Marcela e Thaynnara - Resenha crítica Grande Sertão_ Veredas (3)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
CAMPUS CHAPECÓ
Curso: Letras Português e Espanhol – Licenciatura
Componente curricular: Literatura Brasileira 3
Turma: 38167
Fase: 9ª – Noturno 
Ano / semestre: 2023 / 1 
Professor: Luciano Melo de Paula
Acadêmicas: Marcela Frydricheski de Campos e Thaynnara Carolline Ribeiro Machado
Grande Sertão: Veredas
João Guimarães Rosa.
João Guimarães Rosa foi um renomado escritor brasileiro, nascido no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais. Reconhecido como uma das maiores figuras da literatura do país, Rosa revolucionou o estilo de escrita ao fundir a língua coloquial com a erudição e ao introduzir inovações estéticas em suas obras. A contribuição de João Guimarães Rosa para a literatura nacional é inestimável, sendo ele admirado tanto pelo público leitor como pela crítica especializada.
Em sua vida, além de escritor, Rosa também atuou como médico. Formado em Medicina, exerceu a profissão em diversas cidades do interior de Minas Gerais, o que lhe proporcionou um profundo conhecimento da vida e das histórias do povo sertanejo. Essa experiência foi fundamental para a construção de seus personagens e cenários e deu autenticidade às suas narrativas.
Infelizmente, a carreira brilhante de João Guimarães Rosa foi interrompida precocemente. Ele faleceu no dia 19 de novembro de 1967, aos 59 anos, deixando um legado literário inigualável. Suas obras continuam a encantar e intrigar leitores de todo o mundo, destacando-se pelo virtuosismo linguístico, pela profundidade psicológica de seus personagens e pela reflexão sobre a condição humana. A genialidade de João Guimarães Rosa permanece viva na memória cultural do Brasil e em seu vasto repertório literário.
"Grande Sertão: Veredas", sua magnum opus, é considerado uma das obras mais complexas e importantes da literatura brasileira. Publicado em 1956, o romance é uma narrativa densa e desafiadora, situada no sertão de Minas Gerais, e apresenta uma linguagem singular e uma trama intrigante. Uma das principais características que merecem destaque em "Grande Sertão: Veredas" é o estilo de escrita de Rosa, conhecido como "rosiano". O autor utiliza uma linguagem repleta de neologismos, regionalismos, inversões sintáticas e construções poéticas. Essa linguagem peculiar é uma representação autêntica do sertão e de seus habitantes, criando uma atmosfera única e imersiva. No entanto, essa escolha estilística pode ser um obstáculo para alguns leitores, tornando a leitura desafiadora e demandando uma dedicação maior para compreender a narrativa.
A trama de "Grande Sertão: Veredas" gira em torno de Riobaldo, um jagunço que narra sua história de vida e sua jornada no sertão. O livro aborda temas como amor, violência, poder, questões existenciais e as complexidades da natureza humana. A narrativa é fragmentada e não linear, com Riobaldo constantemente refletindo sobre sua própria identidade e os dilemas éticos e morais que enfrenta. Essa estrutura pode ser confusa para alguns leitores, tornando difícil acompanhar a linha narrativa e compreender plenamente os eventos que ocorrem.
Além disso, "Grande Sertão: Veredas" apresenta uma abordagem poética e filosófica, explorando a dualidade entre o bem e o mal, a razão e a loucura, a alma e o corpo. A obra também trata de questões de gênero, com personagens femininas fortes e independentes, como Diadorim, que desafia os estereótipos de gênero da época. Esses temas profundos e complexos fazem de "Grande Sertão: Veredas" uma leitura enriquecedora e instigante, que pode levar a reflexões profundas sobre a condição humana.
No entanto, é importante ressaltar que a obra possui algumas críticas. A complexidade da narrativa e o estilo linguístico peculiar podem afastar leitores que preferem uma escrita mais direta e acessível. Além disso, a extensão do romance, com mais de 600 páginas, pode ser cansativa para alguns leitores, especialmente considerando as dificuldades da leitura em si. Outra crítica que pode ser levantada é a ausência de uma estrutura clara na narrativa. A falta de uma linha narrativa linear pode dificultar a compreensão da história e tornar o enredo confuso em determinados momentos.
Em um contexto geral, a relação entre Riobaldo e Diadorim pode ser interpretada como um retrato da complexidade das relações humanas, explorando temas como identidade, desejo, amor e amizade. Essa relação desafia as convenções sociais e de gênero, ao mesmo tempo em que revela a vulnerabilidade e as contradições dos personagens. Através desse vínculo, Guimarães Rosa nos convida a refletir sobre a natureza da paixão, da sexualidade e da busca por uma identidade autêntica em um contexto adverso e desafiador como o sertão brasileiro
Em conclusão, "Grande Sertão: Veredas" é uma obra literária complexa e desafiadora que exige uma leitura atenta e dedicada. A linguagem peculiar e a estrutura fragmentada podem ser obstáculos para alguns leitores, mas aqueles que se dispõem a enfrentar esses desafios são recompensados com uma experiência literária única e profundamente reflexiva. A riqueza temática, os personagens complexos e a profundidade filosófica da obra fazem de "Grande Sertão: Veredas" um marco na literatura brasileira e uma leitura que vale a pena para aqueles que buscam uma imersão nas questões mais profundas da existência humana.