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PLANO DE AULA 4 Pneumonia Doença infecciosa aguda em que um microorganismo inflama o parênquima (tecido) do pulmão. Há assim presença de infiltrado inflamatório intra-alveolar (dentro do álveolo). Difere assim de "pneumonite" em que há infiltrado inflamatório principalmente na região dos septos alveolares (interstício). Pneumonia Adquirida na Comunidade: são aquelas adquiridas fora do ambiente hospitalar, ou ainda, aquelas que surgem nas primeiras 48 horas da admissão hospitalar (o paciente "trouxe" o microorganismo de casa e estava incubando). Obs: além disso, o paciente não pode ter história de internação por mais de 2 dias nos últimos 90 dias e não ter usado antibiótico intravenoso nos últimos 30 dias. Uma das doenças mais comuns no mundo, levando a altos números de morbidade e mortalidade. No Brasil, é a doença que mais leva a internações. Mais comum em extremos de idade - crianças e idosos - e em imunocomprometidos. Teoricamente qualquer microrganismo pode causar pneumonia: bactérias, vírus, fungos. Iremos aqui citar os principais microrganismos envolvidos nas pneumonias comunitárias. Divide-se a etiologia em dois grandes grupos principais (vide observação abaixo): TÍPICOS Streptococcus pneumoniae: Conhecido como "pneumococo" (diplococo gram positivo), é responsável por 40% das pneumonias comunitárias. Sempre deve ser levado em consideração como possível agente etiológico. Haemophilus influenzae: É um cocobacilo gram-negativo. Comum em crianças (3 meses - 5 anos), idosos e paciente com DPOC. Moraxella catarrhalis: Diplococo gram-negativo. Comum em pacientes com DPOC. Klebsiella pneumoniae: Bastonetes gram-negativos. Pode causar uma "pneumonia do lobo pesado", que ocorre quando acomete o lobo superior, causando um abaulamento no território da borda inferior. É comum em alcoólatras e diabéticos. Staphylococcus aureus: Cocos Gram-positivos. Causa importante de pneumonia por disseminação hematogênica. Costuma evoluir com derrame pleural em pelo menos 40% dos casos; além disso, podem evoluir com pneumatoceles (pequenos cistos de ar no parênquima). É comum em usuários de droga endovenosas (staphylo fica na pele), pacientes pós infecção por influenza e com pneumopatias estruturais. Streptococcus pyogenes: Coco Gram-positivo. Em 40% dos casos evolui com derrame pleural empiematoso (pus). É comum em criança/adulto jovem com história pregressa de faringoamigdalite aguda purulenta. Pseudomonas aeruginosa: Bastonete Gram-negativo. Causa importante hospitalar, geralmente resistente a vários antibióticos e associada a alta mortalidade. Comum em imunodeprimidos. Anaeróbicas: Fusobacterium ; Peptostreptococcus ; Bacteroides ; Prevotella etc. Decorrem de broncoaspiração de microorganismos anaeróbicos da flora bucal. Mais comum o acometimento do lobo direito, por estar mais posterior, sendo favorecido pela gravidade no momento da infecção (paciente deitado). Comum em pacientes que evoluem com queda do estado da consciência como alcoólatras. O quadro inicia alguns dias após a broncoaspiração; ao contrário da pneumonite química (Síndrome de Mendelson) que ocorre instantaneamente. PLANO DE AULA 4 ATÍPICOS Mycoplasma pneumoniae: Bactérias bastonetoides pequenas. É o modelo da clínica "atípica"(vide sinais/sintomas). Comum em crianças/adultos jovens. Manifestações extrapulmonares incluem: miringite bolhosa (vesículas na membrana timpânica); anemia hemolítica; fenômeno de Raynaud etc Chlamydia pneumoniae: Bactéria pequena, é intracelular obrigatória. Comum em idosos. Legionella pneumophila: Bactérias do tipo Cocobacilos. Quadros graves com diarreia, vômitos, hiponatremia e febre alta. Essa bactéria é encontrada em águas - principalmente quentes; podendo ser achada em reservatórios de ar condicionado. Comum em pacientes imunodeprimidos. Chlamydia psittaci: Bactéria pequena, intracelular obrigatória. Geralmente em pessoas com contato íntimo com periquitos e outras aves conhecidas como psitacídeos Vírus: Composto por vírus respiratórios, principalmente: Influenza, Adenovírus, Parainfluenza e Coronavírus, Vírus Sincicial Respiratório. Usualmente paciente apresenta um quadro de "virose" inicial. Mais comum em crianças e adultos jovens. *Obs: De fundamental importância ressaltar o seguinte: a divisão entre germes atípicos e típicos é correta; germes atípicos são aqueles que não são detectados pela técnica de GRAM, não são tratados com antibióticos Beta-Lactâmicos e não conseguem ser isolados em meio de cultura convencional. No entanto, muito utilizado antigamente o termo "pneumonia típica e atípica" não é mais usado - isso porque acreditava-se que germes atípicos eram responsáveis apenas por clínica "atípica" (vide sinais/sintomas), o que não é verdade, pois por exemplo a Legionella pneumophila é um germe "atípico" que causa uma clínica "típica" Os alvéolos são bolsas microscópicas localizadas no pulmão, responsáveis pela troca de gases respirados. Pneumonia histopatologicamente é o preenchimento desses alvéolos por leucócitos (células de defesa), restos celulares e germes. A grande pergunta é: como esses germes chegam aí? São 4 formas principais: Aspiração: Forma mais comum. Nossa cavidade oral é repleta de diversos microorganismos, e esporadicamente podemos ter colonização oral por bactérias que causam pneumonia como o pneumococo (sem estar doente para isso, no entanto, pacientes com comorbidades geralmente tem uma colonização mais frequente); e como a aspiração de pequenas partículas é comum, eventualmente esses germes podem ser aspirados, chegando até os pulmões. Inalação: inalação de partículas - com microorganismos - do ar ambiental, usualmente sob a forma de aerossois. Os exemplos clássicos são Legionella e Micoplasma. Hematogênica: Infecção na corrente sanguínea decorrente de outro sítio infeccioso acaba chegando ao pulmão. O exemplo clássico é do Staphylococcus aureus. Continuidade: Mecanismo raro. Germe provém de infecção próxima: da pleura ou mediastino por exemplo. Então basta que o germe chegue ao alvéolo e causará pneumonia? Não, na verdade depende de alguns fatores como a carga de microorganismo, seu poder de virulência e falha em mecanismos de defesa - que inclui sistema humoral (anticorpos) e celular (leucócitos, macrófagos etc) Caso o germe tenha sucesso na infecção, ocorrem 4 fases até a resolução do processo: (1). Congestão: Multiplicação bacteriana alveolar; há hiperemia ativa pela vasodilatação/congestão local. Os alvéolos ficam preenchidos por um exsudato seroso. (2). Hepatização Vermelha: O pulmão fica compacto e vermelho, semelhante a um fígado. Os alvéolos são preenchidos por exsudato (podendo ter hemácias), e perdem o ar, perdendo a consistência "esponjosa". PLANO DE AULA 4 (3). Hepatização Cinzenta: O exsudato passa a ser purulento; daí ser "cinzento". Há presença de intenso restos celulares. (4). Resolução: Secundário aos anticorpos criados, existe a resolução da infecção e eliminação do exsudato alveolar seja por fagocitose ou pela tosse - com recuperação da arquitetura alveolar. Na vigência de tratamento adequado (antibioticoterapia na maioria das vezes), todos esses "passos" não ocorrem, sendo a infecção abortada antes. Histopatologicamente uma pneumonia pode ser: Lobar: ocorre quando somente um lobo é acometido - de forma que existe uma consolidação no alvéolo extensa Broncopneumonia: ocorre pelo acometimento de várias regiões dos pulmões - de forma que existe consolidações alveolares em vários locais, principalmente em região próxima dos brônquios *A Broncopneumonia é a forma de apresentação mais comum, independente do agente etiológico, tanto é que muitos utilizam "broncopneumonia" como sinônimo de "pneumonia" Asma A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas com componentes genético e ambiental em sua patogênese. Existem alguns genes que predispõemà hiper-responsividade das vias aéreas, e outros que predispõem à atopia. Entre os fatores ambientais, estão alérgenos, infecções, exposição ocupacional, exposições intradomiciliares, tabagismo, poluição e dieta. Sua principal característica fisiológica baseia-se na demonstração de limitação variável ao fluxo de ar nos exames de função pulmonar, manifestando-se clinicamente por sintomas, como dispneia, tosse, sibilância e opressão torácica, que podem ser reversíveis espontaneamente ou com o uso de medicamentos. O desenvolvimento da asma é complexo e relaciona diversos mecanismos. Entre estes, provavelmente o mais importante é o relacionado à inflamação crônica das vias aéreas, com espessamento da mucosa, hipersecreção de muco e exposição de terminações nervosas, o que promove sensibilidade anormal a diversos estímulos – hiper-responsividade brônquica. A resposta imune associada à asma é responsável por seu quadro clínico. Assim, aeroalérgenos são processados nas vias aéreas por células apresentadoras de antígenos. A forma como esses aeroalérgenos são apresentados à célula T influencia o tipo de inflamação do paciente. Existem 2 padrões de resposta imune associada aos linfócitos T: o Th1 e o Th2, este último associado à asma. Hoje, prefere-se nomear a resposta Th1 predominante como Th2 low e a resposta Th2 predominante como Th2 high, principalmente quando se trata de asma. Todas as duas respostas desencadeiam, ao final, hiper-responsividade brônquica, produção mucoide e vasoconstricção de via aérea e hipertrofia. Este processo, quando presente, desencadeia sintomas, como redução do calibre de via aérea e, quando muito intenso, exacerbação da doença. Esse processo, quando não tratado adequadamente, pode levar a proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno, levando a um processo conhecido como remodelamento brônquico. Esse processo gera irreversibilidade da limitação do fluxo aéreo. As alterações são consequência do espessamento das paredes das vias aéreas, aumento da vascularização e hiperplasia das células glandulares locais. O grau de remodelamento costuma guardar relação inversa com o nível de controle clínico da doença, porém já foi demonstrado que mesmo asmáticos leves intermitentes podem ter algum grau de remodelamento de vias aéreas. A resposta Th2 high é desencadeada principalmente por antígenos. A presença desta ativa célula Th2 e células linfoides inatas do grupo 2, através da linfopoetina estromal tímica (TSLP). Esta cascata implica na produção de citocinas, como IL-4, IL-5 e IL-13. A IL-4 ativa células B para produzir IgE específica que, por sua vez, ativa mastócitos. Estas, entre outras, produzem prostaglandinas. A IL-5 está intimamente relacionada a ativação de eosinófilos, enquanto que a IL-13 atua principalmente na musculatura lisa, induzindo hiper-responsividade e remodelamento brônquico. Estas geram hiper-responsividade brônquica, secreção mucoide e constrição de musculatura lisa. PLANO DE AULA 4 A resposta Th2 low é principalmente desencadeada por irritantes, poluentes e micro- organismos. Esta desencadeia produção de IL-33, IL-25 e IL-6 que ativam células Th-17 e células Th1. Tanto um quanto o outro ativam neutrófilos, levando a hiper-responsividade brônquica, secreção mucoide e constrição de musculatura lisa. A IL-33 e a IL-25 produzidas por irritantes, poluentes e microorganismos também desencadeiam resposta Th2 high, sendo um elo de ligação entre a resposta Th2 high e Th2 low. Desta forma, todos os agentes desencadeantes ativam a resposta Th2 high, justificando ser esta a resposta preponderante. São fatores desencadeadores mais comuns: a) Exposição a alérgenos e irritantes inalatórios domiciliares e ocupacionais; b) Mudanças climáticas e exposição ao tabagismo; c) Infecções do sistema respiratório; d) Fármacos – betabloqueadores, AAS e anti-inflamatórios não hormonais; e) Estresse emocional; f) Exercício físico. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição clínica comum, prevenível e tratável, que se caracteriza, basicamente, pelo desenvolvimento progressivo de limitação ao fluxo aéreo, que não é totalmente reversível, associado à inflamação crônica das vias aéreas por inalação de partículas e gases nocivos. A síndrome classicamente é descrita como representada por 2 polos raramente observados isoladamente em um mesmo indivíduo. Detalhados abaixo, estão os polos: 1. Enfisema pulmonar: aumento permanente e anormal dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, acompanhado de destruição de suas paredes, sem fibrose óbvia; ainda que o termo seja muito utilizado no dia a dia, é considerado diagnóstico histopatológico; 2. Bronquite crônica: tosse produtiva por mais de 3 meses, durante 2 anos consecutivos. A tosse é ocasionada por hipersecreção de muco, não necessariamente com obstrução ao fluxo aéreo. Na realidade, o termo DPOC denota a presença de limitação ao fluxo aéreo com manifestações clínicas de enfisema e/ou bronquite crônica. Classicamente definia-se fenótipo enfisematoso (chamado “soprador rosado”) e fenótipo bronquítico crônico (chamado “azul pletórico”). A classificação nestes 2 polos tem caído em desuso, e hoje tem-se valorizado outros fenótipos que ajudam principalmente na determinação da terapia. Os principais são: overlap asma DPOC (conhecido como ACO), exacerbador e hiperinsuflador. Porém, diversos outros fenótipos têm sido descritos. PLANO DE AULA 4 Em uma perspectiva unificadora, a Organização Mundial da Saúde e o National Institutes of Health criaram um grupo multicêntrico para o estudo da DPOC, a Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD). A GOLD aglutina as principais recomendações relacionadas à DPOC, principalmente nos aspectos diagnósticos e terapêuticos, com atualizações anuais. A DPOC acomete mais de 50 milhões de pessoas no mundo, e, no Brasil, estimam-se mais de 7 milhões de acometidos, com cerca de 275 mil internações ao ano. DPOC é a quarta maior causa de mortalidade em todo mundo e deve-se tornar a terceira principal causa em 2020. A perda de volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é de 15 a 30 mL/ano em pessoas normais. No paciente com DPOC, essa perda anual é aumentada em 2 a 5 vezes. Curiosamente, tal perda excessiva de VEF1 só acontece em torno de 15% dos indivíduos que fumam, indicando componentes genéticos envolvidos (Figura 5.2). Entretanto, o único componente genético descrito como fator de risco para DPOC é a deficiência de alfa-1- antitripsina, que é decorrente de mutação do gene SERPINA1. A maioria dos pacientes com DPOC é identificada pela presença de obstrução em prova de função pulmonar, usualmente na quinta década de vida. Geralmente, VEF1 < 40% do predito implica dispneia aos pequenos esforços, e < 25%, dispneia em repouso, retenção de CO2 e cor pulmonale. Além da diminuição do VEF1, há outras alterações presentes no paciente com doença pulmonar obstrutiva crônica, conforme mostrado abaixo: a) Aumento do volume residual e da capacidade residual funcional; b) Progressiva disfunção diafragmática devido à retificação da cúpula, o que pode levar a uma desvantagem mecânica na ventilação; c) Aumento da capacidade pulmonar total e, frequentemente, redução da capacidade vital; d) Vasoconstrição arterial pulmonar devido à hipoxemia, com aumento na pressão da artéria pulmonar. O endotélio de pacientes com DPOC apresenta síntese diminuída de óxido nítrico – deficiência da NOsintase; e) A hipóxia, junto à hipercapnia, ocasiona o aumento dos níveis de catecolaminas, renina e aldosterona, o que pode levar à retenção de sal e água; f) Hipóxia, aumento do trabalho respiratório e níveis aumentados de citocinas e TNF-beta podem levar à significativa perda de peso (caquexia). O tabagismo (ativo e passivo) de longe é o principal fator de risco para DPOC. Estima-se que 90% dos casoso têm como fator etiológico. A mensuração da carga tabágica é simples. Utilizando a variável anos- maço, deve-se multiplicar o número de anos de tabagismo pela média de maços fumados ao dia, lembrando que 1 maço tem 20 cigarros. Considera-se carga significativa quando superior a 10 anos/maço. PLANO DE AULA 4 Existe um processo inflamatório crônico nas vias aéreas do paciente com DPOC, mas essa inflamação difere, significativamente, da vista na asma brônquica. A via final da inflamação na DPOC é o desbalanço entre as proteases, lesivas ao epitélio respiratório, e as antiproteases. Apesar de o tabagismo ser o principal fator envolvido na DPOC, deve-se ter atenção aos fatores ambientais – inalação de partículas de enxofre, cádmio – e para doenças genéticas – deficiência de alfa-1-antitripsina. Tromboembolismo Pulmonar Quadro decorrente de um trombo (coágulo) que obstrui - em vários graus - a circulação pulmonar. Esse trombo é originado de veias profundas principalmente dos membros inferiores - p.ex. veia femoral e poplítea - que se soltam e vão até a circulação pulmonar. É uma situação secundária a trombose venosa profunda (TVP). Definições: o Trombo: coágulo que se adere a parede de vaso sanguíneo o Êmbolo: é o coágulo que se solta e vai para a circulação sistêmica, obstruindo algum ponto para frente. A origem dos trombos é na maioria das vezes oriunda dos membros inferiores (trombose venosa profunda) - p.ex. veia femoral e poplítea. Esses trombos após crescerem podem se soltar, formando os êmbolos. Os êmbolos, por sua vez, vão seguir pela veia femoral para a veia cava inferior, até chegar ao coração direito e a partir daí obstruir as artérias pulmonares. Em diferentes graus, dependendo do tamanho do trombo. Como consequência, ocorrerá hipoxemia pelo desequilíbrio entre a perfusão (chega pouco sangue ao pulmão devido a obstrução) e a ventilação. Além disso, pela própria obstrução, irá existir dificuldade em o ventrículo direito manter o débito (choque obstrutivo), evoluindo com grau de falência do mesmo: cor pulmonale. o Paralelamente a esse quadro, há isquemia de ácinos, com liberação de serotonina que tem ação broncoconstritora, só piorando a situação. São 3 as principais síndromes clínicas presentes: Infarto Pulmonar: Embolia pequena. Êmbolo pequeno-distal (parênquima pulmonar). Os sintomas principais são dor pleurítica (dor à respiração) + hemoptise (expectoração de sangue) + febre. Embolia Maciça: Embolia grande. Acometimento de mais de 30% do pulmão. Ocorre falência do ventrículo direito (cor pulmonale) pelo aumento da pós carga. Embolia Submaciça: Embolia moderada. Liberação de serotonina secundária à isquemia de ácinos. Ação broncoconstritora. As alterações hemodinâmicas/pulmonares da embolia pulmonar são: a) Alta pressão na artéria pulmonar; b) Hipocinesia do VD; c) Baixo débito cardíaco do VD; d) Abertura de shunts arteriovenosos; e) Desequilíbrio V/Q; f) Liberação de vários mediadores químicos; g) Atelectasia; h) Hipoxemia; i) Taquicardia; j) Enchimento do VE (restrição do pericárdio e dilatação do VD com desvio do septo interventricular). Observação: ciclo vicioso – hipertensão pulmonar, baixo débito cardíaco, hipoxemia e choque. PLANO DE AULA 4 Complicações da Pneumonia Pneumonia Necrosante (Necrose do parênquima com formação de cavitações). Abscesso pulmonar. Derrame Pleural. Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo -Insuficiência Respiratória. Sepse. Complicações da Asma Remodelamento Brônquico (processo inflamatório seguido de processo regenerativo): o que pode cursar com um estreitamento permanente da árvore respiratória. Insuficiência respiratória grave. Pneumotórax. Infecções pulmonares graves. Maior risco de infecções respiratórias, e mais graves. Complicações da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Insuficiência respiratória grave. Pneumotórax. Infecções pulmonares graves. Tromboembolismo Pulmonar. Cor pulmonale/Hipertensão pulmonar. Complicações do Tromboembolismo Pulmonar Insuficiência respiratória grave. Cor Pulmonale (insuficiência do ventrículo direito). Infarto Agudo do Miocárdio. Sepse. Avaliar pacientes com transtornos psicóticos A palavra psicose é usada para descrever condições que afetam a mente, onde houve alguma perda de contato com a realidade. ■ Durante um período de psicose, os pensamentos e percepções de uma pessoa são perturbados. ■ Os sintomas de psicose incluem delírios (falsas crenças) e alucinações (ver ou ouvir coisas que as outras pessoas não veem ou ouvem. CAUSAS ■ Esquizofrenia ■ TAB / Depressão ■ Álcool / Drogas ■ Transtornos Orgânicos ■ Medicamentos ■ Privação do sono PLANO DE AULA 4 Não se sabe exatamente a fisiopatologia da Esquizofrenia, diversas teorias foram postuladas, sendo a mais aceita a: "Teoria dopaminérgica": a dopamina é um neurotransmissor (substância bioquímica que comunica um neurônio ao outro) envolvido no controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição e memória o A Esquizofrenia está associada a exacerbação da atividade dopaminérgica no Sistema Nervoso Central (principalmente na via mesolímbica). Tal fato é verossímil, pois os medicamentos antipsicóticos (medicamentos que tratam a esquizofrenia) estão ligados a atividades antidopaminérgicas. A classificação de formas de esquizofrenia pode ser feita tanto pelo CID10 (Classificação Internacional de Doenças) quanto pelo DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Como a do CID10 é a mais utilizada, vamos nos ater a ela: Esquizofrenia Paranoide: tipo mais comum; presença de alucinações auditivas (escuta vozes), associada a ideias (alucinações) de perseguição e delirantes. Esquizofrenia Hebefrênica: início geralmente antes dos 25 anos; presença de desorganização do pensamento, isolamento e perda da vontade de fazer as coisas. Esquizofrenia Catatônica: alterações na psicomotricidade: mutismo, estupor (não apresenta reações), posturas bizarras, flexibilidade cérea (coloca o paciente em uma posição e ele mantém) etc. Esquizofrenia Simples: início lento e progressivo, o paciente apresenta inabilidade para cumprir demandas social, com queda no desempenho de diversas atividades. Esquizofrenia Residual: estágio crônico/tardio de outros tipos, o paciente apresenta principalmente sintomas negativos (vide item "sinais e sintomas"). Esquizofrenia Indiferenciada: não se categoriza em nenhum outro tipo, ou apresenta várias características dos outros tipos associadas. Depressão Pós-Esquizofrênica: Depressão que ocorre após uma crise esquizofrênica. Difere-se da psicose depressiva, pois nessa, a alteração do humor vem antes. SINAIS/SINTOMAS Para fins didáticos, divide-se em dois grandes grupos: Sintomas Positivos: "acréscimo" nas capacidades mentais, principalmente em fases agudas da doença: o Alucinações: as mais comuns são percepções inexistentes de vozes (ameaçadoras,acusatórias,obscenas); ainda existem: percepções de alterações corporais (sentimento de roubo de órgão - relata que roubaram seu pulmão etc.; órgãos encolhendo como cérebro etc.); alterações nas percepções visuais, olfatórias, gustativas também podem estar presentes. o Delírios: ideias irreais de perseguição (acha que estão atrás dele); ideias de controle (controlam o cérebro); ideias irreais religiosas e grandiosas. o Confusão: Descarrilhamento de raciocínio, frases sem sentido, palavras inventadas, falar sozinho. Sintomas Negativos: "decréscimos" nas capacidades mentais: o Desleixo corporal: paciente não toma banho, não se veste adequadamente. o Embotamento afetivo: não demonstra afeto e emoções. o Lentificação psicomotora. PLANO DE AULA 4 o Pouca interação com o meio. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é evidentemente clínico. Deve-se observar o paciente, conversar e analisar. A históriafamiliar é muito importante nesses casos, pois muitas vezes existem casos semelhantes na família. De toda forma, existem critérios que podem auxiliar no diagnóstico: Critérios do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) - 5ª edição, todos devem ser preenchidos: A) Sintomas característicos: Dois (ou mais) dos seguintes, cada qual presente por uma porção significativa de tempo durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso): (1). Delírios; (2). Alucinações; (3). Discurso desorganizado (por ex.: frequente descarrilamento ou incoerência); (4). Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico; (5). Sintomas negativos, isto é, embotamento afetivo, alogia ou avolição; Nota: Apenas um sintoma do Critério “A” é necessário se os delírios são bizarros ou as alucinações consistem de vozes que comentam o comportamento ou os pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversando entre si. B) Disfunção social/ocupacional: Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional). C) Duração: Sinais contínuos da perturbação persistem por pelo menos 6 meses. Este período de 6 meses deve incluir pelo menos 1 mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que satisfazem o critério A (isto é, sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas relacionados no Critério A presentes de uma forma atenuada (por ex., crenças estranhas, experiências perceptuais incomuns). D) Exclusão de Transtorno Esquizoafetivo e Transtorno do Humor: O Transtorno Esquizoafetivo e o Transtorno do Humor com Aspectos Psicóticos foram descartados, porque: (1). Nenhum Episódio Depressivo Maior, Maníaco ou Misto ocorreu concomitantemente aos sintomas da fase ativa; ou (2). Se os episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve relativamente à duração dos períodos ativo e residual. E) Exclusão de substância/condição médica geral: A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento) ou a uma condição médica geral. F) Adicional: Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso).
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