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PRIMEIRO CONTATO: geralmente por telefone; já se inicia a formação de um vínculo, que pode vingar ou não; relutância em realizar o primeiro contato pode sinalizar que o paciente não está motivado ou já expressa temores. APARÊNCIA: pode denotar/simbolizar fatores psíquicos; observa-se: vestimentas, comportamento, expressão facial, saudação, postura, sintomas/sinais visíveis, gestos/movimentos, tom de voz, excessos/deficiências, etc. ENTREVISTA INICIAL: período de sondagem; avaliar fatores mentais, emocionais, materiais e circunstanciais da vida do paciente; analisar prós/contras, vantagens/desvantagens; estabelecer hipótese diagnóstica - importante para condução do trabalho; avaliar veracidade e motivação do paciente; verificar se as teorias de cura e tratamento de ambos estão alinhadas; observar e ouvir o paciente; estabelecer uma modalidade de terapia; verificar condições técnicas, teóricas e motivacionais do terapeuta para atender ao paciente; estabelecer rapport, vínculo empático e relação de confiança, para que o paciente se sinta compreendido e acolhido, sem julgamentos; acontece em uma ou algumas sessões, mas não deve se prolongar indefinidamente. CONTRATO: série de combinações depois da entrevista inicial; papel de cada um; número de sessões semanais; horário e duração das sessões; honorários (considerando realidade do paciente e necessidade do terapeuta, nunca gratuitamente); forma,data e periodicidade do pagamento; férias, atrasos, ausências; estabelecimento do setting. TÉCNICA: não é possível mecanizar a técnica; não deve haver uma psicanálise única, estereotipada e universal. ASSOCIAÇÃO LIVRE: paciente; dizer tudo o que vier à mente, sem crítica ou seleção, mesmo que pareça sem sentido. ATENÇÃO FLUTUANTE: terapeuta; “manter toda influência consciente longe de sua capacidade de observação e entregar-se totalmente à memória inconsciente”; escutar tudo o que é dito, sem se preocupar em lembrar ou notar algo, sem se apegar ou fixar a nada em específico; para, depois, identificar e interpretar o conteúdo inconsciente dessa fala e auxiliar o paciente a reconstruí-lo e ressignificá-lo; anotações durante análise podem prejudicar atenção flutuante. SETTING/ENQUADRE: soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o processo psicanalítico; resultado de uma conjunção de regras, atitudes e combinações - proposições, e não imposições, construídas junto com o paciente; cenário para a reprodução de velhas e novas experiências emocionais; funciona como um importante fator terapêutico pela criação de um novo espaço onde o paciente pode reproduzir seus aspectos infantis e usar sua parte adulta para ajudar o crescimento das partes infantis, possivelmente frágeis e desamparadas; incubadora para o prematuro psicológico (pacientes muito regressivos; “mãe suficientemente boa”; “útero psicológico”). TERAPEUTA NO SETTING: presença viva, disponível, interessado; acolhe e estimula; NÃO DEVE se comportar como uma mãe substituta; através da atividade analítica, possibilita a internalização de uma figura materna suficientemente boa; analista BOM é aquele que frustra adequadamente e quando necessário; analista BONZINHO é aquele que não sabe provocar frustração e acaba reforçando no paciente a condição de criança dependente; tornar uma pessoa dependente da terapia é um desserviço, o objetivo é instrumentalizar a pessoa para, depois, ficar só. PRINCÍPIO DA INCERTEZA: o observador muda a realidade observada; paciente (observado) e analista (observador) fazem parte da realidade psíquica e ambos são agentes da modificação da realidade exterior à medida que modificam as realidades interiores. FUNÇÕES TERAPÊUTICAS DO SETTING: há muitas particularidades, sutilezas, armadilhas, transgressões, etc. que, dependendo de como forem manejadas pelo analista, poderão ser terapeuticamente positivas ou negativas. 1. Terapeuta pode adotar posição mais ativa em análise com pacientes autistas, sair em procura desse paciente que não está fugindo, mas perdido. 2. Terapeuta não deve se comportar como uma mãe substituta, mas oferecer nova condição de maternagem. 3. Uma vez instituído, o setting deve ser preservado, ainda que quase sempre hajam alterações em relação às combinações originais. 4. Preservar o setting estabelece aporte da realidade exterior, com frustrações e privações próprias da vida real. 5. Regras do setting ajudam a delimitar “o eu” e “os outros”, facilitando a obtenção das capacidades adultas de diferenciação, separação e individuação. 6. Regras também auxiliam a definir a noção de limites, limitações, lugares e diferenças. 7. Setting ajuda a desfazer as fantasias do analisando que está sempre em busca de uma ilusória simetria (mesma hierarquia de lugares e papéis com o terapeuta) e similaridade (mesmas funções, valores e capacidades). 8. Pode haver desvirtuamento do setting por excessiva rigidez ou por excessiva permissividade do terapeuta (erro). 9. Na situação analítica, é importante que fiquem definidos e claros os direitos, deveres, papéis, lugares, atribuições e funções do par terapeuta-paciente. 10. Analista bom frustra quando necessário, bonzinho nunca frustra. 11. Bonzinho impede o despertar do lado adulto do paciente. 12. Excesso de permissividade e falta de frustração no setting pode representar narcisismo ou temor do terapeuta. 13. Exagero obstáculos do terapeuta incrementam a crença do paciente de que para ganhar algo, precisa merecer. 14. Controle sádico inconsciente pode levar o analista a utilizar frustrações severas e desnecessárias (≠abstinência). 15. Só sofrendo as frustrações do setting o paciente poderá desenvolver a capacidade para pensar e simbolizar. 16. Função + nobre do setting = criar novo espaço para reexperimentar experiências, infantis, do passado. 17. E ressignificá-las no presente, adulto. 18. Analista deve ser capaz de sobreviver a possíveis ataques agressivos/eróticos/narcisistas/perversos. 19. Resultados da análise podem ser diferentes daqueles que o paciente estava acostumado e condicionado. 20. Isso porque o setting se mantém inalterado, apesar de todos os sentimentos, atos e verbalizações “proibidos e perigosos”; o analista não se deprime, enraivece, revida, retalia, condena, abandona, hospitaliza, mas se mostra compreensivo e auxilia o paciente a ressignificar e extrair um aprendizado da experiência sofrida. 21. TRANSGRESSÕES do setting ocorrem por razões distintas em maior ou menor grau, mas o terapeuta deve saber voltar à condição original; PERVERSÃO DO SETTING: conluios inconscientes, ou até consciente - ex.: faz-de-conta de agradar e ser agradado, envolvimento erótico, negócios, programas fora do enquadre, etc. 22. INVERSÃO DOS PAPÉIS/LUGARES ANALÍTICOS: tipo de perversão do setting, comum em narcisistas. 23. PARÂMETROS: tudo o que transgride o setting; podem ser incluídos ou não. 24. SESSÕES MÍNIMAS para considerar como análise: 4-3, flexíveis. 25. Crise na demanda de pacientes = flexibilidade = espaço analítico de acordo com necessidades de cada um. 26. Setting = continente; “espaço sagrado” unicamente do paciente, onde será entendido. 27. Campo analítico deve ser regido por regras técnicas CAMPO ANALÍTICO: resistência, transferência, contratransferência. TRANSFERÊNCIA: REPETIÇÃO; disposição inata; deslocamento de sentimentos atribuídos a pessoas do passado para pessoas do presente; repetições de imagos de pessoas importantes (paterna, materna, fraterna), transferindo esses sentimentos; repetição de comportamentos e sentimentos, gerando situações - CLICHÊS ESTEREOTÍPICOS - repetitivo; o analista será incluído nessa repetição; aparece como a mais forte resistência ao tratamento; 0 IMAGO: protótipo inconsciente de personagens que orienta seletivamente como o sujeito apreende o outro. INTROVERSÃO DA LIBIDO: libido direcionada para a realidade diminui e é direcionada para fantasias inconscientes - narcisismo; libido entra em curso regressivo e revive imagos infantis; TRATAMENTO: todas as forças que fizeram a libido regredir se erguerãocomo resistências ao trabalho psicanalítico para preservar as coisas como estão. TIPOS DE TRANSFERÊNCIA: POSITIVA = sentimentos ternos, amigáveis, capazes de consciência; transferência erótica, fontes eróticas inconscientes. NEGATIVA = sentimentos hostis; resistência à cura; aparece ao lado da positiva (AMBIVALÊNCIA). TRANSFERÊNCIA COMO RESISTÊNCIA: interrompe o processo analítico; aparece pra afastar sentimentos conflitivos. AMOR DE TRANSFERÊNCIA: quando o paciente se apaixona pelo analista; nesse enamoramento, o paciente perde a compreensão e o interesse pelo tratamento; só quer saber de seu amor e exige que seja retribuído; abandona ou não presta atenção aos seus sintomas, declara que está bem; completa mudança de cena; é irreal; pela ética e pela técnica, é impossível ceder - o analista deve superar o princípio de prazer e transformá-lo em da realidade; não deve condenar, suprimir, afastar, recusar, desprezar esse amor, mas utilizá-lo a favor do processo. RESISTÊNCIA: tudo que interfere na continuação do tratamento; barreiras inconscientes levantadas pelo ego ELEMENTOS TÉCNICOS: neutralidade (“indiferença”); abstinência (deixar que a necessidade e o anseio continuem a existir no paciente como forças impulsionadoras do trabalho, sem mitigá-los); paciência (para contornar a situação).
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