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Indaial – 2021
Teologia
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Prof. Teri Roberto Guérios
2a Edição
inTrodução à
Elaboração:
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Prof. Teri Roberto Guérios
Copyright © UNIASSELVI 2021
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
J95i
Junkes, Jairo Demm
Introdução à teologia. / Jairo Demm Junkes; Rafael Garcia dos 
Santos; Teri Roberto Guérios. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
175 p.; il.
ISBN 978-65-5663-578-1
ISBN Digital 978-65-5663-577-4
1. Teologia - Estudo e ensino. - Brasil. I. Junkes, Jairo Demm. II. 
Santos, Rafael Garcia dos. III. Guérios, Teri Roberto. IV. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
CDD 211
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático de Introdução à teologia. Ao 
longo do curso de teologia, em geral, o foco é proporcionar a formação sólida, para que 
o profissional, no exercício de seu ofício, seja capaz de se deparar com uma série de 
situações, que não necessariamente são perceptíveis em outros ramos de atuação. 
Na Unidade 1, abordaremos a origem da teologia, tendo a possibilidade de 
conhecer um pouco do percurso histórico que deu origem ao campo teológico, com 
ênfase na interpretação cristã. Também será possível compreender mais sobre a 
natureza dos estudos teológicos, bem como as definições próprias desse universo de 
conhecimento, além das divisões da teologia, seu escopo interpretativo e a função a 
qual a teologia se destina.
Na Unidade 2, um elemento central é a relação entre a Teologia e a Filosofia. Nessa 
direção, será possível conhecer o contexto do pensamento filosófico grego e sua relação 
com o contexto pensamento cristão, tendo como grande nome Agostinho de Hipona. Ainda 
veremos como a racionalidade cristã permite a ocorrência de transformações internas, as 
reformas, sendo igualmente oportuno o contexto da Teologia Contemporânea, compreen-
dendo a relação de uma teologia historicamente construída com o mundo contemporâneo.
Na Unidade 3, compreenderemos como as escrituras se relacionam com o 
contexto teológico com as possibilidades interpretativas do contexto cristão, sendo 
relevante explorarmos o contexto cultural de momentos da história em que a teologia 
foi indispensável nas relações humanas em sociedade. Dessa forma, conheceremos 
alguns povos que tiveram uma grande representação na construção do conhecimento 
teológico, finalizando com as visões advindas do contexto profético, a fim de entendermos 
um pouco mais desse fascinante elemento da fé cristã.
O objetivo deste livro e da disciplina não é transformar o acadêmico no maior 
especialista do contexto teológico, mas proporcionar uma noção geral da Teologia, provo-
cando-o a buscar conhecer cada vez mais sobre a área. Esperamos que seja uma leitura 
enriquecedora a respeito dos diversos contextos que são as bases teológicas que co-
nhecemos na contemporaneidade, bem como no sentido de levar à reflexão desse tema. 
É uma grande satisfação participarmos de sua formação acadêmica e esperamos 
que este livro seja uma motivação fascinante para a sua busca do saber!
Bons estudos!
Prof. Jairo Demm Junkes
Prof. Rafael Garcia dos Santos
Prof. Teri Roberto Guérios
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - OS ELEMENTOS A TRANSFORMAÇÃO DA TEOLOGIA OCIDENTAL ................ 1
TÓPICO 1 - ORIGEM DA TEOLOGIA ........................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 A ORIGEM DO CONCEITO DE TEOLOGIA ............................................................................3
3 PLATÃO ................................................................................................................................5
3.1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS E AS IDEIAS DE SÓCRATES QUE CONTRIBUÍRAM PARA 
 A CONSTRUÇÃO DA TEORIA PLATÔNICA DO MUNDO DAS IDEIAS........................................... 5
3.2 PLATÃO: MUNDO DAS IDEIAS (OU TEORIA DAS FORMAS) ..........................................................7
4 ARISTÓTELES .....................................................................................................................8
4.1 O MOTOR IMÓVEL DE ARISTÓTELES ................................................................................................. 9
4.2 FILOSOFIA GREGA NA EUROPA CRISTÃ ........................................................................................ 10
5 PATRÍSTICA .......................................................................................................................105.1 SANTO AGOSTINHO .............................................................................................................................. 11
6 ESCOLÁSTICA ................................................................................................................... 12
7 VII PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA NO ADVENTO DA METAFÍSICA RELIGIOSA CRISTÃ .........14
8 A TEOLOGIA ANTES DE CRISTO ....................................................................................... 17
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 21
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 22
TÓPICO 2 - NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO TEOLÓGICO ................................... 25
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25
2 A TEOLOGIA COMO CIÊNCIA............................................................................................ 25
2.1 TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIA ....................................................................................................28
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 32
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 - FUNÇÕES E DIVISÕES TEOLÓGICAS .............................................................. 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35
2 A FUNÇÃO DA TEOLOGIA ................................................................................................. 35
3 AS DIVISÕES DA TEOLOGIA ............................................................................................ 38
3.1 TEOLOGIA BÍBLICA ..............................................................................................................................39
3.2 ENFOQUES E RECURSOS DA BÍBLIA ............................................................................................ 40
3.3 TEOLOGIA PRÁTICA E SEU ENFOQUE ........................................................................................... 41
3.4 TEOLOGIA HISTÓRICA ........................................................................................................................42
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 43
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 45
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................47
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49
UNIDADE 2 — RAZÃO FILOSÓFICA DA TEOLOGIA ............................................................. 51
TÓPICO 1 — A FILOSOFIA TEOLÓGICA MEDIEVAL ............................................................. 53
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 53
2 HELENISMO ...................................................................................................................... 53
3 PATRÍSTICA ...................................................................................................................... 56
3.1 ORÍGENES ..............................................................................................................................................58
3.2 TERTULIANO ........................................................................................................................................59
3.3 SANTO AGOSTINHO ...........................................................................................................................60
4 AS DIVISÕES DA ESCOLÁSTICA ..................................................................................... 63
4.1 PRÉ-ESCOLÁSTICA (PRÉ-TOMISTA) ...............................................................................................64
4.1.1 Duns Scoto (1265-1308) ...........................................................................................................65
4.1.2 Santo Anselmo ...........................................................................................................................66
4.2 ESCOLÁSTICA (TOMISTA) ................................................................................................................. 67
4.2.1 São Tomás de Aquino ............................................................................................................... 67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................72
TÓPICO 2 - REFLEXÕES DA REFORMA ...............................................................................75
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................75
2 A REFORMA .......................................................................................................................75
2.1 AS CONSEQUÊNCIAS HISTÓRICAS DA REFORMA PROTESTANTE .......................................... 76
3 AS MUDANÇAS SOCIAIS E POLÍTICAS PRODUZIDAS PELA REFORMA ........................ 77
3.1 UMA NOVA REFLEXÃO SOBRE A TEOLOGIA E A VIDA CRISTÃ .................................................78
3.2 A RESSIGNIFICAÇÃO DA FÉ EM LUTERO .................................................................................... 80
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................81
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 - A TEOLOGIA DA CONTEMPORANEIDADE ....................................................... 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93
2 TEÓLOGOS CONTEMPORÂNEOS ......................................................................................95
2.1 FRIEDRICH SCHLEIERMACHER (1768-1834) ................................................................................95
2.2 PAUL JOHANNES TILLICH (1866-1965) ........................................................................................96
2.3 RUDOLF BULTMANN (1884-1976) ...................................................................................................98
2.4 KARL BARTH (1886-1968) .............................................................................................................100
3 VERTENTES TEOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS ..........................................................102
3.1 TEOLOGIA LIBERAL ...........................................................................................................................103
3.2 TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO ............................................................................................................104
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................106
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................107
RESUMO DO TÓPICO3 .......................................................................................................109
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 112
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 114
UNIDADE 3 — A RELAÇÃO ENTRE A TEOLOGIA E AS ESCRITURAS .................................117
TÓPICO 1 — A RELAÇÃO ENTRE A TEOLOGIA E AS ESCRITURAS ................................... 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 119
2 OS PROFETAS E OS APÓSTOLOS ...................................................................................120
3 A VIDA DE JESUS ............................................................................................................123
4 VIVENDO A TEOLOGIA EVANGÉLICA .............................................................................125
5 PERIGOS QUE RONDAM A TEOLOGIA EVANGÉLICA .....................................................132
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................136
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 137
TÓPICO 2 - OS POVOS E CULTURAS DE RELEVÂNCIA TEOLÓGICA ................................ 141
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141
2 ANTIGUIDADE ORIENTAL ...............................................................................................142
2.1 CIVILIZAÇÃO/CULTURA EGÍPCIA ................................................................................................... 142
2.2 CIVILIZAÇÃO/CULTURA MESOPOTÂMICA ...................................................................................144
2.3 CIVILIZAÇÃO/CULTURA HEBRAICA ............................................................................................. 145
2.4 CIVILIZAÇÃO/CULTURA FENÍCIA .................................................................................................. 147
2.5 CIVILIZAÇÃO/CULTURA PERSA ....................................................................................................148
3 ANTIGUIDADE CLÁSSICA ...............................................................................................149
3.1 CIVILIZAÇÃO/CULTURA GREGA ..................................................................................................... 149
3.1.1 Esparta e Atenas ...................................................................................................................... 149
3.1.2 Grécia Clássica .........................................................................................................................150
4 CIVILIZAÇÃO/CULTURA ROMANA ................................................................................. 151
4.1 EXPANSÃO ROMANA .........................................................................................................................151
4.2 O IMPÉRIO ROMANO ........................................................................................................................ 152
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................154
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................155
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................156
TÓPICO 3 - AS VISÕES PROFÉTICA DOS ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS....................159
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................159
2 AS PROFECIAS ................................................................................................................160
3 PROFECIAS NO ANTIGO TESTAMENTO ......................................................................... 161
4 PROFECIAS NO NOVO TESTAMENTO .............................................................................163
5 CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS ..................................................................................165
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 167
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................170
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 172
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 174
1
UNIDADE 1 - 
OS ELEMENTOS A 
TRANSFORMAÇÃO DA 
TEOLOGIA OCIDENTAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o contexto de origem da teologia e das civilizações antigas até o 
advento do cristianismo;
• conhecer alguns pensadores que dão à teologia o contexto que se conhece na 
contemporaneidade;
• entender a relação entre a teologia e outras áreas do conhecimento, como a Filosofia, 
bem como a atividade teológica realizada de maneira científica;
• estudar os recursos e a divisão estrutural dos textos bíblicos.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ORIGEM DA TEOLOGIA
TÓPICO 2 – NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO TEOLÓGICO 
TÓPICO 3 – FUNÇÕES E DIVISÕES TEOLÓGICAS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
ORIGEM DA TEOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos o conceito de teologia, com a finalidade de 
compreendermos melhor tal conceito, percorreremos o contexto histórico da sua 
origem. A formação de um teólogo tem como interesse uma interpretação ampla do 
universo teológico, bem como toda uma caminhada que fez com que se chegasse ao 
que se conhece na contemporaneidade como teologia.
A relação do sujeito com o sagrado remonta a milênios da história da humanidade, 
datada desde os primeiros registros escritos, em placas de argila, conhecidos como 
escrita cuneiforme. À medida que a humanidade conseguiu compreender com mais 
clareza o mundo ao seu redor, também passou a ocorrer algo que podemos chamar, 
para fins didáticos e sem conotação pejorativa, de uma maturidade espiritual.
Essa caminhada de milênios fez com que se configurasse todo um universo 
de concepção racional e espiritual, que gerou a interpretação que temos na 
contemporaneidade. Nesse sentido, esta unidade busca dar um panorama de todo 
esse complexo contexto, em que os estudos sugerem uma busca cada vez maior de 
conhecimentos, visto que, apesar do esforço de dar uma interpretação introdutória 
consistente, se pode deduzir que ainda há muito mais por se conhecer.
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 A ORIGEM DO CONCEITO DE TEOLOGIA
A palavra teologia é formada por termos advindos do latim (Theologia) e também 
do grego (Theologos, em que theos significa “deus” e logia ou logos, “estudo”), sendo 
entendida como um estudo sobre a existência de Deus, das questões referentes ao 
conhecimento da divindade, assim como de sua relação com o mundo e com os homens.
A palavra teologia não tem sua origem no mundo cristão; já na Grécia clássica, 
encontramos esse termo ligado à filosofia. A conceituação do termo teologia surgiu, 
pela primeira vez, no pensamento grego, no famoso livro A República, do filósofo grego 
Platão, o qual fez referência à compreensão da natureza divina por meio da razão, em 
oposição à compreensãoliterária própria da poesia grega.
A filosofia de Platão adquiriu força e espalhou-se pela Europa graças ao 
Império Romano e aos padres cristãos, que, após sorverem avidamente as ideias de 
Platão, fundindo-as com o cristianismo, num período histórico da filosofia chamado de 
4
Helenismo, caracterizado pela fusão e harmonização dos pensamentos greco-romano 
e judaico-cristão. Assim, surgiu o movimento chamado de Patrística, no qual o seu mais 
eminente representante foi Santo Agostinho.
Aliás, a Teoria da Formas de Platão serviu de maneira perfeita para que os 
vindouros filósofos cristãos medievais a adaptassem à ideia de céu, de Deus e das almas 
que habitam o paraíso, como veremos mais adiante.
Posteriormente, com a invasão dos árabes na Península Ibérica, as ideias 
de Aristóteles, preservadas e trazidas por eles, popularizaram-se na Europa. Nesse 
ambiente, Tomás de Aquino, padre católico dominicano italiano do século XIII, erigiu 
sua portentosa filosofia. Em sua obra mais famosa, a Suma Teológica, Aquino, imbuído 
da concepção bíblica de Deus como criador do Universo, e tendo ele profundo 
conhecimento da filosofia de Aristóteles, simplesmente reinterpretou a concepção 
aristotélica de Motor Imóvel como sendo este motor o Deus Judaico-Cristão, como 
também será visto mais adiante.
Aristóteles não usou o termo teologia ou debateu sua origem de maneira direta, 
mas, valendo-se de suas conceituações filosóficas e atinentes ao, por ele, definido Motor 
Imóvel, permitiu que os vindouros filósofos medievais, como Tomás de Aquino, o mais 
eminente escolástico, erigissem sua Filosofia baseada na fé cristã e calcada em um 
Deus único e criador de tudo.
FIGURA 1 – O MOTOR IMÓVEL
FONTE: <https://bit.ly/3psZjAE>. Acesso em: 15 set. 2020.
 Assim, é possível entendermos que teologia não é estudar as religiões ou 
a história das religiões, pois elas se referem à tradição religiosa ou à fé a partir da 
perspectiva de alguém; a teologia busca definir Deus e sua expressão na fé pessoal 
desde uma perspectiva interna.
5
3 PLATÃO
Platão foi um filósofo grego, discípulo de Sócrates, fundador da Academia 
Platônica e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido 
Arístocles, sendo Platão um apelido que, provavelmente, fazia referência a sua 
característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla 
capacidade intelectual de tratar de diferentes temas.
Platão ocupou-se de vários temas, como ética, política e teoria do conhecimento. 
Por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a 
morte deste. Platão também é considerado o pai da Metafísica, devido à conceituação 
conhecida como Mundo das Ideias ou Teoria das Formas, a qual erigiu numa tentativa 
de conectar ideias advindas de filósofos pré-socráticos com outras ideias advindas de 
seu mestre Sócrates.
Em viagens em terras fora da Grécia, buscou implantar seus ideais políticos, 
mas não obteve sucesso. Então, retornou à Atenas, onde fundou a Academia Platônica, 
instituição que logo adquiriu prestígio e foi procurada por muitos jovens e, até mesmo, 
homens ilustres, a fim de debater ideias. Seu aluno mais conhecido foi Aristóteles; Platão 
permaneceu na direção da Academia até a sua morte.
FIGURA 2 – PLATÃO (NASCIDO EM ATENAS EM 428/427 A.C., FALECIDO EM ATENAS EM 348/347 A.C.)
FONTE: <https://bit.ly/3zaTXOM>. Acesso em: 6 set. 2020.
3.1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS E AS IDEIAS DE SÓCRATES 
QUE CONTRIBUÍRAM PARA A CONSTRUÇÃO DA TEORIA 
PLATÔNICA DO MUNDO DAS IDEIAS
Para explicar a Teoria das Formas ou Mundo das Ideias, como concebido por 
Platão, deve-se revisitar as teorias de outros filósofos que o precederam. Sobre os 
conceitos erguidos por filósofos anteriores, Platão conseguiu se apossar e combinar 
essas teorias, para moldar a sua famosa teoria Metafísica do Mundo das Ideias.
6
Por exemplo, seu melhor amigo de infância, por acaso, cruzou o seu caminho 
após dez anos, mas você o reconheceu, mais gordo ou magro, alto ou baixo; 
a essência do seu amigo, a qual você conheceu, em linhas gerais, é a mesma – 
portanto, você o reconhece. Assim, o ser é, não interessando o que virá a ser.
GIO
Alguns dos filósofos que inspiraram Platão foram:
• Parmênides, filósofo grego pré-socrático natural da cidade de Eleia, que viveu entre 
530 e 460 a.C. Foi o autor da conhecida frase “o ser é, o não ser não é”, o que o tornou 
o primeiro pré-socrático a intuir a natureza das nossas percepções a respeito das 
coisas humanas, visto que os filósofos pré-socráticos, até então, haviam filosofado 
apenas sobre coisas do mundo (ou physis, a palavra para Mundo, em grego). Essa 
famosa frase basicamente condensa a ideia da capacidade humana de conhecer. 
Assim, ele quis dizer que o que importa é o conhecimento básico e essencial que 
temos a respeito de algo, não interessando como esse algo foi ou virá a ser. Nosso 
conhecimento se apoia na essência da coisa (para os gregos, a coisa, cada coisa ou 
objeto ou corpo é um ser). 
• Heráclito, também filósofo grego pré-socrático da cidade de Éfeso, viveu entre 500 e 
450 a.C. e foi o autor da conhecida ideia de que “a gente nunca entra duas vezes no 
mesmo rio, pois nós e o rio estamos em constante mudança”. Ele afirmou que o mundo 
está em constante devir (ou vir a ser). Ou não conseguimos conhecer verdadeiramen-
te o ser, pois este está em constante vir a ser. Portanto, ele defendia que o conheci-
mento absoluto das coisas jamais seria alcançado. Por exemplo, após o dia da compra 
de um carro, no dia seguinte, valendo-se da conceituação de Heráclito, esse carro não 
seria o mesmo do dia em que foi comprado; ele estará mais sujo e desgastado. Assim, 
dizia Heráclito, todo o mundo e tudo nele. A cada fração de tempo, as coisas deixam 
de ser como eram e adquirem uma nova realidade, mas que imediatamente também 
muda. Tudo muda pela ação física, química e biológica do universo. Portanto, o ser não 
nos é possível de ser conhecido e alcançado, pois tudo está em vir a ser.
• Sócrates viveu entre 496 e 399 a.C. Também conceituando sobre a capacidade 
do homem conhecer, defendia a ideia de que, em vez de nos preocuparmos com 
a apresentação geral de um problema, como a ética, por exemplo, deveríamos 
nos centrar na essência da ideia que constrói esse problema. Por exemplo, 
quando pensamos sobre o que fazemos para sermos felizes, inúmeras respostas 
encontramos. Mas, essencialmente, o que podemos fazer na busca da felicidade 
(em grego, eudaimonia)? Poder ou riqueza, ou bens materiais, ou reconhecimento. 
Inúmeras respostas seriam possíveis, mas Sócrates, buscando a essência do 
conceito felicidade, define que esta só é atingida ao se ter uma vida virtuosa. 
7
Somente pelas virtudes e cultivando-as, qualquer homem, seja rico ou pobre, preto 
ou branco, qualquer tipo de vida, só gerará uma pessoa completa se ela o conduzir, 
por meio das virtudes, para a felicidade. Ainda exemplificando e usando exemplos 
mais conhecidos, outros famosos questionamentos de Sócrates foram “O que é o 
bem? O que é o belo?”, que remetem ao centro do pensamento socrático. Claro que 
sabemos definir o que é belo ou bem, mas o que, em comum, nossas definições 
têm? Em geral, o bem é ajudar aos necessitados e ser justo com todos, mas o que 
existe de comum nesses “bens”? Sócrates, buscando a essência das coisas, definiu 
que a essência do bem é a realização de algo que culmine em gerar a felicidade.
3.2 PLATÃO: MUNDO DAS IDEIAS (OU TEORIA DAS FORMAS)
De posse das concepções advindas dos dois pré-socráticos supracitados mais 
a busca das essências advindas de Sócrates, e ciente de que, apesar de todas estarem 
corretas, e, em certo grau, até mesmo se contradizerem, Platão conceituou o chamado 
Mundo das Ideias, Teoria das Ideias ou Teoria das Formas, que o tornou o fundador da 
Metafísica (apesar de este nome ter surgido apenas cinco séculos após Platão).
No Livro XII da obra A República, Platão expos a sua ideia de como aprendemos as 
coisas, explicandode que maneira, para ele, o ser humano é capaz de aprender. Para Platão, 
nosso espírito existia num plano acima deste em que estamos, onde o espírito existia e tinha 
contato com toda e qualquer forma ou ideia ou conhecimento existente no mundo. Nesse 
plano em que o espírito se encontrava, as formas ou ideias de todas as coisas do mundo 
são perfeitas. Quando estamos prontos para o nascimento, o espírito encarna trazendo toda 
essa carga de conhecimento. Entretanto, ao nascermos, não nos lembramos de nada; nas-
cemos como um papel em branco. Conforme somos colocados diante das coisas e das ex-
periências da vida e do mundo, nos lembramos paulatinamente de tudo, ao que entendemos 
como “conhecer”. Tudo de real ou irreal que conhecemos já nos era conhecido previamente, 
mas na sua forma perfeita. No nosso mundo, porém, as coisas não estão nunca na sua for-
ma perfeita; o que captamos, com nossos sentidos, são as formas imperfeitas. Essa cons-
trução teórica de Platão consegue somar a ideia de ser, de Parmênides, de vir a ser e as 
imperfeições deste, de Heráclito, e ainda o conceito das essências das coisas, de Sócrates.
FIGURA 3 – O MITO DA CAVERNA
FONTE: <https://bit.ly/3psrdNb>. Acesso em: 10 set. 2020.
8
Portanto, podemos deduzir que, para Platão, nascemos com todo o arcabouço 
do conhecimento, de forma inata, mas inconscientes disso. Sob a égide da Teoria do 
Conhecimento, Platão é chamado de inatista (ou racionalista).
A alegoria da caverna pode ajudar a demonstrar isso: em uma caverna 
profunda, com uma única abertura para o mundo exterior e por onde a 
luz do sol passa, sentado no fundo dessa caverna, acorrentados de costas 
para a entrada e de frente para o fundo, existe um grupo de homens, 
que sempre esteve assim, sendo a única realidade deles a 
projeção das sombras das coisas que passavam pela abertura da 
caverna, que se delineavam no fundo. Portanto, qualquer ideia sobre as 
coisas do mundo se faria pelas suas formas projetadas no fundo da caverna. 
Por exemplo, esses homens não conheciam um cavalo real, mas, por cavalo, 
entendiam a sombra projetada no fundo da caverna. A ideia de cavalo, para eles, 
é essa sombra, pois é apenas isso que eles conhecem. Entretanto, um dia um 
desses homens conseguiu escapar das correntes e dos grilhões que o prendiam 
e saiu da caverna. Lá fora, ele ficou maravilhado, ao descobrir que o mundo 
que eles conheciam era apenas uma projeção da realidade, e a realidade 
é muito mais complexa e linda. Ele resolveu voltar e contar para os outros 
homens que ainda estavam acorrentados. Quando retornou e contou aos seus 
companheiros que o mundo deles é apenas uma projeção da realidade, os 
outros não acreditaram. A história continua, mas, até aqui, já temos elementos 
suficientes para elucidar o que essa maravilhosa estória nos ensina.
Através dessa alegoria do Mundo das Formas, Platão conseguiu juntar tanto 
Parmênides e seu “ser é, não ser não é”, Heráclito e seu “devir” ou “vir a 
ser” e Sócrates e suas “essências” em uma teoria que a todos abarca, para 
explicar como o homem é capaz de obter conhecimento sobre o mundo.
INTERESSANTE
4 ARISTÓTELES
Aristóteles também foi um filósofo grego, nascido na cidade de Estagira, no que, 
hoje, chamamos de Grécia, mas que, na época, era pertencente à Macedônia. Todos os 
aspectos da filosofia de Aristóteles continuam sendo objeto de estudos acadêmicos. 
Embora Aristóteles tenha escrito muitos tratados e diálogos preparados para publicação, 
somente um terço de sua produção original sobreviveu. Acredita-se que tudo o que hoje 
conhecemos seja, de fato, anotações feitas por seus alunos e outras anotações que 
eram usadas por ele mesmo para ensinar.
Apesar disso, sua produção foi profícua; escreveu sobre inúmeros temas do 
conhecimento humano, sendo que muitas áreas, como lógica, biologia, física, ótica, 
astronomia, psicologia, ética, política, entre outras, o consideram seu estudioso ou até 
mesmo seu fundador.
Após a morte de Platão, com quem sempre esteve junto, abriu sua própria escola, 
chamada de Liceu, onde seguiu os estudos de seu mestre. Muitas vezes, ele se contrapôs 
totalmente às ideias de Platão, inclusive erigindo teorias totalmente diversas.
9
FIGURA 4 – ARISTÓTELES (NASCIDO EM ESTAGIRA EM 384 A.C., FALECIDO EM ATENAS EM 322 A.C.)
FONTE: <https://bit.ly/3w2efbg>. Acesso em: 6 set. 2020.
4.1 O MOTOR IMÓVEL DE ARISTÓTELES
Por meio de sua mente filosófica e partindo da observação do mundo e da 
vida, Aristóteles facilmente percebeu, como já havia dito anos antes o filósofo pré-
socrático Heráclito, que tudo está em movimento, entendendo movimento como o 
envelhecimento de uma pessoa, o enferrujamento do ferro ou o esfriamento de uma 
xícara de café. Tudo isso como um movimento que ia do mais novo para o mais velho, do 
metálico ao enferrujado ou do quente para o frio – ir de um estado físico a outro estado 
físico é, por ele, entendido como um movimento. Para Aristóteles e sua filosofia, então, 
movimento pode ser o deslocamento físico ou o deslocamento de um estado a outro. 
Aristóteles também definiu, partindo do mesmo raciocínio, que um movimento 
só ocorre em decorrência de um movimento anterior que o preceda e o gere – algo 
ocorre, sempre, se outro algo o causar. Isso é chamado de causalidade. Por exemplo, 
uma xícara de café esfria na medida em que o calor se “movimenta” e se dissipa do café 
quente para o meio, mais frio. 
Usando um exemplo mais afeito à atualidade, mas que pode demonstrar isso 
mais facilmente: impulsionados pela energia gravitacional, a Via Láctea se movimenta 
em relação às demais Galáxias do Universo, o Sistema Solar gira em relação a outros 
sistemas locais, os planetas giram em torno do Sol, a lua gira em torno da Terra, os 
átomos que compõem as coisas da Terra são formados por partículas que giram ao redor 
de outras partículas, e assim repetindo esse movimento indefinidamente. Portanto, 
um movimento se segue outro movimento; um movimento causa o outro movimento. 
Entendemos, assim, que só haverá um movimento se outro o preceder, o causar.
Se fizermos o raciocínio reverso, ou seja, um movimento só ocorreu porque 
outro o precedeu, e este que o precedeu só ocorreu porque um anterior o gerou, e assim 
por diante, inexoravelmente deve-se ter algo que origine um primeiro movimento a 
partir do qual os outros continuam e por ele foram causados. A essa origem do primeiro 
movimento, Aristóteles nominou de Motor Imóvel ou a Causa Primeira. Assim, existe 
10
um gerador do primeiro movimento, o primeiro motor, um Motor Imóvel e que imprimiu 
o movimento inicial, o qual, então, pôs todo o Universo em movimento perpétuo: “É 
necessário chegar a um primeiro motor, não movido por nenhum outro, e este, todos 
entendem: é Deus” (AQUINO, 1984, p. 130).
CONCEPÇÃO DE MOTOR IMÓVEL OU CAUSA PRIMEIRA
Aristóteles argumenta nos livros 8 da Física e 12 da Metafísica “que deve haver um ser imortal 
e imutável, responsável por toda a integridade e ordem no mundo sensível”. O estagirita 
(modo muito usado em filosofia para se referir a Aristóteles, que nasceu em Estagira) parte 
de uma premissa geral de que tudo o que existe possui uma causa. O Universo existe e 
teve um começo. Nem sempre existiu. Portanto, se antes não existia e passa a 
existir, sempre se pensa que, para isso ocorrer, houve e há uma causa, pois 
não existe a possibilidade de, do nada, vir algo (do não ser, é impossível o ser). 
Percebemos facilmente que cada ser, ou ente, possui uma causa, que esta 
que o causou também possui uma causa, e assim por diante. Contudo, não 
é possível recuar infinitamente numa série de causa; ou seja, o retorno ao 
infinito é impossível, pois, senão, o Universo nem existiria, pois não teria um 
começo. Portanto, é lógico que deve haver uma causa primeira, a qual é 
necessariamente incausada, ou seja, algo que não teve algo anterior que a 
causasse. Essa causa incausada gerou tudo o mais, pois desse ser seguiu-
se outro, do qual seguiu-se outro, e assim continuadamente atésurgirem 
todos os seres que compõe o Universo. Inclusive você.
IMPORTANTE
5 PATRÍSTICA
A Patrística é o período de aproximação entre as concepções teológicas semitas/
cristãs e a filosofia platônica. Coube a Santo Agostinho, o maior filósofo cristão desse 
período, o papel de transformar os conceitos, até então existentes na Patrística, em algo 
4.2 FILOSOFIA GREGA NA EUROPA CRISTÃ
Os passos da Filosofia advinda da Grécia Antiga para o mundo cristão foram 
construídos pelo cultivo de escritos filosóficos que passaram a ser popularizados por 
vários pontos do Império Romano. Platão e sua filosofia foram vastamente estudados no 
início da era cristã, assim como muitos outros, como os escritos dos filósofos conhecidos 
como Estoicos ou Epicuristas, ou Cínicos, e muitos outros. 
Nos primeiros anos da era cristã, Aristóteles era um autor praticamente 
desconhecido na Europa. Suas ideias só chegaram à Europa pelos escritos de filósofos 
árabes, como Avicena e Averróis, após a invasão e a colonização da Península Ibérica 
(atual Espanha e Portugal) pelos árabes. Esses filósofos trouxeram a filosofia aristotélica 
que, apesar de perdida na Europa, havia sido mantida e estudada no mundo árabe.
11
mais maduro, vinculado à filosofia. Essa união de cristianismo e filosofia foi conseguida 
por Agostinho com tal êxito que a Patrística assumiu seu verdadeiro arcabouço apenas 
após a revolução conceitual por ele perpetrada.
FIGURA 5 – CULTURA MEDIEVAL 
FONTE: <https://bit.ly/3g0WS5o>. Acesso em: 20 set. 2020.
A Patrística conseguiu êxito total ao aproximar o conceito metafísico de Platão 
e seu Mundo das Ideias com o conceito religioso judaico-cristão de Paraíso Celeste. Se 
existiu uma forte influência da filosofia pagã (grega) na teologia cristã, também o oposto 
se deu; não havia, na época, como chegar aos conceitos filosóficos gregos sem enten-
dê-los como embebidos com a terminologia das Escrituras. Essa aproximação da filoso-
fia com o cristianismo foi de tal magnitude, na Patrística, que o filósofo neoplatônico Nu-
mêncio disse: “Platão é um Moisés falando em grego” (HEBECHE; DUTRA, 2008, p. 27). 
5.1 SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho, ou Agostinho de Hipona, nasceu em Tegasta, em 354, e 
faleceu em Hipona (Hippos) em 430, mas viveu como um romano, mesmo não residindo 
na cidade de Roma, pois sempre esteve em terras pertencentes ao Império, tendo, 
inclusive, um cargo de orador dentro do império, na cidade de Milão. 
Antes pagão, tornou-se, posteriormente, um dos maiores pensadores e filósofos 
cristãos, ajudando a espalhar através das fronteiras do vasto Império Romano a doutrina 
cristã, a qual, de bagagem, levava a filosofia grega, pela fusão dessa doutrina religiosa 
(cristianismo) com as ideias do filósofo grego Platão. Essa fase da História da Filosofia é 
conhecida por Helenismo, quando ocorre a fusão da filosofia grega e da teologia semita, 
e emerge a Patrística, período caracterizado pela manutenção e pela interpretação do 
pensamento filosófico grego por padres e pensadores cristãos.
Agostinho, antes de se tornar um religioso cristão, era, então, um funcionário, 
um orador a serviço do Rei de Milão. Tinha mulher e um filho. Também vivia com sua mãe 
que, diferentemente dele, era cristã. Ele se declarava um Maniqueísta (uma espécie de 
up grade do Gnosticismo, que se iniciou na Pérsia).
12
Já padre cristão influente, foi nomeado Bispo de Hipona. Naquele período histórico, 
o Império Romano do Ocidente estava entrando em crise, principalmente pelas constantes 
invasões bárbaras. Num determinado momento desse bispado, a Cidade de Hipona foi sitiada 
pelo líder bárbaro germânico Vândalo, chamado de Genserico. 
Vendo a cidade em situação irreversível, Agostinho foi até o líder germano e 
ofereceu-se em troca da fuga dos inocentes. No entanto, foi poupado e, ao retornar à 
cidade, Agostinho proferiu um discurso em que começou a explanar sobre a igualdade 
dos homens a despeito da origem, pois enxergou em Genserico a mesma essência de 
humanidade do povo ao qual ele próprio pertencia.
FIGURA 6 – SANTO AGOSTINHO (NASCIDO EM TEGASTA EM 354, FALECIDO EM HIPONA EM 430)
FONTE: <https://bit.ly/2SjnxRD>. Acesso em: 6 set. 2020.
Na época de Agostinho, o cristianismo já era a religião oficial do Império 
Romano. Entretanto, não havia uma unificação da religião, existindo 
inúmeras correntes cristãs: Gnosticismo, Montanismo, Monarquianismo, 
Valentianismo, Marcianismo e Patrologia Grega. Além disso, inúmeros 
pensadores, como Orígenes, Contra Celso etc., também conduziram as 
suas próprias versões do cristianismo. Coube ao esforço e ao pensamento 
de Agostinho e sua obra mais famosa, Cidade de Deus, a defesa de 
uma verdadeira Igreja Católica Apostólica Romana. Entre as inúmeras 
designações cristãs antes existentes, ela foi a que se tornou oficial e 
majoritariamente única, até a Reforma Protestante.
ATENÇÃO
6 ESCOLÁSTICA
A harmonização dos preceitos cristãos e as definições e as ideias de Aristóteles 
fundaram o movimento filosófico cristão chamado de Escolástica. Tomás de Aquino, com 
quem esse movimento filosófico/religioso começou, fez isso sob inúmeros aspectos, 
mas, principalmente, sempre apoiando e se valendo da definição de quatro tipos de leis: 
13
• I- Lei eterna ou a razão reguladora de Deus. 
• II- Lei divina ou os mandamentos revelados. 
• III- Lei natural ou a parte da lei eterna em que razão de Deus é aplicada às criaturas 
racionais. 
• IV- Lei humana ou a lei natural própria das específicas comunidades, sendo esta a 
lei epistêmica primeira. 
Essas leis, maiormente as leis III e IV, compilam que o ponto central da Filosofia 
Moral tomista, ou a lei natural, proclama que se faça o bem e evite-se o mal. Esse é, sem 
dúvida, o princípio ético primeiro de Tomás de Aquino, para o qual tanto as leis naturais 
como as morais podem ser igualmente apreendidas pela razão.
Mesmo corroborando com Aristóteles e sua observação de que a felicidade é o 
fim último e o bem completo, Aquino considera que o fim último só pode estar atrelado 
ao que seria tido como a perfeição – esta só pode ser atingida com a contemplação de 
Deus após a morte, na vida eterna ao lado de Deus. Em vida, salienta que o bem da alma 
é viver segundo a razão e as virtudes a ela atreladas. Sobre isso, Aquino considera as 
virtudes como hábito operativo, ou meios em busca de um fim, esclarecendo que, entre 
os hábitos operativos, alguns visam sempre ao mal, como os vícios, outros ora o bem 
ou o mal, como opiniões que podem ser, de acordo com a circunstância, verdadeiras 
ou falsas. Entretanto, ele define que as virtudes não são hábitos operativos cujo fim é, 
inexoravelmente, o bem. Como em Aristóteles, ele elege as Virtudes Cardeais: Sabedoria, 
Justiça, Coragem e Temperança (Prudência).
FIGURA 7 – ESTUDO TEOLÓGICO
FONTE: <https://bit.ly/3x1xMbX>. Acesso em: 5 set. 2020.
Tomás de Aquino apresenta, ampliando o que os gregos haviam definido, as 
chamadas virtudes teológicas ou teologais, distinguindo-as das demais e tendo-as como 
as mais perfeitas. Ele reforça que, antes de elas se relacionarem com a felicidade humana, 
estão vinculadas com o supra-humano, ordenada por Deus; ou seja, estão vinculadas com 
a felicidade sobrenatural, beatitude (felicidade e paz eterna, fim maior de qualquer virtude). 
14
Das virtudes teologais, em Aquino, temos, em primeiro lugar, a fé como geradora 
das outras duas – a esperança e a caridade (aqui, como a caridade implica amor a Deus 
e a todas as criaturas, pode-se trocar ou definir caridade por amor). Assim, estando a 
caridade/amor vinculada a um amor incondicional a Deus e aos outros homens, além 
de todas as criaturas que são frutos da obra criadora de Deus, a caridade passa a ser a 
mais perfeita das virtudes teológicas. Portanto, diferentemente da ordem de geração das 
virtudes teologais, quando se analisa sob a ótica da perfeição, a caridade/amor precede a 
fé, seguida pela esperança.
SÃO TOMÁS DE AQUINO
Tomás de Aquino nasceu na Itália, em Roccasecca,em 1225, e faleceu em Fassanova, em 
1274. Foi um filósofo cristão medieval do século XIII, tendo sido o representante maior da 
linha filosófica cristã conhecida como Escolástica, na qual a fusão do pensamento judaico-
cristão e as ideias filosóficas de Aristóteles começaram a emergir e ser ensinadas em 
inúmeros mosteiros da Europa. As leis divinas cristãs, a virtude grega e sua racionalidade 
são harmonizadas e se complementam em Aquino.
NOTA
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
FONTE: <https://bit.ly/3prSxLz>. Acesso em: 6 set. 2020.
7 VII PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA NO ADVENTO DA 
METAFÍSICA RELIGIOSA CRISTÃ
A Patrística, como já vimos, foi o movimento dos primeiros padres católicos, 
cujo maior representante foi Santo Agostinho. A Patrística recebeu esse nome por 
abrigar os primeiros padres, “pais”, da Igreja Católica. Em seu início, essa fase da 
filosofia serviu ao pensamento cristão por meio das apologias do cristianismo, pois 
o pensamento cristão, ainda no século III d.C., não era bem difundido na Europa. Coube 
à Patrística fundir a Metafísica Grega com a teologia Judaica e as primeiras escolas 
cristãs. A essa nova roupagem advinda dessa fusão entre a Metafísica Filosófica Grega 
15
e a Metafísica Religiosa Judaico-Cristã apoia o aparecimento do que chamamos de 
Helenismo. Segundo Paul Tillich, foi o Helenismo o movimento que mais influenciou os 
novos teólogos e, principalmente, os pensamentos de Platão formaram as bases da fase 
do pensamento cristão, os componentes da chamada Patrística. O mesmo Paul Tilich 
aponta cinco elementos fundamentais nessa linha: 
• o primeiro é o conceito de transcendência; 
• o segundo é a desvalorização da existência; 
• o terceiro é a doutrina da queda da alma da eterna participação no mundo essencial ou 
espiritual, sua degradação terrena num corpo físico, que procura se livrar da escravidão 
desse corpo, para, finalmente, se elevar acima do mundo material; 
• o quarto é a ideia da providência divina; 
• o quinto elemento presente na teologia cristã vem de Aristóteles, que aponta o divino como 
forma sem matéria, perfeito em si mesmo (HEBECHE; DUTRA, 2008, p. 37).
A Escolástica, também já citada anteriormente, foi um movimento iniciado no 
século XIII, quando as escrituras sagradas cristãs passaram a ser lidas pelos escritos 
filosóficos de Aristóteles. Nessa época, pela invasão árabe ocorrida na Península Ibérica, 
os ensinamentos de Aristóteles se popularizaram na Europa. 
A concepção de Deus, inicialmente sob o viés platônico (Patrística) e, 
posteriormente, aristotélico (escolástica), entrou na igreja cristã e exerceu enorme 
influência, sobretudo na formulação da teologia medieval.
Assim como a filosofia, a teologia também parte da mesma concepção de algo 
que não existe no mundo físico. Foi pelas mãos dos filósofos medievais cristãos que 
surgiu a comparação e o paralelismo da teologia Cristã e a Metafísica Platônica (Patrística) 
e, posteriormente, a Metafísica Aristotélica (Escolástica). Daí, o entendimento de Deus e 
das demais entidades não físicas e atreladas ao cristianismo passam a ser abordadas e 
entendidas sob a mesma ótica presente no pensamento platônico e aristotélico.
Hoje, a Metafísica, como disciplina de estudo, pode se dividir em Metafísica 
Teológica, Metafísica Filosófica (Ontologia), Metafísica Psicológica, entre outras. No 
entanto, em qualquer abordagem, seja teológica, filosófica etc., a concepção de 
algo pertencente a uma definição advinda de outro mundo, que não se faz presente 
fisicamente no mundo que habitamos, está sempre presente.
16
SE DEUS EXISTE
Pensamento filosófico de Aquino – Metafísica da divindade
Essa questão, ainda tão pujante em nossos dias, também habitava as mentes desde o 
aparecimento desse ser inteligente, chamado de Homo sapiens sapiens. Isso não seria 
diferente na Europa cristã do século XIII, época do auge da Escolástica. Dessa época, 
partiram as demonstrações (tidas, então, como inequívocas) da existência de Deus.
Esse escrito baseia-se no material fornecido sob a forma de livro-texto da matéria História 
da Filosofia II, Se Deus existe e Anexo IV – Aquino, disponíveis no site de Ensino a Distância 
(EAD) da Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
À época de Aquino, o maior intento da doutrina cristã, além de tentar transmitir a “boa 
nova” do cristianismo e toda a benevolência, magnificência e grandeza do Deus cristão, 
seria tornar a existência dele ser de maneira in contesti. Daí, partindo-se da essência desse 
Deus, formulam-se algumas hipóteses, conforme explicado a seguir.
Se Deus existe 
a) Se a existência de Deus é por si mesma conhecida:
• Qualquer homem percebe através de seu intelecto o todo em sua volta e consegue 
definir as partes deste todo. Também consegue apreender as maravilhas e a perfeição 
desse mesmo todo em volta. Se as partes podem ser identificadas como maravilhosas, 
perfeitas, o todo é de tal grandeza repleto de predicados belos que só pode ser domínio 
de algo maior, mais belo e perfeito. Como facilmente se apreende no mesmo intelecto 
de algo tido como o maior, faz-se impossível algo ainda maior. E este algo maior é Deus.
• A verdade existe a despeito de conceder-se ou não esse predicado (verdade) a um 
fato. Ora se essa verdade existe a despeito de seu reconhecimento e “Deus é a própria 
verdade” (Jô, 14:6), então, Deus existe. Considerando-se que Deus não é autoevidente, e 
em sendo Deus, por exemplo, a felicidade, não se pode atrelar diretamente o fato de se 
sentir feliz com Deus. Entretanto, deve-se entender que a verdade, apesar de existir por 
si, é fruto da existência de “uma primeira verdade”, e isso não pode ser, de fato por si, 
sem essa “primeira verdade” ter sido erigida – esse arquiteto que a erigiu é Deus.
b) Se é demonstrável a existência de Deus:
• Questionamento: por sua existência ser artigo puro da fé, a existência de Deus é 
indemonstrável, de maneira direta; poder-se-ia fazê-lo através de seus atos por nós 
detectados e a Ele atribuídos.
º Resposta: as coisas existentes e de origem inexplicável existem por si, e necessariamente 
precisam de um criador, conectando a existência de “algo” (alegoricamente chamado 
de efeito) à existência de “algo que a criou” (causa) –assim, demonstra-se a existência 
de um Deus pela ideia causa × efeito.
• Questionamento: sem a possibilidade de se definir algo em relação a Ele, não se pode 
constatar sua existência. Deus é indefinível e, portanto, improvável.
º Resposta: ao demonstrar algo através de seu efeito, necessariamente, deve-se 
empregar o efeito na definição da causa.
• Questionamento: porém, pode-se alegar que atos são finitos, mas o citado Deus é infinito, 
gerando aí uma incongruência que fala a favor da não existência deste Deus.
º Resposta: a isso alegar-se-ia que, a despeito de conhecermos seus atos e podermos 
demonstrá-Lo através desses mesmos atos, Deus não se faz possível em se conhecer 
em sua essência.
IMPORTANTE
17
c) Se Deus existe:
• Pode-se questionar, ainda, a existência de Deus: 
a) Se por Deus se apreende o bem infinito, como pode existir o mal? 
b) A existência de Deus faz-se desnecessária na medida em que, recorrendo-se a 
princípios outros, como o natural, a natureza e o proposital, representado pela ação 
voluntariosa do homem, poder-se-ia explicar tudo o que no mundo a nós aparece.
º A resposta a isso se dá em cinco vias, formuladas por Tomás de Aquino:
I- O movimento, pois sempre, quando ocorre, se deve a uma ação de outro. Esse outro, 
atuando sobre o objeto a ser movido, imprime a este “um ato” que gera o segundo 
ato, o de mover-se. E qual é o ato que gera o calor do fogo que virá a consumir a 
madeira, ou o ato que gera o movimento do sol ou da lua, senão Deus? Melhor 
explicando: poder-se-ia aventar uma sequência de movimentos que geram outros 
movimentos, e que geram outros, e assim indefinidamente. Entretanto, mesmo 
nesse raciocínio, o primeiro movimento tem que ser necessariamente gerado por 
um antecedente movimento,e, imaginando-se que este último movimento citado é o 
primeiro da sequência, algo deve ter sido o responsável por colocá-lo em movimento, 
por gerá-lo, e este algo é Deus.
II- A perfeição do mundo, a eficiência das coisas, a correta ordenação e combinação 
dos elementos só podem ser oriundas de um criador – uma relação causa × efeito. 
Contudo, só ocorrerá o efeito se, e somente se, houver um ser causador, uma causa. 
E esse causador é Deus.
III- Obviamente, se algo existe, em dado momento iniciou sua existência. Nem que esse 
algo exista sempre e tenha se originado de outra coisa, e esta coisa de outra, e assim 
indefinidamente, houve uma primeira coisa. E se essa primeira coisa, hipotética, 
existiu, ela obrigatoriamente iniciou-se a partir de algo que a criou. Este algo é 
Deus. Novamente, poder-se-ia aventar sobre o que o surgimento de Deus é, e a 
isso prontamente se responde que Deus existe em si e é a causa de todos os outros 
seres existirem.
IV- O grau em que os predicados se apresentam são uma prova contundente 
da existência de Deus. Os predicados variam de intensidade de apresentação 
em diferentes indivíduos; se usarmos, por exemplo, a bondade, o máximo 
da bondade a que se possa examinar, o que nunca pode ser atribuído a 
nada existente no planeta, só pode ser atribuído a Deus. 
V- A aparente ordenação do mundo – e aparentemente essa ordenação 
tem sempre um objetivo – parece ter controle inteligente. Animais, 
mesmo os simples, sempre operam de maneira intencional, 
mas não racional, como que ordenados por algo intelectualmente 
superior. Esse algo intelectualmente superior, que ordena o mundo 
natural e dos homens, se chama Deus.
8 A TEOLOGIA ANTES DE CRISTO
O termo teologia já existia antes de Cristo, embora tenha surgido em Platão, o 
conceito estava presente desde os pré-socráticos.
Platão, certamente, foi o mais permanente e influente pensador grego. Em 
sua obra Timeu, ele disse: “Tudo o que se gera é necessário que seja gerado por alguma 
coisa sem a qual não é possível que alguma coisa seja gerada [...]” (PLATÃO, 2000, p. 28). 
Aqui, abertamente, Platão conjectura sobre algo como criador do todo. Esse conceito foi, 
posteriormente, mais bem apresentado pelo seu discípulo Aristóteles.
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Como esmiuçado no Mundo das Ideias, visto anteriormente em Platão, ele 
acreditava que, ao nascimento, o corpo é encarnado por uma alma advinda do Mundo 
das Ideias, e que essa alma traz consigo o conhecimento de todas as coisas do mundo. 
Nesse momento da encarnação da alma no corpo, esquecemos de tudo o que a nossa 
alma sabe e conhece. 
Platão, então, define que conhecer algo, na verdade, é relembrar desse algo que já 
era previamente conhecido pela alma. Portanto, em Platão, conhecer é uma anamnese, que 
é o oposto de amnésia, que sabemos se referir a não conseguir lembrar de nada. Anamnese 
é relembrar, é algo como, confrontados a uma situação, fato ou objeto, nosso cérebro ter que 
relembrar o que aquilo é. Platão escreveu em Fédon: “E isto não poderia ser, se a nossa alma 
não tivesse vivido em outro lugar, antes de haver entrado nesta forma de homem; pelo que, 
ainda por esta razão, se torna evidente que a alma é algo imortal” (PLATÃO, 2000, p. 72-73).
Um conceito advindo também dele e que foi apreendido pelo cristianismo é de 
que as almas puras voltam para o lugar de onde vieram, o paraíso das almas, o Mundo 
das Ideias, o lugar divino (PLATÃO, 2000, p. 248). 
A alma boa “irá para o que lhe assemelha, para o que é invisível, para o que 
é eterno, divino, intelectual e imortal, aonde, chegando, será bem-aventurada, livre 
dos erros, da insensatez, dos temores dos selvagens amores e das outras desgraças 
humanas, passando todo o seu tempo com os deuses” (PLATÃO, 2000, p. 81). “As outras 
sofrerão o juízo” (PLATÃO, 2000, p. 249). 
Coube ao filósofo Andrônico de Rodes, tabulando e organizando os escritos 
de Aristóteles, pela primeira vez, usar o termo Metafísica para nominar um escrito de 
Aristóteles que, até hoje, é conhecido por esse nome. O termo se referiria à alguma 
ciência que não era a Ética, a Lógica, a Física, ou qualquer outro pensamento de 
Aristóteles compilado por Andrônico. 
Esse volume era composto por escritos que não se encaixavam em nenhum dos 
anteriores. Como era o volume que ocupava, na coleção, o espaço que ficaria depois da 
física, Andrônico chamou-o de após física, ou meta física, ou metafísica. A ideia dessa 
natureza Metafísica já era presente em Platão e seu Mundo das Ideias, que, inclusive, é 
tido como o pai da Metafísica.
Sobre o conceito de Metafísica, explicaremos mais uma vez usando um exemplo 
que remete à Teoria das Formas, ou Mundo das Ideias, de Platão: quando alguém pergunta 
“o que é uma árvore?”, obviamente respondemos que sim. Ao escutar essa pergunta, 
imediatamente vem à mente a ideia de árvore. Não uma árvore específica, mas uma 
árvore qualquer, em geral, ou o ser (ou ente) árvore, que não existe necessariamente no 
mundo físico, mas existe na sua ideia. E isso é chamado de Metafísica em Filosofia. Isso 
pode ser entendido como imaginação: imaginar a essência de uma árvore, ou ter a posse 
da “arvidade” daquela forma captada por seus olhos e enviada para sua mente. Em outra 
situação, ao andar num deserto, isolado, sabendo que se está perdido, bem ao longe, de 
19
repente, é possível avistar uma imagem de um ser em pé, com braços, pernas, um tronco 
e uma cabeça, ou seja, um contorno bastante conhecido; imediatamente, seu cérebro, 
buscando os arquivos conhecidos, compara e identifica aquela imagem com a de um ser 
humano, mesmo estando longe, não sabendo quem é, se é amigo ou hostil, as formas 
que estão na mente remetem à ideia de um ser humano, a “humanidade” daquela forma.
Com a expansão do Império Romano e a conquista da Grécia, a sociedade 
intelectual Romana sorveu avidamente a cultura Grega (inclusive as divindades romanas 
e gregas eram as mesmas, mas com nomes diferentes), expandindo-se fortemente por 
todo o Império Romano. Após a conquista do Meio Oriente, surgiu o cristianismo. Essa 
nova religião espalhou-se paulatinamente pelo Império, até ser oficializada em 313 d.C., 
por Constantino, e finalmente oficializada em 390 d.C. por Teodósio. Essa expansão 
encontrou uma sociedade embebida nos conceitos filosóficos advindos dos gregos.
Ao definirmos o homem, podemos aceitar que existiu sempre a capacidade 
imaginativa de lidar e criar com ideias e conceitos não físicos e, portanto, Metafísica. As 
imagens pintadas pelo Homo sapiens na caverna de Lascaux, na França, com pictogramas 
de animais e homens em uma caçada, por exemplo, permitem facilmente concluir que, 
para fazer uma representação como aquela, o homem deveria imaginar, ter a ideia de, por 
exemplo, um cavalo. Ou seja, o homem que fez aquelas pinturas conseguia ter uma imagem 
Metafísica, dentro de sua mente, do mundo físico. 
Também nessa época da história humana, observa-se que os mortos eram enterra-
dos com algum tipo de ornamento ou pintura, o que demonstra que aqueles homens reve-
renciavam seus parentes mortos e pensavam em dar a eles algum conforto numa pós-morte. 
Aqui, também, temos nitidamente um sinal de uma crença em uma vivência 
humana após a existência física, ou metafísica. De posse dessa habilidade mental, 
aquele Homo sapiens, quando se deparava com fatos do mundo que não sabia explicar, 
com situações com as quais ficava apreensivo ou alegre, além de ser consciente de sua 
finitude, certamente desenvolveu uma Metafísica Religiosa, certamente mais primitiva, 
longe da maturidade e riqueza dos conceitos metafísicos que sustentam a cristandade.
FIGURA 8 – PINTURAS RUPRESTES DA CAVERNA DE LASCAUX (CERCA DE 17 MIL ANOS)
FONTE: <https://bit.ly/3vZxtOX>; <https://bit.ly/3z69YFP>. Acesso em: 6 set. 2020.
20
Dessa forma, é possível compreender o contexto vasto, mesmo que abordado 
de modo breve, de todo um gigantesco universo teológico que foi se moldando com o 
passar dos anos, e que, desde as primeiras imagens em rocha,até o período em que 
se passa a encontrar um desenvolvimento maior do cristianismo. Assim, foi possível 
conhecer um pouco sobre o início de um universo que, hoje, se reconhece como teologia.
21
Neste tópico, você aprendeu:
• Platão, valendo-se dos conhecimentos adquiridos pelo estudo dos filósofos pré-
socráticos, desenvolveu a chamada Teoria do Mundo das Ideias. Além disso, partiu 
de Platão, e até antes dele dos filósofos gregos pré-socráticos, a definição e o uso 
das palavras teologia e teólogo.
• A Teoria do Motor Imóvel foi criada por Aristóteles e, posteriormente, usada pelos 
filósofos e teólogos medievais, tendo grande importância na história da Filosofia e 
da teologia.
• Várias foram as contribuições filosóficas de Santo Agostinho, tanto para a Filosofia 
quanto para a teologia cristãs, relacionando suas interpretações filosóficas, 
amparadas na filosofia grega de Platão, e o impacto desse pensamento na estrutura 
da teologia. 
• A Patrística, ramo da Filosofia Medieval que foi desenvolvida por Agostinho, é o 
período de aproximação entre as concepções teológicas semitas/cristãs e a filosofia 
platônica. 
• São Tomás de Aquino, seu papel filosófico e teológico na história do Cristianismo, 
sendo o grande nome de outra grande estrutura de interpretação da Filosofia 
Medieval, na qual os teólogos eram estudantes dos textos bíblicos e de sua 
interpretação, o que recebeu o nome de Escolástica.
• A Patrística conseguiu êxito total ao aproximar o conceito metafísico de Platão e 
seu Mundo das Ideias com o conceito religioso judaico-cristão de Paraíso Celeste. 
• Tanto a Patrística quanto a Escolástica foram formas de estruturação para a 
interpretação da Metafísica Religiosa Cristã. 
• O termo teologia já existia antes de Cristo, embora tenha surgido em Platão, o 
conceito estava presente desde os pré-socráticos.
RESUMO DO TÓPICO 1
22
AUTOATIVIDADE
1 Quando pensamos na origem da teologia, conhecer e estudar o filósofo grego Platão 
é fundamental. Para explicar essa afirmação, analise as sentenças a seguir:
I- Platão criou a concepção metafísica chamada de Teoria das Formas ou Mundo das 
Ideias, usada pelos filósofos e pensadores como uma teoria para explicar o Paraíso 
do Deus Cristão.
II- A criação do Mundo das Ideias, por Platão, surgiu quando ele tentou associar, numa 
única ideia, uma concepção que explicasse e validasse tanto a concepção atinente 
ao filósofo Parmênides quanto a do filósofo Heráclito e a de seu mestre Sócrates.
III- A importância de Platão para a teologia se dá por ter partido dele a ideia de céu, 
inferno e purgatório.
IV- O famoso Mito da Caverna foi uma maneira genial de Platão tentar fazer sua Metafísica 
ser entendida, uma vez que defendia que o homem teria apenas contato com as 
formas perfeitas das coisas do mundo antes de nascer e que, após o nascimento, 
seu contato se dá apenas com as formas imperfeitas do mundo. 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As assertivas I e II estão corretas.
b) ( ) As assertivas I, II e III estão corretas.
c) ( ) As assertivas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as assertivas estão corretas.
 
2 A construção filosófica de Aristóteles, conhecida como Motor Imóvel, tem enorme 
importância para a teologia por demonstrar que algo deve ter gerado o início 
da existência, uma vez que, assim, do nada, não pode vir tudo. Considerando a 
denominação Motor Imóvel, analise as afirmativas a seguir:
I- Motor Imóvel refere-se a um hipotético motor sem combustível e do qual o homem 
surge.
II- Partindo de que algo necessariamente surge de outro algo, ou seja, é impossível algo 
surgir de nada, Aristóteles raciocina que se tudo tem uma origem, então o primeiro 
componente desse “tudo” foi originado por alguém ou algo. Deve ter algo que o 
originou, mas que ele mesmo, este algo, não foi originado por ninguém; esse algo 
não foi originado do nada. O movimento de criação, para esse algo, nunca se fez, daí 
ele é chamado de Motor Imóvel.
III- A teoria do Motor Imóvel, de Aristóteles, casou muito bem com o conceito teológico 
judaico-cristão de um Deus criador de tudo no Universo. Deus como primeiro motor.
IV- Aristóteles foi bem anterior a Platão.
23
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
c) ( ) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
3 Santo Agostinho, padre cristão que viveu no início do Cristianismo, sorveu avidamente 
os escritos de Platão, do Helenismo e da chamada Patrística, tornando-se um 
eminente normatizador do Cristianismo, de seus ritos e de sua teologia. Já no século 
XIII, São Tomás de Aquino, valendo-se dos escritos de Aristóteles, deu início a uma 
corrente filosófico cristã chamada de Escolástica. Classifique V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) Agostinho foi o mais eminente representante da Patrística, uma corrente filosófica 
que se caracteriza pela fusão e pela harmonização das concepções Teológicas 
Cristãs e o pensamento filosófico de Platão.
( ) A Patrística absorveu tanto as ideias de Platão que um pensador, Numêncio, 
afirmou que “Platão é um Moisés falando em grego”.
( ) Coube ao esforço e pensamento de Agostinho e sua obra mais famosa, Cidade de 
Deus, a defesa de uma verdadeira Igreja Católica Apostólica Romana.
( ) Tomás de Aquino teve sua filosofia caracterizada pela não harmonização dos 
preceitos cristãos e as definições e ideias de Aristóteles, mantendo-se fiel às ideias 
de Platão.
( ) No famoso escrito “Se Deus Existe”, Tomás de Aquino apresenta o que é chamado 
de “prova Metafísica (Ontológica) de que Deus existe”.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – V – F – F.
b) ( ) V – V – F – F – F.
c) ( ) V – V – V – F – V.
d) ( ) V – V – V – V – V.
4 Apesar de a palavra teologia imediatamente remeter à ideia de teologia do Cristianismo, 
trata-se de um termo que surgiu muito antes da crença cristã. Dessa forma, analise 
as sentenças a seguir:
I- Apesar de o termo teologia surgir pela primeira vez com Platão, sua concepção 
já estava presente nos pré-socráticos e na humanidade muito antes do início do 
Cristianismo.
II- Advém dos escritos de Platão, na cultura grega, e, posteriormente, incorporada ao 
Cristianismo, a noção de um criador de tudo e também a concepção de um mundo 
acima deste, em que habitam as almas que já existiam antes mesmo dos nossos 
24
corpos, que encarnam, de maneira tal que, ao nascermos, somos seres humanos 
com corpo e alma.
III- O filósofo Aristóteles criou o termo Metafísica para designar alguns de seus escritos 
compilados.
IV- O poder de imaginar e criar ou conjecturar um mundo com figuras não físicas, ou 
metafísicas, só apareceu no Homo sapiens quando este fez contato com a realidade 
atinente ao Cristianismo.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As assertivas I e II estão corretas.
b) ( ) As assertivas II e III estão corretas.
c) ( ) As assertivas III e IV estão corretas.
d) ( ) As assertivas I, II e IV estão corretas.
5 Platão foi importante não somente na Filosofia, mas também na teologia. Nesse 
sentido, seu universo de interpretação foi indispensável para a formulação de 
conceitos cristãos na teologia. Disserte sobre a relação do Mundo das Ideias de Platão 
com a noção de Deus, do Cristianismo.
25
NATUREZA E DEFINIÇÃO DO UNIVERSO 
TEOLÓGICO
1 INTRODUÇÃO
No sentido de reforçar o que foi visto no tópico anterior, a palavra teologia 
(de theós + logia) é de origem grega, não só no nome, pois supõe o desenvolvimento 
específico do pensamento que se deu na época clássica grega e que deu origem à 
filosofia ocidental. Originalmente, portanto, ela vem da filosofia, mesmo que, nessa 
época, as distinções não fossem tão severas como hoje, supondo um determinado 
modo de pensar, de colocar questões e de buscar respostas.
O encontro entre o modo grego de pensar e a pregação do cristianismo não se 
deusem tensões. A pregação cristã surgiu de dentro de um universo caracterizado por 
um modo de pensar bastante distinto, o da cultura judaica.
Interferindo nesses modos de pensar distintos, encontramos alguns conceitos 
que dialogam entre si, mas, por vezes, se contradizem. Trata-se de perspectivas distintas 
sobre a mesma coisa. Entretanto, se levarmos todos os aspectos em conta, resta margem 
para que não possamos analisar os dois modos com a distinta clareza. Essa tensão já 
tinha sido experimentada dentro do próprio judaísmo nos séculos anteriores ao advento 
do cristianismo, além de textos do Novo Testamento advindos do cristianismo.
Em suma, a teologia é reflexão que se pauta no tempo e na cultura; é dinâmica 
e viva. Portanto, é um tipo de saber que se desenvolve a partir das perguntas que o 
teólogo faz.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 A TEOLOGIA COMO CIÊNCIA
Frequentemente, surge a dúvida se a teologia tem lugar na academia, na 
comunidade científica, com a filosofia, a história, a sociologia, mas também a física, a 
biologia e a matemática. 
26
FIGURA 9 – LEITURA E VISÃO DE MUNDO
FONTE: <https://bit.ly/34UVtqz>. Acesso em: 2 set. 2020.
Ciência é o conhecimento que inclui, em qualquer forma ou medida, uma 
garantia da própria validade. Segundo o conceito tradicional, a Ciência inclui 
garantia absoluta de validade, sendo, portanto, como conhecimento, o grau 
máximo da certeza. O oposto da Ciências é a opinião, caracterizada pela falta 
de garantia acerca de sua validade. As diferentes concepções de Ciência 
podem ser distinguidas conforme a garantia de validade que se lhes atribui.
FONTE: CIÊNCIA.  In: Só Filosofia. Virtuous Tecnologias da Informação, 
Porto Alegre, c2021. Disponível em: https://bit.ly/3z7pgKy. Acesso em: 19 
maio 2021.
NOTA
Enquanto teologia acadêmica, é necessário que a teologia dialogue com as de-
mais searas do conhecimento científico. Precisamente, teologia sistemática procura muito 
mais do que afirmar um corpo fixo de proposições, precisa destrinchar os meios de comu-
nicação da fé, através de um compilado de normas, regras e símbolos que norteiam nosso 
imaginário (DALFERTH, 1978). Isso produz identidade na fé cristã, pois segura a coerência 
nas variadas tentativas de traduzir as narrativas bíblicas em ensinamentos teológicos. Não 
é por uma compreensão (supostamente) literal, direta, que nega a diferença de tempo e 
contexto entre o momento da escrita e da leitura, como sustenta Schleiermacher.
FIGURA 10 – LEITURA TEOLÓGICA
FONTE: <https://bit.ly/3x312iO>. Acesso em: 15 set. 2020.
27
Epistemologia (do grego episteme, que significa “ciência”, e logos, “teoria”) é uma disciplina 
que toma as ciências como objeto de investigação tentando reagrupar: 
• a crítica do conhecimento científico (exame dos princípios, das hipóteses e das conclusões 
das diferentes ciências, tendo em vista determinar seu alcance e seu valor objetivo); 
• a filosofia das ciências (empirismo, racionalismo etc.); 
• a história das ciências. O simples fato de hesitarmos, hoje, entre duas denominações 
(epistemologia e filosofia das ciências) já é sintomático. 
Segundo os países e os usos, o conceito de “epistemologia” serve para designar, seja uma 
teoria geral do conhecimento (de natureza filosófica), seja estudos mais restritos concernentes 
à gênese e à estruturação das ciências. No pensamento anglo-saxão, epistemologia é 
sinônimo de teoria do conhecimento (ou gnoseologia), sendo mais conhecida pelo nome de 
“philosophy of science”. Nesse sentido, fala-se de epistemologia a propósito dos trabalhos de 
Piaget, versando sobre os processos de aquisição dos conhecimentos na criança. O fato é que 
um tratado de epistemologia pode receber títulos tão diversos como: “A lógica da pesquisa 
científica”, “Os fundamentos da tisica”, “Ciência e sociedade”, “Teoria do conhecimento 
científico”, “Metodologia científica”, “Ciência da ciência”, “Sociologia das ciências” etc. Por essa 
simples enumeração, podemos ver que a epistemologia é uma disciplina proteiforme que, 
segundo as necessidades, se faz “lógica”, “filosofia do conhecimento”, “sociologia”, “psicologia”, 
“história” etc. Seu problema central, e que define seu estatuto geral, consiste em estabelecer 
se o conhecimento poderá ser reduzido a um puro registro, pelo sujeito, dos 
dados já anteriormente organizados, independentemente dele no mundo 
exterior, ou se o sujeito poderá intervir ativamente no conhecimento dos objetos. 
Em outras palavras, o interesse é voltado para o problema do crescimento dos 
conhecimentos científicos. Por isso, podemos defini-la como a disciplina que 
toma por objeto não mais a ciência verdadeira de que deveríamos estabelecer 
as condições de possibilidade ou os títulos de legitimidade, mas as ciências 
em via de se fazerem, em seu processo de gênese, de formação e de 
estruturação progressiva.
FONTE: JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar; 2001.
IMPORTANTE
É possível, então, assumir que a teologia é uma atividade com responsabilidade 
metodológica para falar sobre Deus, em uma abordagem que proclama a boa nova e 
objetiva difundi-la. Não deve se restringir a teólogos academicamente formados, mas 
é, fundamentalmente, dever deles apresentar e desenvolver argumentos de natureza 
teológica sobre a fé. É nesse sentido que, sob o prisma epistemológico, podemos afirmar 
que a teologia é ciência, uma vez que se dedica a investigar o que se concebe no campo 
da fé como verdade, além de apresentar o que dela apreende, por meio de argumentos 
que podem ser postos à prova (BARTH, 2000).
Isso não significa dizer que a teologia se reduz ao aspecto acadêmico. É possível 
que todos nós, em dado momento, sejamos teólogos, uma vez que sejamos cristãos, 
como afirmava Lutero (MOLTMANN, 2004).
28
A teologia tem como objetivo mais propriamente discutir, proclamar e abordar 
Deus do que Deus por si só. Analisa como a fé se manifesta e é explicitada em diversos 
meios do cotidiano, principalmente no que diz respeito a aspectos relevantes para o 
contexto contemporâneo em determinado lugar.
Sem, de modo algum, querer desrespeitar a última, que é de alta importância 
para o esclarecimento do fenômeno religioso, a teologia se distingue claramente 
em que enfoca a religião cristã e trata de questões normativas, além de descritivas 
(BRANDT, 2006).
2.1 TEOLOGIA, FILOSOFIA E CIÊNCIA
Mesmo que teologia e filosofia/ciência compartilhem, de modo direto, de um ter-
reno de fronteira em que se busca aprimorar o ser humano e sua condição, cada uma 
o faz a seu modo: o elemento filosófico/científico no exercício teológico é o da filosofia/
ciência, mas que, ao ser colocado em relação ao olhar teológico, passa por certa transfor-
mação; já o elemento teológico no exercício filosófico/científico é o da teologia, mas que, 
ao ser colocado em relação ao olhar filosófico/científico, passa por certa transformação. 
Assim, temos o principal ponto, tanto da riqueza como das tensões desse debate.
FIGURA 11 – LEITURA E FÉ
FONTE: <https://ftsa.edu.br/home/images/teologia.png>. Acesso em: 2 set. 2020.
Tanto a teologia como a filosofia falam, cada qual a seu modo, a partir de uma 
interpretação dual acerca da realidade e do aprimoramento humano. A filosofia, por 
mais que tenha demonstrado tal interesse, não consegue promover uma interpretação 
metafísica, a qual pode estar pautada num horizonte atemporal, como na visão do mundo 
platônico; ou buscado uma dimensão de exaltação do ser.
A teologia tem como grande tarefa uma fala à luz da condição humana e de seu 
aprimoramento. Essa análise teológica da realidade é feita no horizonte da crítica radical 
introduzida pela revelação da palavra de Deus em juízo e graça – “juízo” é a radicalização 
da krísis, da crítica, que só pode se dar radicalmente à luz da graça e da esperança. Só 
a esperança permite a crítica radical.
29
Mais do que o objeto da teologia, seu objetivo máximo é, em última análise, 
a realidade. A teologia fica atenta

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