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1 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Endodontia Anatomia interna Importante para conhecer o padrão de normalidade e as anomalias que podem vir a surgir. É dos requisitos para se atingir o sucesso do tratamento endodôntico. ANATOMIA DA CAVIDADE PULPAR A cavidade pulpar é todo o espaço que abriga a polpa dentária, existe na coroa e na raiz. É dividida em 2 porções: • Porção coronária: câmara pulpar, está na coroa do dente. • Porção que está na raiz: Canal radicular. CÂMARA PULPAR • É uma cavidade única, bastante volumosa e que aloja a polpa coronária. Ela se assemelha a anatomia externa do dente. → A câmara pulpar dos molares tem anatomia mais cúbica, pois eles são mais cúbicos, já os dentes anteriores apresentam uma C.P. mais achatada vestibulolingualmente e mais larga mesiodistalmente. • Nos dentes posteriores, o limite da cavidade pulpar é facilmente identificado pois temos o ASSOALHO, depois do assoalho já conseguimos ver as entradas dos canais e posteriormente os canais radiculares. • Nos dentes anteriores não observamos essa conformação. Nos dentes anteriores, o limite entre a câmara pulpar e o canal radicular não é nítido. • Nos dentes anteriores, acima do colo dentário temos a câmara 2 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 pulpar e abaixo temos o canal radicular. Ou seja, o ponto de divisão é o colo dentário. ➔ A CÂMARA PULPAR é composta por algumas paredes: Nos dentes unirradiculares anteriores, teremos: • Parede vestibular; • Parede lingual ou palatina; • Parede mesial; • Parede distal; • Teto → É a parte voltada para a incisal do dente. OBS: nos dentes unirradiculares posteriores a conformação é a mesma, pois como o dente é unirradicular não se tem assoalho. Nesse caso, o teto está voltado para a face oclusal dos dentes. Nos dentes multirradiculares posteriores, teremos: • Parede vestibular; • Parede lingual ou palatina; • Parede mesial; • Parede distal; • Teto → voltado para a face oclusal dos dentes, e; • Assoalho. OBS: quando se acessa o dente, o teto é removido. • Em um dente jovem, teremos uma câmara pulpar maior, já em um dente de um paciente idoso, teremos uma câmara pulpar menor. • Isso significa que o acesso de um dente de um paciente idoso é mais perigoso, pois devido ao tamanho reduzido de sua C.P, o risco da broca perfurar o assoalho aumenta. → Se perfurar o assoalho vai trepanar a região. 3 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 CANAL RADICULAR É a parte da cavidade pulpar que se encontra na raiz, ela se afunila progressivamente em direção ao ápice. Ele é cônico progressivo. Geralmente tem forma cônica e sua secção transversal é geralmente oval e não arredondada. O canal radicular é dividido em três partes/terços: • Terço cervical: está mais próximo a região cervical do dente. • Terço médio: meio da raiz, está entre o terço cervical e apical. • Terço apical: próximo ao forame apical. Nos dentes multirradiculares, o canal radicular começa a partir do assoalho e nos dentes unirradiculares, ele se confunde com o término da câmara pulpar, mas na região mais escura já é o canal radicular. O canal radicular pode ainda ser dividido outras em duas porções: • Canal Dentinário: muito maior, campo de trabalho do endodontista. • Canal Cementário Constrição entre o Canal Dentinário e Canal Cementário é chamada de limite Cemento-Dentina-Canal (CDC) → Está a 0,5 mm da saída foraminal do dente. OBS: Geralmente, o forame apical se situa periradicular/periapical e não no ápice do dente. O conhecimento da anatomia dos canais radiculares e de suas variações é de suma importância. ➔ O canal radicular não é um túnel cônico único, ele é cheio de ramificações. b) sai do canal principal e desemboca em um forame distinto no periápice. 4 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 c) sai da câmara pulpar para o periodonto cervical. d) sai do canal principal e desemboca em uma saída foraminal. e) sai do canal secundário f) canal que pode ligar dois canais distintos g) sai do canal principal e volta para esse mesmo canal h) são ramificações que ocorrem na região periapical i) fazem parte de ramificações bem próximas ao ápice/região apical j) sai do assoalho da câmara pulpar para a região de furca OBS: Furca = região entre duas raízes • Dificilmente vamos conseguir essas variações de canais com as limas (vai atuar no canal principal), o tratamento/limpeza desses canais que não conseguimos acessar é realizado com as soluções irrigadoras. ISTMOS São áreas estreitas de dentina, em forma de fita, que conecta um ou mais canais radiculares. ➔ Pode acontecer dos canais serem separados por um istmos e depois coincidirem novamente e terminarem em um mesmo canal ou seguirem separados e terminarem em canais diferentes. ➔ O diâmetro do istmo depende de sua localização, é uma variação que pode ocorrer em qualquer dente. ANATOMIA INTERNA DOS GRUPOS DENTÁRIOS 1. INCISIVOS Incisivo Central Superior: o Apresenta apenas 1 canal radicular → canal amplo e reto na maioria dos casos, mas pode ter uma curvatura para a vestibular em alguns casos → não se vê na radiografia devido a posição em que a radiografia é retirada. o Essa curvatura pode fazer com que se forme um degrau no canal radicular; o Uma única raiz; o Apresentam o ombro palatino → uma projeção de dentina na região oposta a face palatina. É uma região de dentina que adentra a câmara pulpar. É uma informação importante, pois durante o acesso endodôntico essa estrutura é removida para que seja possível realizar a visualização do canal. 5 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Incisivo Lateral Superior: o Tem raiz única, com um único canal, amplo. o Apresenta curvatura da raiz no sentido distopalatino → é visível na radiografia; o Dente com maior índice de anomalias: fusão, geminação, sulcos radiculares; OBS: os dentes tem tamanhos distintos e angulações diferentes. Incisivos Inferiores: o Menores dentes permanentes e apresentam, normalmente, raiz única. o Apresenta um canal reto e achatado mesiodistalmente, e mais largo no sentido vestíbulo-lingual. o Devido a esse achatamento, pode haver a presença de dois canais → um vestibular e um lingual, que podem se unir OBS: a presença de dois canais é mais frequente no INCISIVO LATERAL INFERIOR. o Pode apresentar o ombro lingual → importante remover, principalmente se tiver dois canais, para que haja uma melhor visualização do canal lingual; o A sua secção transversal é oval ou achatada; o Podem apresentar curvatura para a distal; 2. CANINOS Caninos Superiores: o Maiores dentes permanentes; o Normalmente apresentam uma única raiz, com um único canal, reto, amplo e longo → por isso, exige na maioria dos casos a utilização de instrumentos acima de 25mm p/ o seu preparo. o Apresenta ombro palatino; o Secção transversal é ovalada; o A porção apical da raiz é geralmente cônica e fina → pode haver curvatura abruptamente no sentido vestibular ou palatino; o Raramente ocorrem variações morfológicas e a presença de canais acessórios é menor; o Devido ao seu tamanho, o ápice de sua raiz se encontra próximo a cavidade nasal → maior atenção em procedimentos cirúrgicos. 6 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Caninos Inferiores: o Apresenta raiz única com canal único, canal é bastante ovalado e mais achatado mesiodistalmente. o Pode apresentar duas raízes (V e L) e dois canais → devido ao achatamento; o Existe a presença de ombro lingual; o Apresenta secção transversal oval em toda sua extensão, se tornando circular na região apical; o Podeapresentar curvatura abrupta para vestibular ou lingual; o É menor que o superior em todas as dimensões. 3. PRÉ-MOLARES Primeiro Pré-molar Superior: o Apresenta duas raízes (V e P) + dois canais com forames independentes, que estão localizados próximos ao ápice. o Se as raízes estiverem fusionadas (raro), esses dois canais se unem no terço médio ou apical e desembocam em um mesmo forame; o Podem apresentar até 3 raízes, mas é raro (2 V e 1P); o Secção transversal do canal palatino é levemente maior que o vestibular; o A porção apical da raiz pode se apresentar extremamente fina e curva; Segundo Pré-molar Superior: o Apresenta uma única raiz com único canal de secção transversal ovalada com maior diâmetro no sentido vestibulopalatino, normalmente; 7 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 o Mais achatado no sentido mesiodistal; o Pode apresentar 2 canais (V e P), apesar de ter apenas uma raiz → podem se conectar no terço apical saindo por um único forame; o Pode apresentar curvatura apical para a distal. Primeiro Pré-molar Inferior: o Apresenta raiz única com um único canal, mas pode apresentar a presença de mais de um canal → múltiplos canais (2 V e 1L); o Quando apresenta canal lingual, ele tende a divergir do canal principal; o Tem secção transversal ovalada mais ampla no sentido vestibulolingual e mais achatada no sentido mesiodistal; o Apresenta muitas anomalias: canal em forma de C → o preparo químico-mecânico é distinto; o Pode apresentar curvatura para distal; o É ovalado e no terço apical é mais circular. Segundo Pré-Molar Inferior: o Apresenta raiz única, sempre cônica, com um único canal; o Pode apresentar ramificações; o A sua secção transversal é oval com maior diâmetro no sentido vestibulolingual; o Curvatura apical para distal; o Pode estar presente mais de um canal → 1 V e 1L → O canal lingual, quando presente, apresenta muita divergência do canal principal (V) com uma angulação aguda, fazendo com que tenha que ser realizado um desgaste compensatório durante o acesso; 8 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Primeiro Molar Superior: o Maior/mais volumosos entre os molares; o Apresenta 3 raízes divergentes: 1 mesiovestibular, 1 distovestibular e 1 palatina; o Apresenta 3 ou 4 canais → na maior parte dos casos apresenta 4 canais, e estão separados pelo istmo; o Raiz MESIOVESTIBULAR apresenta dois canais: MV1 e MV2 → dois canais separados por istmo que podem ou não se unir na porção apical; o Raiz palatina: canal palatino → raiz mais volumosa, fornece acesso fácil, mas apresenta uma curvatura para a vestibular no ápice em alguns casos; o Raiz distovestibular: canal DV → é uma raiz cônica, que pode apresentar dois canais que se unem na porção apical → RARO. OBS: no caso de apresentar quatro canais, entre os MV, o mais volumoso será o MV1. Segundo Molar Superior: o Apresenta morfologia semelhante ao primeiro molar superior; o Apresenta 3 raízes ( MV, DV e P); o Apresenta 4 canais em metade dos casos; o Apresenta raízes menos divergentes do que o primeiro molar superior; o Possui uma maior tendência ao fusionamento → pode apresentar apenas dois canais: V e P. Além disso, nesses casos , sua CP se torna distorcida e alongada na direção vestíbulolingual, fazendo com que as entradas dos canais se disponham quase em linha reta. 9 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 Primero Molar Inferior: o Na maioria dos casos, apresentam apenas duas raízes: uma mesial e uma distal; o Apresenta 3 canais: dois canais na raiz mesial → 1 mesiovestibular e meiolingual; o Canal distal bem robusto e amplo; o A raiz distal pode apresentar até dois canais que são mais amplos do que a raiz mesial → se desconfia de que há dois canais na raiz distal quando o canal da distal não está centralizado em relação ao canais mesiais. o Raiz mesial com curvatura acentuada para a distal; o O canal mesiolingual é maior e mais reto que o mesiovestibular → eles podem convergir e terminar em um único forame ou em canais diferentes; Segundo Molar Inferior: o Também apresenta duas raízes → são mais curtas, devido ao fusionamento podem apresentar canais em forma de C; o Apresenta 3 canais: 2 na mesial e 1 na distal; o Maior tendência ao fusionamento; o A raiz distal é reta e a raiz mesial apresenta curvatura para distal em boa parte dos casos; o Em algumas vezes só vamos ter dois canais → 1 na M e 1 na D. 10 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 OBS: os terceiros molares apresentam inúmeras variações anatômicas, tanto em relação a forma quanto a configuração do SCR. ANOMALIAS DENTÁRIAS FUSÃO: dois germes dentários se unem , parcialmente ou totalmente, formando uma dupla coroa, duas CP totalmente separadas (por dentina) e dois canais radiculares distintos; GEMINAÇÃO: ocorre quando o germe dentário, em divisão sofre invaginação, dando origem a uma coroa dupla, com com uma única CP e canal radicular. CANAL EM FORMA DE C: pode acontecer em pré-molares e molares; anomalia que pode acontecer quando as raízes estão fusionadas. DILACERAÇÃO RADICULAR: curvaturas muito abruptas nas raízes dos dentes. RADIX ENTOMOLARIS: é quando há uma raiz supranumerária (a mais) localizada na distolingual de molares inferiores. RADIX PARAMOLARIS: quando há uma raiz supranumerária na mesiovestibular de molares inferiores. TAURODONTISMO: desenvolvimento do dente acima do comum. Ocorre o desenvolvimento avantajado da cavidade pulpar → assoalho da CP é deslocado na direção apical. 11 MARIA CLARA DOMINGOS – 2023.2 SULCO RADICULAR: depressão radicular que pode se iniciar na coroa e se estender em direção apical. → pode causar sérios problemas periodontais. DENS INVAGINATUS (dens in dente): quando ocorre o desenvolvimento de um dente dentro do outro dente. DENS EVAGINATUS (CÚSPIDE TALÃO): é quando temos um dentículo (protuberância de esmalte) junto da coroa de outro dente. Outras anomalias comumente observadas: ➔ Reabsorção externa da raiz ➔ Reabsorção interna do dente ➔ Calcificação
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