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Inadimplemento das Obrigações ● Inadimplemento: ↳ É a falta da prestação devida ou o descumprimento, voluntário ou não, do dever jurídico por parte do devedor. ↳Modos: a) absoluto: obrigação não for cumprida, seja total ou parcialmente, e nem poderá mais ser cumprida, ou seja, a prestação não possui mais utilidade. b) relativo: a obrigação não é cumprida no tempo, local e forma previamente acertados, mas pode ser cumprida em proveito do credor, ou seja, a prestação possui utilidade; nessa hipótese surgirá a mora. ↳ Consequência do inadimplemento: ⇘ Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. → os honorários são os extrajudiciais, ou seja, os que são pagos por quem contratou o advogado; nesse sentido, os honorários só podem ser cobrados quando houver a atuação profissional do advogado. ⇘ Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. ⇘ Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. → a garantia do credor, quanto ao adimplemento da obrigação, é o patrimônio do devedor, que atinge todos os seus bens, exceto os impenhoráveis por lei. ⇘ Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. → contratos benéficos (sem sinalagma): o contratante que se beneficia responde por culpa e o contratante que efetua a prestação só responde em caso de dolo. → contratos onerosos (com sinalagma): cada uma das partes responde por culpa. ⇘ Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. → EXCEÇÕES: a) se as partes convencionaram que o devedor deveria se responsabilizar, mesmo que em caso de caso fortuito ou força maior; b) se o devedor estiver em mora: ⇘ Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. ● Inadimplemento absoluto: ↳ É o total descumprimento da obrigação, pois já é impossível cumprí-la. ➔ espécies: a) fato relativo ao objeto da prestação: ↳ aplica-se nos casos de obrigação de não fazer, obrigação de dar/restituir e obrigação de dar coisa incerta. ↳ o objeto da prestação é analisado e a partir dessa análise, será identificado, ou não, o inadimplemento absoluto. ↳ se houver perda total, o credor poderá reclamar as perdas e danos, em razão do perecimento com culpa do devedor. ↳ se houver a deterioração o credor pode pedir o equivalente + perdas e danos OU receber a coisa no estado em que se encontra + perdas e danos. b) fato relativo ao interesse do credor (inutilidade): ↳ será analisado se a prestação ainda é útil, ou não, ao credor. ↳ é analisada o interesse do credor em receber a prestação, já que a demora pode torná-la inútil para ele. ↳ nesse caso, é preciso que ocorra a perda COMPLETA da necessidade ou utilidade do objeto em razão do descumprimento. ➔ hipóteses de incidência: a) perda ou destruição da prestação: perecimento ou deterioração. b) recusa do devedor em cumprir a prestação: nos casos das obrigações de fazer de natureza infungível, ou seja, obrigações que só podem ser feitas pelo devedor contratado. c) inutilidade da prestação para o credor: d) obrigação de não fazer: só admite inadimplemento absoluto. ⇘ Enunciado 162: “A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor”. ⇘ Enunciado 548: “Caracterizada a violação contratual, incumbe ao devedor o ônus de demonstrar que os fatos causadores do dano não lhe podem ser imputados”. ● Inadimplemento relativo - Mora: ⇘ Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. ↳ Dessa forma, pode-se conceituar mora no cumprimento atrasado da obrigação fora do lugar, da forma e do tempo que foram previamente estabelecidos. ↳ O pressuposto básico é a utilidade do cumprimento da prestação, ou seja, se ela ainda é útil para o credor. ↳ Espécies: a) mora do devedor - mora solvendi: ↳ se aplica à pessoa que tem o dever de realizar a prestação. ↳ é configurada quando o lugar, o tempo e a forma, pré estabelecidos, não forem cumpridos por sua culpa. ⇘ Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. ↳ Espécies: ➔ mora ex re ou automática: ↳ a obrigação já é positiva, líquida e possui um termo, por isso, a mora é automática, decorrendo da própria lei. ⇘ Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. ⇘ Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. ➔ mora ex persona ou pendente: ↳ acontece nos casos em que não foi estipulado um termo, ou seja, não foi determinado um prazo para o cumprimento da obrigação. ↳ nesses casos, o devedor deve ser notificado do prazo, para que a partir do inadimplemento ele seja constituído em mora. ⇘ Art. 397. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. ↳ Requisitos: ➔ exigibilidade imediata da obrigação: ↳ ao se ter uma dívida líquida, positiva e vencida ela pode ser exigida imediatamente, caracterizando a incidência da mora. ➔ inexecução total ou parcial da obrigação por culpa do devedor: ↳ devedor descumpriu um ou todos os requisitos da obrigação (tempo, lugar e forma). ➔ interpelação judicial ou extrajudicial do devedor, se a dívida não possuir termo: ↳ nesses casos, é necessário que o credor provoque o devedor para que este seja constituído em mora. ⇘ Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. → para afastar a mora, o devedor deve provar que o fato não lhe pode ser atribuído. ↳ Efeitos: ➔ responsabilidade do devedor pelos prejuízos causados: ↳ o devedor em mora responde por todas as consequências provenientes do seu atraso (princípio da perpetuação da obrigação). ➔ exigência de perdas e danos em razão da rejeição da prestação: ↳ se a prestação for INÚTIL ao credor, ele pode exigir as perdas e danos caso esteja em resolução contratual. ↳ a rejeição será avaliada de forma objetiva, avaliando os critérios da boa-fé ➔ responsabilidade do devedor peça impossibilidade da prestação, mesmo se decorrer de caso fortuito ou força maior: ↳ exceção à regra. ↳ se a situação - caso fortuito ou força maior - ocorrer durante o período da mora, enquanto ela (mora) persistir haverá a responsabilidade do devedor. ↳ porém, o devedor pode sim provar a isenção de culpa → que ele não estava em mora ou que o dano ainda existiria mesmo que tivesse cumprido a obrigação corretamente. ⇘ Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. ● PURGAÇÃO da mora:⇘ Art. 401. Purga-se a mora: I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta; II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. ↳ afastar/neutralizar os efeitos do inadimplemento parcial. ↳ por uma atitude voluntária, o devedor faz com que o estado de atraso desapareça - cumprindo a obrigação (desde que ainda seja útil ao credor) -, buscando normalizar a situação. ↳ além disso, ainda responde por todas as penalidades e arca com todos os prejuízos causados. ↳ possui efeitos ex nunc, ou seja, não retroagem. ↳ a mora pode ser purgada tanto pelo devedor como pelo credor. ● CESSAÇÃO da mora: ↳ a cessação extingue os efeitos pretéritos e futuros da mora. ↳ a mora desaparece com a intenção de liberar o devedor do atraso, dessa forma a obrigação e extingue com a novação, remissão ou renúncia (formas alternativas de cumprir a obrigação). ↳ nessa modalidade, as duas partes da obrigação participam. b) mora do credor - mora accipiens: ↳ se aplica à pessoa que tem o direito de exigir e receber a prestação. ⇘ Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. ↳ a mora do credor acontece quando ele se recusa a receber a prestação sem motivo algum. ↳ isso quer dizer que: o devedor cumpriu todos os requisitos da obrigação, mas o credor - sem fundamentação - se recusa a receber. ↳ essa modalidade também acontece quando o credor exige que o pagamento seja feito de forma diversa da que foi ajustada. ↳ Requisitos: ➔ oferta do devedor deve ser real: ↳ devedor entrega o que se comprometeu a fazer/entregar. ➔ recusa deve ser injustificada: ↳ credor não justifica a sua recusa. ↳ Efeitos: ⇘ Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. ➔ liberação do devedor da responsabilidade de conservar a coisa; ➔ ressarcimento das despesas empenhadas pelo devedor para a conservação da coisa, durante o período de mora; ➔ reajuste de valor favorável ao devedor, caso haja variação. c) mora decorrente de ato ilícito: ⇘ Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. ● Violação positiva do contrato: ↳ Espécie autônoma de inadimplemento. ↳ Adimplemento da obrigação acontece, mas de forma insatisfatória. ↳ A obrigação principal foi cumprida, mas os deveres secundários/anexos não foram observados. ↳ Essa modalidade afasta a análise de culpa, basta a inobservância dos deveres anexos. ↳ Para que a violação seja caracterizada, basta que a parte lesada demonstre o descumprimento desses deveres. ⇘ Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. ↳ Enunciado 24 JDC: “Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do Novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.” ↳ Enunciado 363 JDC: “Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas demonstrar a existência da violação”. ● Perdas e Danos: ↳ Principal consequência do inadimplemento absoluto. ↳ Dano é a deterioramento econômico ou moral. ↳ É dividido em dois tipos: a) material ou patrimonial: quando o ataque se dirige ao bem material, ou seja, toda vez que alguém sofrer uma diminuição no patrimônio, por exemplo, estará diante de um prejuízo material. ↳ por ser dano material é indenizável por si só. ⇘ Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. b) imaterial ou moral: quando o ataque se dirige ao bem imaterial, ou seja, quando a vítima do ato ilícito sofre uma dor considerável. ↳ sendo o dano moral, é preciso que os direitos da personalidade sejam agredidos. ⇘ Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ⇘ Art. 5º X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; ⇘ Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. → o que o credor efetivamente perdeu é chamado de danos emergenciais ou danos positivos. → o qu o credor deixou de lucrar é chamado de lucros cessantes ou danos negativos. ⇘ Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. → não é possível exigir a reparação de um lucro hipotético. ⇘ Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. ⇘ Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. ● Juros: ↳ É um pagamento que decorre da utilização do capital de outra pessoa. ↳ São frutos civis. ↳ Se dividem em duas espécies: 1) Juros Compensatórios ou Remuneratórios: ↳ decorrem da compensação do uso, consentido, do capital alheio. ↳ acontecem nos casos de inadimplemento absoluto ou em financiamentos. ↳ em regra, é definido e previsto no contrato, caso contrário será fixado pela lei. ⇘ Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual. 2) Juros Moratórios: ↳ decorrem do atraso no adimplemento da prestação devida. ↳ é uma forma de “punir” o devedor inadimplente. ↳ também podem estar previstos no contrato ou serem definidos pela lei. ⇘ Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. ↳ acontecem nos casos de inadimplemento parcial. ↳ são devidos desde a constituição em mora, não dependendo de prova do prejuízo. ⇘ Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes. ↳ Além dessas duas divisões, os juros também podem ser classificados em: 1) Convencionais: ↳ são estabelecidos pelas partes no contrato. ↳ decorrem da autonomia privada. 2) Legais: ↳ acontece quando as partes não convencionam os juros no contrato. ↳ mesmo que não estejam previstos no instrumento negocial, eles ainda são devidos, com força da lei. ➔ discussão doutrinária: ↳ existe uma discussão doutrinária e jurisprudencial acerca de qual seria a taxa a ser aplicada em casos de juros legais. ↳ alguns autores defendem que deveria ser a taxa selic e outros defendem a inconstitucionalidade desse argumento. ↳ com isso, a maioria da doutrina se baseia no Enunciado a seguir: ⇘ Enunciado 20 da IJDC: “A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, um por centoao mês.” ⇘ Art. 161. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. ➔ limites dos juros convencionais: ⇘ Lei de Usura ⇘ Súmula 596 STF: ” As disposições do Decreto 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional.” ⇘ Súmula 283 STJ: “As empresas administradores de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura.” Cláusula Penal ● Conceito: ↳ Também é chamada de multa contratual ou pena convencional. ↳ É uma penalidade de natureza civil, imposta pela inexecução parcial ou total de um dever patrimonial assumido. ↳ É pactuada pelas partes, no contrato, em caso de violação da obrigação. ↳ É uma obrigação acessória, que tem como finalidade garantir o cumprimento da obrigação principal, além de de fixar, de forma antecipada, o valor das perdas e danos em caso de descumprimento. ⇘ Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. ↳ A Cláusula Penal está condicionada a um evento futuro e incerto. ⇘ Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora. ● Classificação: 1) Multa moratória (indenização complementar): ↳ em casos de mora ou inadimplemento parcial. ↳ obrigação principal + multa. ⇘ Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d22626.htm#:~:text=%C3%89%20considerado%20delito%20de%20usura,no%20respectivo%20t%C3%ADtulo%20ou%20instrumento. 2) Multa Compensatória (indenização substitutiva) ↳ em casos de inadimplemento total. ↳ obrigação principal OU multa. ⇘ Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. ● Requisitos: 1) Existência de uma obrigação principal: ↳ Essa obrigação principal precisa existir antes do fato que motiva a aplicação da cláusula, nesse caso o inadimplemento. 2) Inexecução total da obrigação: ↳ Em casos de Cláusula Penal Compensatória, para que seja exigida. 3) Constituição em mora: ↳ Nos casos de Cláusula Penal Moratória. a) se existe um prazo para o adimplemento da obrigação, o descumprimento constitui o devedor em mora, dessa forma a pena pode ser exigida desde logo. b) se não há prazo, o credor deve constituir o credor em mora por meio de interpelação judicial, sujeitando o devedora aos efeitos da Cláusula. 4) Imputabilidade do devedor: ↳ Se o inadimplemento se deu por caso fortuito ou força maior, a obrigação será extinta, juntamente com a Cláusula Penal. ● Funções: ↳ Possui função ambivalente. a) função coercitiva, para intimidar o devedor a cumprir a obrigação principal, sob pna de precisar arcar com a obrigação acessória. b) função de ressarcimento, prefixando as perdas e danos em casos de inadimplemento. ● Caracteres: 1) Acessoriedade: ↳ Já que a Cláusula Penal é uma obrigação acessória. 2) Condicionalidade: ↳ O dever de pagar o instituto está subordinado a um evento futuro e incerto. 3) Compulsoriedade: ↳ As partes, prevêm de forma antecipada a possibilidade de inadimplemento. ↳ Com isso, o devedor é constrangido a cumprir a obrigação principal. 4) Subsidiariedade: ↳ Substitui a obrigação principal não cumprida por culpa do devedor, salvo nas hipóteses de pena moratória. 5) Ressarcibilidade: ↳ Constitui uma liquidação prévia das perdas e danos, que o devedor irá assumir em caso de inadimplemento. 6) Imutabilidade Relativa: ⇘ Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. ● Efeitos: 1) Exigibilidade de pleno direito: ↳ O credor não precisa provar que foi prejudicada pela inexecução culposa da obrigação. ⇘ Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 2) Demonstração do inadimplemento e constituição em mora: ↳ São as únicas coisas que o credor deve provar. ↳ Se o caso fortuito ou força maior por imputado ao devedor, ele responderá pela incidência de Cláusula Penal. 3) Escolha do credor: ↳ O credor pode optar pela execução da prestação ou pela Cláusula Penal, salvo as exceções. ↳ Acontece nos casos da Cláusula Penal Compensatória. ↳ Nessas situações, se o prejuízo causado for maior que a pena convencional, não será possível exigir perdas e danos (indenização suplementar). ⇘ Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. 4) Obrigações Divisíveis: ⇘ Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação. 5) Obrigações Indivisíveis: ⇘ Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena. Arras ou Sinal ● Conceito: ↳ É uma quantia em dinheiro ou bem móvel que é entregue por um dos contratantes ao outro. ↳ Funciona como uma confirmação do acordo. ↳ Tem como finalidade garantir o cumprimento da obrigação principal e fixar previamente as perdas e danos em caso de desistência ou arrependimento. ↳ O simples acordo não caracteriza o instituto, dependendo da entrega do bem para a sua eficácia. ● Natureza Jurídica: ↳ Cabe apenas nos contratos bilaterais. ↳ Não existem por si só, dependem do contrato principal. ↳ Dessa forma, conclui-se que possui natureza acessória. ↳ Possui também caráter real, já que é aperfeiçoada com a entrega do dinheiro ou coisa móvel. ● Função: ↳ Possui tríplice função. a) confirma o contrato, o tornando obrigatório. b) serve como fixação prévia das perdas e dano, quando o direito de arrependimento estiver fixado. c) também serve como começo de pagamento. ↳ constitui o princípio do pagamento quando a coisa entregue é parte ou parcela do objeto de contrato. ⇘ Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal. ● Espécies: 1) Arras Confirmatórias: ↳ Quando prestadas marcam o início da execução do contrato, firmando a obrigação que foi pactuada. ↳ Também são chamadas de sinal ou entrada. ↳ Funcionam como garantia e reforço da obrigação principal e do princípio de pagamento. ↳ São consideradas como adiantamento do preço que foi previamente estabelecido ↳ Exemplo: João vende um carro por R$ 300.000,00 para Mário, que lhe entrega como sinal o valor de R$100.000,00. No dia convencionado para a entrega do carro, Mário entrega os R$200.000,00 que faltavam. ➔ consequências da inexecução da obrigação: ⇘ Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualizaçãomonetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. ⇘ Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. a) se a parte inocente foi quem recebeu a arras, poderá reter o valor como antecipação da indenização pelo descumprimento. b) se a parte inocente foi quem deu a arras, poderá exigir a devolução do valor. 2) Arras Penitenciais: ↳ Quando estipuladas, garantem o direito de arrependimento e possuem um função unicamente indenizatória. ↳ O arrependimento é a desistência do contrato por uma das partes. ↳ Exercido o arrependimento, não haverá direito a indenização suplementar. ↳ A parte que se arrepender deverá responder pelas perdas e danos, fixadas previamente. ↳ Serve como uma autoexecutoriedade. ↳ Isso porque a parte inocente pode resolver o contrato sem recorrer à justiça. ↳ Nessa situação, a arras constitui o valor máximo da indenização, sem possibilidade cumulativa com perdas e danos ou indenização suplementar. ⇘ Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
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