Demonstrações Contábeis

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Reclassificação das Demonstrações
Contábeis para fins de análise
EXPOR AS RECLASSIFICAÇÕES QUE DEVEM SER FEITAS NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA
TORNA-LAS ADEQUADAS AO PROCESSO DE ANÁLISE.
Legenda: BALANçO PATRIMONIAL
1) A contribuição da Contabilidade para o processo de
gestão empresarial
Cada vez mais se observa a grande contribuição da Contabilidade no processo de tomada de decisões
estratégicas das empresas, sejam elas de pequeno, médio e grande porte. Isso ocorre, entre outras coisas,
pela possibilidade de obtenção de uma variedade de informações provindas das Demonstrações Contábeis.
Por meio das Demonstrações Contábeis, nós podemos, por exemplo:
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Identificar de que maneira a empresa vem captando os recursos que financiam suas atividades;
Conhecer a sua capacidade de pagamento de suas dívidas;
Diagnosticar se a empresa possui boa lucratividade;
Fazer a comparação de seus resultados com empresas que atuam no mesmo segmento.
Ao enumerar as contribuições da Análise das Demonstrações Contábeis, Matarazzo (2010, p. 31) nos mostra
que:
1. Se bem manuseada, pode se constituir num excelente e poderoso "painel de controle" da administração;
2. É uma poderosa ferramenta à disposição das pessoas que se relacionam ou pretendem relacionar-se com a
empresa, ou seja, os usuários da informação contábil ou financeira sejam eles internos ou externos;
3. Permite diagnosticar o empreendimento, revelando os pontos críticos e permitindo apresentar um esboço
das prioridades para a solução dos problemas;
4. Permite uma visão estratégica dos planos da empresa, bem como estima o seu futuro, suas limitações e
suas potencialidades.
2) Etapas para a análise das Demonstrações Contábeis
Para que o processo de análise das Demonstrações Contábeis possa atingir seus objetivos, é necessário
seguir algumas etapas, tais como as representadas a seguir:
 
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3) Demonstrações Contábeis a serem analisadas
As Demonstrações contábeis que normalmente são utilizadas para fins de análise são:
3.1) Balanço Patrimonial: O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a demonstrar
quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a situação patrimonial e financeira da Entidade.
3.2) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): Tem como objetivo demonstrar qual foi o resultado
(lucro ou prejuízo) obtido pela entidade num determinado período, por meio do confronto de suas despesas
e receitas.
3.3) Demonstração do Fluxo de Caixa: A demonstração do fluxo de caixa de uma entidade demonstra aos
usuários das demonstrações contábeis a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa.
3.4) Demonstração do Valor Adicionado: Tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade em
determinado período e demonstrar como foi sua distribuição.
Estas demonstrações são elaboradas e publicadas de acordo com as legislações expedidas pelos diversos
órgãos encarregados de garantir a transparência, uniformidade e harmonia do mercado tais como o CFC
(Conselho Federal de Contabilidade), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), BACEN (Banco Central do
Brasil), e também devem seguir o disposto na legislação tributária federal, estadual e municipal.
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Os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando ocorrem (e não
quando caixa ou outros recursos financeiros são recebidos ou pagos) e são lançados nos
registros contábeis e reportados nas demonstrações contábeis dos períodos a que se
referem.
Por este motivo as Demonstrações Contábeis que são elaboradas com base na legislação para fins de
publicação são denominadas Demonstrações Contábeis Societárias (porque decorrem da legislação
societária)
Mas você deve estar se perguntando: porque então deve haver a reclassificação?
A reposta é simples: ao elaborar as Demonstrações Contábeis para fins de publicação (Societário), o
profissional contábil se baseia em uma série de legislações, tais como Princípios de Contabilidade,
Legislação Societária, Normas internacionais, Legislação Tributária, Previdenciária e trabalhista entre
outros, devendo buscar sempre o cumprimento fiel destas normativas, a fim de que elas estejam sempre em
consonância com os preceitos legais.
Todavia, o profissional encarregado de elaborar a análise das Demonstrações Contábeis, não deve
necessariamente prender-se a estes dispositivos legais, na medida em que sua função é fornecer
informações de caráter financeiro, econômico, produtividade entre outros que nem sempre estão
apresentadas no Balanço Societário.
4) Reclassificação das Demonstrações Contábeis
Podemos definir “reclassificação” como dar uma nova classificação. Sob a ótica contábil, este procedimento
consiste em mudar a classificação de grupos e contas do Balanço Patrimonial para atender a necessidade de
análise especifica do analista.
O foco da reclassificação é o grupo do Balanço Patrimonial denominado Despesas Antecipadas.
Vamos recordar a finalidade deste grupo?
A finalidade deste grupo é registrar todos os gastos sofridos pela entidade, mas que em decorrência de sua
vigência, pertençam a mais de um período de apuração, tal como: seguros, IPVA, IPTU.
Considere o seguinte exemplo: Nossa empresa assinou uma apólice de Seguros, em 02/01/X1 no valor de R$
120.000,00, pagando a vista. Se considerarmos que a vigência da apólice seja de 12 meses, seria correto
lançar esse valor integralmente na conta de resultado “Despesas de Seguro’”?
Isso mesmo! Estaria incorreto porque desrespeitaria o Princípio da Competência, que de acordo com a NBC
TG (Norma Brasileira de Contabilidade – Técnicas Gerais) do CFC, que trata da estrutura conceitual para a
elaboração das demonstrações contábeis pode ser definido como:
 
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Desta forma, ao invés de lançarmos diretamente para despesa, (o que sobrecarregaria o resultado de
Janeiro) fazemos o registro numa conta denominada “Seguros a Apropriar” pertencente ao Ativo Circulante
(e eventualmente ao Não Circulante – quando se tratar de apólices com vigência superior a 12 meses).
Assim, poderemos mês a mês transferir para o resultado a parcela que se refere especificamente a despesa
daquele mês.
E como dito acima, isto se aplica a outros gastos de mesma natureza, tais como IPTU, IPVA, Assinaturas de
Jornais e Revistas.
Pois bem, isso do ponto de vista da legislação contábil. Mas como o nosso foco de estudo é a análise das
Demonstrações Contábeis, se considerarmos que os Ativos Circulantes são necessários para saldar os
Passivos Circulantes, verificaremos que o grupo “Despesas Antecipadas” não possuí a característica de ser
realizável em dinheiro como os demais itens do Ativo Circulante.
Por conta disto, o analista deve reclassificar este grupo para o Patrimônio Líquido, devendo obedecer, no
entanto, a natureza devedora da conta.
Então, vamos pensar juntos:
O que acontece quando lançamos uma conta de natureza devedora no Patrimônio Líquido?
Isso mesmo, ela se torna redutora, diminuindo desta forma o saldo do Patrimônio Líquido. A justificativa
para isso, é que do ponto de vista da análise, já devemos reconhecer a perda decorrente do lançamento do
seguro como despesa – o que afeta o Resultado Líquido e consequentemente o Patrimônio Líquido, não é
mesmo?
Vamos analisar um exemplo prático? Considere o Balanço Patrimonial da Cia Via Láctea S/A:
 
Balanço Patrimonial SOCIETÁRIO Cia Via Láctea 
Ativo
Contas
2013
Valores (em $ mil)
2012
Valores (em $ mil)
2011
Valores (em $ mil)
CIRCULANTE 166.691,78 449.279,11 323.686,11
Disponível 41.191,78 320.079,11153.486,11
Caixa  1.500,00 2.150,00 1.300,00
Banco do Brasil 24.441,78 303.089,11 143.076,11
Aplicações Financeiras CP 15.250,00 14.840,00 9.280,00
Valores a Receber 57.000,00 68.000,00 78.000,00
Clientes  57.000,00 68.000,00 78.000,00
       
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Estoques  28.000,00 29.000,00 54.000,00
Estoque de Mercadorias 28.000,00 29.000,00 54.000,00
Adiantamentos Diversos  16.000,00 8.000,00 14.000,00
Adiantamento a Fornecedores  16.000,00 8.000,00 14.000,00
Despesas do Exercício Seguinte  24.500,00 24.200,00 24.200,00
Seguros a Apropriar 24.500,00 24.200,00 24.200,00
NÃO CIRCULANTE 612.796,96 208.000,00 212.000,00
Realizável a LP                -              -                -
Investimentos  401.496,96             -               -
Particip Societ (caráter permanente) 401.496,96             -              -
Imobilizado 207.700,00 208.000,00 212.000,00
Imóveis  120.000,00 120.000,00 120.000,00
Móveis e Utencílios   26.000,00 26.000,00 26.000,00
Veículos  20.700,00 13.000,00 13.000,00
depreciação acumulada  (19.000,00) (11.000,00) (7.000,00)
Terrenos  60.000,00 60.000,00 60.000,00
Intangível 3.600,00               -             -
Marcas e Patentes  4.000,00                -             -
Amortização Acumulada  (400,00)              -             -
TOTAL DO ATIVO 779.488,74 657.279,11 535.686,11
PASSIVO
CIRCULANTE 248.660,00 226.210,00 224.830,00
Empréstimos a pagar (CP) 36.200,00 44.600,00 65.220,00
Financiamentos (CP) 12.000,00 12.000,00 12.000,00
Duplicatas Descontadas  26.000,00 34.000,00 14.000,00
Fornecedores  102.000,00 78.000,00 84.000,00
Obrigações Fiscais  16.830,00 13.440,00 4.240,00
Obrigações Trabalhistas e Previd 21.190,00 16.330,00 14.240,00
Outras Obrigações e provisões 34.440,00 27.840,00 31.130,00
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PASSIVO NÃO CIRCULANTE         - 12.000,00 24.000,00
Financiamentos (LP)         - 12.000,00 24.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 530.828,74 419.069,11 286.856,11
Capital social 400.000,00 40.000,00 400.000,00
Capital a integralizar           - (60.000,00) (120.000,00)
Reserva de Lucros  130.828,74 79.069,11 6.856,11
TOTAL DO PASSIVO 779.488,74 657.279,11 535.686,11
 
Ao reclassificarmos o Balanço Patrimonial, vamos remanejar o grupo Despesas Antecipadas para o
Patrimônio Líquido, tal como segue:
Balanço Patrimonial GERENCIAL Cia Via Láctea
ATIVO
CONTAS
2013
Valores (em $ Mil)
2012
Valores (em $ Mil)
2011
Valores (em $ Mil)
CIRCULANTE 142.191,78 425.079,11 299.486,11
Disponível 41.191,78 320.079,11 153.486,11
Caixa 1.500,00 2,150,00 1.300,00
Banco do Brasil 24.441,00 303.089,11 143.076,11
Aplicações Financeiras CP 15.250,00 14.840,00 9.280,00
Valores a Receber  57.000,00 68.000,00 78.000,00
Clientes 57.000,00 68.000,00 78.000,00
       
Estoques 28.000,00 29.000,00 54.000,00
Estoques de Mercadorias  28.000,00 29.000,00 54.000,00
Adiantamentos Diversos  16.000,00 8.000,00 14.000,00
Adiantamento a Fornecedores 16.000,00 8.000,00 14.000,00
Despesas do Exercício Seguinte           -            -           -
       
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NÃO CIRCULANTE 612.796,96 208.000,00 212.000,00
Realizável a LP          -             -             -
Investimentos  401.496,96             -             -
Parcip Societ (caráter permanente) 401.496,96             -             -
Imobilizado 207.700,00 208.000,00 212.000,00
Imóveis 120.000,00 120.000,00 120.000,00
Móveis e Utensílios  26.000,00 26.000,00 26.000,00
Veículos  20.700,00 13.000,00 13.000,00
Depreciação acumulada  (19.000,00) (11.000,00) (7.000,00)
Terrenos  60.000,00 60.000,00 60.000,00
Intangível 3.600,00         -           -
Marcas e Patentes 4.000,00 - -
Amortização Acumulada  (400,00)         -           -
TOTAL DO ATIVO 754.988,74 633.079,11 511.486,11
PASSIVO
CONTAS
2013
Valores (em $ Mil)
2012
Valores (em $ Mil)
2011
Valores (em $ Mil)
CIRCULANTE 248.660,00 226.210,00 224.830,00
Empréstimos a pagar (CP) 36.200,00 44.600,00 65.220,00
Financiamentos (CP) 12.000,00 12.000,00 12.000,00
Duplicatas Descontadas 26.000,00 34.000,00 14.000,00
Fornecedores  102.000,00 78.000,00 84.000,00
Obrigações Fiscais  16.830,00 13.440,00 4.240,00
Obrigações Trabalhistas e Previd 21.190,00 13.330,00 14.240,00
Outras Obrigações e provisões 34.440,00 27.840,00 31.130,00
PASSIVO NÃO CIRCULANTE           - 12.000,00 24.000,00
Financiamentos (LP)           - 12.000,00 24.000,00
PATRIMÔNIO LIQUIDO  506.328,74 394.869,11 262.656,11
Capital Social 400.000,00 400.000,00 400.000,00
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Capital a integralizar          - (60.000,00) (120.000,00)
Reserva de Lucros 130.828,74 79.069,11 6.856,11
Seguros a Apropriar (24.500,00) (24.200,00) (24.200,00)
TOTAL DO PASSIVO 754.988,74 633.079,11 511.486,11
 
Ao fazermos este procedimento, observe que deixamos o Balanço Patrimonial refletindo a situação
patrimonial e econômica da empresa, na medida em que:
Diminuímos o valor do Ativo Circulante, demonstrando a real capacidade da empresa em honrar seus
compromissos financeiros;
Reduzimos o total do Patrimônio Líquido, considerando que as “Despesas antecipadas” geram uma
redução no Resultado Líquido da Empresa e desta forma diminuem o Patrimônio Líquido.
Alguns outros procedimentos que o analista deve ter são os seguintes:
a. No caso de comparar o desempenho da empresa com outras, se certificar que tratam-se do mesmo
segmento de atividade, afinal, não podemos comparar os resultados de um empresa do ramo químico, com
outra do ramo financeiro, correto?
b. Verificar, no caso de comparação entre empresas do mesmo segmento, se o período das Demonstrações
Contábeis seja o mesmo. Já pensou em comparar os resultados anuais de uma empresa com outro
semestral de outra companhia? Teríamos distorções não é verdade?
c. Certificar-se que as Demonstrações Contábeis tenham sido auditadas, para garantir que os resultados
apresentados sejam confiáveis.
Agora que deixamos o Balanço Patrimonial preparado para a análise, vamos fazer alguns exercícios?
ATIVIDADE FINAL
Considere que o Balanço Patrimonial Societário da Empresa Boa Nova
S/A apresente os seguintes valores:
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Ao reclassificar as Demonstrações Contábeis para fins de análise, o
analista irá apurar os seguintes valores de Patrimônio Líquido e
Passivo, respectivamente:
A. R$ 58.000,00 e R$ 90.000,00 
B. R$ 50.000,00 e R$ 90.000,00
C. R$ 78.000,00 e R$ 110.000,00 
D. R$ 68.000,00 e R$ 100.000,00 
E. R$ 50.000,0 e R$ 40.000,00 
REFERÊNCIA
MATARAZZO, D.C. Análise financeira de balanços 7. ed. .São Paulo: Saraiva, 2010.
Sites:
CFC- Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 1.111/07 - Aprova o Apêndice II da Resolução CFC nº.
750/93 sobre os Princípios de Contabilidade. Disponível em
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2007/001111> acesso em 07.Abr.2014 
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