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PROTEÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA W B A 04 63 _v 1. 0 2 Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 PROTEÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Juliana Caramigo Gennarini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinscky Breternitz Mariana Gerardi Mello Revisor Renato Kazuo Miyamoto Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Júnior, Joubert Rodrigues dos Santos J95p Proteção do sistema elétrico de potência/ Joubert Rodrigues dos Santos Júnior. - Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 42 p. ISBN 978-65-86461-54-1 1. Circuitos. 2. Sistema elétrico – Proteção. I. Título. CDD 621.3178 ____________________________________________________________________________________________ Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Características gerais de proteção no SEP __________________________ 05 Arquitetura dos relés digitais _______________________________________ 19 Proteção para elementos de potência na rede _____________________ 31 Proteção de geradores e rede de distribuição ______________________ 42 PROTEÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 5 Características gerais de proteção no SEP Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Renato Kazuo Miyamoto Objetivos • Capacitar o profissional para identificar os principais componentes de um sistema de proteção do sistema elétrico. • Estudar os tipos e as características principais dos relés de proteção do sistema elétrico. • Fornecer subsídios para identificar as principais causas de defeito de um sistema elétrico de potência. 6 1. Características principais de um sistema de proteção A proteção dos sistemas elétricos de potência vem se destacando em função da importância de manter o fornecimento de energia elétrica sempre operante, com menor probabilidade possível de queda de energia. O sistema de proteção tem como finalidade garantir a continuidade do fornecimento de energia elétrica para todos os setores da economia, visando segurança e qualidade para os consumidores. Dessa forma, um sistema de proteção corretamente projetado mantém os equipamentos inseridos na rede elétrica em condições de operacionalidade, gerando baixo custo de manutenções corretivas para as empresas operadoras do sistema. 1.1 Requisito do sistema de proteção Um sistema de proteção eficiente deve levar em consideração fatores técnicos que, aliados, desenvolvem um sistema robusto e confiável. Os conceitos técnicos que devem ser observados estão representados na Figura 1. Figura 1 – Fatores técnicos necessários para o desempenho do sistema de proteção Fonte: elaborada pelo autor. 7 Esses fatores devem ser observados no momento da concepção do projeto de proteção do sistema elétrico: a. Seletividade: técnica na qual o sistema de proteção e coordenação deve reconhecer e selecionar as condições de operação, e somente o dispositivo de proteção mais próximo do defeito desconecta da rede elétrica. b. Velocidade: a velocidade de atuação adequada possibilita o desligamento do trecho ou do equipamento no menor tempo possível. c. Confiabilidade: a proteção deve permitir que o sistema opere com exatidão, segurança e corretamente. d. Automação: a automação do processo de proteção é de responsabilidade dos relés. Eles detectam as falhas (parâmetros fora de especificação) e tomam a decisão de abertura ou não do circuito. Dessa forma, o sistema de proteção é avaliado pelo seu desempenho de atuação e sua capacidade rápida de retornar às condições de operacionalidade em caso de atuação, resultando o mínimo possível de prejuízo para os consumidores. 1.2 Tipos de proteção do sistema elétrico Mamede Filho e Mamede (2017) relatam que, ao operar um sistema elétrico com confiabilidade, é necessária a utilização de um conjunto de proteções especificadas para determinados eventos, conforme os requisitos a seguir: a. Proteção de sobrecorrentes: são eventos comuns no sistema elétrico. Elevam os componentes a maiores níveis de desgaste e diminuem a vida útil dos elementos da rede. Eles são classificados em diferentes níveis: sobrecargas e curtos-circuitos. 8 b. Proteção de sobretensões: existe um limite de tensão máxima que o sistema elétrico pode operar, em função das características nominais do sistema em caso de uma falta. Os valores de tensão máxima não devem superar o valor de 110% da tensão nominal do sistema. Em geral, as sobretensões são oriundas das seguintes origens: • Descargas atmosféricas. • Chaveamento. • Curtos-circuitos monopolares. c. Proteção de subtensões: tem a finalidade de proteger as máquinas elétricas (geradores, motores) de quedas de tensão que colocam em risco a integridade desses equipamentos. Geralmente, o sistema elétrico tolera tensões com níveis de até 80% do valor nominal do sistema, por um período de aproximadamente dois segundos. d. Proteção de frequência: para um sistema elétrico que opera em 60 Hz, a frequência não deve superar 62 Hz. As sobrefrequências, normalmente, afetam a qualidade de energia fornecida. Os sistemas elétricos podem operar por pequenos intervalos de tempo e a frequência não deve ficar abaixo de 58 Hz. e. Proteção de sobre-excitação: esta proteção consegue identificar níveis de indução muito elevados, devidos a uma elevação de tensão e/ou subfrequência. Ela é determinada a partir do quociente entre a tensão máxima do sistema e da frequência a que está submetida. O sistema elétrico de potência está sujeito a eventos indesejados que devem ser identificados por meio das proteções projetadas e neutralizadas rapidamente, evidenciando, dessa forma, um sistema eficiente do ponto de vista de proteção. 9 1.3 Níveis de atuação de um sistema de proteção Independente da natureza do sistema elétrico, três níveis de atuação são considerados em um sistema de proteção: proteção principal, proteção de retaguarda e proteção auxiliar, representados pela Figura 2. Figura 2 – Níveis de atuação do sistema de proteção Fonte: elaborada pelo autor. A proteção principal é responsável por atuar em primeira instância em caso de alguma falta no sistema. Seletividade e coordenação dentro de um projeto na área elétrica, significa determinar quais dispositivos devem atuar primeiro, criando uma ordem de prioridade na atuação deles...neste informa que o projeto deve levar em consideração a atuação da proteção retaguarda somente se a proteção principal falhar. Proteção auxiliar é composta por funções que auxiliam o sistema de proteção principal e de retaguarda, responsável por sinalização, alarme, temporização e intertravamento. O diagrama apresentadona Figura 3 representa uma exemplificação de um esquema de proteção auxiliar, podendo variar de acordo com a configuração do sistema elétrico no qual está inserido. 10 Figura 3 – Diagrama de proteção Fonte: elaborada pelo autor. 2. Características gerais e classificação dos relés Os relés de proteção operam por meio dos limites estabelecidos pelos estudos de proteção e coordenação definidos no projeto de cada sistema elétrico. Apresentam variações de construção e operação, podem ser definidos como um dispositivo do qual um equipamento elétrico é operado quando se produzem variações nas condições desse equipamento ou do circuito em que ele está ligado, ou em outro equipamento ou circuito associado (CAMINHA, 2019). 2.1 Função de proteção e manobra Por meio de um código numérico, é indicado o tipo de proteção a que se destina o relé de proteção. Esse código é utilizado para especificação em projeto das proteções necessárias em função das características do sistema elétrico de potência em que será inserido. Esse código é universal e a Tabela 1 ilustra alguns desses códigos. 11 Tabela 1 – Funções de proteções (Ansi) Código Função Código Função 21 Relé de distância 50 Relé de sobrecorrente instantâneo 27 Relé de subtensão 51 Relé de sobrecorrente-tempo 37 Relé de subcorrente 55 Relé de fator de potência 49 Relé térmico para máquina ou transformador 59 Relé de sobretensão Fonte: elaborada pelo autor. Os códigos das funções foram elaborados pela Ansi – American National Standards Institute, com objetivo de padronizar os vários tipos de funções dos relés de proteção. 2.2 Características construtivas e operacionais As características construtivas e operacionais dos relés de proteção são classificadas da seguinte forma: a. Relés fluidodinâmicos: utilizam líquidos (óleo de vaselina) como elemento temporizador. Atualmente, não são mais fabricados, porém são facilmente encontrados em operação no Brasil. b. Relés eletromagnéticos: com a força eletromagnética, é capaz de deslocar o elemento móvel instalado. Composto basicamente por uma bobina envolvendo o núcleo magnético, em que o entreferro é formado por uma peça móvel onde é instalado um contato elétrico que atua sobre um contato fixo, dessa forma, a continuidade do circuito é permitida acionando o disjuntor. Existem outras formas de construção dos relés eletromagnéticos, por exemplo, com êmbolo móvel. c. Relés eletrodinâmicos: com princípio de funcionamento por meio da atuação de duas bobinas (uma móvel e outra fixa). Com sensibilidade apurada, mas sua utilização é limitada na proteção de circuitos primários. 12 d. Relés de indução: Mamede (2016, p. 15) apresenta que “os relés de indução são conhecidos como relés secundários, e seu funcionamento é baseado na construção de dois magnetos, um superior e outro inferior”. São largamente utilizados em subestações industriais de potência e pelas concessionárias de energia. e. Relés térmicos: o aumento de temperatura dos transformadores, geradores e motores podem diminuir a vida útil e acarretar falha do equipamento, consequentemente, colocar o sistema elétrico inoperante. Os relés térmicos ajustáveis são percorridos pela corrente de fase do sistema, eles atuam sobre o circuito de alimentação da bobina do disjuntor, desenergizando o sistema antes que a temperatura ultrapasse o máximo permitido. f. Relés eletrônicos: gerados em função do avanço da tecnologia, apresenta vantagens sobre os relés eletromecânicos: precisão de ajustes, facilidade de alteração de curvas de operação, custo e desempenho competitivo. g. Relés digitais: tecnologia baseada em microprocessadores. Alta velocidade de processamento, sensibilidade apurada, acesso remoto, além da capacidade de armazenamento de dados. São caracterizados pelas funções: • De proteção: monitoram as faltas e atuam em tempo muito rápido. • De medição: supervisionam o sistema, registrando algumas medições como tensão, corrente, fator de potência. 2.3 Grandezas elétricas Geralmente, as grandezas tensão, corrente e frequência compõem a sensibilização do relé, sendo possível também monitorar outras grandezas, como impedância, potência. Os relés também são classificados em função dessas grandezas, conforme descrito a seguir: 13 a. Relés de corrente: estes relés têm uma faixa de ajuste que os torna adaptáveis a uma larga faixa de circunstâncias possíveis. Há, normalmente, dois ajustes: ajustes de corrente e ajustes de tempo. Embora esses ajustes sejam feitos independentemente, a interdependência destes é apresentada nas curvas tempo- corrente, fornecidas no catálogo dos fabricantes. b. Relés de tensão: são aqueles que reagem em função da tensão do circuito elétrico que eles guardam, tendo, portanto, um funcionamento muito semelhante aos relés de corrente, exceto pelo fato de que são, mais usualmente, não temporizados. c. Relés direcionais: quando a rede de distribuição e transmissão de energia são projetados em configuração anel, é recomendada a utilização de relés de sobrecorrente temporizados em conjunto aos elementos direcionais do sistema. O sentido em que a corrente elétrica flui pelo sistema é detectado pelo relé direcional (FERRARO; ARTICO; BIANCO, 2013). d. Relés de frequência: operam com frequência gerada pelo sistema elétrico. Faz um comparativo com o valor ajustado para a operação, havendo diferença, ele aciona o mecanismo para desligar o disjuntor. e. Relés de impedância: utilizam os parâmetros tensão, corrente no ponto da instalação. Sabendo que a impedância, num determinado ponto, é a relação entre a tensão e a corrente, oferece o resultado desse quociente para fazer atuar o mecanismo de acionamento (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2017). 2.4 Temporização Os relés são classificados quanto ao tempo de atuação, representado pela Figura 4. 14 Figura 4 – Classificação dos relés referente à temporização Fonte: elaborada pelo autor. Os relés instantâneos não apresentam retardo no tempo de atuação. Não são indicados em esquemas seletivos em que as correntes de curto- circuito nos diferentes pontos são praticamente os mesmos. Os relés temporizados com retardo dependente são os mais utilizados em sistemas elétricos. Possuem curva de temporização normalmente inversa, cujo retardo é função do valor da grandeza. O relé temporizado com retardo independente é caracterizado por um tempo de atuação constante, sem depender da magnitude da grandeza que o sensibiliza acima do valor ajustado. 2.5 Forma de acionamento O acionamento de interrupção pode apresentar dois modos diferentes: • Relés primários. • Relés secundários. Figura 5 – Tipos de acionamento dos relés Fonte: elaborada pelo autor. 15 Os relés primários, conhecidos como relés de ação direta, foram utilizados em larga escala na proteção de pequenas a médias instalações. São de fácil instalação. Geralmente dispensam transformadores redutores, pois estão diretamente ligados ao circuito que protegem. Não necessitam de fonte auxiliar para promoverem o disparo do disjuntor. Os relés secundários, conhecidos como relés de ação indireta, são amplamente empregados nas instalações de médio e grande porte. Com custo mais alto, necessitam de transformadores redutores como fonte de alimentação. 3. Falhas no sistema elétrico de potência Ferraro, Artico e Bianco (2013) descrevem que descargas atmosféricas, surtos de tensão, incêndios e vandalismo representam as principais causas de falhas no sistema elétrico de potência, por esse motivo, os sistemas de proteção são projetados com o objetivo de atuar o mais rápido possível, buscando minimizar os danos.. Do ponto de vista funcional, o sistema elétrico de potência pode ser dividido em três áreas: geração, transmissão e distribuição. A Figura 6 ilustra um sistema composto por geração de energia por meio de uma hidrelétrica, interconectada com a rede de transmissão e distribuição. Figura 6 – Ilustração de geração, transmissão e distribuição apartir de uma hidrelétrica Fonte: neyro2008/iStock.com. 16 As falhas possuem características específicas em função de sua localização e do tipo de equipamento ou componente de linha. A manutenção preventiva e o monitoramento contínuo contribuem para reduzir o risco de falhas no sistema elétrico de potência. 3.1 Principais causas de falhas Os principais problemas no sistema elétrico de potência estão relacionados com curto-circuito e sobrecargas, numa proporção como mostrado na Figura 7. Figura 7 – Principais causas de falhas no sistema elétrico de potência Fonte: elaborada pelo autor. Curto-circuito: em um sistema elétrico, geralmente, a falha mais comum é o curto-circuito. Um curto produz uma corrente elevada que circula por todos os elementos da rede, podendo ser prejudicial para seu funcionamento e gerar graves distúrbios de tensão ao longo da rede. Sobrecargas: condição em que os valores de corrente elétrica ultrapassam as especificações de projeto. Além desses fatores de anormalidade, existem outros eventos que podem ter consequências não menos graves para o sistema elétrico, são eles: subtensão e sobretensões, podendo ser geradas por descargas atmosféricas, manobras, quedas de árvores, entre outras. 17 3.2 Estatísticas das interrupções Mamede Filho e Mamede (2017) relatam que as concessionárias de energia acompanham e avaliam rigorosamente as interrupções de seus sistemas e apresenta uma estatística dessas falhas: a. Causas das interrupções: Tabela 2 – Causas de interrupções Causas Percentual Fenômenos naturais 48% Falhas em materiais e equipamentos 12% Falhas humanas 9% Falhas diversas 9% Falhas operacionais 8% Falhas na proteção e medição 4% Objetos estranhos sobre a rede 4% Condições ambientais 6% Fonte: Mamede Filho e Mamede (2017). b. Origem das interrupções: Tabela 3 – Origem das interrupções Causas Percentual Linhas de transmissão 68% Rede de distribuição 10% Barramentos de subestações 7% Transformador de potência 6% Gerador 1% Próprio sistema 4% Consumidor 4% Fonte: Mamede Filho e Mamede (2017). Como podemos observar, as falhas nas linhas de transmissão representam 68% dos problemas relacionados com o sistema elétrico de potência. Fato justificável em função da extensão dessas linhas e por estarem mais expostas às condições atmosféricas e ambientais. 18 As falhas no sistema elétrico de potência geram custos altos que elevam o custo da energia, além dos transtornos e prejuízos para os consumidores. Baseado nesse ponto de vista, Mamede Filho (2015) divide esses custos em: a. Custos financeiros: perda de faturamento da concessionária de energia. b. Custo social: custos financeiros do cliente e desgaste da imagem da concessionária. O investimento em um sistema eficiente de proteção, aliado a um bom planejamento de manutenção preventiva, diminui consideravelmente o risco de perda no sistema. Os custos financeiros e social ocasionados pelas falhas no sistema elétrico de potência devem ser evitados por meio de um dimensionamento adequado do sistema de proteção. Já o custo- benefício da implementação das proteções deve ser considerado pelas autarquias governamentais e concessionárias responsáveis pela gestão do sistema elétrico. Referências bibliográficas CAMINHA, A. C. Introdução à proteção dos sistemas elétricos. São Paulo: Edgard Blücher, 2019. 211 p. FERRARO, A. G.; ARTICO, M.; BIANCO, B. A. Proteção de sistemas elétricos de potência com ênfase em linhas de transmissão. 2013. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade São Francisco, Itatiba, 2013. MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2017. SANTOS, V. A. dos. Proteção de distância aplicada a linhas de transmissão em circuito duplo. 2007. 95 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Rio do Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. 19 Arquitetura dos relés digitais Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Renato Kazuo Miyamoto Objetivos • Capacitar o profissional para identificar os principais componentes de uma arquitetura de relés digitais. • Estudar as características funcionais dos relés digitais utilizados no sistema elétrico de potência. • Fornecer subsídios para identificar as principais funções de um sistema de aquisição de dados. • Discutir os conceitos e vantagens de um sistema supervisório por meio da arquitetura Scada. 20 1. Relés digitais O relé digital é um dispositivo de proteção projetado para receber informações pré-definidas em sua entrada, com capacidade de processar essas informações, comparando-as a parâmetros já estabelecidos e, caso necessário, envia sinais por meio de sua saída com objetivo de atuar para neutralizar as não conformidades identificadas no sinal de entrada. Com o avanço da tecnologia, ocorreu um aumento cada vez mais significante da utilização dos relés digitais na matriz do sistema elétrico de potência. As especificações e utilização dos relés digitais passaram a fazer parte dos projetos de proteções, oferecendo um sistema de proteção mais eficiente e assertivo se comparado com as tecnologias anteriores. Programas com alta capacidade de processamento de informações e rapidez no tempo de resposta fazem da tecnologia digital um forte aliado na proteção dos sistemas elétricos de potência, diminuindo o risco de danos aos sistemas. Sua construção facilita a operação e parametrização, por meio de visores e comandos intuitivos. Podem exercer, também, a função de comunicação, medições, sinalização, acesso remoto e controle. Os dados coletados são processados pelo sistema Scada (Supervisório de Controle e Aquisição de Dados). Existem vários modelos de relés digitais no mercado, projetados e comercializados por diversos fabricantes, a Figura 1 representa um destes modelos disponíveis. Figura 1 – Modelo de um relé digital Fonte: https://selinc.com/products/352/. Acesso em: 12 mar. 2020. 21 Com o sistema Scada, é possível avaliar diversos parâmetros e analisá-los em função das características nominais do projeto de proteção e, dessa forma, tomar a ação necessária de forma assertiva. 1.1 Arquitetura dos relés digitais A arquitetura dos relés digitais possui uma semelhança básica, mesmo de fabricantes diferentes. A Figura 2 ilustra essa arquitetura. Figura 2 – Diagrama funcional de um relé digital Fonte: adaptada de Leão e Mantovani (2018, p. 7). As definições e funções dos blocos representados no diagrama funcional mostrado na Figura 2 são detalhados a seguir. a. Módulo de entrada/analógica – E/A: com funções específicas, atua para executar as etapas descritas na Figura 3. 22 Figura 3 – Funções do módulo de entrada E/A Fonte: elaborada pelo autor. Os filtros analógicos passa-baixa, normalmente, são utilizados para etapa de filtragem anti-aliasing, pois rejeitam as frequências maiores que a frequência máxima dos sinais de entrada (LEÃO; MANTOVANI, 2018). O anti-aliasing tem como objetivo neutralizar o fenômeno aliasing, que é a sobreposição (overlap) dos espectros de frequência do sinal de entrada. Ruídos podem ser gerados caso a filtragem não seja realizada, prejudicando, desta forma, a eficácia do relé digital. b. Módulo de entradas e saídas discretas – E/A, S/D: o módulo E/A recebe os sinais de contatos dos disjuntores, condiciona os sinais para aplicação ao processador e inclui uma fonte de alimentação auxiliar para verificação dos contatos. Adicionalmente, isola eletricamente as entradas dos circuitos, protegendo o relé contra sobretensões transitórias. Já o módulo S/D tem a mesma finalidade do módulo E/A, porém é uma saída que envia sinal comando para abertura do disjuntor. c. Interface Analógica/Digital – A/D: ao passar pelo módulo E/A, os sinais analógicos passam por um circuito sample and hold (S/H),são multiplexados por multiplexador analógico e convertidos em sinais digitais. 23 d. Processador: executa os algoritmos de proteção, controlando diversas funções temporizadas, além de tarefas de autodiagnóstico e comunicação com os periféricos. A Figura 4 descreve as funções do processador de um relé digital. Figura 4 – Função do processor do relé digital Fonte: elaborada pelo autor. Atualmente, os relés digitais mais modernos são configurados com as seguintes memórias: • RAM (Random Access Memory): memória de acesso aleatório e confiável. Utilizada para armazenar temporariamente os valores das amostras de entrada. Acumula os resultados dos algoritmos de proteção (LEÃO; MANTOVANI, 2018). • Eprom (Erasable Programmable Read-Only Memory): memória somente de leitura, programável e apagável. Utilizada para armazenar os algoritmos de proteção e aplicativos do relé (LEÃO; MANTOVANI, 2018). • Eeprom (Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory): memória somente de leitura, programável e apagável eletricamente. Utilizada para armazenar os parâmetros de ajuste do relé e dados da configuração da proteção (LEÃO; MANTOVANI, 2018). A Figura 5 ilustra os tipos de memórias do processador de um relé digital, definidas no tópico anterior. 24 Figura 5 – Tipos de memória do processador de um relé digital Fonte: elaborada pelo autor. e. Saída de sinalização de operação (bandeirolas): responsável pela sinalização de operação do relé e da sua condição operacional. f. Portas serial e paralela: permitem a conexão de informações com o display e o painel do relé, tanto local como remoto. São utilizadas para informações em tempo real, proporcionando troca de informações entre eles. g. Fonte de alimentação: disponibiliza energia ao dispositivo. Alimentado em tensão e corrente contínuas. A Figura 6 representa a arquitetura interna de um relé digital. Figura 6 – Arquitetura interna do relé digital Fonte: adaptada de Leão e Mantovani (2018, p.10). 25 2. Sistemas digitais integrados As subestações de energia atualizadas com os avanços tecnológicos utilizam os sistemas digitais de automação, visto a necessidade de interligação entre os sistemas internos e externos da subestação. De forma geral, centros de operação, engenharia, manutenção comunicam-se com a subestação, devido à necessidade de monitorar a operacionalidade do sistema e o sistema Scada (supervisory control and data acquisition) é o mais utilizado para integralizar a comunicação entre as áreas com a subestação. O sistema digital integrado precisa adotar como requisito de implementação os seguintes parâmetros: protocolo de comunicação aberto, robustez e inteligência distribuída. O hardware e o software devem ser estruturados de forma a facilitar sua atualização, visto os avanços tecnológicos que ainda virão. Seu projeto deve permitir as intervenções (manutenções) com o sistema em operação e deve ser capaz de reinicializar o mais rápido possível e suas funções de proteção e controle precisam operar de forma independente. 2.1 Sistemas Scada O sistema Scada realiza a interface entre a subestação e o centro de operações. Fontes de conversões e comunicações permitem essa interface. A Figura 7 ilustra a interface de comunicação entre subestação e o centro de operações. Figura 7 – Interface entre subestações e centro de operações Fonte: elaborada pelo autor. 26 Existe um ponto terminal em que a interface remota é denominada como RTU (Unidade de Terminal Remota). Eles coletam as medidas do sistema elétrico e enviam os dados para o centro de operações, sendo apresentados os dados por meio de um IHM (interface homem- máquina). Com os dados na tela, o operador consegue controlar e monitorar em tempo real o sistema elétrico. A Figura 8 ilustra as principais funções de um IHM: Figura 8 – Funções de um IHM Fonte: elaborada pelo autor. De acordo com Leão e Mantovani (2018), o controle de acesso define os diferentes níveis de acesso, ou seja, cria uma matriz de responsabilidade, em que, para cada perfil de funções, é liberado um tipo de acesso, sendo que: • Mapeamento gera uma representação gráfica do sistema elétrico de potências, podendo ser dividido em camadas. • Displays tabulares definem e listam os dados dos dispositivos da subestação, informando as condições operacionais. • Displays de tendências permitem que o operador escolha os dados que necessitam ser monitorados. • Displays de alarme monitoram e descrevem em forma de alarme as falhas no sistema de proteção, de comunicação, entre outros. • O sistema Scada fornece meios de controle dos equipamentos da subestação, incluindo os disjuntores, seccionadoras etc. 27 2.2 Aquisição de dados De acordo com Leão e Mantovani (2018), as funções do sistema Scada incluem medir as atividades dos sistemas de energia, processá-las e relatá-las aos centros de operação. Os transformadores de potencial – TPs são responsáveis pela medição dos níveis de tensão elétrica, e os transformadores de corrente – TC, pela medição dos níveis de corrente elétrica. Esses dados são enviados aos IEDs (dispositivo eletrônico inteligente), ou seja, dispositivos com um ou mais processadores com capacidade de receber ou transmitir dados para uma fonte externa (relés digitais, controladores lógico programáveis etc.). A Figura 9 ilustra um esquema de ligação TP/TC. Figura 9 – Esquema ligação TP/TC Fonte: adaptada de Leão e Mantovani (2018, p. 14). As medições constituem uma ponte que leva as grandezas do sistema físico para a tela dos monitores nos centros de medições (LEÃO; MANTOVANI, 2018). Também constituem dados que podem nortear as tomadas de decisões no centro de operações, pois o sistema compara as 28 medições reais em campo com as especificações nominais estabelecidas em projeto, sinalizando a necessidade ou não de ações remotas para neutralizar possíveis eventos indesejáveis. 2.3 Arquitetura do sistema Scada Os sistemas contemplam os hardwares e softwares com arquiteturas distribuídas. O tratamento dos dados é compartilhado entre os computadores e servidores por meio de uma rede de computador. A arquitetura aberta permite a interação entre os sistemas, permitindo, dessa forma, a possibilidade entre a comunicação entre fabricantes diferentes. A Figura 10 ilustra um sistema Scada típico. Figura 10 – Sistema Scada típico Fonte: elaborada pelo autor. Os servidores de aplicações, ilustrados na Figura 10, possuem uma grande capacidade de processamento, divididos em subsistemas: • Núcleo Scada: servidor usado principalmente para funções de processamento de dados. 29 • Base de dados: suporta a base de dados de todo o sistema. • Aplicações avançadas: suporta todas as aplicações do sistema de gerenciamento. • Base de dados histórica: suporta a base de dados que contém todos os dados históricos. O esquema apresentado na Figura 10 possui uma LAN dual compost de duas redes funcionando paralelamente, isso para garantir um sistema Scada de alta disponibilidade, operação contínua e flexibilidade de manutenção. 3. Controle supervisório e sistema de comunicação Outra função do sistema Scada é gerenciar o controle do sistema de automação. Gerencia, portanto, todo tipo de comando enviado pelos operadores aos equipamentos de campo. Os métodos utilizados para executar esses comandos são: a. Selecionar antes de operar: este tipo de comando tem uma sequência de três passos, representados pela Figura 11: Figura 11 – Passos de seleção do controle supervisório no início da operação Fonte: elaborada pelo autor. 30 Este método é usado para minimizar a possibilidade de operação inadvertida, diminuindo a possibilidade de erro humano na operação. Permite ao operador selecionar o dispositivo, espera a confirmação e somente depois solicita sua operação. Eles são temporizados, ou seja, em caso de demora, o sistema cancela os comandos. b. Operação direta: utilizado quando operações inadvertidas ou equivocadas têmmenor ou mínimo efeito na operação do sistema elétrico. São utilizados, por exemplo, para aumentar/ diminuir a atuação de um determinado dispositivo (ventilação forçada de um transformador). c. Comando de setpoint: comandos utilizados para modificar características de operação da subestação ou dispositivos. Como exemplo, parametrização de relés. O controle supervisório pode ser efetuado de maneira local ou centralizado. Quando o controle é executado localmente, todos os dados são coletados pelo sistema Scada local e processados localmente. Referências bibliográficas CAMINHA, A. C. Introdução à proteção dos sistemas elétricos. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 211 p. LEÃO, F. B.; MANTOVANI, J. R. S. Proteção de sistemas de potência. Ilha Solteira: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, 2018. MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2011. SANTOS, V. A. dos. Proteção de distância aplicada a linhas de transmissão em circuito duplo. 2007. 95 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) Universidade Federal do Rio do Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. 31 Proteção para elementos de potência na rede Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Renato Kazuo Miyamoto Objetivos • Estudar os requisitos de proteções em linhas de transmissão. • Estudar as proteções e especificações dos transformadores de energia. • Fornecer subsídios para especificação de proteções dos barramentos. • Discutir os conceitos de proteção para equipamentos instalados na rede elétrica de potência. 32 1. Requisitos gerais do sistema de proteção Os componentes de rede devem, obrigatoriamente, ser localmente protegidos por dois sistemas de proteção. Com exceção dos barramentos, a especificação do sistema de proteção deve ser configurada utilizando uma topologia de não dependência da proteção de retaguarda remota do sistema de transmissão. Já para os barramentos, a proteção de retaguarda remota deve ser prevista em função de possíveis falhas no sistema. A Figura 1 define os conceitos de proteção de retaguarda, proteção principal, proteção restrita e gradativa. Além disso, transformadores de corrente (TC) e transformadores de potencial (TP) devem ser previstos com a função de alimentação dos sistemas de proteção, supervisão e controle. A proteção deve ser feita, preferencialmente, por dispositivos independentes e específicos para cada elemento da linha de transmissão. Devem garantir, tanto em condições normais ou durante perturbações, características de sensibilidade, seletividade, rapidez e confiabilidade, a fim de que seu desempenho não comprometa a segurança do sistema elétrico. Figura 1 – Definições gerais Fonte: elaborada pelo autor. 33 As proteções devem possuir saídas com dois circuitos de disparo independentes para acionar os disjuntores. A supervisão dos circuitos de corrente contínua dos relés de proteção e religamento automático devem ser previstos na fase de projeto, assim como o sincronismo para identificar anormalidades que possam implicar perda de confiabilidade operacional do sistema de proteção. Programas com alta capacidade de processamento de informações e rapidez no tempo de resposta fazem da tecnologia digital uma forte aliada na proteção dos sistemas elétricos de potência, diminuindo o risco de danos ao sistema. O uso de tecnologias digitais no sistema de proteção facilita a operação e parametrização, por meio de visores e comandos intuitivos. Podem exercer também a função de comunicação, medições, sinalização, acesso remoto e controle. Os dados coletados referentes aos parâmetros da rede são processados pelo sistema Scada (Supervisório de Controle e Aquisição de Dados). 1.1 Proteção de linha de transmissão As proteções em linhas de transmissão são compostas principalmente por: • Conjuntos de relés de proteção associados a disjuntores: exercendo várias funções de acordo com o tipo de relé que está sendo utilizado, como exemplo, proteção contra sobrecorrente, sobretensão, entre outras. • Cabos-guardas: com função específica de proteção contra descargas atmosféricas na linha. • Para-raios de sobretensão: basicamente são resistores não lineares que fornecem um caminho de baixa impedância para a corrente de surto e limitam os níveis de sobretensões a valores compatíveis com a suportabilidade da linha. 34 Em função das grandes extensões das linhas de transmissão, as proteções são importantes para minimizar os eventos não desejados, indicados na Figura 2. Figura 2 – Eventos não desejados em linha de transmissão Fonte: elaborada pelo autor. Pelo nível de tensão, as linhas são subdivididas em transmissão e distribuição. A Figura 3 ilustra essa subdivisão. As linhas de transmissão são classificadas em: • Função do nível de tensão. • Urbanas ou rurais. Figura 3 – Subdivisão por nível de tensão Fonte: elaborada pelo autor. As linhas urbanas conectam duas subestações de potência em uma determinada área urbana. Em contrapartida, as linhas de transmissão 35 rurais conectam duas subestações em área rural, normalmente, os afastamentos entre postes ou torres possuem grandes distâncias, ao contrário das linhas de transmissão urbanas que, por limitação de espaço e obstáculos, são projetadas com vãos curtos. As proteções mais utilizadas nos terminais das linhas de transmissão, independentemente do nível de tensão, são representadas pelo Quadro 1. Quadro 1 – Funções utilizadas nos terminais de linhas de transmissão Função 21: proteção de distância. Função 51: proteção temporizada de fase. Função 21N: proteção de distância de neutro. Função 51N: proteção temporizada de neutro. Função 27: proteção contra subtensão. Função 59: proteção contra sobretensão. Função 3P: direcional de potência ativa. Função 67: proteção direcional de fase. Função 46: desbalanço de corrente de sequência negativa. Função 67N: proteção direcional de neutro. Função 50: proteção instantânea de fase. Função 79: religamento. Função 50N: proteção instantânea de neutro. Função 85: proteção auxiliar de carrier (bloqueio de abertura do disjuntor). Função 50BF: proteção contra falha de disjuntor. Função 86: bloqueio de segurança Função 87L: proteção diferencial de linha. Fonte: Mamede Filho e Mamede (2011) A proteção de sobrecorrente é considerada básica e utilizada em praticamente todos os níveis de tensão, porém é necessário associar com a proteção de distância, direcional e diferencial. O ajuste temporizado do relé de sobrecorrente deve seguir as seguintes recomendações: 36 • A corrente de tape da unidade temporizada de fase ( tfI ) deve ser ajustada conforme a equação (1). (1) Ktf – fator de multiplicação da sobrecorrente admitida, pode variar de 1,2 a 1,5. Ic – corrente de carga, em A. RTC – relação de transformação de corrente. • A corrente de tape unidade temporizada de neutro (Im) deve ser ajustada de acordo com a equação (2). (2) Km – fator de multiplicação da corrente de desequilíbrio admitida que pode variar de 0,10 a 0,30. O ajuste da unidade instantânea do relé de sobrecorrente deve ser realizado seguindo os seguintes conceitos: • A corrente de tape da unidade instantânea de fase (Iif ) deve ser ajustada conforme equação (3). (3) Iccf – corrente de curto-circuito trifásica, valor eficaz, em A. Fass – fator de assimetria da corrente de curto-circuito trifásica. Ff – fator de multiplicação de ajuste de corrente de fase. Iatf – corrente de acionamento da unidade temporizada de fase, em A. 37 A corrente de tape da unidade instantânea de neutro (if) deve ser ajustada de acordo com a equação (4). (4) Icft – corrente de curto-circuito fase e terra, valor eficaz, em A. Fmcd – fator de assimetria. Fn – fator de multiplicação de ajuste de corrente de neutro. Iatn – corrente de acionamentoda unidade temporizada de neutro, em A. A seleção da curva de atuação do relé é feita com base no múltiplo da corrente de acionamento, de acordo com a equação (5), e no tempo de disparo do disjuntor. (5) M – múltiplo da corrente de acionamento. Im – corrente máxima admitida no circuito, que pode ser uma corrente de sobrecarga ou curto-circuito. 2. Proteção de transformadores O transformador de potência representa o equipamento com maior relevância em uma subestação, por esse motivo, as proteções devem ser cuidadosamente especificadas. Normalmente, essas proteções têm relação direta com o nível de tensão nominal do transformador e da impedância da carga. Os transformadores de distribuição, por exemplo, utilizam em sua proteção chaves fusíveis. Os transformadores industriais com 38 capacidade até 300 kVA, geralmente, são protegidos por chaves seccionadoras com fusíveis tipo HH. Já os transformadores industriais com potência nominal superior a 500kVA até 2.000 kVA utilizam como elemento de proteção relés digitais (50/51 e 50/51N). Acima de 2.000 kVA, além da utilização dos relés digitais 50/51 e 50/51N, devem ser utilizados relés diferenciais de sobrecorrente e imagem térmica, em conjunto com relé de gás, relé de nível de óleo, relé de pressão, entre outros. A Figura 4 ilustra um transformador de potência instalado em uma subestação de energia. Figura 4 – Ilustração de um transformador de energia Fonte: wolv/iStock.com. As falhas nos transformadores estão associadas em dois contextos: falhas internas e falhas externas. As falhas internas subdividem-se em: • Falhas associadas à temperatura e pressão: sobreaquecimento, sobrepressão e sobrefluxo do líquido refrigerante. • Falhas ativas: curto-circuito entre espiras do enrolamento, curto- circuito entre fases, curto-circuito nos enrolamentos conectados em delta e estrela, flashovers (arco elétrico) sobre as buchas, condições do óleo isolante, além dos diversos tipos de avarias. As falhas externas são originadas no sistema elétrico em função da elevação do nível de corrente. A Figura 5 descreve as principais falhas externas. 39 Figura 5 – Principais falhas externas Fonte: elaborada pelo autor. 2.1 Sistema de proteção dos transformadores A potência nominal do transformador define as funções de proteção necessárias para garantir a confiabilidade operacional dos transformadores. O Quadro 2 descreve as funções que os dispositivos de proteção devem apresentar para proteção dos transformadores de potência. Quadro 2 – Funções adequadas à proteção dos transformadores Função 23: dispositivo de controle de temperatura. Função 51: proteção de sobrecorrente temporizadas de fase. Função 63C: proteção contra presença de gás no comutador de derivação Função 26: proteção térmica. Função 51N: proteção de sobrecorrente temporizadas de neutro. Função 63A/C: proteção contra sobrepressão de gás no comutador de derivação. Função 27: proteção contra subtensão. Função 51G: proteção contra sobrecorrente de terra temporizada. Função 64: proteção de terra. Função 30: dispositivo anunciador de eventos. Função 51NS: proteção de neutro sensível. Função 71: detector de nível de óleo do transformador. Função 49 RMS: proteção de sobrecarga por imagem térmica. Função 59: proteção contra sobretensão. Função 71C: detector de nível de óleo do comutador de derivação. Função 50: proteção de sobrecorrente instantânea de fase. Função 63: proteção contra a presença de gás. Função 80: proteção para fluxo de óleo do comutador de derivação do regulador de tensão. 40 Função 50N: proteção de sobrecorrente instantânea de neutro. Função 63A: proteção contra sobrepressão de gás do transformador. Função 81: proteção contra subfrequência e sobrefrequência. Função 87T: proteção diferencial de sobrecorrente. Função 90: regulação de tensão Fonte: Mamede Filho e Mamede (2011). Existe ainda a necessidade de proteção contra descargas atmosféricas, utilizando para-raios de sobretensão. 2.2 Proteção por fusível Os fusíveis são largamente empregados na proteção dos transformadores, atuando contra correntes de curto-circuitos de natureza externa. Utilizadas, geralmente, em transformadores com potência inferior a 7,5 MVA e tensão nominal inferior a 138 kV. A Figura 6 retrata um fusível de alta tensão. Figura 6 – Fusível Fonte: yangphoto/iStock.com. São utilizados associados com chave de aterramento rápido acionada pelos elementos de proteção inerentes do transformador, como relés de gás e de pressão (MAMEDE FILHO; MAMEDE, 2011). 2.3 Proteção por relés de sobrecorrente Os relés de sobrecorrente não são confiáveis na proteção dos transformadores em função das faltas externas. Apresentam limitações referente ao ajuste para faltas internas. 41 De acordo com Mamede Filho e Mamede (2011), em transformadores de potência não superiores a 7,5 MVA/138 kV, os relés de sobrecorrentes são empregados em subestações de baixo nível de confiabilidade com única proteção, tanto para faltas internas como para faltas externas. 2.4 Proteção por relé diferencial de sobrecorrente O relé diferencial de sobrecorrente é utilizado para diminuir os possíveis danos a um transformador em função da delimitação de uma zona de proteção dada pelos transformadores de corrente (TCs) instalados entre os terminais de maior tensão e o de menor tensão. A proteção diferencial pode ser utilizada para os transformadores com dois ou três enrolamentos. Muitas geradoras de energia, por meio de fontes termelétricas e eólicas que operam em paralelo com a rede do Sistema Interligado Nacional – SIN, possuem transformadores de três enrolamentos. Referências bibliográficas CAMINHA, A. C. Introdução à proteção dos sistemas elétricos. 16. reimpressão. São Paulo: Editora Blucher, 2019. LEÃO, F. B.; MANTOVANI, J. R. S. Proteção de sistemas de potência. Ilha Solteira: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, 2018. MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2011. SANTOS, V. A. dos. Proteção de distância aplicada a linhas de transmissão em circuito duplo. 2007. 95 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Rio do Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. 42 Proteção de geradores e rede de distribuição Autoria: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior Leitura crítica: Renato Kazuo Miyamoto Objetivos • Capacitar o profissional para especificar as proteções adequadas nas redes elétricas de distribuição. • Estudar as proteções e especificações dos geradores e máquinas síncronas. • Fornecer subsídios para especificação de proteções dos geradores. • Discutir os conceitos de proteção para equipamentos instalados no conjunto do centro de geração. 43 1. Requisitos gerais de proteção de geradores O gerador é um dos elementos do sistema elétrico de potência com elevado custo agregado e, também por esse motivo, requer um sistema de proteção adequado e confiável. Falhas operacionais geram consequências graves ao sistema elétrico. Alta corrente de curto-circuito é considerada uma das principais faltas nos geradores, assim, as proteções que atuam quase instantaneamente devem ser projetadas para isolar o gerador do sistema elétrico, destacando a importância e efetividade dos sistemas de proteção. O investimento em proteção de geradores é justificado em função da importância que esse equipamento tem no contexto do sistema elétrico de potência, pois são responsáveis pela geração da energia elétrica necessária para suprir a demanda consumida. Geralmente, a proteção de geradores é concentrada nos seguintes tipos de faltas: • Falha na isolação, gerando curto-circuito entre espiras, fase-fase, fase-terra ou trifásica. • Envelhecimento precoce dos enrolamentos. • Condições operacionais anormais, como perda de campo,vibrações, sobrevelocidade, sobrecarga, rejeição de carga, sobretensões de origem atmosféricas, sobretensões por manobra no sistema, perda de sincronismo. • Falha com origem nos equipamentos agregados: curto-circuito nos transformadores de corrente e de potencial e curto-circuito no transformador elevador. O curto-circuito em função da falha de isolação é ocasionada em função da sobretensão e sobreaquecimentos. A Figura 1 descreve as principais causas do sobreaquecimento. 44 Figura 1 – Principais causas do sobreaquecimento em geradores Fonte: elaborada pelo autor. O sistema de proteção de geradores deve possuir características de proteção capazes de minimizar os danos em caso de faltas. O Quadro 1 relaciona as características esperadas de um projeto de proteção para geradores. Quadro 1 – Funções adequadas à proteção dos geradores Item Descrição 1 Rapidez de atuação para faltas internas. 2 Sensibilidade às faltas externas. 3 Limitar o valor de corrente de defeito para a terra. 4 Identificar condições anormais e atuar em caso de risco ao sistema elétrico. Fonte: elaborado pelo autor. A proteção deve contemplar todo sistema de geração: • Gerador. • Máquina motriz/turbina. • Conjunto gerador turbina. • Fontes de corrente contínua. De acordo com Mamede Filho e Mamede (2011), as faltas geram defeitos no gerador na forma de curtos-circuitos trifásicos, bifásicos e fase-terra. Eles podem ser classificados em função do seu tipo de excitação, representado pela Figura 2. 45 Figura 2 – Classificação dos geradores em função do tipo de excitação Fonte: elaborada pelo autor. A especificação dos dispositivos de proteção deve levar em consideração o tipo de excitação de cada gerador, determinando as condições nominais de operação e, em seguida, especificando os parâmetros de proteção, no qual o sistema de proteção deverá atuar. 1.1 Máquina síncrona As perturbações das máquinas síncronas quando interligadas ao sistema de potência são relacionadas com: • Sistema elétrico. • Da própria máquina síncrona. • Da máquina primária. As perturbações relacionadas com máquina síncrona ou primária, em geral, são provenientes dos rotores e das armaduras, falhas na isolação das espiras, aquecimento nas bobinas, abertura das espiras, isolação danificada entre a bobina e a carcaça, falta de excitação, são algumas das perturbações relacionadas com o rotor. Já o aquecimento das bobinas e dos materiais do estator, não equalização dos campos (magnéticos e elétricos), problemas com a isolação entre a bobina e a carcaça estão relacionados com as perturbações na armadura das máquinas síncronas. 46 As turbinas são componentes auxiliares e, em caso de problemas, podem comprometer todo o conjunto, consequentemente, a operação do motor síncrono. A Figura 3 ilustra um conjunto de turbinas em um centro de geração de uma usina hidrelétrica. Figura 3 – Conjunto de turbinas de um sistema de geração de uma hidrelétrica Fonte: YinYang/iStock.com. Kinderman (2018) apresentou um estudo estatístico referente às falhas nos equipamentos das usinas hidrelétricas. Na análise desses dados é possível identificar os equipamentos que mais falham e, dessa forma, gerar um plano de ação para manutenções preventivas além de provisionar os tipos de proteções mais adequadas para o conjunto do gerador. A Tabela 1 apresenta estes dados estatísticos. Tabela 1 – Percentual de falhas em equipamentos de usina hidrelétrica Equipamentos Percentual de falhas (%) Gerador 28,73 Regulador de velocidade 21,28 Turbinas 12,23 Excitação 10,10 Adução/sucção 8,51 Mancal 13,30 Serviço auxiliar 4,25 Quadro de comando 1,60 Fonte: Kinderman (2018). 47 Mais de 50% das falhas em uma usina hidrelétrica estão associadas ao gerador e ao regulador de velocidade, devido ao desgaste natural de seus elementos construtivos, já que esses equipamentos operam 24 horas por dia. Uma falha em uma usina pode comprometer atendimento das demandas de energia nos centros consumidores, gerando prejuízos financeiros e sociais, desta forma, investir em proteção é uma estratégia inteligente e necessária. 2. Proteção de geradores A utilização dos relés não garante total proteção aos geradores, conseguem apenas reduzir a magnitude do dano. A viabilidade técnica deve ser adotada para determinar as funções de proteção que deverão ser utilizadas com melhor custo-benefício. A Tabela 2 recomenda as proteções que poderão ser utilizadas em função da potência nominal do sistema. Tabela 2 – Proteções adequadas para geradores em função da potência nominal Proteção Potência nominal dos geradores em kW 100 a 500 500 a 100 1000 a 5000 5000 a 10000 10.000 a 50.000 50.000 a 100.000 Diferencial Sobrecorrente Sobrecarga Sobretensão Temperatura elevada Sobrevelocidade Perda de carga Perda de sincronismo Perda de excitação Subfrequência Fonte: adaptada de Mamede Filho e Mamede (2011). 48 Os projetos de proteção de geradores variam entre os países, muitos com normas técnicas específicas e até mesmo em função dos fabricantes dos geradores. As funções de proteção que podem ser especificadas, em geral, nos geradores, independente de sua classificação, é apresentado no Quadro 2, lembrando que a definição da proteção deve passar pelo estudo de viabilidade técnica e das características nominais do sistema. Quadro 2 – Funções de proteções adequadas para geradores. • Função 12: proteção contra sobrevelocidade. • Função 32Q: proteção direcional contra potência reativa. • Função 21: proteção distância. • Função 37: proteção contra perda de excitação. • Função 25: dispositivo de sincronização. • Função 40: proteção de campo ou perda de excitação. • Função 26: proteção térmica. • Função 46: proteção contra desequilíbrio de corrente. • Função 27: proteção contra subtensão. • Função 49: proteção de imagem térmica. • Função 30: dispositivo anunciador. • Função 50: proteção instantânea de fase. • Função 32P: proteção direcional contra potência ativa: antimotorização. • Função 50N: proteção instantânea de neutro. • Função 51N: proteção temporizada de neutro. • Função 51: proteção temporizada de fase. • Função 59: proteção contra sobretensão. • Função 51G: proteção contra sobrecorrente temporizada de terra. • Função 60: proteção contra desequilíbrio de tensão. • Função 61: defeitos entre espiras do estator. • Função 64G: proteção de terra do estator. • Função 64R: proteção de terra do rotor. • Função 81: proteção contra sub e sobrefrequência. • Função 78: proteção contra perda de sincronismo. • Função 87G: proteção de sobrecorrente diferencial. • Função 86: relé de bloqueio de segurança. Fonte: elaborado pelo autor. O regime de funcionamento de um grupo de geradores determina sua capacidade de geração (potência gerada), ou seja, a potência nominal de cada gerador, em função do tempo de funcionamento de cada um, determina a potência total produzida por esse grupo de geradores. 49 2.1 Proteção diferencial de corrente A proteção diferencial de corrente em geradores tem sua aplicação semelhante à dos transformadores de potência, salvo a importância do sistema de aterramento do neutro do gerador para efetivar a proteção diferencial. A redução dos danos internos à máquina relacionados para defeitos bifásicos tem papel principal nas ações de proteção. Mamede Filho e Mamede (2011) informam que, na aplicação dos relés diferenciais de corrente, devem ser levados em consideração os seguintes requisitos: • Nos geradores, a proteção diferencial não deve considerar a corrente de magnetização, como ocorre com os transformadores de potência. • Defeitos internos geram curto-circuito fase e terra em um dos enrolamentos dos estatores. • Defeitos externos ao gerador em operação normal, as correntes que circulam nos transformadores de corrente instalados na entrada e saída de máquina são praticamente iguais. Devendo observar que as correntes no secundáriodos transformadores de correntes podem variar para a mesma corrente no primário, em virtude dos erros intrínsecos desses equipamentos. • Não é aconselhável utilizar proteção diferencial em geradores ligados em triângulo. Neste caso, o correto é a proteção de sobrecorrente. • Quando existe a conexão dos geradores em estrela com neutro acessível, é possível utilizar a proteção diferencial para o neutro a partir do condutor conectado à terra. • Se os enrolamentos dos geradores estão conectados em estrela com neutro não acessível, não é possível utilizar a proteção diferencial. 50 • Quando os enrolamentos dos geradores estão conectados com acesso aos três terminais do fechamento estrela, a proteção pode ser individualmente por fase. • Se o ponto neutro da estrela está aterrado com baixa impedância, pode-se utilizar a proteção diferencial, considerando a impedância do aterramento. • Em muitos casos, deve-se conectar o ponto neutro da estrela à terra sob uma alta impedância. • Também é possível conectar vários geradores em bloco ao ponto de terra único. • É comum a utilização de proteção diferencial envolvendo diretamente o conjunto transformador-gerador. A utilização da impedância de aterramento elevada tem sua finalidade descrita na Figura 4. Figura 4 – Objetivos da utilização da impedância elevada Fonte: elaborada pelo autor. Os relés diferenciais protegem os geradores contra os seguintes defeitos: • Defeitos nos condutores instalados na zona de proteção diferencial. 51 • Defeitos internos ao gerador, com exceção de falta entre espiras. • Defeitos monopolares à terra em qualquer ponto dos enrolamentos do estator, salvo as faltas próximas ao ponto do neutro do gerador. Os relés diferenciais não protegem os geradores contra os seguintes defeitos: • Defeitos de espiras dos enrolamentos. • Defeitos externos à zona de proteção do relé. • Defeitos monopolares entre enrolamentos e carcaça no caso de geradores isolados da terra. • Rompimento das conexões dos enrolamentos. A proteção diferencial deve ser especificada, levando em consideração as limitações desse tipo de função, garantindo, desta forma, uma proteção adequada aos geradores. 2.2 Proteção de retaguarda do estator por meio de relés de sobrecorrente De acordo com Caminha (2017), o dispositivo pode atuar por meio da corrente de curto-circuito quando não existir transformadores de corrente conectados ao neutro do enrolamento do estator em estrela, ou se o neutro não estiver acessível. A proteção contra faltas nas fases do gerador pode ser provida pelos relés de sobrecorrente com restrição de tensão. Se o neutro do gerador não é aterrado, uma sensível e rápida proteção de sobrecorrente pode ser provida, caso contrário, neutro do gerador aterrado, um releamento de sobrecorrente direcional deve ser usado para maiores sensibilidades e velocidades. 52 A temporização do relé deve ser, no máximo, igual ao tempo que o fabricante garante suportar a corrente de defeito. Usualmente, é preferível utilizar três transformadores de corrente em vez de dois, mais próximo possível dos terminais do enrolamento. Um circuito aberto do estator é muito difícil de identificar antes que o dano tenha ocorrido, porém, com as máquinas mais modernas e corretamente construídas, esse defeito é muito raro. O sobreaquecimento do estator pode ser causado por sobrecarga ou por falha no sistema de refrigeração, portanto é recomendável especificar a proteção contra sobrecarga temporizada. Para máquinas maiores que 1.500 kVA, será necessário instalar dispositivos para monitorar variações de temperatura nos enrolamentos dos estatores. Referências bibliográficas CAMINHA, A. C. Introdução à proteção dos sistemas elétricos. 16. reimpressão. São Paulo: Editora Blucher, 2019. KINDERMAN, G. Proteção de sistemas elétricos de potência. 2. ed. Florianópolis: Edição do Autor, 2018. LEÃO, F. B.; MANTOVANI, J. R. S. Proteção de sistemas de potência. Ilha Solteira: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, 2018. MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2011. SANTOS, V. A. dos. Proteção de distância aplicada a linhas de transmissão em circuito duplo. 2007. 95 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Rio do Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. 53 BONS ESTUDOS! Sumário Características gerais de proteção no SEP Objetivos 1. Características principais de um sistema de proteção 2. Características gerais e classificação dos relés 3. Falhas no sistema elétrico de potência Referências bibliográficas Arquitetura dos relés digitais Objetivos 1. Relés digitais 2. Sistemas digitais integrados 3. Controle supervisório e sistema de comunicação Referências bibliográficas Proteção para elementos de potência na rede Objetivos 1. Requisitos gerais do sistema de proteção 2. Proteção de transformadores Referências bibliográficas Proteção de geradores e rede de distribuição Objetivos 1. Requisitos gerais de proteção de geradores 2. Proteção de geradores Referências bibliográficas
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