Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
U N O P A R D E SE N V O LV IM E N T O D E P R O D U T O Desenvolvimento de produto Luana Nascimento de Paula Melina Aparecida Plastina Cardoso Natália Woitas Desenvolvimento de produto Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Paula, Luana Nascimento de ISBN 978-85-522-0306-3 1. Administração – aspectos sociais. 2. Produtos novos- aspectos sociais. 3. Desenvolvimento organizacional. I. Cardoso, Melina Aparecida Plastina. II. Woitas, Natália. III. Título. CDD 770 Paula, Melina Aparecida Plastina Cardoso, Natália Woitas. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 20178 192 p. P324d Desenvolvimento de produto / Luana Nascimento de © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Alberto S. Santana Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Danielly Nunes Andrade Noé Grasiele Aparecida Lourenço Isabel Cristina Chagas Barbin Lidiane Cristina Vivaldini Olo Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Alessandra Cristina Santos Akkari Editorial Adilson Braga Fontes André Augusto de Andrade Ramos Leticia Bento Pieroni Lidiane Cristina Vivaldini Olo 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza Unidade 2 | Gestão do planejamento e desenvolvimento de processos e produtos _____________________________________________________________ Seção 1 - Perspectivas gerais sobre a gestão e o planejamento e desenvolvimento de processos e produtos _____________________________ 1.1 | Perspectivas gerais __________________________________________________________ 1.2 | O que representa a gestão dentro do desenvolvimento de processos e produtos? _______________________________________________________________________ 1.3 | Como gerir e planejar bem o desenvolvimento de processos e produtos? ___ Seção 2 - A importância da gestão no desenvolvimento de processos e produtos __________________________________________________________ 2.1 | O que é gestão? ___________________________________________________________ 2.2 | A importância das pessoas dentro da gestão do planejamento e desenvolvimento de processos e produtos? _____________________________________ 2.3 | A Gestão de Projetos e seu ciclo ____________________________________________ Seção 3 - A importância do planejamento no desenvolvimento de processos e produtos _______________________________________________ 3.1 | O que é Planejamento? _______________________________________________ 3.2 | Tipos de Planejamento________________________________________________ 3.3 | Planejamento Estratégico: como implementá-lo? ________________________ 3.4 | Fases de elaboração do planejamento estratégico ________________________ Seção 4 - Como gerir o planejamento: alternativas de aplicação no desenvolvimento de produtos e processos ___________________________ 4.1 | O gerenciamento do planejamento ____________________________________ 4.2 | Benefícios do gerenciamento no desenvolvimento de produtos e processos __ 4.3 | Quais são as ferramentas de gestão utilizadas no planejamento? ___________ Unidade 1 | Introdução ao projeto de processos e produtos Seção 1 - Elementos estratégicos do desenvolvimento de produtos 1.1 | Conhecendo o processo de desenvolvimento de produtos 1.2 | O papel do desenvolvimento de produtos nas empresas 1.3 | Tipos de projetos de desenvolvimento de produtos 1.4 | O processo básico de desenvolvimento de produtos Seção 2 - Pré-desenvolvimento 2.1 | Geração de ideias 2.2 | Triagem de ideias 2.3 | Teste e desenvolvimentode conceitos 2.4 | Análise de negócios Seção 3 - Desenvolvimento 3.1 | Projeto conceitual 3.2 | Projeto detalhado 3.3 | Preparação da produção 3.4 | Lançamento do produto Seção 4 - Pós-desenvolvimento 4.1 | Acompanhamento do desenvolvimento do produto 4.2 | Acompanhamento pós-lançamento do produto 4.3 | O início e o fim do pós-desenvolvimento 4.4 | Fatores que afetam o desempenho de projetos de produtos Sumário 7 11 11 14 16 18 22 22 24 27 28 31 31 33 35 39 41 41 43 44 46 57 60 60 61 63 68 68 70 73 78 78 81 82 83 87 87 89 90 Unidade 4 | Projeto de produtos _______________________________________ Seção 1 - Definindo o projeto de produto _______________________________ 1.1 | Metodologias ou desenho para a qualidade ____________________________________ 1.2 | Requisitos gerais _____________________________________________________________ 1.3 | Custos do projeto do produto ________________________________________________ Seção 2 - Embalagem do produto ______________________________________ 2.1 | Definição e classificação ______________________________________________________ 2.2 | Os impactos das embalagens ________________________________________________ 2.3 | Custo de embalagens e sua viabilidade operacional ___________________________ Seção 3 - Assuntos regulatórios _______________________________________ 3.1 | Formulação e dizeres de rotulagem __________________________________________ 3.2 | Propriedade intelectual – Marcas ____________________________________________ 3.3 | Propriedade intelectual – Patentes ___________________________________________ Seção 4 - Controlando a qualidade do projeto de produto ________________ 4.1 | Auditoria do produto ________________________________________________________ 4.2 | Certificação do produto _____________________________________________________ 4.3 | Outras ferramentas de controle da qualidade do projeto de produto____________ Unidade 3 | Projeto de processos ______________________________________ Seção 1 - Projeto x Processos _________________________________________ 1.1 | Projetos _____________________________________________________________________ 1.2 | Processos __________________________________________________________________ 1.3 | Projeto de processos_________________________________________________________ Seção 2 - Tipos de projetos de processos _______________________________ 2.1 | Projetos de processos em manufatura _______________________________________ 2.2 | Projeto de processos em serviços ___________________________________________ Seção 3 - Projeto detalhado do processo _______________________________ 3.1 | Mapeamento e controle do processo ________________________________________ 3.2 | Ferramentas de utilização no mapeamento de processos ____________________ 3.2.1 | Fluxograma de processos __________________________________________________ 3.2.2 | BPM - Business Process Management _____________________________________ 3.2.3 | MAMP – Método de Análise e Melhoria de Processo ________________________ Seção 4 - Engenharia Simultânea _____________________________________ 4.1 | O que é Engenharia Simultânea? ____________________________________________ 4.2 | A Engenharia Simultânea como ferramenta competitiva _____________________ 101 104 104 109 110 113 113 116 119 119 120 120 121 122 124 124 125 135 138 138 143 149 152 152 155 158 163 163 170 172 175 175 178 180 Apresentação Caro(a) aluno(a), estamos diante da unidade curricular de Desenvolvimento de Produtos e, provavelmente, inúmeras indagações passam pela sua cabeça, em especial,aquelas relacionadas às etapas do processo de desenvolver produtos, não é mesmo? Pode ter certeza que o processo de desenvolver produtos está mais próximo de você do que imagina! Tenho certeza que você está curioso em saber não apenas do que se trata um desenvolvimento de produto, suas características e etapas, mas como isso poderá auxiliá-lo em seu amadurecimento profissional, possibilitando-lhe, assim, um diferencial no mercado de trabalho. Nosso livro é composto de quatro unidades de ensino, sendo que, em nossa primeira unidade, faremos uma introdução ao projeto de produtos e processos, discutindo os conceitos iniciais de produto, projeto, ciclo de vida do produto, bem como o papel do desenvolvimento de produtos e seu processo básico. Na segunda unidade, focaremos a gestão do planejamento e desenvolvimento de processos e de produtos, na qual você irá compreender conceitos sobre gestão e planejamento e, também, a importância deles dentro do desenvolvimento de processos e produto. Discorreremos sobre os pontos positivos que provêm para a empresa através da aplicação desses conceitos no dia a dia de uma organização. Já na terceira unidade, trataremos sobre projetos, processos, tipos de projetos de processos e suas principais características. Ainda nessa unidade, você conhecerá algumas ferramentas de mapeamento de processos e estudará sobre engenharia simultânea e seus impactos sobre processos. Por fim, na quarta unidade, abordaremos sobre projetos de produtos, com foco no desenvolvimento do produto final, pensando em seus elementos peculiares, como: fórmula, embalagens, marcas, patentes e demais registros. Além disso, ainda nessa unidade, você analisará o desenvolvimento sob o ponto de vista da gestão e do controle da qualidade. Creio que você está curioso para saber o que vem por aí e, em especial, para ser e fazer a diferença em seu ambiente profissional. Você está pronto para mergulhar no mundo do Desenvolvimento de Produtos? Unidade 1 Introdução ao projeto de processos e produtos Nesta unidade, você irá compreender a estrutura básica para o desenvolvimento de projetos de processos e produtos. Você também vai ser levado a estudar os principais conceitos e elementos do processo de desenvolvimento de produtos. Esta unidade é composta por quatro seções, para discutirmos sobre projeto de processos e produtos. Na primeira seção, introduziremos os conceitos necessários para o entendimento do processo de desenvolvimento de produtos como um todo. Além de entender a importância e o papel do desenvolvimento de produtos nas organizações, você será levado a conhecer o processo básico e prático de desenvolver produtos. A segunda seção abordará a primeira macrofase do desenvolvimento de produtos, o pré-desenvolvimento, no qual trataremos sobre planejamento, tópicos de geração de conceitos, definição do produto, desenvolvimento e teste de conceito e análise de viabilidade. Já na terceira seção, discorreremos sobre a fase de desenvolvimento propriamente dita, na qual você terá contato com as fases de projeto conceitual e detalhado, preparação para produção e lançamento do produto. Por fim, a quarta seção abordará a macrofase final: o pós-desenvolvimento. Portanto, você será levado a analisar o último cenário do projeto de produtos ao estudar as fases de acompanhamento do desenvolvimento e lançamento do produto, além dos fatores que afetam o desempenho de projetos de produtos. Dessa forma, você terá uma visão holística de como se dá esse processo como um todo. Objetivos de aprendizagem Luana Nascimento de Paula Esta seção é dividida em quatro tópicos, sendo que o primeiro (1.1) abordará os conhecimentos prévios necessários para o processo de desenvolver produtos. Também entenderemos o papel do desenvolvimento de produtos nas empresas no segundo tópico (1.2) desta seção. No Tópico 1.3, trataremos os tipos de projetos de desenvolvimento de produtos. Por fim, no Tópico 1.4, vamos compreender como é desenvolver produtos na prática, estudando o processo básico de desenvolvimento de produtos. Seção 1 | Elementos estratégicos do desenvolvimento de produtos Aqui, vamos ter a visão holística de como se dá o processo inicial de desenvolvimento de produtos. Esta seção abordará os processos iniciais práticos de desenvolver produtos que abrirão sua mente para conhecer as demais etapas. Trataremos sobre planejamento, contemplando a fase de geração de ideias no Tópico 2.1; triagem de ideias no Tópico 2.2; desenvolvimento e teste de conceitos no Tópico 2.3; e análise de negócios no Tópico 2.4. Sendo assim, basicamente, inclui o estudo da identificação e seleção de oportunidades, definição do produto e análise de viabilidade do projeto. Seção 2 | Pré-desenvolvimento Nesta seção, você terá a visão da macrofase de desenvolvimento. No Tópico 3.1, trataremos sobre o projeto conceitual; no Tópico 3.2, sobre o projeto detalhado; no Tópico 3.3, a preparação da produção; e no Tópico 3.4, o lançamento do produto. Seção 3 | Desenvolvimento Nesta seção, você conhecerá o processo de acompanhamento do desenvolvimento de produtos no Tópico 4.1, bem como terá contato com o acompanhamento do pós-lançamento de produtos no Tópico 4.2. Irá, por fim, compreender do início ao fim da macrofase de pós-desenvolvimento no Tópico 4.3, além de analisar as falhas comuns e os fatores gerenciais que afetam o desempenho de projetos de desenvolvimento de produtos no Tópico 4.4. Seção 4 | Pós-desenvolvimento Introdução à unidade Ao acessar o material com o nome de Desenvolvimento de Produtos, você imaginou o que seria abordado nesta disciplina, não é mesmo? Muitas empresas, independentemente do segmento em que atuam, desenvolvem projetos de produtos e de processos constantemente em busca de sua sobrevivência e até mesmo para o aumento de sua competitividade diante do mercado. Ao pensar em desenvolvimento de produtos, estamos justamente nos referindo a esses projetos realizados como estratégias das organizações. E quando pensamos em projeto de processos? Ou o que isso está relacionado ao desenvolvimento de um produto? Podemos citar alguns exemplos de projetos ou desenvolvimento de produtos, quer ver? Desenvolver um software, aumentar a embalagem de um produto, diminuir o tamanho de um celular, mudar um ingrediente de um chocolate, criar um design para uma camiseta, desenvolver um helicóptero, um computador. Enfim, ficaríamos muito tempo aqui dando muitos exemplos de vários outros produtos que podem ser alterados, substituídos ou inovados (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). Esses projetos impactam diretamente em todos os processos das empresas, tanto nos processos gerenciais como nos processos produtivos. Portanto, um projeto puxa o outro e estão presentes no cotidiano de toda empresa. Viu como é importante você estudar esse tema e ter domínio dos elementos que envolvem o processo de desenvolvimento de produtos? Assim, seguindo tópico por tópico deste livro, você será capaz de desenvolver as competências necessárias para participar ou até mesmo gerir um projeto desse tipo (BURMESTER, 2012). Em nossa unidade curricular, vamos discutir sobre a introdução ao projeto de processos e produtos e sua aplicação no âmbito empresarial, fator que o diferenciará no mercado de trabalho. A partir deste momento, você terá a visão macroscópica da estrutura de desenvolvimento de produtos. Especificamente, nesta primeira unidade, entenderemos os conceitos iniciais necessários ao Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP). Também vamos compreender o papel desse processo nas empresas, os tipos de projetos existentes e o processo básico de desenvolvimento de produtos. Para nos auxiliar a atingir esses objetivos, esta unidade está estruturadaem quatro seções. Na primeira seção, introduziremos os conceitos do desenvolvimento de produtos, estudando seus conceitos e processos básicos. Na segunda seção, você terá contato com o pré- desenvolvimento, no qual trataremos sobre geração de conceitos, definição do produto, desenvolvimento e teste de conceito e análise de viabilidade. Já na terceira seção, você irá analisar a macrofase de desenvolvimento, propriamente dita, conhecendo o projeto conceitual e detalhado, preparação para produção e lançamento do produto. Por fim, a quarta seção abordará a macrofase final, o pós-desenvolvimento, e você será levado a conhecer as fases de acompanhamento do desenvolvimento e do lançamento do produto, além dos fatores que afetam o desempenho de projetos de produtos. Vamos iniciar o nosso estudo? U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 11 Seção 1 Elementos estratégicos do desenvolvimento de produtos Introdução à seção Vamos dar início à unidade curricular Desenvolvimento de Produtos? Espero que possamos aprender juntos sobre vários assuntos que envolvem qualquer tipo de desenvolvimento. Preparado para esse desafio? Para auxiliá-lo neste primeiro momento, vamos estudar e conhecer o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP), compreendendo os conceitos básicos que envolvem essa temática. Além de abordarmos sobre o papel do PDP nas empresas e os tipos de projetos de produtos, vamos estudar também o processo básico de desenvolver produtos. Ao final desta seção, você será levado a compreender a dimensão desse processo, e com isso terá a visão holística do desenvolvimento de produtos. Vamos dar o primeiro passo no entendimento desta unidade curricular? 1.1 Conhecendo o processo de desenvolvimento de produtos Para o estudo de desenvolvimento de produtos é imprescindível ter um contato inicial com alguns conhecimentos prévios. Dentre eles, o conceito de produto ciclo de vida do produto e projeto. Inicialmente, é necessário o entendimento do conceito de produto, considerando seu envolvimento com a produção e com o consumidor. Os profissionais de marketing definem produto como algo que satisfaça as necessidades dos consumidores, enaltecendo o conceito de valor agregado, ou seja, a percepção que o consumidor tem de um bem. Já os profissionais da produção industrial entendem produto como um objeto produzido. Sendo assim, uma definição que contempla ambas as percepções seria afirmar que um produto é um conjunto de atributos, desenvolvido ou produzido com a finalidade de atender às necessidades e aos desejos do consumidor (TRENTIM, 2014). É importante também, durante a leitura deste livro, pensar em todos os tipos de produtos, entre eles: produtos de consumo, que são aqueles adquiridos pelos indivíduos na busca da satisfação das suas U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos12 necessidades, podendo ser de conveniência (papel higiênico, remédio, fralda, entre outros), produto de compra comparada (eletrodomésticos, móveis), produtos especiais (carro Mercedes, relógio Rolex), produtos não procurados (seguro de vida, serviço odontológico) e serviços (dentista, advogado, terapeuta). Também há produtos industriais, os quais são demandados pelas organizações em geral, como exemplo: equipamentos, instalações, acessórios, componentes, suprimentos e serviços (BARBOSA, 2009). Agora sim podemos falar de ciclo de vida. Ciclo de vida do produto compreende todas as suas fases desde seu lançamento até o seu declínio. Toda a gestão e os cuidados prestados nessas fases determinam o tempo de duração desse ciclo de vida, sendo que o ciclo de vida é composto pelas fases de introdução ou lançamento, crescimento, maturidade e declínio. A Figura 1.1, apresenta as fases do ciclo de vida do produto, sendo que a fase de introdução é caracterizada como etapa inicial de lançamento, na qual, geralmente, há alto investimento e baixo lucro. Em seguida, na fase de crescimento, as vendas começam a aumentar e, consequentemente, a demanda, os concorrentes e os lucros aumentam. Na fase de maturidade, ocorre a estabilização de vendas, sendo que, em alguns casos, pode ocorrer um pequeno crescimento de mercado. Nesse momento é acirrada a disputa pelo mercado, e as empresas buscam alternativas de melhoras de vendas. A última fase, a de declínio, é caracterizada pela obsolescência do produto à medida que ele vai sendo substituído por outros (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). Fonte: <http://www.planejamentodevendas.com.br/gestao-comercial/ciclo-de-vida-do-produto/>. Acesso em: 24 ago. 2017. Figura 1.1 | Ciclo de vida do produto U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 13 Agora podemos introduzir o conceito de desenvolvimento de produtos, associando-o com a definição de projeto. Segundo o PMBOK (2013), projeto é um empreendimento temporário feito para criar um produto, serviços ou resultados únicos. A partir dessa definição, é possível entender que um projeto deve entregar um resultado inédito, além de possuir um período de tempo limitado, ou seja, tem data de início e fim. Um projeto utiliza inúmeros recursos (materiais e equipamentos, por exemplo) e, geralmente, possui um patrocinador. Todo projeto deve ter um objetivo claro do que deve ser realizado, possuir administração própria e tarefas interdependentes. Além disso, também tem como característica possuir um grau de risco ou incerteza, justamente por ser inédito e independente. Sendo assim, concluímos que o desenvolvimento de um produto é um processo que parte de um projeto, sendo que esse projeto é classificado como projeto de produto (CLEMENTS; GIDO, 2016). Para saber mais Você já ouviu falar do setor de P&D? O processo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) baseia-se na realização de atividades de pesquisa voltadas para o desenvolvimento ou até mesmo para a solução de problemas específicos. O setor de P&D participa da fase inicial do desenvolvimento de produtos, sendo composto por um time que passa a ter domínio da tecnologia e conhecimentos específicos que serão utilizados no PDP, por meio de pesquisas. Essas atividades podem ser realizadas por equipe interna ou por empresas parceiras, por exemplo, por meio de consultoria empresarial ou instituições de pesquisa ou até mesmo de ensino. Veja um exemplo de P&D em: <http://www.aneel. gov.br/programa-de-p-d>. Acesso em: 24 ago. 2017. Posteriormente, faz-se necessário o entendimento do conceito de desenvolvimento de produto. Basicamente, desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividades que visa obter um produto que tenha especificações que atendam às necessidades de mercado, considerando desde as estratégias competitivas até a produção e comercialização do produto em questão. O desenvolvimento de um produto envolve atividades de pré e pós-desenvolvimento que serão abordadas nas Seções 2, 3 e 4 desta unidade. A primeira refere- se às fases do planejamento, e a segunda se refere ao momento de U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos14 pós-produção, incluindo o acompanhamento após o lançamento, necessário para realizar eventuais mudanças no processo de desenvolvimento (ROZENFELD et al., 2010). Antes de estudarmos o processo básico de desenvolvimento de produtos, vamos entender sua importância e o seu papel nas empresas? 1.2 O papel do desenvolvimento de produtos nas empresas As empresas buscam constantemente destaque diante da concorrência e adquirem inúmeras vantagens quando desenvolvem produtos na hora certa e de forma adequada. A diferenciação por meio da introdução de um novo produto é uma estratégia cada vez mais evidente nas organizações. Essas inovações, além de ofereceremo portunidades para a ampliação de mercado, promovem a revitalização de competências na empresa (BOCKEN et al., 2012). Para saber mais Leiao artigo Processo de Desenvolvimento de Produtos: Estudo de caso em uma empresa moveleira Capixaba e veja que o processo de desenvolvimento de novos produtos é uma das principais armas de sobrevivência no mercado. Os produtos estão cada vez mais obsoletos, e os consumidores têm suas necessidades e desejos em constante mudança. Por isso, desenvolver produtos, atualmente, faz parte do cotidiano das empresas. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/ biblioteca/enegep2014_TN_STO_199_129_25295.pdf>. Acesso em: 8 ago. 2017. A introdução da mecanização e, posteriormente, da automação trouxe aumento de velocidade aos processos produtivos, sendo, ao mesmo tempo, uma oportunidade de redução de custos de produção. A partir disso, vários segmentos surgiram e os produtos se tornaram cada vez mais padronizados. Diferenciar-se no mercado se tornou cada vez mais difícil, afinal, as empresas detinham praticamente o mesmo conhecimento, acesso às informações e tecnologias. Ou seja, para haver um diferencial e se destacarem no mercado, as indústrias precisam de uma boa estratégia de produto para que seja único, exclusivo e se diferenciar dos demais (CHENG; CHANG; LI, 2013). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 15 Considerando que os produtos industriais podem ser planejados como elementos de consumo ou duráveis, geralmente, os de consumo são os que mais requerem atrativos. No consumo, caracteriza-se uma relação de propriedade e de contato que se extingue durante o ato de consumir ou uso imediato, por exemplo, alimentos preparados e produtos de uso pessoal. Poucos são os atrativos específicos do produto em si, do seu conteúdo utilizável. Por isso, cada vez mais as empresas se dedicam a agregar valor ao produto já existente, criando embalagens mais resistentes que possam ser aproveitadas para outros fins, por exemplo (BARBOSA, 2009). Diante da diversidade e variedade atual de produtos, o desenvolvimento de produtos é considerado uma estratégia de negócio, a fim de aumentar ou manter a competitividade das empresas. Também é considerado um desafio, pois se não for muito bem projetado, analisado e realizado, pode comprometer a empresa tanto financeiramente como mercadologicamente (IRIGARAY, 2011). Assim, produtos são demandados e desenvolvidos para atender segmentos específicos de mercado, ou até mesmo para criar novos mercados, incorporando tecnologias diversas de produção, para ser um produto totalmente novo ou apenas se adequar a novos padrões e restrições legais. Ou seja, é por meio desse processo que a empresa pode criar novos produtos mais competitivos e em menos tempo para atender à constante evolução do mercado, da tecnologia e dos requisitos do ambiente institucional (principalmente quanto à sua saúde, meio ambiente e segurança) (JUGEND; SILVA, 2013). Além da preocupação econômica, as empresas também têm se preocupado com as questões ambientais e sociais. Sendo assim, ao desenvolver um produto, o projetista deve considerar a eficiência do processo produtivo nesse sentido, a geração de resíduos, o consumo de energia durante o seu processamento, a substituição e o descarte de partes componentes, bem como a destinação final de seus materiais, embalagem, entre outros meios de proteção ao meio ambiente. É preciso considerar a responsabilidade social, analisando a possibilidade de eventuais impactos que possam ser causados à sociedade a partir da produção do produto em questão. Também é primordial assegurar a segurança dos trabalhadores durante a produção, bem como de todos os envolvidos no processo (BARBOSA, 2009). Os clientes também se preocupam com essas questões. Eles estão U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos16 cada vez mais exigentes, informados e com maiores possibilidades de escolhas. Portanto, os requisitos ligados à saúde, ao meio ambiente e à segurança estão cada vez mais presentes nas organizações, desenvolvendo produtos não apenas pensando no atendimento aos requisitos legais, mas também no atendimento contínuo às mudanças nas necessidades dos clientes. A empresa deve se antecipar e identificar as necessidades do mercado e propor soluções. Dessa forma, possui como estratégia desenvolver ou transformar serviços e produtos que atendam tais necessidades. A partir disso, analisa todas as fases do ciclo de vida do produto, identifica as possibilidades tecnológicas, desenvolvendo um produto de qualidade, ou seja, que atenda às especificações do cliente, além de ser no tempo certo e no custo adequado (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). Questão para reflexão Como se define um novo produto? Um novo elemento em uma televisão, uma nova característica em um carro, ou a mudança de um ingrediente do molho de tomate podem ser considerados novos produtos? Para entender um pouco mais, vamos falar sobre os tipos de produtos falando sobre projetos de desenvolvimento? 1.3 Tipos de projetos de desenvolvimento de produtos Os produtos podem ser lançados de forma radical ou incremental, ou seja, o lançamento pode ser de um novo produto, nunca visto no mercado, ou de um produto incremental, o qual sofreu apenas um processo de melhoria ou adequação daquele já existente (JUGEND; SILVA, 2013). Dessa forma, os projetos de desenvolvimento de produtos podem ser classificados por diversos critérios, sendo que a classificação mais comum é baseada no grau de mudanças que o projeto representa em relação a projetos anteriores. Essa classificação depende das especificidades do setor. Por exemplo, existem significativas diferenças na classificação adotada no setor automobilístico em relação ao setor alimentício. Os projetos podem ser radicais, de plataforma ou incrementais. Os radicais (breakthrough) são projetos inovadores. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 17 Envolvem mudanças significativas no projeto do produto ou do processo, podendo criar uma nova categoria ou família de produtos para a empresa. São incorporadas novas tecnologias e materiais. Os projetos plataforma, ou próxima geração, são projetos que representam um novo sistema de soluções ao cliente, mas não introduzem novas tecnologias ou materiais. Já os incrementais ou derivados são projetos que, como o próprio nome diz, são derivados, híbridos ou com pequenas mudanças em relação aos projetos anteriores existentes. Podem ser desenvolvidos como intuito de redução de custo (IRIGARAY, 2011). Questão para reflexão Imagine uma indústria de biscoitos que, a partir de uma necessidade de adequação do preço do biscoito sabor chocolate, resolve mudar o fornecedor de cacau em pó, pois este insumo se encontra em liquidação nesse fornecedor no momento. Após testes sensoriais para verificar se esse novo cacau interfere no sabor e na cor do produto, decidiu-se efetivar essa mudança. Sendo assim, o biscoito continua com a sua fórmula original, mesmo sabor, cor, mesma quantidade de ingrediente, mesmo formato e embalagem. O que mudou? Apenas a marca do cacau em pó! Esse projeto é radical ou incremental? Muitas empresas trabalham com vários projetos simultaneamente, obtendo, assim, o que chamamos de portfólio de produtos. Sendo assim, é importante classificar os projetos para planejar estrategicamente e de forma conjunta todos os projetos de desenvolvimento, especificando a importância e a necessidade de recursos de cada um (ROZENFELD et al., 2010). Para saber mais Independentemente das características de um novo produto, seu desenvolvimento deve ser meticulosamente estruturado para garantir seu sucesso no mercado. Porém, mesmo produtos muito bem estruturados podem fracassar. Leia, no link a seguir, a reportagem sobre alguns casos de fracasso de produtos que foram lançados: U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos18 <http://exame.abril.com.br/tecnologia/10-grandes-fracassos-tecnologicos/>. Acesso em: 8 ago. 2017. Os riscos de fracasso de um projeto podem ser evitados, mantendo o foco voltado para a melhor forma de elaboração e introdução do produto, visando à satisfação de necessidades dos consumidores e, assim, diminuir os riscos de cada fase do processo. Para identificar essa “melhor forma”, vamos estudar o processo básico de desenvolver produtos? (CLEMENTS; GIDO, 2016). 1.4 O processo básico de desenvolvimento de produtos Ao pensar em desenvolvimento de produtos, várias etapas anteriores e posteriores estão envolvidas no desenvolvimento propriamente dito. Pensa-se muito nas etapas de marketing, contidas na fase de planejamento, englobando os conceitos de inovação, geração de ideias, pesquisa de mercado, desenvolvimento da estratégia de marketing, análise do negócio e, por fim, desenvolver o produto escolhido (IRIGARAY, 2011). O desenvolvimento do produto também envolve o acompanhamento do produto após o lançamento, para realizar mudanças necessárias decorrentes de sua utilização e planejar a sua descontinuidade, envolvendo, assim, todo ciclo de vida do produto. O projeto de um novo produto é um processo de múltiplas etapas e evolui do conceito até a especificação detalhada. O processo de desenvolvimento de produto é o gerenciamento das etapas, estruturando-as da melhor forma. As operações devem ser realizadas da forma mais efetiva possível. A partir disso, afirma-se que o processo de desenvolver produtos é complexo, pois envolve várias vertentes (ROZENFELD et al., 2010). Diante dos variados interesses internos e externos da organização, o processo de desenvolvimento de produtos deve ser estruturado de forma que o fluxo de atividades seja convergente a todas as áreas envolvidas, incluindo o mercado, os fornecedores, as fontes de informações tecnológicas e os órgãos reguladores do produto. Dessa forma, o processo de desenvolvimento de produto está posicionado dentro do contexto em que a empresa se insere, sua relação com os outros processos internos e com a cadeia de suprimentos (BURMESTER, 2012). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 19 Deu para perceber que projetos desse tipo exigem um esforço coordenado e que não é um processo isolado, não é mesmo? O processo de desenvolvimento de produtos é um sistema de integração do fluxo de atividades e informações, desde a concepção até a descontinuidade do produto. Essa integração caracteriza a aplicação dos princípios da engenharia simultânea, por ser interfuncional e interorganizacional, com uma abordagem multidisciplinar alinhada com as estratégias corporativas, com o intuito de propiciar um desempenho superior desse processo (CLEMENTS; GIDO, 2016). Historicamente, os fatores de sucesso ou fracasso de um novo produto estavam ligados à previsibilidade e criatividade. Ao longo da história, sabe-se que o desempenho do desenvolvimento de um produto depende também das práticas de gestão adotadas. Sendo assim, uma ferramenta de gestão eficiente nesse processo é o ciclo PDCA – Plan, Do, Check, Act. Ou seja, é possível obter sucesso nesse processo quando se planeja, executa, controla e melhora continuamente as atividades em busca de melhores resultados (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). Nesta primeira unidade, você terá uma visão holística do processo de desenvolvimento de produtos. Esse aspecto será analisado em detalhes nas demais unidades. O importante agora é notar que ele é dividido em macrofases, subdivididas em fases e atividades. As três macrofasessão: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós- desenvolvimento. Essas macrofases são divididas com suas respectivas microfases, ou simplesmente fases, sendo que podemos correlacioná- las com as fases do PDCA, conforme apresentado na Quadro 1.1. As macrofases são genéricas e podem ser utilizadas em vários tipos de empresa com algumas alterações. A macrofase de desenvolvimento enfatiza os aspectos tecnológicos correspondentes à definição do produto em si, suas características e forma de produção (ROZENFELD et al., 2010). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos20 Fonte: elaborado pelo autor. Quadro 1.1 | Correlação entre as fases de projeto de produtos com as fases do PDCA Macrofases do projeto de produtos Fase do projeto de produtos Fase do PDCA Pré-desenvolvimento Identificação e seleção de oportunidades P (plan / planejar)Geração de conceitos Avaliação de conceitos/ projetos Desenvolvimento Projeto conceitual D (do / fazer) Projeto detalhado Preparação da produção Lançamento do produto Pós-desenvolvimento Acompanhamento do projeto C (check / checar) e A (act / agir)Acompanhamento do lançamento Atividades de aprendizagem 1. Desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividades, ou projeto, que visa obter um produto que tenha especificações necessárias de mercado, além de considerar as estratégias competitivas ao longo das fases do ciclo de vida do produto. Nesse contexto, as fases do ciclo de vida U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 21 do produto são: a) Introdução, crescimento, maturidade e declínio. b) Lançamento, planejamento, crescimento e fim. c) Triagem, seleção, desenvolvimento e lançamento. d) Definição, triagem, crescimento e declínio. e) Pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento. 2. O PDCA é uma ferramenta de gestão utilizada em projetos de desenvolvimento de produtos. Esse método é baseado em quatro fases, com o objetivo de controlar e melhorar continuamente processos e produtos. Também é conhecido como Ciclo de Deming ou Shewhart, por serem os responsáveis pela criação dessa ferramenta. Assinale a alternativa que apresenta as fases do PDCA de forma correta: a) Programar, cronometrar, checar e averiguar. b) Planejar, cronometrar, verificar e agir. c) Planejar, executar, monitorar e agir. d) Planejar, agir, checar e monitorar. e) Programar, fazer, monitorar e planejar novamente. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos22 Seção 2 Pré-desenvolvimento Introdução à seção Agora que você já sabe os conceitos básicos que envolvem o Processo de Desenvolvimento de Produtos, vamos iniciar a seção que trata sobre a primeira macrofase do PDP? Ao finalizar essa seção, você compreenderá toda a fase de planejamento do projeto de produtos, que compreende as fases ou subseções de geração e triagem de ideias, desenvolvimento e teste de conceitos, além da análise de negócios no que tange à viabilidade. Será que esta ideia escolhida é viável? Quais são as ferramentas utilizadas na identificação das oportunidades? Onde o planejamento estratégico está inserido? Preparado para esta jornada? 2.1 Geração de ideias De forma prática, ao se pensar em desenvolver produtos, pensa- se, primeiramente, em requisitos e desenhos. Basicamente, basta decidirmos o público-alvo e definirmos com ele o que devemos desenvolver, não é mesmo? No entanto, esse processo vai além disso, envolvendo várias atividades (JUGEND; SILVA, 2013). A geração de ideias ou geração de conceitos é a primeira etapa no desenvolvimento de produtos, que tem como objetivo definir o produto. É quando as diversas possibilidades são identificadas, podendo acontecer formalmente ou informalmente. Por exemplo, muitas empresas dão liberdade aos seus colaboradores para que contribuam e exponham suas ideias. Outras empresas empreendem processos formais e dedicam recursos exclusivamente para a realização desse trabalho. Certas empresas de pesquisa de mercado, como a Research International, desenvolveram técnicas que auxiliam a criação de ideias, como a denominada Innovation Process, na qual uma equipe multidisciplinar – composta de profissionais de marketing, vendas, desenvolvimento de produtos, finanças, pesquisa de mercadoe parceiros, como agências de propaganda e de pesquisa – trabalha unida desde a criação das ideias até o desenvolvimento de conceitos de produtos (IRIGARAY, 2011). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 23 Nessa macrofase, primeiramente, é imprescindível pensarmos na identificação e seleção de oportunidades. São inúmeras as oportunidades por meio de geração de ideias. Pense em uma empresa de qualquer segmento, de pequeno porte, uma empresa que produza espelhos de diferentes molduras, por exemplo. Imagine que os profissionais da engenharia, a área de vendas e os diretores dessa empresa se atualizam diariamente com relação aos lançamentos de espelhos, conhecem a concorrência, participam de eventos e conversam com vários clientes, a fim de identificarem novas necessidades de produto. Sendo assim, teremos várias pessoas dando ideias de produtos que poderiam ser desenvolvidos. Além disso, essa empresa possui grandes distribuidores que trazem reclamações e sugestões, os quais também podem conter excelentes ideias para novos produtos. Outro meio de identificar essas ideias de projetos é pelo Serviço de Atendimento ao Cliente e pelos relatórios da assistência técnica (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). Uma ferramenta muito utilizada nesse estágio é o Brainstorming, chamada de tempestade de ideias, sendo uma atividade desenvolvida em grupo, em que cada membro expõe sua opinião ou ideia sobre determinado assunto. Essa ferramenta é utilizada tanto para geração de ideias diante de novos projetos como também para solução de problemas, explorando o potencial criativo de cada indivíduo ou do time de desenvolvimento (CLEMENTS; GIDO, 2016). As ideias aqui elencadas não se limitam apenas às características do produto e sua embalagem. Compreendem também as ideias de marca do produto, assunto que será estudado mais detalhadamente na Unidade 4 deste livro. Geralmente, à medida que vão surgindo as ideias de marca, ocorre, em processo simultâneo, a pesquisa no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), considerando o contexto brasileiro. Essa pesquisa acontece com o objetivo de verificar se já existe registro de proteção e, caso isso ocorra, ela já é eliminada da lista de opções (JUGEND; SILVA, 2013). Ao finalizar a etapa de geração de ideias, finaliza-se uma das etapas do planejamento da empresa no que tange ao PDP. As demais etapas de triagem de ideias, desenvolvimento de conceitos, teste de conceitos e avaliação de conceitos ou de análise de viabilidade complementam esse planejamento inicial, conforme visto na Seção 1 desta unidade (BURMESTER, 2012). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos24 2.2 Triagem de ideias Após a geração do maior número possível de ideias de novos produtos, segue-se para a triagem ou seleção das melhores ideias, ou das ideias viáveis. Essa etapa parece simples, mas deve ser realizada com muita atenção para que não sejam descartadas ideias que teriam muito sucesso nem sejam adotadas outras predestinadas ao fracasso (TRENTIM, 2014). Pode-se criar uma lista de verificação que permita descartar e escolher ideias de forma criteriosa, buscando adequá-las à realidade da empresa e do mercado em que atua. O Quadro 1.2 apresenta um exemplo de lista de verificação. Na primeira coluna, são elencados alguns critérios a serem atendidos para que a ideia seja considerada como possível, sendo definidos de acordo com a opinião dos envolvidos no processo. Esses critérios podem ser apresentados em forma de perguntas, conforme o exemplo apresentado no quadro a seguir, bem como a quantidade de critérios pode variar de acordo com a definição do próprio grupo. A segunda coluna apresenta os pesos a serem atribuídos a cada critério, também sendo de acordo com a opinião dos envolvidos. A terceira coluna apresenta uma classificação da ideia em relação a cada critério. Por fim, na última coluna, multiplica- se o peso pela classificação e, quanto maior a pontuação de uma ideia, maior a probabilidade de sucesso (GOBE et al., 2004). Quadro 1.2 | Lista de verificação a partir do Brainstorming Critérios Peso do critério (A) Classificação da ideia (B) Resultado (A x B) O produto é neces- sário atualmente? Qual é o tamanho do mercado, em volume e moneta- riamente? Qual a participação de mercado pos- sível para o novo produto? U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 25 Fonte: adaptado de Gobe et al. (2004). O novo produto pode ser consi- derado superior aos concorrentes atuais? Quando nos referimos à identificações de oportunidades, também precisamos olhar o outro lado da moeda. E as ameaças? Quando investigamos dessa forma, estamos aplicando a técnica SWOT, a qual é um acrónimo de Forças (Strenghts), Fraquezas (Weakneeses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Também chamada de análise FOFA, é utilizada para avaliar os ambientes internos e externos à organização, formulando estratégias, a fim de obter um bom desempenho no mercado. Ou seja, para cada oportunidade identificada pode haver uma restrição. Devemos analisar essas restrições com o propósito de minimizar os riscos. Afinal, desenvolver um produto significa investir em um negócio com riscos envolvidos, certo? (TRENTIM, 2014). Por exemplo, a restrição de capital. Por maior que seja a empresa, os recursos são limitados, pois há restrições físicas, institucionais e de capacitação de pessoal. Alguns exemplos: de nada adianta dinheiro se você não puder aumentar rapidamente sua capacidade de produção, se não possuir fornecedores capazes de entregar peças ou matérias- primas a preços competitivos, se você não possuir mão de obra com experiência nas tecnologias daquele determinado produto, se não tiver acesso a uma rede de distribuição para o seu produto etc. (JUGEND; SILVA, 2013). Questão para reflexão Portanto, unindo ambos os lados da moeda, temos uma equação que precisa ser resolvida: quais projetos de desenvolvimento priorizar, considerando as restrições de capital, tecnologia e competências? Para iniciarmos a solução desse quebra-cabeça, você já deve ter notado que faltou algo: estratégia competitiva. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos26 Um dos objetivos dessa macrofase é garantir a melhor decisão sobre o produto, projeto ou portfólio de produtos ou projetos, ao mesmo tempo em que se respeita a estratégia da empresa e as restrições em relação ao mercado e à estrutura interna da empresa, por exemplo, sua tecnologia de produção. O segundo objetivo, e não menos importante, é garantir que haja um comprometimento com o que foi definido no planejamento, para que não existam desvios no PDP, ou pelo menos garantir que esses desvios sejam minimizados. Portanto, pode-se concluir dessa fase de pré-desenvolvimento que ela se inicia com o Planejamento Estratégico previamente preparado; posteriormente, o processo de desenvolvimento de produto é iniciado, Ao falarmos de estratégia competitiva, estamos nos referindo ao caminho escolhido pela empresa para que ela atinja seus objetivos, considerando sua missão e visão. Ou seja, o PDP está diretamente ligado à estratégia competitiva da empresa. Portanto, na macrofase de pré-desenvolvimento, é fundamental que o planejamento estratégico esteja claro a todos os stakeholders, isto é, a todos os envolvidos no projeto ou todos os que possuem interesse nele. Para tal, a análise SWOT é realizada, todas as oportunidades e ameaças são mapeadas e o portfólio, ou conjunto de projetos, é definido. Nessa fase de planejamento, o produto possui todas suas especificações definidas de acordo com o direcionamento estratégico da empresa (CLEMENTS; GIDO, 2016). Para saber mais Uma das finalidades do Planejamento Estratégico é gerar informaçõesque orientem o PDP, principalmente, nas suas fases iniciais, quando ocorre a definição do produto, assim como durante todo o processo de desenvolvimento. O Planejamento Estratégico, desdobrado no Planejamento Estratégico do Produto, orienta o PDP em relação às estratégias tecnológicas e às estratégias de produto da empresa (linhas de produção, mercado, canais de distribuição etc.) (BURMESTER, 2012) .Veja o exemplo de Planejamento Estratégico do Ministério do Meio Ambiente em: <http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/ gest%C3%A3o-estrat%C3%A9gica/planejamento-estrat%C3%A9gico>. Acesso em: 24 ago. 2017. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 27 definindo-se o portfólio de produtos (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). 2.3 Teste e desenvolvimento de conceitos Agora, vamos retomar a fase de triagem. Nesta etapa, a preocupação estava no desenvolvimento de ideias e, a partir disso, fez-se necessária a seleção e definição dessas ideias. Essa é a fase de desenvolvimento de conceitos, na qual o produto começa a ser definido, considerando suas necessidades para introdução no mercado. Para que haja essa definição ou desenvolvimento de conceito, o conceito do produto deve ser testado anteriormente pela empresa. Isso pode ser feito de diversas formas e os testes devem ser feitos antes que haja qualquer tipo de investimento para a implementação do produto (JUGEND; SILVA, 2013). Algumas perguntas podem ser feitas para ajudar a definir o conceito de produto quando os consumidores e os concorrentes são analisados, sendo elas: qual é o público-alvo? Quais são as vantagens do novo produto? Qual é o motivo pelo qual o público-alvo compraria o produto? Quais são as tendências de consumo dessa categoria de produto? Quais são as suas necessidades atuais? Qual é a quantidade de consumidores potenciais? Quais são as suas percepçõe sem relação ao novo produto? Quais hábitos de compra afetam o novo produto? Já em relação à concorrência, alguns dos questionamentos são: existem muitos produtos nesta categoria? Quais são esses produtos, quem os fabrica, quais são seus preços e a política de marketing adotada? (ROZENFELD et al., 2010). Geralmente, as respostas dessas perguntas geram diferentes conceitos de produto. Esses conceitos são analisados e, caso necessário, o produto é ajustado, conforme veremos mais adiante. Após a definição de conceitos para o novo produto, ocorre a fase de teste de conceitos, a qual consiste na verificação prévia da opinião do mercado diante desses conceitos já definidos. Esse trabalho compreende, portanto, as pesquisas de mercado, sendo realizado, geralmente, pela equipe de marketing da empresa. Esse processo consiste, basicamente, na elaboração, coleta e análise de dados, a fim de ajudar a empresa na implementação de sua estratégia (JUGEND; SILVA, 2013). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos28 Para saber mais A Nielsen é uma empresa que realiza pesquisa de mercado por meio de auditorias de distribuição e venda de produtos, disponibilizando informações sobre diversas categorias de produtos por todo o Brasil. A busca de informações sobre dados de vendas é de fundamental importância, evidenciando os consumidores potenciais no mercado em que se pretende lançar novos produtos, além de identificar necessidades e características de consumo que os diferentes segmentos demandam. No Brasil, o Painel do Ibope dispõe desse tipo de informação. Veja mais sobre a Nielsen em: <http://www.nielsen.com/br/pt/solutions/how-we- measure.html>. E sobre o Painel Ibope em: <http://www.ibope.com.br/ pt-br/Paginas/oquevoceprocura.aspx>. Acesso em: 24 ago. 2017. Existem os chamados simuladores de mercado que estimam, por meio de uma pesquisa com consumidores e de dados secundários, o volume de vendas. Dois desses simuladores são o MicroTest, da Research International, e o Bases, da Nielsen. Considerando o segmento alimentício, ao lançar um novo produto, muitas indústrias de alimentos realizam testes sensoriais com consumidores por meio da apresentação de amostras do produto aliada aos questionamentos necessários, como: qual sabor/odor/cor/aparência você prefere? Portanto, a pesquisa tem como objetivo descobrir as atitudes dos possíveis compradores em relação ao novo conceito. Sendo assim, nessa fase, a empresa tem uma confirmação se o produto será aceito e qual o grau dessa aceitação, podendo apresentar o produto tanto simbolicamente como fisicamente (JUGEND; SILVA, 2013). 2.4 Análise de negócios A etapa anterior de teste de conceitos e a análise de negócios, geralmente, ficam sob responsabilidade de profissionais de marketing ou da equipe de engenharia de produtos, ou melhor ainda, das duas áreas trabalhando em sinergia. Aliás, é fundamental que todas as áreas envolvidas no projeto de elaboração de produtos sejam integradas, ou seja, trabalhem sempre em conjunto e com a comunicação muito bem alinhada, de forma transparente. Mas essa parte de gestão você verá mais adiante, na Unidade 2 (KEELING, 2012). Para diminuir os riscos de fracasso de um produto são realizadas U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 29 análises de viabilidade. Os tipos de viabilidade e suas características também serão apresentados nos capítulos a seguir. Mas, primeiramente, é importante destacar que é imprescindível a projeção realista e detalhada de custos, lucros e retorno de investimento. Assim, é possível analisar se o produto é viável sob o ponto de vista financeiro. Com base nessas informações, as outras análises serão também analisadas, como a viabilidade operacional, técnica, ambiental, legal e social (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). A partir da análise do produto, realiza-se a análise dos processos para que esse produto seja finalmente produzido. A viabilidade operacional é realizada na fase de planejamento dos processos produtivos, assunto discutido na Unidade 3, na qual trataremos sobre processos (BURMESTER, 2012). Alguns questionamentos podem ser realizados nessa análise ao pensar sobre a produção: o novo produto se adapta ao modelo atual de produção? Quais são os investimentos necessários? O que será fabricado e o que será comprado? Em relação à distribuição, pode ser questionado: o novo produto se enquadra no sistema de distribuição atual? Pode ser vendido pelos canais atuais? A estrutura de vendas e distribuição atual é adequada? Quais são os investimentos necessários para esse sistema? Já ao considerar as finanças, questiona- se, por exemplo: qual é a estimativa de custo unitário dos processos de fabricação, vendas, distribuição, propaganda e de outras ações de marketing? Qual é o prazo para o produto chegar aos consumidores após a produção? Qual é o prazo de retorno do investimento? Qual é a previsão de lucro? (ROZENFELD et al., 2010). Portanto, após a avaliação do processo de desenvolvimento de produtos como um todo, podem ser realizados ajustes nos processos ou até mesmo no produto, como também pode ocorrer a desistência do projeto (GOBE et al., 2004). Atividades de aprendizagem 1. Desenvolver produtos é um processo complexo e são vários os riscos envolvidos. Por isso, esse processo não pode ser baseado apenas em desejos e experiências dos executivos da empresa. É essencial que sejam realizadas análises detalhadas e que haja acesso às informações, a fim de desenvolver um produto com sucesso. Algumas das informações prévias que devem ser obtidas são em relação à/ao: U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos30 2. O método Brainstorming, ou tempestade de ideias, é utilizado na resolução de problemas e em projetos de produtos para identificar uma oportunidade de produto, por exemplo. É uma atividade em grupo e cada membro é responsável por apresentar suas opiniões e ideias. Considerando a macrofase de pré-desenvolvimentode um produto, as técnicas de brainstorming e a lista de verificação, geralmente, são utilizadas na fase de: a) Geração de viabilidade, desenvolvimento de ideias e teste piloto. b) Desenvolvimento de conceitos e análise de negócios. c) Geração e desenvolvimento de negócios. d) Triagem, desenvolvimento de ideias e análise de viabilidade. e) Geração e triagem de ideias. a) SWOT, stakeholders e pré-desenvolvimento. b) Consumidor, concorrência, produção, distribuição e finanças. c) Planejamento estratégico e pós-desenvolvimento. d) Marketing, produção, P&D e Brainstorming. e) Consumidor, análise de negócios e pós-desenvolvimento. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 31 Seção 3 Desenvolvimento Introdução à seção Até agora vimos que o início do desenvolvimento de produtos envolve processos de planejamento, definição e análise de conceitos. Sendo assim, em um próximo momento, é iniciada a macrofase do desenvolvimento propriamente dito, que é subdividida em: projeto conceitual, projeto detalhado, preparação da produção e lançamento do produto. Essas subseções implicam entender: o que é e como se dá o desenvolvimento de um protótipo? Quais são os itens que podem compor o projeto detalhado? No que consiste, basicamente, a fase de lançamento do produto? Vamos avançar em nossos estudos? 3.1 Projeto conceitual Esta fase de projeto conceitual é o marco do desenvolvimento de produtos no que tange ao início das práticas, ou colocar, literalmente, a “mão na massa”. É nesse momento que ocorre o teste piloto do produto ou o chamado projeto conceitual, para posteriormente o projeto detalhado ser desenvolvido (TRENTIM, 2014). Assim, são obtidas informações técnicas detalhadas de produção e do produto por meio da realização do teste piloto ou projeto conceitual. Um teste piloto é um experimento em menor escala, no qual o produto em questão é produzido pela primeira vez, sendo denominado protótipo. A finalidade de um protótipo é identificar possíveis falhas no produto que está sendo desenvolvido. Ele é elaborado considerando todas as características fidedignas do produto preestabelecido e é utilizado, posteriormente, como modelo na produção em grande escala. No entanto, algumas restrições podem aparecer, impedindo a confecção de protótipos para simulações e testes reais. Dessa forma, será necessário buscar alternativas, como simulação virtual, utilização de modelos ou realizar comparações com outros protótipos já existentes. Nessa fase, também são definidas as necessidades e soluções de materiais e outras necessidades de produção para, em seguida, o produto ser lançado no mercado (PRADELLA; FURTADO; KIPPER, 2012). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos32 Questão para reflexão Agora você deve estar se perguntando: caso este protótipo não dê certo ou não saia como o planejado, é possível alterar o projeto? Existe uma melhor fase para isso ocorrer? Na fase inicial do projeto do produto as partes interessadas conseguem realizar grandes mudanças por ele ainda estar “engatinhando”. O custo dessas mudanças, inicialmente, é baixo, e os riscos e as incertezas são altos. À medida que o projeto vai se desenvolvendo, os riscos vão diminuindo, enquanto as mudanças se tornam mais difíceis (e escassas), por gerarem altos custos, conforme ilustrado na Figura 1.2 (KEELING, 2012). Fonte: PMBOK (2013). Figura 1.2 | Custos de correção ou de mudanças conforme o tempo de projeto As mudanças são comuns em projeto de produtos, principalmente quando não se executa o que se planeja. Independentemente do motivo da mudança, é necessário que qualquer tipo ou tamanho da alteração seja documentado. Esses registros são necessários para analisar os impactos causados pela mudança realizada. É imprescindível também que haja transparência quando isso ocorre, por meio da comunicação de todas as áreas que podem ser afetadas pela mudança, identificando onde, como e quanto ela custará (ARAUJO; GARCIA; MARTINES, 2016). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 33 Questão para reflexão Imagine uma mudança durante a fase de teste de conceitos para desenvolvimento de um equipamento de embalagem de produtos, por exemplo. Pense que essa mudança seria de algum componente essencial para definição da sua dimensão. Concorda que esse custo é baixo? Agora, imagine uma alteração da especificação desse mesmo equipamento na fase de teste de mercado ou de produção para lançamento. Nesta última situação, o custo envolve vários processos já definidos, e isso significa mais horas de trabalho do time de desenvolvimento. Falando em time de desenvolvimento, agora, vamos pensar um pouco sobre ele? O time de desenvolvimento pode variar em relação ao seu tamanho e à função de cada membro, sendo definido pela própria empresa de acordo com a dimensão e o tipo de projeto. Geralmente, no início do desenvolvimento, os profissionais da área comercial e de marketing atuam mais fortemente para identificação das necessidades do mercado. Durante e ao fim do desenvolvimento, a área de engenharia de produto e de produção atua intensamente, no entanto pode haver um time multidisciplinar de gerenciamento de projetos, acompanhando-o passo a passo e dando suporte às demais áreas (TRENTIM, 2014). 3.2 Projeto detalhado A partir das informações geradas pela macrofase de pré- desenvolvimento, ocorre a fase de desenvolvimento, e essas informações são documentadas no plano do projeto, o qual é composto por: escopo do projeto, escopo do produto (conceito do produto), etapas de produção e sua duração, prazos de entrega, orçamentos, responsáveis por cada etapa, recursos necessários, especificações do produto durante a produção para avaliação da qualidade, considerando as normas a serem atendidas, indicadores de desempenho, entre outras informações específicas de cada projeto. Essa fase envolve todas as áreas envolvidas no projeto de produtos e alguns documentos podem auxiliar nesse processo, conforme Quadro 1.3 (KEELING, 2012). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos34 Quadro 1.3 | Documentos que compõem o projeto detalhado conforme o PMBOK Documento Descrição Termo de Abertura do Projeto Documento que apresenta os objetivos, as vantagens e os resultados esperados do projeto. Registro de Stakeholders Apresenta as partes interessadas do proje- to. Declaração de Escopo do Projeto Apresenta a entrega do projeto, ou seja, o produto. Apresentando desde documen- tos até o produto final do projeto. Possui todas as especificações do produto a ser entregue, como: tamanho, cor, formato, peso etc. Estrutura Analítica do Projeto (EAP) Quadro que apresenta as atividades de for- ma gráfica, utilizado a fim de facilitar aco- municação e a visão geral do projeto. Cronograma Lista das tarefas com suas durações, de- pendências, recursos alocados etc. Orçamento Previsão de custos e de fluxo de caixa do projeto. Plano da Qualidade Documenta o tipo de controle de qualida- de ou padrões que deverão ser atendidos, como a ISO 9000, por exemplo, que estu- daremos na Unidade 4. Plano de Recursos Apresenta todos os recursos financeiros, humanos, equipamentos, instalações, en- tre outros necessários. Matriz de Funções e Responsabilidades Matriz denominada RACI, contendo os no- mes e as funções de cada um dos respon- sáveis por cada atividade do projeto. Plano de Comunicações Documenta os tipos de informações ne- cessárias aos envolvidos, apresentando a forma de distribuição para cada uma das informações (e-mail, telefone, apresenta- ções etc.). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 35 Plano de Gerenciamento de Riscos Apresentatodos os riscos do projeto, suas análises,bem como as ações preventivas e corretivas para cada um dos riscos. Plano de Gerenciamento das Aquisições Registratodas as compras ou aquisições necessárias de forma detalhada, informan- do como serão realizadas. Fonte: Trentim (2014). Para saber mais EAP é a estrutura analítica de projeto. É uma decomposição hierárquica do escopo do projeto em elementos ou itens de trabalho a serem executados. Veja um exemplo em: <https://escritoriodeprojetos.com. br/eap>. Acesso em: 8 ago. 2017. Outra técnica citada é a matriz RACI,utilizada para definir e distribuir as responsabilidades aos envolvidos no projeto. Veja um exemplo em: <https://tecnologiaegestao. wordpress.com/2010/08/12/matriz-raci/>. Acesso em: 8 ago. 2017. Já sobre gerenciamento de riscos, uma técnica para identificação e análise de riscos é o FMEA. Veja um exemplo em: <https://www.citisystems. com.br/fmea-processo-analise-modos-falhas-efeitos/>. Acesso em: 8 ago. 2017. 3.3 Preparação da produção Este é o momento de validação operacional. Os recursos e o protótipo são validados, ou alguns ajustes são realizados. Afinal, é na prática agora realizada que se confirma o que foi planejado e testado, não é mesmo? As informações técnicas detalhadas de produção e também as de produto, incluindo sua fórmula, são concluídas nessa fase. Sendo assim, é possível iniciar a preparação para a produção, pois já estão comprovados quantos e quais recursos serão necessários para cada processo (OLIVEIRA, 2013). O primeiro passo é obter um entendimento comum entre todas as áreas e todos os envolvidos no projeto do que está definido no plano do projeto. Assim, ocorre a definição final sobre o produto, além do entendimento pleno dos objetivos desse produto. Dessa forma, é garantido que o produto será desenvolvido conforme o que foi especificado. O envolvimento das pessoas da cadeia de suprimentos e U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos36 o contato com clientes em potencial também são fundamentais para garantir a qualidade das especificações (TRENTIM, 2014). O que seria essa especificação? Alguns exemplos de especificações são: volume, comprimento, altura, espessura, massa, cor, aparência, sabor, odor etc. Alguns clientes também podem exigir laudos técnicos do produto final, por exemplo, para produtos alimentícios, são exigidos certificados de análise microbiológica, microscópica, sensorial ou físico química para comprovar que o produto foi elaborado em condições satisfatórias de qualidade e está apto ao consumo, obtendo resultados dentro dos limites legais, além de estar em conformidade com os padrões exigidos pelo cliente (JUGEND; SILVA, 2013). Inicia-se, então, um processo de projetar, testar e otimizar até a homologação do produto. Além de realizar todas as análises, cálculos, desenhos ou protótipos detalhados e testes piloto, o time planeja como o produto vai ser produzido e lançado no mercado. O próximo passo consiste na elaboração de instruções de trabalho e manuais técnicos tanto para o time de produção como para as demais áreas que necessitam de informações sobre as especificações do produto, como a área de vendas, por exemplo. Geralmente, esses procedimentos são descritos e aprovados pelo setor de controle de qualidade da empresa, pois devem garantir que todos os processos estão sob controle para obtenção do produto final em conformidade com os requisitos apresentados no papel (GOBE et al., 2004). Questão para reflexão Imagine que você é responsável pela garantia da qualidade em um frigorífico de suínos e tem a tarefa de desenvolver os procedimentos de qualidade para garantir que o produto final seja elaborado dentro das especificações legais e do cliente. Como desenvolveria esses procedimentos? Lembre-se de que o papel deve estar de acordo com a prática, e a prática deve estar de acordo com o papel. Ou seja, o que está descrito é regra, deve ser cumprido para não fugir do que se espera na produção. Como também o contrário, o que ocorre na prática deve ser registrado em um papel ou uma planilha pelo setor de qualidade, U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 37 sendo elaborados, constantemente, os relatórios de produção e/ou qualidade do produto (JUGEND; SILVA, 2013). Os processos de manufatura são concluídos apresentando as etapas ou sequência de fabricação, as especificações de todos os equipamentos e das ferramentas, os métodos de produção passo a passo, enfim todos os documentos necessários para a produção do produto com qualidade. Em alguns casos, esses planos de processo de fabricação objetivam a produção em série. A obtenção da documentação de fabricação também pode ser obtida quase ao mesmo tempo em que são criados os desenhos de detalhamento. Quando isso ocorre, a empresa está aplicando os princípios da Engenharia Simultânea (OLIVEIRA, 2013). Vamos retomar as etapas dessa macrofase de desenvolvimento? Os protótipos foram produzidos e testados, o que chamamos de teste piloto ou projeto conceitual. Todos os envolvidos no processo já têm conhecimento de como será esse produto e o que se pretende com ele. Posteriormente, o projeto detalhado é elaborado com o intuito de homologar o produto, validando o teste piloto e confirmando que o protótipo atende a todos os requisitos anteriormente definidos como padrão específico da indústria. Vimos também alguns documentos importantes para preparação da produção. Na etapa de preparação da produção, também é necessário verificar o que será comprado dentro da cadeia de suprimentos e quais serão os fornecedores para cada um dos insumos (GOBE et al., 2004). Agora, falta saber se toda a cadeia de suprimentos ou todos os parceiros de fornecimento conseguem produzir para a indústria e garantir as características do protótipo, e que também atendam aos requisitos dos seus clientes ao longo do ciclo de vida do produto. Essa fase de preparação para produção será discutida com mais detalhes na Unidade 3, no entanto, nesse momento, é fundamental o entendimento desse processo como um todo e onde ele se encaixa (OLIVEIRA, 2013). Questão para reflexão Imagine, agora, os fornecedores cumprindo os prazos de entrega, e os equipamentos e demais insumos começam a chegar na indústria. É hora de acionar o pessoal da manutenção! Afinal, essas máquinas precisam ser testadas e, em alguns casos, algumas instalações (fábrica) precisarão ser construídas. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos38 Os processos seguintes consistem no lançamento do produto e acompanhamento deste lançamento. Ou seja, estamos na fase Check e Act do PDCA, pois, nesse momento, caso haja alguma inconsistência da produção ou até mesmo na comercialização, as ações corretivas e de melhoria são colocadas em prática. O time de desenvolvimento, normalmente, acompanha os demais processos, incluindo a comercialização, para verificar se o cliente ficou satisfeito ou se precisará de alguma mudança no próximo lote de produção (BURMESTER, 2012). Após os testes de funcionalidade do produto, caso a empresa identifique como necessário, mais um teste de mercado pode ser feito nesse momento. Ou seja, ocorre uma preparação para o produto ser lançado no mercado. Essa preparação para lançamento do produto, geralmente, é feita por meio de um teste de mercado e pela avaliação do preço ideal para o produto, pelo setor de marketing. São consideradas as marcas competitivas do mercado. O Brand Price Trade-Off (BPTO) é uma dessas técnicas. Os resultados do BPTO apontam a elasticidade- preço de um produto, ou seja, quanto pode aumentar ou diminuir sua participação de mercado, em função de variações nos preços. Outra técnica de pesquisa é o Price Sensitivity Model (PSM), que avalia a elasticidade-preço de um produto de forma absoluta, ou seja, sem considerar o contextode marcas competitivas (JUGEND; SILVA, 2013). Esse segundo teste de mercado é uma oportunidade para que as empresas levantem mais informações, conhecendo como os consumidores ou clientes reagirão diante do produto já desenvolvido. Testes de mercado bem realizados podem proporcionar grande variedade de informações, as quais fundamentarão a realização de ajustes finais no produto e a definição mais clara das estratégias a serem utilizadas (OLIVEIRA, 2013). Entretanto, os testes de mercado, normalmente, consomem muitos recursos financeiros e tempo, dando chance para que concorrentes se antecipem ao lançamento e consigam vantagens. Se os recursos para desenvolvimento e lançamento do novo produto não forem muito altos, ou se a empresa tiver muita certeza de seu sucesso, essa etapa pode ser desconsiderada. Sendo assim, a decisão de testar o produto no mercado antes do lançamento definitivo depende dos custos e riscos do investimento no novo produto, dos custos do próprio teste, além do tempo disponível para realizá-lo (GOBE et al., 2004). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 39 3.4 Lançamento do produto Com todo o planejamento esquematizado, ações anteriores ao lançamento de produto e todos os detalhes importantes pensados, é hora de, enfim, lançar seu produto. Sendo assim, o último estágio do desenvolvimento de um produto é o seu lançamento no mercado ou o momento em que se inicia sua comercialização. Nessa etapa, a empresa deve investir altos valores no desenvolvimento de canais de distribuição e em estratégias de comunicação e promoção do novo produto (BURMESTER, 2012). Algumas perguntas podem auxiliar nesse processo: qual é o momento certo para o lançamento do produto? Em quais regiões será lançado? Como deverá se proceder o lançamento? A divulgação do produto pode ocorrer por meio de redes sociais, eventos, mídias, entre outros canais de comunicação. Normalmente, as empresas escolhem, inicialmente, uma região menor para introdução de novos produtos, ampliando gradativamente seu campo de comercialização de acordo com os resultados obtidos dos primeiros lotes de produção (GOBE et al., 2004). Atividades de aprendizagem 1. O projeto detalhado é um dos passos do planejamento do desenvolvimento de produtos. Ele é composto por: escopo do projeto, escopo do produto (conceito do produto), etapas de produção e sua duração, prazos de entrega, orçamentos, responsáveis por cada etapa, recursos necessários, especificações do produto durante a produção para avaliação da qualidade, considerando normas a serem atendidas, indicadores de desempenho, entre outras informações específicas de cada projeto. Assinale a alternativa que apresenta corretamente alguns dos documentos que compõem um projeto detalhado de produtos. a) Cronograma, plano da qualidade, de recursos, de comunicação, de gerenciamento de riscos e de aquisições. b) PDCA, ciclo do produto, plano de aquisições, EAP e Matriz de Funções e Responsabilidades. c) P&D, declaração e termo de abertura, Declaração de Escopo do Projeto, PDP e PDCA. d) Matriz RACI, cronograma, registro de stakeholders, lançamento do produto e análise SWOT. e) Termo de Abertura do Projeto, plano de financiamento, plano de lançamento de produto, plano de geração de ideias de produto e de análise de viabilidade. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos40 2. Quando nos referimos à fase de preparação da produção, dá a impressão que estamos falando da fase inicial de planejamento, não é mesmo? Mas essa fase faz parte da macrofase de desenvolvimento do produto, pois todas as análises necessárias do pré-desenvolvimento já foram realizadas e, agora, é a hora de colocar a mão na massa, checando se tudo o que foi planejado realmente irá acontecer. Nesse contexto, qual alternativa apresenta o objetivo da fase de preparação para a produção? a) Elaborar o projeto conceitual e o projeto detalhado. b) Validação do projeto conceitual e do projeto detalhado, além de definir os principais clientes. c) Validação operacional, validar o protótipo e garantir que o produto será produzido dentro das especificações do cliente. d) Definir o momento certo para lançar o produto e elaborar manuais de uso do produto. e) Elaborar procedimentos da qualidade, produzir um protótipo e definir os tipos de projetos de produtos e processos. U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos 41 Questão para reflexão Ao pensar no acompanhamento da produção, você deve estar se perguntando: será que a produção, que não possui todos os conhecimentos adquiridos pelo time de desenvolvimento, conseguirá resolver todos os tipos de problema sozinha? Seção 4 Pós-desenvolvimento Introdução à seção Agora que você já teve contato com a macrofase de pré- desenvolvimento e de desenvolvimento, vamos à última macrofase, que corresponde ao pós-desenvolvimento do produto. Tudo já foi planejado, preparado, esquematizado, lançado e, praticamente, realizado. Mas o PDP não acabou e precisamos pensar em alternativas e procedimentos para que o ciclo do produto seja o maior possível. Sendo assim, você deve estar se perguntando: como pode ser feito o acompanhamento do PDP? Como garantir o sucesso do PDP? Vamos finalizar esta unidade com sucesso? 4.1 Acompanhamento do desenvolvimento do produto Esta macrofase contempla o acompanhamento do desenvolvimento do produto, que é crucial para aumentar as chances de permanência do produto no mercado, afinal, todo produto nasce, cresce e morre. Um dos tipos de acompanhamento é o que é feito pela produção, durante as etapas do processo de fabricação, com os devidos controles de qualidade para garantia do produto final em conformidade aos requisitos. Após o lançamento do produto, o time de desenvolvimento pode acompanhar ou não o que foi desenvolvido. Em alguns casos, a engenharia de produto ou o time de desenvolvimento transfere todo o trabalho para o time de produção e passa a desenvolver outros novos projetos (OLIVEIRA, 2013). U1 - Introdução ao projeto de processos e produtos42 Agora, imagine a seguinte situação: uma empresa fabricante de bicicletas lançou recentemente um novo produto no mercado e passou a responsabilidade pelo produto ao setor de manufatura. O time de desenvolvimento passou a não existir, pois as pessoas voltaram para as suas áreas funcionais. Sendo assim, ninguém mais desse time vai ter contato com o produto que acabaram de elaborar. Um cliente reclamou com a assistência técnica sobre a regulagem do banco, outro cliente reclamou da ausência de padrão entre as rodas, enfim, várias reclamações que indicaram que o desempenho do novo produto estava fora do esperado. A assistência técnica difere da equipe de desenvolvimento, bem como dos colaboradores da produção e do controle de qualidade. Portanto, demorou-se bem mais para investigar as causas dos problemas e resolvê-los. Por isso, é necessário um pós- desenvolvimento muito bem estruturado e organizado, a fim de que não haja perdas produtivas e financeiras, além do descontentamento do cliente (JUGEND; SILVA, 2013). Questão para reflexão Essa mesma bicicleta permaneceu no mercado por oito anos e, durante esse período, apresentou outros problemas. O volume de venda não foi o esperado, além das perdas financeiras devido ao aumento da assistência técnica. Por que isso aconteceu? Porque não foi designado um time de acompanhamento do produto e não existia na empresa um pós-desenvolvimento sistematizado que garantisse uma continuidade à gestão do ciclo de vida do produto. Os conhecimentos gerados ficaram com as pessoas e não foi transferido aos demais. A empresa pode optar por ter uma equipe de projeto exclusiva aos projetos, no entanto deve transferir os conhecimentos, integrando todas as áreas desde o início
Compartilhar