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Tecnologia da Informação Caetano Bocchi Pedroso Presidente Prudente Unoeste - Universidade do Oeste Paulista 2017 Pedroso, Caetano Bocchi. Tecnologia da Informação. / Caetano Bocchi Pedroso. – Presidente Prudente: Unoeste - Universidade do Oeste Paulista, 2017. 90 p.: il. Bibliografia. ISBN: 978-85-9492-020-1 1. Sociedade. 2. Informação. 3. Tecnologia da infor- mação. I. Título. CDD\22ª. ed. © Copyright 2017 Unoeste - Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade do Oeste Paulista. Tecnologia da Informação Caetano Bocchi Pedroso Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema Diagramação: Aline Miyamura Takehana Ilustração e Arte: Aline Miyamura Takehana Revisão: Renata Rodrigues dos Santos Colaboração: Edwiges Inácia de Lima Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), mantenedora da Universidade do Oeste Paulista Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP (18) 3229-1000 | www.unoeste.br/ead Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste 658.403.8 P372t Caetano Bocchi Pedroso Possui graduação em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Maringá (1998), especialização em Tecnologia da Informação pela Universidade Estadual Pau- lista Júlio de Mesquita Filho - Unesp (2002), especialização em Avaliação do Ensino e da Aprendizagem pela Universidade do Oeste Paulista – Unoeste (2015), mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Maringá (2005) e aperfeiçoamen- to em Formação de Tutores pela Universidade do Oeste Paulista (2011). Atualmente, é programador de sistemas da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente e professor da Faculdade de Informática de Presidente Prudente (Fipp), da Unoeste. Sobre o autor Carta ao aluno O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro- fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor- me suas atividades e disponibilidade. Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio- nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead (Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co- nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às novas tecnologias. Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en- fim, são inúmeros os referenciais de qualidade. Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien- tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”. Seja bem-vindo e tenha bons estudos! Reitoria Sumário Capítulo 1 Informação e SocIedade da Informação 1.1 Informação ..............................................................................................................12 1.2 O Advento da Computação ........................................................................................14 1.2.1 Tecnologia da Informação ......................................................................................16 1.3 Dados, Informação e Conhecimento ...........................................................................16 1.4 Informação no Ambiente Organizacional.....................................................................18 1.4.1 Sistemas de Informação .........................................................................................19 1.4.2 Vantagens do Acesso .............................................................................................20 1.4.3 TI como Estratégia Competitiva ..............................................................................22 1.4.4 Estágios de Evolução da TI na Empresa ...................................................................22 Capítulo 2 TecnologIaS da Informação e da comunIcação 2.1 Compreendendo as TIC .............................................................................................26 2.1.1 Componentes Básicos ............................................................................................28 2.1.2 Recursos Mínimos Necessários ................................................................................30 2.2 Etapas na Implantação das TIC .................................................................................32 2.2.1 Cenário das TIC no Brasil .......................................................................................34 2.3 Tecnologias Emergentes ............................................................................................35 2.3.1 Nanotecnologia ......................................................................................................36 2.3.2 Touchscreen e Reconhecimento de Movimento .........................................................36 2.3.3 Biometria ..............................................................................................................37 2.3.4 Sistema de Posicionamento Global ..........................................................................37 2.3.5 Podcast, Streaming e Videoconferência ...................................................................37 Capítulo 3 Hardware e SofTware 3.1 Conceitos Basilares ...................................................................................................42 3.2 Hardware .................................................................................................................43 3.2.1 Evolução ...............................................................................................................44 3.2.2 Estrutura ...............................................................................................................45 3.2.3 Tipos de Computadores .................................................................................483.3 Software .........................................................................................................50 3.3.1 Software Livre e de Código Aberto .................................................................51 3.3.2 Software Proprietário ....................................................................................52 3.3.3 Sistemas Operacionais...................................................................................53 3.3.4 Linguagens de Programação ..........................................................................53 3.3.5 Automação de Escritório ................................................................................54 3.3.6 Tendências ...................................................................................................54 3.3.6.1 Bring your own device ................................................................................54 3.3.6.2 Computação na Nuvem ..............................................................................55 Capítulo 4 a grande TeIa do mundo 4.1 O Advento da Internet .....................................................................................58 4.2 Funcionamento ................................................................................................60 4.3 World Wide Web ..............................................................................................62 4.3.1 Navegadores ................................................................................................62 4.3.2 Domínios ......................................................................................................62 4.3.3 Serviços de Internet ......................................................................................63 4.3.4 Redes Sociais ...............................................................................................64 4.4 Comércio Eletrônico .........................................................................................65 4.5 Governo Eletrônico ..........................................................................................67 Capítulo 5 Segurança da Informação 5.1 Conceitos Basilares ..........................................................................................72 5.1.1 Segurança dos Sistemas de Informação ..........................................................74 5.1.2 Responsabilidades.........................................................................................75 5.1.3 Ética ............................................................................................................75 5.2 Ameaças, Vulnerabilidades e Ataques ................................................................76 5.2.1 Vulnerabilidades de Sistemas de Informação ...................................................77 5.3 Mecanismos de Defesa .....................................................................................79 5.4 Políticas de Segurança da Informação ...............................................................80 5.4.1 Medidas de Segurança ..................................................................................81 5.5 Plano de Continuidade dos Negócios .................................................................82 5.5.1 Backup e Restauração ...................................................................................83 Referências ...........................................................................................................85 9 Apresentação Caro(a) estudante. Vivemos em uma época de grandes avanços tecnológicos. Inovações ocor- rem praticamente a todo o momento, trazendo consigo novos desafios, novas formas de se trabalhar, de se comunicar e de entretenimento. Este novo mundo, altamente conectado, uma verdadeira sociedade em rede, permite àquele que saiba melhor aproveitá-lo formas e possibilidades de se destacar frente aos demais. Cabe a nós aprender como nos comportar diante dos desafios dele. Este livro “Tecnologia da Informação” tem o objetivo de fornecer os conteú- dos básicos para ajudá-lo a compreender e a interagir com esse mundo. Ele apresentará como o acesso à informação transformou a sociedade e, portanto, as organizações, além do que são as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Inicie essa jornada e descubra as diferenças entre os componentes de har- dware, software e peopleware, presentes nas tecnologias de informação e comunicação, e como a Internet, grande teia do mundo, veio permitir a existência da sociedade em rede. Compreenda por que a segurança da informação é de suma importância e como você, como gestor, pode fazer bom uso dela. Boa leitura! 11 Informação e SocIedade da Informação Capítulo 1 12 Vivemos em uma sociedade da informação. Estamos irrevogavelmente li- gados a ela e às transformações que ela nos trouxe, traz e trará. Assim, precisamos entender como nos relacionamos com a informação e o conhecimento como indivíduos isolados e como membros de organizações. Neste capítulo, apresentaremos os conceitos necessários para o entendi- mento do papel da informação na evolução da sociedade moderna, desde a conceituali- zação da informação, do surgimento da computação e, por consequência, da tecnologia da informação, até sua inserção no ambiente corporativo. Bons estudos! Introdução 1.1 Informação A informação sempre se fez presente na evolução humana. Desde que co- meçamos a viver em sociedade, a forma como nos comunicamos e, por consequência, como trocamos informações, foi decisiva no nosso desenvolvimento. Alguns marcos são tão significativos na nossa evolução como sociedade, que eles são usados para definir o início de novos períodos históricos. Dessa forma, podemos identificar três marcos principais: o advento da escrita, o advento da imprensa e o advento da tecnologia da informação. No primeiro estágio da comunicação humana, quando predominava a ora- lidade, a transmissão de informações era feita pessoalmente. O momento em que a informação era transmitida ocorria durante os discursos, durante as conversas, ou seja, a presença física dos interlocutores era de fundamental importância, pois, se não hou- vesse interlocutores, não ocorreria disseminação da informação. Nessa sociedade, a produção de conhecimento era limitada pela capacidade da memória humana e pela expectativa de vida das pessoas, pois muito se perdia se os portadores do conhecimento não o transmitisse durante sua vida. O aparecimento da escrita foi um divisor de águas, pois tornou possível dia- logar com as pessoas mesmo quando os interlocutores não estivessem na presença uns dos outros. As informações podiam ser preservadas e transmitidas pela escrita, permitin- do, assim, a separação do momento em que há a produção da informação e o momento de seu consumo. Outro ponto importante de se salientar é que a escrita permite que a mesma informação seja passada a vários outros indivíduos durante um período maior de tempo. Fato esse que podemos confirmar pelos vastos registros históricos encontrados. 13 A evolução da escrita trouxe importantes transformações na sociedade, per- mitiu que várias linhas de pensamento surgissem e se desenvolvessem, pois a forma como se usa a língua escrita tem grande influência na forma como o conhecimento é estruturado. Contudo, a disseminação do material produzido ainda não era efetiva, pois o material escrito era único e de difícil reprodução – cópia manual –, assim, outro avanço era necessário. A imprensa, ou tipografia, permitiu uma nova transformação nos modos de comunicação entre as pessoas. Por meio dela a reprodução de conteúdo tornou-se uma tarefa fácil e massificada. A capacidade das informações atingirem muitas pessoas foi aprimorada, pois mais cópias poderiam ser feitas em um curto espaço de tempo. A Tecnologia da Informação (TI) trouxe um novo molde para a produção e transmissão da informação. Deixamos de depender exclusivamente da mídia estática im- pressa e passamos a utilizaro conteúdo dinâmico. Além disso, a evolução das estruturas de conexão em rede de dispositivos eletrônicos, e mais recentemente, o surgimento da Internet, permitem que tenhamos acesso à informação, praticamente em tempo real, em qualquer lugar do planeta. Internet: é um sistema global de redes de computadores interligadas que utilizam um conjunto próprio de protocolos de comunicação, ou seja, que falam a mesma língua en- tre si, permitindo que troquem informação de maneira uniforme. Ela é composta por vá- rios serviços, cada um com um propósito específico, sendo a World Wide Web (WWW) o mais conhecido. Assim, é possível perceber que o surgimento de cada uma dessas tecnolo- gias acarretou uma mudança comportamental na sociedade humana, algumas mais rá- pidas que outras devido às limitações presentes na capacidade de comunicação em cada período. Na esteira dessas mudanças, outras revoluções ocorreram, como a renascença e a revolução científica graças à imprensa e à sociedade da informação em que vivemos por causa da TI. Pare e Reflita Com base no que foi discutido até agora, e antes de continuarmos, identifique quais revoluções ocorreram na esteira do advento da TI, e como elas impactaram diretamente seu dia a dia. 14 1.2 O Advento da Computação Esse não é um assunto novo, como podemos observar nos trabalhos de Charles Babbage e Ada Lovelace, creditados por muitos entre os precursores da infor- mática. A tecnologia da informação, como a conhecemos hoje, teve seus primórdios no ambiente militar. Durante a Segunda Guerra Mundial, os militares, sentindo a necessidade de melhorar as formas de se efetuar os complexos cálculos balísticos, além da necessidade da decifração dos códigos secretos usados nas comunicações inimigas, investiram no desenvolvimento de computadores eletrônicos. Inicialmente, constituídos de componentes eletromecânicos que permitiam apenas sua programação através de conexões físicas, eles evoluíram gradualmente du- rante os anos para o uso de circuitos integrados que permitem a programação lógica. Esse modelo possibilita que tanto os programas a serem executados quanto os dados necessários à sua execução fiquem armazenados nos próprios computadores. Paralelamente à evolução dos computadores, o mundo empresarial começou a ficar mais complexo e exigir melhores, mais precisas e mais rápidas formas de geren- ciamento de suas operações. Essa demanda se configurou terreno fértil para a adoção dos computadores pelas empresas nas suas atividades. Um dos primeiros computadores para uso empresarial foi o Univac 1 (UNIVersal Automatic Computer), no início da dé- cada de 1950 (MANN, 1949). Os primeiros computadores eram grandes, caros e possuíam capacidade li- mitada de processamento. Mann (1949) descreve o Univac 1 como um equipamento composto de 1500 válvulas e 12 rolos de fita magnética de 7 polegadas, ocupando o espaço físico de 70 pessoas. Além disso, só eram possíveis de serem operados por pro- fissionais altamente especializados. Um marco na computação foi a introdução no mercado do primeiro micro- processador, o Intel 4004, em novembro de 1971 (STANFORD, 2016). Esse micropro- cessador abriu as portas para o desenvolvimento de computadores cada vez menores, e mudou o rumo não só da computação, como também do mundo dos negócios e mais recentemente da forma como nos relacionamos como sociedade. Microprocessador: é um processador – circuito integrado que realiza funções de pro- cessamento aritmético e lógico, e de controle da execução de programas – miniaturi- zado, cujos circuitos são fabricados numa única pastilha de silício (FERREIRA, 1999). Usado como Unidade Central de Processamento (Central Processing Unit – CPU) nos computadores modernos. 15 Carr (2009) lista as inovações que surgiram na esteira do microprocessador: • 1973: Criação da Ethernet, permitindo redes de comunicação local. • 1975: Primeiro Computador Pessoal (PC) produzido em massa. • 1976: Primeiro sistema de processamento de textos, levando os computa- dores aos escritórios. • 1978: VisiCalc, primeiro programa de planilhas eletrônicas. • 1979: WordStar, primeiro processador de textos para os PCs. • 1979: Oracle, primeiro sistema gerenciador de banco de dados relacionais. • 1982: Introdução do TCP/IP, um conjunto de protocolos de rede que per- mitiu a criação e popularização da Internet. • 1989: popularização das ferramentas de e-mail. • 1990: Criação da World Wide Web (WWW) por Tim Berners-Lee. Como podemos observar, após a introdução dos microprocessadores, houve um grande e rápido avanço na área de informática, principalmente com o surgimento de inúmeros programas de computadores, de uso simples e efetivo, voltados para soluções de problemas cotidianos das pessoas e das empresas. Hoje, mais do que nunca, estamos imersos numa sociedade do conhecimen- to onde a troca e o gerenciamento de informações é de suma importância. Vivemos em um mundo conectado e operando em tempo real. Com o amplo acesso pelas pessoas à Internet, é possível acompanhar o que acontece no mundo todo, praticamente sem atraso no acesso à informação. Além disso, a aplicação dessas novas tecnologias em processos e sistemas empresariais permite um tratamento e armazenamento de grandes quantidades de da- dos e informações, assim como possibilitar uma maneira fácil e mais barata de as em- presas se conectarem entre si e com seus clientes. Assim, uma empresa que consiga dominar o uso da tecnologia da informação tem grandes possibilidades de desenvolver e manter um ganho competitivo sobre seus concorrentes. Aqui, o desafio é disponibilizar de forma ágil e eficiente as informações ne- cessárias à geração do conhecimento, que apoiará a tomada das decisões por parte das empresas e das pessoas. Portanto, podemos perceber que a Internet e os inúmeros dispositivos tecnológicos a que temos acesso tornaram a tecnologia da informação oni- presente nas empresas e também nas residências. Pare e Reflita Vivemos em um mundo altamente conectado, tendo acesso à informação em tempo real; além disso, muitas das formas como nos relacionamos depende desse acesso am- plo à tecnologia (TI onipresente). Você consegue perceber quais inovações tecnológicas são indissociáveis de nossas vidas hoje? Você conseguiria viver sem acesso a elas? 16 1.2.1 Tecnologia da Informação O uso da expressão Tecnologia da Informação, em detrimento das ex- pressões informática ou processamento de dados, ganhou força a partir da década de 1980 (LAURINDO, 2008). Ela abrange conceitos que não são claros e que estão em constante mudança no que se refere à computação, às telecomunicações, às ferramen- tas de acesso e aos recursos de informação multimídia (KEEN, 1993 apud LAURINDO, 2008, p. 25). Assim, o termo descreve muito mais que o mero processamento de dados ou o conjunto de hardware e software. Ele envolve também os aspectos humanos, ad- ministrativos e organizacionais (KEEN, 1993 apud LAURINDO, 2008, p. 26). Esse será o entendimento que seguiremos a partir de agora. 1.3 Dados, Informação e Conhecimento Até o momento tratamos os termos informação e conhecimento com um pouco de liberdade. Para termos uma clara noção sobre como eles se relacionam com a tecnologia da informação, principalmente no que concerne à Gestão do Conhecimento (GC), precisamos defini-los de forma mais consistente. No ambiente empresarial, a informação é de fundamental importância para os negócios, podendo tornar-se até um diferencial competitivo; contudo, é muito comum confundi-la com o termo “dados”. Dados representam fatos concretos, porém básicos, acerca de uma infor- mação, por exemplo: quantidades, volume de estoque, nomes e endereços de fornece- dores e clientes, entre outros. Segundo Laurindo (2008), eles também podem ser fluxos de fatos brutos e isolados ou descrições primárias dos objetos, atividades ou eventos. Isolados, eles possuem pouco valor além de sua própria existência, sem conseguir trans- mitir um significado específico. Umainformação é formada por um conjunto de dados organizados, ou seja, não é meramente um registro de algum valor. Ela envolve um acréscimo de valor aos fatos registrados, dando contexto e permitindo sua utilização. Assim, se os dados forem combinados em uma estrutura compressível, eles se tornam informações. É importante salientar que, a informação, aliada aos recursos da tecnologia, é uma necessidade primária e elementar para a funcionalidade, tática, estratégica e operacional das empresas (OLIVEIRA, 2003), principalmente porque tem a possibilidade de se transformar em conhecimento. Uma informação é convertida em conhecimento quando um indivíduo con- segue ligá-la a outras informações, avaliando-a e entendendo seu significado no interior de 17 um contexto específico (SILVA, 2004). Assim, podemos dizer que o objetivo final da infor- mação é produzir conhecimento para suprir as necessidades humanas (OLIVEIRA, 2003). Silva (2004) descreve uma relação hierárquica entre dados, informação e conhecimento, como podemos observar na Figura 1. Os dados, simples fatos, são orga- nizados em informações, que, por sua vez, podem ser interligadas e organizadas para a formação de conhecimento. FIGURA 1 – Pirâmide do conhecimento Fonte: Elaborado pelo autor (2017). Ainda segundo Silva (2004), as definições de conhecimento normalmente consideram essas diferenciações hierárquicas, convergindo para a ideia de que conheci- mento é formado por informação, que pode ser expressa, verbalizada, e é relativamente estável ou estática, em completo relacionamento com uma característica mais subjetiva e não palpável, que está na mente das pessoas e é relativamente instável ou dinâmica, e que envolve experiência, contexto, interpretação e reflexão. Você Sabia A ideia de se produzir conhecimento a partir de informações usando equipamentos ele- trônicos não é nova. Um dos primeiros a tratar sobre isso foi Bush (1945). Em seu artigo, “As we may think”, o autor propôs um dispositivo chamado Memex, que permitiria a seus usuários armazenar todas as informações que desejassem, como livros, revistas ou fotos. Ele seria um dispositivo mecânico e faria uso de microfilmes como forma de ar- mazenamento dos dados e das informações. Permitiria aos seus usuários efetuar víncu- los entre elas, fornecendo um acesso de forma rápida e fácil, além de possibilitar que os próprios usuários decidissem quais ligações seriam interligadas, e a importância entre elas. Novas informações poderiam ser adquiridas e adicionadas ao conteúdo já exis- 18 tente, expandindo a capacidade de ligações. Tal forma de indexação, segundo o próprio autor, é a mais próxima de como a mente humana organiza as informações, associando- -as para gerar conhecimento. Apesar de sua máquina nunca ter sido construída, Bush é reconhecido como o primeiro a definir o termo de hipermídia. Conceito muito usado hoje na Internet, onde informações podem ser ligadas entre si de forma simples, rápida e intuitiva. 1.4 Informação no Ambiente Organizacional Aliar informação e conhecimento com recursos de tecnologia se configura uma necessidade primária e elementar para as organizações já há alguns anos. Isso é importante em todos os níveis de uma organização, mas, principalmente, nas suas áreas táticas, estratégicas e operacionais. O aspecto competitivo, salienta Oliveira (2004), é fundamental no tratamen- to da informação pelas organizações. A competição entre as organizações e, portanto, a necessidade de tomadas de decisão estratégica de forma rápida, consistente e eficiente fez com que surgisse o conceito de Inteligência Organizacional (IO), também conhecido como Business Intelligence (BI). Inteligência organizacional é um termo que se refere a uma variedade de técnicas e de aplicações em softwares usadas na análise dos dados e informações das organizações (MULCAHY, 2007). Dentre elas podemos citar as técnicas de mineração de dados e armazéns de dados. As organizações usam IO para melhorar seu processo de tomada de deci- sões, cortar custos e identificar novas oportunidades de negócio (MULCAHY, 2007), ou seja, elas usam a tecnologia da informação como ferramenta estratégica na batalha da competitividade (OLIVEIRA, 2004). Ao inserir-se no sistema capitalista, sendo parte integrante do valor agre- gado dos produtos e serviços, a informação e o conhecimento gerado dela, recebe o caráter de capital (OLIVEIRA, 2004). Assim, o conhecimento representa uma forma de rendimento gerado pelas empresas. Nesse contexto, podemos observar que, para as organizações, o conheci- mento é o centro de tudo. Saber usar as informações para gerar conhecimento é de suma importância no mundo competitivo em que vivemos. 19 1.4.1 Sistemas de Informação Vimos que o termo tecnologia da informação engloba os componentes de hardware, software e humano que uma organização necessita para atingir seus objetivos organizacionais. Isso envolve, por exemplo, computadores, unidades de disco, equipa- mentos de comunicação, na parte do hardware, e sistemas operacionais, pacotes de au- tomação de escritório e uma infinidade de outros programas de computador, na parte do software. No lado humano, estão as pessoas responsáveis pela utilização consciente dos componentes tecnológicos de hardware e software, ou seja, os sistemas de informação. Um Sistema de Informação (SI), segundo Laudon e Laudon (2010, p. 12), pode ser definido como: Um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam (ou recu- peram), processam, armazenam e distribuem informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e o controle de uma orga- nização. Além de dar apoio à tomada de decisões, à coordenação e ao controle, esses sistemas também auxiliam os gerentes e trabalhadores a analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar produtos. Para que um SI gere as conclusões que uma organização precisa para sua tomada de decisão, três atividades são necessárias. Como vemos na Figura 2, elas são: entrada, processamento e saída. FIGURA 2 – Atividades de um sistema de informação Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon (2010, p. 13). A ação de entrada captura ou coleta dados brutos dentro de uma organiza- ção ou de seu ambiente externo. Já a ação de processamento é responsável por con- verter esses dados brutos em uma forma mais significativa. Como vimos, essa ação está intimamente ligada à criação de informações e conhecimentos. Por fim, a ação de saída é responsável por entregar as informações e conhecimentos processados às pessoas que as usarão ou para as atividades em que serão empregadas. Outro ponto importante que devemos considerar é que muitos sistemas de informação podem necessitar de uma retroalimentação (feedback) a partir da sua saída. 20 Nesse caso, as respostas geradas a partir das ações consequentes à saída são analisa- das de forma a ajudar a avaliar e corrigir o estágio de entrada ou até mesmo o próprio processamento. Um sistema de informação moderno depende da tecnologia da informação. Mais precisamente, dos computadores e dos programas de computador usados neles. Assim, os computadores são os equipamentos que armazenam e processam a informa- ção, e os programas de computador são os conjuntos de instruções operacionais que dirigem e controlam o processamento por computador (LAUDON; LAUDON, 2010). 1.4.2 Vantagens do Acesso Quando se trata de tecnologia, é sempre interessante compreender os concei- tos de tecnologias proprietárias e tecnologias de infraestrutura. Nesse contexto, Carr (2009) define as tecnologias proprietárias como aquelas que são de propriedade de uma única empresa, que podem ser usadas como fonte de renda e competitividade por ela. Já as tecnologias de infraestrutura são aquelas usadas de forma compartilhada entre as empresas, fornecendo alguma forma de infraestrutura básica para as operações. Assim, quando uma empresa desenvolve alguma nova metodologia ou pro- duto, ou ainda registra alguma patente que permita basearnovas aplicações ou pro- dutos, ela pode ter alguma vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Desde que permaneçam protegidas da concorrência, as tecnologias proprietárias podem ser base para vantagens estratégicas de longo prazo, capacitando as empresas a auferir lucros maiores do que as rivais (CARR, 2009). As tecnologias de infraestrutura oferecem uma rentabilidade muito maior quando compartilhadas do que quando usadas isoladamente (CARR, 2009). Ou seja, como fornecem uma base comum para a utilização das empresas, elas permitem que novas oportunidades de negócios sejam exploradas a partir delas. Um exemplo seria o surgimento das redes ferroviárias no final do século XIX ou o surgimento do telégrafo. Naquela época, empresas que ficavam próximas às ferrovias, ou que tinham acesso fácil à telecomunicação (telégrafo), conseguiam grande vantagem competitiva frente às rivais. Isso pode ser percebido até os dias de hoje, grandes redes varejistas posicionam seus centros de distribuição e suas lojas onde existe uma infraestrutura de transportes eficiente, o que facilita o escoamento da produção e o acesso pelos clientes. O mesmo pode ser observado quanto à telecomunicação, com o advento da Internet, e a transformação dela numa tecnologia de infraestrutura, fez surgir uma nova modalidade de comércio: as compras on-line. É importante salientar que essa distinção entre as tecnologias pode não ser tão precisa quando de sua introdução no mercado. Nas fases iniciais de seu desenvolvi- mento e adoção, uma tecnologia de infraestrutura geralmente assume a forma de tec- 21 nologia proprietária (CARR, 2009). Assim, suas criadoras geralmente têm a oportunidade de usá-las para obter vantagens sobre os concorrentes. Somente após esse período de incubação, e conforme novos usos são identificados, elas gradativamente tornam-se infraestrutura. Mesmo que não seja a criadora de uma tecnologia, uma empresa pode ganhar competitividade se souber aproveitar as vantagens de antecipação no seu uso. Assim, seja por obter melhor acesso a uma tecnologia de infraestrutura, ou por identificar uma nova forma de utilizá-la, antecipando seus concorrentes, a empresa pode aproveitar todo um nicho não explorado ou obter enorme vantagem competitiva nos nichos existentes. Essa antecipação, contudo, pode trazer consigo uma nova gama de dificul- dades e riscos inerentes a ela. Segundo Carr (2009, p. 21): Quando uma tecnologia está em sua ‘infância’, as instruções sobre a sua aplicação tendem a ser esquemáticas e difusas. Os ‘melhores pro- cedimentos’ ainda precisam ser documentados ou disseminados. As empresas, nesse caso, não têm escolha a não ser fazer experiências, aprendendo na prática, e as que se adiantam em relação às aplicações mais eficazes colhem recompensas importantes, pelo menos durante o período em que forem capazes de manter seus procedimentos em segredo. O uso da TI pelas empresas muitas vezes se enquadra nesse perfil de utiliza- ção antecipada. Novas metodologias, novas tecnologias, novos produtos, novos aplicati- vos estão constantemente surgindo e, portanto, cabe às empresas identificar as oportu- nidades de negócio neles. Elas constantemente têm de se perguntar: “Devemos arriscar uma antecipação ou esperaremos até que a difusão desta tecnologia seja considerável antes de adotá-la?”. Pare e Reflita Muitas das tecnologias de infraestrutura que dispomos hoje em dia surgiram como proprietárias. Algumas são tão difundidas que as percebemos como parte de nosso cotidiano e não reconhecemos seu impacto inicial, como o sistema de distribuição de energia elétrica. Quais tecnologias você viu surgir como proprietárias que hoje podem ser consideradas de infraestrutura, e quais proprietárias hoje você acha que se tornarão infraestrutura no futuro? 22 1.4.3 TI como Estratégia Competitiva O desafio maior da informação é o de habilitar os gestores a alcançar os ob- jetivos propostos para a organização por meio do uso dos recursos disponíveis (OLIVEI- RA, 2004). Quando não há um fluxo constante de informações, os gestores sentem-se impotentes. A TI pode ajudar a montar e aprimorar a estratégia empresarial ao fornecer melhores informações, apoiar o relacionamento com os clientes e fornecedores e facilitar a comunicação com outras empresas. É importante considerar que os avanços na TI produzem impactos em todas as organizações e setores de atividades. Oliveira (2004) destaca os seguintes: organiza- ções menores; estruturas organizacionais descentralizadas; melhor coordenação interna e externa; e maior participação dos funcionários. De acordo com Laurindo (2008), é importante que haja uma integração da estratégia de TI com a estratégia do negócio, de tal forma que se avalie corretamente como as decisões no domínio da TI afetam aquelas no domínio do negócio e vice-versa. 1.4.4 Estágios de Evolução da TI na Empresa Segundo Laurindo (2008), uma das primeiras abordagens relativas à gestão da TI constitui em estabelecer um modelo que permite mostrar a organização da TI e sua relação com o negócio da empresa de acordo com uma ideia de estágios de maturidade. O modelo mais conhecido, conforme Laurindo (2008), é o proposto por No- lan (1979). Neste modelo, é feita uma classificação baseada em seis estágios da evolu- ção da TI dentro das empresas. Laurindo (2008) descreve os seis estágios da Figura 3 da seguinte forma: 1. Inicialização: nele ocorre a simples automação dos processos adminis- trativos já existentes na empresa. Ainda não há um departamento de TI na empresa. 2. Contágio: o controle sobre o uso da TI é pequeno, predomina o uso de sistemas transacionais, o usuário começa a participar do processo e surge o departa- mento de TI na empresa. 3. Controle: passa a existir o controle e planejamento formal da TI, o de- partamento de TI já é conhecido por toda a empresa. Começa o uso de sistema de apoio à decisão. 23 FIGURA 3 – Estágios da evolução da TI Fonte: Adaptado de Laurindo (2008, p. 117) e Nolan (1979). 4. Integração: as aplicações são convertidas para a plataforma de banco de dados, cresce o uso de aplicações de caráter gerencial e de apoio à decisão, o usuário participa mais e o planejamento e o controle são aperfeiçoados. 5. Administração dos dados: predominam as aplicações de apoio à deci- são, existe um equilíbrio entre as aplicações centralizadas e descentralizadas, participa- ção efetiva do usuário no processo. 6. Maturidade: os sistemas de informação da empresa refletem os pro- cessos administrativos, a estrutura e a estratégia da organização. O planejamento e o controle da TI são efetuados em termos estratégicos. Há aceitação mútua dos usuários finais e dos da área de TI, de que a responsabilidade pelos sistemas de informação deve ser conjunta. 24 Resumo O acesso à informação moldou a sociedade humana, muitas mudanças ocor- reram a partir dele e outras ainda ocorrerão. É importante compreender como a informação e o conhecimento estão rela- cionados com a eficiência das organizações. Hoje, praticamente são considerados como ativos delas e, em algumas, a gestão da informação é sua atividade principal. O conhecimento é gerado a partir da informação, que, por sua vez, advém da análise e processamento dos dados coletados. Isso, nas organizações, é feito por sistemas de informação, principalmente os baseados em computador. Dele surgem novos processos e novas tecnologias. Cabe aos gestores das organizações identificar quais podem se configurar vantagens competitivas, que devem ser exploradas de forma a gerar um ganho de produtividade e competitividade para elas. Atividades 1. A introdução do microprocessador mudou o rumo da computação e do mundo dos negócios. Comente essa afirmação com base no que foi apresentado no texto. 2. Descreva as principais atividades de um sistema de informação. Nesse contexto, qual a importância do feedback? 3. Analise a Figura 1 e a Figura 3. Qual estágio da evolução da TI pode ser associado a cadauma das divisões da pirâmide do conhecimento. Justifique suas escolhas. 4. Considere o que vimos sobre o pensamento de Carr (2009) referente à adoção ante- cipada de novas tecnologias. Por que existe risco para as empresas que decidem pela adoção antecipada enquanto ainda não foram definidas suas melhores práticas de uso? 5. Descreva o processo de evolução de um dado até que ele possa ser considerado conhecimento. 25 TecnologIaS da Informação e da comunIcação Capítulo 2 26 Vivemos na era da informação e para isso precisamos compreender como ela se relaciona com nosso dia a dia e como podemos manipulá-la, ou seja, precisamos conhecer os conceitos relativos à Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) e como ela pode ser empregada em nosso cotidiano. Esse assunto será apresentado neste capítulo, e você é convidado a explorá-lo conosco. Introdução 2.1 Compreendendo as TIC Uma nova economia surgiu em escala global nos últimos anos do século XX, uma economia amplamente baseada em informação e em tecnologia. Castells (2009) classifica essa economia como global, informacional e em rede. Segundo o autor: É informacional porque a produtividade e competitividade de unidades ou agentes nessa economia […] dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades econômicas […], assim como seus componentes […], estão organizados em escala global, mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos. É rede por- que […] a produtividade é gerada, e a concorrência é feita, em uma rede global de interação entre redes empresariais (CASTELLS, 2009, p. 119). A informação e o conhecimento sempre foram importantes no crescimento da economia. O surgimento de um novo modelo de negócios organizado em torno de novas tecnologias da informação, mais flexíveis e poderosas, permite que a própria in- formação se torne um produto do processo produtivo. Assim, essas novas tecnologias de hardware e software, junto do capital humano, proporcionaram uma grande evolução apoiada nas redes de comunicação. Como vimos anteriormente, a comunicação é responsável por inúmeros avanços tecnológicos. Pinochet (2014) salienta que, devido à troca de mensagens, infor- mações e experiências, grandes descobertas científicas foram realizadas. O autor tam- bém coloca que, em função da quantidade de tecnologias envolvidas, a comunicação pode ser um processo complexo. Esse ambiente tornou-se muito fértil para a disseminação das Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC). As TIC podem ser definidas como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum (OLIVEIRA, 27 2003). Dessa forma, as TIC manipulam a informação, agregando valor (produtos e servi- ços), seja por meio da estocagem ou, principalmente, pela sua difusão (OLIVEIRA, 2003). As TIC estão presentes em praticamente todas as atividades de nossa vida cotidiana, seja em nossas casas, em nossos meios de locomoção ou nossos locais de trabalho. Para Pinochet (2014, p. 3), “estamos em uma realidade em que hoje seria im- possível viver sem tecnologia, uma vez que está presente em todos os espaços do nosso desenvolvimento cotidiano comum”. No contexto empresarial, podemos identificar três grandes fases na evolução das TIC: transacional, informacional e do conhecimento (ROSSETTI; MORALES, 2007; MEIRELLES, 1993). A Figura 4 ilustra essas fases. FIGURA 4 – Evolução das TIC nas organizações Fonte: Adaptado de Rossetti e Morales (2007, p. 125). Na primeira fase, o uso das TIC era com um enfoque puramente transacio- nal, ou seja, processamento eletrônico de dados, processamento de transações, manu- tenção de registros e aplicações contábeis tradicionais. A segunda fase, chamada informacional, corresponde à introdução dos mi- crocomputadores. Surgiram os Centros de Processamento de Dados (CPD) nas empre- sas, onde ficava centralizado o processamento dos dados e informações. Nessa época, houve a proliferação do uso de Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SGBD), permitindo o desenvolvimento de SI que manipulam grande quantidade de informações, além de automatizarem as rotinas de trabalho e apoiarem as decisões gerenciais. 28 Por fim, a fase do conhecimento. Nela, a informação passa a ser tratada como ativo pelas organizações. Sua disponibilização torna-se um diferencial nos merca- dos competitivos, ou seja, as TIC tornaram-se estratégicas para as empresas. A adoção das TIC permite que as empresas se organizem em torno de novos paradigmas baseados na troca de informação em nível global, ampliando a sua capacida- de de geração, compartilhamento e armazenamento de conhecimentos em rede (CETIC, 2015). Assim, segundo Rovira e Scotto (2015, p. 53), “as TIC são ferramentas importan- tes para o fomento de mudanças tecnológicas que impactam o crescimento econômico”. Um ponto importante a se considerar é a alta adoção dos computadores e das TIC por parte das pessoas nas atividades diárias em sua vida cotidiana. Isso acaba trazendo reflexos no uso das TIC pelas empresas. Assim, esse aumento traz consigo o crescimento geral das habilidades com os equipamentos. Por haver a disponibilidade de computador em casa, certamente o aprendizado no uso é facilitado e gera maior utilidade e benefício ao usuário, criando um círculo virtuoso no crescimento e necessidade de posse e uso tanto do computador – com melhor configuração, maior número de periféricos e instalação de programas – como posteriormen- te da posse e uso da Internet (CETIC, 2010, p. 141). Sendo assim, conforme os computadores e outros equipamentos das TIC se tornam mais populares entre os usuários domésticos, a cultura de seu uso fica cada vez mais difundida e emaranhada no nosso dia a dia. Um exemplo claro disso é a adoção da telefonia móvel. Muitos de nós já não conseguiríamos conceber uma sociedade em que os telefones celulares não existissem ou que não fossem de fácil acesso. Pare e Reflita Como você acha possível que o uso de computadores pelas pessoas em sua vida do- méstica impacta no uso deles no ambiente empresarial? Será que decisões sobre ado- ções de TIC podem ser influenciadas por isso? 2.1.1 Componentes Básicos Segundo Oliveira (2003), podemos identificar cinco componentes básicos dos sistemas de TIC, ilustrados na Figura 5: pessoas, hardware, software, dados e redes. As pessoas incluem os usuários finais e os especialistas em TIC; o hardware consiste nas máquinas e mídias; o software diz respeito aos programas e procedimentos; os recursos de dados podem incluir bancos de dados e bases de conhecimento; e, por fim, os recur- sos de rede se referem aos meios de comunicação e ao suporte de redes. 29 FIGURA 5 – Componentes de um sistema de TIC Fonte: Adaptado de Oliveira (2003, p. 176). A Figura 5, além de ilustrar os cinco componentes, também mostra as ativi- dades básicas do processamento de informações que acontecem nos sistemas de TIC: entrada, processamento, saída, armazenamento e controle. A primeira fase desse processo envolve a captura e preparação dos dados para o processamento. A entrada normalmente assume a forma de atividades de regis- tros de dados, como gravar e editar (OLIVEIRA, 2003). Assim, por exemplo, eles podem ser alimentados diretamente nos sistemas pelos usuários finais, podem ser capturados por dispositivos óticos – como leitores de código de barra – ou adquiridos por outros tipos de sensores e dispositivos de entrada de dados. Uma vez coletados, os dados são submetidos a alguma atividade de proces- samento. Essas atividades os organizam, analisam e manipulam, convertendo-os em informação para os usuários finais. Oliveira (2003) salienta que a qualidade de todos os dados armazenados em um sistema de TIC também deve ser mantida por um processo ininterrupto de atividades de correção e atualização. Depois de processadas, as informações são transmitidas aos usuáriosfinais. A meta dos sistemas de TIC é a produção de produtos de informação apropriados para os usuários finais (OLIVEIRA, 2003). Dentre esses produtos podemos incluir: mensagens, relatórios, formulários, imagens, vídeos, áudios e outros produtos digitais ou analógicos. Além das três atividades que envolvem a transformação dos dados coletados em informação e sua subsequente entrega aos usuários finais, temos o armazenamento 30 de recursos de dados. Ele é a atividade dos sistemas de TIC na qual os dados e infor- mações são guardados de maneira organizada para uso posterior. Normalmente isso é obtido pelo uso de algum Sistema Gerenciador de Banco de Dados. O armazenamento facilita o uso posterior dos dados e informações. Uma importante atividade dos sistemas de informação é o controle de seu desempenho. Oliveira (2003) diz que um sistema de TIC deve produzir feedback sobre suas atividades de entrada, processamento, saída e armazenamento. Esse feedback, então, tem de sofrer um monitoramento para avaliar se o sistema está atendendo aos padrões de desempenho estabelecidos. Caso isso não ocorra, o sistema deve ser ajusta- do para que se enquadre no padrão esperado. Saiba Mais Para expandir seus conhecimentos sobre Sistemas de Informação nas empresas, leia o Capítulo 1 do livro Sistemas de Informação Gerenciais, de Laudon e Laudon (2010). 2.1.2 Recursos Mínimos Necessários Na seção anterior, enumeramos brevemente os componentes básicos de um sistema de TIC: pessoas, hardware, software, dados e redes. Agora, vamos descrevê-los em termos de suas particularidades e requisitos mínimos. Muitas vezes, quando se discute algum assunto ligado à tecnologia, nos esquecemos de que, principalmente, ela existe por causa das pessoas e é usada por pessoas. Assim, podemos afirmar que são necessárias pessoas para operar os sistemas de TIC, e elas podem ser separadas em dois grupos. O primeiro grupo são os usuários finais. São as pessoas que usam um sis- tema de TIC ou a informação por eles produzida. A maioria de nós é usuário final de sistemas TIC. O segundo grupo são os especialistas em TIC. São as pessoas que ope- ram, projetam e desenvolvem os sistemas de TIC. Nesse grupo estão os programadores, analistas de sistema e demais membros da equipe técnico-administrativa das TIC. Outro recurso identificado é o hardware. O conceito de recursos de hardwa- re inclui todos os dispositivos físicos usados no processamento de dados e informações (OLIVEIRA, 2003). Esses dispositivos vão desde computadores, seus periféricos (tecla- dos, monitores, etc.) e outros equipamentos, até as mídias de armazenamento de dados. O conceito de recursos de software inclui todos os conjuntos de instruções de processamento da informação (OLIVEIRA, 2003). O autor ainda salienta que esse conceito é amplo, pois considera tanto as instruções operacionais, que controlam o 31 hardware e os aplicativos usados pelos usuários finais, quanto os processos executados pelos usuários. Nesse contexto, podemos considerar recursos de software como todo con- junto de instruções e procedimentos de processamento da informação que sirvam para captar, processar e disseminar corretamente a informação aos seus usuários (OLIVEIRA, 2003), mesmo que tais recursos não dependam de equipamentos computacionais para isso. Por exemplo: as instruções para se usar um dispositivo, ou para se preencher um formulário, podem ser consideradas recursos de software. As redes de computadores, como a Internet, as intranets e extranets, são essenciais ao sucesso de qualquer organização que use TIC. Segundo Laudon e Laudon (2010), uma rede de computador envolve equipamentos clientes, equipamentos servido- res, dispositivos de conexão, software necessários para o controle dos dispositivos e mí- dias de comunicação. Os componentes de uma rede simples estão ilustrados na Figura 6. Intranet: é uma rede local interna, utilizada especificamente no mundo corporativo, que permite a interligação entre todos os departamentos da empresa, cujo acesso so- mente é permitido aos seus colaboradores internos. Ela é uma versão particular da In- ternet, podendo ou não estar conectada à Internet. Extranet: é uma rede de computadores que permite acesso externo controlado para ne- gócios específicos, ou seja, ela oferece recursos autorizados de uma intranet a terceiros selecionados, como fornecedores e clientes. Pode ser também a “parte privada” de um sítio web, onde apenas os utilizadores registrados (previamente autenticados com o seu login e senha) podem navegar. FIGURA 6 – Componentes de uma rede de computadores simples Fonte: Laudon e Laudon (2010, p. 175). 32 É importante considerar que as mídias de comunicação podem variar de- pendendo da tecnologia usada, podendo ser, por exemplo: fios de par trançado, cabos coaxiais, cabos de fibra ótica, rádio, sistemas de micro-ondas e sistemas de comunicação por satélite (OLIVEIRA, 2003). O último dos recursos identificados são os dados. Dados são mais do que a matéria-prima dos sistemas de TIC. Eles são o cerne da sociedade da informação. Devem ser encarados como recursos organizacionais valiosos e que devem ser efetivamente ad- ministrados para beneficiar todos os usuários finais das organizações (OLIVEIRA, 2003). Os recursos de dados nas TIC normalmente estão organizados em banco de dados e bases de conhecimento. No primeiro ficam armazenados apenas os dados processados e organizados. Já no segundo, ficam armazenados conhecimentos em uma multiplicidade de formatos, como fatos, regras, exemplos ilustrativos e outras informa- ções geradas ou coletadas durante a atuação da empresa. Pare e Reflita Dos componentes básicos das TIC identificados até agora, qual você acha que é mais propenso a problemas? O componente humano das TIC, às vezes chamado de peopleware para distingui-lo do hardware e do software, está sujeito a inúmeras falhas, o que pode gerar inconfiabilidade no resultado do uso das TIC. Pinochet (2014) identifica como principais razões de falha: fadiga, preocupações de ordem pessoal, desajustes com a empresa, interesses pessoais escusos e incompetência. 2.2 Etapas na Implantação das TIC As TIC são peças-chave de um sistema complexo que depende da siner- gia entre seus componentes. Ou seja, ao se utilizar os processos de TIC, para que se obtenha ganhos de produtividade e melhorias de desempenho, muitas vezes é neces- sário que mudanças na organização e na gestão de recursos humanos também sejam implantadas. Nesse contexto, Rovira e Scotto (2015, p. 57) salientam que: “para que o potencial das TIC seja usufruído plenamente, é preciso um longo e custoso processo de mudanças nos setores e empresas”. Rovira e Stumpo (2013) identificam quatro etapas na incorporação das TIC nas empresas, ilustradas na Figura 7. Os autores ainda afirmam que a incorporação das TIC é um processo evolutivo e que alguns requisitos de infraestrutura tecnológicos míni- mos são necessários para avançar à etapa seguinte. 33 FIGURA 7 – Etapas da incorporação das TIC nas empresas Fonte: Adaptado de Rovira e Stumpo (2013, p. 31) e Rovira e Scotto (2015, p. 59). A primeira etapa na implantação das TIC nas empresas envolve a adoção, por parte delas, das TIC mais básicas: acesso a computadores e acesso à Internet (RO- VIRA; STUMPO, 2013). Assim, pode-se começar um processo de informatização das tarefas da empresa. Para atingir a segunda etapa, as empresas precisam começar a fazer a ge- ração e gestão dos dados e informações, tendo um mínimo de infraestrutura de TI (ROVIRA; STUMPO, 2013). Envolve a criação e gestão de aplicações, permitindo que vários procedimentos administrativos sejam padronizados, o que resulta num impacto na eficiência da empresa (ROVIRA; SCOTTO, 2015). Os autores ainda salientam que um dos principais benefícios dessa etapa é o aumento da produtividade dos recursos humanos e uma redução dos custos de muitos procedimentos devido à automação. Nessa etapa, também se observa o uso dasTIC um pouco mais sofisticados, como a interação com organismos governamentais e com instituições financeiras (ROVI- RA; STUMPO, 2013). O uso da Internet começa a ser mais presente, por meio de sítios web institucionais e uso de e-mail para comunicação com fornecedores e clientes. A terceira etapa é marcada pelo uso das TIC nas atividades de suporte às decisões estratégicas, ou seja, permitem modificar a maneira como é feito o processa- mento das informações e a articulação tanto entre as áreas da empresa quanto com os fornecedores e clientes (ROVIRA; STUMPO, 2013). Essa articulação pode ser feita via intranet para as áreas internas da empresa ou extranet para os fornecedores e clientes, externos ao ambiente da empresa. 34 Essa etapa é marcada pelo uso de software mais sofisticados e demanda um investimento maior na capacitação dos colaboradores da empresa, muitas vezes neces- sitando que eles já possuam um conhecimento prévio. Rovira e Scotto (2015) também observam que, nessa fase, há uma grande lacuna entre as pequenas e médias empresas (PME) e empresas de grande porte devido aos esforços e altos custos envolvidos na incorporação e uso das TIC. Na quarta etapa, encontram-se as empresas que fazem uso das TIC mais completo e intensivo. Para isso, utilizam a Internet e aplicações de software altamente complexas e sofisticadas, como o uso de Planejamento de Recursos Empresariais (En- terprise Resource Planning - ERP) e Gestão de Relacionamento com o Cliente (Customer Relationship Management - CRM) (ROVIRA; STUMPO, 2013; ROVIRA; SCOTTO, 2015). As empresas que estão na quarta etapa devem estar preparadas para inovar nas técnicas e formas de se usar as TIC. Devem estar sempre atentas a novas opor- tunidades de utilização, de forma a conseguir um maior ganho de produtividade e de capacidade de resposta às demandas do mercado. Rovira e Stumpo (2013) sugerem que a computação na nuvem (cloud com- puting) representa uma nova oportunidade para as empresas. Essa tecnologia permite o acesso em tempo real a um conjunto de recursos de TI configuráveis – como rede, servidores, aplicativos, etc. – que podem ser criados e configurados, com um mínimo de interação com provedores de serviços, sem a necessidade de grandes investimentos em uma infraestrutura de TI própria. 2.2.1 Cenário das TIC no Brasil Segundo o Cetic (2015), atualmente, quase a totalidade das empresas brasi- leiras de 10 ou mais pessoas ocupadas conta com uma infraestrutura tecnológica básica, sendo que 97% delas possuem computador e 96% acesso à Internet. Além disso, 74% das empresas que usam computador já oferecem alguma forma de acesso remoto aos funcionários, esse acesso pode ser: • Via e-mail corporativo (56%). • Sistema de computadores (56%). • Pastas e arquivos das empresas (45%). Nas empresas que oferecem acesso remoto, essas ferramentas estão dis- poníveis em maior proporção para o uso dos executivos ou diretores (67%) e para os profissionais de TI (62%), em comparação às demais pessoas ocupadas da empresa (42%). Podemos observar que ainda há um grande espaço para o crescimento do uso das TIC nas empresas. 35 A mesma pesquisa indica que apenas 21% das empresas com acesso à In- ternet vendem seus produtos e serviços de forma on-line. Nesse contexto, o e-mail é o canal de vendas mais usado (16%), enquanto o website é usado por 12%, as redes sociais por 6% e os sítios de compra coletiva por 4%. No que diz respeito às capacidades e habilidades, verificou-se que apenas 39% das empresas contam com área ou um departamento de tecnologia da informação, apesar de, entre as grandes empresas, esse percentual chegar a 89% (CETIC, 2015). Um ponto interessante de se considerar, segundo Meirelles (2015), é que os gastos e investimentos com TIC nas empresas é crescente e deve ultrapassar 8% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil em poucos anos. O autor ainda coloca que esse gasto é a soma de todos os investimentos, despesas e verbas alocadas em TI, incluindo: equipamentos, instalações, suprimentos e materiais de consumo, software, serviços, comunicações e custo direto e indireto com pessoal próprio e de terceiros trabalhando em sistemas, suporte e treinamento em TI. Saiba Mais Para saber mais sobre como está a adoção das TIC no Brasil, em várias áreas, acesse o sítio web do Cetic.br . O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Socie- dade da Informação (Cetic.br) é um departamento do Núcleo de Informação e Coorde- nação do Ponto BR (Nic.br), que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet do Brasil (Cgi.br). 2.3 Tecnologias Emergentes Como vimos até o momento, a evolução tecnológica sempre esteve atrelada ao desenvolvimento da sociedade humana. O mesmo cenário podemos perceber no am- biente corporativo, pois, nesse caso, novas tecnologias trazem novos desafios e novas oportunidades de negócios. A evolução tecnológica é um traço inerente da humanidade. Desde que nos- sos ancestrais mais remotos decidiram criar ferramentas para auxiliá-los nas atividades de seu dia a dia, essa evolução não parou mais. Assim, novas tecnologias surgem o tem- po todo, introduzindo novas formas de se trabalhar, melhorando outras e legando outras à obsolescência. No contexto das TIC, o avanço tecnológico é de suma importância, pois a tecnologia está firmemente enraizada no seu cerne. A mudança de paradigmas definidos é importante, pois, como vimos, podem gerar novas oportunidades. Dessa forma, identificaremos a seguir algumas tecnologias emergentes que estão provocando transformações na percepção das pessoas. http://cetic.br/ http://cetic.br/ 36 2.3.1 Nanotecnologia Essa é uma tecnologia que manipula a matéria em escala de átomos e molé- culas, ou seja, matéria que pode ser medida em nanômetros. Ela vem ganhando espa- ço em diferentes campos da ciência e dos negócios, principalmente no desenvolvimento de novos produtos. Nanômetro: unidade de medida equivalente à bilionésima parte de um metro. Dentre os produtos desenvolvidos a partir da nanotecnologia podemos citar produtos esportivos (tecidos resistentes a manchas), cosméticos, filtros de proteção solar e diversos produtos químicos (PINOCHET, 2014). Além disso, grandes avanços são obtidos nas telecomunicações e na TI. Especialmente na área da TI, além dos benefícios relacionados à miniaturi- zação, a nanotecnologia oferece a oportunidade de explorar os efeitos quânticos para o desenvolvimento das próximas gerações de circuitos integrados e processadores (PINO- CHET, 2014). 2.3.2 Touchscreen e Reconhecimento de Movimento O estudo da interação homem-máquina possibilitou o desenvolvimento de vários dispositivos que permitem ou facilitam a nossa interação com os dispositivos que operamos, como teclados, mouses e monitores. O surgimento das telas sensíveis ao toque (touchscreen) gerou uma nova forma de operarmos os dispositivos, principalmente na área da comunicação móvel (ce- lulares, smartphones) e na própria TI (monitores sensíveis ao toque e outros dispositivos de entrada de dados). Essa tecnologia está cada vez mais presente na nossa vida cotidiana e nos ambientes corporativos. Ela é muito confortável e natural de se usar, pois basta tocar no local desejado para a realização de uma ação. Segundo Pinochet (2014, p. 182), “as in- terfaces baseadas em toque permitem maior precisão, mostrando-se a opção ideal para a escrita manual ou durante a realização de outras atividades”. Outra tecnologia interessante é a usada na captura de movimentos. Atual- mente, temos diversos dispositivos, desde equipamentos de segurança, até consoles de videogame e televisões que usam algum tipo de captura de movimento como forma de interação homem-máquina. A captura pode ser feita, por exemplo, através de sensores ou do processamento de imagens. 37 2.3.3 Biometria A biometria é um método automático de reconhecimento individual baseado em medidas biológicas (anatômicas e fisiológicas) e características comportamentais. Trata-sedo estudo estatístico das qualidades comportamentais e físicas do ser humano, de forma a identificar características únicas nos indivíduos. Vários tipos de análises biométricas podem ser feitas, como a análise da íris, reconhecimento de voz, reconhecimento facial, análise de impressões digitais, reconhe- cimento de assinaturas, reconhecimento do padrão de digitação, entre outras. Depen- dendo do tipo de análise, ela pode ser mais ou menos precisa. A precisão da biometria é medida pelo falso negativo, que ocorre quando uma característica que existe não é reconhecida ou pelo falso positivo, que ocorre quando uma característica é erroneamen- te identificada (PINOCHET, 2014). O uso da biometria é mais comum na área de segurança e identificação indi- vidual das pessoas, podendo ser usada como chave para se entrar em algum ambiente, desbloqueio de dispositivos, caixas eletrônicos de bancos, controle de ponto eletrônico e qualquer outra funcionalidade que necessite da identificação pessoal. 2.3.4 Sistema de Posicionamento Global O Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System - GPS) é um sistema de posicionamento por satélite que fornece a um aparelho receptor móvel a sua posição (latitude, longitude e altitude) em qualquer local do planeta, desde que o receptor encontre-se no campo de visão de três satélites GPS. Segundo Pinochet (2014), o GPS vem sendo usado pelas empresas para a localização e monitoramento de funcionários quando eles se encontram em serviços ex- ternos, e para o monitoramento de veículos e cargas. Além disso, ele é muito usado em dispositivos móveis, como celulares e tablets, para a geolocalização em aplicativos, como redes sociais, jogos e aplicativos de mapas e navegação. 2.3.5 Podcast, Streaming e Videoconferência As formas de se acessar informação foram mudando com o tempo e a evo- lução tecnológica. Na atualidade, temos vários meios de consumirmos e distribuirmos as informações, podendo ser conteúdo previamente gravado ou comunicação em tempo real. A expansão e a popularização da Internet trouxeram consigo a possibilidade de se distribuir informações de maneira fácil e direta. Assim, ela praticamente tornou- -se a principal mídia de transmissão de informações da atualidade. Dentre as formas de 38 se disponibilizar conteúdo via Internet, temos o podcast, os serviços de streaming e as videoconferências. Podcast é o nome dado a arquivos digitais de áudio (frequentemente em formato mp3) produzidos no formato de programas de rádio que podem ser baixados nos computadores ou dispositivos móveis dos usuários através de algum serviço de assi- natura. Assim, as pessoas podem escolher quais programas gostariam de acompanhar e ouvi-los sempre que desejar. O primeiro podcast do Brasil foi o "Digital Minds", de Danilo Medeiros, em 21 de outubro de 2004, e falava sobre tecnologia em geral. O streaming é uma forma de transmissão de som e imagem por meio de uma rede de computadores sem a necessidade de se efetuar o download prévio do material desejado, ou seja, é uma tecnologia diferente da empregada no podcast. Enquanto no podcast as informações são armazenadas pelo usuário, no stre- aming, ele recebe um fluxo contínuo de pacotes de dados (stream) que são decodifica- dos e consumidos em tempo real, não ficando armazenados. Isso permite, por exemplo, a reprodução de conteúdos protegidos por direitos autorais sem sua violação, similar ao rádio ou televisão aberta. Essa tecnologia está em ampla expansão, e vários serviços de streaming de áudio e vídeo estão surgindo e se popularizando, e nos próximos anos, a televisão e rádio via internet, além de outros aplicativos, poderão se tornar concorrentes reais da mídia tradicional (PINOCHET, 2014). Videoconferência é a transmissão de imagem e áudio em tempo real entre dispositivos por meio de uma conexão de Internet, usando câmeras (webcams), micro- fones e algum software de videoconferência (PINOCHET, 2014). Ela permite o contato visual e sonoro entre pessoas que estão em lugares diferentes, dando a sensação de que os interlocutores encontram-se no mesmo local. Alguns dos principais benefícios esperados dessa tecnologia são: economia de tempo, economia de recursos, visualização e alteração em tempo real, compartilha- mento de aplicativos e documentos. Com a melhora da qualidade das conexões de Internet, seja ela fixa ou mó- vel (telefonia 3G e 4G), além da melhora dos dispositivos de acesso (celular e tablets), a videoconferência está ganhando adeptos e se difundindo também no cotidiano das pessoas. 39 Resumo Uma nova economia surgiu em escala global nos últimos anos do século XX, uma economia amplamente baseada em informação e em tecnologia. Como pilar dessa economia, temos as tecnologias da informação e comuni- cação, presentes em praticamente todos os ambientes empresariais e pessoais, respon- sáveis pelo processamento dos dados e informações da sociedade da informação em que vivemos. Apesar disso, a incorporação das TIC pelas organizações não é uniforme, ou seja, nem todas as empresas encontram-se no mesmo estágio de implantação das TIC em suas operações diárias. Novas tecnologias surgem quase que diariamente e muitas delas acabam sendo incorporadas ao nosso dia a dia. Algumas já estão tão embrenhadas em nossa sociedade que usá-las acaba tornando-se uma operação rotineira. Atividades 1. Um dos componentes básicos de um sistema de TIC é o peopleware. São dois os grupos de indivíduos que podem ser incluídos nesse componente. Quais são eles e quais são suas responsabilidades? 2. Por que a incorporação das TIC nas empresas é um processo evolutivo? 3. Considere a organização em que você trabalha. Em qual estágio de implantação de TIC ela se encontra? 4. Uma das tecnologias emergentes mais promissoras é a do streaming. Comente como ela está se popularizando e como isso está afetando outras formas de produ- ção e veiculação de informação e entretenimento, como a televisão. 5. A adoção dos computadores pelas pessoas nos ambientes domésticos ajudou a proliferar e aprimorar o uso das TIC nas empresas. Por que podemos afirmar isso? 40 Anotações 41 Hardware e SofTware Capítulo 3 42 Um filósofo popular uma vez disse: “software é o que você xinga e har- dware é o que você chuta”. Apesar de essa ser uma definição interessante, ela não é o suficiente para nós entendermos o que são e como se relacionam esses componentes importantes das TIC. Assim, venha conosco explorar este capítulo, em que veremos os conceitos pertinentes de hardware e software, suas evoluções e de seus componentes e as tendências que estão surgindo no horizonte. Introdução 3.1 Conceitos Basilares Como você já sabe, o divisor de águas na evolução da tecnologia da informa- ção foi o desenvolvimento do microprocessador. Após sua introdução no mercado houve uma evolução exponencial nas áreas de hardware e software, além do surgimento de novas formas de se trabalhar usando tecnologia. Também vimos que os três componentes principais das TIC são hardware, sof- tware e as pessoas (ou peopleware, segundo algumas fontes da literatura). Considerando esses três componentes, podemos identificar que o componente mais fraco é o material humano, ou seja, os potenciais usuários do hardware/software (PINOCHET, 2014). Isso se dá devido ao próprio ritmo de absorção e compreensão da tecnologia que cada indivíduo possui. Alguns demoram mais para se adaptar às novas tecnologias, sendo que às vezes chegam a desenvolver certa resistência ao seu uso. Além disso, grande parte dos usuários usa a tecnologia de forma pouco eficiente, não aproveitando todo o potencial dos recursos computacionais disponíveis. Muitos dos usuários de computador aprendem seu uso por meio de um mo- delo de instrução, ou seja, são ensinados sobre o que podem ou devem fazer e acabam não evoluindo a partir disso, não descobrindo outros recursos ou melhores formas de se aproveitar o hardware e o software disponíveis. SegundoPinochet (2014, p. 117), “as pessoas deveriam ser mais encoraja- das e também mais incentivadas a desenvolver capacidades e modelos cognitivos que favoreçam a aprendizagem”. A tecnologia disponível, ainda segundo o autor, deveria instigar e estimular os usuários a desenvolver novas maneiras mais intuitivas de criar formas de trabalho com base nas TIC. A própria evolução dos recursos computacionais tende a ampliar esse com- portamento. A defasagem cultural tende a aumentar conforme a corrida tecnológica 43 introduz novos produtos. Uma solução para esse problema está na familiarização das pessoas com a tecnologia e o incentivo ao seu uso criativo, ou seja, do “pensar fora da caixa”. Esse é um dilema que as empresas terão de enfrentar nos anos futuros. Pare e Reflita O peopleware enfrenta problemas que não são unicamente relacionados ao hardware ou software. Como você acha que a fadiga, os problemas de cunho pessoal ou os desajustes com a empresa podem influenciar no uso das TIC? No contexto empresarial, para se aproveitar ao máximo o potencial das TIC, elas devem ser desenvolvidas ou adquiridas de forma a facilitar a elaboração de estra- tégias competitivas (OLIVEIRA, 2004). Nesse sentido, segundo Laudon e Laudon (2010, p. 104), “as empresas contemporâneas exigem uma ampla variedade de equipamentos computacionais, software e recursos de comunicação apenas para resolver problemas organizacionais básicos”. Assim, abordaremos, na sequência, os contextos inerentes ao hardware e ao software para que eles possam ser compreendidos e aproveitados no seu máximo potencial. 3.2 Hardware O hardware é o equipamento físico usado para as atividades de entrada, pro- cessamento e saída de um sistema de informação (LAUDON; LAUDON, 2010). Ele pode ser de vários tipos e formatos, com várias interfaces e dispositivos de entrada, saída e armazenamento. As tecnologias de hardware estão assumindo um papel fundamental no mun- do empresarial. Elas agregam valor aos negócios e proporcionam redução de custos, além de favorecer o aumento da produtividade. Contudo, o tipo de tecnologia a se utilizar pode impactar consideravelmente os resultados esperados, pois a evolução tecnológica tende a diminuir o tempo entre o lançamento e a obsolescência de um equipamento. Segundo Pinochet (2014), existem dois principais tipos de tecnologia: a pro- prietária e a aberta. No caso da tecnologia proprietária, o autor salienta que: “na aquisição [a empresa] torna-se refém de um único fornecedor, implicando […] em preços mais ele- vados no momento de ampliar a capacidade instalada ou […] nos serviços de manu- tenção” (PINOCHET, 2014, p. 127). Nesse modelo, a tecnologia é de propriedade de 44 um único fornecedor, responsável por definir o uso dessa tecnologia, podendo inclusive descontinuá-la. A tecnologia aberta é definida por meio de padrões de indústria e tem seus custos de desenvolvimento divididos entre múltiplos fornecedores. Dessa forma, ainda segundo o autor, “resulta em preços mais baixos, além de possibilitar sua implementa- ção por meio de produtos de vários fornecedores distintos de uma mesma plataforma” (PINOCHET, 2014, p. 127). Assim, a tecnologia aberta oferece maior poder de compra ao usuário, pois ele pode escolher entre vários fornecedores, inclusive definir os melhores serviços de manutenção. Em compensação, a tecnologia proprietária pode fornecer um diferencial de mercado, no caso de algum produto que ofereça funcionalidades únicas ou revolucio- nárias ainda não disponíveis em outros fornecedores. 3.2.1 Evolução Mais de cinco décadas de informática introduziram uma quantidade signifi- cativa de evoluções tecnológicas com impacto em várias áreas do conhecimento e de atuação da sociedade. A evolução do hardware passou por várias gerações, dependendo das tendências seguidas no seu desenvolvimento, como pode ser visto na Figura 8. A tendência da evolução do hardware sempre foi voltada à miniaturização e ao aumento da capacidade de processamento; contudo, estamos atingindo uma limi- tação na possibilidade de miniaturização. Atualmente, o foco está no desenvolvimento de múltiplos núcleos de processamento e hardware com melhor consumo energético. O uso de outros materiais, além do silício, como o grafeno, também está sendo estudado. FIGURA 8 – Tendência na evolução do hardware Primeira Geração (1940-1959) Segunda Geração (1959-1965) Terceira Geração (1965-1970) Quarta Geração (1970-atual) Quinta Geração (em transição) Tubos a vácuo. Válvulas. Equipa- mentos pesados (toneladas). Ex.: Eniac. Transistores. Me- nor aquecimento. 10 vezes menor que a primeira geração. Circuitos Inte- grados. Main- frame. Sistema Operacional. Microprocessa- dores de LSI e VLSI. Compu- tação compac- ta. Sistema Operacional gráfico, e uso do mouse. Maior potência, menor tamanho, cálculos instan- tâneos, e maior compatibilidade e portabilidade. Preços mais acessíveis. Uso de novos elementos nos processadores. Processamento verde (consumo de energia). Fonte: Pinochet (2014, p. 115). 45 Você Sabia Uma observação de Gordon Earl Moore, um dos fundadores da Intel, na década de 1965, acabou sendo conhecida como Lei de Moore. A partir de suas observações so- bre a evolução e produção de circuitos integrados (chips) até então, Moore previu que a quantidade de transistores em um chip dobraria a cada 12 meses (posteriormente revi- sado para 18 meses), sem alterações no preço de venda. Tal previsão acabou tornando- -se realidade, contudo estamos chegando próximos ao fim da validade da Lei de Moore, pois os engenheiros estão conseguindo criar sistemas que exigem menos recursos dos processadores; além disso, os custos de desenvolvimento de novos materiais e novas soluções estão cada vez mais caros. Mais informações sobre a Lei de Moore podem ser obtidas no Capítulo 1 do livro “Or- ganização estruturada de computadores” (TANENBAUM; AUSTIN, 2013). 3.2.2 Estrutura Como vimos, os componentes principais do hardware são, segundo Tanen- baum e Austin (2013): Unidade Central de Processamento (CPU), memórias e periféricos de entrada e saída. A Unidade Central de Processamento é o componente principal do hardware, pois é responsável pelo processamento das instruções e dados dos programas que são executados no equipamento. Segundo Tanenbaum e Austin (2013), a CPU executa cada instrução que recebe em uma série de pequenas etapas. Ela também é responsável pelo comando e controle dos demais componentes do equipamento, permitindo que eles troquem informações e executem suas tarefas. A CPU, normalmente, é acoplada a uma placa de circuitos que interconecta os demais componentes do equipamento, essa placa é conhecida por placa-mãe (ou mo- therboard). Toda a comunicação entre os componentes do equipamento é feito através da placa-mãe. Vale a pena notar que o uso de CPU não é exclusivo de computadores, mui- tos outros dispositivos que dependem de alguma forma de processamento fazem uso de CPUs. Entre eles podemos citar, por exemplo, os aparelhos de CD, DVD e Blu-ray, que precisam decodificar instruções de áudio e vídeo, e os telefones celulares (smartpho- nes), que hoje, além das funções de telefonia, acumulam as capacidades de processa- mento de um computador. A memória é a parte do computador onde são armazenados programas e da- dos (TANENBAUM; AUSTIN, 2013). Sem uma memória da qual a CPU possa ler e gravar, não seria possível existir computadores digitais com programas armazenados. 46 A unidade básica de memória é o digito binário (bit), que pode conter um 0 ou um 1. O sistema numérico binário requer distinção entre apenas dois valores; des- sa forma, é o método mais confiável para codificar informações digitais (TANENBAUM; AUSTIN, 2013). Existem diversos tipos de memórias, mas uma que está ganhando bastante destaque ultimamente é a memória Flash. Esse tipo de memória permite várias regra- vações de dados e é usada para o armazenamento de dados em uma
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