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Administração Financeira - Livro Texto

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13
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Unidade I
Nesta unidade você entrará em contato com os objetivos e o ambiente da administração financeira 
em um contexto empresarial, em que serão apresentadas as tarefas básicas da função financeira bem 
como os objetivos do administrador financeiro num contexto de administração estratégica. Entretanto,o 
tratamento não será somente intraorganização: deve-se também levar em consideração o ambiente 
externo operacional do administrador financeiro proporcionado pela existência do mercado financeiro. 
Seu uso é de grande valia ao administrador financeiro por permitir possibilidade para a administração 
estratégica de recursos à disposição da empresa. Para tanto, a unidade apresenta características dos 
diversos mercados que compõem o mercado de capitais, quais sejam, o mercado cambial, o monetário, 
o de crédito e o de capitais, onde o papel das bolsas de valores é o preponderante.
Esperamos que aproveite a leitura. Vamos a ela.
1 OBJETIVO E AMBIENTE DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Qual o real objetivo da administração financeira, já parou para pensar? Você administra suas finanças? 
É tarefa fácil? A nós parece que não, assim como de uma empresa também não é. Por vezes, o que fazer 
quando há sobras de recursos? Onde aplicar, de que forma aplicar, por qual prazo e com qual objetivo 
são algumas das questões que as pessoas sempre estão inclinadas a responder, ainda mais quando a 
opção não é pela aplicação financeira dos recursos excedentes e sim por seu uso como consumo. E 
no caso inverso, quando há falta de recursos? Como financiar os gastos excedentes também é uma 
preocupação. Envolva as questões anteriores no âmbito de uma empresa e verá que o problema será 
maior ainda. Portanto, o papel das finanças e do administrador financeiro é o que passaremos a tratar.
1.1 Papel de finanças e do administrador financeiro
O fluxo de fundos em uma empresa industrial envolve operações de uma empresa industrial, 
mas, de maneira idêntica, outros empreendimentos, no âmbito comercial ou de prestação de serviços, 
também apresentam uma dinâmica semelhante ao de uma empresa industrial, no que se refere às 
entradas e saídas de recursos financeiros, que é o que visa demonstrar este fluxo. Analisemo-lo, passo 
a passo.
A constituição de qualquer empresa, de qualquer empreendimento, portanto, requere um aporte de 
capital ou a tomada de empréstimos e financiamentos. Esses recursos constituirão as disponibilidades 
financeiras do empreendimento, utilizadas para saldar os compromissos com os fornecedores tanto de 
matérias-primas, materiais auxiliares e outros insumos utilizados no processo produtivo, a exemplo 
de equipamentos, instrumentos, utensílios, edificações e outros Ativos permanentes indispensáveis à 
operacionalização do negócio. E também para saldar compromissos financeiros com os prestadores de 
serviço, aí incluída a mão de obra direta – relacionada aos que se dedicam diretamente à operação do 
13
14
Unidade I
empreendimento, como os operadores de máquinas industriais – e a execução de serviços especializados 
por terceiros – manutenção industrial, por exemplo. Com base nesses fatores de produção – máquinas 
industriais, matérias-primas, mão de obra direta, tecnologia de produto e de processo e, sobretudo, 
capacidade empresarial para aglutinar todos estes fatores – surgem os produtos que serão, finalmente, 
adquiridos pelos indivíduos para suprir determinadas necessidades.
Durante o processo de produção e comercialização ocorrem despesas operacionais – aquelas decorrentes 
do suprimento de energia elétrica, pagamento de aluguel, mão de obra indireta e outras –, despesas financeiras 
– decorrentes de antecipações de valores a receber mediante desconto de duplicatas, por exemplo, ou decorrentes 
de empréstimos e financiamentos – e receitas financeiras – resultado da aplicação de recursos financeiros 
disponíveis no mercado de capitais, por exemplo. Essas despesas operacionais e despesas financeiras serão 
cobertas pelo lucro advindo das operações – resultado da diferença entre a receita proveniente das vendas e 
custos relacionados diretamente com a obtenção do produto ou mercadoria vendida ou prestação do serviço 
ao cliente. Essas vendas, quando realizadas à vista, irão ampliar imediatamente as disponibilidades financeiras 
da organização. Se realizadas a prazo, constituirão um bem ou direito a ser posteriormente recebido, como as 
duplicatas a receber. Por último, mas não menos importante, existirão ainda os impostos incidentes sobre o 
lucro da atividade, o pagamento de dividendos aos acionistas ou cotistas do empreendimento e, o que sobrar, 
será incluído em contas de reservas e lucros retidos do empreendimento.
 Observação
Observe que administrar recursos financeiros requer habilidade para 
gerenciar limites. Nem sempre uma empresa consegue obter recursos na 
quantidade desejada, da mesma forma que não consegue gastar menos 
recursos conforme planejamento.
Qualquer que seja o tipo de empreendimento, é fato que as atividades empresariais requerem recursos 
financeiros para a sua operação. E dessa operação resultam recursos financeiros que constituirão os 
lucros do negócio.
As atividades empresariais envolvem funções relacionadas entre si, tais como produção, vendas, 
administração, contabilidade, finanças e outras. A gestão dos recursos financeiros movimentados por 
todas as áreas da empresa é parte essencial da função financeira. Por um lado, a função financeira 
responde pela obtenção dos recursos necessários ao desenvolvimento das atividades da organização. 
Por outro lado, deve participar ativamente da formulação de uma estratégia, sua implementação e 
controle, no que se referir à otimização do uso desses fundos.
 Lembrete
Lembra-se dos exemplos oferecidos na introdução deste texto? Das 
preocupações da empresa de calçados? É disto que estamos tratando, agora 
de forma mais aprofundada.
14
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
A eficiente gestão financeira contribuirá para o bom desenvolvimento de todas as atividades 
pertinentes a qualquer organização. Para tanto, há a necessidade de se conhecer as tarefas básicas da 
função financeira.
1.2 Tarefas básicas da função financeira: funções e objetivos
Ainda com base no fluxo de fundos de uma empresa industrial hipotética, de que forma são 
desenvolvidas as tarefas básicas da função financeira? As “válvulas” que estão dispostas entre um e outro 
“reservatório” de fontes e de usos dos recursos financeiros são, de fato, as oportunidades de atuação 
do gestor financeiro. A ele compete, diretamente, regular o fluxo de entrada e saída de recursos que, ao 
final, serão canalizados para o Patrimônio Líquido da empresa, sob a forma de capital, reservas e lucros 
retidos. E é do conhecimento das peculiaridades de cada uma dessas fontes e dessas possibilidades de 
utilização dos recursos financeiros que surge a indispensável qualificação do gestor financeiro.
Na busca de soluções que visam a um adequado levantamento de recursos, o profissional da área 
de finanças deve explorar todas as fontes de recursos que são colocadas à disposição de uma empresa. 
Essas fontes e usos estão relacionados diretamente com o próprio empreendimento, mas também com 
o mercado financeiro e com o de fatores de produção e de bens e serviços finais onde a empresa atua.
A figura 1 apresenta a ação do administrador financeiro.
Ativo circulante
Ativo permanente
Passivo circulante
Risco/retorno
Fatores econômicos
Valor da ação
Exigível a LP
Patrimônio Líquido
Ativo
Passivo e 
Patrimônio Líquido
Mercado
Empresa
Figura 1 – Âmbito de ação do administrador financeiro
O administrador financeiro age sobre o Ativo Circulante do negócio, dimensionando adequadamente 
os investimentos que serão realizados na sua operação, financiando clientes, investindo em estoques 
e nas demais rubricas que configuram os bens e direitos num horizonte de 360 dias contados da data 
do balanço. Também dimensiona, da forma mais adequada possível, osfinanciamentos tomados que 
serão utilizados nos investimentos no Ativo Operacional do empreendimento e que irão consubstanciar 
o Passivo Circulante.
15
16
Unidade I
 Lembrete
Lembre-se de que os estoques que estão lançados no Ativo Circulante 
representam tanto o estoque de matérias-primas e materiais auxiliares, 
como o estoque de produtos acabados.
A atuação do administrador financeiro, quanto às condições de pagamento das compras e uma 
apropriada administração das rubricas que compõem o Contas a pagar, é de fundamental importância para 
a configuração de um adequado ciclo financeiro do negócio, coerentemente com as reais possibilidades 
que o mercado e o próprio negócio oferecem. Para tanto, as compras tanto de matéria-prima como de 
materiais auxiliares devem estar em consonância com as condições de pagamento dessas compras que 
a empresa pode gerenciar. Devem estar consubstanciadas com as condições de entradas de recursos na 
empresa de forma que tenha condições de efetuar os pagamentos nos prazos estabelecidos.
Muitas vezes, condições mercadológicas, preço baixo, por exemplo, faz com que determinada empresa 
efetue compras de matéria-prima além do necessário para aquele momento. Trata-se de uma questão 
de escolha entre as opções que lhe são oferecidas: aproveitar uma queda de preços de matéria-prima e 
reforçar estoque na crença de possibilidade de diminuição do custo dos produtos, o que impacta saídas 
de caixa para retorno de produção futura, ou simplesmente não “cair na tentação” das oportunidades 
ditas mercadológicas, focalizando as ações na racionalidade.
 Observação
Observe que ciclo financeiro é o resultado da composição dos prazos 
médios de recebimento das vendas, de renovação dos estoques e de 
pagamento das compras.
 Saiba mais
É possível perceber que o gestor financeiro deve ter amplo conhecimento 
das demonstrações contábeis, desde sua estruturação até a interpretação 
para acertada tomada de decisão. Sobre o assunto, é sempre válida a 
consulta à obra:
MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
Nesta obra, você poderá relembrar alguns conceitos pertinentes à 
contabilidade, notadamente aqueles que remetem ao Balanço Patrimonial 
e suas rubricas. Fica a dica.
16
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Ainda com relação às principais rubricas do Balanço Patrimonial constantes da figura 1, o 
administrador financeiro também atua sobre a composição do Ativo Permanente do negócio, interagindo 
com as demais funções no sentido de estabelecimento das melhores condições possíveis para a alocação 
dos recursos de terceiros resultantes de empréstimos e financiamentos, além dos recursos próprios, 
contrapartida da aquisição dos indispensáveis, bens que configuram o imobilizado do empreendimento. 
E também na evolução que se verifica na atividade, pelos investimentos que darão origem à ampliação 
do próprio negócio, explorando as oportunidades que se oferecerem para tal.
 Lembrete
Lembre-se de que o Ativo Permanente é composto de bens da empresa 
de difícil conversão em caixa no curto prazo. Não apresenta liquidez 
imediata e pode impactar negativamente os resultados financeiros.
Saindo do âmbito interno da empresa, o administrador financeiro coloca um olho atento nas 
condições oferecidas pelo mercado quanto ao risco e retorno das diversas possibilidades de aplicação 
financeira de recursos disponíveis. Nesta condição, municia-se adequadamente de informações sobre 
todos os fatores de ordem econômica que possam interferir direta ou indiretamente na condução das 
atividades, quer sejam elas derivadas do mercado de atuação como de forças econômicas, sociais, legais 
e tecnológicas provenientes do macroambiente de atuação da organização.
No caso de empresas de capital aberto, sua atuação se concentra, por vezes, em atividades que 
possam interferir diretamente na avaliação do valor da ação do empreendimento no mercado, zelando 
por uma valorização crescente do valor de mercado, coerentemente com o valor patrimonial e com as 
possibilidades de retorno do investimento em níveis compatíveis com a taxa de atratividade do mercado 
específico de atuação.
Tem-se, portanto, em uma síntese, que o papel do administrador financeiro é exercido 
tanto sobre os recursos próprios – aqueles que configuram o Patrimônio Líquido do negócio, 
como capital integralizado, reservas e lucros retidos – como recursos de terceiros – aqueles 
que compreendem as contas do Passivo Circulante e do Exigível de Longo Prazo. São recursos 
permanentes quando provenientes de recursos próprios ou de dívidas de longo prazo, e 
constituem recursos temporários quando se referirem a compromissos e dívidas em curto prazo. 
Podem, ainda, serem recursos onerosos – que implicam pagamento de despesas financeiras daí 
decorrentes –, ou recursos não onerosos – quando não constituírem recursos que irão exigir o 
pagamento de algum tipo de ônus financeiro para a sua obtenção.
Do lado da alocação de recursos, ou seja, destinação e uso dos recursos financeiros obtidos, quaisquer 
que sejam as fontes de recursos, cabe ao administrador financeiro uma análise visando compatibilizar 
prazos e custos desta tomada de recursos com a potencial geração dos lucros do negócio, que irão 
suportar tais custos em volume e em determinado momento. Assim, o financiamento de um torno 
mecânico, por exemplo, deverá considerar as reais possibilidades de geração de receita com o produto 
advindo da operação deste item que irá compor o Ativo imobilizado do empreendimento, na época e 
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Unidade I
no volume de lucro compatível com os desembolsos financeiros por conta de um financiamento daí 
originado para a aquisição do bem.
Entretanto, a atuação do administrador financeiro não se faz unicamente pela obtenção e alocação 
de recursos financeiros destinados à aquisição de bens que irão compor o Ativo Permanente da empresa. 
Também se observa uma acentuada atuação do administrador financeiro no desenvolvimento das 
operações da organização. Nesse conteúdo operacional da função financeira, os recursos podem ser 
alocados tanto em Ativos fixos como em Ativos Circulantes, ou seja, nas disponibilidades, composição 
da carteira de contas a receber de clientes e administração dos estoques de matérias-primas, materiais 
auxiliares e produtos acabados. Por vezes, a atuação do administrador financeiro é de fundamental 
importância para a constituição de outros Ativos, tais como participação societária em outras empresas 
e determinadas aplicações financeiras.
No processo de administração das fontes de recursos e sua destinação, desponta um aspecto de 
extrema importância para o sucesso da administração financeira: a relação entre liquidez e rentabilidade. 
Sobre o assunto, Cheng e Mendes (1989) exploram que:
Gestão financeira pode ser definida como a gestão dos fluxos monetários 
derivados da atividade operacional da empresa, em termos de suas 
respectivas ocorrências no tempo. Ela objetiva encontrar o equilíbrio entre 
a “rentabilidade” (maximização dos retornos dos proprietários da empresa) 
e a “liquidez” (que se refere à capacidade de a empresa honrar seus 
compromissos nos prazos contratados). Isto é, está implícita na necessidade 
da gestão financeira a busca do equilíbrio entre gerar lucros e manter caixa.
 Observação
Acabamos de apresentar duas grandes funções da área financeira: 
manter caixa positivo e gerar lucros para a empresa.
A liquidez, traduzida pela capacidade da organização em liquidar seus compromissos financeiros 
de curto prazo, tem a ver com o correto dimensionamento dos prazos médios a que nos referimos 
anteriormente. Entre a aquisição da matéria-prima e dos componentes necessários para a fabricação 
do produto até a efetivação da venda propriamente dita, existem custos e despesas que deverão ser 
suportados pela empresa.
A definição dos prazos de pagamento desses materiais será importante para a “saúde” financeira do 
empreendimento: se os prazos de pagamento não forem compatíveiscom o prazo de recebimento das 
vendas, poderá ocorrer um descompasso entre a entrada e a saída de recursos. Sabe-se que tais prazos 
médios de pagamento e de recebimento das vendas nem sempre são ditados pela própria empresa. Na 
maioria das vezes, essas condições são estabelecidas “no mercado”, quando todos os principais agentes 
econômicos envolvidos ficam dispersos em torno de uma média de dias, sob dependência do custo 
financeiro nas operações de refinanciamento existentes neste mercado.
18
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Por isso, compete ao gestor financeiro a conciliação dos interesses envolvidos na área de produção e 
de vendas, por exemplo, funções em que se processam paradoxos: para a área de produção interessa 
dispor de um elevado estoque de matéria-prima, componentes e partes e peças indispensáveis à 
elaboração do produto final. Desta maneira, se poderá cumprir, com a máxima segurança, o cronograma 
de produção que for destinado. Isso requer uma disponibilidade de área, entendido como espaço físico, 
com todos os custos e despesas ali envolvidos, tais como aluguel ou amortização de investimento ou 
empréstimo para a aquisição do imóvel; despesas com a administração do estoque, com zeladoria, 
com vigilância e segurança etc.; além de disponibilidade de capital de giro que, muitas vezes, não são 
facilmente suportados pela geração da receita e dos lucros.
Por seu turno, a área de vendas certamente se sentiria mais capacitada a cumprir suas metas de 
vendas se lhe fossem disponibilizados produtos para pronta entrega a preços inferiores aos praticados 
pelo mercado e com condições de pagamento a perder de vista.
Assim, diante tal paradoxo, cabe ao gestor financeiro a decisão de a qual interesse atender, visto 
que os dois lados representam importâncias relativas e, por vezes, no mesmo momento. Daí, então, a 
necessidade do fluxo de caixa compatibilizar as saídas e as entradas de recursos financeiros.
 Saiba mais
Cheng e Mendes (1989) ressaltam que o administrador financeiro não 
pode ser o único responsável pela eficiente administração do fluxo de caixa, 
uma vez que este representa o fluxo de entradas e saídas das operações 
que foram geradas por toda a empresa. Neste aspecto, recomendamos 
a leitura de tal artigo, intitulado A Importância e a Responsabilidade da 
Gestão Financeira na Empresa (CHENG, A.; MENDES, M. M. Cadernos de 
Estudos. n. 1. São Paulo, out. 1989). Você perceberá que a responsabilização 
por boa parte da administração de caixa dependerá também das ações dos 
departamentos indiretamente envolvidos.
A compatibilidade entre as saídas e as entradas de recursos financeiros para a operação do 
empreendimento é decorrência do volume de recursos que são alocados no Ativo Circulante 
Operacional (ACO) – duplicatas a receber, estoques e certos ajustes no Ativo Circulante – e no 
Passivo Circulante Operacional (PCO) – fornecedores, contas a pagar e também certos ajustes 
no Passivo Circulante relacionados com a operação do empreendimento. A diferença entre ACO 
e PCO constitui a necessidade de capital de giro (NCG) do negócio. Sabidamente, quanto menor 
for o capital de giro do empreendimento, mais recursos poderão ser utilizados em outras áreas 
do empreendimento.
A maioria das empresas apresenta um ACO maior do que o PCO. Neste caso, compete ao gestor 
financeiro a obtenção de recursos para financiamento desses Ativos em condições adequadas ao 
negócio. Se, no entanto, o ACO for menor do que o PCO, sobram recursos na empresa, aos quais deverão 
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Unidade I
ser aplicadas as melhores taxas do mercado financeiro ou mesmo deverão ser utilizados para a expansão 
da planta, ou seja, investimento em Ativos fixos.
No tocante ao segundo aspecto desta análise sobre a eficácia da administração, devemos 
considerar a rentabilidade como um “grau de êxito econômico obtido pela empresa em relação ao 
capital nela investido” (BRAGA, 1989, p. 30). A relação entre o lucro operacional e o Ativo Operacional 
a que nos referimos anteriormente já indicará uma medida da eficiência na gestão dos recursos 
próprios e de terceiros, independentemente dos custos financeiros e de outros fatores. Por sua vez, 
uma relação entre o lucro líquido do negócio em determinado período de tempo associado ao volume 
de capital próprio médio no período será um importante indicador, para o acionista, da rentabilidade 
do capital investido que, cotejado com outras taxas de atratividade no mercado financeiro, indicará se 
o investimento realizado no empreendimento está proporcionando uma rentabilidade adequada, em 
termos de custo de oportunidade do investimento. Ainda nesta ligeira digressão sobre a rentabilidade, 
a relação entre o lucro antes das despesas financeiras e o volume total de Ativos do empreendimento 
proporciona outra medida da eficiência da empresa.
Este retorno sobre o Ativo, como também é conhecido, comparado com o custo da dívida – relação 
entre a despesa financeira e o volume de empréstimos bancários existentes na organização – poderá 
indicar se houve uma adequada alavancagem financeira do negócio, ou seja, se terá ou não valido a 
pena o endividamento bancário.
Como se observa, portanto, o equilíbrio entre uma adequada liquidez corrente – o volume de 
bens e direitos de curto prazo, comparados com as obrigações de curto prazo – e rentabilidade do 
empreendimento são uma permanente preocupação do administrador financeiro e um constante 
desafio que se interpõe na consecução dos seus objetivos.
 Saiba mais
Sobre o assunto rentabilidade versus liquidez, indicamos a leitura do 
artigo Uma Proposta para a Análise Integrada da Liquidez e Rentabilidade 
das Empresas, de autoria dos professores Roberto Braga, Valcemiro 
Nossa e José Augusto Veiga da Costa Marques, encontrado na Revista de 
Contabilidade e Finanças, v. 15, São Paulo, jun. 2004.
Neste artigo, é apresentado um novo modelo de análise das 
demonstrações contábeis que permite integrar as avaliações da situação 
financeira e da rentabilidade do capital próprio em uma única medida, 
denominada Indicador da Saúde Econômico-Financeira das Empresas (Isef). 
Estamos certos de que apreciará a leitura.
20
21
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
1.3 Objetivos estratégicos do administrador financeiro
Com as informações reunidas até aqui, já pudemos observar que as funções do administrador 
financeiro de uma organização estão reunidas em algumas atividades básicas, quais sejam:
• análise e planejamento de todas as informações de cunho financeiro, que possam se relacionar, 
direta ou indiretamente, com as operações da organização, com a expansão do negócio frente às 
oportunidades e mesmo com ameaças derivadas do ambiente externo, isto é, do macroambiente 
e, sobretudo, do ambiente setorial, no processo de administração estratégica do empreendimento;
• administração da estrutura dos Ativos da empresa e de que forma tais Ativos implicam a 
obtenção de recursos financeiros para a sua aquisição e operacionalização, coerentemente com 
as possibilidades de geração de caixa desses Ativos;
• administração da estrutura financeira da empresa, aí incluídos os aspectos relacionados com a 
composição mais adequada de financiamentos em curto, médio e longo prazos, dadas as suas 
implicações com a liquidez e rentabilidade do negócio, e também com a própria determinação 
das melhores fontes de financiamento em curto, médio e longo prazos para suprimento das 
necessidades de capital de giro e recursos financeiros destinados à composição do Ativo fixo 
da empresa.
Essas funções são desempenhadas com um primordial objetivo: a maximização do Patrimônio 
Líquido da organização. Isto significa a ampliação da riqueza dos proprietários do empreendimento. 
Este é o fundamento de todos aqueles que investem seu capital em um empreendimento considerado 
de risco. Risco porque envolve a possibilidade de perda total ou parcial desses recursos. Assim, o risco 
é inerente a todos os empreendimentos e aplicações, podendo ser eficientemente avaliado, calculado,suportado ou mesmo eliminado, com base nas condições do macroambiente e ambiente setorial e, 
sobretudo, nas competências e habilidades desenvolvidas e aplicadas pelos gestores do empreendimento 
no planejamento, operacionalização, controle e condução do negócio.
 Saiba mais
Já que tocamos no assunto risco, indicamos fortemente a leitura do 
livro de Peter L. Bernstein, Desafio aos Deuses: a Fascinante História do 
Risco (Rio de Janeiro: Campus, 1997). Em uma narrativa que se assemelha 
a um romance, o autor argumenta que a concepção do risco constitui uma 
das ideias centrais que distinguem os tempos modernos do passado mais 
remoto. Vela a leitura.
Neste sentido, é preciso considerar, neste estágio de nossa digressão, o que significa a maximização 
do Patrimônio Líquido do negócio ou a ampliação da riqueza dos seus donos. Em outras palavras, quanto 
vale o negócio?
21
22
Unidade I
Existem várias formas para a medição do valor de um empreendimento. Vão desde o valor dos 
Ativos, o valor da marca, o valor do Patrimônio Líquido e outros Ativos tangíveis (Ativo Permanente) 
e intangíveis (marcas e patentes, licenças de produção etc.). Mas, o que melhor reflete o valor de um 
empreendimento é a capacidade de geração de caixa deste. Ou seja, a capacidade de gerar lucros, 
mediante o uso de seus Ativos, o emprego de determinada tecnologia, sua competência gerencial e o 
seu próprio conceito junto a fornecedores, clientes e credores em geral. É sobre tais aspectos que deve 
se concentrar a atuação dos gestores do empreendimento, porque daí deriva o valor do negócio.
Maximização da riqueza dos acionistas não significa necessariamente maximização dos lucros. 
Enquanto este último resulta de ações imediatas, por vezes inconstantes e esporádicas e de curto efeito 
no tempo, a maximização do valor das ações ou cotas dos acionistas ou proprietários é fruto de uma 
perspectiva de longo prazo, com investimentos que visem, além de outros aspectos, à perpetuidade 
do empreendimento. Também é preciso atentar para o valor do dinheiro no tempo, que implica uma 
análise de valor presente líquido dos retornos anuais esperados para o negócio, descontados a uma 
determinada taxa de atratividade para os investimentos que serão cotejados com outras aplicações 
financeiras.
Em se tratando de uma empresa que possui ações no mercado de capitais, a valorização dessas ações 
também é de extrema importância para a fundamentação da maximização da riqueza do acionista, bem 
como os dividendos proporcionados por essa fração do capital. Neste particular aspecto, a periodicidade 
dos recebimentos de dividendos pode ser um interessante apelo para a atração de investidores. 
Dentre eles, aqueles que preferem receber dividendos de uma forma regular, independentemente das 
flutuações dos lucros. Desta forma, a empresa estará minimizando os efeitos negativos que possam 
afetar as cotações das ações.
Além disso, há que se considerar a relação entre risco e retorno do investimento. Sabidamente, 
quanto maior o risco, maior a exigência de retorno do investimento por aqueles que irão disponibilizar 
os recursos.
1.4 A interação da Administração Financeira com outras áreas do 
conhecimento
Feita esta distinção, vejamos de que maneira a função da administração financeira se relaciona 
com outras áreas do conhecimento. Esta relação se dá principalmente no âmbito da Economia e da 
Contabilidade.
A Administração Financeira se vale dos conceitos compreendidos tanto na macroeconomia 
quanto na microeconomia. São dois ramos teóricos da mesma ciência. A microeconomia estuda o 
comportamento dos consumidores e, por outro lado, certos aspectos relacionados ao funcionamento 
das empresas, no tocante a custos e produção de bens e serviços e, também, receita e fatores produtivos. 
As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa, sobre a qual se 
assentam os estudos e conceitos da administração em suas várias funções empresariais. Os conceitos 
envolvidos nas relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro são extraídas 
da teoria microeconômica. Questões relativas à composição de fatores produtivos, níveis ”ótimos” de 
22
23
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
vendas e estratégias de determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias no nível 
microeconômico e, por isso, constituem um campo especial de atuação do administrador financeiro.
A macroeconomia compreen de o estudo dos agregados – a produção ou renda nacional, o consumo, o 
emprego, a moeda, o nível de preços, o comércio internacional. Estes são, pois, aspectos amplos e globais 
da realidade econômica, abordados de forma “macroscópica”. Esta mudança de enfoque – do micro para 
o macro – requer boa dose de abs tração. Antes, no enfoque “microscópico”, podíamos observar de perto 
nossa partici pação na realidade econômica do país, ganhando e gastando, e economizando sempre que 
possível. Agora, ao tratarmos dos agregados, abordando aspectos como o custo de vida em contínua, 
imperceptível – até certo ponto – e persistente ascensão, o nível de emprego em volume inferior às 
ne cessidades, nos sentiremos alheios à própria evolução dos fatos, porque, aparentemen te, as coisas 
fogem completamente do nosso controle pessoal.
Vê-se, portanto, que a dúvida se deslocará de uma visão individualizada para uma visão da econo mia 
como um todo, na mudança de uma abordagem microeconômica para uma abordagem macroeconômica. 
Ambos os ramos teóricos são importantes para o administrador financeiro, dadas as implicações sobre 
sua atividade e seus objetivos em geral.
 Observação
Observe que a microeconomia trata da economia aplicada ao mundo 
empresarial tomado como unidade de produção, enquanto a macroeconomia 
observa todas as unidades de produção em conjunto.
 Saiba mais
Para um maior aprofundamento do que vem a ser microeconomia e 
macroeconomia, vale a consulta ao livro de Otto Nogami e Carlos Roberto 
Martins Passos, intitulado Princípios de Economia (6. ed. São Paulo: Cengage, 
2011). Os autores foram muito felizes na descrição, análise e aplicação de 
diversos conceitos da economia para o ambiente organizacional. Temos 
certeza de que aprenderá bastante acerca desta ciência.
Em relação à Contabilidade, a Administração Financeira dela se utiliza para uma visão acurada da 
posição financeira da organização. O contador, utilizando certos princípios padronizados e geralmente 
aceitos, prepara as demonstrações financeiras com base na premissa de que as receitas devem ser 
reconhecidas por ocasião das vendas. Por sua vez, as despesas devem ser reconhecidas quando incorridas, 
isto é, na sua geração.
Este método é geralmente chamado de regime de competência dos exercícios contábeis. Por este 
método, o valor da venda comprovado por uma nota fiscal de venda emitida hoje, que será recebido 
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Unidade I
no mês seguinte, deve ser registrado já neste mês. Por seu turno, uma despesa comprovada por uma 
determinada nota fiscal de fornecimento ou prestação de serviço com data de hoje deve ser assumida 
hoje, independentemente de ter seu pagamento realizado, por exemplo, daqui a um mês.
Para o administrador financeiro, sua tarefa consiste em proporcionar os fluxos de caixa necessários 
para atingir as metas da empresa. Sua preocupação se relaciona à solvência da empresa, ou seja, à 
capacidade da empresa de gerar receita e efetuar pagamentos por conta de custos e despesas, 
investimentos e outros que tais. Assim, ao invés de reconhecer receitas no ponto de vendas e despesas, 
quando incorridas, reconhece receitas e despesas somente com respeito a entradas e saídas de caixa. 
São elas que, efetivamente, importam.
Observa-se, portanto, que, a partir dos registros contábeis, são elaboradas as demonstrações 
financeiras, que irão proporcionar ao administrador financeiro uma avaliação, o desenvolvimento de 
dados adicionais e posteriores decisões com base em análises subsequentes, com vistas ao equilíbrio entre 
as entradas e saídasde recursos e, sobretudo, com vistas à maximização do valor do empreendimento, 
conforme já visto.
2 O AMBIENTE OPERACIONAL DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO E DA 
PRÓPRIA EMPRESA
Qualquer que seja o tipo de empreendimento – empresa industrial, comercial, prestadora de serviços 
ou financeira –, a origem do capital – empresa privada ou empresa pública –, bem como seu tamanho 
– grande ou pequena –, ou sua finalidade – com ou sem fins lucrativos –, haverá um lugar para um 
gestor dos seus Ativos financeiros. São profissionais que se dedicam a uma série de tarefas financeiras 
da empresa, voltada para o planejamento financeiro, fluxo de caixa, gestão e concessão de crédito a 
clientes, avaliação de projetos de investimento, captação de recursos para financiamento das atividades 
da empresa e alocação adequada desses recursos em operações geradoras de caixa.
 Observação
Devido à complexidade nas operações das organizações, temos visto 
aumentar a importância das tarefas do administrador financeiro e, como 
consequência, estes profissionais têm assumido posições privilegiadas no 
organograma das empresas.
Outro fato que dá forma e substância ao ambiente operacional do administrador financeiro e 
da organização no conjunto das atividades empresariais é a própria globalização das atividades 
empresariais. A cada dia, mais e mais negócios são realizados no mundo todo, usufruindo das facilidades 
de uma ampla comunicação proporcionada pela internet, com um fabuloso tráfego de dados sob as 
mais diversas formas – imagens, texto, planilhas etc. –, proporcionando mais vendas, mais compras, mais 
investimentos e, sobretudo, um fluxo maior de recursos financeiros entre as diversas nações empenhadas 
no comércio mundial.
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25
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
 Saiba mais
Sobre o assunto globalização, notadamente a financeira, vale a leitura 
do livro O Mundo Globalizado, de Alexandre de Freitas Barbosa (São Paulo: 
Contexto, 2001). Nesse livro, o autor apresenta diversas características da 
globalização financeira, mostrando a importância das finanças empresariais 
em ambiente de economia aberta. Temos certeza de que gostará do assunto.
Esses profissionais interagem em um complexo conjunto de instituições financeiras, dotadas de 
instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos ofertadores últimos – aqueles 
que se encontram em posição de superávit financeiro, isto é, que dispõem de recursos financeiros e estão 
dispostos a cedê-los sob a forma de empréstimo ou investimento – e os tomadores últimos – aqueles 
que demandam recursos financeiros, isto é, que estão em posição de déficit financeiro e, portanto, 
buscam esses recursos no mercado.
Entre um e outro, conciliando os interesses entre os tomadores e os aplicadores, surgem os 
intermediários financeiros. São componentes vitais do sistema financeiro que, por intermédio de suas 
instituições, tem como função a captação de recursos financeiros, a distribuição e circulação de valores 
e títulos mobiliários e a regulação deste processo.
As operações no mercado financeiro estão classificadas em quatro grandes grupos:
• mercado cambial, que compreende operações à vista e em curto prazo, transformando moeda 
estrangeira em moeda nacional e vice-versa;
• mercado monetário, compreendendo operações à vista, de curto e de curtíssimo prazo, para 
controle da liquidez bancária;
• mercado de crédito, por meio do qual se processam operações de prazos curto, médio e aleatórios, 
com financiamentos de capital de giro, capital fixo, habitação, rural e consumo de bens e serviços;
• mercado de valores mobiliários, com operações de prazos curto, médio, longo e indeterminado, 
igualmente para financiamentos de capital de giro, capital fixo, underwriting ou subscrição de 
ações, ações e debêntures.
 Saiba mais
Dois livros são muito importantes para que você possa aprofundar 
seus conhecimentos quanto aos mercados de capitais, crédito, cambial e 
monetário. O primeiro deles é o livro de Eduardo Fortuna intitulado Mercado
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26
Unidade I
Financeiro: Produtos e Serviços (19. ed. São Paulo: Qualitymark, 2013). O 
outro é o de Alexandre Assaf Neto, cujo título é Mercado Financeiro (11. 
ed. São Paulo: Atlas, 2012). São duas obras consagradas no assunto e você 
poderá observar com maior precisão a importância dos quatro grandes 
grupos a que o texto anterior se refere.
A regulamentação governamental desses mercados é realizada pelas autoridades monetárias, que são 
os órgãos normativos que regulam, controlam e exercem a fiscalização do sistema financeiro nacional 
e das instituições de intermediação, disciplinando todas as modalidades e operações de crédito, assim 
como a distribuição de valores mobiliários.
Constituem as autoridades monetárias do país o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco 
Central do Brasil (Bacen), o Tesouro Nacional e a Comissão de Valores Monetários (CVM). As normas 
e a disciplina operacional são impostas ao sistema por meio de resoluções, circulares, instruções 
e atos declaratórios, emanados direta ou indiretamente das decisões do CMN. Ao CMN e ao BC 
compete um conjunto de atribuições, relacionadas à adaptação do volume de meios de pagamento 
– que, em sua forma mais simples, conhecida por M1, compreende os depósitos à vista, do público, 
nos bancos comerciais, somados ao total do papel-moeda em poder do público.
Vejamos algumas das principais atribuições dos órgãos que compõem as autoridades monetárias 
do país:
• Conselho Monetário Nacional – CMN
É o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. É composto pelo Ministro da Fazenda 
(que é o Presidente do CMN), o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, e pelo Presidente do 
Banco Central. Entre suas funções destacam-se:
– adaptar o volume de meios de pagamento às reais necessidades da economia;
– regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos, que 
consiste no registro sistemático das operações comerciais e financeiras entre residentes e não 
residentes do país;
– orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;
– propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros;
– zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
– coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• Tesouro Nacional
Consubstanciado na Secretaria do Tesouro Nacional (STN), consiste no caixa do governo, pois capta 
recursos no mercado, via emissão primária – pela primeira vez em circulação – de títulos – Letras 
Financeiras do Tesouro (LFT), Notas do Tesouro Nacional (NTN), Letras do Tesouro Nacional (LTN) –, para 
financiamento da dívida interna do governo, por intermédio do Bacen. A STN é o órgão central do 
Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal, responsável pela 
administração e controle da dívida pública federal, tanto interna como externa.
• Banco Central do Brasil (Bacen)
É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, criada em fins de 1964, juntamente com o 
Conselho Monetário Nacional. É o principal executor das orientações deste conselho e responsável por 
garantir o poder de compra da moeda nacional, ou seja, pelo controle da inflação. Dentre seus objetivos, 
destacam-se:
– zelar pela adequada liquidez da economia;
– manter as reservas internacionais em nível adequado;
– estimular a formação de poupança;
– zelar pela estabilidade e promoção do aperfeiçoamento do sistema financeiro.
Para o cumprimento de suas obrigações, compete ao Bacen:
– a emissão de papel-moeda e moeda metálica;
– executar os serviços do meio circulante;
– receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias;
– realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
– regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis;
– efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;– executar o controle de crédito;
– exercer a fiscalização das instituições financeiras;
– autorizar o funcionamento das instituições financeiras;
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Unidade I
– estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras;
– vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar o 
fluxo de capitais estrangeiros no país.
Em 1996, instituiu-se o Comitê de Política Monetária (Copom), com o objetivo de estabelecer as 
diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros básica da economia e seu viés, ou seja, a 
tendência de alta, baixa ou sua manutenção para um período próximo. Este Comitê é composto pelos 
membros da Diretoria Colegiada do BC, a saber, o Presidente, o Diretor de Política Monetária, o Diretor 
de Política Econômica, o Diretor de Estudos Especiais, o Diretor de Assuntos Internacionais, o Diretor 
de Normas e Organização do Sistema Financeiro, o Diretor de Fiscalização, o Diretor de Liquidação e 
Desestatização e o Diretor de Administração. Cabe ao Presidente o voto decisório, em caso de empate 
na decisão de política monetária.
A taxa Selic, que se constitui no instrumento primário de política monetária, é a taxa de 
juros média que incide sobre os financiamentos diários com prazo de um dia útil (conhecido 
por overnight) lastreados por títulos públicos registrados no Sistema Especial de Liquidação e 
Custódia (Selic).
 Observação
O Copom estabelece a meta para a taxa Selic, e é função da mesa de 
operações do mercado aberto do Bacen manter a taxa Selic diária próxima 
à meta.
Dada a sua importância na economia, pois constitui um balizador para as taxas de juros praticadas 
em todo o mercado financeiro, a Selic é reconhecida como a “taxa básica de juros da economia” e “custo 
primário do dinheiro”.
 Saiba mais
Você pode acessar o site do Banco Central do Brasil para obter mais 
informações acerca deste órgão, bem como do Conselho Monetário 
Nacional. O site do Banco Central oferece enorme quantidade de 
informações sobre o sistema de metas para inflação, economia e finanças, 
câmbio e capitais internacionais, sistema de pagamento brasileiro, sistema 
financeiro nacional, além de informações sobre intervenções, liquidações e 
privatizações. O endereço eletrônico é <http://www.bcb.gov.br>. Há muita 
coisa interessante.
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Trata-se de entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com 
personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, 
ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia 
financeira e orçamentária. Foi criada para disciplinar o funcionamento do mercado de valores 
mobiliários e a atuação de seus protagonistas – as companhias abertas, os intermediários financeiros e 
os investidores. Compete à CVM:
– assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa – bolsa de valores e bolsa 
de futuros – e de balcão;
– proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de 
administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de carteira 
de valores mobiliários;
– evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais 
de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado;
– assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários;
– estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;
– promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular dos mercados de ações 
e de futuros e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das 
companhias abertas.
Para o cumprimento de suas funções, cabe à CVM disciplinar as seguintes matérias, dentre outras:
– registro de companhias abertas;
– registro de distribuições de valores mobiliários;
– credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores 
mobiliários;
– organização, funcionamento e operações das bolsas de valores;
– organização, funcionamento e operações das bolsas de mercadorias e de futuros;
– negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;
– administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários;
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Unidade I
– suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações;
– suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou decretar 
recesso de bolsa de valores.
 Saiba mais
Vale uma visita ao site da Comissão de Valores Mobiliários: <http://
www.cvm.gov.br/>. Ali, você encontrará excelentes informações para 
seu aprendizado nesta área. Pode ser que esteja trabalhando em alguma 
empresa de capital aberto e seria interessante ter maior contato com o 
assunto. Se não estiver trabalhando em empresa de capital aberto, vale o 
conhecimento da mesma forma. Temos que pensar no futuro.
Estendendo a compreensão destas informações, verifica-se que as instituições financeiras captadoras 
de depósitos à vista compreendem os bancos comerciais e múltiplos com carteira comercial, a Caixa 
Econômica Federal e as cooperativas de crédito. Por demais instituições financeiras entendem-se:
• os bancos múltiplos sem carteira comercial;
• os bancos de investimento;
• os bancos de desenvolvimento;
• as sociedades de crédito, financiamento e investimento;
• as sociedades de crédito imobiliário;
• as agências de fomento;
• a Associação de Poupança e Empréstimo;
• as companhias hipotecárias;
• as cooperativas centrais de crédito.
Os outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceiros compreendem:
• as sociedades corretoras de valores mobiliários;
• as sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• as sociedades de arrendamento mercantil;
• as sociedades corretoras de câmbio e;
• os administradores de consórcio.
Estendendo nosso reconhecimento do ambiente operacional das empresas tomadoras e aplicadoras 
de recursos financeiros, reproduzimos, a seguir, a conceituação expressa no site do Banco Central do 
Brasil1, sobre os agentes operadores do Sistema Financeiro Nacional:
2.1 Agentes operadores do Sistema Financeiro Nacional
Bancos múltiplos
Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações 
ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras: 
comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil 
e de crédito, financiamento e investimento.
 Lembrete
Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e 
regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às 
suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada 
por banco público.
O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, 
obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. 
As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve 
constar a expressão “Banco” (Resolução CMN nº 2.099, de 1994).
Bancos comerciais
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo 
principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, em curto e médio 
prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros 
em geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco 
comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Deve ser constituído sob a forma de 
sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Banco” (Resolução 
CMN nº 2.099, de 1994).
1 Adaptado de textos do site do Bacen: <http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP>.Acesso em: 6 nov. 2013.
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Unidade I
Caixa Econômica Federal
A Caixa Econômica Federal, criada em 1861, está regulada pelo Decreto-Lei nº 759, de 12 de agosto 
de 1969, como empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Trata-se de instituição assemelhada 
aos bancos comerciais, podendo captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação 
de serviços.
Uma característica distintiva da Caixa é que ela prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos 
a programas e projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos 
e esporte. Pode operar com crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis, 
emprestar sob garantia de penhor industrial e caução de títulos, tem o monopólio do empréstimo sob 
penhor de bens pessoais e sob consignação e tem o monopólio da venda de bilhetes de loteria federal. 
Além de centralizar o recolhimento e posterior aplicação de todos os recursos oriundos do Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), integra o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o 
Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Cooperativas de créditos
As cooperativas de crédito observam, além da legislação e normas do sistema financeiro, a Lei nº 
5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a política nacional de cooperativismo e institui o regime 
jurídico das sociedades cooperativas. Atuando tanto no setor rural quanto no urbano, as cooperativas 
de crédito podem se originar da associação de funcionários de uma mesma empresa ou grupo de 
empresas, de profissionais de determinado segmento, de empresários, ou mesmo adotar a livre admissão 
de associados em uma área determinada de atuação, sob certas condições.
 Observação
Os eventuais lucros auferidos com suas operações – prestação de 
serviços e oferecimento de crédito aos cooperados – são repartidos entre 
os associados.
As cooperativas de crédito devem adotar, obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão 
“Cooperativa”, vedada a utilização da palavra “Banco”. Devem possuir o número mínimo de vinte 
cooperados e adequar sua área de ação às possibilidades de reunião, controle, operações e prestações 
de serviços. Estão autorizadas a realizar operações de captação por meio de depósitos à vista e a prazo 
somente de associados, de empréstimos, repasses e refinanciamentos de outras entidades financeiras, e de 
doações. Podem conceder crédito, somente a associados, por meio de desconto de títulos, empréstimos, 
financiamentos, e realizar aplicação de recursos no mercado financeiro (Resolução CMN nº 3.106, de 2003).
Agências de fomento
As agências de fomento têm como objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de 
giro associado a projetos nas unidades da Federação onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a 
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de unidade da Federação, sendo 
que cada unidade só pode constituir uma agência. Tais entidades têm status de instituição financeira, 
mas não podem captar recursos junto ao público, recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no Banco 
Central, contratar depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de depositária e nem ter 
participação societária em outras instituições financeiras.
De sua denominação social deve constar a expressão “Agência de Fomento” acrescida da indicação 
da unidade da Federação Controladora. É vedada a sua transformação em qualquer outro tipo de 
instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional. As agências de fomento devem constituir e manter, 
permanentemente, fundo de liquidez equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas obrigações, a ser 
integralmente aplicado em títulos públicos federais (Resolução CMN nº 2.828, de 2001).
Associações de poupança e empréstimo
As associações de poupança e empréstimo são constituídas sob a forma de sociedade civil, sendo 
de propriedade comum de seus associados. Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas ao 
mercado imobiliário e ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH). As operações passivas são constituídas de 
emissão de letras e cédulas hipotecárias, depósitos de cadernetas de poupança, depósitos interfinanceiros 
e empréstimos externos. Os depositantes dessas entidades são considerados acionistas da associação e, por 
isso, não recebem rendimentos, mas dividendos. Os recursos dos depositantes são, assim, classificados no 
Patrimônio Líquido da associação e não no Passivo exigível (Resolução CMN nº 52, de 1967).
Bancos de desenvolvimento
Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais, 
e têm como objetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos 
necessários ao financiamento, em médio e longo prazos, de programas e projetos que visem promover o 
desenvolvimento econômico e social do respectivo estado. As operações passivas são depósitos a prazo, 
empréstimos externos, emissão ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias 
de debêntures e de títulos de desenvolvimento econômico. As operações ativas são empréstimos e 
financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado. Devem ser constituídos sob a forma de 
sociedade anônima, com sede na capital do estado que detiver seu controle acionário, devendo adotar, 
obrigatória e privativamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Desenvolvimento”, 
seguida do nome do estado em que tenha sede (Resolução CMN nº 394, de 1976).
Bancos de investimento
Os bancos de investimento são instituições financeiras privadas especializadas em operações 
de participação societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva 
para suprimento de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros. Devem ser 
constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua denominação 
social, a expressão “Banco de Investimento”. Não possuem contas correntes e captam recursos via 
depósitos a prazo, repasses de recursos externos, internos e venda de cotas de fundos de investimento 
por eles administrados. As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital 
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Unidade I
fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e repasses de 
empréstimos externos (Resolução CMN nº 2.624, de 1999).
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952 como autarquia 
federal, foi enquadrado como uma empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado 
e patrimônio próprio, pela Lei nº 5.662, de 21 de junho de 1971.
O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e 
tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Suas linhas 
de apoio contemplam financiamentos de longo prazo e custos competitivos, para o desenvolvimento de 
projetos de investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos fabricados no 
país, bem como para o incremento das exportações brasileiras. Contribui, também, para o fortalecimento 
da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais.
A BNDESPAR, subsidiária integral, investe em empresas nacionais por meio da subscrição de ações e 
debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de fundamental importância, na execução de sua política 
de apoio, a observância de princípios ético-ambientais e assume o compromisso com os princípios 
do desenvolvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro e os programas do BNDES atendem às 
necessidades de investimentos das empresas de qualquer porte e setor, estabelecidas no país. A parceria 
com instituições financeiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a disseminação do 
crédito, possibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES.
Companhiashipotecárias
As companhias hipotecárias são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade 
anônima, que têm por objeto social conceder financiamentos destinados à produção, reforma ou 
comercialização de imóveis residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as normas do Sistema 
Financeiro da Habitação (SFH). Suas principais operações passivas são: letras hipotecárias, debêntures, 
empréstimos e financiamentos no país e no exterior. Suas principais operações ativas são: financiamentos 
imobiliários residenciais ou comerciais, aquisição de créditos hipotecários, refinanciamentos de créditos 
hipotecários e repasses de recursos para financiamentos imobiliários. Tais entidades têm como operações 
especiais a administração de créditos hipotecários de terceiros e de fundos de investimento imobiliário 
(Resolução CMN nº 2.122, de 1994).
Cooperativas centrais de crédito
As cooperativas centrais de crédito, formadas por cooperativas singulares, organizam em maior 
escala as estruturas de administração e suporte de interesse comum das cooperativas singulares 
filiadas, exercendo sobre elas, entre outras funções, supervisão de funcionamento, capacitação de 
administradores, gerentes e associados, e auditoria de demonstrações financeiras (Resolução CMN 
nº 3.106, de 2003).
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Sociedades de créditos, financiamento e investimento
As sociedades de crédito, financiamento e investimento, também conhecidas por financeiras, 
foram instituídas pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 309, de 30 de novembro de 1959. São 
instituições financeiras privadas que têm como objetivo básico a realização de financiamento para 
a aquisição de bens, serviços e capital de giro. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade 
anônima e na sua denominação social deve constar a expressão “Crédito, Financiamento e 
Investimento”. Tais entidades captam recursos por meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio 
(Resolução CMN nº 45, de 1966).
Sociedades de crédito imobiliário
As sociedades de crédito imobiliário são instituições financeiras criadas pela Lei nº 4.380, de 21 
de agosto de 1964, para atuar no financiamento habitacional. Constituem operações passivas 
dessas instituições os depósitos de poupança, a emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos 
interfinanceiros. Suas operações ativas são: financiamento para construção de habitações, abertura 
de crédito para compra ou construção de casa própria, financiamento de capital de giro a empresas 
incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção. Devem ser constituídas sob a 
forma de sociedade anônima, adotando obrigatoriamente em sua denominação social a expressão 
“Crédito Imobiliário” (Resolução CMN nº 2.735, de 2000).
Sociedades de crédito ao microempreendedor
As sociedades de crédito ao microempreendedor, criadas pela Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 
2001, são entidades que têm por objeto social exclusivo a concessão de financiamentos e a prestação 
de garantias a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas classificadas como microempresas, com 
vistas a viabilizar empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial de pequeno porte. 
São impedidas de captar, sob qualquer forma, recursos junto ao público, ou emitir títulos e valores 
mobiliários destinados à colocação e oferta públicas. Devem ser constituídas sob a forma de companhia 
fechada ou de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, adotando obrigatoriamente em sua 
denominação social a expressão “Sociedade de Crédito ao Microempreendedor”, vedada a utilização da 
palavra “Banco” (Resolução CMN nº 2.874, de 2001).
Administradoras de consórcio
As administradoras de consórcio são pessoas jurídicas prestadoras de serviços relativos à formação, 
organização e administração de grupos de consórcio, cujas operações estão estabelecidas na Lei nº 
5.768, de 20 de dezembro de 1971. Ao Banco Central do Brasil (Bacen), por força do disposto no art. 33 
da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, cabe autorizar a constituição de grupos de consórcio, a pedido 
de administradoras previamente constituídas sem interferência expressa da referida autarquia, mas 
que atendam a requisitos estabelecidos, particularmente quanto à capacidade financeira, econômica 
e gerencial da empresa. Também cumpre ao Bacen fiscalizar as operações da espécie e aplicar as 
penalidades cabíveis. Ademais, com base no art. 10 da Lei nº 5.768, o Bacen pode intervir nas empresas 
de consórcio e decretar sua liquidação extrajudicial. O grupo é uma sociedade de fato, constituída na 
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Unidade I
data da realização da primeira assembleia geral ordinária por consorciados reunidos pela administradora, 
que coletam poupança com vistas à aquisição de bens, conjunto de bens ou serviço turístico, por meio 
de autofinanciamento (Circular BCB nº 2.766, de 1997).
Sociedades de arrendamento mercantil
As sociedades de arrendamento mercantil são constituídas sob a forma de sociedade anônima, devendo 
constar obrigatoriamente na sua denominação social a expressão “Arrendamento Mercantil”. As operações 
passivas dessas sociedades são emissão de debêntures, dívida externa, empréstimos e financiamentos de 
instituições financeiras. Suas operações ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de 
direitos creditórios e, principalmente, por operações de arrendamento mercantil de bens móveis, de produção 
nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do 
arrendatário. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN nº 2.309, de 1996).
Sociedade corretoras de câmbio
As sociedades corretoras de câmbio são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por 
quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na sua denominação social a expressão “Corretora 
de Câmbio”. Têm por objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a prática de 
operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil 
(Resolução CMN nº 1.770, de 1990).
Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários
As sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade 
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Dentre seus objetivos estão:
• operar em bolsas de valores;
• subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;
• comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;
• encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários;
• exercer funções de agente fiduciário;
• instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
• emitir certificados de depósito de ações e cédulas pignoratícias de debêntures;
• intermediar operações de câmbio;
• praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes;
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
• praticar operações de conta margem;
• realizar operações compromissadas;
• praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta própria e 
de terceiros;
• operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros.
São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN nº 1.655, de 1989). Os fundos de 
investimento, administrados por corretoras ou outros intermediários financeiros, são constituídos sob 
forma de condomínio e representam a reunião de recursos para a aplicação em carteira diversificada de 
títulos e valores mobiliários, com o objetivo de propiciar aos condôminos valorização de quotas, a um 
custo global mais baixo. A normatização, concessão de autorização, registro e a supervisão dos fundos 
de investimento são de competência da Comissão de Valores Mobiliários.
Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários
As sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários são constituídas sob a forma de sociedade 
anônima ou por quotas de responsabilidadelimitada, devendo constar na sua denominação social a 
expressão “Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários”. Algumas de suas atividades:
• intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado;
• administram e custodiam as carteiras de títulos e valores mobiliários;
• instituem, organizam e administram fundos e clubes de investimento;
• operam no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliários, 
inclusive ouro financeiro, por conta de terceiros;
• fazem a intermediação com as bolsas de valores e de mercadorias;
• efetuam lançamentos públicos de ações;
• operam no mercado aberto e intermedeiam operações de câmbio.
São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução CMN nº 1.120, de 1986).
Bolsas de mercadorias e futuros
As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa, com 
objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e financeira, das operações realizadas 
em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto, devem desenvolver, organizar e operacionalizar um 
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Unidade I
mercado de derivativos livre e transparente, que proporcione aos agentes econômicos a oportunidade 
de efetuarem operações de hedging (proteção) ante flutuações de preço de commodities agropecuárias, 
índices, taxas de juro, moedas e metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável 
macroeconômica cuja incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades. 
Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela Comissão de Valores 
Mobiliários.
Bolsas de valores
As bolsas de valores são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa, com objetivo de 
manter local adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações de 
compra e venda de títulos e valores mobiliários pertencentes a pessoas jurídicas públicas e privadas, 
em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus membros e pela Comissão 
de Valores Mobiliários. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa (Resolução CMN 
nº 2.690, de 2000).
Sociedades seguradoras
São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas em pactuar contrato, 
por meio do qual assumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem este designar, 
uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e temido, recebendo, para isso, o prêmio 
estabelecido.
Sociedades de capitalização
São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos 
de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratante, 
o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados 
corrigidos por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o 
direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.
Entidades abertas de previdência complementar
São entidades constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo 
instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de renda 
continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas. São regidas pelo Decreto-Lei nº 
73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001. As funções 
do órgão regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio 
do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)
As entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) são organizadas sob 
a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e são acessíveis, exclusivamente, aos 
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
empregados de uma empresa ou grupo de empresas ou aos servidores da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios, entes denominados patrocinadores ou aos associados ou membros 
de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. As 
entidades de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário 
Nacional, por meio da Resolução nº 3.121, de 25 de setembro de 2003, no que tange à aplicação 
dos recursos dos planos de benefícios. Também são regidas pela Lei Complementar nº 109, de 29 
de maio de 2001.
No desenvolvimento deste livro-texto, serão analisadas as decisões sobre financiamento em 
curto prazo. Serão examinadas, portanto, as condições para uma apropriada administração das 
contas que configuram o Ativo Circulante – ou o Capital Circulante – das organizações e sua 
interação com o Passivo Circulante. Desta maneira, serão abordadas a administração do caixa, 
do disponível, das duplicatas a receber, dos estoques e, ao final, a constatação da necessidade de 
capital de giro da empresa.
3 DECISÕES DE FINANCIAMENTO EM CURTO PRAZO
Nossa experiência, após centenas de demonstrações financeiras examinadas, sinaliza que as empresas 
entram num cenário de dificuldades financeiras basicamente por meio de duas consequências: má 
formação do capital social inicial ou busca de empréstimos bancários para sanar esta má formação, 
redundando em excesso de despesas financeiras e baixa lucratividade.
Quando uma empresa inicia suas atividades, em seu Balanço Patrimonial há a entrada de dois tipos 
de investimentos: um deles cobre o investimento fixo devido aquisição de máquinas, equipamentos 
e demais itens que comporão o Ativo imobilizado. O outro compõe os saldos em caixa ou mesmo em 
bancos para gastos rotineiros ou emergenciais e apresentam liquidez imediata ou de curtíssimo prazo. 
Estoques também fazem parte desse componente, bem como contas a receber. A esta outra parte do 
investimento inicial, as reservas de recursos, dá-se o nome de capital de giro.
Pelas palavras de Hoji (2012, p. 107),
O capital de giro é conhecido também como capital circulante e corresponde 
aos recursos aplicados em Ativos Circulantes, que se transformam 
constantemente dentro do ciclo operacional. [...]. Como o próprio nome 
dá a entender, o capital de giro fica girando dentro da empresa e, a cada 
vez que sofre transformação em seu estado patrimonial, produz reflexo 
na contabilidade. [...]. O estudo do capital de giro é fundamental para a 
Administração Financeira, porque a empresa precisa recuperar todos 
os custos e despesas (inclusive financeiras) incorridos durante o ciclo 
operacional e obter o lucro desejado, por meio da venda do produto ou 
prestação do serviço.
Mais adiante voltaremos ao assunto administração de capital de giro. Por enquanto, vamos ilustrar 
dois exemplos típicos de formação de capital com valores hipotéticos.
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Unidade I
Empresa com má formação do capital social inicial
Iniciaremos com a consideração de uma empresa em que a formação de capital não é das melhores:
• Empresa com má formação do capital social inicial
Quadro 1
Ativo Passivo
Disponível 1.000,00
Imobilizado 2.000,00 Capital social 3.000,00
Total 3.000,00 Total 3.000,00
Neste caso, os acionistas ou sócios dimensionaram sua participação em $3.000,00 no capital 
social. Tal dimensionamento demonstrou ser, a princípio, provavelmente insuficiente, uma vez que dos 
$3.000,00 um percentual de 66,6% ou $2.000,00 foram aplicados na aquisição de imobilizado, sendo 
certo que esta participação é altíssima e poderá levar a empresa a uma busca de empréstimos bancários, 
se os restantes $1.000,00 não forem suficientes para o giro da empresa.
 Observação
Observe que mais da metade do capital social foi imobilizado, 
representando baixa liquidez imediata.
O erro de má formação de capital inicial da empresa, em termos financeiros, poderá ser constatado 
ao calcularmos a necessidade de capital de giro. O capital de giro da empresa éa parte das fontes de 
longo prazo, representadas pelo Passivo Não Circulante não comprometidas com o financiamento das 
aplicações de longo prazo, e que estão no Ativo Não Circulante. De outra forma,
CDG = PNC – ANC
onde,
CDG = capital de giro;
PNC = Passivo não circulante;
ANC = Ativo não circulante.
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Para o caso do exemplo hipotético, se este cálculo indicar o valor, digamos de $800, isso significa 
que a empresa deverá tomar um empréstimo bancário em idêntico valor. Se não for assim, não terá 
como financiar o giro dos estoques e das vendas a prazo.
Tomando-se o mesmo exemplo, e em continuidade, a empresa toma os $800 como empréstimo 
bancário para satisfazer seu giro, e daí resultará o seguinte Balanço Patrimonial, também com dados 
hipotéticos sendo o disponível dividido em duas contas: disponível e estoques.
• Empresa buscando empréstimos bancários
Quadro 2
Ativo Passivo
Disponível 400,00 Empréstimos bancários 800,00
Duplicatas a receber 800,00 
Estoques 600,00
Imobilizado 2.000,00 Capital social 3.000,00
Total 3.800,00 Total 3.800,00
Após a tomada do empréstimo, vê-se que a composição do Balanço Patrimonial sofre alguma alteração: 
no lado do Passivo temos o aumento de 800,00 representados pelos empréstimos tomados e que deverão 
ser pagos no curto prazo, pois está no Passivo Circulante. O lado do Ativo também evoluiu em termos 
monetários, permanecendo o mesmo valor para o imobilizado (investimento inicial). É possível perceber 
que, ainda no Ativo, os 1.000,00 iniciais também lá estão, só que agora desmembrados em disponível, 
supostamente caixa e bancos e estoques. O acréscimo dos 800,00 está em duplicatas a receber.
 Lembrete
Lembre-se do que foi afirmado anteriormente: o capital de giro fica 
girando dentro da empresa e, a cada vez que sofre transformação em seu 
estado patrimonial, produz reflexo na contabilidade.
Com esta alternativa, a empresa inicia um ciclo de decisões que poderá ser correto e adequado, ou 
então, vicioso, chegando até a provocar o encerramento de suas atividades. Isto porque os acionistas 
cobrarão um retorno sobre o capital social de $3.000,00 e os bancos financiadores cobrarão despesas 
financeiras sobre o valor de $800,00.
Assim, os gestores da empresa terão duas obrigações, simultaneamente: por um lado, atender aos acionistas 
e, por outro, atender aos bancos. Se os concorrentes não têm esta obrigação, certamente trabalharão com 
preços menores porque não terão as mesmas despesas financeiras, e, com isso, suas vendas serão mais estáveis 
e muito provavelmente com menores sacrifícios de preço e, portanto, melhores margens.
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Unidade I
Portanto, tratamos aqui de um das fontes de capital de giro e para Hoji (2012, p. 110),
Algumas fontes são geradas pelas próprias operações, tais como duplicatas a 
pagar aos fornecedores, impostos a recolher, salários e encargos sociais a pagar. 
Outras são provenientes de atividades financeiras, como os financiamentos e 
empréstimos bancários. As principais fontes de financiamento são onerosas, 
pois geram encargos financeiros, tais como empréstimos e financiamentos 
bancários e parcelamento de impostos vencidos. As duplicatas a pagar 
aos fornecedores de materiais e serviços, se forem financiadas, embutem 
encargos financeiros, de uma forma ou de outra. [...]. Existem fontes de 
financiamento não onerosas geradas naturalmente pelas operações normais 
da empresa. As principais são: salários a pagar, encargos sociais a recolher, 
impostos a recolher e provisões para férias e 13º salários.
Essas decisões são as que norteiam esta parte do livro-texto, cujo objetivo principal será o de trazer 
exemplos de controles que as facilitem e que permitam evitar as já conhecidas “cirandas financeiras”, 
que têm levado à bancarrota milhares de bons empreendimentos.
3.1 Planejamento de caixa
Planejar o caixa consiste em estabelecermos, com antecedência, as decisões financeiras que serão 
tomadas em circunstâncias e condições previamente estabelecidas, com a propriedade de previsão dos 
recursos que serão utilizados para que os objetivos traçados possam ser atingidos.
 Lembrete
Quando se fala de “caixa”, a abrangência é para todo o disponível, ou 
seja, para todo recurso em dinheiro que circula pelo Ativo das empresas.
Na realidade, o Ativo Circulante é um “grande caixa” que, partindo do dinheiro propriamente 
dito, se “desmancha” por utilização em outras contas que compõem o Ativo como um todo, desde 
o Circulante (estoques, duplicatas a receber) ao Ativo fixo (imobilizações), retornando a ser “caixa” e 
assim sucessivamente.
 Observação
Deve-se levar em consideração que nem sempre a opção pela manutenção 
de elevados saldos em caixa seja a melhor alternativa do gestor financeiro. A 
escolha deve levar em consideração as características da empresa.
É notória a percepção e o objetivo dos empreendedores em geral em manter o maior volume de 
recursos no caixa, no saldo bancário, mas isso nem sempre é possível pela própria circulação e giro que 
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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
a empresa tem, e o gestor não consegue manipular de acordo com sua conveniência. Afinal, a empresa 
tem sua dinâmica e o caixa é, em particular, o representante desse dinamismo e dessa circulação diária 
de recursos.
Um planejamento de caixa comporta três tipos específicos:
• o planejamento estratégico de caixa, que é de longo prazo, antecipado aos fatores externos e 
internos à empresa, sinalizando quase sempre decisões complexas e que envolvem grande volume 
de recursos;
• o planejamento tático de caixa, que tem um alcance mais curto em termos de prazo, envolvendo 
o resultado particular de alguma área, como a de marketing, por exemplo;
• o planejamento operacional de caixa, que tem a finalidade de maximizar os recursos aplicados 
em operações de determinado período, geralmente de curto e médio prazos.
Qual, então, a essência de um planejamento de caixa? Trata-se, a nosso ver, de uma ação estratégica, 
razão de ser de um sistema orçamentário. Todos os orçamentos são elaborados – orçamento de 
pessoal, orçamento de despesas, orçamento de investimentos, orçamento de vendas e custos – e 
culminam no orçamento do caixa, que dá o tratamento final às possibilidades financeiras objetivadas 
nestes orçamentos.
Sobre o assunto, Hoji (2012) salienta que o gestor financeiro deve ter uma visão integrada 
do fluxo de caixa. Para ele, quando a área que chama de tesouraria efetua pagamentos e/ou 
recebimentos, pouca coisa há a fazer: os fatos geradores não estão sob seu controle. As decisões 
foram tomadas anteriormente. Se há um pagamento a fazer, é porque alguma despesa/compra 
foi gerada. Se há recebimento, houve venda. Trabalha, muitas das vezes, no presente com fatos 
geradores do passado. Assim, ao gestor financeiro – ou qualquer outro nome que ocupe o cargo 
da administração das finanças – cabe interagir preventivamente junto a áreas geradoras de 
recebimentos e de pagamentos.
Muitas vezes as empresas adotam estratégias diante da tomada de decisão. Podemos dizer que, vez 
ou outra, as empresas adotam política de caixa. Política, de modo geral, é um modo de ação que norteia 
a direção e o sentido para um processo de tomada de decisões que podem se repetir continuamente, ou 
que ocorram para atingirmos um objetivo.
Como exemplo de uma política financeira tem-se o caso de uma empresa que adota uma política 
de preços do tipo “cobrimos qualquer oferta” para crescer seu faturamento e, com isso, alcançar 
um acréscimo de 20% em suas vendas anuais. Visando atingir tal objetivo, a empresa autoriza a 
concessão de descontos de até 10% em seus preços de venda, independentemente de autorização 
superior, bastando que os clientes apresentem os preços anunciados pelos concorrentes. Tal política 
pode ser adotada quando o que interessa para a empresa, naquele momento, seja um reforço de caixa 
lançando mão de lucratividade.
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Unidade I
Vários são os motivos

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