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FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL Física Geral e Experim ental Stéphanie Fonseca e Juliana Ikebe Otomo Stéphanie Fonseca e Juliana Ikebe Otomo GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Na disciplina de Física Geral e Experimental, abordaremos conteúdos relacionados à medição e metrologia, ao Sistema Internacional de Unidades (SI), vetores e mecânica básica. Esses conteúdos são fundamentais para a prática experimental das ciências e também para a indústria e pro� ssões técnicas. Muitos fenômenos físicos, como o mo- vimento de um corpo, são caracterizados por possuírem uma direção e sentido no es- paço e podem ser mais bem explicados como fenômenos vetoriais. Assim, compreen- der o que são vetores e saber trabalhar com eles é indispensável para o entendimento de campos da engenharia como o fenômeno de transporte. Além disso, a mecânica é a parte da física que estuda o movimento dos corpos. As equações que permitem calcular a velocidade e posição de um corpo em movimento, as leis de Newton que explicam a atuação das forças em um corpo e os fundamentos de energia e trabalho serão temas abordados nesta disciplina e constituem o arcabouço de conhecimento de um engenheiro. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL (Física do Movimento) CAPA_SER_ECPME_FIGEEXP.indd 1,3 08/05/20 13:09 © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Stéphanie Fonseca Juliana Ikebe Otomo DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 2 08/05/20 11:17 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 3 08/05/20 11:17 Unidade 1 - Medição e Sistema Internacional de Unidades Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Medição ................................................................................................................................. 14 Grandezas ......................................................................................................................... 14 Definição de medição ..................................................................................................... 16 Instrumentos de medição .............................................................................................. 16 Exatidão e precisão ......................................................................................................... 17 Métodos e procedimentos de medição ....................................................................... 18 Algarismos significativos ............................................................................................... 21 Sistema Internacional de Unidades (SI) .......................................................................... 26 Unidades de base do SI .................................................................................................. 27 Unidades derivadas do SI .............................................................................................. 29 Múltiplos e submúltiplos decimais do SI ..................................................................... 31 Unidades fora do SI e conversão de unidades .......................................................... 32 Análise dimensional ........................................................................................................ 35 Sintetizando ........................................................................................................................... 39 Referências bibliográficas ................................................................................................. 40 Sumário SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 4 08/05/20 11:17 Sumário Unidade 2 - Metrologia e movimento retilíneo Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42 Metrologia ............................................................................................................................. 43 Áreas da Metrologia ....................................................................................................... 43 Estatística aplicada à Metrologia ................................................................................. 44 Erro ..................................................................................................................................... 44 Desvios .............................................................................................................................. 45 Intervalo de confiança .................................................................................................... 48 Determinação do erro de escala .................................................................................. 50 Propagação de erros ...................................................................................................... 51 Movimento retilíneo............................................................................................................. 53 Sistema de referências, posição e deslocamento .................................................... 54 Velocidade média ............................................................................................................ 57 Velocidade instantânea .................................................................................................. 59 Aceleração ....................................................................................................................... 61 Relação entre os gráficos de x(t), vx(t) e ax(t) ............................................................. 64 Movimento uniforme e movimento uniformemente acelerado ............................... 65 Queda livre ........................................................................................................................ 69 Sintetizando ........................................................................................................................... 72 Referências bibliográficas ................................................................................................. 74 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 5 08/05/20 11:17 Sumário Unidade 3 - Cargas elétricas e forças elétricas Objetivos da unidade ...........................................................................................................76 Vetores .................................................................................................................................... 77 Soma e subtração de vetores ....................................................................................... 79 Componentes de vetores ............................................................................................... 82 Vetores unitários .............................................................................................................. 86 Multiplicação de vetores ............................................................................................... 87 Movimento em duas e três dimensões: vetor posição e velocidade e vetor aceleração..............................................................................................................92 Casos especiais: movimento de um projétil e movimento circular uniforme ................. 99 Sintetizando ......................................................................................................................... 106 Referências bibliográficas ............................................................................................... 107 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 6 08/05/20 11:17 Sumário Unidade 4 - Força e movimento, tipos de energia e conceito de trabalho Objetivos da unidade ......................................................................................................... 109 Força e movimento ............................................................................................................. 110 Leis de Newton .............................................................................................................. 113 Diagramas de corpo livre e aplicações ..................................................................... 116 Energia cinética e trabalho .............................................................................................. 119 Teorema do trabalho-energia ...................................................................................... 122 Trabalho e energia com forças variáveis .................................................................. 123 Potência .......................................................................................................................... 127 Energia potencial e conservação de energia ............................................................... 129 Conservação de energia .............................................................................................. 132 Forças conservativas e não conservativas .............................................................. 135 Diagrama de energia .................................................................................................... 137 Sintetizando ......................................................................................................................... 141 Referências bibliográficas ............................................................................................... 143 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 7 08/05/20 11:17 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 8 08/05/20 11:17 Na disciplina de Física Geral e Experimental, abordaremos conteúdos rela- cionados à medição e metrologia, ao Sistema Internacional de Unidades (SI), vetores e mecânica básica. Esses conteúdos são fundamentais para a práti- ca experimental das ciências e também para a indústria e profi ssões técnicas. Muitos fenômenos físicos, como o movimento de um corpo, são caracterizados por possuírem uma direção e sentido no espaço e podem ser mais bem ex- plicados como fenômenos vetoriais. Assim, compreender o que são vetores e saber trabalhar com eles é indispensável para o entendimento de campos da engenharia como o fenômeno de transporte. Além disso, a mecânica é a par- te da física que estuda o movimento dos corpos. As equações que permitem calcular a velocidade e posição de um corpo em movimento, as leis de Newton que explicam a atuação das forças em um corpo e os fundamentos de energia e trabalho serão temas abordados nesta disciplina e constituem o arcabouço de conhecimento de um engenheiro. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 9 Apresentação SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 9 08/05/20 11:17 Dedico esta produção aos professores que tive desde o ensino médio, no colégio técnico de Lorena, até a graduação na Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo. A professora Stéphanie Fonseca é mestre em Engenharia Química pela Universidade Federal de Santa Cata- rina (2015) e graduada em Engenharia Industrial Química pela Escola de En- genharia da Universidade de São Pau- lo (2009). Atuou profi ssionalmente em multinacionais da indústria química nas áreas de processo, projeto, saúde, segurança e meio ambiente. Exercitou a docência nas disciplinas de Estáti- ca, Termodinâmica e Fenômenos de Transporte, além de produzir conteú- dos para EAD. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3814286707387989/ FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 10 A autora SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 10 08/05/20 11:18 FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 11 Eu dedico este livro aos meus pais por me proporcionarem uma formação pessoal e acadêmica de qualidade, mesmo com todas as difi culdades. Dedico à minha orientadora acadêmica, sempre presente, me apoiando e me incentivando em minhas atividades. Por fi m, dedico ao meu marido pela compreensão e apoio. A professora Juliana Ikebe Otomo é doutora em Tecnologia Nuclear – ma- teriais pelo Instituto de Pesquisas Ener- géticas e Nucleares (IPEN) em 2015, mestra em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo (2010) e gra- duada em Engenharia Ambiental (2007) pela Faculdade Oswaldo Cruz. Traba- lha, desde 2016, como professora do curso de Engenharia Civil, lecionando disciplinas de Hidráulica, Saneamento, Fenômenos de Transporte, Instalações Hidráulicas Prediais, Cinemática e Dinâ- mica, Cálculo Diferencial e Integral. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1635328092311925 A autora SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 11 08/05/20 11:18 MEDIÇÃO E SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES 1 UNIDADE SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 12 08/05/20 11:20 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Compreender o conceito e definição de medição; Compreender o que é uma grandeza; Conhecer os principais sistemas de medição e compreender seus fundamentos; Conhecer conceitos básicos sobre instrumentos de medição; Compreender os conceitos de exatidão e precisão; Compreender o que são algarismos significativos, saber como arredondá-los e como efetuar cálculos básicos com os mesmos; Conhecer os motivos e processo de criação do Sistema Internacional de Unidades (SI); Conhecer as unidades de base e compreender suas definições; Conhecer as principais unidades derivadas do SI; Saber como converter unidades de sistemas diferentes; Compreender o que é dimensão e saber analisar de forma dimensional uma equação. Medição Grandezas Definição de medição Instrumentos de medição Exatidão e precisão Métodos e procedimentos de medição Algarismos significativos Sistema Internacional de Unidades (SI) Unidades de base do SI Unidades derivadas do SI Múltiplos e submúltiplos decimais do SI Unidades fora do SI e conver- são de unidades Análise dimensional FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 13 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 13 08/05/20 11:20 Medição Medir é um dos pilares da física e da engenharia. De fato, os fenômenos físicos só podem ser estudados e descritos se for- mos capazes de medir as quantidades associadas a eles. Tome como exemplo um carrinho de fricção que se desloca em uma mesa entre os pontos A e B. Como você poderia descrever esse deslocamento? Você deve estar pensando que pode descrever o deslocamento do carrinho se me- dir a distância entre os pontos A e B, cronometrar o tempo do deslocamento e que também pode calcular a velocidade média do carrinho ao dividir a distân-cia pelo tempo. Pronto, você já tem uma descrição do movimento do carrinho a partir de duas medidas e um cálculo simples. Toda obra de engenharia, desde as pirâmides até as sondas espaciais, foi cons- truída com sucesso graças à capacidade humana de medir, isto é, de comparar uma determinada quantidade com outra que sirva como padrão de referência. Os primeiros padrões foram objetos naturais, como pedras e partes do corpo humano. O cúbito real egípcio, por exemplo, era a medida entre o cotovelo e a ponta do dedo médio do braço do faraó, e sua medida era de aproximadamente 524 mm. Como forma de padronizar tal medida, foi confeccionado um padrão em granito com o qual outras réguas e bastões eram padronizados. A efi cácia do em- prego do cúbito real egípcio e sua padronização foram tais que, embora a Grande Pirâmide de Gizé tenha sido construída por milhares de trabalhadores, os quatro lados de sua base possuem um erro médio percentual de apenas 0,05. A propósi- to, a média do comprimento dos quatro lados é de 230,364 m, o que indica que, originalmente, os lados da Grande Pirâmide mediam 440 cúbitos reais. Grandezas O volume de água em um reservatório, o comprimento de uma distância percorrida, a massa específi ca de uma substância, a velocidade de um automó- vel, a pressão atmosférica, a concentração de cloreto de sódio e glicose no soro fi siológico e a aceleração da gravidade são alguns exemplos de quantidades importantes para a atividade humana. Em física, chamamos estas quantidades de grandezas. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 14 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 14 08/05/20 11:20 Grandeza é a propriedade de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e uma referência. Vamos compreender melhor esta defi nição por meio de alguns exemplos: 1) A duração da queda livre de uma maçã é uma propriedade defi nida pela grandeza chamada tempo, que pode ser expressa numericamente com ajuda de um cronômetro e por uma referência chamada segundo. A duração da queda da maçã durou 0,5 segundo. propriedade fenômeno referência número 2) A altura de um tanque de petróleo é uma propriedade de um corpo de- fi nida pela grandeza chamada comprimento. Ele pode ser expresso quanti- tativamente por um valor numérico e por uma referência que, neste caso, é a unidade de comprimento chamada metro. A altura de um tanque de petróleo é igual a dez metros. propriedade corpo referência número 3) O ponto de ebulição da água é uma propriedade física que pode ser ex- pressa sob a forma de um número e uma referência. A temperatura de ebulição da água é igual a 100 °C. propriedade substância referência número Nos exemplos anteriores, as referências são unidades de medida, mas tam- bém podem ser um procedimento de medição ou um material de referência. As grandezas podem ser classificadas conforme sua natureza. Calor, trabalho e energia cinética são grandezas da mesma natureza, a FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 15 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 15 08/05/20 11:20 energia. Para a física e engenharia, é bastante útil classificá-las como grandezas como de base e derivadas. As grandezas de base são escolhidas por convenção; em função delas são defi nidas as grandezas derivadas. Comprimento, massa e tempo são exem- plos de grandezas de base. Todas as grandezas derivadas são obtidas por meio de equações que relacionam as grandezas entre si. Exemplos: • A velocidade (v) é uma grandeza derivada obtida pela equação v = x/t, que relaciona duas grandezas de base: o comprimento do espaço percorrido x e o tempo t de duração do deslocamento; • A aceleração (a) é uma grandeza derivada obtida pela equação a = v/t, que relaciona uma grandeza derivada (v) com uma grandeza de base (t). Definição de medição Agora que você já conhece e entende o que são grandezas, já pode compreen- der a defi nição de medição. Se você defi nir o seu palmo como um padrão de referência para comprimento, poderá medir a largura de uma estante e verifi car se ela cabe em um espaço do seu escritório. Assim, podemos defi nir que medir é comparar uma grandeza com outra grandeza padrão de mesma natureza. Dentro do vocabulário técnico, cha- mamos a grandeza que desejamos medir de mensurando ou mensuranda. Já a medição relaciona-se com o método que utilizamos para medir uma gran- deza, e é defi nida como o processo de obtenção experimental de um ou mais va- lores que podem ser razoavelmente atribuídos a uma grandeza. Instrumentos de medição Para medirmos o valor de uma grandeza, dependemos de instrumentos de medição adequados. Exemplos: • Termômetro de infravermelho: utilizado para medir a temperatura de superfícies e corpos com base na radiação emitida por eles; • Termômetro de imersão: utilizado para medir a temperatura de subs- tâncias líquidas e viscosas; FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 16 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 16 08/05/20 11:20 • Transferidor: para medir ângulos; • Barômetro: para medir a pressão atmosférica; • Manômetro: para medir a pressão exercida por líquidos e gases; • Psicrômetro: mede a umidade relativa do ar; • Voltímetro: permite medir a diferença de potencial elétrico entre dois pontos de um circuito elétrico; • Amperímetro: permite medir a intensidade da corrente elétrica que atravessa um condutor; • Ohmímetro: mede a resistência elétrica de um componente ou circuito elétrico; • Densímetro: mede a densidade de um líquido. As características mais importantes de um instrumento de medição são sua faixa de medição, resolução, exatidão e precisão. A faixa de medição se refere à faixa de valores que o instrumento pode medir; por exemplo, um ter- mômetro pode ter uma faixa de me- dição entre 0 e 100 ºC. A resolução é outra característica importante e se refere à menor fração de uma di- mensão que o instrumento é capaz de medir. Uma régua comum, por exemplo, está graduada em centí- metros e milímetros, assim sua re- solução é de 0,1 mm. Exatidão e precisão A exatidão refl ete quanto o resultado de uma medição está próximo do va- lor real mensurado. A precisão refl ete quanto os valores dos resultados de uma medição estão próximos. Se você for brincar de lançar fl echas em um alvo, seu objetivo será acertar todas no centro do alvo; contudo, o resultado dependerá da sua habilidade ou falta dela. Você será preciso se acertar todas as fl echas próximas umas das outras e exato se acertar todas as fl echas no centro do alvo. Vamos entender melhor analisando a Figura 1: FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 17 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 17 08/05/20 11:21 Precisão: não Exatidão: não Precisão: sim Exatidão: não Precisão: não Exatidão: sim Precisão: sim Exatidão: sim A B C D Figura 1. Exemplo ilustrando os conceitos de precisão e exatidão. No caso A, as fl echas estão dispersas, demonstrando baixa precisão. A maior parte delas está distante do centro do alvo, o que mostra baixa exatidão. No caso B, as fl echas estão bem próximas umas das outras, demons- trando alta precisão, contudo, estão longe do centro do alvo, demonstrado baixa exatidão. No caso C, as fl echas estão dispersas, porém todas em torno do alvo, o que demonstra baixa precisão e boa exatidão, respectivamente. Já no caso D, todas as fl echas estão bem próximas umas das outras e no cen- tro do alvo. Temos, então, alta precisão e alta exatidão, concomitantemente. É importante saber que um instrumento de medição pode ter diferentes graus de exatidão ao longo de sua faixa de medição; e também é importante consultar esta informação na fi cha técnica do instrumento. Os instrumentos de medição podem ser classifi cados quanto a sua função, isto é, para que tipos de grandeza são usados; e quanto a sua exatidão. Um paquímetro é um instru- mento de medição de comprimento mais exato que uma régua, por exemplo. Métodos e procedimento de medição Os métodos de medição podem ser classifi cados de diversas formas.Adiante, abordaremos a classifi cação entre métodos diretos e indiretos. Método direto: é o mais simples dos métodos de medição, pois nele obte- mos o valor da variável de interesse diretamente, sem necessidade de cálculos posteriores. Temos alguns exemplos de medição direta a seguir. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 18 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 18 08/05/20 11:21 1) Usar um voltímetro para medir a diferença de potencial entre dois pontos de um circuito elétrico; 2) Usar uma balança de precisão para medir a massa de um reagente químico; 3) Usar um manômetro para medir a pressão interna em um reator químico; 4) Medir o diâmetro interno de uma rosca utilizando um paquímetro; 5) Medir o pé direito de uma sala utilizando uma trena. Você pode observar nos exemplos que os instrumentos de medição for- necem diretamente o valor da grandeza que precisamos medir. Basta que você verifique o valor no mostrador ou escala do instrumento. Método indireto: neste caso, medimos diretamente o valor de outras gran- dezas que se relacionam matematicamente com a grandeza de interesse. O re- sultado final é obtido por meio de cálculos. A seguir veremos alguns exemplos. 1) Para determinar o volume V de um tanque cilíndrico, você pode medir o diâmetro d e a altura y do tanque (duas medições diretas) e obter o volume por meio da equação que relaciona o volume de um cilindro ao seu diâmetro e altura: V = y ∙ π ∙ d 2 4 2) Para determinar a resistência R de um cabo metálico num circuito elé- trico, você pode medir a corrente elétrica I que percorre o cabo e a diferença de potencial V entre dois pontos do cabo utilizando um amperímetro e um voltímetro, respectivamente. De posse desses dois valores, você pode de- terminar o valor da resistência por meio da equação: R = I/I 3) Podemos medir a massa específica ρ de um líquido se medirmos sua massa m em uma balança e tomarmos o seu volume V em uma proveta, que é um tubo graduado, usado para realizar a medição direta do volume de líquidos. Utilizando a equação a seguir, você obtém o valor da massa específica: ρ = m/V A escolha do método de medição depende de diversos fatores: custo e disponibilidade dos instrumentos de medição, complexidade do método e nível de precisão desejado. Por exemplo, a massa específica de um líquido pode ser medida diretamen- te se utilizarmos um instrumento chamado densímetro, mas, na falta dele, FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 19 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 19 08/05/20 11:21 podemos proceder como no exemplo 3. Por outro lado, a massa específica ρ de uma solução está proporcionalmente relacionada com sua concentração c; as- sim, podemos utilizar o densímetro para medir indiretamente a concentração de uma solução. Esta forma é bastante utilizada para medir o teor de água no álcool hidratado. Já um procedimento de medição é uma descrição detalhada de como efe- tuar uma determinada medição, definindo, por exemplo, em quais princípios de medição o procedimento se baseia, qual é método de medição empregado, quais instrumentos devem ser utilizados, sob quais condições a medição deve ser realizada, quais cálculos devem ser efetuados, etc. Nas empresas e insti- tuições de pesquisa, esses procedimentos são padronizados e chamados de Procedimentos Operacionais Padrão, usualmente conhecidos como POP. EXPLICANDO O princípio de medição é o fenômeno físico que serve de base para uma medição. A absorção de energia de uma solução pode ser utilizada como princípio de medição da concentração de uma substância. O resultado de uma medição depende de diversos fatores: • Instrumentos de medição: devem estar devidamente calibrados. Sua exatidão, precisão, resolução e faixa de medição devem ser conhecidos e ade- quados para o processo de medição; • Rastreabilidade metrológica: o resultado da medição pode ser relacionado a uma referência por meio de uma cadeia ininter- rupta e documentada de calibrações. Padrões e instrumen- tos utilizados numa medição, bem como suas calibrações, devem possuir rastreabilidade metrológica; • Fator humano: o analista precisa compreender o método e o procedimento de medição, ser treinado e capacitado para utilizar os instru- mentos de medição, manusear amostras e analisar os resultados; • Condições ambientais: temperatura, umidade do ar, barulhos e cam- pos eletromagnéticos podem interferir no resultado obtido. O volume de uma substância, por exemplo, varia em função da temperatura por conta da dilatação. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 20 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 20 08/05/20 11:21 Sempre que você for efetuar uma medição, deve analisar a existência e grau de interferência desses fatores e, sempre que necessário, deve tomar medidas para eliminar ou diminuir a interferência deles. A amostra é outro fator de maior importância no resultado de uma medi- ção e, por isso, iremos explorar um pouco mais este conceito. Imagine que você trabalhe em uma indústria de tubos fl exíveis que produz 15.000 unidades de um modelo por mês. Como você faria para verifi car se estes tubos possuem a dimensão de comprimento em conformidade com a especifi cação? Obviamen- te, medir o comprimento de cada um seria inviável. Uma forma de responder ao problema é selecionar uma amostra, isto é, uma parte representativa do todo que, uma vez analisada e medida, possibilita atribuir os resultados encontrados ao todo. É importante que você saiba que a amostragem deve ser feita conforme critérios estabelecidos por normas. Algarismos significativos Devido a fatores como qualidade do instrumento de medição, calibração, corpo de provas, habilidade do profi ssional e número de medições realiza- das, o resultado de uma medição está dentro daquilo que chamamos de limite de incerteza. Imagine que você realizou um experimento para medir a concentra- ção de uma solução aquosa de cloreto de sódio. Após repetir a análise um determinado número de vezes, o valor mais provável obtido para a concentração foi 10,35 g/dm3, e a variação máxima no conjunto das me- dições foi de 0,2 g/dm3. A princípio, você expressaria o resultado final como c = (10,35 ± 0,2) g ∙ dm3. Nesse momento, você nota que a variação da medição afeta a primeira casa decimal do valor mais provável de con- centração, portanto, não faz sentido expressar o valor de concentração com duas casas decimais, pois já existe incerteza na primeira casa; desta forma, o quarto algarismo deixou de ser significativo. Como consequên- cia, o resultado da medição deve se expresso como c = (10,3 ± 0,2) g ∙ dm3, significando que a concentração pode ser algum valor entre 10,1 g/dm3 e 10,5 g/dm3. Em outras palavras, é possível dizer que os dois primeiros algarismos estão corretos, mas há dúvida sobre o terceiro. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 21 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 21 08/05/20 11:21 A partir dessas considerações, podemos dizer que algarismos significa- tivos de uma medição são aqueles que podem ser considerados corretos, a contar do primeiro diferente do zero, acrescido do último, que é considerado algarismo duvidoso. Em outras palavras, os algarismos significativos expres- sam o grau de certeza de uma medição. O último algarismo sempre será duvidoso. Veja a Figura 2, que mostra um termômetro cuja faixa de medição é entre 10 ºC e 80 ºC, com resolução de 5 ºC. A princípio, poderíamos dizer que o termômetro está marcando 65 ºC, contudo, não podemos afirmar com certeza que a altura da coluna de líquido está posicionada exatamente em 65 ºC. Por isso, o algarismo cinco apresenta uma incerteza, motivo pelo qual é chamado de algarismo significativo duvidoso. 80 ºC 70 ºC 60 ºC 50 ºC 40 ºC 30 ºC 20 ºC 10 ºC Figura 2. Termômetro graduado em graus Celsius. Notação científica Em trabalhos científicos, como teses e artigos, os valores numéricos das grandezas são escritos sob a forma de notação científica, que nada mais é que escrever um número referindo-se à potência dedez, conservando-se apenas um dígito diferente de zero à esquerda da vírgula. Vejamos alguns exemplos: a) 300 = 3,00 ∙ 102: três algarismos significativos; b) 10576 = 1,0576 ∙ 104: cinco algarismos significativos; FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 22 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 22 08/05/20 11:21 c) 0,00357 = 3,57 ∙ 10-3: três algarismos significativos; d) 1,001 = 1,001: quatro algarismos significativos. A notação científica permite a rápida visualização da quantidade de algaris- mos significativos e da ordem de grandeza (potência). Regras sobre algarismos significativos: 1) Os zeros não são significativos quando estão situados à esquerda do pri- meiro algarismo não nulo; 2) Os zeros à direita só devem ser escritos quando temos a certeza de que são significativos. Exemplos: a) 3,5400 ∙ 104: possui cinco algarismos significativos; b) 3503 m: possui cinco algarismos significativos; c) 0,0123 A: possui três algarismos significativos, os zeros à esquerda ser- vem apenas para indicar que o valor da grandeza é menos que a unidade; d) 220 V: possui três algarismos significativos. Regras de arredondamento Quando uma medida possui mais algarismos significativos do que necessi- tamos, devemos conservar apenas os algarismos de nosso interesse. Exemplo: a medição das dimensões de uma mureta resultou em 95,328 cm de altura e 200,541 cm de comprimento. Mas para os seus propósitos, apenas três algarismos significativos são suficientes. Como você deve reescrever os resultados? Você pode especular e sobrescrever a altura como 95,33 cm, arredon- dando para cima; ou 95,32 cm, arredondando para baixo. Devemos esco- lher a opção que esteja mais próxima do valor medido. Para isso, vamos analisar o erro associado a cada uma delas e escolher aquela que apresen- ta o menor erro. erro95,33 cm = (95,33 - 95,328) cm = 0,002 cm erro95,32 cm = (95,328 - 95,32) cm = 0,008 cm O menor erro ocorre quando arredondamos para cima, portanto, você de- verá reescrever a altura como 95,33 cm. Apliquemos o método anterior ao valor do comprimento: erro200,55 cm = (200,55 - 200,541) cm = 0,009 cm erro200,54 cm = (200,541 - 200,54) cm = 0,001cm FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 23 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 23 08/05/20 11:21 Como o menor erro ocorre quando arredondamos para baixo, o comprimen- to deve ser apresentado como 200,54 cm. No entanto, você não precisa calcular erros cada vez que tiver que arredon- dar um número, pois foram criadas regras de arredondamento com base nos fundamentos expostos nesse exemplo. Vejamos quais são estas regras. 1) Se o algarismo a ser conservado for seguido de algarismo inferior a cinco, permanece aquele a ser conservado e retiram-se os algarismos posteriores. Exemplos: a) Arredondando-se 2,311 à primeira casa decimal, tem-se 2,3. b) Arredondando-se 5,3113 à segunda casa decimal, tem-se 5,31. 2) Se o algarismo a ser conservado for seguido de algarismo superior ou igual a cinco, seguido de no mínimo um algarismo diferente de zero, deve ser somada uma unidade ao algarismo a ser conservado e retiram-se os posteriores. Exemplos: a) Arredondando-se 2,6677 à segunda casa decimal, tem-se 2,67; b) Arredondando-se 2,4501 à primeira casa decimal, tem-se 2,5. 3) Se o algarismo a ser conservado for ímpar, seguido de cinco e posterior- mente de zeros, deve ser somada uma unidade ao algarismo a ser conservado e retiram-se os posteriores. Exemplos: a) Arredondando-se 8,750 à primeira casa decimal, tem-se 8,8; b) Arredondando-se 21,33500 à segunda casa decimal, tem-se 21,34. 4) Se o algarismo a ser conservado for par, seguido de cinco e posteriormente de zero, permanece o algarismo a ser conservado e retiram-se os posteriores. Exemplos: a) Arredondando-se 2,4500 à primeira casa decimal, tem-se 2,4; b) Arredondando-se 10,62500 à segunda casa decimal, tem-se 10,62. Operações com algarismos significativos Ao efetuarmos cálculos devemos ter cuidado para que o resultado final con- tenha apenas algarismos significativos. Para isso, as seguintes regras devem ser seguidas: 1) Na soma e subtração as parcelas são somadas ou subtraídas normalmen- te. O resultado final deverá ter o mesmo número de casas decimais da parcela que possui o menor número de casas. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 24 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 24 08/05/20 11:21 Exemplos: a) (30,10 + 45,555 + 23,489) m = 99,144 m. Como a parcela 30,10 apresenta apenas duas casas decimais, o resultado final será 99,14 m. b) (25,051 – 1,8977) m = 23,1533 m. Aplicando a regra, o resultado final será 23,153 m. 2) Na multiplicação calculamos o produto, e o resultado final deve ter o mesmo número de algarismos significativos do fator que tiver o menor número de algaris- mos significativos. Exemplo: 23,4556m ∙ 1,75 m = 41,0473 m2. Como o segundo fator possui apenas três algarismos significativos, o resultado final será 41,0 m2. 3) Na divisão obtemos o quociente normalmente, verifica-se se o dividendo ou divisor possui o menor número de algarismos significativos, e o resultado final terá este mesmo número de algarismos significativos. Exemplos: a) 75,25 m / 1,2555 s = 59,93628037 m/s. Neste caso, o dividendo 75,25 possui apenas quatro algarismos significativos. O resultado final da divisão será 59,94. b) 2750 g / 2,25 cm3 = 1 222, 222 222 g/cm3. Repare que, nesse exemplo, o divisor possui três algarismos significativos; por isso, não podemos expressar o resultado como 1222 g /cm3. Quando isto acontece, o resultado deve ser escrito em forma de notação científica, assim: 1,22 ∙ 103 g/cm3. Ao calcular a raiz quadrada de um número de n algarismos significativos, o resultado terá n ou n + 1 algarismos significativos. Exemplos: c) 25,25 = 5,024937811.√ Aplicando a regra: 25,25 = 5,025.√ d) 10000 = 100,000.√ 4) Em cálculos longos que envolvem operações mistas, devem ser utilizados quantos dígitos forem possíveis em todo o conjunto de cálculos e, no final, arre- dondar o resultado de forma adequada. Isso pode ser feito com uma calculadora científica ou gráfica. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 25 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 25 08/05/20 11:21 Sistema Internacional de Unidades (SI) Por milênios, diferentes povos, culturas e países adotaram sistemas de unidades próprios. O sistema inglês de medidas, por exemplo, é comum dentro da engenha- ria até os dias atuais. Mas como você pode deduzir, um sistema internacional único promove o avanço tecnológico e benefi cia as transações comerciais entre países. O embrião daquilo que conhecemos como sistema métrico foi proposto por Ga- briel Mouton, um vicário de Lyon e renomado matemático e astrônomo. Ele propôs, como referência de comprimento, a medida linear de um arco de um minuto ao longo de um meridiano terrestre. Essa medida seria dividida de forma decimal. EXPLICANDO Um arco é um trecho entre dois pontos de uma curva. No caso de uma circunferência, um arco tem uma medida linear e uma medida angular. A medida angular pode ser em graus, sendo que cada grau pode ser subdi- vido em 60 minutos e cada minuto subdivido em 60 segundos. Assim, um arco de um minuto mede aproximadamente 0,0167º. A proposta de Mouton aguardou mais de um século até a criação da Assembleia Nacional durante a Revolução Francesa para que fosse discutida em âmbito político. Em abril de 1790, Charles-Maurice de Talleyrand trouxe o assunto para o debate e en- caminhou a discussão técnica para a Academia Francesa de Ciências. Por fi m, o metro foi defi nido como um décimo de milionésimo (1/10000000), do Polo Norte ao Equa- dor, pelo meridiano de Paris. As expedições realizadas entre 1792 e 1799 determina- ram este comprimento por meio da medição da distância entre as cidades de Dun- querque, na França, e Barcelona, na Espanha. As unidades de volume e massa foram padronizadas a partir dos múltiplos e submúltiplos do metro. O grama foi defi nido como a massa de água pura que ocupa um centímetro cúbico e o litro como o volume de águaque ocupa um decímetro cúbico. Foram criados dois padrões de platina, um para o metro e outro para o quilograma e, assim, em 22 de junho de 1979, foi criado o Exemplo: 4,00 1,345 + 1,234 + (3,78 ∙ 1,2) = 8,7. O resultado fi nal foi limitado pela última operação, que deve conter um nú- mero de apenas dois algarismos signifi cativos e uma casa decimal. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 26 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 26 08/05/20 11:21 Sistema Métrico Decimal, no qual as unidades de comprimento, massa e peso são interligadas e derivam de um padrão universal e invariável. A Convenção do Metro foi assinada em 20 de maio de 1875 por 17 países (incluindo o Brasil) e estabeleceu: • A criação do Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM); • O Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM), que supervisiona as ativi- dades do BIPM; • A Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), que atual- mente ocorre a cada quatro anos e reúne delegados de todos os estados membros da Convenção do Metro. Após a Convenção do Metro, foram construídos novos protótipos internacionais para o metro e o quilograma, e o segundo foi adotado como unidade de tempo. A partir de então, o sistema métrico foi revisado periodicamente, adotando e defi nindo novas grandezas e unidades. O Sistema Internacional de Unidades, tal como conhece- mos hoje, foi ofi cializado na 14ª CGPM, em 1975. Unidades de base do SI Um sistema de unidades precisa ser associado a um sistema de grandezas. As grandezas de base do SI são: comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, tem- peratura termodinâmica, quantidade de substância e intensidade luminosa. As unidades de base do SI são defi nidas sob aprovação da CGPM e revisadas de modo a acompanharem o desenvolvimento da ciência. Atualmente, todas as defi nições são baseadas em constantes físicas imutáveis, como a velocidade da luz, período de emissão atômica e a constante de Planck. Vamos dedicar algum tempo para conhecer e compreender as defi nições das unidades de comprimento, massa e tempo, pois essas são as grandezas fundamentais da mecânica e comuns a todas as áreas da física. O segundo A defi nição do segundo é complexa e envolve noções e termos de física atômica e quântica: O segundo, símbolo “s”, é a unidade de tempo do SI. É defi nido ao fi xar- -se o valor numérico da frequência de transição hiperfi na ∆vCs do átomo de césio 133 em seu estado fundamental como sendo 9.192.631.770 quando expressa na unidade Hz, que é igual a s-1 (SOCIEDADE BRASILEI- FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 27 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 27 08/05/20 11:21 RA DE METROLOGIA, 2019, p. 9). Esta definição se baseia no fato de que os átomos emitem energia de maneira periódica, isto é, em intervalos de tempo constantes. Veja que, em termos mais simples, você pode compreender a definição de segundo como sendo baseada na duração do período de emissão atómica do césio 133: um segundo é igual à duração de 9.192.631.770 períodos de emissão atômica do átomo de césio 133. O metro A unidade de comprimento, o metro, já foi definida com base em uma barra de platina-irídio. Posteriormente, sua definição se baseou no comprimento de onda de uma radiação de criptônio 86. Em 1983, a 17º CGPM estabeleceu que o metro se define como o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de segundo (SOCIEDADE BRA- SILEIRA DE METROLOGIA, 2019, p. 10). Repare que, como consequência da definição do metro, a velocidade da luz no vácuo ficou determinada como c0 = 299792458 m/s. O quilograma O primeiro protótipo do quilograma é um artefato de platina-irídio que foi sancionado na 1º CGPM em 1889. Na 3ºCGPM foi estabelecida que o quilograma é a unidade de massa; ele é igual à massa do protótipo interna- cional do quilograma (SOCIEDADE BRASILEIRA DE METROLOGIA, 2019, p. 4). Apesar de todos os cuidados para preservar o protótipo do quilograma, ele sofre o acúmulo de impurezas em sua superfície. Por isso, antes de ser usado para calibrar outros padrões internacionais, precisa ser lavado con- forme uma metodologia específica. Em novembro de 2018, graças aos avanços da tecnologia, foi finalmente ofi- cializada a redefinição do quilograma com base em uma constante física: O quilograma, de símbolo kg, é a unidade de massa do SI. Ele é definido ao fixar-se o valor numérico da constante de Planck h como sendo 6,626070 15 ∙ 10−34 quando expressa na unidade J s, que é igual a kg m2 s-1, onde o metro e o segundo são definidos em termos de ce∆vCs (SOCIEDADE BRASILEIRA DE METROLOGIA, 2019, p. 7). Para cada grandeza de base é atribuída uma unidade de base, como FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 28 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 28 08/05/20 11:21 ASSISTA O vídeo Comunidade científi ca põe fi m ao padrão físico do quilograma, da agência EFE, aborda o fi m do uso do cilindro de platina-irídio como padrão de unidade de massa, bem como a redefi nição do quilograma com base na constante de Planck e o impacto positivo desta mudança para o avanço da ciência e tecnologia. você pode ver no Quadro 1. GRANDEZA DE BASE UNIDADE DE BASE DO SI Nome Símbolo Nome Símbolo Comprimento l, x, r, etc. Metro m Massa m Quilograma kg Tempo t Segundo s Corrente elétrica I, i Ampere A Temperatura termodinâmica T Kelvin K Quantidade de substância n Mol mol Intensidade luminosa Iv Candela cd ComprimentoComprimentoComprimentoComprimentoComprimento MassaMassa TempoTempo Corrente elétrica l, x, r, etc. Corrente elétrica l, x, r, etc. Corrente elétrica Temperatura termodinâmica l, x, r, etc. Corrente elétrica Temperatura termodinâmica m Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de Temperatura termodinâmica Quantidade de substância termodinâmica Quantidade de substância Intensidade luminosa Quantidade de substância Intensidade luminosa Quantidade de substância Intensidade luminosa Metro I, i Intensidade luminosa Metro Quilograma Intensidade luminosa Quilograma T Intensidade luminosa QuilogramaQuilograma SegundoSegundoSegundo Ampere m Ampere Iv Ampere Kelvin kg Kelvin Mol s Mol Candela A CandelaCandela molmol cd QUADRO 1. UNIDADES DE BASE DO SI Fonte: INMETRO, 2012a, p. 28. (Adaptado). Unidades derivadas do SI Assim como acontece com as grandezas, as unidades derivadas também são formadas pelos produtos das unidades de base. O Quadro 2 apresenta as principais unidades derivadas dentro do SI. Vamos ver? FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 29 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 29 08/05/20 11:21 GRANDEZA DERIVADA UNIDADE DERIVADA DO SI Nome Símbolo Nome Símbolo Área A Metro m2 Volume V Quilograma m3 Velocidade v Segundo m/s Aceleração a Ampere m/s2 Massa específi ca ρ Kelvin kg/m3 Campo magnético H Mol A/m Concentração de substância C Candela mol/m 3 ÁreaÁrea VolumeVolume Velocidade Volume Velocidade Aceleração Velocidade Aceleração Massa específi ca Aceleração Massa específi ca Campo magnético Aceleração Massa específi ca Campo magnético Massa específi ca Campo magnético Concentração de substância Massa específi ca Campo magnético Concentração de substância V Campo magnético Concentração de substância v Campo magnético Concentração de substânciade substância a ρ Metro H Metro QuilogramaQuilograma Segundo C Quilograma Segundo Quilograma Segundo AmpereAmpereAmpere KelvinKelvin Mol m2 Mol Candela m Candela m/s Candela m/s m/s kg/mkg/m3 A/mA/m mol/mmol/mmol/m3 Fonte: INMETRO, 2012a, p. 29. (Adaptado). Fonte: INMETRO, 2012a, p. 30. (Adaptado). O Quadro 3 apresenta algumas unidades que possuem nomes e símbolos especiais que simplifi cam a expressão de grandezas mais complexas como força e energia. QUADRO 2. UNIDADES DERIVADAS DO SI QUADRO 3. EXEMPLOS DE UNIDADES SI DERIVADAS QUE POSSUEM NOMES E SÍMBOLOS ESPECIAIS GRANDEZA DERIVADA UNIDADE SI DERIVADA Nome Símbolo Expressão utilizando outras unidadesdo SI Expressão em unidades de base do SI Ângulo plano Radiano rad 1 m/m Força Newton N m kg s-2 Pressão Pascal Pa N/m2 m-1 kg s-2 Energia, trabalho, quantidade de calor Joule J N m m2 kg s-2 Potência Watt W J/s m2 kg s-3 Diferença de potencial elétrico Volt V W/A m 2 kg s-3 A-1 Ângulo planoÂngulo planoÂngulo planoÂngulo plano ForçaForça Pressão Energia, trabalho, Pressão Energia, trabalho, Radiano Pressão Energia, trabalho, quantidade Radiano Energia, trabalho, quantidade de calor Radiano Newton Energia, trabalho, quantidade de calor Potência Newton Energia, trabalho, quantidade de calor Potência Diferença de Pascal Potência Diferença de potencial elétrico rad Pascal Diferença de potencial elétrico rad Joule Diferença de potencial elétrico N Joule Diferença de potencial elétrico Watt potencial elétrico Pa Watt 1 J Volt W N/mN/m2 V m/m N m m/m m kg s J/s m kg s-2 m kg s W/A kg s-2 W/A 2 kg skg s-2 m2 kg s kg skg s-3 A-1 FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 30 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 30 08/05/20 11:21 CURIOSIDADE A unidade de força recebe o nome de newton em homenagem ao físico Sir Isaac Newton, que foi pioneiro no estudo da mecânica. Já a unidade de energia recebe o nome de joule em homenagem ao físico inglês Ja- mes Joule, que demonstrou que a energia em forma de calor poderia ser transformada em trabalho mecânico, o que permitiu o desenvolvimento de máquinas térmicas. O Quadro 4 mostra alguns exemplos de unidades derivadas que possuem nomes formados por outras unidades, como a entropia, cuja unidade recebe o nome de joule por Kelvin. Fonte: INMETRO, 2012a, p. 31. (Adaptado). QUADRO 4. UNIDADES SI DERIVADAS CUJOS NOMES E SÍMBOLOS INCLUEM UNIDADES DERIVADAS COM NOMES E SÍMBOLOS ESPECIAIS GRANDEZA DERIVADA UNIDADE DE BASE DO SI Nome Símbolo Expressão em unidades de base do SI Viscosidade dinâmica Pascal segundo Pa s m-1 kg s-1 Momento de uma força Newton metro N m m2 kg s-2 Tensão superfi cial Newton por metro N/m kg s-2 Capacidade térmica, entropia Joule por Kelvin J/K m2 kg s-2 K-1 Campo elétrico Volt por metro V/m m kg s-3 A-1 Viscosidade dinâmicaViscosidade dinâmicaViscosidade dinâmica Momento de uma força Viscosidade dinâmica Momento de uma força Viscosidade dinâmica Momento de uma força Tensão superfi cial Viscosidade dinâmica Momento de uma força Tensão superfi cial Capacidade térmica, entropia Viscosidade dinâmica Momento de uma força Tensão superfi cial Capacidade térmica, entropia Momento de uma força Tensão superfi cial Capacidade térmica, entropia Momento de uma força Tensão superfi cial Capacidade térmica, entropia Tensão superfi cial Capacidade térmica, entropia Campo elétrico Pascal segundo Capacidade térmica, entropia Campo elétrico Pascal segundo Capacidade térmica, entropia Campo elétrico Pascal segundo Newton metro Capacidade térmica, entropia Campo elétrico Pascal segundo Newton metro Newton por metro Capacidade térmica, entropia Campo elétrico Pascal segundo Newton metro Newton por metro Newton metro Newton por metro Newton metro Newton por metro Joule por Kelvin Newton por metro Joule por Kelvin Pa s Newton por metro Joule por Kelvin Volt por metro Pa s Joule por Kelvin Volt por metro N m Joule por Kelvin Volt por metroVolt por metro N/m Volt por metro m-1 kg s kg s J/K kg s V/m kg s-2 V/m kg s m2 kg s K m kg sm kg s A-1 Múltiplos e submúltiplos decimais do SI Para facilitar a expressão de números muito pequenos ou muito gran- des, bem como para aumentar a precisão das medidas, foram criados múltiplos e submúltiplos para cada unidade do SI. Cada múltiplo e cada submúltiplo das unidades corresponde a uma potência de 10 chamada de fator, representado por um prefixo. Por exemplo, o prefixo quilo, simbo- FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 31 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 31 08/05/20 11:21 lizado pela letra k, corresponde ao fator 10³. Assim, um quilômetro é um metro multiplicado por 10³. O Quadro 5 mostra os múltiplos e submúlti- plos das unidades do SI: MÚLTIPLOS SUBMÚLTIPLOS Fator Nome do prefi xo Símbolo Fator Nome do prefi xo Símbolo 101 deca da 10-1 deci d 102 hecto h 10-2 centi c 103 kilo k 10-3 mili m 106 mega M 10-6 micro µ 109 giga G 10-9 nano n 1012 tera T 10-12 pico p 1015 peta P 10-15 femto f 1018 exa E 10-18 atto a 1021 zetta Z 10-21 zepto z 1024 yotta Y 10-24 yocto y 101 10 10103 10 deca 10 hecto 10 hecto kilo 1012 kilo 1015 mega 10 da mega gigagiga tera 1021 tera 10 k peta 10 M peta exa 10 exa zetta -2 G zetta 10-3 T yotta 10 P yotta deci 10 deci centi 10-9 E centi 10-12 Z mili 10 micro 10 d micro nano -18 nano 10-21 c pico 10 m femto -24 femto atto µ atto n zepto p zepto yoctoyocto a y Fonte: INMETRO, 2012a, p. 34. (Adaptado). QUADRO 5. MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DAS UNIDADES DO SI Unidades fora do SI e conversão de unidades Como você pode notar, uma das unidades mais comuns para volume é o litro, empregado no comércio e até mesmo no meio científico, como, por exemplo, para designar a concentração de uma solução em gramas por litro, g/l. Por essa razão, embora o SI seja um sistema universal, o CIPM reconhece que algumas unidades continuarão a ser usadas por muito tempo e aceita que algumas fora do SI sejam utilizadas em con- junto com aquelas do SI. Observe que, com exceção das unidades de tempo e ângulo, todas as outras unidades são múltiplos ou submúltiplos decimais das unidades SI correspondentes e, por isso, os prefixos do SI podem ser usados. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 32 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 32 08/05/20 11:24 Grandeza Nome da unidade Símbolo daunidade Valor em unidades do SI Tempo Minuto min 1 min = 60 s Hora h 1 h = 60 min = 3600 s Dia d 1 d = 24 h = 86400 s Ângulo plano Grau º 1º = (π/180) rad Minuto ′ 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad Segundo ″ 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad Área Hectare ha 1 ha = 1 hm2 = 104 m2 Volume Litro l, L 1 l = 1 L = 1 dm3 = 103 cm3 = 10−3 m3 Massa Tonelada t 1 t = 103 kg TempoTempoTempo Ângulo plano Minuto Ângulo plano Minuto Ângulo plano Minuto Hora Ângulo plano Hora Ângulo plano Área Dia Área Volume Grau Volume Grau Minuto Volume Massa min Minuto Segundo Massa h Segundo Hectare Segundo HectareHectare Litro º Litro ToneladaToneladaTonelada 1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3600 s 1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3600 s ha 1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3600 s 1 d = 24 h = 86400 s l, L 1 min = 60 s 1 h = 60 min = 3600 s 1 d = 24 h = 86400 s 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad l, L 1 h = 60 min = 3600 s 1 d = 24 h = 86400 s 1º = (π/180) rad 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad t 1 h = 60 min = 3600 s 1 d = 24 h = 86400 s 1º = (π/180) rad 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad 1 h = 60 min = 3600 s 1 d = 24 h = 86400 s 1º = (π/180) rad 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad 1 l = 1 L = 1 dm 1 d = 24 h = 86400 s 1º = (π/180) rad 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad 1 ha = 1 hm 1 l = 1 L = 1 dm 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad 1 ha = 1 hm 1 l = 1 L = 1 dm 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad 1 ha = 1 hm 1 l = 1 L = 1 dm 1′= (1/60)º = (π/10 800) rad 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad 1 ha = 1 hm2 = 10 1 l = 1 L = 1 dm 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad = 10 = 10 1 t = 10 1″= (1/60)’ = (π/648 000) rad m cm 1 t = 10 cm3 = 10 1 t = 103 kg = 10 kg m Nome da unidade Símbolo da unidade Valor em unidades do SI Bar bar 1 bar = 100.000 Pa Milímetro de mercúrio mmHg 1 mmHg = 133,322 Pa Psi Psi 1 Psi = 6.894,757 Pa Atmosfera atm 1 atm = 101.325 Pa Milímetro de mercúrioMilímetro de mercúrio Bar Milímetro de mercúrioMilímetro de mercúrioMilímetro de mercúrioMilímetro de mercúrio Psi Atmosfera Milímetro de mercúrio AtmosferaAtmosfera bar mmHgmmHgPsi atmatm 1 bar = 100.000 Pa1 bar = 100.000 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 bar = 100.000 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 bar = 100.000 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 Psi = 6.894,757 Pa 1 bar = 100.000 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 Psi = 6.894,757 Pa 1 atm = 101.325 Pa 1 bar = 100.000 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 Psi = 6.894,757 Pa 1 atm = 101.325 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 Psi = 6.894,757 Pa 1 atm = 101.325 Pa 1 mmHg = 133,322 Pa 1 Psi = 6.894,757 Pa 1 atm = 101.325 Pa 1 Psi = 6.894,757 Pa 1 atm = 101.325 Pa1 atm = 101.325 Pa Fonte: BIPM, 2019, p. 145. (Adaptado). Fonte: YOUNG; MUNSON; OKIISHI, 2004, p. 38. (Adaptado). QUADRO 6. ALGUMAS UNIDADES FORA DO SI CUJO USO COM UNIDADES SI É ACEITO QUADRO 7. UNIDADES DE PRESSÃO FORA DO SI E SEUS VALORES EM UNIDADES DO SI Em alguns meios técnicos e científi cos, o uso de algumas unidades históricas é considerado mais vantajoso para expressar certas grandezas. Um exemplo clássico é a pressão; embora sua unidade no SI seja o pascal (Pa), é muito comum encontrar equipamentos como bombas e instrumentos de medição com especifi cação em bar, mmHg (milímetros de mercúrio), Psi e atm. Aliás, o primeiro barômetro, instru- mento para medir a pressão atmosférica, foi criado pelo físico italiano Torricelli e era composto por um tubo de vidro contendo mercúrio mergulhado em um recipiente também preenchido com mercúrio. O nível de mercúrio no tubo varia proporcional- mente à mudança de magnitude da pressão atmosférica, daí o nome da unidade milímetros de mercúrio. O Quadro 7 mostra algumas unidades de pressão não per- tencentes ao SI e seu valor em Pascal. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 33 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 33 08/05/20 11:24 Antes da criação do SI, o CGS (centímetro, grama, segundo) era um sistema métrico amplamente utilizado, e algumas de suas unidades derivadas são em- pregadas até os dias de hoje. O Quadro 8 apresenta algumas unidades CGS e seus respectivos valores em unidades SI. Grandeza Nome daunidade Símbolo da unidade Valor em unidades do SI Energia erg erg 1 erg = 10-7 J Força dina dyn dyn = 10-5 N Viscosidade dinâmica poise P 1 P = 1 dyn s cm-2 = 0,1 Pa s Viscosidade cinemática stokes St 1 St = 1 cm2 s-1 = 10-4 m2 s-1 EnergiaEnergia Viscosidade dinâmica Energia Força Viscosidade dinâmica Viscosidade cinemática Força Viscosidade dinâmica Viscosidade cinemática Viscosidade dinâmica Viscosidade cinemática Viscosidade dinâmica Viscosidade cinemática Viscosidade dinâmica Viscosidade cinemática erg Viscosidade cinemática erg dina Viscosidade cinemática dina poisepoise stokes erg stokes erg dyn P St 1 erg = 101 erg = 10 dyn = 10 1 P = 1 dyn s cm 1 erg = 10 dyn = 10 1 P = 1 dyn s cm 1 St = 1 cm J dyn = 10 1 P = 1 dyn s cm 1 St = 1 cm N 1 P = 1 dyn s cm 1 St = 1 cm 1 P = 1 dyn s cm-2 = 0,1 Pa s 1 St = 1 cm2 = 0,1 Pa s = 10 = 0,1 Pa s = 10 = 0,1 Pa s m s-1 Fonte: INMETRO, 2012a, p. 41. (Adaptado). QUADRO 8. UNIDADES DO CGS E SEUS VALORES EM UNIDADES DO SI Sempre que necessário, você poderá converter unidades utilizando um fator de conversão, isto é, uma razão entre unidades. Exemplo: calcule o volume em decímetros cúbicos de uma caixa d’água de 1000 l. Consultando o Quadro 6, vemos que 1 l = 1 dm3. A partir desta igualdade, vamos escrever uma razão que será nosso fator de conversão: = = 1 1 l 1 dm3 1 dm3 1 l Qualquer grandeza permanece inalterada se multiplicada por um fator que seja igual à unidade. Vamos então multiplicar os 1000 l por um fator que cancele a unida- de l, deixando apenas a unidade dm3: = 1000 dm3(1000 l) 1 dm 3 1 l Exemplo: a polegada (in) e o pé (ft) são unidades inglesas de comprimento utili- zadas até os dias atuais. Dado que 1 in = 2,54 cm e 1 ft = 12 in, calcule o valor de 1 ft em metros. (1) 1 in = 2,54 cm (2) 1 ft = 12 in De (1) em (2): 1 ft = 12 (2,54 cm) = 30,48 cm 1 ft = 0,3048 m FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 34 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 34 08/05/20 11:25 Exemplo: qual é o valor de um Psi em milímetro de mercúrio? Consultando o Quadro 7, verifi camos que: (1) 1 Psi = 6894,757 Pa (2) 1 mm Hg = 133,322 Pa (3) 1 mm Hg = 1133,322 Pa Usando o fator de conversão encontrado em (3) na expressão (1): (4) 1 Psi = 6894,757 Pa 1 mm Hg 133,322 Pa 1 Psi = 51,715 mmHg Análise dimensional Cada grandeza possui um aspecto qualitativo relacionado à sua natureza. Este aspecto é denominado dimensão. Dentro do SI, considera-se que cada grandeza de base possui sua própria dimensão que é representada por um sím- bolo. O Quadro 9 mostra as grandezas de base e os símbolos de suas dimensões. Grandeza de base Símbolo da grandeza Símbolo da dimensão Comprimento l, x, r, etc. L Massa m M Tempo t T Corrente elétrica I, i I Temperatura termodinâmica T Θ Quantidade de substância n N Intensidade luminosa Iv J ComprimentoComprimentoComprimentoComprimento Massa Comprimento Massa Tempo Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Tempo Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Intensidade luminosa Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Intensidade luminosa l, x, r, etc. Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Intensidade luminosa l, x, r, etc. Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Intensidade luminosa l, x, r, etc. Temperatura termodinâmica Quantidade de substância Intensidade luminosa m Quantidade de substância Intensidade luminosa t I, iI, i T Iv L M I N J Fonte: INMETRO, 2012a, p. 17. (Adaptado). QUADRO 9. GRANDEZAS DE BASE E SUAS DIMENSÕES NO SI A exemplo das unidades, as dimensões de grandezas derivadas também são obtidas por meio de equações que descrevem os fenômenos que dese- jamos estudar; são produtos de potências das dimensões das grandezas de base. A dimensão de uma grandeza genérica Q pode ser escrita como: FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 35 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 35 08/05/20 11:25 dim(Q) = LαMβTγIδθϵNξJη Exemplo: vamos calcular a dimensão da energia potencial Epot de um corpo, dada pela equação Epot = m ∙ g ∙ x, sendo m a massa do corpo, g a aceleração da gravidade e x a altura corpo em relação ao nível do solo. (1) dim(Epot) = dim(m) ∙ dim(g) ∙ dim (x) (2) dim(m) = M (3) dim(g) = L T2 (4) dim(x) = L Substituindo (2), (3) e (4) em (1), temos: dim(Epot) = M ∙ L2 ∙ T-2 As equações que descrevem os fenômenos da física devem ser dimensio- nalmente homogêneas, isto é, ambos os lados da equação devem possuir a mesma dimensão. Lembre-se que, embora possamos multiplicar e dividir gran- dezas de diferentes dimensões, as operações de adição e subtração só podem ser realizadas entre grandezas de mesma dimensão. Exemplo: tomemos a equação v = v0 + at, que descreve a velocidade v de um corpo submetido a uma aceleração constante a em um instante t. O segun- do membro da equação apresenta uma soma entre a velocidade inicial v0 e o produto da aceleração a pelo tempo t. Vamos verificar se esta soma pode ser realizada analisando as dimensões de cada termo da equação: (1) dim(v) = dim(v0) + dim(a) dim(t) (2) dim(v) = dim(v0) = L T (3) dim(a) = L T2 dim(v) dim(t) = Substituindo (2) e (3) em (1): (4) L T L T =∙ + ∙ T L T2 (5) L T L T =∙ + L T O símbolo =∙ significa que a dimensão de um lado da equação é igual à di- mensão do outro lado. Observe que estamos tratando de dimensões, que são aspectos qualitativos de uma grandeza, e que, após o desenvolvimento, verifi- FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 36 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 36 08/05/20 11:25 ca-se que os dois termos da equação possuem a mesma dimensão, portanto, podem ser somados. Os dois membros da equação também possuem a mes- ma dimensão, logo a equação v = v0 +at é dimensionalmente homogênea. Este tipo de análise que realizamos nos dois exemplos anteriores se chama análise dimensional e possui muitas aplicações práticas na física e na engenharia, como encontrar equações que descrevam fenômenos re- gidos por muitas variáveis e verificar se uma equação deduzida por meio de métodos matemáticos é homogênea. Exemplo: dada a equação p V = n R T, sendo R uma constante, encontre a dimensão de R e sua unidade no SI. Estabelecendo a hipótese de que a equação dada descreve um fenômeno físico, ela tem que ser dimensionalmente homogênea, logo: dim(p) dim(V) dim(n) dim(T) (1) dim(R) = M L T-2 L2 (2) dim(p) = = M L-1 T-2 (3) dim(V) = L3 (4) dim(n) = N (5) dim(T) = θ Substituindo as Equações (2), (3), (4) e (5) na Equação (1), você chegará à Equação (6): M L-1 T-2 L3 N θ (6) dim(R) = Portanto, dim(R) = M L2 T-2 N-1 θ-1. Agora, para encontrarmos a unidade de R, basta substituirmos os símbolos das dimensões por suas respectivas unidades no SI. kg m2 s-2 mol K (7) Un(R) = , onde kg m s-2 =N Logo: N m mol K m2 m2 N m2 (8) Un(R) = ∙ , onde = Pa E: Pa m 3 mol K (9) Un(R) = Portanto, a unidade de R no SI é Pa m3 mol-1 K-1. (7) Un(R) = (8) Un(R) = (9) Un(R) = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 37 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 37 08/05/20 11:25 Algumas grandezas são adimensionais, isto é, possuem apenas valor numé- rico. A unidade no SI para todas as grandezas adimensionais é o número um. Exemplo: a constante de atrito μ relaciona a força de atrito Fatrito e a força FN exercida pela superfície onde o corpo está em repouso por meio da equação: Fatrito = μ FN. M L T-2 M L T-2 dim(μ) = dim(Fatrito ) dim(FN) = = 1 Como você pode notar, μ é a razão entre duas forças. Como grandezas de mesma natureza possuem a mesma dimensão, μ é uma grandeza adi- mensional. Exemplo: o número de Reynolds é uma grandeza importante no estudo de escoamento de fluidos e é dado pela Equação (1), sendo ρ a massa especifica; η a viscosidade dinâmica; v a velocidade; e l o comprimento do tubo por onde o fluido escoa. ρ v l η (1) Re = Demonstre que Re é um número adimensional. dim(ρ) dim(v) dim(l) dim(η) (2) dim(Re)= (3) dim(ρ) = M L3 (4) dim(v) = L T (5) dim(l) = L (6) dim(η) = M TL Substituindo as igualdades (3), (4), (5) e (6) na igualdade (2), obtemos: (7) dim(Re) = = 1 M T-1 L-1 M L-3 L T-1 L (1) Re = (5) dim(l) = L (3) dim(ρ) = (6) dim(η) = (7) dim(Re) = FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 38 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 38 08/05/20 11:25 Sintetizando Comparar quantidades é uma habilidade inata do ser humano. Esta habilida- de permitiu o desenvolvimento da ciência e tecnologia. Dentro da engenharia e das ciências físicas chamamos as quantidades de interesse de grandezas. Uma grandeza é uma propriedade de um corpo, fenômeno ou substância que pode ser expressa quantitativamente e com relação a uma referência. A medição pode ser definida como um processo experimental dos valores de uma grandeza. Para isso, podemos utilizar instrumentos de medição, como balanças, réguas entre outros. A qualidade de uma medição é avaliada pela exatidão, proximidade do valor medido ao valor real, e pela precisão, proximidade dos valores obtidos entre si. Os métodos de medição são classificados em diretos, que envolvem uma gran- deza cujo valor é diretamente obtido pela leitura do instrumento de medição; e indiretos, que medem os valores de mais de uma grandeza; e, a partir de cálculos, tem-se o valor da grandeza de interesse. A exatidão e a precisão de uma medição são influenciadas por instrumentos de medição, rastreabilidade metrológica, fato- res humanos, condições ambientais e amostras. Algarismos significativos expressam o grau de certeza de uma medição; há re- gras para cálculos e normas para arredondamentos com algarismos significativos. O Sistema Internacional de Unidades (SI) é fruto de um processo histórico e políti- co para universalização de grandezas e unidades. Suas grandezas e unidades de base são tempo – segundo (s); comprimento – metro (m); massa – quilograma (kg); corrente elétrica – ampere (A); temperatura termodinâmica – Kelvin (K); quantida- de de substância – mol (mol); e intensidade luminosa – candela (cd). As grandezas e unidades derivadas são obtidas pelo produto entre as grandezas e unidades de base por meio de equações. Ainda hoje são utilizadas unidades não pertencentes ao SI e, quando necessário, conversões entre as unidades devem ser feitas mediante um fator de conversão. A dimensão de uma grandeza é um aspecto qualitativo da mesma, e toda equação que descreve um fenômeno físico deve ser dimensionalmente homogênea, sendo que a análise dimensional é a ferramenta que permite verificar a homogeneidade de uma equação. Caso tenha ficado em dúvida em algum ponto desta unidade, revise os tópicos e faça novas anotações. Bons estudos! FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 39 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 39 08/05/20 11:25 Referências bibliográficas ABNT. ABNT NBR 5891:2014 - regras de arredondamento a numeração decimal. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. BIPM. The International System of Units (SI). Disponível em: <https://www. bipm.org/en/publications/si-brochure/>. Acesso em: 13 abr. 2020. CHISHOLM, L. J.; ZUPKO, R. Measurement System. Disponível em: <https:// www.britannica.com/science/measurement-system/The-English-and-United-S- tates-Customary-systems-of-weights-and-measures>. Acesso em: 13 abr. 2020. COMUNIDADE científica põe fim ao padrão físico do quilograma. Postado por EFE Brasil. (1min. 39s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtu- be.com/watch?v=TGkYDYiuL3o>. Acesso em: 13 abr. 2020. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física – mecânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. INMETRO. Sistema Internacional de Unidades: SI. 8 ed. Duque de Caxias: IN- METRO, 2012a. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publica- coes/si_versao_final.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. INMETRO. Vocabulário internacional de metrologia - conceitos fundamentais e gerais e termos associados. Duque de Caxias: INMETRO, 2012b. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. MENDES, A.; ROSÁRIO, P. P. N. Metrologia e incerteza de medição: conceitos e aplicações. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. NPL. The metre is the SI unit of length. Disponível em: <https://www.npl.co.uk/ si-units/metre>. Acesso em: 13 abr. 2020 SOCIEDADE BRASILEIRA DE METROLOGIA. O novo Sistema Internacional de Unidades (SI). Disponível em: <http://metrologia.org.br/wpsite/wp-content/ uploads/2019/07/Cartilha_O_novo_SI_29.06.2029.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2020. YOUNG, D. F.; MUNSON, B. R.; OKIISHI, T. H. A brief introduction to fluid mechanics. 3. ed. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 2004. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 40 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID1.indd 40 08/05/20 11:25 METROLOGIA E MOVIMENTO RETILÍNEO 2 UNIDADE SER_ECPME_FIGEEXP_UNID2.indd 41 08/05/20 11:18 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Compreender a definição de Metrologia; Aplicar tratamento estatístico a resultados experimentais de medição; Calcular o erro estimado de medições diretas e indiretas; Compreender os conceitos de movimento retilíneo, velocidade e aceleração; Compreender os movimentos uniforme e uniformemente acelerado; Compreender o conceito de queda livre; Calcular posição, velocidade, aceleração e tempo de duração de um movimento; Interpretar os gráficos das funções de posição, velocidade e aceleração. Metrologia Áreas da Metrologia Estatística aplicada à Metrologia Erro Desvios Intervalo de confiança Determinação do erro de escala Propagação de erros Movimento retilíneo Sistema de referências, posi- ção e deslocamento Velocidade média Velocidade instantânea AceleraçãoRelação entre os gráficos de x(t), vx(t) e ax(t) Movimento uniforme e movi- mento uniformemente acelerado Queda livre FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 42 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID2.indd 42 08/05/20 11:18 Metrologia A fabricação de diversos bens, como automóveis, aviões, máquinas indus- triais, e até mesmo edifícios é feita a partir de peças e matérias-primas de di- ferentes fornecedores. Contudo, é preciso assegurar que as peças se encai- xem umas nas outras, resultando em um produto confi ável e de qualidade. A Metrologia visa garantir a universalidade e qualidade das medidas. Para isso, os métodos, procedimentos, padrões e instrumentos de medição devem ser padronizados ao longo de toda a cadeia produtiva. De acordo com o Vocabu- lário internacional de Metrologia, “Metrologia é a ciência da medição e suas aplicações, e engloba todos os aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer que seja a incerteza de medição” (INMETRO, 2012). Embora a Metrologia e a medição estejam intimamente ligadas, é fundamental que você perceba a diferença entre elas. A medição é um processo para se obter experimentalmente um valor numérico que possa ser atribuído a uma grandeza. Já a Metrologia é a ciência que fundamenta a medição e suas aplicações. Segundo o National Physical Laboratory (s.d.), a Metrologia está além da atividade de rea- lizar uma medição, ela trata da infraestrutura que assegura a confi abilidade dos resultados. A Metrologia abrange a exatidão, a precisão e a repetibi- lidade de uma medição, bem como a rastreabilidade ou compara- ção com um padrão ou entre diferentes sistemas de medidas. Áreas da Metrologia A Metrologia pode ser dividida em três principais áreas de atuação: Metro- logia Legal, Metrologia Científi ca e Industrial. A Metrologia Legal trata das exigências legais e obrigatórias referentes às medições. Conforme indicação do Inmetro (s.d.), sua principal função é pro- teger os consumidores, garantindo a segurança e a qualidade de produtos e serviços que envolvam medição. A Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML, [s.d.]) defi ne a Metrologia Legal da seguinte forma: “A Metrologia Le- gal é a aplicação de requisitos legais para medidas e instrumentos de medição”. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 43 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID2.indd 43 08/05/20 11:18 Segundo Bewoor e Kulkarni (2009), a Metrologia Científi ca lida com a orga- nização, o desenvolvimento e a manutenção de padrões de medida, enquanto a Metrologia Industrial tem o objetivo de garantir o funcionamento correto e adequado dos instrumentos de medição utilizados na indústria, nos processos produtivos, nos testes e no controle de qualidade. Estatística aplicada à Metrologia O objetivo das ciências experimentais é determinar o valor de quantidades físicas através de medições. Porém, toda medição envolve um certo grau de incerteza, por exemplo, a incerteza associada à escala de um instrumento de medição. É por causa da incerteza que, ao repetir a medição de uma grandeza n vezes, os resultados obtidos não serão necessariamente idênticos. A incer- teza associada a uma medida experimental é chamada de erro experimental. Quando medimos uma grandeza, desejamos encontrar seu valor real. Contudo, o valor real só poderia ser encontrado se houvesse um procedi- mento de medição perfeito. O que podemos fazer é esti- mar o valor mais provável de uma grandeza, manter a incerteza em níveis baixos e estimar o nível de confi ança do resultado. Por isso, os dados experimentais devem receber um tratamento estatístico adequado que permita avaliar sua confi abilidade. De modo genérico, o resultado de uma medida deve ser expresso da seguinte forma: Erro O erro absoluto E é defi nido como a diferença entre o valor medido xi e o valor real x de uma grandeza, e está relacionado com a exatidão de uma medida: M = (m ± ∆m) u (1) Onde resultado da medida M é expresso por um número m, por uma unida- de u e por uma indicação da confi abilidade da medida ∆m. E = xi - x (2) FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 44 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID2.indd 44 08/05/20 11:18 Desvios Uma vez que os erros aleatórios não podem ser eliminados, as medidas experimentais costumam resultar em uma série de valores não idênticos entre si. Por isso, ao invés de buscarmos o valor real da grandeza, traça- mos uma nova meta: encontrar o valor mais provável da grandeza e qual a diferença entre esse valor e cada um dos valores medidos. O tratamento estatístico abordado nessa unidade considera que os er- ros aleatórios obedecem à distribuição normal ou gaussiana, cujos postu- lados são: EXPLICANDO Além de referir-se à diferença entre um valor medido e o valor verdadeiro de uma grandeza, o termo erro também denota a incerteza estimada asso- ciada a uma medida ou a um experimento. Os erros podem ser classifi cados em duas categorias principais: • Determinados ou sistemáticos: possuem um valor determinado e infl uem de forma uniforme no resultado da medida. Podem ser identifi cados e, por- tanto, eliminados ou computados no resultado. Os erros sistemáticos podem estar relacionados ao método experimental, às manipulações de materiais, aos instrumentos e sistemas de medição utilizados e, fi nalmente, com a habi- lidade do operador (BACCAN et al., 2001; PIACENTINI et al., 2013). Exemplos: um balão volumétrico dilatado devido ao calor do ambiente; um operador que, ao cronometrar a duração de um fenômeno, sempre atrase no tempo de resposta; um manômetro descalibrado que sempre indica um valor de pressão ligeiramente acima do verdadeiro; • Indeterminados ou aleatórios: são originários de perturbações estatísti- cas imprevisíveis e por isso afetam o valor da medida em qualquer sentido, para mais ou para menos. Não são regidos por nenhuma regra e por isso não podem ser evitados. Alguns autores mencionam o chamado “erro grosseiro”, que na verdade é um engano devido à falta de atenção ou preparo do operador. Ocorre, por exemplo, quando um operador se engana na leitura de uma escala. FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 45 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID2.indd 45 08/05/20 11:18 • A probabilidade P de que um erro ocorra por excesso ou por falta (para mais ou para menos) em uma medida é mesma: P(+∆x) = P(-∆x) (3) • A probabilidade de que o erro cometido em uma medida esteja entre -∞ e +∞ é igual a 1; • O valor mais provável de uma grandeza é a média aritmética x das diversas medidas da grandeza, conforme a Equação (4): x1 + x2 + ... + xn 1 n n = =x n i = 1 x1 (4) O valor médio x é o valor que melhor representa o valor real de uma grandeza. Como não se pode afirmar que o valor médio é o valor real de uma grandeza, não podemos dizer que a diferença entre o valor de uma medida qualquer xi e o valor médio x é igual ao erro da medida, e nesse caso, usamos um conceito estatístico chamado desvio, que é a estimativa do erro de uma medida. O desvio de uma medida (∆xi) é a diferença entre o valor medido xi de uma grandeza e o seu valor, mais provável x : ∆xi = xi - x (5) Devido aos erros aleatórios, ao realizar uma medição experimental, você costuma repetir a medição de uma grandeza n vezes, isto é, em répli- cas. Logo, é importante conhecer a dispersão do conjunto de dados. O des- vio médio e o desvio-padrão indicam a precisão dos dados experimentais. O desvio médio (δ) é definido pela média aritmética do valor absoluto dos desvios, onde μ é a média da população, conforme Equação (6): 1 n n i = 1 |xi - μ| (6)δ = O desvio-padrão (σ) é definido pela raiz da média dos quadrados dos des- vios, conforme a Equação (7): σ = 1 n n i = 1 (xi - μ) 2 (7) FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL 46 SER_ECPME_FIGEEXP_UNID2.indd 46 08/05/20 11:18 EXPLICANDO População é o conjunto total de medidas de interesse e amostra é um subconjunto selecionado de medidas. A população pode ser finita e real, como um lote de parafusos cujas dimensões desejamos verificar.
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