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O pintor magico

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O Pintor mágico
No alto de uma montanha, em um simples chalé afastado das vilas da região, vivia um Pintor. Acordava bem cedo, antes mesmo do sol brilhar no horizonte, se sentava em um banquinho de madeira e logo começava a pintar suas telas. Se estava de bom humor, começava com cores claras, pintando o céu azul da manhã e as nuvens brancas, se estava de mau humor pintava as nuvens acinzentadas e logo começava a chover lá fora. Porém, não costumava ficar muito tempo mal humorado, então logo trazia a tinta amarela e desenhava o sol, trazendo de volta o calor à região. 
Assim passavam os dias, pintava o cair das folhas das árvores lá fora, o frio do inverno, mas sempre voltava com as flores e cores de primavera. O mundo obedecia seu pincel. 
O Pintor tinha uma vida simples, mas nada lhe faltava, se ficava com fome pintava um fofo e saboroso pão, recém saído do forno. Se ficava com sede, desenhava leite branco e nutritivo, uma vez ou outra quando mais animado desenhava as próprias vacas e ele mesmo se encarregava de tirar o leite.
Pintar era o que amava fazer e pintar era tudo que precisava para viver.
Mas, depois de muito pintar e pintar. Nosso Pintor começou a se sentir sozinho. E um pensamento curioso lhe surgiu à cabeça pela primeira vez. “Como seria ter amigos?”
Então sem refletir muito sobre aquele pensamento, começou a pintar. Pintou uma menina que usava um vestido rodado e amarrava o cabelo com laços de fita, um garoto que tinha o rosto salpicado de sardas e cabelos de cor de fogo. E nem precisou esperar, logo os dois novos amigos já estavam batendo à sua porta, prontos para serem seus companheiros. Aquela noite fora dormir cansado, depois de tanto brincar com seus novos melhores amigos.
Foram felizes por um tempo, mas logo os amigos começaram a ficar exigentes, quando perceberam o poder das pinturas. “Uma casa melhor é necessária, agora que somos três” o menino ruivo pediu. “Casa não, nós merecemos morar em um castelo” a menina do laço de fita argumentou. 
Demorou dias, semanas, meses para que o pintor terminasse de desenhar o castelo da forma que os amigos exigiam, eles queriam um cinza pedroso para as paredes e tinta prata para os detalhes, um grande jardim com fonte e arbustos esculpidos.
Pintar era o que amava fazer e pintar era tudo que precisava para viver.
Com o castelo pronto, os amigos ainda queriam mais. Queriam cavalos e celeiros para eles. Cofres e moedas de ouro para enchê-los. A menina do laço de fita, não queria usar mais um simples vestido rodado, ela queria vestidos longos e luxuosos com pedrarias e queria também jóias, colares e anéis com pedras de esmeralda. O pão fofo recém saído do forno não bastava, era-lhe exigido que pintasse banquetes fartos a cada refeição, muito mais do que três pessoas podiam comer. Não queriam mais brincar com o pintor, na verdade seus amigos não queriam fazer muita coisa, por isso o pintor teve que pintar empregados para o castelo. Cocheiros, mordomos, guardas, muitos serviçais. 
O menino ruivo e a menina de laço de fita já não eram mais amigos, eles agora passam os dias brigando sobre o que o pintor deve pintar primeiro. Ela exigia que suas jóias fossem prioridades nas telas, mas o menino argumentava que precisava de uma espada nova, de prata ornamentada com rubis, e que ela deveria vir primeiro.
Pintar o que amava fazer e pintar era tudo que precisava para viver.
O pintor estava cansado, passava noites e dias pintando, não tinha mais tempo de contemplar suas obras, porque sempre tinha algo novo para fazer. Mal via os amigos, apenas quando eles precisavam de uma nova pintura. Então pintando percebeu o quão triste estava, já não amava tanto assim pintar. Então pela primeira vez pensou em como seria bom ser sozinho novamente. Pensou a noite toda sobre aquele assunto.
Então, antes mesmo de raiar o dia, buscou a tinta branca e começou a jogá-las sobre suas telas sem cuidado algum, de modo veloz, pintando de nada todas suas criações. Apagou o castelo, os cavalos, os criados, os cofres e as jóias. Já era dia quando os amigos perceberam que todo o luxo se fora, tudo que o pintor tinha feito, agora o Pintor apagou. Não puderam fazer muito a respeito. Logo o nada lhe apossou dos seus corpos também e enquanto o Pintor jogava tinta branca em seus desenhos e os dois desapareceram junto a todas outras riquezas.
O Pintor sorriu em felicidade se vendo de volta em seu simples chalé. Cumprimentou o sol pela janela e sentiu um pouco de fome. Pensou em pintar um peixe, mas logo descartou a ideia. Procurou uma antiga vara de pescar que herdara do pai e saiu da cabana rumo ao lago para desta vez pescar seu próprio peixe.

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