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157Bem-estar animal e o mercado que a demanda por BEA não seja mui- to responsiva a preços, a elasticidade de preço da demanda é numericamente baixa. A lógica desse raciocínio é que a preferência por produtos associados ao mais alto grau de BEA baseia-se em questões éticas; tais preferências ten- dem a ser mantidas por atitudes prove- nientes de reflexão profunda e não são, para sociedades de alto poder aquisiti- vo, modificadas por preços4. Entretanto, preços mais baixos para produtos de BEA satisfatório aumentarão a deman- da na medida em que viabilizarem essa escolha a um maior número de compra- dores, os quais não tinham poder aqui- sitivo para tal opção nos preços mais elevados. As preferências por produtos certi- ficados para BEA tendem a ser demons- tradas mais amplamente pelas socie- dades como resultado de educação, de conhecimento de conceitos básicos de BEA e da evolução normal de percep- ções e valores, que acontecem quando as preocupações de uma geração são substituídas por aquelas da geração seguinte. Em seu trabalho sobre sociedades em transição econômica, Bellaver e Bellaver10 propõem a mesma hipótese apresentada por McInerney4, em que a demanda por produtos diferenciados em termos de BEA tende a crescer à medida que aumentam as informações, a consciência e a percepção do público em relação à produção animal. Pesquisas com os consumidores sobre a disposição em pagar mais por produtos certificados para BEA exis- tem em algumas sociedades. Depois de entrevistar 2.000 cidadãos ingleses, Bennett11 relatou que as pessoas estão dispostas a pagar em média £0,43 a mais por dúzia de ovos produzidos com um padrão mais alto de bem-estar das aves. Na Alemanha, uma pesquisa de opinião pública relatou que 83% das pessoas entrevistadas disseram estar dispostas a pagar mais por ovos de galinhas que não fossem mantidas em gaiolas indus- triais. Resultados similares existem para outros países e para outros produtos; entretanto, não existem publicações na- cionais nessa área. BEA no Brasil No Brasil, ainda é comum em dis- ciplinas de zootecnia geral e específica o uso de livros-texto dos anos 70 e 80, que preconizam o racionalismo, com a filosofia do animal de produção como máquina. A consequência desse ensino é um corpo profissional fora de sinto- nia com a realidade mundial. Um para- lelo pode ser traçado com a atividade de pesquisa pecuária brasileira, com uma grande quantidade de linhas de pesquisa norteadas por uma maximi- zação da produtividade sem conside- rações sobre a qualidade de vida dos animais9. A situação em nível de campo refle- te os quadros educativos e de pesquisa. ct dez2012.indb 157 11/12/2012 14:14:55
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