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481432805-Manual-de-Gestao-Financeira-1-pdf

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GESTÃO FINANCEIRA 
 
MATERIAL DE APOIO 
ANA FÁTIMA FARO 
DE ARMEIDA 
 
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INTRODUÇÃO 
 
A disciplina de gestão financeira centra-se no estudo das decisões financeiras assumidas 
pela empresa. Assim, considerámos que é importante antes de debruçarmos sobre o 
conceito de gestão, abordarmos muito claramente os aspectos que envolvem questões 
referentes a empresa. 
Neste capítulo, abordaremos a função financeira de forma breve, essencialmente através 
de dois aspectos: 
 1º faz-se uma exposição sintética das tarefas que têm sido atribuídas à função 
financeira e depois discute-se a sua actividade na prática, com vista a dar ideia do 
conteúdo e da evolução da disciplina; 
 2º trata-se a questão dos objectivos e limites da função financeira, de forma a dar 
noção ampla do âmbito das actividades que lhes podem ser atribuídas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO Á GESTÃO FINANCEIRA 
1.1 A EMPRESA COMO ACTIVIDADE ECONÓMICA 
As empresas com toda a sua complexidade, são hoje elementos de grande importância na 
estrutura das sociedades, pois elas, para além do interesse específico dos seus 
investidores, na medida em que se constituem como fonte de rendimento através das 
relações laborais de famílias e cidadãos, desempenham um importante papel de 
estabilidade social, revestindo-se de importância acrescida no normal funcionamento da 
sociedade. 
 
Dai também o interesse que a sociedade em geral deve ter nos resultados das empresas, 
pois as empresas economicamente sólidas correspondem a uma expectativa melhor 
sustentada de continuidade de estabilidade social. 
 
Todos nós temos necessidades para satisfazer que se caracterizam por estados de 
insatisfação e desejo de dispor de um meio capaz de diminuir ou eliminar. As 
necessidades satisfazem-se mediante o recurso a um meio – bens e serviços. 
A produção de bens e serviços é o resultado da acção conjunta de recursos financeiros, 
materiais e humanos, os quais constituem os factores produtivos de um país ou de uma 
unidade económica. 
As necessidades e a produção de bens e serviços são realizadas e obtidas no nosso 
quotidiano. Estamos perante uma actividade económica que é dinamizada por vários 
meios e célula social. 
A empresa, nos nossos dias, é um dos intervenientes no processo de troca que se 
desenvolve no âmbito dos diversos mercados em que ela se insere como fornecedora ou 
como cliente, ou seja, como parte integrante da oferta ou da procura agregada que se 
encontram nesse mercado específico. 
 
No que diz respeito aos mercados, adoptando a tipologia proposta por Jacobs (1974) 
qualquer empresa opera simultaneamente nos seguintes mercados: 
• Mercado de matérias – primas e componentes (mercado de inputs); 
• Mercado de bens de equipamento para o seu processo produtivos; 
• Mercado financeiro; 
• Mercado de produto final da empresa ( outputs). 
 
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Numa outra perspectiva, a empresa é um agrupamento humano hierarquizado, que 
mobiliza meios humanos, materiais e financeiros para extrair, transformar, transportar e 
distribuir produtos ou prestar serviços e que, em resultado de objectivos claramente 
definidos por uma direcção (pessoal ou colegial), faz intervir nos diversos escalões 
hierárquicos as motivações do lucro e da utilidade social 
Na primeira definição apresentada enfatiza-se a existência de mercados organizados, 
tendo subjacente a necessidade da empresa adquirir matérias – primas de melhor 
qualidade (em sentido lato) por exigência de qualidade superior por parte do cliente final 
dos seus outputs. 
Na segunda definição é enfatizada a óptica do conjunto de pessoas hierarquizado. O 
elemento humano revela-se como agente mobilizador dos diversos meios disponíveis na 
empresa: o próprio trabalho humano, os meios materiais e os recursos financeiros. 
Em qualquer das definições, o objectivo estrutural da empresa é a combinação óptima de 
recurso (inputs) de forma a potenciar a sua capacidade produtiva (output), eficiente e 
eficazmente. 
As empresas desenvolvem a sua actividade num quadro político, económico e social vasto 
complexo e interdependente, que transcende o país onde se localiza e estabelece múltiplas 
relações entre os diversos intervenientes ou agentes económicos originando fluxos reais 
e fluxos financeiros. 
AS FUNÇÕES E OS ÓRGÃOS DA EMPRESA 
 
O desenvolvimento da actividade económica fez evoluir o conceito de empresa e, 
paralelamente, a sua estrutura organizacional e as técnicas de gestão, tendo em vista a 
melhor utilização dos recursos humanos, técnicos e financeiros no alcance dos objectivos 
previamente definidos. Começa a ser cada vez mais importante a estruturação da empresa 
e o papel do gestor nas organizações. Para que a função direcção possa ser desempenhada 
com eficiência, necessita de ser apoiada por outras funções, afectas a um determinada 
actividade específica da empresa relacionada com a produção, venda, pessoal, 
aprovisionamento. 
 
Uma empresa, como unidade organizada que deve ser, possui na sua estrutura 
organizacional os seguintes elementos: 
 
 
5 
• Funções – Conjunto de tarefas a empreender numa actividade específica 
da empresa. A divisão do trabalho origina a especialização de actividades 
e a existência de várias funções da empresa. 
 
• Pessoas – O elemento humano é distribuída pelas várias tarefas em que 
se divide o processo de trabalho; 
 
• Órgãos – As pessoas e as funções são agrupadas em órgãos; 
 
• Relações – A estabelecer entre órgãos, pessoas e funções. 
 
A estrutura organizacional a implementar contribui para o alcance dos objectivos 
empresariais do seguinte modo. 
 
• Como estrutura básica - Contribui para a implementação eficiente das 
pessoas e dos recursos para as tarefas a desenvolver e proporciona 
mecanismos para a sua coordenação; 
• Como mecanismo de operação – Indica clara e objectivamente aquilo 
que se pretende dos recursos disponíveis; 
• Como mecanismo de decisão – Permite o processo de tomada de decisões 
com base num sistema de informação eficiente. 
A implementação da estrutura organizacional pressupõe a existência de actividades de 
natureza diferentes a desempenhar pelos diversos órgãos da empresa. As actividades a 
realizar em qualquer unidade produtiva estão intimamente relacionadas com técnica a 
utilizar. Assim, encontram-se em qualquer unidade produtiva especializações em técnicas 
e domínios empresariais diferentes. 
 
Esse conjunto de actividades a realizar numa unidade económica designa-se por função 
A empresa se apresenta como um sistema integrado, deste modo, por várias funções que 
se interpenetram condicionando-se mutuamente. 
 
Uma empresa clássica apresenta a seguinte estrutura de funções: 
 
 
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a) Função Administrativa (Direcção). – Esta função está relacionada com a 
administração geral da empresa e a qual se subordinam todas as demais funções. 
 
b) Função Aprovisionamento. – Assegura o abastecimento aos distintos sectores da 
empresa, o fluxo de materiais e serviços para o funcionamento das mesmas. 
Destacam-se tarefas relacionadas com compras, recepção e gestão dos stocks. 
 
c) Função Produção. – Diz respeito a todas as actividades relacionadas com o processo 
de fabrico, a preparação do trabalho e a organização da produção, o estudo e o 
aperfeiçoamento em termos técnicos dos produtos fabricados ou produtos novos, de 
processos tecnológicos e equipamentos, controle quantitativo e qualitativo da 
produção, a conservação e reparação de equipamentos, os estudos de produtividade, 
etc. 
 
d) Função Comercial. – Desenvolve o estudo comercial do produto, do mercado e dos 
canais de distribuição e o serviço após venda. 
 
e) Função de Recursos Humanos. – Relaciona-secom todas as actividades ligadas com 
a contratação e utilização da força de trabalho. 
 
f) Função Financeira. – Desenvolve estudos e actuações relacionadas com os meios 
financeiros necessários à actividade da empresa. 
 
A Função Financeira compreende um conjunto de actividades a destacar : 
 - Recebimentos e pagamentos (gestão de tesouraria) 
 - Análise da situação económica e financeira da empresa; 
 - Gestão do activo circulante e dos débitos a curto prazo; 
 - Obtenção vantajosa de recursos financeiros; 
 - Aplicação racional de recursos financeiros; 
 - Elaboração de diversos programa e orçamentos enquadrados no planeamento 
financeiro da empresa. 
 
A função financeira consiste na preparação, na tomada, execução, na avaliação e no 
controlo das decisões financeiras da empresa. É uma das funções centrais da empresa e 
 
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de qualquer organização. O departamento financeiro que desempenha a função financeira 
é uma das áreas autónomas em que se organiza a empresa. 
 
3 – FORMAS ALTERNATIVAS DE ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS 
 
Existem três formas básicas de organização empresarial: Firma Individual; Sociedade por 
Quotas e Sociedades Anónimas (por acções) 
 
a) A Firma Individual. É uma empresa que tem apenas um proprietário visando o seu 
próprio lucro. O capital normalmente provém de recursos próprios ou de 
empréstimos. O proprietário individual tem responsabilidade ilimitada, ou seja, todos 
os seus bens podem ser utilizados para satisfazer os credores. 
 
Vantagens: 
- O proprietário recebe todo o lucro e arca com todas as despesas. 
- O imposto de renda recai apenas sobre os rendimentos do proprietário. 
- Sigilo 
- Facilidade de dissolução. 
 
Desvantagens: 
- O proprietário tem responsabilidade ilimitada; 
- Todos os bens podem ser reclamados para saldar dívidas; 
- A limitada capacidade de obtenção de fundos tende a inibir seu crescimento; 
- O proprietário deve ser capaz de realizar qualquer actividade; 
- Dificuldades para oferecer aos empregados oportunidades de carreira a longo 
 prazo. 
- Perda de continuidade quando morre o proprietário. 
 
b) Sociedades por Quotas. Essas consistem de dois ou mais proprietários dirigindo 
conjuntamente um empreendimento com fins lucrativos e se classificam em duas 
categorias: Sociedades Gerais e Sociedades Limitadas. 
 
 
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Numa Sociedade Geral, todos os sócios concordam em fornecer alguma proporção 
de trabalho e capital, bem como compartilhar os lucros e as perdas. Todos os sócios 
têm responsabilidade ilimitada. 
 
As Sociedades Limitadas, um ou mais sócios podem ter responsabilidade limitada, 
desde que pelo menos um dos sócios assuma responsabilidade ilimitada. Os sócios 
de responsabilidade limitada não participam na gestão dos negócios. 
 
Vantagens: 
- Pode levantar mais fundos que as firmas individuais. 
- Maior capacidade de obter empréstimo, devido ao maior número 
 de proprietários. 
- Maior capacidade administrativa. 
Desvantagens: 
- Os proprietários poderão ter de cobrir dívidas de outros sócios com 
 menos capacidade financeira. 
- Quando morre um sócio, a sociedade se dissolve. 
- Dificuldades para liquidar ou transferir a sociedade 
- Dificuldade para alcançar operações de grande escala. 
 
c) Sociedades Anónimas (por acções). É uma entidade intangível, criada por lei. É a 
mais importante dentro das distintas formas de organização de empresas. Uma 
sociedade anónima tem poderes semelhante aos de uma pessoa, no sentido de que 
podem accionar e ser accionada judicialmente, estabelecer contratos e ser parte deles, 
e adquirir propriedades em seu próprio nome. 
A sociedade por acções envolve três conjuntos de interesses distintos: O Accionista 
(proprietário) o Conselho de Administração e o Presidente. 
 
Os accionistas, são os verdadeiros donos da empresa, em função do seu património em 
acções ordinárias e preferenciais. Eles votam periodicamente para eleger os membros do 
Conselho de Administração e para modificar o estatuto social da empresa. 
 
O Conselho de Administração, possui a autoridade máxima para decidir os assuntos da 
sociedade e para formular sua política geral. 
 
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O Presidente ou Executivo Principal. É responsável pela administração do dia-a-dia da 
empresa e pela execução das políticas estabelecidas pelo Conselho de Administração. 
Reporta-se periodicamente ao Conselho de Administração da empresa. 
 
Vantagens: 
- Os proprietários têm responsabilidade limitada, o que lhes garante não perder mais do 
 que investem. 
- Pode alcançar grandes dimensões devido à possibilidade de vendas de acções. 
- Os direitos de propriedade são facilmente transferíveis. 
- Vida longa da empresa, pois não se dissolve em caso de morte dos proprietários. 
- Maior capacidade de expansão, devido ao acesso ao mercado de capitais. 
 
Desvantagens: 
- Os impostos são geralmente mais altos, uma vez que os lucros são tributados na 
 empresa e os dividendos pagos aos proprietários, também. 
- Exige maiores gastos organizacionais do que outras formas de empresa. 
- Sujeita-se a maior controlo governamental 
- Os empregados frequentemente não possuem interesse pessoal na empresa. 
- Ausência de sigilo, pois os accionistas devem receber as demonstrações financeiras. 
 
1.2 A FUNÇÃO FINANCEIRA NA EMPRESA 
 
4.1 Evolução da Função Financeira da Empresa 
 
As teorias das finanças vêm descrevendo ao longo do tempo um processo consistente de 
evolução conceitual e técnica. O estudo das finanças vem-se ajustando aos diversos 
momentos da economia e encontra o seu maior desafio actualmente, diante das evidências 
do fim da era industrial e surgimento de uma era de informação e, adiante, de 
conhecimento, resultante da globalização do negócio, o uso mais acentuado dos 
computadores para análises e transferência de informação. (Assaf Neto, 2010). 
De forma sintética identifica-se alguns macros históricos da evolução da função 
financeira: 
Décadas de 1920 a 1960 
 
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Década de 1920 – registou-se uma expansão das indústrias e houve o processo de fusões 
das empresas para completar as linhas de comercialização. Embora fosse um momento 
de apuramento de grandes margens de lucro, os preços estavam flutuando e havia escassez 
de recursos, reforçando a importância de estrutura financeira da empresa; 
 
Década de 1930 – verificou-se uma recessão económica vinda da crise de 1929/30, 
destacando-se na época os estudos sobre solvência, liquidez e recuperação financeira da 
empresa; 
Década 1940 – devido a Segunda Guerra Mundial, a função financeira atribuiu maior 
importância à obtenção de recursos para financiar a produção de bens; 
 
Década de 1950 – Registou uma rápida expansão da economia mundial, apesar do receio 
quanto à possibilidade de uma recessão nesse período pós-guerra. 
 Todos estes factos conduziram a uma mudança no foco do estudo Gestão Financeira, que 
passou a caracterizar-se pela predominância das rotinas internas e pela preocupação com 
a estrutura organizacional, que ficou conhecida pela abordagem administrativa. 
Assim no final da década dos anos 50 e inicio da década de 1960, houve uma redução na 
rentabilidade das empresas consolidadas. O elevado preço de mercado das acções de 
novas indústrias resultou na escassez de recursos para as empresas tradicionais, o que fez 
sentir-se a necessidade do estudo do custo de capital, e dai ganhou relevância uma nova 
abordagem financeira, a Teoria Económica nas Finanças das Empresas. 
A função financeira e a necessidade de uma gestão eficaz dos problemas financeiros, 
embora estivessem implementadas nunca foram verdadeiras sentidas nas empresas até à 
década de 60, período em que se verificou uma mudança nas tarefas desta função, 
procurando compreender as várias consequências das políticas de investimento, 
financiamento e dividendos sobre o comportamento dos fluxos de caixa das empresas, 
em seu nível de risco e em seu valor económico.Pelo que as décadas seguintes e pertencentes a era das Finanças Modernas, tiveram as 
seguintes características: 
 
Década de 1970 – Teve como principal característica a recessão mundial oriunda do 
esgotamento do modelo de crescimento adoptado no pós-guerra. Além disso, o cenário 
económico mundial enfrentou a crise do petróleo e paralelamente a bolsa de Nova York 
entrou em crise aumentando ainda mais o ambiente de risco e incerteza; 
 
11 
 
Década de 1980 – Nessa década o crescimento da economia norte-americana teve como 
característica a manutenção de altos deficits orçamentários, importação generalizada de 
produtos japoneses e europeus e adopção de uma política monetária restritiva. Esse 
cenário fez com que as taxas de juros internacionais aumentassem e determinou que 
países em desenvolvimento tivessem dificuldade em honrar os empréstimos na década de 
1970. 
Nessa década, a excessiva liquidez no sistema financeiro mundial incentivou os bancos 
internacionais a concederem crescentes financiamentos aos projectos de investimentos 
dos países em desenvolvimento. 
 
Década de 1990 até início de século XXI 
 
Na década de 1990, houve um aumento da globalização da economia, determinando o 
incremento do fluxo internacional de capitais dos produtos e de serviços. Esse fenómeno 
levou a uma interdependência maior entre as economias dos países, implicando um 
incremento da possibilidade de que um eventual colapso económico em um país resulte 
no contágio dos demais. Diante disso, aumentou a preocupação com os riscos, 
incentivando a utilização de sofisticados modelos e estratégias de avaliação e gestão de 
risco. 
Nesta década, ganharam destaque ainda os graves problemas financeiros enfrentados, 
entre outros, pelo banco inglês Barings Bank e pelo fundo de investimento norte-
americano Long Term Capital Management. Além disso foram desenvolvidas novas 
técnicas de custeio importantes para momento de reestruturação pelo qual passaram as 
empresas. 
 
Já no inicio do século XXI, houve escândalos contábeis no EUA, envolvendo empresas 
reconhecidas, demonstrando a existência de conflitos de interesse nas organizações e a 
necessidade de se ampliarem os mecanismos de controlo. Perante este quadro, ganha 
também necessidade a maior transparência nas relações entre gestores e accionistas. 
Paralelo a isso, em 2002, foi aprovado pelo Congresso norte-americano a lei Sarbanes 
Oxley (SOX), com a finalidade de oferecer maior protecção aos investidores. 
 
 
 
12 
4.2 As Tarefas da Função Financeira 
 
Numa primeira fase, a função financeira identificava-se com o papel do tesoureiro da 
empresa, ou seja, consistia em realizar os recebimentos e os pagamentos decorrentes da 
realização da actividade empresa, e da manutenção de um saldo de disponibilidades que 
permitisse o normal funcionamento da empresa, na rapidez e segurança da cobrança das 
dívidas dos clientes e, no escalonamento adequado da liquidação dos débitos aos 
fornecedores. A função financeira limitava-se aquilo que actualmente se designa por 
gestão de tesouraria em sentido estrito ou gestão de disponibilidades. 
A concepção tradicional da função financeira relacionada com a gestão das 
disponibilidades ou tesouraria transforma-se gradualmente numa concepção moderna que 
se traduz na participação da função financeira nas decisões de investimentos, distribuição 
de resultados e na elaboração do plano de médio e longo prazo da empresa e no controlo 
da rendibilidade das aplicações de fundos. 
Para alcançar os seus objectivos, a função financeira reparte as suas tarefas pela Análise 
económica e financeira e pela Gestão Financeira. 
 
• Análise Económica e Financeira 
 
Compreende um conjunto de técnicas que visam o estudo da situação económica e 
financeira da empresa através da análise de documentos contabilísticos (o Balanço, a 
Demonstração de Resultados, a Demonstração dos fluxos de caixa e o Mapa de origens e 
aplicação de fundos) e visa dotar os responsáveis da organização e outras entidades de 
informação económica e financeira adequada para a tomada de decisões. 
 
A análise económica e financeira é responsável : 
 - Pelo estudo da situação económica (estrutura de activos, composição da conta 
resultados, análise de eficiência económica, rendibilidades e risco económico) e da 
estrutura financeira (relação capitais próprios e capitais alheios, situação de tesouraria e 
da liquidez, equilíbrio financeiro e risco financeiro) e demais informações sobre a 
actividade, competividade e estratégia da empresa. 
 
 - Pela apreciação crítica da função financeira, nomeadamente determinar o 
montante do valor criado para os accionistas numa análise histórica e, também previsional 
 
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e, ainda, explicar a situação que originou ou não a criação de valor da empresa de forma 
a aferir da sua capacidade competitiva e servir de base a formulação e uma estratégia 
futura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
A GESTÃO FINANCEIRA EMPRESARIAL 
 
A gestão, isto é a forma como gerimos as empresas e os elementos de que nos servimos 
para as tomadas de decisão, acabam por ter um papel fundamental na solidez financeira. 
 
 Uma decisão tomada muitas vezes com o coração sem ser sustentada na razão, pode 
colocar em sério risco a continuidade da vida das empresas, colocando também em crise 
a continuidade da sua função não apenas nos objectivos que estatutariamente lhe foram 
consignados, mas também nas restantes envolventes que ela desempenha. 
 
A gestão financeira de uma empresa engloba um certo e determinado número de decisões 
financeiras que vão desde as grandes decisões estratégicas de politica financeira e de 
escolha de investimentos até às decisões puramente técnicas, como as relacionadas com 
gestão de tesouraria. Mas seja qual for o tipo de decisão que seja necessário tomar, em 
todos os caso a abordagem financeira da empresa é semelhante : consiste em melhorar, 
na medida do possível, a rentabilidade da empresa controlando o nível de risco assumido 
de forma mais eficaz e rigorosa possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A gestão financeira engloba um conjunto de tarefas que se pode sintetizar no seguinte 
esquema: 
Figura 2 – Tarefas da gestão financeira 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO 
FINANCEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto à estratégia financeira, que em certa medida, não é mais do que uma extensão da 
concepção tradicional centrada sobre o financiamento, parece útil acrescentar o seguinte: 
• Política de investimento assume um papel preponderante e preocupa-se 
fundamentalmente com a análise de rendibilidade e do risco potenciais das 
decisões que, envolvendo um horizonte temporal alargado, implicam um 
dispêndio de fundos no presente em troca de um potencial de entrada de fundos 
no futuro. 
 
• A política de financiamento visa principalmente proporcionar à empresa os 
fundos de que esta necessita, em função da sua politica de investimento e de 
desenvolvimento. 
 
• A politica de distribuição de resultados tem um carácter marginal e dedica-se ao 
estudo da melhor forma de afectar a riqueza adquirida pela empresa entre a 
A MÉDIO E 
LONGO PRAZOS 
 
(estratégias 
financeiras) 
A CURTO PRAZO 
OU GESTÃO DA 
TESOURARIA EM 
SENTIDO LATO 
 
(decisões 
operacionais) 
POLÍTICAS DE: 
- Investimento
s 
- Financiament
os 
- Distribuição 
de resultados 
GESTÃO DO: 
- Activo 
circulante 
- Débitos de 
curto 
prazo 
 
16 
retenção em reservas e o pagamento de dividendos aos accionistas, atendendo às 
condições e restrições legais e fiscais a que a mesma e os detentores do seu capital 
estão sujeitos. 
 
• O documento fundamental da gestão financeira a médio e a longo prazo é o plano 
financeiro. 
 
A gestão de tesouraria de Curto Prazo, é como próprio nome indica, um prolongamento 
das tarefas originais da função financeira– papel do tesoureiro. Abrange as acções a 
desenvolver na: 
 
• Gestão das operações financeiras a curto prazo, saldo de tesouraria, aplicação de 
disponibilidades e financiamento a curto prazo; 
• Politicas de gestão dos activos e passivos circulantes de exploração e extra – 
exploração, as quais condicionam o nível e a estrutura dos activos e passivos de 
funcionamento e têm implicações nas necessidades de financiamento; 
• Planeamento financeiro a curto prazo: previsão das necessidades ou excedente de 
tesouraria e seu financiamento ou aplicação de melhores condições. 
 
• O documento central da gestão financeira a curto prazo é o orçamento de 
tesouraria. 
 
5.1 – O Objectivo da Gestão Financeira 
 
Quando alguém se dispõe a investir poupanças em uma empresa, em vez de aplicá-la em 
alternativas mais seguras, está-se disposto a assumir certo risco em troca de um aumento 
no seu património ou riqueza pessoal. 
 
Assim, pode-se admitir que o objectivo primordial de cada empresa é o de maximizar a 
riqueza de seus proprietários. Essa riqueza é representada pelo valor de mercado da 
empresa, ou seja, pelo preço que seria alcançado na venda de direitos de participação no 
seu capital social. 
 
 
17 
A gestão financeira é uma actividade orientada por objectivos. As acções do gestor 
financeiro relativas à análise e ao planeamento financeiro, às decisões de investimento e 
às decisões de financiamento, devem ser tomadas visando-se ao cumprimento dos 
objectivos dos proprietários da empresa. Deste modo, a gestão financeira não tem como 
objectivo a obtenção do maior lucro dentro do menor prazo possível, mais sim a 
maximização da riqueza dos accionistas. 
Existe um contraste quanto à maximização do lucro e à maximização da riqueza do 
accionista, como critério para a tomada de decisões financeiras na prática. 
 
5.1.1 – Maximizar o Lucro 
 
A maximização do lucro como critério para a tomada de decisões de gestão financeira, 
enfrenta três deficiências básicas que podem até resultar na falência da empresa: 
 
 É um objectivo de curto prazo. Para maximizar o lucro a empresa deve ser eficiente 
na utilização dos seus recursos. A curto prazo a empresa poderá aumentar seus lucros, 
comprando matérias-primas e maquinaria de baixa qualidade que, com a redução dos 
custos trarão um acréscimo dos lucros. Mas a longo prazo poderão declinar porque os 
consumidores perceberão a qualidade inferior dos produtos e os custos de manutenção 
dos equipamentos aumentarão significativamente. 
 
 Ignora o risco. Outro problema com a estratégia é que o sucesso do objectivo de 
maximizar os lucros depende dos lucros esperados, e estes podem ser somente 
estimados. Se os lucros reais não forem tão elevados como os estimados, a política de 
maximização cairá por terra. Embora, a longo prazo, as flutuações tenderão a 
normalizar. 
 
 Queda do valor de mercado dos títulos da empresa. A maximização do lucro pode 
causar uma queda no valor de mercado dos títulos da empresa. Uma forma de 
maximizar o lucro é não distribuir os dividendos, deste modo a empresa pode investir 
todos os lucros da empresa em cada período, na compra de activos rentáveis que 
aumentarão seus lucros futuros. Mas, ao não distribuir dividendos a empresa corre o 
risco que o preço de mercado de seus títulos caia, porque os investidores preferem a 
distribuição razoável de dividendos. 
 
18 
 
5.1.2 – Maximização da riqueza do proprietário 
 
A maximização da riqueza do proprietário leva à maximização do valor da empresa e se 
apresenta como um critério muito mais viável que a maximização do lucro, uma vez que 
não tem limitações apresentadas no critério da maximização do lucro. 
A maximização da riqueza envolve os seguintes aspectos: 
 
 Perspectiva de longo prazo. A empresa deve ser perpetuada e, para tanto, tem de 
realizar investimentos em tecnologia, novos produtos etc. que poderão sacrificar a 
rentabilidade actual em troca de maiores benefícios no futuro. 
 
 Considera a incerteza. O gestor deverá escolher entre vários projectos, aquele em que 
o retorno é compatível com o risco assumido, desenvolvendo estratégias para 
maximizar a riqueza do proprietário, com um nível aceitável de risco. 
 
 Valor do dinheiro no tempo. Considerando o valor do dinheiro no tempo, a selecção 
dos projectos a serem implementados visará á aumentar ou, pelo menos, manter o 
valor de mercado da empresa. 
 
 Considera a distribuição de dividendos. A gestão financeira deve encontrar o 
equilíbrio desejado entre distribuição de dividendos e a retenção de lucros, de modos 
que os investidores se sintam atraídos a investirem nas acções da empresa, 
aumentando assim o seu preço e consequentemente a riqueza dos proprietários. 
Em suma ao falar de lucro, importa perspectivar claramente o conceito de lucro que está 
em causa e a respectiva dimensão temporal. Há que distinguir entre lucros líquidos e 
lucros distribuídos. Por outro lado, a distinção entre maximização temporal dos lucros ( 
a curto ou a longo prazo) também se revela importante. 
O desenvolvimento e a estabilidade global da empresa poderão ser seriamente 
comprometidos, se a óptica de curto prazo sobrelevar a visão de longo prazo. A política 
de distribuição de resultados anuais deverá possibilitar a manutenção de níveis 
 
 
 
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5.2 – Áreas de Decisões Financeiras 
 
Decisão financeira é uma escolha da detenção de diferentes tipos de bens, tem como 
objectivo a procura de um ganho quer directo quer sob a forma de rendimentos. 
O fundamento de qualquer decisão financeira tem como origem o comportamento dos 
agentes económicos que só aceitam renunciar ao dinheiro que detêm se, como 
contrapartida tiverem uma esperança de ganho. Este só raramente é imediato, sendo 
esperado ao longo de um período mais ou menos longo. 
A opção, situa-se no tempo, comporta pois uma incerteza. Esta incerteza está ligada a 
duração do investimento e também a natureza da operação: risco. 
De forma bastante abrangente, pode-se identificar três áreas de decisões financeiras: 
 Decisões de investimento; 
 Decisões de financiamento; e 
 Decisões relativas ao destino a dar ao lucro. 
 
5.2.1 – Decisões de Investimento 
 
A decisão financeira fundamental, a longo prazo, é a decisão de investimentos, é a 
realização de uma despesa imediata importante visando alcançar um ganho em vários 
períodos sucessivos. É uma despesa seguida de um conjunto de fluxos de receitas líquidas 
(o cash flow). 
As decisões de investimento do gestor financeiro determinam a combinação e o tipo de 
activos constantes do balanço patrimonial da empresa. Essa actividade diz respeito ao 
lado esquerdo do balanço. A combinação refere-se ao montante de recursos aplicados em 
activos circulantes e em activos permanentes. Estabelecidas as proporções, o gestor 
financeiro deve fixar e tentar manter certos níveis óptimos para cada tipo de activo 
circulante. Deve também decidir quais são os melhores activos permanentes a adquirir, e 
saber quando os activos existentes precisam ser modificados substituídos ou liquidados. 
As decisões de investimentos referem-se também a implementação de novos projectos. 
A grande concorrência existente nas modernas economias de mercado obriga as empresas 
a se manterem tecnologicamente actualizadas. Nenhuma empresa pode sentir-se segura 
em boa posição conquistada pois a qualquer com o produto melhor e mais barato. Assim 
as empresas são obrigadas a desenvolver continuamente novos projectos e a tomar de 
cisões sobre a sua implementação. Normalmente isso significa a necessidade de vultosos 
 
20 
somas adicionais de recursos e elevação no risco do empreendimento, uma vez que 
investimentos em novos tipos de activos fixos têm efeitos prolongados sobre a vida da 
empresa, e uma decisão inadequada poderá comprometer irremediavelmente o seu futuro. 
A maior parte das vezes o financiamento do investimentosó em parte é assegurado pelo 
dinheiro previamente acumulado. Implica mais frequentemente face à importância dos 
capitais necessários a recolha de novos capitais, por exemplo a entrada de capital pelos 
sócios ou por empréstimos. 
As decisões financeiras estão interligadas, pois só se decide investir em função da 
possibilidade de financiar e em função do custo de financiamento e tomando em atenção 
a rentabilidade esperada. 
 
5.2.2 – Decisões de Financiamento 
A decisão de financiamento está associada às origens de fundos indispensáveis ao 
desenvolvimento e manutenção da actividade económica da empresa. 
Esta decisão relaciona-se com o lado direito do balanço patrimonial e envolve duas áreas 
principais: primeira, a combinação mais apropriada entre financiamento a curto e a longo 
prazo que deve ser estabelecida, ou seja, as decisões visam montar a estrutura financeira 
adequada às operações normais e aos novos projectos a serem implantados na empresa; 
segunda área, igualmente importante, é a que estabelece as fontes individuais de 
financiamento, a curto ou longo prazo, são preferíveis num dado instante. 
Resumidamente, as questões envolvidas nas decisões financeiras referem-se à 
composição das fontes de recursos, como segue: 
 Qual deveria ser a proporção entre recursos permanentes e temporários 
 Quanto de recursos próprios e quanto de financiamento a longo prazo 
 O reinvestimento reagiria bem ao lançamento de novas acções 
 Qual seria o impacto dos custos financeiros provocados pelos financiamentos 
a longo prazo e pelos empréstimos a curto prazo 
 Em vez de comprar activos fixos, não deveríamos arrendá-los 
 
De uma forma sustentada, a identificação de adequadas fontes de financiamento faz parte 
integrante do processo de planeamento das empresas estando reflectidos nas 
demonstrações dos resultados previsionais que integra o orçamento anual. 
As fontes de financiamento podem ser classificadas atendendo ao seu prazo de 
permanência, como sendo, a curto prazo e a médio e longo prazo. 
 
21 
1- A curto prazo. 
Materializáveis em capitais alheios (crédito de fornecedores, adiantamentos de clientes, 
empréstimos bancários, conta-corrente caucionada, factoring, crédito documentário, 
papel comercial, sociedades financeiras para aquisição de crédito, de entre outros). 
Há várias alternativas que podem ser sintetizar em: 
Crédito de fornecedores – é uma fonte de financiamento de curto prazo, com 
benefícios para a gestão de tesouraria a curto prazo, contudo, é fundamental 
relacionar o prazo médio de recebimentos com o prazo médio de pagamento, de 
modo, a estabelecer uma situação de tesouraria sem dificuldades imediatas. 
Adiantamentos de clientes – os clientes da empresa podem facultar-lhe 
adiantamentos por encomendas efectuadas que representam autênticos recursos 
normais e gratuitos de exploração; observe-se que os adiantamentos de clientes 
são vulgarmente nos sectores de actividade que se caracterizam por um elevada 
duração do ciclo de produção (construção naval, fabricação de equipamento, etc.). 
Pode-se distinguir duas formas de adiantamento de clientes: (i) normais, aqueles 
considerados como recursos financeiros de exploração para o cálculo de maneio 
necessário de exploração; (ii) inversamente, os adiantamentos anormais dos 
clientes geralmente decorrentes de problemas de tesouraria da empresa 
(conjunturais ou estruturais). 
Empréstimos bancários – financiamento a curto e médio prazo destinado ao 
investimento, com plano de amortização adequado aos fluxos financeiro do 
projecto. É normal um período de carência de amortização e poderão ser 
solicitadas contra garantias. 
Conta-Corrente Caucionada – consiste na atribuição de um limite máximo de 
crédito que a empresa pode movimentar, conforme as suas necessidades de 
tesouraria, sem qualquer plano de amortização predefinido. È um instrumento que 
responde à volatilidade das necessidades de tesouraria da empresa. 
Factoring – consiste na transferência das dívida a receber dos seus clientes para 
uma instituição financeira, designado por factor (cedência de facturas). Na data 
de vencimento da factura, esta será paga pelo devedor ao factor. Para além de 
assegurarem a gestão das cobranças das facturas cedidas, e assumirem ou não o 
risco de crédito, as sociedades de factoring podem efectuar o adiantamento total 
ou parcial dos valor a cobrar. 
 
22 
Crédito documentário – especialmente vocacionado ao comércio externo, é uma 
operação em que o banco sob ordem de uma empresa sua cliente (ordenador) se 
responsabiliza por colocar à disposição de um vendedor (beneficiário) uma 
determinada quantia, normalmente através de outro banco (correspondente) contra 
a entrega de determinados documentos. O interesse desse tipo de operação reside 
na garantia de que o vendedor recebe atempadamente o montante referente a 
transacção efectuada e o comprador só paga aquele que efectivamente comprou. 
Papel comercial - de forma sucinta, é um conjunto de títulos de dívida emitidos 
por empresas e instituições não governamentais a prazos curtos, previsto na 
legislação. O juro é deixado ao critério do emitente, pode também ser emitido a 
desconto (não vence juros explícitos, o preço de emissão é inferior ao valor do 
reembolso). É uma alternativa aos tradicionais títulos de renda fixa, em termos de 
aplicação de fundos. 
Sociedades financeiras para a aquisição de crédito – São intermediários 
financeiros que exercem actividade parabancária de financiamento de aquisição a 
crédito de bens e serviços. Têm por objecto o financiamento da aquisição a crédito 
de bens e serviços, nomeadamente sob a forma de concessão de crédito directo ao 
fornecedor, de desconto de título e de prestação de garantia. 
2- A médio e longo prazo 
As fontes de financiamento à médio e longo prazo distinguem-se em: 
a) internas – geradas directamente pela própria dinâmica do funcionamento da 
empresa (meios libertos retidos, venda de activos); 
b) externas: (i) materializáveis em capitais próprios (aumento de capital em 
dinheiro, em espécie ou por transformação de dívidas); (ii) materializáveis 
em capitais alheios (empréstimos bancários, leasing, e outros). 
As fontes de financiamento internas, traduzem, o autofinanciamento, 
considerados como meios financeiros obtidos e retidos na empresa e que podem 
ser : 
De manutenção – amortizações, ajustamentos e provisões, reserva de 
investimento; 
De crescimento – ajustamento, reservas livres, amortizações e lucros retidos. 
O autofinancimanto reforça a imagem da empresa, aumenta o poder de negociação 
face a terceiros, é uma fonte gratuita de fundos, minimiza o recurso a fundos 
 
23 
externos e permite uma maior flexibilidade na tomada de decisões de 
investimento. 
Por outro lado, o autofinanciamento pode lesar os legítimos interesses dos sócios, 
visto significar uma diminuição de dividendos, o que pode dificultar futuras 
operações de aumento de capital social. 
A fonte de financiamento materializáveis em capitais próprios, podem ter várias 
origens: 
 - aumento de capital próprio, é uma forma de financiamento que à 
primeira vista, poderá parecer a menos onerosa. Pode ser feita, com entradas de 
novos sócios, incorporação de reservas e transferências de dívidas em capital. 
 - taxa de retenção de lucros – a diminuição de distribuição de resultados 
lucros reforça a politica de autofinanciamento da empresa. 
As fontes de financiamento externo, materializáveis em capitais alheias (leasing e 
capital de risco). 
Leasing – define-se como um contrato de locação (aluguer, no caso de 
coisas e imóveis), em que o locador (empresa de leasing), cede ao locatário 
(cliente) o direito à utilização de um bem imóvel, equipamento ou outros activos 
fixos durante um determinado prazo, mediante o pagamento de uma quantia 
conhecida geralmente na forma de renda. Durante o período de vigência do 
contratoa propriedade legal do bem permanece com o locador, embora a sua 
utilização seja efectuada pelo locatário. 
Capital de risco – O capital de risco é um instrumento financeiro que 
consiste, fundamentalmente na participação temporária e minoritária, de uma 
SCR, no capital social de uma empresa. A SCR, entidade que disponibiliza os 
fundos, torna-se sócia ou accionista da empresa financiada, participando, portanto, 
de modo directo nos riscos do negócio. 
As SCR têm como objecto principal o apoio e promoção do investimento e da 
inovação tecnológica em projectos, ou empresas, através da participação 
temporária no respectivo capital social. Como objecto acessório, as SCR podem 
prestar assistência na gestão financeira, técnica, administrativa e comercial das 
sociedades participadas. Podem, também, realizar estudo técnico–económicos de 
viabilidade de empresas ou de novos projectos de investimento, bem como das 
condições e modalidades do respectivo financiamento, desde que tais serviços 
 
24 
sejam prestados as empresas participadas ou empresas com as quais desenvolvem 
um projecto tendente à subscrição ou aquisição de correspondentes participações. 
Além do capital, as SCR contribuem com o aconselhamento à gestão 
traduzido por contribuições nas seguintes áreas: 
• Financeira, nomeadamente planeamento financeiro e optimização das 
fontes e custos financeiros e preparação da empresa para o acesso ao 
mercado de capitais; 
• Estratégia empresarial; 
• Informação de mercado; 
• Sugestões válidas para o desenvolvimento do negócio; 
• Outros aspectos como recrutamento, estratégia de marketing, 
implementação de sistemas de informação interna e externa; 
O CR tem vantagens face ao endividamento de médio e longo prazo. Num 
empréstimo, os financiadores têm o direito a juros e reembolso do capital qualquer 
que seja a evolução do seu negócio, sucesso ou falhanço, pelo que, na maioria das 
vezes garante os montantes disponibilizados tendo como contrapartidas garantias 
pessoais ou da empresa (algumas reais, na forma de penhor ou hipoteca). Assim, 
se a empresa não cumprir o serviço da dívida, ou seja qual for o motivo, estes 
financiadores poderão recorrer à bens da empresa e, por vezes, devido à 
responsabilidade solidária, aos bens pessoais de qualquer um dos sócios. 
Com a CR há uma entrada de dinheiro como contrapartida da tomada de uma 
posição minoritária no capital da empresa, pelo que a rendibilidade dos 
investidores depende da rendibilidade e do sucesso do negócio. Com as SCR não 
tem quaisquer garantias, assume o risco à semelhança dos restantes sócios. A sua 
remuneração está dependente do sucesso da empresa participada e está associada, 
em grande parte, às mais-valias a realizar no momento da saída. 
 
5.2.3 - Decisões relativas ao destino à dar ao lucro 
 
O lucro obtido em cada exercício social representa a remuneração do investimento dos 
proprietários da empresa. As decisões quanto desse lucro deveria ser distribuído aos 
accionistas e quanto será retido para financiar a expansão dos negócios. Essa indagação 
 
25 
revela que política de distribuição de dividendos está directamente relacionada com as 
decisões de financiamento. 
Distribuindo apenas uma pequena parcela dos lucros, a empresa ficará menos dependente 
das fontes onerosas de recursos e ampliará a participação do capital próprio na estrutura 
financeira. 
Uma política de dividendos adequada favorece a manutenção dos preços das acções em 
níveis elevados, e isto poderá garantir o sucesso de futuros lançamentos de novas acções 
no mercado. 
No caso em que a empresa pertence a um número reduzido de accionistas essas decisões 
são tomadas por consenso ou por imposição do sócio maioritário. A dificuldade surge 
quando a empresa com um grande número de accionistas e as acções são negociadas em 
Bolsa. 
 
O RELACIONAMENTO DA GESTÃO FINANCEIRA COM AS OUTRAS ÁREAS 
DO SABER 
 
A gestão financeira encontra-se estreitamente relacionada com a economia e a 
contabilidade. Porém existe diferenças marcantes entre elas. 
 
Gestão Financeira e a Economia 
 
A importância da economia para o desenvolvimento da teoria financeira pode ser vista 
em função das duas áreas: a macroeconomia e a microeconomia. 
Macroeconomia. A macroeconomia estuda a estrutura institucional do sistema bancário, 
intermediários financeiros, o tesouro nacional e as políticas económicas de que o governo 
dispõe para controlar satisfatoriamente o nível de actividade dentro da economia. 
A empresa operando no âmbito macro-económico, torna-se necessário que o gestor 
financeiro conheça a sua estrutura institucional. Precisa também estar atento para as 
consequências dos diferentes níveis de actividade económica e mudanças na política 
económica que afectam seu próprio ambiente de decisão. Sem compreender o 
funcionamento do amplo ambiente económico, o gestor financeiro não pode esperar obter 
sucesso financeiro para a empresa. 
Microeconomia. As teorias da microeconomia fornecem a base para operação eficiente 
da empresa. Os conceitos envolvidos nas relações de oferta e procura e as estratégias de 
maximização do lucro, são extraídas da teoria microeconómica. A análise marginal é o 
 
26 
princípio básico que se aplica em gestão financeira, este princípio sugere que apenas se 
deve tomar decisões a adoptar medidas quando as receitas marginais excederem os custos 
marginais. Quando se verifica essa condição, é de se esperar que uma dada decisão ou 
acção resulte num aumento nos lucros da empresa. (ver exemplo a seguir apresentado). 
 
Exemplo. 
A substituição de um equipamento por um novo requer um desembolso a vista de 
$160.000, enquanto que o antigo poderá ser vendido por $56.000. Os benefícios totais 
gerados pelo novo equipamento seriam $200.000, e os benefícios do equipamento antigo 
no mesmo período de tempo, seriam de $70.000. Usando-se a análise marginal para esses 
dados obtém-se o seguinte: 
 
Benefício com o novo equipamento...........................................$200.000 
 
 Menos: Benefício com o equipamento antigo............................$ 70.000 
(1) Benefícios marginais adicionados...........................................$130.000 
 
Custo do novo equipamento........................................................$160.000 
Menos: Receita obtida com a venda do equipamento antigo......$ 50.000 
(2) Custos marginais adicionados.................................................$104.000 
Benefício líquido {(1) – (2)}..........................................................$ 26.000 
 
 
 
A Gestão Financeira e a Contabilidade 
 
A gestão financeira e a contabilidade nem sempre se distinguem facilmente. Nas 
pequenas empresas o contabilista frequentemente assume a função financeira e em 
grandes empresas, muitos dos contabilistas estão intimamente envolvidos em várias 
actividades financeiras. No entanto, há duas diferenças básicas entre Finanças e 
Contabilidade: a ênfase no fluxo de caixa e na tomada de decisões. 
 
 
 
27 
O Ênfase no fluxo de caixa 
 
A função principal do contabilista é desenvolver e fornecer dados para medir o 
desempenho da empresa, avaliar a sua posição financeira e pagar impostos. O contabilista 
prepara as demonstrações financeiras, que reconhecem as receitas no momento da venda 
e as despesas quando incorridas. Essa abordagem é conhecida como regime de 
competência. 
 
O gestor financeiro por outro lado, enfatiza o fluxo de caixa, ou seja, entradas e saídas de 
caixa. Ela mantém a solvência da empresa, analisando e planeando o fluxo de caixa para 
satisfazer as obrigações e adquirir os activos necessários ao cumprimento dos objectivos 
da empresa. O gestor financeiro adopta o regime de caixa para reconhecer as receitas e 
despesas que efectivamente representam entradas e saídas de caixa. 
 
Ex. 
Uma empresa no final do último exercício fiscal vendeu um equipamento por $200.000. 
Nessa aquisiçãoteve um custo de $160.000. Embora a empresa já tivesse arcado com o 
custo total do equipamento ao longo do ano, no encerramento do exercício ainda não 
havia recebido os $200.000 do cliente a quem a venda fora realizada. 
 
 
As visões do contabilista e do gestor financeiro, sobre o desempenho da empresa durante 
o ano, são dadas pela demonstração do resultado do exercício e do fluxo de caixa a seguir 
apresentada: 
 
 Visão do Contabilista Visão do Gestor Financeiro 
Demonstração do Resultado do exercício Demonstração do Fluxo de Caixa 
 Em 3112 Em 3112 
Vendas.............................$200.000 Entrada de caixa...........................$0 
Menos: Custos.................$160.000 Menos: Saídas de caixa.....$160.000 
Lucro líquido....................$ 40.000 Fluxo de caixa líquido.... ($160.000) 
 
 
 
28 
Na visão do contabilista a empresa é bastante lucrativa, já na visão do gestor financeiro 
(em termos do efeito fluxo de caixa), a empresa é um fracasso. Pois, o exemplo mostra 
que a contabilidade, à base do regime de competência não revela integralmente as 
circunstâncias da empresa. O gestor financeiro, concentrando-se no fluxo de caixa deverá 
ser capaz de evitar a insolvência e atingir os objectivos financeiros da empresa. 
 
A Tomada de decisão 
 
Enquanto a contabilidade volta a sua atenção para a recolha e apresentação de dados 
financeiros, o gestor financeiro analisa os demonstrativos financeiros, desenvolve dados 
adicionais e toma decisões, baseado em sua avaliações acerca do risco e retorno inerentes. 
O papel do contabilista é fornecer dados consistentes e de fácil interpretação sobre as 
operações passadas, presentes ou futuras da empresa. O gestor financeiro utiliza esses 
dados, na forma como se apresenta ou após realizar alguns ajustes, e os toma para o 
processo de tomada de decisão. 
 
O LUGAR DA GESTÃO FINANCEIRA NA ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL 
As empresas não apresentam todas elas a mesma estrutura organizacional. Uma empresa 
grande, como por exemplo uma multinacional, precisa de um departamento de financeiro 
extremamente grande devido a elevada especialização que possui. Já uma empresa 
pequena não tendo tanta especialização, claro que não necessita de um vasto 
departamento de financeiro. Numa empresa pequena todas as funções financeiras 
necessárias podem ser dirigidas por poucas pessoas. 
Na figura a seguir apresentada, o financeiro principal que tem o título de Vice-Presidente 
de Finanças reporta-se directamente ao Presidente. O contabilista e o tesoureiro são 
subordinados directos do Vice-Presidente de Finanças. 
 
 
29 
 Figura 3 – Organização Empresarial 
 
 Accionistas 
 
 
 elegem o 
 
 
 
 
 
 Proprietários que contratam 
 
 Administradores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Vice-Presidente (ou Director Financeiro): 
 
 É o principal executivo da área financeira, reportando-se directamente à 
Presidência; 
 Formula política financeira e global de empresa e das suas subsidiárias; 
 Coordena as actividades do Tesoureiro e do Contabilista 
 Representa a empresa: 
- Perante os órgãos públicos e instituições ligadas ao mercado de 
capitais; 
 Conselho 
 de 
 Administração 
 Presidente 
 Vice-
Presidente 
 de Produção 
Vice–
Presidente 
 Financeiro 
Vice-
Presidente 
 de 
Marketing 
 Tesoureiro 
Contabilista 
 
30 
- na assinatura de grandes contratos de compra, de venda, de 
financiamento etc. 
 
O Tesoureiro: 
 
 É responsável pela selecção e gestão dos recursos da empresa; 
 Tem que avaliar todos os projectos importantes e determinar se as oportunidades 
de investimento devem ser empreendidas; 
 Gerir o capital circulante que consiste de recursos de curto prazo; 
 Tem de assegurar que bastante dinheiro esteja disponível para pagar dívidas e 
investir o excesso no mercado de capitais; 
 Gerir as contas a receber (devedores) e os stocks. 
 
O Contabilista: 
 
 Elaborar e interpretar os relatórios contabilísticos e monitoramento das contas: 
- Contabilidade financeira 
- Contabilidade de custos 
 Responsabiliza-se por todos os assuntos relacionados com a tributação 
(impostos) 
 Controle do activo fixo e seguros 
 
 
O AMBIENTE FINANCEIRO 
As instituições financeiras e os mercados são elementos do ambiente financeiro. As 
empresas que necessitam de fundos de fontes externas podem obtê-los de três formas: 
 
 Através das instituições financeiras; 
 Através de mercados financeiros; e 
 Através da colocação directa. 
 
Instituições Financeiras 
 
 
31 
As instituições financeiras são intermediários que canalizam as poupanças de indivíduos, 
empresas e governos para empréstimos ou investimentos. Algumas instituições 
financeiras captam poupanças e emprestam esses fundos e seus clientes, outras investem 
as poupanças de seus clientes em activos rentáveis, tais como bens imóveis ou acções e 
títulos de dívida; outras ainda que tanto emprestam fundos quando investem as 
poupanças. 
 
Os fornecedores e os que tomam fundos são indivíduos, empresas e governos. Os 
indivíduos não só actuam como fornecedores às instituições financeiras, como também 
procuram delas fundos na forma de empréstimos. No entanto os indivíduos poupam mais 
dinheiro do que tomam emprestados. São fornecedores líquidos 
 
As empresas também depositam seus fundos nas instituições financeiras. Tal como os 
indivíduos, também tomam empréstimos dessas instituições. Tomam mais dinheiro do 
que poupam. São tomadores líquidos. 
 
Os governos mantêm em bancos comerciais, depósitos de fundos temporariamente 
ociosos, certas arrecadações de impostos e os recolhimentos de previdência social. Eles 
não tomam fundos emprestados directamente das instituições financeiras. O governo 
toma emprestado mais do que poupa. È um tomador líquido de fundos. 
 
As principais Instituições Financeiras são os bancos comerciais, os bancos de poupança, 
as associações de poupança e empréstimo, as cooperativas de crédito, companhias de 
seguros de vida, fundos de pensão e fundos mútuos. 
 
Mercados Financeiros 
 
Os mercados financeiros fornecem um foro no qual fornecedores de fundos, tomadores 
de empréstimos e investidores podem negociar directamente. Enquanto que nas 
instituições financeiras os empréstimos e os investimentos são feitos sem conhecimento 
directo dos fornecedores dos fundos, no mercado financeiro os fornecedores sabem onde 
seu fundos estão sendo emprestados ou investidos. 
O mercado financeiro é composto de um mercado de fundos de curto prazo ou valores 
mobiliários e o mercado de fundos de longo prazo (títulos de dívida e acções), que são o 
 
32 
mercado monetário e o mercado de capitais, respectivamente. Nem o mercado monetário 
nem o mercado de capitais são localizados num determinado lugar, ambos são redes de 
submercados interligados. Alguns desses submercados têm uma localização física, como 
a bolsa de valores. Outros são mercados de balcão, que consistem apenas em uma rede 
de máquinas de telex, fax e computadores nos escritórios dos participantes do mercado. 
 
Os submercados que lidam com títulos recém-emitidos são chamados de mercados 
primários, enquanto os que revendem títulos já lançados são chamados de mercados 
secundários. 
 
As instituições financeiras participam activamente do mercado monetário e do mercado 
de capitais, tanto como fornecedores quanto como tomadores de fundos. A figura a seguir, 
apresenta o fluxo de fundos entre e através de das instituições financeiras e mercados, 
também são mostradas as transações relativas a colocações directas. 
 
 Figura 4 – Fluxo de Fundos de Instituições Financeiras e Mercados 
 Fundos Fundos 
 DepósitosParticipações Empréstimos 
 accionárias 
 
 Fundos Títulos 
 
 Fundos 
 
 TítulosFundos Fundos 
 
 Títulos Títulos 
 
Mercado Monetário 
 
 
 Instituições 
Financeiras 
Fornecedores 
de 
 Fundos 
Colocaçã
o 
 Directa 
 Tomadores 
de 
 Fundos 
 
Mercados 
Financeiros 
 
33 
O mercado monetário origina-se do relacionamento financeiro entre fornecedores e 
tomadores de fundos de curto prazo, os quais têm vencimentos de um ano ou menos. O 
mercado monetário não é uma organização real instalada em algum ponto central, embora 
a maioria das transações realizada nesse mercado ocorra nas grandes cidades. A maioria 
das transações do mercado monetário é feita com valores mobiliários negociáveis – que 
são instrumentos de divida de curto prazo tais como letras do tesouro, commercial paper 
e certificados de depósitos negociáveis emitidos pelo governo, empresas e instituições 
financeiras, respectivamente. 
 
O mercado monetário existe porque certos indivíduos, empresas, governos e instituições 
financeiras possuem temporariamente, fundos ociosos que desejam aplicar em algum tipo 
activo líquido ou de curto prazo que renda juros. Por outro lado, outros indivíduos, 
empresas, governos e instituições financeiras encontram-se em situações em que 
precisam financiamento sazonal ou temporário. Desse modo, o mercado monetário 
possibilita o encontro entre fornecedores e tomadores de fundos líquidos de curto prazo. 
 
Mercado de Capitais 
 
O mercado de capitais é uma relação financeira criada por instituições e condições que 
permitem aos fornecedores e aos tomadores de fundos de longo prazo – fundos com 
vencimento acima de um ano – realizar transações. Incluídos entre os fundos de longo 
prazo estão os títulos emitidos por empresas e governo. Os títulos emitidos são revendidos 
nas bolsas de valores, as quais provêem o recinto para as transações de instrumentos de 
dívida e participações accionárias. 
 
A maioria dos títulos negociados no mercado de capitais, são títulos de dívida, acções 
ordinárias e preferenciais. Os títulos de dívida são instrumentos de longo prazo usados 
pelas empresas e governos para levantar grandes montantes de fundos. Estes títulos 
pagam juros. Acções ordinárias são unidades de que se constitui a propriedade ou 
património de uma sociedade anónima. Os possuidores dessas acções esperam obter 
retorno na forma de dividendos – distribuição periódica de lucros – ou mediante ganhos 
decorrentes da valorização da acção. Acção preferencial é uma forma especial de 
propriedade que tem características duplas, de um título de dívida e de uma acção 
ordinária. Para os accionistas preferenciais há a promessa de pagamento periódico de 
 
34 
dividendos fixos, que poderão ser efectuados antes de se realizar qualquer distribuição de 
dividendos aos possuidores de acções ordinárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
ANÁLISE DE FLUXOS FINANCEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
INTRODUÇÃO 
Com o objectivo de assegurar a gestão financeira da empresa, é fundamental ter-se um 
bom conhecimento do seu património, isto é não só dos activos que possui e das dívidas 
que tem para satisfazer, mas também dos fluxos gerados pela actividade. Dado que a 
função financeira centra a sua abordagem na gestão de fundos- dinheiro, é muito 
importante ter um bom conhecimento prévio da contabilização desses valores na empresa. 
Assim adoptaremos uma abordagem essencialmente financeira da contabilidade geral 
introduzindo um mínimo de noções contabilísticas necessárias à análise financeira de uma 
empresa. Em vez de definir com precisão cada conta e de enumerar as excepções e casos 
particulares, evidenciaremos o sentido económico das contas da empresa, a fim de 
facilitar a análise. Se o estudante procurar uma abordagem mais detalhada deverá 
consultar os manuais de contabilidade geral. 
Como material de suporte a análise financeira consideram-se, em primeiro lugar, os 
Documentos Contabilísticos elaborados pela empresa, porque traduzem, em termos 
monetários, a sua situação patrimonial, a formação de resultados e a movimentação dos 
meios financeiros. 
Embora interesse saber como se encontra a empresa do ponto de vista financeiro, 
interessará ainda mais conhecer o porquê da situação actual e as perspectivas futuras que 
o conjunto de variáveis em presença permite antever. Daqui a necessidade de elementos 
de informação não contabilísticos sobre o máximo de variáveis que esclareçam a situação 
presente, sejam directa ou indirectamente responsáveis pela mesma, ou possam vir a 
actuar sobre a evolução futura. 
Existem, para facilitar o trabalho de análise, um conjunto de procedimentos ou métodos 
de trabalho, que ajudam a melhor compreender a linguagem dos números, e a partir deles 
extrair conclusões acertadas e um julgamento seguro sobre a situação económico-
financeira da empresa. A informação económico-financeira destina-se fundamentalmente 
aos gestores das empresas, investidores/accionistas, credores, bancos, trabalhadores, 
concorrentes e Estado. 
 
 
 
37 
Fluxos e Ciclos Financeiros 
Chamamos <<fluxo>> à quantidade de bens ou dinheiro, transferida durante um dado 
período (t0) (t1) entre dois agentes económicos1 
Distinguem-se assim duas categorias de fluxos: 
• fluxos reais (bens e serviços); 
• fluxos financeiros (dinheiro ou substitutos). 
A medida dos fluxos reais é feita com base na avaliação em termos monetários. 
A quantidade de bens ou de moeda, medida num instante (t0) é denominada <<stock>>. 
O conjunto dos stocks, possuídos por uma empresa num dado instante, constitui o 
capital económico da empresa. 
As relações entre os fluxos e os stocks constituem os fundamentos dos mecanismos 
financeiros. 
 
Classificação dos Fluxos financeiros 
 
a) Quanto a relação com os fluxos reais os fluxos financeiros classificam-se em: 
• Fluxos Financeiros Induzidos ou de Contrapartida; 
• Fluxos Financeiros Induzidos Directos; 
• Fluxos Financeiros Induzidos Directos Imediatos; 
• Fluxos Financeiros Induzidos Directos Diferidos; 
• Fluxos Financeiros Induzidos Indirectos; 
• Fluxos financeiros autónomos. 
 
Os fluxos financeiros induzidos são os que resultam dos fluxos reais. 
 
Os fluxos financeiros induzidos directos são os que envolvem unicamente os dois 
agentes económicos intervenientes na própria transacção, ou melhor dizendo, no fluxo 
real. 
 
Os fluxos induzidos directos podem ser imediatos ou diferidos: são imediatos, quando 
os fluxos real e financeiro coincidem no tempo; são diferidos, quando os fluxos real e 
financeiro não se revelam coincidentes no tempo, i.e., um dos agentes económicos 
intervenientes na transacção concede (ou obtém) crédito. 
 
 
38 
Os fluxos financeiros induzidos indirectos são aqueles em que intervêm mais do que 
dois agentes económicos, por exemplo o crédito documentário. 
 
Os fluxos financeiros autónomos não decorrem, directa ou indirectamente, de qualquer 
fluxo real. 
 
b) Quanto ao tipo de actividade que os origina os fluxos financeiros classificam-se 
em: 
 
• Fluxos Financeiros de Actividades Operacionais 
 
As actividades operacionais são as que constituem o objecto das actividades da empresa 
e outras que não sejam de considerar como actividades de investimento ou de 
financiamento. 
 
Os fluxos líquidos gerados/utilizados pelas actividades operacionais são um indicador 
da capacidade da Empresa gerar meios de pagamento suficientes para manter a 
capacidade operacional, reembolsar empréstimos, pagar dividendos e fazer 
investimentos de substituição sem ter de recorrer a capitais alheios. 
 
A informação acerca dos componentes específicos de recebimentos e pagamentos é útil, 
juntamente com outras informações para planear os futuros fluxos de caixa 
operacionais. 
 
Apresentam-se, a seguir, exemplos de fluxos decaixa destas actividades: 
a) Recebimentos provenientes de vendas de mercadorias, produtos e serviços; 
b) Recebimentos relativos a royalties, honorários, comissões e outros proveitos 
operacionais; 
c) Pagamentos a fornecedores por compras de mercadorias, matéria-prima e 
fornecimentos e serviços; 
d) Pagamento a empregados e por conta deles; 
e) Pagamentos e reembolsos de impostos sobre o rendimento, a menos que este se 
relacione com as outras actividades (de investimento ou de financiamento); 
f) Recebimentos e pagamentos inerentes a contratos relacionados com a actividade 
normal da empresa. 
 
 
39 
Algumas transacções, tal como a alienação de um elemento do imobilizado, originam 
ganhos ou perdas que são incluídos na demonstração dos resultados (em ganhos e 
perdas extraordinários). Contudo, os fluxos de caixa relacionados com estas transacções 
são classificados como pertencentes a actividade de investimento. 
 
A aquisição de títulos para fins de transacção tem tratamento idêntico àquele que é dado 
aos bens adquiridos para venda; por conseguinte, os fluxos de caixa originados por 
compras ou vendas destes títulos são classificados como actividades operacionais. 
• Fluxos Financeiros de Actividades de Investimento 
 
As actividades de Investimento são as que compreendem a aquisição e alienação de 
imobilizações corpóreas e incorpóreas e aplicações financeiras não consideradas como 
equivalentes de caixa. 
 
Os fluxos líquidos gerados/utilizados pelas actividades de investimento representam a 
extensão dos dispêndios feitos que tenham em vista gerar resultados e fluxos de caixa 
futuros. 
 
Apresentam-se seguidamente exemplos de fluxos de caixa originados por actividades de 
investimento: 
 
a) Recebimentos por alienação de activos fixos; 
b) Pagamentos relativos à aquisição de imobilizações, corpóreas e incorpóreas, 
bem como de outros activos de longo prazo. Incluem-se nestes pagamentos os 
relacionados com custos capitalizados (de desenvolvimento, financeiros e outros) e com 
activos fixos auto- -construídos; 
c) Pagamentos relativos à aquisição de partes de capital, de obrigações e de outras 
dívidas, qualquer que seja a forma como se encontrem representadas; 
d) Recebimentos relativos à alienação de partes de capital, de obrigações e de 
outras dívidas, qualquer que seja a forma como se encontrem representadas; 
e) Desembolsos e recebimentos de adiantamentos e empréstimos concedidos; 
f) Dividendos recebidos e pagos; 
 
40 
g) Pagamentos inerentes a contratos de cobertura de posições classificadas como 
sendo decorrentes de actividades de investimento (contratos de “futures”, “forward”, 
“options” e “swaps”) 
 
• Fluxos Financeiros de Actividades de Financiamento 
 
As actividades de Financiamento são as que resultam de alterações na extensão e 
composição dos empréstimos obtidos e do capital próprio da empresa. 
 
A informação dos fluxos de caixa gerados/utilizados por actividades de financiamento 
permite estimar as necessidades de meios de pagamento e de novas entradas de capital, 
bem como proporcionar aos financiadores informações sobre a capacidade de serem 
reembolsados. 
 
Apresentam-se, seguidamente, exemplos de fluxos de caixa originados por actividades 
de financiamento: 
 
a) Recebimentos por empréstimos obtidos, qualquer que seja o prazo e a forma 
como se encontrem representados; 
b) Recebimentos pela realização de aumentos de capital, realização de 
acções/quotas, prémios de emissão e prestações suplementares; 
c) Pagamentos por reembolso de empréstimos; 
d) Pagamentos por amortização de contratos de locação financeira; 
e) Pagamentos de juros e custos similares; 
f) Pagamentos de dividendos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Diagrama do Ciclo Financeiro. 
 
Dinheiro 
Muito 
Mais 
Dinheiro 
(Valor) 
Activos 
 Reais 
Activos 
Financeiros 
Activos 
 Reais 
Activos 
Financeiro
s 
 
41 
Esta opção que permite a reconstituição das disponibilidades iniciais é conduzida de tal 
forma que os valores finais sejam superiores aos iniciais libertando um “excedente 
monetário”. 
. 
Todos os esforços dos gestores da empresa, para que seja possível a sua sobrevivência e 
desenvolvimento, devem permitir que se maximize o excedente monetário (cash flow) 
traduzido na seguinte inequação: 
 
Entradas de Fundos Previstas > Saídas de Fundos Previstas 
 
Podemos dizer que o conjunto de fluxos financeiros que ocorrem durante um exercício 
económico corresponde ao ciclo financeiro daquele. Neste contexto, tendo em conta o 
tipo de actividade em que os fluxos ocorrem, podemos classificar o ciclo financeiro em: 
 
 
• Ciclo Financeiro Operacional ou de Exploração; 
• Ciclo Financeiro de Investimentos; 
• Ciclo Financeiro de Financiamentos. 
 
 
 
 
Técnicas e Instrumentos de análise 
A análise económica e financeira é um processo contínuo que tem por finalidade avaliar 
a situação patrimonial da empresa no tempo e no espaço, e utiliza um conjunto de técnicas 
que se baseiam na actividade extracontabilística (capacidade e espírito profissional dos 
dirigentes, situação conjuntural do país, imagem da empresa, nível de ...... 
....... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... 
........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ........... ...... 
... pagar as suas dívidas, se é ou não lucrativa, se está a evoluir ou argredir, se é eficiente 
ou ineficiente, se irá falir ou se continuará a operar. 
A figura a seguir apresentada, procura mostrar a relação que se estabelece entre a 
contabilidade e a análise financeira. 
 
 Processo Contabilístico Técnicas de análises financeiras 
Factos ou eventos 
económico- 
financeiro 
Demonstrações 
Financeiras 
Informações 
Financeiras para a 
tomada de decisões 
 
42 
Metodologia de Análise 
A análise financeira utiliza a mesma metodologia de análise, a semelhança de 
qualquer outra ciência, baseando-se no raciocínio científico conforme mostra a figura 
abaixo: 
 Análise 
 
O relatório financeiro 
Em linhas gerais pode-se listar as seguintes informações produzidas pela analise 
financeira que devem ser incluídas no relatório financeiro: 
• Situação económico; 
• Situação financeira 
• Desempenho 
• Eficiência na utilização dos recursos 
• Pontos fortes e fracos; 
• Tendências e persperctivas; 
• Quadro evolutivo; 
• Adequação das fontes às aplicações financeiras; 
• Causas das alterações na situação financeira; 
• Causas das alterações na rentabilidade; 
• Evidencias de erros da gestão; 
• Providências que deveriam ser tomadas e não foram; 
• Avaliação de alternativas económico-financeira futuras. 
ESTRUTURAS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 
.......................... .................. .................. .................. .................. .................. .................. 
.................. .................. .................. .................. 
Os documentos fundamentais para a análise da situação financeira são: 
Escolha de 
Indicadores 
Comparação 
com padrões 
Diagnóstico 
ou Conclusões 
Decisões 
 
43 
• Balanço patrimonial; 
• Demonstração de resultados; 
• Demonstração de origens e aplicações de fundos; 
• Demonstração de fluxos de caixa. 
O balanço 
O balanço na perspectiva contabilística, expressa a situação patrimonial da empresa em 
determinado momento, normalmente no final do ano ou de um período pré fixado. 
Os seus elementos patrimoniais são agrupados em três massas patrimoniais gerais: 
Activos, Passivo e Capital Próprio, que por sua vez ainda se subdividem. 
O activo se figura no primeiro membro da igualdade, representa o conjunto de bens e 
direitos. 
O passivo figuro no 2º membro da igualdade e representao conjunto de deveres e 
obrigações. 
O capital membro figura também no 2º membro, e que tradicionalmente se chamava 
Situação Líquida ou Património Líquido. 
O capital Próprio e o passivo representam os financiamentos (origem de capital) e o activo 
representa os investimentos (aplicações). 
1º MEMBRO 2º MEMBRO 
ACTIVO 
CAPITAL PRÓPRIO 
PASSIVO 
Na ópitca financeira 
1º MEMBRO 2º MEMBRO 
APLICAÇÕES DE 
FUNDOS OU 
INVESTIMENTOS 
ORIGEM DE FUNDOS 
OU 
FINANCIAMENTOS 
 
44 
O total das aplicações de fundo é sempre igual ao total das origens de fundo, o que 
possibilita a função fundamental da equação: 
Activo = Passivo + Capital Próprio 
Ou 
Aplicações de Fundos = Origens de Fundos 
Ou ainda 
Investimentos = Financiamentos 
Sempre que o activo se apresenta inferior ao capital alheio, sempre que o valor com 
capital próprio se apresenta negativo, a empresa encontra-se tecnicamente falida ou 
insolvente. 
O balanço traduz simultaneamente três ideias fundamentais: 
1- A comparação entre o Activo e o Passivo evidenciando o Capital Próprio; 
2- Um conjunto de contas com valores de sinal contrário, em equilíbrio; 
3- Um mapa ou documento em que se representa aquela comparação e o equilíbrio 
das contas. 
Muitos outros conceitos podiam ser apresentados que podemos resumir nos seguintes: 
• Para os juristas, o Balanço representa a situação patrimonial da empresa em um 
dado momento; 
• Para os economistas, o Balanço representa a estrutura financeira de uma empresa 
num dado momento. 
Segundo a óptica dos economistas, o Balanço é uma síntese das origens e das aplicações 
dos fundos postos à disposição da empresa. 
Os elementos do 1º membro do Balanço 
O primeiro membro do balanço é constituído pelo activo. Este apresenta-se organizado 
pela seguinte ordem de contas homogéneas: 
A. Imobilizado 
 
45 
Esta massa patrimonial é ordenada por ordem crescente de liquidez. 
Imobilizações corpóreas, são aplicações de capital com caráter permanente em activos 
tangíveis (v.g. terrenos, edifícios, equipamentos) relacionado com o exercício da sua 
actividade. 
Imobilizações incorpóreas, são aplicações de carácter permanente (a mais de um ano) em 
activos intangíveis (v.g. despesas de instalação, despesas de investigação e de 
desenvolvimento). 
Investimentos financeiros, são aplicações de carácter permanente em activos para 
rendimento ou fruição (v.g. imóveis de rendimento, obrigações, acções, empréstimos 
concedidos). Note-se que se incluem nessa rubrica, exclusivamente aqueles valores cuja 
transformação em dinheiro se perspective ser mais de um ano de vista da datado balanço. 
Ao imobilizado bruto (representa o valor de aquisição do mesmo) aparecem a deduzir as 
Amortizações Acumuladas, representando a desvalorização do mesmo, resultante em sua 
aplicação. 
B. Circulante 
Os elementos patrimoniais que integra têm maiores e diferentes graus de liquidez: 
• Existências, são bens armazenáveis adquiridos ou produzidos pela empresa e que 
destinam à venda ou ao consumo (mercadoria, produtos acabados, etc.), 
deduzidos das respectivas provisões para depreciação incluem ainda os 
adiantamentos por conta de compras cujo preço esteja previamente fixado. 
• Dívidas de terceiros a médio e longo prazo, são dívidas de terceiros cuja 
liquidação se verificará a mais de um ano da data do balanço, deduzidas das 
respectivas provisões (isto é, da parcela que se estima como provável não se 
conseguir receber). As dívidas aqui especificadas poderão ser de clientes, de 
empresas do grupo, de adiantamentos a fornecedores, do Estado ou subscritores 
de capital. 
• Dívidas de terceiros a curto prazo, são dívidas de clientes, de empresas do grupo 
ou adiantamento a fornecedores, do Estado ou de subscritores de capital que se 
 
46 
liquidem a menos de um ano de vista a data do balanço, deduzidas das respectivas 
provisões. 
• Títulos negociáveis, são aplicações financeiras de curto prazo, também apelidadas 
de aplicações de tesouraria. São aplicações em acções, obrigações ou outros 
títulos negociáveis, bem como quaisquer outras aplicações de tesouraria. 
• Depósitos bancários e Caixa, são meios líquidos (dinheiro) em poder da empresa 
(caixa) ou á ordem de instituições de crédito bem como meio quase líquidos tais 
como depósitos com aviso prévio e depósitos a prazo. 
 
C. Acréscimos e Diferimentos 
Serve para aplicar na prática o princípio da especialização dos exercícios consagrados no 
Plano de Contas. Assim, regista no Activo as seguintes contas: 
• Acréscimos de proveitos: para reconhecer os proveitos do exercícios, ainda que a 
sua receita só venha a obter-se nos exercícios posteriores. 
• Custos diferidos: para as despesas realizadas no ano mas cujo custos devem ser 
reconhecidos nos exercícios seguintes. 
Os elementos do 2º membro do balanço 
Este membro do balanço aparece organizado pela seguinte ordem de contas homogéneas: 
A. Capital Próprio 
É o capital fornecido pelos sócios ou accionistas (capital subscrito, prestações 
suplementares e prémios de emissão de acções) acumulado pela riqueza criada reservas e 
resultados transitados). É evidente que os dividendos distribuídos antecipadamente 
aparecem a deduzir ao respectivo capital próprio. 
Tem exigibilidade nula, ou quase nula. 
B. Passivo 
Esta rubrica abrange diferentes graus de exigibilidade. 
 
47 
• Provisões para riscos e encargos: integram as responsabilidades derivadas dos 
riscos de natureza específica e provável. Em regra, o montante em dívida é incerto 
(v.g. pensões de reforma, impostos, garantias a clientes) São, afinal despesas 
futuras certas ou incertas de montante incerto. Por serem potenciais dividas, o 
principio da prudências contabilística exige que estas sejam classificadas como 
passivo. 
• Dívidas a terceiro a médio e longo: são as dívidas a terceiros cuja liquidação se 
efectuará a mais de uma ano da data de balanço. Incluem os empréstimos por 
obrigações convertíveis e não convertíveis, empréstimos por títulos de 
participação, empréstimos bancários, adiantamentos por conta de venda, 
fornecedores, empresas do grupo, sócios ou accionistas, Estado e qualquer outras 
dívidas para com terceiros. 
• Dívidas de terceiros a curto prazo: tal como a rubrica anterior, é constituída pelas 
dívidas a terceiros, mas cuja liquidação se efectuará a menos de um ano de vista 
da data do balanço. A sua decomposição por rubricas é idêntica às dívidas a 
terceiros a médio prazo. 
 
C. Acréscimos e Diferimentos 
Como se referiu anteriormente estas contas decorrem da observância do princípio da 
especialização dos exercícios e correspondem a: 
• Acréscimo de custos: custos do exercício que ainda não é possível comprovar, 
cujas despesas ocorrerão no exercício seguinte. 
• Proveitos diferido: receitas verificadas no exercício, cujos proveitos devem ser 
reconhecidos no (s) exercício (s) seguintes (s). 
 
A Demonstração dos Resultados 
É um documento complementar ao balanço, enquanto que este nos dá uma imagem da 
situação financeira da empresa. A demonstração dos resultados evidencia a formação dos 
resultados líquidos da empresa durante o exercício económico. 
 
48 
A cona resultados líquidos do exercício, é, simultaneamente, uma conta de balanço e de 
resultados e, corresponde ao resultado algébrico de várias contas de resultados, sendo 
movimentada no final do exercício pela transferência das extensões das contas 
subsidiarias. 
As demonstrações de caráter económico tem por finalidade evidenciar os resultados 
obtidos pela empresa. Os resultados são expressos segundo duas perspectivas: 
• Natureza dos custos e dos proveitos: demostração dos resultados por natureza; 
• Afectação funcional dos custos e proveitos: demonstração dos resultados por 
funções. 
A - Demonstração de resultados por Natureza 
Esta demonstração evidencia os custos e perdas e os proveitos e ganhos atendendo à 
natureza e dá a conhecer

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