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Direito à Vida ● Vida/Início da Vida: ↳ Não é atribuição e nem dever do direito estabelecer o conceito de vida ou definir em que momento a vida humana começa. ↳ A biologia, ciência que estuda a vida, ainda não chegou em um consenso, uma definição precisa do que é “vida” e do que é um “ser vivo”. ⇘ o que dificulta a definição sobre o início da vida. ↳ Cabe ao direito criar mecanismos de proteção à vida humana desde o seu princípio. ● Direito à vida: ⇘ Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: → inviolabilidade da vida humana. ↳ Estado deve proteger a vida humana. Desse modo, as práticas atentatórias à vida humana, desde o seu início, foram criminalizadas. ↳ STF já decidiu que quem deve estabelecer em que momento a vida humana começa são as ciências biológicas. ● Teorias que marcam o início da vida humana: ➔ fecundação ou concepção: ↳ a fecundação é o marco inicial da vida humana. ↳ é a teoria defendida pela Igreja Católica. ↳ fundamento científico: definição da carga genética do indivíduo acontece nesse momento. ↳ fundamento legal: “Art. 2º - Código Civil - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” ➔ nidação: ↳ nidação: acomodamento do blastocisto no útero. ↳ acontece entre 5 e 6 dias após a fecundação, é o que possibilita o desenvolvimento normal da gravidez. ➔ desenvolvimento do sistema nervoso central: ↳ começa a se desenvolver entre 2 a 5 semanas após a concepção. ↳ é o SNC que confere sensibilidade ao embrião. ● funções do sistema nervoso central: ↳ são essas funções que nos definem como seres vivos. a) sensorial: confere sensibilidade e sensações ligadas aos sentidos humanos. b) integrativa; coordena as funções de todos os demais órgãos do corpo. c) motora: controla as contrações e os estímulos musculares. d) adaptativa: adaptação ao meio. ● desenvolvimento do sistema nervoso central: ↳ não existe uma lei que defina de forma expressa o momento exato do início da vida humana. ↳ entretanto, existe uma lei que define o momento exato do fim da vida. ↳ uma parte da doutrina estabelece uma analogia entre o fim e o início da vida, determinando que se não existe mais vida quando o cérebro e o sistema nervoso central param de funcionar, então também não há vida antes da formação desse sistema. ↳ no Brasil, essa teoria é defendida com fundamento na Lei 9.434/97 ⇘ lei de transplante de órgãos. ⇘ fixa o conceito de MORTE encefálica. ⇘ Art. 3º - Lei 9434/97 - A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. ➔ passagem da fase embrionária para a fetal: ↳ fase embrionária > fase fetal. ↳ feto adquire feições humanas. ↳ acontece perto da 12º semana. ↳ para a filosofia antiga e algumas religiões, o ser humana adquire a alma no momento da gestação que coincide com essa “troca de fases”. ➔ fases da gestação humana: ↳ a biologia divide a gestação em duas fases: a) embrionária: formação do zigoto até a 12º semana. b) fetal: da 13º semana até o nascimento. ↳ Com os avanços na área da embriologia e na área da reprodução humana, viu-se necessário criar uma fase anterior da gestação: a) pré-embrionária: formação do zigoto até a nidação do blastocisto. ↳ Com isso, resta a dúvida: “O direito deve proteger todas essas três fases com a mesma intensidade?” ➔ autonomia do feto: ➔ nascimento com vida: ● Proteção da Vida Humana: ↳ No nosso ordenamento jurídico, a fase pré-embrionária possui uma proteção bem reduzida. ↳ Visto que, são lícitos alguns atos que violam o pré-embrião: ● pílula do dia seguinte. ↳ Resolução 1.811/2006 - CFM ● descarte de embriões excedentários obtidos na FIV: ↳ Resolução 2.294/2021 - CFM ⇘ V – CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU EMBRIÕES 4. Os embriões criopreservados com três anos ou mais poderão ser descartados se essa for a vontade expressa dos pacientes, mediante autorização judicial. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9434compilado.htm https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/2006/1811_2006.pdf https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/2021/2294_2021.pdf 5. Os embriões criopreservados e abandonados por três anos ou mais poderão ser descartados, mediante autorização judicial. ↳ Por regra geral, nosso direito protege a vida humana a partir da nidação (fases embrionária e fetal), punindo os atos que a violem. ➔ aborto no Código Penal: ↳ aborto no Brasil é crime. ⇘ Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. ⇘ Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. ⇘ Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. ↳ o aborto não é punido em três situações: ⇘ Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. ⇘ Vide decisão do STF > vida inviável do feto (feto com anencefalia). ↳ nessas três últimas hipóteses também não é necessário autorização judicial. ↳ não existe previsão legal sobre o limite de tempo da gestação para realizar o aborto legal. ● até 22 semanas: procedimentos simplificados do aborto. ● mais de 22 semanas: antecipação do parto. ↳ porém, deve ser realizado o mais rápido possível para diminuir os riscos de vida a gestante e do nascituro. ➔ direito à vida e aborto legal: ↳ o Estado brasileiro deve protegera vida humana, inclusive a do nascitura, de acordo com o art. 5º. ↳ o art. 128 do CP, prevê duas hipóteses legais em que é permitido a violação do nascituro. ↳ para realizar o aborto dessas duas hipóteses não é preciso de uma autorização judicial e nem de um Boletim de Ocorrência Policial. ↳ esse artigo é compatível com a CF/88? ⇘ SIM, pois estabelece que: ● inciso I: permitido violar a vida do nascitura para salvar a vida da gestante. ● inciso II: permite-se violar a vida do nascituro para proteger a sobrevivência com dignidade da gestante, visto que obrigá-la a levar a gestação, que foi fruto de um estupro, adiante é um tratamento desumano e cruel, uma prática incompatível com o princípio da dignidade humana. ➔ direito à vida: ↳ nenhum direito fundamental é protegido de forma absoluta, todos podem sofrer restrições desde que haja um motivo justo. ↳ motivo justo: preservar outro direito fundamental de igual ou maior importância. ↳ por isso, só haverá um motivo justo para violar uma vida humana se for para salvar outra vida humana. ↳ proteger a vida humana não é apenas garantir que nossos organismos estejam em funcionamento. ↳ essa proteção vai muito mais além, e consiste em preservar o funcionamento de nossos organismos em condições dignas de sobrevivência. ↳ conceito de vida: a) aspecto biológico: organismo em funcionamento com capacidade para crescer e se reproduzir. b) aspecto ético: condições de vida e de sobrevivência compatíveis com a dignidade do ser humano. ➔ aborto de feto com anencefalia: ↳ anencefalia é uma má-formação fetal congênita gravíssima, incompatível com a vida fora do útero. ↳ essa anomalia gera a inexistência de todas as funções do sistema nervoso central. ↳ ante de 2012, quando mulheres recebiam esse diagnóstico, era preciso ingressar com um pedidojudicial para a realização do aborto. ↳ mas, por não configurar uma hipótese de aborto legal, o poder judiciário negava. ↳ por isso, o STF decidiu que nesses casos é tortura obrigar a gestante a levar a gravidez até o fim. ↳ portanto, nesse conflito: direito à vida do feto (inviável) x sobrevivência digna da gestante, o último prevalece. ➔ aborto no STF: ↳ em 2016, a 1º turma do STF decidiu, em um caso concreto, no HC 124.306, que o aborto praticado até o terceiro mês da gestação não deve ser considerado crime. ↳ nessa decisão foi aplicado o princípio da proporcionalidade, entendendo que nesse conflito, os direitos de autonomia sexual e reprodutiva, a integridade física e psíquica da mãe prevalecem sobre os direitos do embrião. ↳ por ter sido uma decisão feita em uma das turmas, não possui repercussão geral e nem efeito vinculante. ↳ porém, pode servir como fundamento judicial em outros casos para convencer instâncias inferiores em futuros julgamentos. ➢ proporcionalidade em matéria penal: ↳ o princípio da proporcionalidade nesse ramo do direito, atua de modo abstrato para impor que o legislador estabeleça penas proporcionais à gravidade do fato, à lesividade do bem jurídico protegido e à culpabilidade do agente. ● Aborto e Direitos Sexuais e Reprodutivos: ↳ Esses direitos da mulher foram classificados com direitos humanos na Declaração de Pequim, em 1995. ↳ A maioria dos países desenvolvidos, permitem o aborto por livre decisão da gestante até a 12º semana da gestação. ➔ vida do embrião X direitos reprodutivos = direitos reprodutivos. ➔ vida do feto X direitos reprodutivos = vida do feto ● Conclusões sobre o Aborto no Brasil: ↳ Em regra geral é crime, não existindo diferença entre interromper a gestação na fase embrionária ou na fase fetal. ↳ Há apenas três hipóteses de aborto legal. ↳ O nosso Código Penal é de 1940 + Congresso Nacional conservador = discussões sobre o assunto não acontecem. ↳ Em um caso concreto, o STF julgou que o aborto até a 12º semana da gestação não é crime, por ferir o princípio da proporcionalidade. ↳ Existe uma ADPF pendente de julgamento no STF sobre esse assunto. ↳ As discussões são muito deturpadas, pois não se trata de ser a favor ou contra a vida do embrião ou do feto, esse debate envolve questões como: ● como esse tópico é tratado em países democráticos. ● proteção dos direitos reprodutivos da mulher. ● questões de saúde pública. ● desigualdade socioeconômica. ● Pesquisas com células-tronco embrionárias: a) inviolabilidade da vida humana: ⇘ Art. 5º - Lei 11.105/2005 É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. ⇘ Lei 11.105/2005 ↳ após a lei ser publicada o PGR da época abriu uma ADI contra o artigo acima, dizendo que violava o direito à vida. ⇘ foi a primeira ADI a ter a “amicus curiae” e audiência públicas devido a sua complexidade b) decisão do STF: ↳ mesmo que exista vida no embrião humano “produzido” a partir da fertilização artificial, a lei prevê a possibilidade de pesquisas apenas quando não são viáveis para o implante. ↳ dessa forma, é admitido violar a vida de um embrião inviável, para a realização de pesquisas e tratamentos que possuem como finalidade melhorar a qualidade de vida de vários outros seres humanos. ⇘ essas pesquisas vão desde tratamentos até curas de doenças degenerativas. ● Estado protegendo a vida humana: a) eutanásia: ↳ vem do grego e significa “boa morte”. ↳ é a morte provocada em paciente com doença incurável, em estado terminal e que passa por muito dor e sofrimento. ↳ é movida por compaixão ou piedade em relação ao doente, com a finalidade de fazê-lo deixar de sofrer. ⇘ relevante valor moral. ↳ costuma ser feita com sedação prévia e injeção de medicamentos que causam uma parada cardíaca. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm ↳ não possui um tipo específico no Código Penal, sendo constituída como crime de homicídio privilegiado. ⇘ Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. b) suicídio assistido: ↳ auxiliar uma pessoa com doença terminal a tirar a própria vida para lhe poupar de sofrimento. ↳ geralmente ocorre com o fornecimento de medicamentos para que o paciente, ainda lúcido e ciente da situação, faça uso. ↳ no Brasil é tipificado como crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. ⇘ o auxílio se dá por meios materiais. ⇘ Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. c) ortotanásia: ↳ vem do grego e significa “morte certa” ou “morte no tempo certo”. ↳ é o não prolongamento artificial do processo do morte, além do que seria o processo natural. ↳ deve ser feita por um médico, que geralmente irá interromper um tratamento que apenas prolonga de forma artificial a vida do paciente, que só sobrevive por meio de aparelhos. ⇘ o paciente não possui uma vida AUTÔNOMA, INDEPENDENTE. ⇘ são os chamados paciente multi-invadidos. ↳ são tomadas medidas para diminuir a dor do paciente até o momento da morte. ↳ essa prática é defendida e regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina, que é contra a prática da distanásia. ➔ distanásia: prolongamento artificial da vida, fazendo com que o paciente sofra não o dando perspectiva de vida, de cura ou de melhora. ↳ o CFM regulamentou essa prática em duas resoluções, uma de 2006 e outra de 2012. ⇘ Resolução CFM 1.995/2012 ↳ em hospitais particulares existe o poder de escolha de fazer ou não a ortotanásia, já em hospitais públicos não, devido à superlotação e falta de leitos, que poderiam estar sendo usados para o tratamento de outras pessoas. ↳ apesar da resolução ser vigente até os dias atuais, existem muitos questionamentos jurídicos sobre a prática da ortotanásia. ↳ não é tipificada como crime no Brasil. ● Pena de morte: a) pena de morte nas Constituições brasileiras: ↳ a pena de morte não integra a cultura nacional. ➔ 1824: não proibia expressamente. http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=PesquisaLegislacao&dif=s&ficha=1&id=10938&tipo=RESOLU%C7%C3O&orgao=Conselho%20Federal%20de%20Medicina&numero=1995&situacao=VIGENTE&data=09-08-2012&vide=sim ● Código Criminal do Império de 1820: previa a pena de morte por enforcamento. ● 1876: Dom Pedro II proibiu, desde então nunca mais alguém foi executado por pena de morte. ➔ 1891: proibia, salvo em caso de guerra declarada. ➔ 1934: proibia, salvo em caso de guerra declarada. ➔ 1937: previa para crimes políticos e homicídio. ↳ ninguém foi condenado nesse período. ➔ 1946: proibia, salvo em caso de guerra declarada. ➔ 1967: previa em caso de guerra externa psicológica adversa, revolucionária ou subversiva. ↳ ninguém foi condenado nesse período. b) pena de morte na CF/88: ↳ proibida no Brasil em tempos de paz, mas é permitida em caso de guerra declarada. ⇘ Art. 5º XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; ↳ a punição é regulamentada pelo Código Penal Militar. ↳ a vedação da pena de morte constitui cláusula pétrea. ⇘ Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: IV - os direitos e garantias individuais. ➔ Código Penal Militar: ⇘ Traição Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nasforças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. ⇘ Coação a comandante Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar de violência ou ameaça, provocar tumulto ou desordem com o fim de obrigar o comandante a não empreender ou a cessar ação militar, a recuar ou render-se: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. ⇘ Informação ou auxílio ao inimigo Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo informação ou auxílio que lhe possa facilitar a ação militar: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. ➔ constituinte de 1987/88: ↳ muitas discussões aconteceram sobre a adoção ou não da pena de morte. ↳ essa punição não foi aprovada na votação das comissões temáticas e nem na comissão de sistematização. ↳ houve a tentativa da realização de um plebiscito sobre o assunto, mas também não foi aprovada. ⇘ uma PEC foi proposta em outubro de 88 sobre a realização de um plebiscito, mas não foi adiante por ferir cláusula pétrea. c) pena de morte em tratados internacionais: ↳ a Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969, que possui força normativa no Brasil desde 1992, estabelece: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1001.htm ● proibição da pena de morte para gestantes, menores de 18 anos, maiores de 70 anos e para crimes políticos. ● proíbe que países que tenham abolido a pena de morte possam voltar a estabelece-la. ➔ Pacto de San Jose da Costa Rica: ⇘ Artigo 4º - Direito à vida 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos. 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente. d) pena de morte nos Estados Unidos: ➔ 1972: proibida pela Suprema Corte. ➔ 1976: Suprema Corte estabelece que a sua previsão deve ser de competência estadual. ➔ 2021: 24 estados aplicam; 23 estados aboliram e 3 estados preveem, mas não aplicam. ↳ Historicamente, os estados que possuem a previsão da pena de morte possuem númeto de assasinatos anuais por mil habitantes, maior do que estados que a aboliram. ↳ Já ocorreram também mais de 180 erros judiciais. ↳ Dados revelam discriminação racial em sua aplicação. ↳ Uma pesquisa realizada em 2020, mostra que a prisão perpétua possui uma aprovação maior que a pena de morte, pela sociedade. ● Conclusões sobre a pena de morte: ➔ não faz parte da cultura brasileira; ➔ proibida pela CF/88 e por Tratados Internacionais, sendo considerada como cláusula pétrea; ➔ abolida na maior parte dos países desenvolvidos do mundo; ➔ não corresponde aos atuais padrões de civilização da humanidade; ➔ não cumpre as suas finalidades, ou seja, não diminui a criminalidade; ➔ pode acarretar erros irreversíveis; ➔ contribui para o aumento da discriminação racial e social; ● Proteção da vida humana no Brasil: ↳ CPIs realizadas entre 2015 e 2016 concluíram que exite um genocídio dos jovens negros e periféricos no Brasil. ↳ Algumas medidas foram estabelecidas, mas até hoje a maioria delas não foram cumpridas e o número de mortos, pela violência policial, dessa parcela de jovens cresce a cada ano. ↳ Pesquisas e dados concluem que o Brasil não protege de forma eficaz a vida de mulheres, negros, indígenas, travestis, transsexuais, ativistas de causas humanas e ambientais, crianças e adolescentes pobres e periféricos. ↳ Além de não proteger, o Estado pratica o extermínio de alguns desses grupos por meio da força e violência policial. ● Achille Mbembe: ↳ Filósofo, historiador e teórico político camaronês. ↳ Criador do termo “necropolítica”. a) necropolítica: ↳ “política da morte”. ↳ política que se contrapõe à política tradicional que busca preservar a vida das pessoas. ↳ nesse tipo de política, os indivíduos são classificados em resgatáveis e descartáveis. ➔ descartáveis: abandonados pelo Estado; geralmente são pessoas de grupos periféricos.
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