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BIOQUIMICA CLÍNICA Tipos de amostras: coleta e material biológico Ana Daniela Coutinho Vieira OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar os principais fluidos utilizados no setor de bioquímica clínica. > Reconhecer a importância da manipulação correta das amostras e as pre- cauções que devem ser tomadas quanto à segurança. > Diferenciar os processos envolvidos na coleta e no manuseio de amostras no setor bioquímica clínica. Introdução A qualidade de um exame bioquímico está diretamente ligada à qualidade da amostra biológica recebida. Quanto mais adequada e bem preservada for a amos- tra, maior será a chance de o resultado representar, com fidelidade e segurança, o estado metabólico do paciente, seja em condições fisiológicas ou patológicas. Neste capítulo você conhecerá quais são as principais amostras biológicas utilizadas em análises do setor de bioquímica. Também verá de que forma essas amostras podem ser obtidas e a que critérios a sua coleta e o seu manuseio devem obedecer para manter a integridade dos analitos de interesse. Amostras biológicas utilizadas em bioquímica clínica A maioria dos exames bioquímicos utiliza amostras de sangue ou de urina, devido à facilidade de obtenção desses espécimes. Entretanto, em caso de necessidade, outras amostras podem ser utilizadas, tais como: fezes, líquido cefalorraquidiano (LCR), saliva, líquido pleural, líquido ascítico, líquido sino- vial e aspirados, além de, mais raramente, fragmentos de cálculos e tecidos. As amostras de sangue destacam-se, pois além de serem facilmente colhidas, podem ser utilizadas de diferentes formas, como o soro, plasma, sangue total venoso ou arterial e de sangue capilar. O soro é a forma mais utilizada em bioquímica e é obtido a partir da centrifugação do sangue total. Neste caso, o sangue deve ser coletado sem anticoagulantes e, após a coa- gulação, é centrifugado para que as células se depositem na porção inferior do tubo de amostra, gerando um sobrenadante, o soro. Para este tipo de amostra, deve-se levar em consideração o tempo decorrente entre a coleta sanguínea e a obtenção do soro, pois analitos mais instáveis podem perder suas características. Já as amostras de plasma são obtidas a partir da coleta com o uso de tubos com anticoagulantes, para evitar que ocorra a coagulação e, também, para conservação de determinados analitos. São centrifugadas, posteriormente, da mesma forma que as amostras de soro, diferindo apenas no fato de que o sobrenadante será chamado de plasma, pois ainda mantém intactos os fatores de coagulação e o fibrinogênio (Figura 1) (MCPHERSON; PINCUS, 2012; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Figura 1. Após o procedimento de centrifugação do sangue total, obtém-se sobrenadantes de soro (sem anticoagulante) ou plasma (com anticoagulante). Fonte: Adaptada de Soleil Nordic/Shutterstock.com. Tipos de amostras: coleta e material biológico2 Por sua vez, as amostras de urina são ainda mais fáceis de serem obtidas, não necessitando de dispositivos invasivos de coleta, na maioria dos casos. Em geral, a colheita é feita pelo próprio paciente e pode apresentar especificidades de acordo com o exame a ser realizado. Em bioquímica, as amostras urinárias mais utilizadas são a urina de 24 horas e a urina aleatória. A urina de 24 horas é obtida a partir da segunda micção da manhã (a primeira deve ser descartada) e deve compreender todas as micções subsequentes no período de 24 horas (esvazia-se a bexiga, marca-se o horário e, a partir daí, coleta-se toda a urina produzida, armazenando-a em um frasco; quando se completam as 24 horas, esvazia-se a bexiga, armazenando a última urina produzida). Para isso, frascos com capacidade de, pelo menos, 1 litro são fornecidos pelo laboratório para acondicionamento da amostra. Dependendo do caso podem ser adicionados con- servantes para evitar contaminação microbiana ou alterações nos metabólitos. As urinas aleatórias, por sua vez, são coletadas uma única vez, em recipien- tes conhecidos como coletores universais. Este tipo de amostra é utilizada também nos setores de urinálise e microbiologia. Quando é destinada para análises bioquímicas, porém, deve preferencialmente ser coletada pela ma- nhã, pois é o momento em que os seus elementos constituintes estão mais concentrados, devido ao tempo prolongado sem micção durante a noite, e o seu pH está reduzido, em decorrência da diminuição da frequência respiratória durante o sono (MCPHERSON; PINCUS, 2012; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Em alguns casos especiais, a amostra de urina pode ser obtida por outros procedimentos. Para pacientes com comprometimento do controle de micção, como em crianças, a coleta pode ser realizada utilizando-se um saco coletor específico. Em alguns casos, entretanto, procedimentos mais invasivos são necessários para que se obtenha amostras de urina diretamente da bexiga ou dos ureteres. Para isso, são utilizados os seguintes procedimentos: ca- teterismo vesical, no qual um cateter é introduzido na uretra e segue até os ureteres, passando pela bexiga; e punção suprapúbica, na qual a urina é coletada a partir da introdução de uma agulha na região do abdômen para a obtenção de amostra diretamente da bexiga. O cateterismo pode ser utilizado para obter amostras para avaliações da função renal individual de cada rim, e a punção suprapúbica é mais utilizada para investigações microbiológicas. Estes tipos de coletas são menos frequentes e devem ser realizadas por profissionais capacitados para tal (RECOMENDAÇÕES..., 2017). A obtenção de amostras de outros líquidos corporais como aspirados, LCR, líquido sinovial, ascítico ou pleural, são procedimentos médicos e, portanto, a amostra não é coletada nem pelo paciente e nem pelo laboratório. As amos- tras de LCR são obtidas através de uma punção lombar e, geralmente, são Tipos de amostras: coleta e material biológico 3 utilizadas para investigação de meningites, hemorragias e doenças malignas ou neurodegenerativas. No setor de bioquímica, as principais dosagens em LCR são glicose, proteínas e lactato (MCPHERSON; PINCUS, 2012; BARCELOS; AQUINO, 2018). Os demais líquidos corporais também são obtidos por procedimentos específicos. O líquido ascético, por paracentese e utilizado para avaliação de derrames peritoneais e distúrbios no transporte de líquidos e eletrólitos; o líquido pleural, por toracentese para a avaliação de derrames pleurais; o líquido sinovial, por artrocentese e utilizado para o diagnóstico de doenças articulares, como artrites infecciosas ou induzidas por cristais; o líquido amniótico, por amniocentese e utilizado para avaliação do estado de saúde do feto em diagnósticos pré-natais e avaliações de maturidade e sofrimento fetal; e também o líquido seminal, que pode ser utilizado em análises bio- químicas, principalmente para investigações de infertilidade. De preferência, estas coletas devem ser realizadas pelo paciente no laboratório, pois a aná- lise deve ser realizada o mais brevemente possível após a coleta. Em casos de impossibilidade, as amostras coletas em casa devem ser entregues ao laboratório em, no máximo, 30 minutos (BARCELOS; AQUINO, 2018). Obtenção e manipulação de amostras biológicas A coleta de materiais biológicos é uma das primeiras etapas do diagnóstico, e acontece efetivamente no laboratório de análises clínicas, dentro da fase pré-analítica. Para que uma amostra biológica seja representativa na real situação do paciente, é necessário que haja uma correlação entre a indicação clínica da solicitação, a amostra obtida e os exames realizados. Ou seja, qual foi a amostra solicitada? Há alguma especificação em relação ao momento da coleta? Esta é a amostra mais adequada para esta suspeita clínica? Nesse momento, uma boa comunicação entre laboratório, paciente e médico é fun- damental (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). O cadastro e a identificação das amostras são etapas críticas e devem ser focados no máximo de segurança de informações possível. Recomenda-se, pela Resolução de Diretoria Colegiada 302/2005 da Anvisa, que o cadastro do paciente inclua: número de identificação do paciente no sistema do laborató- rio, nome completo, idade, sexo e local de procedência do paciente, telefone e endereço (em coletas ambulatoriais, principalmente), nome e contato do responsável em caso de menores de idade ou incapacitados, data e horário Tipos de amostras: coleta e material biológico4 da coleta, nome do solicitante, exames requisitados e tipo de amostra. Além destes dados obrigatórios, recomenda-se que no momento do cadastro do paciente e de seus exames, logo antes da coleta, sejam disponibilizadas e conferidas as informações referentes a jejum, dieta, uso de medicamentos, etilismo, tabagismo, atividades físicas e quaisquer outras informações que possam auxiliar na interpretação posterior dos resultados. Nas coletas que são realizadas no laboratório, sempre que possível, o paciente deve ficar em repouso de 15 a 20 minutos antes do procedimento de coleta, para minimização de interferentes. Em alguns casos o repouso requisitado pode ser maior, como nas dosagens de prolactina, catecolaminas plasmáticas e testes funcionais, em que o ideal é um repouso de 30 minutos. Após esse descanso o paciente deve ser acomodado em uma cadeira própria, preferencialmente com um apoio para o braço. Em ambientes hospitalares a coleta também é realizada no leito. Nesse momento, é importante que haja uma conferência da identificação do paciente, com apresentação de documento com foto, e uma confirmação das identificações dos tubos e recipientes de coleta pelo paciente e pelo coletador, a fim de evitar possíveis trocas de amostra e erros pré-analíticos. É nesta etapa também que o pro- fissional responsável pela coleta deve conferir se possui todos os materiais necessários para o procedimento à disposição e com fácil acesso. Atualmente, todos os materiais utilizados na coleta sanguínea são descartáveis, para evitar possíveis contaminações e garantir uma maior biossegurança para o paciente e para os profissionais (MCPHERSON; PINCUS, 2012; XAVIER; DORA; BARROS, 2016, FLEURY, 2019). A venopunção, ou flebotomia, é a técnica pela qual o sangue venoso é coletado, e exige uma série de cuidados que serão abordados de forma mais detalhada a seguir (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; FLEURY, 2019). Escolha do local de punção — Tradicionalmente a coleta é realizada na fossa antecubital, na área anterior do antebraço. As veias preferenciais são a cubital mediana e a cefálica. Outras opções também podem ser utilizadas para a venopunção, como as veias do dorso da mão (arco venoso dorsal tem maior calibre). Outras veias localizadas no membro superior podem ser utilizadas, em últimos casos, mas não são as mais recomendadas pois causam maior desconforto e dor ao paciente, com maior probabilidade de desenvolvimento de hematomas. Tipos de amostras: coleta e material biológico 5 Visualização da veia — As veias nem sempre são visualmente identificáveis, por isso a palpação é um recurso útil na sua localização. A aplicação do torniquete também facilita consideravelmente a visualização das veias. Mais recentemente, foram desenvolvidos sistemas de visualização transdérmica para uma localização mais precisa das veias, e a cada dia esses dispositivos são mais utilizados. Torniquete — O torniquete deve ser posicionado a, aproximadamente, 7 cm acima do local de punção, e não deve exceder o tempo de 1 minuto, pois pode gerar erros analíticos, o que será abordado mais adiante neste capítulo. Caso seja necessário utilizar o torniquete novamente, deve ser respeitado um tempo de 2 minutos de intervalo. Recomenda-se também que as amostras para dosagens de lactato e cálcio sejam colhidas sem a utilização de torniquete. Assepsia — Após a determinação de local da coleta e a visualização da veia, deve ser realizada uma assepsia local com gaze ou algodão umedecido com solução asséptica (ex.: álcool 70%, álcool isopropílico), em movimentos rota- tórios de dentro para fora. Deve-se aguardar que a solução asséptica seque completamente antes de iniciar a punção, e tomar cuidado para não tocar mais no local higienizado. Coleta de amostra — Existem duas técnicas principais para a coleta de amos- tras de sangue: com seringa e agulha e a vácuo. Entretanto, a coleta a vácuo é extensivamente mais recomendada, pois é mais segura e eficaz. Mais segura, por tratar-se de um sistema de coleta fechado, e portanto, com uma tendência menor de acidentes perfurocortantes e de manipulação da amostra. E mais eficaz pois gera amostras de maior qualidade, uma vez que respeita a relação entre os níveis de amostra e aditivo pela aspiração do volume adequado de sangue, evitando a formação de microcoágulos e a diluição da amostra. Um passo a passo detalhado sobre as técnicas de coleta a vácuo e com seringa estão disponíveis no “Manual de Coleta em Laboratório Clínico”, de Fleury, do Programa Nacional de Controle de Qualidade. Os principais tubos de coleta utilizados em bioquímica estão discriminados no Quadro 1, juntamente com os mecanismos de ação pelos quais obtém-se amostras de soro ou plasma. Mas além da escolha do aditivo correto, a ordem Tipos de amostras: coleta e material biológico6 dos tubos também é um possível interferente importante. Por isso, há uma ordem predefinida para os tubos de coleta, que ocorre da seguinte forma: 1. frascos de hemocultura (Microbiologia); 2. tubo sem aditivo 3. tubo de sódio-citrato (Hematologia); 4. tubos de soro com ativador de coágulo ou gel separador (Bioquímica e Imunologia); 5. tubos com EDTA (Hematologia) 6. tubos com heparina (Bioquímica); 7. tubos com fluoreto (Bioquímica). Esse protocolo existe para evitar que o aditivo de um tubo exerça in- fluência em amostras de outro tubo, como será abordado mais adiante na seção de interferentes analíticos. Ainda na etapa de coleta de sangue, outro ponto importante é a escolha da agulha, uma vez que agulhas com calibres inferiores ao necessário para o volume de sangue a ser coletado também podem causar hemólise (MCPHERSON; PINCUS, 2012; XAVIER; DORA; BARROS, 2016; FLEURY, 2019). Quadro 1. Principais tubos de coleta utilizados em bioquímica e seus me- canismos de ação Cor da tampa do tubo Aditivo Amostra Aplicação Mecanismo de ação Vermelha Sem aditivo ou ativador de coagulação. Soro Bioquímica e Imunologia Ativação da coagulação com sílica. Verde Heparina lítica ou sódica. Plasma Bioquímica Inibição da coagulação pela ação da antitrombina III, neutralizando a trombina e evitando a formação de fibrina. (Continua) Tipos de amostras: coleta e material biológico 7 Cor da tampa do tubo Aditivo Amostra Aplicação Mecanismo de ação Azul royal Heparina sódica + Na2EDTA Plasma Bioquímica e Toxicologia Inibição da coagulação pela inibição da formação de trombina pela heparina e quelação do cálcio pelo Na2EDTA. Cinza Fluoreto de sódio + Iodoacetato de lítio Plasma Bioquímica (glicemia) Inibição da via glicolítica. Fonte: Adaptado de McPherson e Pincus (2012). Após a coleta, as amostras sanguíneas devem ser encaminhadas para o setor analítico o mais brevemente possível, tanto pela estabilidade dos ana- litos quanto pela necessidade de centrifugação e separação das amostras. A menos que haja recomendação específica, as amostras recém coletadas devem ser mantidas em temperatura ambiente. Entretanto, o soro e o plasma não devem ser mantidos à temperatura ambiente por mais de 8 horas, por isso, caso não seja possível realizar a coleta dentro deste período, as amostras devem ser refrigeradas em temperatura entre 2 e 8°C (FLEURY, 2019). A coleta de sangue arterial, utilizada principalmente em dosagens de gases sanguíneos, é mais incomum e pode ser mais complexa que a coleta venosa. Primeiramente, pelo cuidado necessário para a localização das arté- rias e pela dificuldade de estancamento do fluxo sanguíneo, pois as artérias exercem uma maior pressão do que as veias. Em segundo, essas coletas são mais dolorosas para o paciente. Mas o ponto mais crítico neste tipo de coleta é a atenção para a ocorrência de espasmo arterial, que é uma constrição reflexiva da artéria, com potencial para causar danos e comprometimento à circulação local. Para as análises de gasometria, utilizam-se seringas com o anticoagulante heparina, e, após a obtenção da amostra, o material deve ser corretamente vedado para evitar evaporação de gases e alterações de pH, e deve ser enviado ao laboratório o mais rápido possível, para que sua análise ocorra, preferencialmente, em até 15 minutos (MCPHERSON; PINCUS, 2012; XAVIER; DORA; BARROS, 2016). (Continuação) Tipos de amostras: coleta e material biológico8 Já a coleta de sangue capilar é bastante simples e é realizada, principal- mente, em pacientes pediátricos. Em geral, essas punções são realizadas com uma lanceta na superfície lateral ou medial do calcanhar, para lactentes, ou na superfície palmar dos dedos das mãos para crianças maiores e adultos. Devido ao pequeno volume obtido por essa técnica, seu uso é mais limitado em relação às amostras obtidas por flebotomia (MCPHERSON; PINCUS, 2012; FLEURY, 2019). Quanto às amostras de urina, por serem coletadas pelo próprio paciente, é imprescindível que o laboratório forneça orientações claras quanto ao procedimento de coleta e acondicionamento da amostra, preferencialmente de forma verbal e escrita. O paciente deve ser orientado quanto ao melhor horário para a coleta: primeira da manhã ou após, pelo menos, 2 horas da última micção, para amostras aleatórias; ou, ainda, a coleta durante 24 horas. Também deverá ser orientado quanto à necessidade de uma rigorosa higiene dos órgãos genitais previamente à coleta, a fim de evitar contaminações e comprometimento da amostra (deve-se iniciar com a higienização das mãos, e posteriormente realizar uma cuidadosa higienização dos órgãos genitais, ambos com água e sabão). Para a coleta propriamente dita, o paciente deve desprezar o primeiro jato de urina e coletar o restante no recipiente ade- quado. Estes recipientes deverão ser os fornecidos pelo laboratório, limpos, de boca larga, com tampa rosqueável, à prova de vazamentos e corretamente identificados. Preferencialmente, a amostra deve ser mantida em tempera- tura ambiente, mas caso a entrega ao laboratório não possa ser feita em até 2 horas, a amostra deve ser refrigerada e protegida da luz, e enviada ao laboratório o quanto antes (RECOMENDAÇÕES..., 2017). Interferentes analíticos Para que os exames gerem resultados fidedignos e correlacionados com a situação clínica do paciente, é imprescindível que as amostras que che- gam ao setor analítico sejam as melhores possíveis. Para isso, as etapas de requisição, preparo, cadastro, coleta e acondicionamento das amostras devem ser realizadas com o máximo de cuidado e atenção às recomendações. Entretanto, é justamente na etapa pré-analítica que ocorrem a maioria dos erros e interferentes laboratoriais. Por isso, nesta seção abordaremos as principais causas de erros pré-analíticos, com que alterações elas se correlacionam e de que forma podem ser evitadas. Para uma melhor didática, essas causas serão divididas em fatores relacionados ao paciente e fatores relacionados ao procedimento de coleta propriamente dito. Tipos de amostras: coleta e material biológico 9 Fatores inerentes ao paciente Antes de um aprofundamento em relação a estes fatores, é importante salien- tar que, apesar de serem relacionados ao paciente, a prevenção e o manejo de tais erros é de responsabilidade do laboratório, que deve informar e orientar corretamente o paciente e também conferir e questionar as informações no momento do cadastro dos exames. As recomendações pré-coleta iniciam geralmente com a determinação do tempo de jejum necessário, que costuma ser de 8 horas sem a ingestão de qualquer tipo de alimento, mas podem ser adequadas para até 4 horas dependendo da especificidade de cada caso. Em crianças e lactantes, por exemplo, há uma dificuldade maior em manter um jejum prolongado, por isso, nestes casos geralmente a duração do jejum pode ser reduzida. Vale lembrar que a ingestão de água e de medicamentos de uso contínuo deve ser mantida, a não ser que haja solicitação médica para a sua suspensão. Por outro lado, em casos de jejum prolongado (acima de 12 horas) pode ocorrer uma indução ao estresse fisiológico no corpo, causando alterações hormonais como elevação de cortisol e redução de TSH (hormônio esti- mulador da tireoide), LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo estimulante). Dosagens bioquímicas de bilirrubina, triglicerídeos, glicerol ácidos graxos, ureia e ácido úrico também podem sofrer alterações devido ao jejum excessivo (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; BARCELOS; AQUINO, 2018; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Em 2016, um conjunto de sociedades brasileiras relacionadas aos setores de análises clínicas e de medicina uniram-se na elaboração e publicação do “Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico”. Este documento faz uma atualização em relação à possibilidade de flexibilização do jejum para os testes de perfil lipídico, tais como coles- terol total, colesterol LDL, colesterol HDL, colesterol não HDL e triglicérides (CONSENSO..., [2016]). Segundo esta nova recomendação, mediante solicitação, poderá ser realizada a dosagem destes analitos sem a necessidade de jejum, desde que esta condição esteja especificada no laudo e que não sejam dosados outros analitos que requisitem jejum. Essa decisão levou em consideração o fato de que é o estado alimentado que perdura durante a maior parte do dia, e não o jejum, podendo, assim, o exame (neste formato) fornecer uma representação mais realista do risco cardiovascular do paciente. Além disso, considerou a modernização das técnicas analíticas, que atualmente sofrem menor interferência pela turbidez das amostras e a praticidade de uma maior amplitude de horários para a realização de exames. Tipos de amostras: coleta e material biológico10 A dieta adotada pelo paciente também pode influenciar nos resultados la- boratoriais, mesmo que o jejum seja efetuado. Pessoas com hábitos alimentares vegetarianos, por exemplo, podem apresentar redução das lipoproteínas LDL e VLDL, além de colesterol total e triglicérides. Já pessoas com dietas ricas em carnes vermelhas e outras fontes proteicas podem apresentar elevações nos níveis séricos de ureia e amônia, e se a dieta rica em proteínas for acompanhada de quantidades diminutas de carboidratos, há um aumento na concentração urinária de cetonas. Já dietas ricas em lipídios e carboidratos podem gerar amostras com lipemia, que também é um interferente bastante frequente nas amostras sanguíneas. A lipemia pode ser descrita como a presença de lipídios em excesso no sangue, e pode ocorrer em amostras de coleta pós-prandial, ou seja, logo após uma refeição. Esses níveis elevados de lipídios consistem em um interferente laboratorial pelo fato de causarem turbidez na amostra, em decorrência das numerosas partículas lipídicas, e interferirem em metodolo- gias turbidimétricas, como em dosagens de colesterol, bilirrubinas, colesterol, albumina, enzimas hepáticas, cálcio, creatinina, entre outras. Esse aspecto turvo ou leitoso geralmente ocorre a partir de níveis de triglicérides acima de 400 mg/dL e pode ser devido a distúrbios metabólicos ou a jejum inadequado (MCPHERSON; PINCUS, 2012; XAVIER; DORA; BARROS, 2016). Outra alteração relacionada ao aspecto do soro é a hiperbilirrubinemia. Ela ocorre quando a concentração sérica de bilirrubinas totais se encontra acima de 2,5 mg/dL, fazendo com que o plasma e o soro adquiram colorações alaranjadas (ictéricas). Também pode interferir em dosagens colorimétricas (XAVIER; DORA; BARROS, 2016). O consumo de álcool e cigarro também interfere nas análises laborato- riais. A ingestão de bebidas alcoólicas pode causar alterações nos níveis de glicose, lactato e triglicérides, quando a ingestão é esporádica, mas próxima do momento da coleta. Já a ingestão crônica costuma elevar os níveis séricos de GGT (enzima gama glutamiltransferase). Enquanto o tabagismo relaciona- -se com o aumento dos níveis de cortisol, adrenalina, GH, lactato, insulina e com a redução do colesterol HDL. O exercício físico, apesar de ser altamente recomendado para a manuten- ção da saúde, é contraindicado na véspera da colheita de material biológico. Dependendo da intensidade e do condicionamento do paciente, o exercício pode causar alterações bioquímicas consideráveis, como a elevação do lactato e de enzimas relacionadas ao metabolismo muscular como creatina quinase Tipos de amostras: coleta e material biológico 11 (CK), aldolase e aspartato aminotransferase (AST). Também pode haver redu- ção dos níveis séricos de glicose (MCPHERSON; PINCUS, 2012; XAVIER; DORA; BARROS, 2016; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Para alguns analitos, a posição corporal também exerce grande influência nos resultados dos exames. Quando um paciente muda a posição, de decúbito para uma posição ereta, por exemplo, pode ocorrer extravasamento de líquido (água e substâncias filtráveis) do espaço intravascular para o intersticial, elevando a concentração do sangue. Com essa falsa concentração, podem ocorrer dosagens erroneamente elevadas de proteínas, especialmente albu- mina, e lipoproteínas como HDL, LDL e VLDL. Alguns analitos podem apresentar variações em suas dosagens devido a va- riações cronobiológicas, ou seja, que são relacionadas com os ciclos circadiano, ultradiano e infradiano. O ciclo circadiano pode ser descrito como um ciclo de variabilidade que ocorre em um período de um dia - 24 horas, e determina as recomendações para uma série de exames bioquímicos. Como exemplos, tem-se as dosagens séricas de ferro, creatinina e ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), que devem ser realizadas no período da manhã, pois é quando apresentam seus níveis mais elevados, proporcionando condições ótimas de resultados. De forma semelhante, a maioria dos eletrólitos, como sódio, potássio e fosfato, apresenta maiores concentrações em urinas coletadas pela manhã. O ciclo ultradiano, por sua vez, engloba alterações que ocorrem em um período inferior a 24 horas, como é o caso dos picos hormonais de testosterona. Já o ciclo infradiano envolve variações mais espaçadas, acima de 24 horas, como a variação hormonal durante o ciclo menstrual, por exemplo (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; BARCELOS; AQUINO, 2018; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). O conhecimento sobre o horário de coleta é crítico, principalmente em exames hormonais, e por isso sempre que possível deve ser realizado um agendamento para data e horários de coleta. Porém, quando não for possível realizar a coleta nos parâmetros recomendados, sugere-se que o horário da coleta seja liberado juntamente com o resultado no laudo, para uma melhor interpretação clínica. Os medicamentos utilizados pelo paciente também podem causar alterações in vivo e in vitro nos exames laboratoriais. Um exemplo de interferência in vivo, ou seja, que afeta o metabolismo do paciente, é a administração de glicocor- ticoesteroide, que pode causar uma elevação na concentração de glicose no sangue, por ser um medicamento diabetogênico. Porém, com a suspensão da medicação, os níveis provavelmente retornariam ao normal, pois não se trata de um quadro diabético verdadeiro, apesar de o resultado de um exame realizado durante esta terapia possivelmente indicar isso. Outras formas de alterações medicamentosas in vivo podem ocorrer pela lesão tecidual e por alterações Tipos de amostras: coleta e material biológico12 de funções dos órgãos, como acontece com uma série de medicamentos que sobrecarregam o fígado e geram alterações nos marcadores hepáticos (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Já as alterações in vitro são relacionadas à interferência pela interação entre um determinado medicamento e a técnica analítica usada na amostra já coletada. Por exemplo, doses elevadas de ácido ascórbico (vitamina C) podem interferir em metodologias de dosagem de glicose que sejam baseadas em reações redutoras, causando resultados falsamente elevados. A presença de paracetamol em doses elevadas na corrente sanguínea também é um bom exemplo, pois pode causar valores reduzidos nas dosagens de analitos quando a metodologia é baseada na reação de Trinder, como pode ser o caso de testes de creatinina, glicose, LDH (lactato desidrogenase) e alguns lipídios (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Ainda neste tópico, para a monitorização dos níveis de medicamentos terapêuticos, o planejamento da coleta de material biológico deve adequar- -se à farmacocinética do medicamento e, também, informar no laudo a data e o horário da última administração. Existem, também, variações biológicas devido ao sexo do paciente. Homens e mulheres apresentam principalmente condições hormonais distintas, mas também existem características metabólicas e bioquímicas diferentes. Por exemplo, os níveis médios de hemoglobina, fosfatase alcalina, ácido úrico, creatinina quinase, AST (aspartato aminotransferase) e ALT (alanina amino- transferase), costumam ser mais baixos em mulheres do que em homens. Da mesma forma, a faixa etária do paciente altera os parâmetros espe- rados para diversos exames, especialmente em neonatos, crianças e idosos. Novamente, ocorrem variações hormonais esperadas com o passar da idade, como a diminuição dos níveis do hormônio do crescimento (GH) após a pu- berdade e de T3 (tri-iodotironina) e ACTH em idosos. Mas além das variações hormonais, alguns analitos bioquímicos também variam com a idade, pois dependem de maturidade e capacidade funcional de órgãos e sistemas, e massa corporal. Neste sentido, as dosagens de ureia são um bom exemplo, visto que a função renal costuma sofrer um decréscimo nos idosos, causando um aumento nos níveis séricos de ureia (BARCELOS; AQUINO, 2018; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Gestantes também passam por transformações metabólicas que causam mudanças nos exames bioquímicos. Devido à retenção hídrica, por exemplo, pode ocorrer diluição do sangue (hemodiluição) e consequente falsa redução nos níveis séricos de proteínas. Tipos de amostras: coleta e material biológico 13 Fatores inerentes ao procedimento de coleta Coletas difíceis ou demoradas podem causar hemólise, ou seja, destrui- ção das hemácias com liberação do seu conteúdo intracelular para o meio externo. Esse é um dos principais interferentes laboratoriais, pois além da liberação de componentes intracelulares, a coloração avermelhada que as amostras de soro e plasma adquirem após a hemólise pode comprometer análises colorimétricas, dependendo da metodologia e do grau de hemólise. Os exemplos de analitos bioquímicos que podem ser comprometidos pela ocorrência de hemólise são variados, destacando-se o falso aumento de glicose, bilirrubinas, albumina, potássio, sódio, cálcio, ferro e LDH, e a redução errônea de insulina (MCPHERSON; PINCUS, 2012; XAVIER; DORA; BARROS, 2016; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). O torniquete, ou garroteamento prolongado pode gerar extravasamento de líquido intravascular (do plasma) para o espaço intersticial, pela estease sanguínea. Isso faz com que a amostra de sangue obtida na coleta seja mais concentrada (hemoconcentração), pela perda de água, especialmente no que diz respeito à dosagem de proteínas e substâncias ligadas a proteínas, que estarão falsamente elevadas. Outro interferente no momento da coleta são as amostras com volume reduzido, que frequentemente são obtidas em pacientes neonatos, mas podem não ser suficientes para a realização de todos os exames solicitados. Além disso, deve-se atentar à proporção entre amostra e aditivos. No momento da coleta, deve-se atentar também para o local onde será realizada a punção. Membros em que houver infusão de terapias intraveno- sas (soro, por exemplo) devem ser evitados, assim como locais próximos a hematomas preexistentes, queimaduras e membros com possível linfostase — remoção de linfonodos em decorrência de mastectomia, pois a resposta imunológica local pode ser deficitária (XAVIER; DORA; BARROS, 2016; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). A utilização de anticoagulantes e aditivos, além de exigir atenção quanto às proporções, requer um cuidado na escolha do produto para o adequado fim. Existe uma variedade de produtos que podem ser utilizados como anticoagulantes, e cada um possui uma especificidade que será mais ou menos adequada à dosagem de um analito. Por exemplo, para as dosagens de glicose, recomenda-se a utilização de fluoreto de sódio + iodoacetato de lítio, que inibem a ocorrência da glicólise, preservando os níveis do analito para a dosagem. Já o EDTA, um anticoagulante muito utilizado em hematologia para a preservação da morfologia celular, pode gerar níveis Tipos de amostras: coleta e material biológico14 falsamente elevados de potássio e falsamente reduzidos de cálcio, caso seja erroneamente utilizado em bioquímica. A heparina, por sua vez, é bastante útil para as análises de íons, porém deve haver um cuidado na escolha do tipo de heparina: a heparina sódica não pode ser utilizada em dosagens de sódio, e a heparina lítica não pode ser utilizada em dosagens de lítio; pois estas substâncias estarão falsamente elevadas por serem constituintes da substância anticoagulante (MCPHERSON; PINCUS, 2012; MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Mais exemplos de interferências em dosagens bioquímicas pelo uso de anticoagulantes podem ser observadas no Quadro 2. Quadro 2. Interferências pelo uso de anticoagulantes em dosagens bioquímicas Aditivo/ Anticoagulante Dosagem Efeito EDTA � Fosfatase alcalina � Creatina quinase (CK) � Cálcio � Ferro � Sódio � Potássio � Inibição � Inibição � Diminuição � Diminuição � Aumento � Aumento Citrato � Alanina aminotransferase (ALT) � Aspartato aminotransferase (AST) � Fosfatase alcalina � Fosfatase ácida � Amilase � Cálcio � Sódio � Potássio � Inibição � Inibição � Inibição � Estimulação � Diminuição � Diminuição � Aumento � Aumento Heparina � Tri-iodotironina (T3) � Tiroxina (T4) � Aumento � Aumento Fluoreto � Fosfatase ácida � Fosfatase alcalina � Amilase � Creatina quinase (CK) � Alanina aminotransferase (ALT) � Aspartato aminotransferase (AST) � Diminuição � Diminuição � Diminuição � Diminuição � Diminuição � Diminuição Fonte: Adaptado de McPherson e Pincus (2012). Tipos de amostras: coleta e material biológico 15 Mesmo após o procedimento de coleta, alguns interferentes podem causar alterações nas amostras clínicas. A temperatura de armazenamento da amostra até o seu processamento deve seguir as recomendações de cada caso. A refri- geração de amostras de sangue total, por exemplo, pode gerar extravasamento do líquido intracelular para o meio extracelular (no plasma), gerando falsas elevações nas dosagens de potássio, fosfato e lactato desidrogenase, pois são compostos originalmente em maior concentração intracelular. Temperaturas de refrigeração (entre 2 e 8˚C) inibem o metabolismo celular e auxiliam na preservação de diversos analitos (MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). Substâncias fotossensíveis, como bilirrubina e algumas vitaminas, devem ser protegidas do contato com a luz, do momento da coleta até a realização da análise. Caso essa medida não seja realizada, podem ocorrer falsas reduções em suas dosagens. Nos casos de urina, também podem ocorrer interferentes. Na urina de 24 horas pode haver falha na precisão da duração do período de coleta (tempo prolongado ou reduzido). Em relação à temperatura de armazenamento, se as amostras urinárias não puderem ser analisadas rapidamente após a coleta, devem ser mantidas sob refrigeração e entregues ao laboratório o mais brevemente possível (MURPHY; SRIVASTAVA; DEANS, 2019). O conhecimento destes interferentes permite que padronizações e proto- colos de manuseio e rejeição de amostras sejam mais assertivos, e favorece a escolha de técnicas mais adequadas para o diagnóstico, uma vez que um determinado interferente pode causar alterações mais significativas em uma metodologia, mas ser indiferente em outra. Referências BARCELOS, L. F.; AQUINO, J. L. (ed.). Tratado de análises clínicas. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018. CONSENSO brasileiro para a normatização da determinação laboratorial do perfil lipídico. [2016]. Disponível em: http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/consenso_je- jum_dez2016_final.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020. FLEURY, M. K. Manual de coleta em laboratório clínico. 3. ed. [Rio de Janeiro]: Programa Nacional de Controle de Qualidade, 2019. MCPHERSON, R. A.; PINCUS, R. M. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais de Henry. 21. ed. Barueri: Manole, 2012. Tipos de amostras: coleta e material biológico16 MURPHY, M.; SRIVASTAVA, R.; DEANS, K. Bioquímica clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan: 2019. RECOMENDAÇÕES da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): realização de exames em urina. Barueri: Manole, 2017. XAVIER, R. M.; DORA, J. M.; BARROS, E. (org.). Laboratório na prática clínica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. (Consulta Rápida). Leitura recomendada BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Dire- toria Colegiada – RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005. Dispõe sobre Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. Dis- ponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_302_2005_COMP. pdf/7038e853-afae-4729-948b-ef6eb3931b19. Acesso em: 2 set. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Tipos de amostras: coleta e material biológico 17
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