obrigações com tercei- ros. São todas as despesas que transitam pelos cofres públicos e que não são recei- tas orçamentárias ou intraorçamentárias. Serão registradas no passivo circulante da entidade, comporão as receitas extraorçamentárias e seu pagamento será a despesa extraorçamentária. despesa intraorçamentária: quando a receita de um órgão público é a despesa de outro órgão público, e ambos pertencem à mesma esfera de governo e estão no mes- mo orçamento fiscal e de seguridade social. despesa orçamentária: devem obedecer aos quatro estágios das despesas (fixação, empenho, liquidação e pagamento). As despesas orçamentárias podem ser subdivi- das em despesas correntes e de capital. Essa é a composição do sistema orçamentário. Agora estudaremos sobre o sistema financeiro-patrimonial. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO 3.2 CONTABILIDADE FINANCEIRA E PATRIMONIAL O Subsistema Financeiro e Patrimonial faz parte do Sistema Contábil juntamente com Subsistema Orçamentário. Tem como objetivo evidenciar a situação patrimo- nial da entidade, bem como suas variações resultantes da execução orçamentária (SLOMSKI, 2013). Ele é composto por quatro grupos de contas. • Ativo: evidencia a aplicação de recursos. Possui saldo devedor e apresenta onde foram aplicados os recursos classificados no passivo ou no patrimônio líquido da entidade. As contas do ativo evidenciam a ação da entidade. • Passivo: demonstram a origem de recursos de terceiros que transitam pelos cofres públicos e as obrigações da entidade para com terceiros. • Patrimônio líquido: é a representação da diferença entre o ativo (bens e direi- tos) e o passivo (obrigações). Quando o valor de tal diferença for positivo, ou seja, o ativo maior que o passivo, o saldo patrimonial será chamado de ativo real líquido. E quando acontecer o contrário (passivo maior do que o ativo), será chamado de passivo real a descoberto. • Contas de resultado patrimonial do exercício: são contas utilizadas para a apu- ração do resultado patrimonial do exercício. 3.2.1 ATIVO São recursos decorrentes de eventos passados controlados por uma entidade. De tais recursos, esperam-se benefícios econômicos ou serviços para a entidade. Os ativos, obrigatoriamente, precisam ser controlados e mensurados. Mensurar sig- nifica determinar os valores monetários que serão reconhecidos e apresentados nos demonstrativos contábeis. 38 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A mensuração dos ativos se baseia em: • custo histórico; • custo corrente; • valor realizável; • valor presente. Além da mensuração, quando um item provavelmente trará benefícios econômicos futuros e seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiáveis, ele deverá ser reconhecimento no balanço patrimonial. A contabilidade divide o ativo por ordem de liquidez, em dois grupos: ativo circulante e ativo não circulante. O ativo circulante é composto por recursos de curto prazo. É subdivido em disponi- bilidades, estoques, títulos a receber e créditos tributários e não tributários inscritos ou não em dívida ativa, entre outros, que o profissional julgar necessário para a boa evidenciação do ativo circulante da entidade. O ativo não circulante é todo o ativo que não seja circulante, ou seja, o realizável a longo prazo, o ativo imobilizado, os investimentos e ativo intangível. Logo, os ativos não circulantes são os ativos tangíveis, intangíveis e ativos financeiros de longo prazo. 3.2.2 PASSIVO O passivo evidencia as obrigações presentes da entidade decorrentes de fatos já ocor- ridos e cujo pagamento será uma saída de recursos da entidade. O passivo é dividido entre passivo circulante e passivo não circulante. O passivo será classificado como circulante quando sua liquidação se der dentro do ciclo operacional da entidade (geralmente no ano corrente) ou até 12 meses após o fechamento da demonstração contábil e o item é mantido para ser nego- ciado (SLOMSKI, 2013). 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO Já o passivo não circulante é todo aquele que não for considerado circulante. São exemplos de passivo não circulante no ramo público: dívida fundada, precatórios de longo prazo, dívidas confessadas, entre outros. Leia os capítulos 7 a 13 do “Manual de contabilidade pú- blica” (2013), de Slomski, disponível em Minha Biblioteca, e saiba mais sobre o ativo e passivo público. 3.2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO O patrimônio líquido demonstra a situação patrimonial da entidade. No caso do ramo público, ele evidenciará o balanço patrimonial e o saldo patrimonial (SLOMSKI, 2013). Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade nº 16, o patrimônio líquido é a soma de todos os ativos da entidade deduzidos de todos os passivos. O saldo patrimonial público é demonstrado na conta contábil chamada de “ativo real líquido” ou “passivo real a descoberto”, dependendo do resultado, se positivo ou negativo. 3.2.4 CONTAS DE RESULTADO PATRIMONIAL DO EXERCÍCIO As contas de resultado patrimonial são aquelas que evidenciam o resultado patrimo- nial de um período. Elas podem ser ativas ou passivas. As variações patrimoniais ativas representam aumento no patrimônio, enquanto as passivas, logicamente, apresentam reduções no patrimônio. As variações ativas surgem da realização das receitas orçamentárias, correntes, de capital, entre outras. Da mesma forma, as variações patrimoniais passivas são decor- rentes da realização das despesas orçamentárias, correntes, entre outras. 40 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Em resumo, da junção dos grupos de contas do ativo, do passivo, do patrimônio líqui- do e das contas de resultado, é possível extrair as demonstrações contábeis, que da- rão subsídios para a correta tomada de decisões. Veja a seguir um pouco mais sobre as demonstrações contábeis. 3.3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Conforme Arruda e Araújo (2009), os resultados do exercício da administração públi- ca serão demonstrados no balanço orçamentário, balanço financeiro, patrimonial e na demonstração das variações patrimoniais. Veja a seguir cada um deles. 3.3.1 BALANÇO ORÇAMENTÁRIO Conforme Lei n° 4.320/64, o balanço orçamentário demonstra o confronto entre as receitas estimadas e as despesas fixadas no orçamento com as receitas arrecadadas e as despesas realizadas (ARRUDA; ARAÚJO, 2009). Slomski (2013) traz em sua obra que o balanço orçamentário evidencia as receitas e despesas orçamentárias e confronta o orçamento inicial e suas alterações com a exe- cução, demonstrando o resultado orçamentário. De forma resumida, o balanço orçamentário demonstra: • a economia orçamentária, quando a despesa realizada for menor do que a despesa fixada; • o superávit orçamentário, quando a despesa realizada for menor do que a receita arrecadada;• o déficit orçamentário, quando a despesa realizada for maior do que a receita arrecadada; • o excesso de arrecadação, quando a receita arrecada é maior do que a estimada; • a frustração da arrecadação, quando a receita arrecada é menor do que a estimada. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO O balanço orçamentário busca evidenciar a integração entre o planejamento e a execução orçamentária. Detalha as receitas e as despesas orçamentárias em níveis relevantes de análise, confrontando o orçamento inicial e as suas alterações com a execução, demonstrando o resultado orçamentário (PISCITELLI; TIMBÓ, 2014). 3.3.2 BALANÇO FINANCEIRO Conforme Lei n° 4.320/64, o balanço financeiro deve apresentar as receitas e despesas orçamentárias, assim como os recebimentos e pagamentos extraorçamentários. O balanço financeiro demonstra a movimentação financeira do Estado, apresentan- do o saldo inicial, as entradas (receitas), saídas (despesas) e o saldo final, que será transferido para o próximo período (ARRUDA; ARAÚJO, 2009). 3.3.3 BALANÇO PATRIMONIAL É considerada a demonstração de maior relevância, visto que evidencia a posição financeiro-patrimonial da entidade em determinado período (SLOMSKI, 2013). Basicamente, o balanço patrimonial é demonstrado conforme tabela 1 a seguir: BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Financeiro Financeiro Permanente Permanente Saldo patrimonial Saldo patrimonial Compensação Compensação Fonte: ARRUDA; ARAÚJO, 2009. 42 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Conforme trazido por Slomski (2013), os itens mínimos do balanço patrimonial são: a. ativo imobilizado; b. propriedades para investimento; c. ativos intangíveis; d. ativos financeiros; e. investimentos avaliados pelo método de avaliação patrimonial; f. estoques; g. valores a receber de transações sem e com contraprestação; h. caixa e equivalente de caixa; i. tributos e transferências a pagar; j. contas a pagar decorrentes de transações com contraprestação; k. provisões; l. passivos financeiros; m. participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; n. patrimônio líquido atribuível aos proprietários da entidade controladora. No ativo financeiro, são agrupados os valores numéricos, os créditos e os valores rea- lizáveis no curto prazo. Já no passivo financeiro são agrupados os bens, créditos e valores utilizados na exploração da atividade estatal. 3.3.4 DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS A demonstração das variações patrimoniais indica as alterações do patrimônio e o resultado patrimonial do exercício. Ela é dividida em três blocos: variações patrimoniais ativas, variações patrimoniais passivas e resultado patrimonial do exercício. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO Slomski (2013) explica que as variações patrimoniais ativas são aquelas que aumen- tam a situação patrimonial líquida da entidade. Logicamente, as variações patrimo- niais passivas são aquelas que reduzem a situação patrimonial líquida. E o resultado patrimonial do exercício será evidenciado pelo superávit ou déficit patrimonial. Supe- rávit quando as variações patrimoniais ativas forem maiores que as passivas e déficit, quando for o contrário. 3.4 CONSOLIDAÇÃO Outro assunto importante de ser estudado é a consolidação das contas públicas. Conforme afirmado por Arruda e Araújo (2009), a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) precisava consolidar as contas de todos os entes federativos e também divul- gar tais informações para acesso público. Devido a tal necessidade, a STN aprovou o “Quadro dos dados contábeis consolidados municipais e estaduais”. Assim, os municípios e os estados devem preencher os referidos quadros, que conso- lidam em milhares de reais os dados referentes ao balanço orçamentário e ao balan- ço patrimonial. Tal quadro não substitui os balanços, ele apenas visa retratar as informações contidas nos balanços, no intuito de facilitar o entendimento das informações. O quadro dos dados contábeis consolidados municipais e estaduais é apresentado em conjunto com os balanços patrimonial e orçamentário. 3.5 PRESTAÇÃO DE CONTAS A prestação de contas consiste em justificar receitas e despesas, por meio da com- provação, documental ou não, da receita ou despesa. Ela tem como base as demons- trações contábeis. A Constituição Federal, no artigo 70, nos traz que “prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou admi- nistre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária” (CF, art. 70). 44 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Não existe um modelo padrão para realizar a prestação de contas, todavia ela deve ser demonstrada de forma transparente, clara e evidenciar os benefícios gerados à so- ciedade e seus resultados para a gestão pública e coletiva (ARRUDA; ARAÚJO, 2009). O código de ética profissional do servidor público civil do poder executivo federal estabelece como fundamental o fato de não retardar qualquer prestação de contas. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO CONCLUSÃO Podemos concluir que a contabilidade orçamentária aplicada ao setor público é bas- tante diferente da contabilidade societária. E o que as tornam diferentes é uma série de informações sobre o planejamento e execução pública, tais como temas relacio- nados ao regime de competência, receitas e despesas públicas. As receitas públicas podem ser classificadas em: • efetiva e não efetiva; • ordinária e vinculada; • derivada e originária; • econômica; • intraorçamentária; • orçamentária e extraorçamentária; • entre outras. Já as despesas podem ser classificadas em: • efetiva e não efetiva; • vinculada e ordinária; • extraorçamentária; • intraorçamentária; • orçamentária. Diferenciamos cada uma das receitas e despesas públicas. Estudamos também sobre o Subsistema Financeiro e Patrimonial, que faz parte do Sistema Contábil, juntamente com Subsistema Orçamentário, e tem como objetivo evidenciar a situação patrimonial da entidade, bem como suas variações resultantes da execução orçamentária. 46 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Vimos ainda que o subsistema financeiro patrimonial é composto por quatro grupos de contas. • Ativo: evidencia a aplicação de recursos. Possui saldo devedor e apresenta onde foram aplicados os recursos classificados no passivo ou no patrimônio líquido da entidade. As contas do ativo evidenciam a ação da entidade. • Passivo: demonstram a origem de recursos de terceiros que transitam pelos cofres públicos e as obrigações da entidade para com terceiros. • Patrimônio líquido: é a representação da diferença entre o ativo (bens e direi- tos) e o passivo (obrigações). Quando o valor de tal diferença for positivo, ou seja, o ativo maior que o passivo, o saldo patrimonial será chamado de ativo real líquido. E quando acontecer o contrário (passivo maior do que o ativo), será chamado de passivo real a descoberto. • Contas de resultado patrimonial do exercício: são contas utilizadas para a apu- ração do resultado patrimonial do exercício. Vimos sobre a importância das demonstrações contábeis e estudamos sobre as prin- cipais para o ramo público, que são: balançoorçamentário, balanço financeiro, patri- monial e demonstração das variações patrimoniais. Ainda discorremos sobre a consolidação por parte da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que consolida as contas de todos os entes federativos e divulga tais informa- ções para acesso público. E por fim, ressaltamos a importância da prestação de contas como instrumento de justificativa e evidenciação das receitas e despesas públicas, em que contas de qual- quer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, geren- cie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você: > Defina o termo Plano de Contas. > Repita a contabilização das operações típicas da Administração Pública. > Reafirme a importância do registro e consolidação das contas da Administração Pública. UNIDADE 4 48 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 CONTABILIZAÇÃO NAS EMPRESAS PÚBLICAS Nesta unidade, estudaremos a respeito do plano de contas para o âmbito público. Veremos também sobre as operações típicas da Administração Pública, como tais fatos são contabilizados, e, por fim, o registro e a consolidação das contas públicas. 4.1 INTRODUÇÃO DA UNIDADE A adoção de um plano de contas completo, conciso, voltado ao atendimento das necessidades da empresa é essencial para qualquer negócio; imagine para o âmbito público? É primordial que os entes federativos e todas as esferas de governo utili- zem de um mesmo mecanismo de controle para que, assim, o governo federal tenha subsídios de agrupar os dados e avaliar o resultado do país como um todo, ou por macrorregiões ou até mesmo por microrregiões. Isso é possível com a adoção de um plano de contas estruturado e formulado respeitando as necessidades de cada Muni- cípio ou Estado, mas que também respeite a padronização nacional. Com toda a es- trutura utilizando o mesmo plano de contas e os mesmos mecanismos de controle, é possível consolidar os dados contábeis e realizar diversas análises e embasar diversas decisões. Ainda nesta unidade, veremos a respeito da contabilização das operações típicas da Administração Pública 4.2 PLANO DE CONTAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Conforme Piscitelli e Timbó (2014), o plano de contas é um conjunto de contas codi- ficadas e organizadas de forma a permitir um controle uniformizado e sistematizado dos atos e fatos contábeis, permitindo a elaboração de relatórios e demonstrativos contábeis. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO O Governo Federal, através da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), determina as diretrizes contábeis, orçamentárias e patrimoniais que serão seguidas pelos Estados, União, Distrito Federal e Municípios. O plano de contas, no âmbito público, tem um marco importante na Instrução Normativa nº 23, de 23/12/1986, da Secretaria do Te- souro Nacional, que trouxe basicamente uma relação de contas chamada Tabela de Eventos e os Indicadores Contábeis (PISCITELLI; TIMBÓ, 2014). O plano de contas quando bem elaborado facilita a transparência dos gastos públi- cos e demonstra qual a composição do patrimônio público. (ARRUDA; BARRETO; ARAÚJO, 2009). O plano de contas deve: • Identificar, classificar e escriturar os fatos ocorridos, de forma padronizada, uni- forme e sistematizada. • Evidenciar a situação de todos que arrecadem receitas, efetuem despesas ou administrem bens de uma gestão. • Demonstrar a composição e situação do patrimônio. • Indicar os custos dos serviços industriais. • Permitir o controle e acompanhamento da execução orçamentária. • Evidenciar os Balanços Orçamentário, Financeiro e Patrimonial, assim como as Demonstrações das Variações Patrimoniais, fluxo de caixa, mutações do patri- mônio líquido e resultado econômico. • Permitir a análise e interpretação dos resultados econômicos e financeiros. • Identificar os credores e devedores, assim como as especificações necessárias para que haja controle contábil dos mesmos. • Controlar os direitos e obrigações derivados dos contratos, convênios, acordos e de outros instrumentos afins. A utilização do plano de contas abrange a todos os Poderes e a todas as esferas, tanto na Administração direta quanto na indireta (autarquias, empresa estatal, fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público). Para registro e controle orçamentário no ambiente público, o Governo Federal usa o Sistema Integrado de Administração Fi- nanceira do Governo Federal (SIAFI). 50 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A estrutura do plano de contas público visa manter as atividades públicas dentro dos padrões internacionais das contabilidades societária e pública, sendo que as distin- gue a inclusão do Subsistema Orçamentário no registro contábil e também a forma de apuração do resultado (SLOMSKI, 2013). A estrutura do plano de contas para o ramo público será basicamente formada por: 1 Ativo 1.1 Ativo Circulante 1.2 Ativo Não Circulante 2 Passivo 2.1 Passivo Circulante 2.2 Passivo Não Circulante 3 Patrimônio Líquido 3.1 Saldo Patrimonial 4 Contas de Resultado Patrimonial 4.1 Variações Patrimoniais Ativas 4.2 Variações Patrimoniais Passivas 4.3 Resultado Patrimonial do Exercício 5 Receita Orçamentária 6 Despesa Orçamentária Conforme Kohama (2016), as contas do ativo visam registrar os atos e fatos relativos aos bens, direitos, valores a receber de curto e longo prazos, investimentos, imobiliza- do, e integrarão o Ativo Circulante e o Ativo Não Circulante. Já as contas do Passivo e do Patrimônio líquido registram os atos e fatos relativos às obrigações e encargos assumidos pelo setor público. Elas integram o Passivo Circu- lante, o Passivo Não Circulante e o Patrimônio Líquido. 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Contabilidade PúbliCa SUMÁRIO E as contas de Resultado Patrimonial registram os atos e fatos relacionados às redu- ções ou aumentos no benefício econômico devido à saída ou entrada de recursos, à redução ou aumento do ativo ou à redução ou aumento do passivo. 4.3 CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES TÍPICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os atos e fatos que acarretam alteração quantitativa ou qualitativa no patrimônio das entidades públicas podem ser de natureza econômico-financeira ou de natureza administrativa. Serão de natureza econômico-financeira quando surgirem de fatos que alteram o patrimônio líquido, mesmo que não resultem da execução do orçamento. Essas alte- rações que são provocadas serão qualitativas ou quantitativas, efetivas ou potenciais. Já as de natureza administrativa não afetam o patrimônio público e surgem dos atos administrativos que buscam atender às metas programadas e também às que visam manter as atividades da entidade pública. A contabilização dos fatos e atos públicos se dá através de razonetes, conforme exem- plos a seguir. Imagine que foi aprovado para o município fictício Águas Felizes o orça- mento para 2019, conforme: QUADRO 1 - CONTABILIZAÇÃO DOS FATOS RECEITAS DESPESAS Corrente R$ 100,00 Corrente R$ 100,00 Capital R$ 50,00 Capital R$ 50,00 total R$ 150,00 total R$ 150,00 Fonte: Elaborado pela autora. Assim, após a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), a abertura do orçamento para 2019 será: 52 Contabilidade PúbliCa FACULDADE CAPIXABA
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