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AULA 08 - CULTURA DO FEIJÃO - CALAGEM E ADUBAÇÃO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD DISCIPLINA: GRANDES CULTURAS I 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 37 
Professor: Douglas Silva Parreira – douglasparreira30@gmail.com 
CAPÍTULO 8: CALAGEM E ADUBAÇÃO 
 
8.1 CALAGEM 
 
A acidez do solo pode trazer consequências desastrosas para a lavoura do 
feijoeiro, tais como teores tóxicos de alumínio e manganês, além de deficiências de 
macronutrientes -principalmente cálcio, magnésio, fósforo, nitrogênio e enxofre - e 
baixa atividade biológica no solo, resultando em pequeno crescimento das raízes e da 
parte aérea. 
Quando adequadamente empregada, a calagem promove modificação no am-
biente radicular e pode elevar o pH para uma faixa que oferece melhores condições 
para o desenvolvimento do feijoeiro, normalmente pH 5,8 a 6,2. 
 
8.1.1 MÉTODOS PARA ESTIMAR A NECESSIDADE DE CALAGEM 
 
Para estimar a necessidade de calagem (NC), em Minas Gerais são usados o 
método da neutralização da acidez trocável e da elevação dos teores de cálcio e mag-
nésio trocáveis e o método da saturação por bases. Quando bem empregados, ambos 
os métodos estimam valores de NC adequados para a cultura do feijoeiro. 
É oportuno esclarecer que, independentemente do método empregado, o valor 
calculado de NC refere-se à quantidade de calcário com PRNT 100% a ser incorpo-
rado em 1 hectare, a 20 cm de profundidade, devendo-se fazer as devidas correções 
de acordo com a qualidade do calcário e a profundidade efetivamente utilizadas. 
 
8.2 ADUBAÇÃO 
 
O feijão, normalmente, não consome muitos nutrientes, mas, considerando-se 
a fragilidade da planta e a precariedade do seu sistema radicular, o seu pequeno porte 
e o ciclo muito curto, importante a existência, no solo, de elementos nutritivos indis-
pensáveis ao seu desenvolvimento. 
Nas regiões tropicais, os solos são, na sua maioria, ácidos e pobres em nutri-
entes essenciais ao crescimento e desenvolvimento das culturas, tornando, assim, a 
calagem e a adubação indispensáveis à prática da agricultura. Por muito tempo, essas 
tecnologias foram adotadas, mas, frequentemente, desconsiderando a importância da 
 
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matéria orgânica - principal fonte de nitrogênio para as culturas - e dos resíduos ve-
getais para a sustentabilidade produtiva dos solos e das culturas. 
Entre os macronutrientes essenciais, os mais limitantes ao crescimento do fei-
joeiro nos solos brasileiros são o nitrogênio e o fósforo. Muitos trabalhos de pesquisa 
publicados sobre adubação do feijoeiro comum demonstram que a resposta dessa 
cultura à aplicação de fertilizantes nitrogenados e fosfatados é alta, comparada a ou-
tros nutrientes. A necessidade de fósforo do feijoeiro é baixa, se comparada à de ni-
trogênio e potássio, cerca de 10-20 kg de P ha-1 e de 130 kg a 200 kg de N e K ha-1. 
A exportação de fósforo situa-se em torno de 60% do total de fóforo absorvido pelas 
plantas. 
À medida que os agricultores vêm aderindo cada vez mais a sistemas de pro-
dução menos impactantes ao ambiente, utilizando plantio direto, cultivo mínimo e ro-
tação de culturas, urge redefinir alguns critérios relacionados ao manejo da adubação, 
principalmente a de nitrogênio, em que, além das perdas por volatilização de NH3, 
pode haver intensa imobilização do nitrogênio durante a decomposição dos resíduos 
vegetais deixados na superfície do solo pela cultura antecedente. 
A prática da adubação depende de vários fatores, os quais devem ser previa-
mente analisados no sentido de aconselhar aos agricultores a praticarem uma aduba-
ção mais adequada, tanto sob o ponto de vista agronômico, para obter maior eficiência 
dos fertilizantes, quanto econômico, para propiciar uma maior renda líquida ao produ-
tor. A recomendação de adubação que atenda a esses princípios deve ser fundamen-
tada nos seguintes aspectos: 
1. resultados de análises de solo complementada pela análise de planta; 
2. análise do histórico da área, incluindo o sistema de cultivo, ocorrência 
de doenças e plantas daninhas; 
3. conhecimento agronômico da cultura; 
4. comportamento ou tipo da cultivar; 
5. comportamento dos fertilizantes no solo; 
6. disponibilidade de capital do agricultor para aquisição de fertilizantes; 
7. expectativa de produtividade; e 
8. custo do produto. 
Fica claro, assim, que a recomendação de adubação para o feijoeiro, bem como 
para qualquer outra cultura, depende da análise cuidadosa de todos esses fatores. 
 
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8.2.1 ADUBAÇÃO COM MACRONUTRIENTES 
 
Em Minas Gerais, as recomendações oficiais de adubação com macronutrien-
tes para a cultura do feijoeiro consideram quatro níveis de tecnologia (NT). O NT1 
inclui as lavouras para as quais são feitas calagem, adubação mineral e capina me-
cânica, as sementes são catadas manualmente, os rendimentos de grão, inferiores a 
1.200 kg ha-1. O NT2 abrange as lavouras em que se utilizam sementes fiscalizadas 
e tratadas, fazem controle fitossanitário, empregam populações próximas a 240 mil 
plantas ha-1 e apresentam rendimentos de grãos de 1.200 kg a 1.800 kg ha-1. As 
lavouras contempladas no NT3 têm rendimentos variando de 1.800 kg a 2.500 kg ha-
1 e utilizam herbicidas e irrigação. No NT4 estão as lavouras com rendimentos supe-
riores a 2.500 kg ha-1 e que se utilizam de um bom manejo de irrigação e de doses 
maiores de fertilizantes. 
Em todos os níveis tecnológicos as doses recomendadas de fósforo e potássio 
são aplicadas integralmente no plantio, enquanto a dose de nitrogênio é aplicada parte 
no plantio e parte em cobertura, conforme recomendação apresentada na Tabela 1, a 
qual deve ser utilizada com os resultados da análise de amostra do solo em mãos. 
Para que a adubação nitrogenada em cobertura seja eficiente, o solo deve estar 
úmido e, sempre que possível, o adubo nitrogenado deve ser incorporado, principal-
mente no caso de se tratar de fonte uréia. 
Nos níveis tecnológicos NT1 e NT2, a adubação nitrogenada em cobertura 
deve ser realizada de uma única vez, no período de 25 a 30 dias após a emergência 
(DAE), em filete lateral às plantas. Nos níveis NT3 e NT4 a cobertura nitrogenada deve 
ser parcelada, metade aos 20 DAE e metade aos 30 DAE, podendo ser aplicada tam-
bém via água de irrigação - que, nesse caso, facilitará a incorporação. 
É importante lembrar que, em se tratando do sistema plantio direto, poderá ha-
ver, nos primeiros anos, uma maior demanda por nitrogênio, o que deverá ser melhor 
avaliado por um engenheiro agrônomo. 
Em solos com baixos teores de magnésio e/ou enxofre é recomendável aplicar 
20 kg ha-1 desses nutrientes. 
 
 
 
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Tabela 1. Recomendação de adubação da cultura do feijoeiro com macronutri-
entes. 
Nível 
tecnológ. 
N 
plantio 
P no solo K no solo N 
cobertura Baixo Médio Bom Baixo Médio Bom 
------ dose de P2O5 ----- -------- dose de K20 --
------ NT1 20 70 50 30 30 20 20 20 
NT2 20 80 60 40 30 20 20 30 
NT3 30 90 70 50 40 30 20 40 
NT4 40 110 90 70 50 40 20 60 
 
 
8.2.2ADUBAÇÃO COM MICRONUTRIENTES 
 
Com relação aos micronutrientes, existem recomendações generalizadas para 
o boro, o zinco e o molibdênio. 
Constatando-se deficiências de boro e/ou zinco, sugere-se a aplicação de 1 kg 
ha-1 de boro e de 2 kg a 4 kg ha-1 de zinco na mistura de adubos no plantio. No caso 
do molibdênio, a aplicação foliar, na dose de 60 g ha-1, tem-se mostrado mais efici-
ente. Nesse caso, tanto o molibdato de sódio como o de amônio podem ser usados 
como fonte de molibdênio, mesmo que a calda a ser aplicada inclua defensivos usuais 
da cultura. A melhor época de aplicação foliar de molibdênio coincide com a da adu-
bação nitrogenada em cobertura. Faz-se oportuno ressaltar que no sul de Minas Ge-
rais, quando o solo apresenta pH acima de 5,7-5,8, não são esperados efeitos bené-
ficos da adubação molíbdica pois, nessa situação, os teores nativos de molibdênio 
disponíveis no solo são, geralmente, suficientes para se obterem boas produções de 
feijão. 
Na maioria das vezes, os produtos aplicados não propiciam bons resultados 
pelo simples fato de o solo não apresentar deficiências, o que só pode ser comprovado 
pela análise laboratorial. Uma vez constatada a necessidade de determinados ele-
 
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mentos, no entanto, a aplicação da fórmula adequada deve ser feita, preferencial-
mente, no solo. Na Tabela 2 estão relacionadas algumas sugestões para a correção 
de deficiências dos principais micronutrientes. 
 
Tabela 2. Sugestões para a correção de deficiências de micronutrientes. 
 
 Medida corretiva 
Micronutriente Solo (kg ha-1) Fonte Foliar (400 L de H2O ha-1) 
Boro 1,0 - 2,0 H3BO3 0,1% - 0,25% (bórax) 
 Bórax 0,1% - 0,2% 
Cobre 1,0 - 2,0 CuSO4 2% (FeSO4 ) 
Ferro ? - 0,02% - 0,05% (quelato) 
Manganês 10,0 - 30,0 MnSO4 0,1% 
Molibdênio 0,5 - 2,0 Molib. Na 0,07% - 0,1% 
 Molib. NH4 
Zinco 3,0 - 5,0 ZnSO4 0,1% - 0,5% (ZnSO4 ) 
 ZnO 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
PAULA JÚNIOR, T. J et al. Feijão. In: PAULA JÚNIOR, T, J.; VENZON, M. (Ed.). 
101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas, Belo Horizonte, EPAMIG, 2007. p. 
331-342. 
ROSOLEM, C. A.; MARUBAYASHI, O. M. Sejao doutor do seu feijoeiro. Arquivo 
do agrônomo – n. 7. Encarte do informações agronômicas – n. 68, dezembro, 94. 
SANTOS, I. C. dos.; FONTANÉTTI, A. Feijão-de-porco. PAULA JÚNIOR, T, J.; 
VENZON, M. (Ed.). 101 Culturas: Manual de tecnologias agrícolas, Belo Horizonte, 
EPAMIG, 2007. p. 349-350. 
VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T. J.; BORÉM, A. Feijão. 2. ed. Viçosa: UFV, 2006. 
600p.

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