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Aula 16 - Intervenção Estado na Propriedade I


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Direito Administrativo 
Professor Barney Bichara
Aula 16
(Atualização em 11/10/2017: questões de Concurso)
	- Intervenção do Estado na propriedade (I) (p. 163 a 232)
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE – 1ª PARTE
Atenção: O Decreto Lei 3.365/41 (Lei Geral de Desapropriações) sofreu uma alteração há poucos meses (no meio do ano de 2017). Foi inserido o art. 34-A, que prevê regras diferenciadas para imissão provisória na posse. A referida alteração será estudada mais adiante, mas, desde já, importante o aluno estar ciente da alteração.
Importante: Durante toda a disciplina de direito administrativo, focamos na ideia de Administração Pública (atos administrativos, administração indireta, bens da administração, etc.). Contudo, neste ponto da matéria, vamos nos referir ao Estado, à pessoa jurídica Estado. A pessoa jurídica Estado exerce funções essenciais para sobrevivência da sociedade e do próprio Estado. O Estado legisla, julga e administra. E a intervenção do Estado na propriedade pode se dar tanto através de atos administrativos quanto através de atos legislativos e judiciais.
Exemplos: (i) desapropriação cuja declaração de utilidade pública se dá por lei; (ii) instituição de servidão administrativa que se dê por decisão judicial; (iii) tombamento, que é procedimento administrativo, cujo ponto de conclusão é a inscrição no livro do tombo, feita pela Administração. Ou seja, é a intervenção da pessoa jurídica do Estado na propriedade.
Portanto, aqui, não se deve limitar a compreensão à atuação da Administração Pública, já que os outros Poderes também atuam na limitação do direito de propriedade pelo Estado.
1. FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
A mesma Constituição que qualificou o direito de propriedade como um direito fundamental, legitimou o Estado a sacrificar esse direito através de atos de intervenção que afetam a propriedade ou mesmo eliminam o direito de propriedade.
A. O domínio eminente
“Domínio eminente” não representa uma noção de patrimônio do Estado, mas é uma expressão que se refere ao Poder Político, à soberania, ao poder de império que o Estado exerce sobre todos os bens situados em seu território, inclusive sobre a propriedade.
Abrange bens privados, bens públicos e bens sujeitos a um regime anormal de propriedade (ex.: Água, espaço aéreo, subsolo).
O Estado não é dono do espaço aéreo, do subsolo, por exemplo, mas ele exerce soberania sobre tudo, exerce poder político sobre tudo. Se o Estado tem o domínio eminente, ele pode sacrificar direitos individuais em favor do bem comum.
B. A supremacia do interesse público
Se o interesse público é mais importante do que o interesse individual, e cabe ao Estado garantir a supremacia do interesse público, sempre que sacrificar um direito for necessário para o bem coletivo, o Estado estará pronto para fazê-lo. Em outras palavras, quando sacrificar a propriedade for mais interessante para o interesse público, o Estado deve tomar essa providência.
C. A função social da propriedade (art. 5º, XXIII e art. 170, III da Constituição)
Lembre-se da Constituição de Weimar de 1919 que dizia “a propriedade obriga”; “pesada a cabeça de quem usa coroa”. Ou seja, ser proprietário traz vantagens, mas também traz responsabilidades.
O proprietário é obrigado a dar à sua propriedade a devida função social. Para garantir que a propriedade cumpra a sua função social, o Estado atua. Muitas vezes, a ação estatal se materializa em um ato de intervenção, que pode, inclusive, sacrificar o direito de propriedade para garantir que a propriedade cumpra seu papel social. Ou seja, a propriedade é um direito fundamental, mas que deve servir ao interesse social. 
Previsão: Art. 5º XXIII (Dos direitos fundamentais) e Art. 170, III da Constituição (Da ordem econômica).
D. O poder de polícia do Estado (em seu sentido amplo)
Tradicionalmente, o poder de polícia fundamentava apenas uma modalidade de intervenção do Estado na propriedade, qual seja, as limitações administrativas.
Contudo, Maria Sylvia di Pietro defende que, na verdade, o poder de polícia fundamenta todas as intervenções do Estado na propriedade, já que, quando o Estado intervém na propriedade, ele limita o direito de propriedade. Por sua vez, a limitação do direito de propriedade se dá em favor do interesse público. Toda vez que o Estado limita direitos individuais para realização do interesse público, o Estado está realizando ato de polícia. 
Portanto, Maria Sylvia di Pietro também aponta esse fundamento (poder de polícia) como fundamento para a intervenção do Estado na propriedade.
Ela se posiciona neste sentido, pois entende poder de polícia em sentido amplo, ou seja, considerado como todo ato do Estado que limita o direito individual em prol do bem comum.
Em sentido estrito, poder de polícia está no CTN, é a chamada polícia administrativa.
2. MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
A doutrina, tradicionalmente, para fins didáticos, classifica as formas de intervenções do Estado na propriedade em duas modalidades:
A. Intervenção Restritiva (ou branda)
Nessas hipóteses de intervenção, a atuação estatal não destrói/extingue o direito de propriedade, ela apenas afeta o direito de propriedade. Assim, o proprietário continua sendo o proprietário, a despeito da sua propriedade ter sido afetada.
De acordo com o estudo em Direito Civil, a propriedade tem 3 atributos clássicos, quais sejam, a propriedade é absoluta (o proprietário faz o que quiser com a propriedade), exclusiva (só o proprietário usa, goza e usufrui da propriedade) e perpétua (é do proprietário para sempre).
Nas intervenções do Estado no direito de propriedade que tem natureza restritiva, o ato do Estado afeta um dos atributos da propriedade (deixa de ser exclusiva ou absoluta, por exemplo), sem, contudo, extingui-la. 
São intervenções restritivas:
1º - Limitações Administrativas; 
2º - Requisição Administrativa; 
3º - Ocupação Temporária;
4º - Servidão Administrativa; e 
5º - Tombamento.
B. Intervenção Supressiva
Na intervenção supressiva, a atuação estatal destrói (aniquila) o direito de propriedade. O proprietário deixa de ser proprietário.
São intervenções supressivas:
1º - Desapropriação (intervenção supressiva por excelência); e
2º - Requisição Administrativa quando recai sobre bens consumíveis.
Ex.: Art. 5º, XXV, da CF, em caso de guerra ou de perigo público iminente, o poder público poderá usar, transitoriamente, bens móveis, imóveis e serviços particulares, com indenização posterior, se houver dano. Ex.: em estado de guerra, o Estado requisita combustível. Neste caso, a requisição consome o combustível. Logo, o proprietário deixará de ser proprietário daquele combustível. Cuidado, pois a intervenção só irá destruir a propriedade caso a requisição consumir a propriedade em razão das características do bem.
Curiosidade: Em outubro de 2017, faz 100 anos da revolução russa (revolução Bolchevique). Quando Vladimir Lênin assume o poder em outubro de 1917, iniciou-se o comunismo de guerra, cujo lema era “pão, paz e terra”. Sendo que “pão” se referia à requisição forçada de alimentos; “paz” saída imediata da 1ª guerra mundial; e “terra” reforma agrária. Na requisição, o alimento é requisitado e consumido para atender à circunstância transitória e excepcional. Resta ao Estado indenizar.
3. PRESCRIÇÃO
O Estado pratica um ato que afeta o direito de propriedade, sacrificando-o ou causando um dano econômico. Se o ato de intervenção do Estado na propriedade lesa o direito de propriedade, o Estado deve recompor o direito de propriedade lesado. Caso o Estado não recomponha, o proprietário terá interesse de agir para ajuizar uma ação judicial e pedir a devida indenização.
O proprietário cujo bem foi afetado por ato do Estado tem o prazo prescricional de 5 anos para ajuizar a ação, cujo fundamento está previsto no art. 10 do DL 3365/1941:
Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos osquais este caducará. 
Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração.
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.
Atenção! Nota-se que, apesar do prazo ser o mesmo de outros casos (5 anos) comumente estudados em direito administrativo, o fundamento legal aqui é diferente, não é o Decreto 20.910/32, que dispõe que “qualquer direito à ação em face da fazenda pública prescreve em 5 anos”.
Exceção: Esse prazo prescricional de 5 anos não se aplica à desapropriação indireta.
Obs.: A desapropriação indireta é a desapropriação sem o devido processo legal. A Administração se apropria de bem alheio sem observar a lei. A Administração não declara; não paga indenização, etc. Contudo, ainda quando o Estado se apropria de bem alheio sem o devido processo legal, sem declarar a utilidade pública, a necessidade pública, o interesse social e sem pagar indenização, o Estado dá ao bem destinação pública. E, uma vez incorporado ao patrimônio público, uma vez dada destinação pública, esse bem não poderá ser objeto de reivindicação pelo legítimo proprietário. 
Ex.: Em um município do interior existe um hospital municipal. Ao lado do hospital municipal tem uma propriedade desocupada. O Prefeito decide ampliar o hospital e ordena a construção de novas alas no terreno desocupado. O município constrói na propriedade alheia sem declarar e sem indenizar. Certo dia, o proprietário aparece. Contudo, o proprietário não pode reivindicar, porque mais importante que seu direito individual é o serviço público de saúde. Apesar de não poder reivindicar, o proprietário tem direito a indenização. Ele decide entrar com ação judicial. Se o prazo de 5 anos para ajuizar a ação fosse aplicado na desapropriação indireta, passados 5 anos, o município iria contestar alegando prescrição. Neste caso, o município estaria adquirindo direito pelo decurso do tempo. Ora, adquirir direito pelo decurso do tempo é usucapião. Não se pode conceber a usucapião de 5 anos em favor do Estado em tais condições. Portanto, esse prazo de 5 anos não poderia se aplicar à desapropriação indireta. Por isso o STJ consolidou o seu entendimento:
STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos, nos termos da Súmula 119 do STJ e na vigência do Código Civil de 1916, e em 10 anos sob a égide do Código Civil de 2002, observando-se a regra de transição disposta no art. 2.028 do CC/2002.
Questiona-se: Porque a ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos sob a vigência do CC de 1916? Porque 20 anos, no CC/1916, era o prazo da usucapião extraordinária, e a prescrição na ação de desapropriação indireta equivale a uma usucapião extraordinária (sem justo título e sem boa-fé). 
Contudo, o Código Civil mudou e diminuiu a usucapião extraordinária de 20 para 15 anos, e de 15 para 10 anos se houver função social. Assim, após o Código Civil de 2002, o prazo prescricional para ação de desapropriação indireta passou a ser de 10 anos.
CONCLUSÃO: O prazo prescricional para ajuizar ação contra ato do Estado que afeta a propriedade é de 5 anos (regra), menos na ação de ação de desapropriação indireta, em que o prazo será de 10 anos, depois do novo Código Civil, e 20 anos, antes do novo Código Civil (exceção), observado o princípio tempus regit actum.
Acórdãos
- AgRg no AREsp 424803/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, Julgado em 25/08/2015, DJE 10/09/2015;
- REsp 1328597/TO, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, Julgado em 28/04/2015, DJE 15/05/2015; 
- REsp 1386164/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, Julgado em 03/10/2013, DJE 14/10/2013;
Decisões Monocráticas
- REsp 1559744/CE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, Julgado em 14/10/2015, Publicado em 16/10/2015.
4. LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
A. Conceito
Limitações administrativas podem ser definidas como atos legislativos ou administrativos, de caráter geral e abstrata, que criam para o proprietário obrigações positivas ou negativas, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao interesse público.[footnoteRef:1] [1: (TJRS-2016): A limitação de caráter geral, estabelecida em lei, que condiciona o uso da propriedade pelo titular chama-se de limitação administrativa.] 
As limitações administrativas ostentam natureza jurídica de poder de polícia, pois todo ato do Estado que limita direito individual em prol do bem comum é ato de polícia. No caso, o direito individual limitado é o direito de propriedade. O poder de polícia limita direitos individuais de propriedade e de liberdade de atividade em favor da coletividade.
Nota-se que as limitações administrativas são gerais, abstratas, direcionadas a proprietários indeterminados para proteger o interesse público abstratamente considerado.
Exemplos de interesse público abstratamente considerado: paisagem urbana; meio ambiente; a circulação de veículos; a coleta de lixo; a circulação de massas de ar, etc. 
Percebe-se que não se está protegendo interesse concreto, como ocorre na servidão administrativa, por exemplo. Na servidão administrativa, protege-se um bem específico, concreto, determinado. Ex.: Caso em que é sacrificada, em favor do interesse público, uma propriedade particular rural específica, por onde se pretende passar linhas de transmissão para levara energia da usina hidrelétrica, onde ela é produzida, para os centros urbanos. O interesse público é específico e concreto, qual seja, o serviço público de transmissão de energia elétrica. Neste caso, há servidão administrativa.
Exemplo de limitação administrativa: A lei que define o uso e a ocupação do solo urbano tem natureza de limitação administrativa. O Município não permite que os proprietários construam de qualquer jeito para não prejudicar a coletividade. A lei define o uso e a ocupação do solo urbano (para todas as pessoas que se enquadrarem na situação de proprietários do solo urbano de determinada área), dizendo quais áreas são comerciais, quais são residenciais e quais são industriais, por exemplo.
Outro exemplo: A criação de áreas especiais de proteção ambiental pode configurar limitação administrativa (STJ AgRg no AREsp 155302 / RJ).
Sendo assim, limitação administrativa é...
- uma determinação de caráter geral (é um ato normativo),
- por meio da qual o Poder Público impõe a proprietários indeterminados
- obrigações positivas (de fazer), negativas (não fazer) ou permissivas (tolerar)
- com o objetivo de fazer com que aquela propriedade atenda à sua função social.
Principais características: As limitações administrativas, em regra, são:
a) Atos legislativos ou administrativos de caráter geral (leis, decretos, resoluções etc);
b) Definitivas (tendem a ser definitivas, podendo, no entanto, ser revogadas ou alteradas);
c) Unilaterais (impõem obrigações apenas ao proprietário);
d) Gratuitas (porque o Estado não precisa pagar indenização aos proprietários);
e) Intervenções que restringem o caráter absoluto da propriedade.
B. Atributo da propriedade afetado
De acordo com o estudo em Direito Civil, a propriedade tem 3 atributos clássicos, quais sejam, a propriedade é absoluta (o proprietário faz o que quiser com a propriedade), exclusiva (só o proprietário usa, goza e usufrui da propriedade) e perpétua (é do proprietário para sempre).
Quando o Estado, para condicionar o direito de propriedade ao bem-estar coletivo, impõe sobre a propriedade uma limitação, atinge o caráter absoluto da propriedade. Ou seja, o proprietário não pode mais fazer o que quiser com a propriedade.
Ex.: o proprietário deve, por exemplo, para ocupar o solo urbano, observando a Lei de uso e ocupação do solo. Não poderá construir para comércio, mas apenas para residência, por exemplo.
Ex.: Se o proprietário tem uma fazenda no Vale do Paraíba, que possui cobertura vegetal de mata atlântica, ele não pode decidir desmatar todos os pés de pau-brasil da propriedade. Ele não pode fazer isso, porque a mata é de preservação.
Por esse motivo,fala-se em relativização do direito de propriedade, porque a limitação administrativa relativiza o direito de propriedade, já que o proprietário não pode fazer o que ele quer com a propriedade.
C. Indenização ($$$)
Não gera direito a indenização. Em regra, a limitação administrativa não gera direito a indenização, primeiro, porque ela é geral, abstrata e voltada para proprietários indeterminados. Se o ato é geral, abstrato e voltado para proprietários indeterminados, não há dano. Se não há dano, não há direito a indenização.
Lembre-se: O Art. 37, §6º, da CF traz a responsabilidade objetiva das pessoas de direito público, inclusive do Estado (“as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes nesta qualidade causarem a terceiros, ressalvado o direito de regresso contra o causador do dano nas hipóteses de dolo”). 
Sendo a responsabilidade do Estado objetiva, o Estado responde por atos lícitos e por atos ilícitos que geram danos a terceiros. O que importa é se o Estado praticou um ato, e se este ato causou um dano. Assim, a limitação administrativa não gera direito a indenização, porque ela não produz dano, já que é geral, abstrata e voltada para proprietários indeterminados.
Cuidado! Se a limitação administrativa provocar danos, ela gera para o Estado o dever de indenizar. Como visto, toda vez que o Estado produz dano, ele tem que indenizar, seja por ato lícito ou ilícito. Ex.: se o sujeito é proprietário de uma área e o Estado pratica um ato que produz dano. Há direito a indenização. O proprietário tem que demonstrar o dano. Se o proprietário demonstrar um dano decorrente de uma limitação administrativa, fará jus a indenização.
Exemplo de exceção: A possibilidade de indenização de áreas onde a cobertura vegetal e a limitação administrativa esvaziam o conteúdo econômico da propriedade (nesse caso, houve dano):
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ESTAÇÃO ECOLÓGICA - RESERVA FLORESTAL NA SERRA DO MAR - PATRIMÔNIO NACIONAL (CF, ART. 225, PAR.4.) - LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA QUE AFETA O CONTEÚDO ECONÔMICO DO DIREITO DE PROPRIEDADE DIREITO DO PROPRIETÁRIO À INDENIZAÇÃO - DEVER ESTATAL DE RESSARCIR OS PREJUÍZOS DE ORDEM PATRIMONIAL SOFRIDOS PELO PARTICULAR - RE NÃO CONHECIDO.
- Incumbe ao Poder Público o dever constitucional de proteger a flora e de adotar as necessárias medidas que visem a coibir práticas lesivas ao equilíbrio ambiental. Esse encargo, contudo, não exonera o Estado da obrigação de indenizar os proprietários cujos imóveis venham a ser afetados, em sua potencialidade econômica, pelas limitações impostas pela Administração Pública. - A proteção jurídica dispensada as coberturas vegetais que revestem as propriedades imobiliárias não impede que o dominus venha a promover, dentro dos limites autorizados pelo Código Florestal, o adequado e racional aproveitamento econômico das árvores nelas existentes. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais em geral, tendo presente a garantia constitucional que protege o direito de propriedade, firmou-se no sentido de proclamar a plena indenizabilidade das matas e revestimentos florestais que recobrem áreas dominiais privadas objeto de apossamento estatal ou sujeitas a restrições administrativas impostas pelo Poder Público. Precedentes.
- A circunstância de o Estado dispor de competência para criar reservas florestais não lhe confere, só por si - considerando-se os princípios que tutelam, em nosso sistema normativo, o direito de propriedade -, a prerrogativa de subtrair-se ao pagamento de indenização compensatória ao particular, quando a atividade pública, decorrente do exercício de atribuições em tema de direito florestal, impedir ou afetara válida exploração econômica do imóvel por seu proprietário. - A norma inscrita no ART.225, PAR.4., da Constituição deve ser interpretada de modo harmonioso com o sistema jurídico consagrado pelo ordenamento fundamental, notadamente com a cláusula que, proclamada pelo art. 5., XXII, da Carta Politica, garante e assegura o direito de propriedade em todas as suas projeções, inclusive aquela concernente a compensação financeira devida pelo Poder Público ao proprietário atingido por atos imputáveis a atividade estatal. O preceito consubstanciado no ART.225, PAR. 4., da Carta da Republica, além de não haver convertido em bens públicos os imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas nele referidas (Mata Atlântica, Serra do Mar, Floresta Amazônica brasileira), também não impede a utilização, pelos próprios particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que estejam sujeitas ao domínio privado, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias a preservação ambiental. - A ordem constitucional dispensa tutela efetiva ao direito de propriedade (CF/88, art. 5., XXII). Essa proteção outorgada pela Lei Fundamental da República estende-se, na abrangência normativa de sua incidência tutelar, ao reconhecimento, em favor do dominus, da garantia de compensação financeira, sempre que o Estado, mediante atividade que lhe seja juridicamente imputável, atingir o direito de propriedade em seu conteúdo econômico, ainda que o imóvel particular afetado pela ação do Poder Público esteja localizado em qualquer das áreas referidas no art. 225, PAR. 4., da Constituição. Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: a consagração constitucional de um típico direito de terceira geração (CF, art. 225, caput)” 
(RE nº 134.297/SP, 1ª Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 22/9/95).
Cuidado! Imagine uma lei ou ato administrativo geral que transforma uma área em reserva ambiental. Algumas pessoas têm propriedades dentro da referida área. Em razão deste ato geral, os proprietários indeterminados alcançados não podem mais extrair das propriedades aquilo que elas produziam, ou seja, o conteúdo econômico foi afetado. Assim, como afetou o conteúdo econômico da propriedade, a limitação administrativa gera direito a indenização. Observe que o valor da indenização não é equivalente ao valor da propriedade. A indenização vai compensar o esvaziamento econômico da propriedade.
Obs.: O STJ também acompanha o posicionamento firmado pelo STF. Vejamos o seguinte julgado, veiculado no Info 508 do STJ:
Em regra, o proprietário não tem direito à indenização por conta das limitações administrativas que incidam sobre sua propriedade (a limitação administrativa é gratuita). 
No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência reconhece o direito à indenização quando a limitação administrativa reduzir o valor econômico do bem. 
O prazo prescricional para que o proprietário busque a indenização por conta das limitações administrativas é de 5 anos.
STJ, 2ª Turma. AgRg no REsp 1.317.806-MG, Rel. Min. Humberto Martins, j. 6/11/2012 (Info 508).
Na generalidade dos casos, a limitação administrativa é gratuita. No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência reconhece o direito à indenização quando a limitação administrativa reduzir o valor econômico do bem. Essa é a jurisprudência do STJ:
(...) Sendo imposições de natureza genérica, as limitações administrativas não rendem ensejo a indenização, salvo comprovado prejuízo. (...) (REsp 1233257/PR, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/10/2012, DJe 22/10/2012)
Vale ressaltar que o proprietário não terá direito à indenização se adquiriu o bem após a limitação administrativa já ter sido imposta:
(...) É indevido o direito à indenização se o imóvel for adquirido após o implemento da limitação administrativa, porque se supõe que as restrições de uso e gozo da propriedade já foram consideradas na fixação do preço. (...)
(REsp 920.170/PR, Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 09/08/2011)
D. Institutos da lei 10.257/2001 (Estatuto das Cidades) que têm natureza de limitação administrativa:
1º. Parcelamento e edificação compulsório – art. 5º;
Art. 5º Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinaro parcelamento, a edificação ou a utilização compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixaras condições e os prazos para implementação da referida obrigação.[footnoteRef:2] [2: (MPRS-2016): Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementação da referida obrigação. BL: art. 5º do Estatuto.] 
Obs.: Trata-se de um exemplo de uma limitação administrativa que impõe ao proprietário uma obrigação de fazer (dar a devida função social àquela área, por meio do parcelamento, da edificação ou da utilização do solo).
2.º Direito de preempção municipal – art. 25;
Lei municipal poderá criar direito de preferência dentro de determinada área. Se alguém for alienar onerosamente um bem dentro da área definida, o direito de preferência do município deverá ser observado.
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.[footnoteRef:3] [3: (TJSP-2015-VUNESP): É permitido ao poder público se utilizar do direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais relevantes. BL: art. 25 do Estatuto.] 
§ 1º Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.
§ 2º O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na forma do §1º, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel.
Obs.: § 1º: O direito de preferência não abrange o Município inteiro, mas somente a área fixada em lei. A lei que fixa a área fixa o prazo, que não pode ser superior a 5 anos. Findo o prazo, o Município pode até fazer nova lei e fixar outro prazo, mas terá que esperar um intervalo de, no mínimo, 1 ano.
Obs.: § 2º: Não importa quantas vezes o imóvel foi alienado para particulares sem observância do direito de preferência, a Administração sempre poderá exercer seu direito de preferência sobre o imóvel localizado na área definida em lei no prazo de validade da declaração do direito de preferência. Ex.: João era proprietário de imóvel localizado dentro da área abrangida pelo direito de preferência. João vendeu para Maria sem observar o direito de preferência; Maria vendeu para José, que vendeu para Marcos, que vendeu para Antônio. Não importa quantas vezes foi vendido, a Administração poderá fazer valer seu direito de preferência, desde que dentro do prazo de validade.
3.º Estudo de impacto de vizinhança (EIV) – art. 36
Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal.
Exemplo: O município edita uma lei prevendo que determinada área está abrangida pela necessidade de elaboração de estudo de impacto de vizinhança. Qualquer empreendimento que for feito ali, deverá apresentar o referido estudo. O responsável pelo empreendimento faz o estudo e entrega para o município, que o analisará. A elaboração deste estudo é condição para que o município conceda a licença para a realização do empreendimento dentro da referida área.
5. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA
A. Conceito
É o ato administrativo unilateral e auto-executório pelo qual o Poder Público utiliza, transitoriamente, bens móveis, imóveis ou serviços particulares, em caso de guerra ou de perigo público iminente.
O ato administrativo é auto executório, ou seja, sem ordem judicial.
A requisição é transitória, ou seja, durará enquanto durar o contexto excepcional que a justifica. Ex.: A requisição perdurará enquanto houver a guerra que a justifica. Se a guerra acaba, a requisição também tem que acabar. 
O art. 5º, XXV Constituição Federal dispõe expressamente essa hipótese: 
Art. 5º. (...) XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”. [footnoteRef:4] [4: (MPPR-2016): A requisição administrativa, como forma de intervenção temporária na propriedade, encontra previsão no capítulo referente aos direitos e deveres individuais e coletivos da Constituição Federal de 1988, que estabelece que no caso de iminente perigo público a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. BL: art. 5º, XXV, CF/88 
(TJSP-2013-VUNESP): A atuação do Estado, no exercício do poder de polícia, provocando danos na coisa, com objetivo de remover perigo iminente, sem que o dono da coisa seja culpado do perigo, constitui ato lícito. Entretanto, o ato enseja a responsabilidade civil do Estado para reparar o dano causado. BL: art. 5º, XXV, CF/88.] 
Competência legislativa: requisições administrativas são de competência legislativa privativa da União – art. 22, III da Constituição. 
Questiona-se: Estados, Municípios e o DF podem praticar atos administrativos de requisição? Sim, porém deverão fazê-lo nos termos da lei da União. Portanto, todos os entes podem praticar a requisição, mas somente a União pode legislar sobre o assunto.
Obs.: O DL 4812/42 disciplina as requisições civis e militares.
Obs.: A Lei Delegada nº 4/62 e o DL nº 2/66 preveem requisições voltadas para a intervenção no domínio econômico e para bens e serviços necessários ao abastecimento da população.
Obs.: O art. 1.228, §3º do código civil também faz referência à requisição administrativa.
Obs.: O art. 15, XIII da Lei 8.080/1990 traz hipótese de requisição administrativa no âmbito do SUS.
B. Formas de instituição
Como o Poder Público formaliza essa requisição administrativa? A Administração requisita por meio de um ato administrativo auto executório (sem ordem judicial). Lembre-se que ato administrativo é a declaração do Estado.
C. Atributo da propriedade afetado
A requisição Administrativa afeta o caráter exclusivo da propriedade, pois o proprietário não usará mais o bem sozinho.
Como já estudado, a propriedade é absoluta, perpétua e exclusiva. O Estado requisita a propriedade para atendera um perigo público iminente.
Ex.: há requisição administrativa quando a autoridade policial para um particular e pede seu veículo para perseguir um criminoso. O atributo da propriedade que está sendo afetado é o caráter exclusivo, pois, embora o particular seja o proprietário, o Estado está usando sua propriedade.
D. Indenização ($$$)
Só há indenização se houver dano. Ou seja, ela é condicionada à existência de dano e, em caso positivo, é paga posteriormente.
Note que o dever de indenizar não decorre da utilização, mas sim do dano. Indeniza-se não por conta da utilização, mas sim porque, ao usar, o Estado produziu um dano.
Obs.: Se houver dano, a indenização será paga posteriormente. Nota-se que, em um contexto de guerra ou de perigo público iminente, não se pode exigir que o Estado se preocupe com indenização, que demanda tempo e trabalho (o Estado não tem tempo para indenizar previamente). Além disso, a indenização ocorrerá apenas se houver dano, não sendo possível, em regra, saber se a requisição causará dano ou não. 
Obviamente, há casos em que é possível saber, a priori, que a requisição, com certeza, causará dano (ex.: requisição de alimentos para alimentação de soldados da guerra. Se os soldados vão se alimentar, é lógico que causará dano). Contudo, mesmo sabendo que a requisição necessariamente causará dano, a indenização será posterior, já que ainda persiste o primeiro motivo, qual seja o contexto de guerra ou perigo público iminente que faz com que o Estado não tenha tempo para indenizar previamente.
6. OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
A. Conceito
É a forma de intervençãopela qual o poder público usa transitoriamente imóveis privados, em caso de situação de interesse público definida em lei.
Necessário distinguir a ocupação temporária da requisição administrativa. A requisição administrativa é limitada por um contexto específico de guerra ou perigo iminente. Já a ocupação temporária não é limitada pelo contexto de guerra ou perigo iminente, basta uma situação de interesse público definida em lei. Ademais, a ocupação temporária recai apenas sobre imóveis, ao contrário da requisição administrativa, que recai também sobre bens móveis e serviços.
Obs.: Atenção com o art. 136 da CF/88. Embora a Constituição fale em ocupação e uso temporário, trata-se de requisição administrativa:
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas avigorarem, dentre as seguintes: (...)
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. [requisição administrativa]
O referido dispositivo constitucional trata de requisição administrativa, porque ocupação temporária não depende de perigo público iminente ou de situações excepcionais. A ocupação temporária exige apenas uma situação de interesse público definida em lei.
B. Atributo da propriedade afetado
Como visto, a propriedade é absoluta (o proprietário faz o que quiser com a propriedade), exclusiva (só o proprietário usa, goza e usufrui da propriedade) e perpétua (é do proprietário para sempre).
A ocupação temporária afeta o caráter exclusivo da propriedade. Enquanto o imóvel estiver sendo ocupado temporariamente, o proprietário não terá exclusividade sobre o uso.
C. Espécies
1º - Ocupação temporária vinculada à desapropriação:
DL 3365/41, Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. 
O expropriante prestará caução, quando exigida.
Aplica-se, nesse caso, o regime jurídico da desapropriação, pois o acessório segue o principal. 
Se a ocupação temporária vinculada à desapropriação segue o regime jurídico da desapropriação, necessário lembrar que a desapropriação tem duas fases, quais sejam, declaratória e executória. Na fase declaratória, o Estado declara a utilidade pública, a necessidade pública e o interesse público social, definindo e especificando a área objeto da desapropriação. Declarar não transfere a propriedade, pois a propriedade móvel se transfere pela tradição e a propriedade imóvel pelo registro. Dentro do prazo de validade da declaração, vem a fase executória, na qual a Administração toma as providências necessárias à transferência da propriedade (ex.: procura o proprietário para eventual acordo; se não houver acordo, ajuizando uma ação judicial, etc.). 
Na ocupação temporária vinculada à desapropriação, o mesmo procedimento será seguido. Na fase declaratória, o Estado declara a área que será desapropriada, bem como a área que será ocupada, ambas serão especificadas. O objeto da desocupação necessariamente tem que ser imóvel e não edificado. Finalizada a fase declaratória, inicia-se a fase executória, na qual o Estado irá transferir a propriedade daquilo que se quer transferir e ocupar aquilo que se quer ocupar.
Ex.: a Administração declara que irá desapropriar uma área para duplicar uma rodovia. Para fazer a duplicação, declara que precisa desapropriar uma área paralela (área azul na ilustração abaixo), por onde passará a segunda pista. Além disso, declara que irá ocupar provisoriamente outra área (área com marcações vermelhas) para servir de acampamento, alojamento, estacionamento das máquinas e de equipamentos, etc., necessários à execução da obra. Executada a obra, a área ocupada (área com marcações vermelhas) é desocupada:
2º - Ocupação temporária para outros fins de interesse público previstos em lei:
Seguirá o regime jurídico que a previu. 
Exemplos:
- Justiça Eleitoral: prédios que, no dia da eleição, são ocupados para que seja realizada a votação. Terminada a eleição, os prédios são desocupados. 
- Lei 3924/61:
Art 13. A União, bem como os Estados e Municípios, mediante autorização federal, poderão proceder a escavações e pesquisas, no interesse da arqueologia e da pré-história em terrenos de propriedade particular, com exceção das áreas muradas que envolvem construções domiciliares.
Parágrafo único. À falta de acordo amigável com o proprietário da área onde situar-se a jazida, será esta declarada de utilidade pública e autorizada a sua ocupação pelo período necessário à execução dos estudos, nos termos do art. 36 do Decreto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941.
D. Formas de instituição
1º - Ocupação temporária vinculada à desapropriação 
Segue o regime jurídico da desapropriação: na desapropriação, existe o ato declaratório (o Estado declara utilidade pública, necessidade pública e o interesse social) e o ato executório (o Estado adota as providências necessárias à transferência da propriedade). 
Na ocupação temporária vinculada à desapropriação, do mesmo modo, existe um ato declaratório (o Estado declara a área que será desapropriada e declara a área que será ocupada) e um ato executório (o Estado adota as providências necessárias à transferência da propriedade com relação à área que será desapropriada e adota as providências necessárias com relação à área que será ocupada).
2º - Ocupação temporária para outros fins de interesse público
Formaliza-se através de ato administrativo auto executório. A Administração simplesmente chega, comunica o proprietário e ocupa, sem pedir ordem ao juiz. Contudo, como a ocupação temporária visa atender ao interesse público definido em lei, é a lei que dirá como que se dará a ocupação temporária.
E. Indenização ($$$)
1º - Ocupação temporária vinculada à desapropriação
Há direito à indenização (indenização pelo uso e ao final). Previsão no art. 36 do Decreto Lei 3.365/41 (a ocupação temporária vinculada à desapropriação segue o regime jurídico da desapropriação). Indeniza-se o uso.
2º - Ocupação temporária para outros fins de interesse público
A indenização é condicionada à existência de dano. 
Previsão: Art. 37, § 6º da CF. As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos decorrentes da atividade administrativa, independentemente da licitude ou ilicitude do ato que gerou o dano (responsabilidade objetiva). Nesse caso, indeniza-se não pelo uso, mas sim porque, ao usar, provocou dano.
7. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
A. Conceito
Servidão administrativa é o direito real de gozo, de natureza pública, instituída sobre imóvel de propriedade alheia, com base na lei, por entidade pública ou seus delegados (pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes), em favor de um serviço público ou de um bem afetado a fim de utilidade pública.
Não existe uma lei que discipline a servidão administrativa. Em razão disso, a doutrina e a jurisprudência partem de duas premissas:
1ª) A servidão administrativa é espécie de servidão: servidão é gênero, dentro do qual existem as servidões de direito privado e as servidões do direito público. As servidões regidas pelo direito público é a servidão administrativa. 
Se a servidão administrativa é espécie do gênero servidão, aplicam-se a ela todos os princípios da servidão que estão no Código Civil, quais sejam: (i) a servidão sempre recai sobre imóvel alheio; (ii) a servidão só recai sobre imóveis; (iii) toda servidão é perpétua, a priori, embora existam causas extintivas.
2ª) Aplica-se o art. 40 do Decreto Lei 3365/41:Existe um único dispositivo legal genérico para a servidão administrativa (art. 40 do DL 3365/1941 – Lei geral de desapropriação). Por isso, como o único fundamento está na Lei de desapropriação, a servidão administrativa também seguirá o regime jurídico das desapropriações. Contudo, não se retira a propriedade no final do procedimento, mas apenas se institui um direito real de gozo.
Art. 40. O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei.
Observando a ilustração acima: o imóvel que oferece a utilidade (seta verde) é chamado de serviente; o imóvel que tem a utilidade em seu favor é chamado de dominante. Sobre o imóvel serviente pesa um direito real de gozo chamado servidão (seta vermelha). Essa é a servidão civil.
Contudo, na servidão administrativa, o que é dominante é o serviço público (ou um imóvel afetado a um serviço público, o que, no fundo, é serviço público). Ou seja, o imóvel dominante presente na servidão civil deixa de existir, sendo que, na servidão administrativa, o serviço público assume o seu lugar. Portanto, institui-se um direito real sobre imóvel alheio, para que ele ofereça uma utilidade ao serviço público.
Outro exemplo: grandes propriedades rurais desocupadas, sobre as quais existem linhas de transmissão de energia. Dominante é o serviço público de transmissão de energia (cor azul tracejada); servientes são as propriedades rurais (cor verde). A seta vermelha é o direito real de gozo denominado servidão [administrativa].
Novamente, se a servidão segue o regime jurídico da desapropriação, haverá duas fases: fase declaratória (o Estado declara utilidade pública, necessidade pública e o interesse social; individualiza a coisa e especifica o fundamento de fato e de direito que justifica a declaração) e fase executória (o Estado adota as providências necessárias). Como dito, a execução, no caso da servidão, não visará retirar a propriedade, mas sim instituir um direito real de gozo.
Lembre-se: Para a fase declaratória, só o ente político tem competência (União, Estados, Municípios e DF). Para a fase executória (providências necessárias), tanto o ente político (União, Estados, Municípios e DF), quanto quem lhe faça as vezes, por lei ou contrato (entidades da administração indireta ou concessionários e permissionários), têm competência.
Obs.: A servidão administrativa pode recair sobre bem público, observado o princípio da hierarquia federativa (art. 2º do Decreto Lei 3.365/1941). Pode recair sobre bem público porque a servidão segue o regime jurídico da desapropriação, e a Lei de Desapropriação permite a desapropriação de bem público. União pode sobre bens dos Estados e dos Municípios. Os Estados podem sobre bens dos Municípios. Os Municípios apenas poderão instituir sobre bens particulares.
B. Atributo da propriedade afetado
Como visto, a propriedade é absoluta (o proprietário faz o que quiser com a propriedade), exclusiva (só o proprietário usa, goza e usufrui da propriedade) e perpétua (é do proprietário para sempre).
O atributo da propriedade afetado por uma servidão administrativa é o caráter exclusivo, pois, embora a propriedade continue existindo, o proprietário não poderá a usar com exclusividade, já que o poder público irá usar a área onde houver a servidão.
C. Formas de instituição
Como o Estado (ou quem lhe faça as vezes) institui uma servidão administrativa? 
1. Por acordo: Acordo é negócio jurídico/contrato. Nesse caso, o Estado ou quem lhe faça as vezes faz um contrato através do qual se institui a servidão administrativa. O proprietário do bem sobre o qual recai o direito real acorda, aceita. Lembre-se de que a servidão segue o regime jurídico da desapropriação: primeiro o ente político competente declara; depois, na fase executória, o ente político ou quem lhe faça as vezes procura o proprietário e faz um acordo.
2. Por sentença: Primeiro o ente político competente declara; depois, na fase executória, o ente político ou quem lhe faça as vezes procura o proprietário e tenta um acordo para instituir o direito real. Se o proprietário não anuir, resta a quem está instituindo a servidão administrativa ajuizar uma ação judicial, através da qual o juiz, julgando procedente o pedido, determina a instituição da servidão.
3. Por lei: Maria Sylvia di Pietro defende que a servidão administrativa pode ser instituída por lei. Ex.: áreas contíguas a aeroportos. A Lei dispõe que determinada área, a uma distância “X” do aeroporto prevista na lei, será objeto de servidão administrativa, a fim de que ela ofereça utilidade ao serviço público de pouso e decolagem. Dominante é o serviço público de pouso e decolagem; serviente é a área contígua ao aeroporto (marcações vermelhas):
 (
X
)
 (
X
)Obs.: Para José dos Santos Carvalho Filho, servidão instituída por lei, na verdade, é limitação administrativa. Ele argumenta que a lei é ato geral, abstrato e recai sobre proprietários indeterminados para proteger o interesse público em abstrato (segurança do serviço público de pouso e decolagem, no exemplo). Esta lei impõe a limitação a todas as áreas contíguas e a todos aeroportos que existam ou venham a existir. Com todas essas características, seria limitação administrativa e não servidão administrativa.
Em provas de concursos, embora possa cair qualquer uma das posições, a posição da Maria Sylvia costuma cair com mais frequência.
D. Registro
A Lei 6.015/1973 determina que toda servidão deve ser registrada no cartório de registro de imóveis. A Lei não distingue se a servidão é de direito público (servidão administrativa) ou se é de direito privado.
Art. 167 – No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos. 
I – o registro:
6) das servidões em geral
Obs.: O objetivo do registro é dar publicidade à servidão, a fim de que nenhum desavisado compre, por exemplo, um bem sobre o qual recai uma servidão administrativa.
Maria Sylvia di Pietro diz que a servidão por acordo deve ser registrada no cartório de imóveis; na servidão determinada por decisão judicial, a decisão judicial deve ser levada e registrada no cartório de imóveis; servidão por lei não precisa registrar no cartório de imóveis, já que o objetivo do registro é a publicidade e a lei é pública.
José dos Santos Carvalho Filho entende que não se registra servidão por lei, porque não é servidão. Se fosse servidão, teria que registrar, porque toda servidão deve ser registrada de acordo com a lei.
E. Indenização ($$$)
Indenização prévia é condicionada à existência de dano. Se não gerar dano, não há dever de indenizar.
Maria Sylvia entende que a servidão administrativa, por si só, gera dano, porque afeta o caráter exclusivo da propriedade. Ela entende que o dever de indenizar seria afastado se a Administração demonstrasse não haver dano, pois, a priori, instituir uma servidão gera dano (se o Estado usa, você não está usando).
José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, defende que dano não se presume, de modo que não seria da administração o dever de demonstrar não haver dano. O proprietário teria que demonstrar o dano. Se o proprietário demonstrar o dano, haverá o dever de indenizar.
Obs.: Nota-se que Maria Sylvia e José Antônio não divergem quanto ao dever ou não de indenizar, pois os dois defendem a indenização condicionada ao dano. Na realidade, eles divergem quanto a quem incumbe demonstrar o dano.
Sempre que se discute esse assunto, temos que mencionar a Súmula 56 do STJ. A doutrina entende que a súmula não é correta, pois, desapropriação é uma coisa e servidão é outra. Contudo, o que o STJ está dizendo é: existindo servidão que enseja indenização, o proprietário fará jus aos juros compensatórios.
Súmula 59 do STJ: Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade. 
Acórdãos
- AgRg no AREsp 691318/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, Julgado em 16/06/2015, DJE 05/08/2015;
- AgRg no AREsp 253442/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 18/02/2014, DJE 24/02/2014;- REsp 1169792/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, Julgado em 18/03/2010, DJE 26/03/2010;
- AgRg no REsp 1078535/MS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, Julgado em 02/06/2009, DJE 12/06/2009; e
- REsp 1018567/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, Julgado em 21/10/2008, DJE 12/11/2008.
8. TOMBAMENTO
A. Patrimônio Cultural Brasileiro Constituição Federal
O que é patrimônio cultural brasileiro está previsto no art. 216 da CF/88. Resumindo, é o conjunto de bens e valores que compõe a identidade nacional. 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Questão/pegadinha: Nesse imóvel viveu importante personagem da história do Brasil (Tomás Antônio Gonzaga, poeta da inconfidência Mineira, Sec. XIII, Ouro Preto, Minas Gerais). Em razão disso, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) deseja adotar uma medida legal para conservar esse bem vinculado à história do Brasil. Marque entre as alternativas aquela medida cabível para proteger o patrimônio cultural brasileiro.
a) Limitação administrativa
b) Requisição administrativa
c) Desapropriação
d) Nenhuma das alternativas acima.
Resposta: alternativa c), desapropriação. O IPHAN desapropria o imóvel, torna-se proprietário e assume a conservação.
CUIDADO! É muito comum associar “patrimônio cultural” com “tombamento”. A questão acima tem o objetivo de esclarecer que, ao contrário de que muitas pessoas pensam, o tombamento não é a única forma de se proteger o patrimônio cultural. O tombamento é meio hábil a conservar o patrimônio, contudo não é o único, existem vários meios para conservar o patrimônio cultural brasileiro (art. 216, §1º). A desapropriação pode, inclusive, ser meio mais eficaz de proteger o patrimônio. 
B. Conceito:
É o procedimento administrativo pelo qual o poder Público sujeita a restrições parciais os bens de qualquer natureza cuja conservação seja de interesse público, por sua vinculação a fatos memoráveis da história ou por seu excepcional valor arqueológico, etnológico, bibliográfico ou artístico.
Obs.: Conjunto de bens e valores que compõem a identidade cultural do Brasil. É muito comum a associação do patrimônio cultural com referências históricas, mas o patrimônio cultural inclui não apenas bens e valores com referências históricas. Há outros bens e valores, sem referências históricas, que compõem o patrimônio cultural, como artes, paisagens, arqueologia, paleontologia etc.
Lembre-se: a competência para legislar sobre tombamento é concorrente. Assim, União faz normas gerais, mas os Estados e os municípios podem legislar sobre tombamento. A norma geral sobre tombamento é o importantíssimo Decreto Lei 25/1937.
Obs.: O tombamento é procedimento administrativo, que se inicia com a notificação do proprietário do bem tombado e termina (se consuma) com a inscrição no livro do tombo. Contudo, o Decreto Lei 25/1937 dispõe que a Administração deve registrar no cartório o bem tombado quando for imóvel. Percebe-se que o Registro no cartório é ato extrínseco ao tombamento, já que o tombamento se consuma com a inscrição do bem tombado no livro do tombo.