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Livro - Direitos Humanos

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Prévia do material em texto

COLEÇAO 
sinopses 
PARA CONCURSOS 
s_OurdeilaÇa0 
Leonardo Garcia 
Rafael Barretto 
DIREITOS 
HUMANOS 
INCLUI 
• Questões de concursos públicos 
• Quadros de ATENÇÃO com destaques importantes 
• Farta jurisprudència do STF e do STJ 
• Diuersas tabelas, quadros e outros elementos gráficos 
para facilitar a memoripcão 
• Palauras-chaue destacadas em negrito 
39 
.10a edição 
Rt Cu oLuc,,Isdcla 
e ampliada 
1#1 EDITORA Ju.sPODIVM 
www editorajuspodivm.com br 
Rafael Barrett° 
Pai de Maria. 
Professor. 
Escritor. 
Aduogado licenciado. 
Assessor especial do Procurador-Geral da 
Republica. 
Mestre em Direito. 
Ex-Conselheiro da OAB-BA. 
Ex-Diretor do Tribunal de Ética da OAB-BA. 
Ex-Membro da Comissão de Estudos 
Constitucionais da OAB-BA. 
Instagram: professorrafaelbarretto 
rafaelconstitucional@hotmail.com 
www.rafaelbarretto.com.br 
COLEÇÃO 
sinopses 
PARA CONCURSOS 
Coordenação 
Leonardo Garcia 
Rafael Barretto 
DIREITOS 
HUMANOS 
10 a edição 
Reuista, atualijada 
e ampliada 
2021 
I EDITORA 
I I jusPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
I EDITORA JusPODIVM 
www.editorajuspodivm.combr 
Rua Canuto Saraiva, 131 - Mooca - CEP: 03113-010 - São Paulo - São Paulo 
Tel: (11) 3582.5757 
• Contato: https://www.edítorajuspodivm.com.br/sac 
Copyright: Edições JusPODIVM 
Diagramação: Ana Paula Lopes Corrêa (anínhaJopescorrea@hormaiLcom) 
Capa: Ana Caquetti 
ISBN: 978-65-5680-420-0 
Todos os direitos desta edição reservados a EdiçõesJusPODIVM. 
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem 
a expressa autorização do autor e das Edições JusPODIVM, A violação dos direitos autorais caracteriza crime 
descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. 
10.. ed., 2.. (ir.: jun./2021. 
Coleção Sinopses 
para Concursos 
A Coleção Sinopses para Concursos tem por finalidade a preparação para concur-
sos públicos de modo prático, sistematizado e objetivo. 
Foram separadas as principais matérias constantes nos editais e chamados 
professores especializados em preparação de concursos a fim de elaborarem, de 
forma didática, o material necessário para a aprovação em concursos. 
Diferentemente de outras sinopses/resumos, preocupamo-nos em apresentar 
ao leitor o entendimento do STF e do STJ sobre os principais pontos, além de abor-
dar temas tratados em manuais e livros mais densos. Assim, ao mesmo tempo que 
o leitor encontrará um livro sistematizado e objetivo, também terá acesso a temas 
atuais e entendimentos jurisprudenciais. 
Dentro da metodologia que entendemos ser a mais apropriada para a prepa-
ração nas provas, demos destaques (em outra cor) às palavras-chaves, de modo a 
facilitar não somente a visualização, mas, sobretudo, a compreensão do que é mais 
importante dentro de cada matéria. 
Quadros sinóticos, tabelas comparativas, esquemas e gráficos são uma cons-
tante da coleção, aumentando a compreensão e a memorização do leitor. 
Contemplamos também questões das principais organizadoras de concursos 
do país, como forma de mostrar ao leitor como o assunto foi cobrado em pro-
vas. Atualmente, essa "casadinha" é fundamental: conhecimento sistematizado da 
matéria e como foi a sua abordagem nos concursos. 
Esperamos que goste de mais esta inovação que a Editora Juspodivm apre-
senta. 
Nosso objetivo é sempre o mesmo: otimizar o estudo para que você consiga 
a aprovação desejada. 
Bons estudos! 
Leonardo Garcia 
leonardo@leonardogarcia.com.br 
www.leonardogarcia.com.br 
Instagram: @professorleonardogarcia 
Guia de leitura 
da Coleção 
A Coleção foi elaborada com a metodologia que entendemos ser a mais apro-
priada para a preparação de concursos. 
Nesse contexto, a Coleção contempla: 
• DOUTRINA OTIMIZADA PARA CONCURSOS 
Além de cada autor abordar, de maneira sistematizada, os assuntos triviais 
sobre cada matéria, são contemplados temas atuais, de suma importância para 
uma boa preparação para as provas. 
Ora, se em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias 
excepcionais como justificação para a tortura, aparenta que a tortura 
é uma prática vedada em toda e qualquer situação, havendo sim de 
se lhe reconhecer um caráter absoluto. 
Agora, atenção, o caráter absoluto desse direito é uma exceção 
à regra da relativização dos direitos humanos e, de maneira geral, 
não costuma ser explorada em provas objetivas de concurso, que 
costumam afirmar a relatividade como característica dos direitos 
humanos. 
• ENTENDIMENTOS DO STF E STJ SOBRE OS PRINCIPAIS PONTOS 
No Brasil, um dos mais importantes julgados do STF sobre o tema, 
talvez o primeiro em que realmente se deu um destaque ao debate 
da eficácia horizontal é o Recurso Extraordinário 201.819, no qual a 
corte firmou posição que a exclusão de um sócio de uma entidade 
associativa deve observar o devido processo legal. 
8 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
• PALAVRAS-CHAVES EM OUTRA COR 
As palavras mais importantes (palavras-chaves) são colocadas em outra cor 
para que o leitor consiga visualizá-las e memorizá-las mais facilmente. 
O procedimento para adoção de uma medida não convencional 
é disciplinado pela Resolução 1503 do Conselho Econômico e Social 
da ONU, e se inicia por uma petição, apresentada por qualquer indi-
víduo, à Comissão de Direitos Humanos da ONU, denunciando a vio-
lação sistemática de direitos. 
• QUADROS, TABELAS COMPARATIVAS, ESQUEMAS E DESENHOS 
Com essa técnica, o leitor sintetiza e memoriza mais facilmente os principais 
assuntos tratados no livro. 
Eixo 
orientador 
Diretrizes 
Objetivos 
estratégicos 
Ações pro-
gramáticas 
• QUESTÕES DE CONCURSOS NO DECORRER DO TEXTO 
Por meio da seção "Como esse assunto foi cobrado em concurso?" é apresen-
tado ao leitor como as principais organizadoras de concurso do país cobram o 
assunto nas provas. 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova do 16° concurso do Ministério Público do Trabalho trouxe a 
seguinte proposição: "0 sistema interamericano de proteção dos direi-
tos humanos tem como principal instrumento a Convenção Americana de 
Direitos Humanos, que estabelece a Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos e a Corte interamericana". Está correto! 
Delimitação da proposta 
da presente obra 
A presente obra se propõe a abordar os Direitos Humanos numa perspectiva 
de provas de concursos públicos, motivo pelo qual a abordagem e o conteúdo são 
pautados nos temas que costumam ser abordados nos concursos públicos. 
Nessa esteira, não houve preocupação em aprofundar os temas para além 
daquilo que é cobrado nas provas; tampouco em indicar referências bibliográficas 
e fazer citações doutrinárias. 
Reitere-se: a proposta é, de maneira objetiva, enfrentar os temas cobrados em 
provas e contribuir para que os leitores obtenham êxito nos concursos públicos. 
O estudo dos Direitos Humanos comporta uma amplitude que vai além do 
que foi aqui desenvolvido, abrangendo outros temas e verticalizando o conteúdo 
desenvolvido; os que desejarem aprofundar o estudo sobre os Direitos Humanos 
contem comigo nos estudos. 
Estou à disposição em rafaelconstitucional@hotmail.com. 
Considerações 
sobre a 10a edição 
AGRADEÇO a cada um dos leitores, que acolhem esta obra de maneira tão 
generosa, e me impulsionam a aprimorar e ampliar o trabalho feito. Saibam que 
as mensagens que recebi cobrando a nova edição quando o livro esgotou foram 
importantes para a conclusão desta nova edição. 
A atualização do livro desta vez representa para mim muita coisa além da 
pesquisa, do estudo e da escrita, pois foi feita num período em que a humanidade 
luta contra a pandemia de Covid, e múltiplas batalhas estão sendo enfrentadas 
diariamente por milhões de pessoas, nas quais me incluo. 
OBRIGADO DEUS por cuidar de mim e me permitir concluir a décima edição 
deste livro! 
Inseri questões novas, ampliei conteúdos que já existiam, e acrescentei con-
teúdos inéditos. Acrescentei uma abordagem sobre o controle deconvencionali-
dade e o duplo controle; atualizei os casos envolvendo o Brasil na Comissão e na 
Corte Interamericana, comentando os casos de solução amistosa, os casos que 
foram julgados e os novos que ainda estão em andamento; analisei precedentes 
temáticos da Corte Interamericana e do Tribunal Europeu de Direitos Humanos; 
fiz acréscimos nas considerações sobre o sistema europeu de direitos humanos, 
abordando os direitos humanos na União Europeia, abordando o Pilar Europeu dos 
Direitos Sociais e um precedente temático da Corte de justiça da União Europeia. 
Não deixem de ler a parte final do livro, na qual faço um convite especial que 
pode transformar sua vida! 
Espero que o livro possa contribuir com o aprendizado de cada leitor. 
Tomem posse da graça de Deus, e não deixem a graça passar! 
Prof. Rafael Barretto 
www.rafaelbarretto.com.br 
rafaelconstitucional@hotmail.com 
Instagram: @professorrafaelbarretto 
Videoaulas sobre 
direitos humanos 
Querido leitor, 
Estou ministrando um curso completo com videoaulas online abordando o 
conteúdo integral deste livro. 
Assistir às videoaulas irá potencializar o conhecimento adquirido com a leitura 
do livro, auxiliando a fixar ainda mais o conteúdo estudado. 
As informações sobre as aulas estão em meu site pessoal. 
Não deixe de conferir, pois irá te ajudar nos estudos! 
Aguardo você lá nas videoaulas! 
Tome posse da graça de Deus! 
E não deixe a graça passar! 
Prof. Rafael Barretto 
www.rafaelbarretto.com.br 
rafaelconstitucional@hotmail.com 
Instagram: @professorrafaelbarretto 
Sumário 
Capítulo i TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 25 
1. 0 que são direitos humanos. Direitos humanos e direitos fundamentais 25 
2. Centralidade dos direitos humanos. Por que direitos humanos são tão impor-
tantes? 27 
3. Fundamentos dos direitos humanos 27 
4. Institucionalização dos direitos humanos 28 
5. Quais são os direitos humanos. Tipos de direitos 28 
6. Direitos e garantias. Tipos de garantias 29 
7. Características dos direitos humanos 31 
7.1. Historicidade. A expansão dos direitos humanos. A proibição de retro-
cesso 31 
7.2. Universalidade. A universalidade e o relativismo cultural. Multiculturalismo, 
interculturalismo e universalismo de chegada. A hermenêutica diatópica. 34 
7.3. Relatividade. A relativização de direitos e os direitos absolutos 37 
7.4. Irrenunciabilidade. A não faculdade de dispor sobre a proteção da digni-
dade humana 38 
7.5. Inalienabilidade 39 
7.6. Imprescritibilidade 40 
7.7. Unidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos 40 
8. Evolução histórica dos direitos humanos. As gerações (ou dimensões) de direitos 
humanos 41 
8.1. As primeiras declarações de Direitos Humanos 41 
8.1.1. As declarações inglesas 41 
8.1.2. As declarações americanas 44 
8.1.3. A declaração francesa 44 
8.2. As gerações de direitos humanos 46 
8.2.1. A P geração de direitos humanos 46 
8.2.2. A 2. geração de direitos humanos 48 
8.2.3. A 3. geração de direitos humanos 50 
8.2.4. Quadro comparativo entre as 3 grandes gerações de direitos 
humanos 51 
8.2.5. Outras gerações de direitos humanos 52 
8.2.6. Gerações ou dimensões de direitos humanos? 53 
9. Eficácia vertical, horizontal, diagonal e vertical com repercussão lateral dos 
direitos humanos 54 
io. Limitação de direitos humanos 58 
io.i. Primeiras observações 58 
10.2. Limitação pelo Legislativo, pelo Executivo e pelo Judiciário 
10.3. Teoria dos limites da limitação 
59 
59 
16 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barrette,
10.4. Proporcionalidade como limite à limitação de direitos 60 
ii. Globalização e direitos humanos 61 
Capítulo 2 I A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E OS DIREITOS HUMANOS 65 
1. Inovações da CF 88 65 
1.1. Dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado 65 
1.2. Proteção da pessoa humana como objetivo fundamental do Estado 66 
1.3. Prevalência dos direitos humanos como princípio regente das relações 
internacionais 68 
1.4. Positivação dos direitos e garantias fundamentais logo no início do texto 
constitucional 69 
1.5. Consagração da aplicação imediata das normas definidoras de direitos e 
garantias fundamentais 69 
1.6. Abertura do catálogo de direitos e garantias fundamentais e reconhecimento 
dos tratados internacionais de direitos humanos 70 
1.7. Afirmação dos direitos sociais como verdadeiros direitos fundamentais 71 
1.8. Qualificação dos direitos das pessoas como cláusula pétrea 71 
1.9. Formação de um tribunal internacional dos direitos humanos 72 
i.i.o. Quadro sinóptico das inovações da Constituição de 1988 73 
i.n. Inovações da Emenda Constitucional 45/04 73 
i.n.i. Alteração do status formal dos tratados de direitos humanos 73 
1.11.2. Possibilidade de submissão ao Tribunal Penal internacional 73 
1.11.3. Federalização dos casos de graves violações de direitos humanos, 
ou incidente de deslocamento de competência para os órgãos 
federais 74 
2. Aplicação imediata das normas definidoras de direitos e garantias fundamen-
tais 84 
3. Petrificação dos direitos 85 
4. A declaração de direitos 86 
5. A titularidade dos direitos e garantias 88 
6. A Constituição e os tratados internacionais sobre direitos humanos 89 
6.1. A partir de que momento os tratados internacionais sobre direitos humanos 
são incorporados à ordem jurídica interna do Brasil, podendo ser aplicados 
internamente? 90 
6.1.i. Assinatura do Tratado e Aprovação legislativa. Unicidade e dupli-
cidade de vontade 91 
6.1.2. Ratificação e depósito do tratado 93 
6.1.3. (Des) Necessidade de promulgação do tratado na ordem interna 
Monismo x Dualismo 94 
6.1.4. E o Brasil, como fica? Monismo ou dualismo? 95 
6.1.5. A aplicação dos tratados de direitos humanos na ordem interna 
não dependeria da promulgação na ordem interna? 95 
6.2. Os tratados são incorporados à ordem jurídica brasileira com que status 
normativo, com que natureza jurídica? 97 
6.2.1. As diferentes teses, a Emenda Constitucional 45/04 e a posição do 
STF 98 
Sumário 17 
6.2.2. A natureza supralegal é somente para os tratados sobre direitos 
humanos aprovados após a EC 45/04 ou também para os aprovados 
antes dela? loo 
6.2.3. Com a Emenda 45/04 todos os tratados sobre direitos humanos 
passaram a ter status formalmente constitucional? ioi 
6.2.4. A divergência doutrinária 105 
6.2.5. A prisão civil do depositário infiel 107 
6.2.6. Controle de convencionalidade. O duplo controle de validade no 
Capítulo 3 I DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 115 
1. 0 que é o direito internacional dos direitos humanos 115 
2. Precedentes. O pós la Guerra 116 
2.1. Direito Humanitário. O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do 
Crescente Vermelho 116 
2.1.1. Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Ver-
melho 116 
2.1.2. 0 Comitê Internacional da Cruz Vermelha 117 
2.1.3. As Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha 119 
2.1.4. A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Ver-
melho 119 
2.2. Liga das Nações 120 
2.3. Organização Internacional do Trabalho 120 
3. 0 pós 2a Guerra. 0 surgimento da ONU e a criação do Tribunal de Nuremberg 121 
3.1. 0 contexto da 2a Guerra 121 
3.2. 0 Tribunal de Nuremberg 122 
3.2.1. Tribunal de exceção e juízo natural 123 
3.2.2. julgamento apenas dos alemães. E os crimes praticados por 
aliados? 123 
3.2.3. Legalidade e retroatividade penal 123 
3.2.4. Penas de prisão perpétua e de morte por enforcamento 124 
3.2.5. Justificativas para relativizar as garantias violadas 124 
4. Sistemas jurídicos internacionais protetivos de direitos humanos. Sistema global 
e sistemas regionais 125 
4.1. Considerações preliminares 125 
4.2. A Multiplicidade de sistemas e relacionamento entre os sistemas 126 
4.3. Conflito entre sistemas. Aplicação da norma mais benéfica à pessoa hu-
mana 128 
4.3.1. A audiência de custódia 129 
5. Mecanismos convencionais e não convencionais 130 
6. Convenções geraise convenções especiais (sistema geral e sistema especial)._ 132 
7. Responsabilidade internacional dos estados em matéria de direitos humanos 133 
8. Fiscalização do cumprimento das obrigações internacionais 134 
8.1 Considerações iniciais 134 
8.2. Órgãos fiscalizatórios 135 
8.2.1. órgãos executivos 135 
8.2.2. Órgãos jurisdicionais 136 
18 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barrett° 
8.2.3. Regra do esgotamento dos recursos internos. Caráter subsidiário 
da atuação dos órgãos internacionais. Dever primário dos órgãos 
internos de atuar em matéria de direitos humanos 137 
8.2.4. Teoria da margem de apreciação nacional 139 
8.3. Mecanismos de fiscalização 141 
8.3.1. Relatórios 141 
8.3.2. Denúncias (ou comunicações) interestatais 142 
8.3.3. Denúncias (ou petições) individuais 143 
8.3.4. Investigações mow proprio (de iniciativa própria) 144 
8.4. Capacidade internacional dos indivíduos. 0 jus standi 144 
9. 0 dever de adotar medidas internas e a natureza supraconstitucional do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos 146 
Capítulo 4 > SISTEMA GLOBAL (OU UNIVERSAL) DE DIREITOS HUMANOS 149 
1. A ONU. A Carta da ONU de 1945 149 
2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 150 
2.1. Considerações preliminares 150 
2.2. Conteúdo da Declaração. Tipos de direitos abrangidos 153 
2.3. Natureza da Declaração: Tratado ou Resolução? 157 
2.4. Afinal, a Declaração possui força jurídica? 158 
3. A juridicização da declaração. Os dois pactos de 1966 159 
4. Declaração Internacional de Direitos (International Bill of Rights). 0 sistema geral 
da ONU 161 
5. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 161 
5.1. Direitos reconhecidos 162 
5.1.1. Direito à vida e pena de morte 163 
5.1.2. Trabalho forçado 165 
5.2. Aplicação Imediata 165 
5.3. Suspensão das obrigações decorrentes do Pacto 166 
5.4. Monitoramento 166 
6. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 168 
6.1. Direitos reconhecidos 169 
6.2. Aplicação progressiva. Natureza programática do Pacto? 171 
6.3. Monitoramento 172 
6.4. Protocolo Facultativo 173 
7. Outros instrumentos normativos 175 
7.1. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação ra-
cial 176 
7.2. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra 
a mulher 179 
7.3. Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desu-
manos ou degradantes 181 
7.4. Convenção sobre os direitos da criança 188 
7.5. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência 192 
7.6. Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas 195 
Sumário 19 
7.7. Declaração de princípios de tolerância 196 
7.8. Declaração do Milênio das Nações Unidas 197 
7.9. Proteção Internacional dos Refugiados. Direito internacional dos direitos 
humanos, direito humanitário e direito dos refugiados 199 
7.10. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Traba-
lhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias 206 
7.11. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o 
Desaparecimento Forçado 208 
8. A Corte Internacional de Justiça 210 
9. 0 Tribunal Penal Internacional (TPI) 211 
9.1. 0 que é o Tribunal Penal Internacional 211 
9.2. Precedentes históricos. Nuremberg, Tóquio, ex-Iugoslávia e Ruanda 212 
9.3. Entrada em vigor do Estatuto do TPI 213 
9.4. Adesão do Brasil ao Estatuto do TPI 214 
9.5. Jurisdição sobre os indivíduos. Exclusão de jurisdição sobre menores de 
18 anos 214 
9.6. Complementaridade da Jurisdição do TPI 214 
9.7. Crimes abrangidos pela jurisdição do TPI. Imprescritibilidade dos crimes 216 
9.8. Competência ratione temporis 221 
9.9. A irrelevância da função oficial exercida pelo Réu 222 
9.10. Penas previstas 222 
9.11. Conflito com o Direito interno dos Estados 223 
9.12. A situação do Brasil 223 
9.13. 0 primeiro caso julgado pelo TPI 225 
io. Os procedimentos especiais previstos nas Resoluções 1235 e 1503 do Conselho 
Econômico e Social 226 
Capítulo 5 SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS 229 
1. A OEA. Carta da OEA de 1948 229 
2. Declaração Americana dos Direitos e Deveres Humanos 229 
3. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José de Costa 
Rica) 230 
3.1. Direitos reconhecidos 231 
3.1.1. Direito à vida e pena de morte 234 
3.1.2. Direito à integridade pessoal 237 
3.1.3. Trabalho forçado 238 
3.1.4. Direito à liberdade pessoal 239 
3.1.5. Garantias judiciais 240 
3.2. Aplicação Imediata 241 
3.3. Suspensão de garantias 242 
3.4. Cláusula federal 242 
3.5. Fiscalização (meios da proteção) 243 
4. Protocolo de San Salvador 245 
4.1. Direitos Reconhecidos 245 
4.2. Aplicação progressiva 246 
20 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barrett() 
4.3. Meios de proteção 246 
5. Outros Instrumentos Normativos 246 
5.1. Convenção Interamericana para prevenir e punir a tortura 247 
5.2. Convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência 
contra a mulher 248 
5.3. Convenção Interamericana sobre desaparecimento forçado de pessoas 251 
5.4. Convenção interamericana para a eliminação de todas as formas de dis-
criminação contra as pessoas portadoras de deficiência 252 
5.5. Convenção dos direitos das pessoas idosas 253 
6. Comissão Interamericana de Direitos Humanos 255 
6.1. Organização 255 
6.2. Funções 256 
6.3. Competência (petições individuais e comunicações interestatais) 257 
6.3.1. Requisitos de admissibilidade das petições e comunicações 260 
6.3.2. Inadmissibilidade das petições e comunicações 262 
6.4. 0 processo na Comissão 262 
6.5. Medidas cautelares 264 
6.6. Casos de solução amistosa 265 
6.6.1. Caso José Pereira 265 
6.6.2. Caso Meninos Emasculados do Maranhão 267 
6.6.3. Caso Márcio Lapoente da Silveira 269 
6.7. Casos sem solução amistosa que não foram submetidos à Corte. O caso 
Maria da Penha 270 
7. Corte Interamericana de Direitos Humanos 274 
7.1. Composição 275 
7.2. Ausência de impedimento pela nacionalidade. Direito a ter um juiz da 
própria nacionalidade participando do julgamento do caso 277 
7.3. Quórum de deliberação 277 
7.4. Competência da Corte 278 
7.4.1. Competência contenciosa 278 
7.4.2. Competência consultiva 278 
7.4.3. Natureza facultativa da competência da Corte. Cláusula ratione 
temporis 280 
7.5. Legitimidade para submeter casos à Corte. Participação obrigatória da 
Comissão. A questão da legitimidade dos indivíduos 282 
7.6. Defensores Públicos Interamericanos 286 
7.7. 0 processo na Corte 288 
7.8. As medidas provisórias adotadas pela Corte 289 
7.9. A decisão final 290 
7.10. Cumprimento das decisões da Corte. Execução das indenizações compen-
satórias. Desnecessidade de homologação por Tribunal brasileiro 292 
7.11. Casos julgados pela Corte envolvendo o Brasil 294 
7.11.1. Caso Ximenes Lopes, sentença de 4 de julho de 2006 294 
7.11.2. Caso Nogueira de Carvalho, sentença de 28 de novembro de 
2006 296 
Sumário 21 
7.11.3. Caso Escher, sentença de 6 de julho de 2009 296 
7.11.4. Caso Garibaldi, sentença de 23 de setembro de 2009 296 
7.11.5. Caso Gomes Lund (Guerrilha do Araguaia), sentença de 24 de 
novembro de 2010 297 
7.11.6. Caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde 301 
7.11.7. Caso Cosme Rosa Genoveva ou Caso Favela Nova Brasília 305 
7.11.8. Caso Povo Indígena Xucuru 313 
7.11.9. Caso Vladimir Herzog e outros 317 
7.11.10. Caso Empregados da Fábrica de Fogos de Santo Antônio de Jesus 
e seus familiares 323 
7.11.11. Caso Barbosa de Souza e outros 326 
7.11.12. Caso Gabriel Sales Pimenta 328 
7.12. Precedentes temáticos da Corte 330 
7.12.1. Obrigação de adotar medidas de direito interno 330 
7.12.2. Controle de convencionalidade 331 
7.12.3. Interseccionalidade. Caso "Gonzales Lluy e outros vs. Equador" 332 
7.12.4. Direito à vida 335 
7.12.4.1. 0 que significa concepção, para fins deproteção da 
convenção Americana de direitos humanos? Caso "Artavia 
Murillo e outros (Fertilização in Vitro) vs. Costa Rica" 335 
7.12.4.2. Pena de morte. Ampliação dos casos na legislação na-
cional. Opinião Consultiva n. 3. 338 
7.12.5. Direito à verdade 339 
7.12.6. Identidade de gênero e orientação sexual 340 
7.12.6.1. Opinião Consultiva n. 24 341
7.12.6.2. Caso "Azul Rojas Marín e outra Vs. Perú" 343 
7.12.7. Liberdade de expressão. Caso "Tristán Dono Vs. Panamá" 344 
7.12.8 Meio ambiente. Opinião Consultiva n. 23 346 
7.12.9. Asilo. Opinião Consultiva n. 25 348 
7.12.10. Índios. Direito às suas terras. Caso comunidade indígena Xákmok 
Kásek vs. Paraguai 350 
8. Leis de anistia e o dever dos estados de investigar, julgar e punir 353 
8.1. Considerações iniciais. Distinção entre anistia, graça e indulto 353 
8.2. Autoanistia e anistia bilateral 353 
8.3. A lei de anistia brasileira e a decisão do STF na ADPF 153 354 
8.4. O dever de investigar e a anistia na visão dos órgãos internacionais 356 
8.5. 0 que deve prevalecer: a decisão do STF ou a decisão da Corte Interame-
ricana? A percepção de que os Tribunais nacionais não dão mais "a última 
palavra" em matéria de direitos humanos 360 
Capítulo 6 I OUTROS SISTEMAS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 363 
1. Sistema Europeu de Direitos Humanos 363 
1.1. Considerações iniciais. Sistema europeu, Conselho da Europa e União 
Europeia 363 
1.2. O Conselho da Europa 364 
22 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
1.3. A Comissão de Veneza 364 
1.4. A Convenção Europeia de Direitos Humanos 365 
1.5. Direitos sociais no sistema europeu. A Carta Social Europeia 366 
1.6. 0 Tribunal Europeu de Direitos Humanos 368 
1.7. Precedentes temáticos do Tribunal Europeu de Direitos Humanos 370 
1.7.1. Liberdade de expressão e negação do holocausto. Caso Udo Pastõrs 
vs Alemanha 370 
1.7.2. Liberdade de expressão e apologia contra homossexuais. Caso 
Vedjeland vs Suécia. 371 
1.7.3. Liberdade de expressão artística x Liberdade religiosa - Caso 
Wingrove vs Reino Unido, 1996 372 
1.7.4. Discriminação racial e liberdade de imprensa. Caso Jersild vs 
Dinamarca, 1994 374 
1.7.5. Pluralismo político e perseguição política. Caso Navalny vs Rus-
sia 375 
1.8. Direitos Humanos na União Europeia 376 
1.8.1. Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia 377 
1.8.2. Pilar Europeu dos Direitos Sociais 378 
1.8.3. Precedente temático da Corte de Justiça da União Europeia. Direi-
to ao esquecimento. Caso Google Spain vs AEPD e Mario Costela 
González 380 
2. Sistema Africano de Direitos Humanos 381 
2.1. A União Africana e a antiga Organização da Unidade Africana 381 
2.2. A Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos 381 
2.3. A Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos 381 
2.4. 0 Tribunal Africano de Justiça e Direitos Humanos 382 
3. Direitos humanos na Ásia 382 
4. Direitos humanos no Mercosul 383 
4.1. Protocolo de Assunção sobre Compromisso com a Promoção e a Proteção 
dos Direitos Humanos do Mercosul 383 
4.2. Declaração Sociolaboral do Mercosul 384 
4.3. Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do Mercosul 385 
Capítulo 7 I A ORDEM JURÍDICA BRASILEIRA E ALGUNS DIREITOS HUMANOS 389 
1. Direitos políticos 389 
1.1. Sufrágio, voto, plebiscito, referendo e iniciativa popular 389 
1.2. Alistamento eleitoral e capacidade eleitoral ativa 391 
1.3. Condições de elegibilidade 392 
1.4. lnelegibilidades 392 
1.5. Cassação, perda e suspensão de direitos políticos 394 
1.6. Anterioridade da lei que alterar o processo eleitoral 395 
2. Direito à saúde 395 
3. Assistência social 399 
3.1. A garantia de um salário mínimo de benefício mensal 402 
4. Portadores de transtornos mentais 403 
Sumário 23 
4.1. Considerações iniciais 403 
4.2. Direitos reconhecidos 404 
4.3. Responsabilidade do Estado com os portadores de transtornos mentais 405 
4.4. Internação psiquiátrica da pessoa portadora de transtorno mental 405 
4.5. Pesquisas científicas com pessoas portadoras de transtornos mentais 408 
5. Portadores de deficiência 408 
6. Igualdade racial 414 
6.1. Considerações iniciais 414 
6.2. Conceitos operacionais 415 
6.3. Diretrizes da participação da população negra 417 
6.4. Os direitos fundamentais da população negra 418 
6.5. Sistema Nacional de Promoção de Igualdade Racial (SINAPIR) 420 
6.6. Discriminação étnica, fiscalização e acesso à justiça 420 
7. Programa Nacional de Direitos Humanos 421 
7.1. Considerações iniciais 421 
7.2. Eixos orientadores e diretrizes 422 
7.3. Prazo de implementação das medidas do PNDH 3 426 
7.4. Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH 3 426 
8. Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e Conselho Nacional dos 
Direitos Humanos 427 
9. 0 ministério Público e a defesa dos direitos humanos 432 
lo. A Defensoria Pública e a defesa dos direitos humanos 433 
10.1. Missão constitucional da Defensoria Pública 433 
10.2. Princípios institucionais da Defensoria Pública 436 
10.3. Defensorias Públicas previstas na Constituição 436 
10.4. Autonomia das Defensorias Públicas 437 
10.5. Organização das Defensorias Públicas 438 
10.6. Garantias dos Defensores Públicos 439 
10.7. Defensores Públicos Interamericanos 440 
10.8. Defensoria Pública e Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura 440 
11. Comissão nacional da verdade 441 
12. Proteção dos idosos 447 
Palavras finals I UM CONVITE MUITO ESPECIAL DO AUTOR 453 
Capítulo 
Teoria geral dos 
direitos humanos 
1. 0 QUE SÃO DIREITOS HUMANOS. DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS 
É possível definir direitos humanos como conjunto de direitos que materiali-
zam a dignidade humana; direitos básicos, imprescindíveis para a concretização 
da dignidade humana. 
Ocorre que essa definição também pode ser aplicada à expressão "direitos 
fundamentais", que igualmente são direitos imprescindíveis para materialização 
da dignidade humana, daí cabendo perquirir se haveria alguma diferença entre 
direitos fundamentais e direitos humanos. 
Pode-se dizer que, ontologicamente, inexiste diferença, pois ambos designam, 
em suas essências, direitos que materializam a dignidade da pessoa humana. 
Entretanto, é possível indicar uma diferenciação quanto ao plano de posi-
tivação. 
A expressão "direitos fundamentais" é utilizada para referir-se aos direitos 
positivados na ordem jurídica interna do Estado, enquanto a expressão "direitos 
humanos" costuma ser adotada para identificar os direitos positivados na ordem 
internacional. 
Ilustrativamente, veja-se que a Constituição brasileira, ao mencionar os direi-
tos nela positivados, se refere aos "Direitos e Garantias Fundamentais" (Título II da 
Constituição) e, de outro modo, ao se referir aos direitos previstos em tratados 
internacionais utiliza a expressão "direitos humanos" (CF, art. 50, § 
Importante: 
A diferença entre os direitos humanos e os direitos fundamentais reside 
no plano de positivação, sendo os direitos humanos positivados em 
documentos internacionais e os direitos fundamentais positivados na 
ordem jurídica interna de cada Estado. 
26 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova do Ministério Público de Santa Catarina 2016 trouxe a seguinte 
proposição: 
Conceitualmente, os direitos humanos são os direitos protegidos 
pela ordem internacional contra as violações e arbitrariedades que 
um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. Por 
sua vez, os direitos fundamentais são afetos à proteção interna dos 
direitos dos cidadãos, os quais encontram-se positivados nos textos 
constitucionais contemporâneos. 
Está correto! 
Já a prova de juiz Militar de São Paulo 2016 trouxe a seguinte proposição: 
A doutrina é unânime em reconhecer que a expressão direitos 
humanos é sinônima da expressão direitos fundamentais, inexis-
tíndo distinção entre os termos.Está errado! 
Vista a distinção entre as expressões, é possível questionar se existe direito 
humano que não seja direito fundamental e vice-versa. 
A resposta a esse questionamento é "sim", pois existe a possibilidade de 
haver um direito reconhecido num tratado internacional que não esteja previsto 
na ordem jurídica interna do Estado, ou o inverso. 
É o caso, por exemplo, do direito do preso de ser submetido à presença física 
do juiz após o ato de prisão, direito previsto nas convenções internacionais, mas 
não previsto na constituição brasileira, que consagra o direito do preso de ter 
a prisão comunicada ao juiz, não lhe assegurando o direito de ser conduzido à 
presença física do juiz, e que gerou, aqui no Brasil, o surgimento da audiência 
de custódia, tema que abordaremos de maneira detalhada mais adiante aqui 
na obra, quando abordarmos o relacionamento entre os sistemas protetivos de 
direitos humanos e o princípio da aplicação da norma mais benéfica. 
De todo modo, é importante destacar que a existência de um direito huma-
nos que não seja direito fundamental, ou o inverso, é uma situação pontual, 
pois, em linhas gerais, a quase totalidade dos direitos reconhecidos em tra-
tados internacionais também encontram positivação nas constituições e leis 
nacionais. 
Em exemplo, a liberdade de expressão está positivada na constituição brasi-
leira, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e políticos e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, sendo, 
portanto, um direito humano e um direito fundamental. 
Cap. i• Teoria geral dos direitos humanos 27 
Importante: 
é possível haver direito humano que não seja direito fundamental e 
haver direito fundamental que não seja direito humano, mas, na maio-
ria das vezes, existe coincidência, pois muitos dos direitos consagra-
dos nas constituições encontram positivação, outrossim, nos tratados 
internacionais. 
2. CENTRALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS. POR QUE DIREITOS HUMANOS SÃO TÃO IM-
PORTANTES? 
Os direitos humanos constituem ponto central nos Estados Constitucionais, 
sendo inerentes à ideia de Estado Democrático de Direito, e a razão disso é simples. 
Um Estado no qual as pessoas não tenham liberdades básicas reconhecidas é 
um Estado arbitrário e, como bem demonstra a História, onde há arbitrariedade 
estatal, não há vida harmônica em sociedade, mas temor, perseguição e desres-
peito ao ser humano. 
Paz social somente é possível em Estados cuja ordem jurídica limite o poder e 
proclame direitos humanos, permitindo às pessoas o pleno desenvolvimento da 
dignidade e a busca da felicidade, e, justamente por isso, os Estados Democráticos 
proclamam a dignidade humana e afirmam direitos fundamentais. 
Nessa esteira, o Estado Brasileiro, proclamado Estado Democrático de Direito 
(CF, art. io, caput) adota a dignidade humana como um dos seus fundamentos, 
como se verifica logo no primeiro artigo da Constituição (art. lo, Ill, da CF), o que 
sinaliza o compromisso do Estado com a afirmação dos direitos humanos. 
3. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS 
A definição de uma fundamentação para os direitos humanos busca identificar 
qual seria a razão de ser desses direitos, a base filosófica de validade deles. 
Em linhas gerais, busca-se responder ao seguinte questionamento: por que 
esses direitos devem ser validados e respeitados? Qual o amparo filosófico que 
os legitima? 
A resposta a esse questionamento é objeto de variadas teses doutrinárias, 
que, em linhas gerais, alinham-se em três perspectivas: fundamentação religiosa, 
positivista e jusnaturalista. 
Sob uma fundamentação religiosa, o respeito aos direitos humanos decorre de 
um mandamento divino e nesse ponto vale recordar que, até a Idade Moderna, 
a justificativa ética que servia de fundamento ao próprio Direito repousava na 
divindade (teorias do direito divino) e, nessa esteira, a fundamentação dos direitos 
humanos igualmente repousaria em um mandamento de Deus. 
28 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
Sob uma fundamentação positivista, a validade dos direitos humanos decorre-
ria do seu reconhecimento enquanto normas de Direito Positivo, isto é, de direito 
posto, positivado, validamente posto pelo Estado como normas vigentes. 
já sob uma fundamentação jusnaturalista, os direitos humanos extrairiam vali-
dade de uma ordem natural própria das coisas, de um Direito natural, de base 
moral, que antecede ao próprio direito positivo. 
É possível afirmar que, no curso da História, todas essas teses já foram ado-
tadas e todas tiveram sua importância no processo de afirmação dos direitos 
humanos, mas cabe destacar que, inegavelmente os direitos humanos possuem 
uma fundamentação filosófica próxima do Direito Natural. 
Isso porque a ideia de que todo ser humano tem "direito a ter direitos", tem 
direito a ter liberdades básicas, que materializem sua dignidade humana, é uma 
ideia básica, inerente à ordem natural das coisas. 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova de Defensor Público de Goiás 2014 trouxe essa proposição: "o 
reconhecimento dos direitos humanos teve como um dos seus fundamentos 
filosóficos o movimento denominado "jusnaturalismo". Está correto. 
4. INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
A institucionalização dos direitos humanos consiste no reconhecimento desses 
direitos como direitos positivados, institucionalizados pelo Estado, reconhecidos 
no ordenamento jurídico do Estado como autênticos direitos positivos, e, não, 
apenas como pretensões de ordem moral, de cunho naturalista filosófico. 
A institucionalização dos direitos humanos decorre de um verdadeiro pro-
cesso, no qual pretensões humanas inicialmente tidas como meras reivindicações 
de ordem moral passam a ter seu reconhecimento pelo Estado como direitos 
positivos, positivados. 
Pode-se afirmar que muitos dos direitos humanos hoje reconhecidos começa-
ram no processo histórico como meras pretensões de ordem moral das pessoas 
e foi preciso uma longa caminhada até que houvesse o reconhecimento enquanto 
direito positivo, isto é, até que ocorresse a positivação. 
Veja-se o exemplo do direito à liberdade: durante longo período da Histó-
ria adotou-se a prática da escravidão em relação a milhares de pessoas, cujo 
reconhecimento da liberdade não passava, à essa época, de mera pretensão de 
ordem moral. 
5. QUAIS SÃO OS DIREITOS HUMANOS. TIPOS DE DIREITOS 
A relação de direitos humanos é ampla, pois vários são os direitos que mate-
rializam a dignidade humana, como vida, liberdade, igualdade, saúde, educação, 
acesso à cultura, proteção ao ambiente e tantos outros. 
Cap. i • Teoria geral dos direitos humanos 29 
Didaticamente, pode-se agrupar os diversos direitos da seguinte maneira: 
• Direitos civis 
• Direitos políticos 
• Direitos sociais 
• Direitos econômicos 
• Direitos culturais 
• Direitos difusos 
Direitos civis são os direitos relacionados às liberdades civis básicas do cida-
dão, como, por exemplo, o direito à liberdade de expressão. 
Direitos políticos são direitos de participação política, direitos de participação 
na vida do Estado, como o direito de sufrágio. 
Direitos sociais são direitos relacionados com a intervenção do Estado no 
plano social, como saúde e educação. 
Direitos econômico são direitos relacionados com a relação capital-trabalho, 
como os direitos do trabalhador. 
Direitos culturais são os direitos relacionados às práticas culturais, como o 
direito e livre manifestação cultural. 
Direitos difusos são direitos de titularidade difusa, atinentes à humanidade 
como um todo, como o direito ao meio ambiente. 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova de Defensor Público de Pernambuco 2018 trouxe essa proposi-
ção: "Os direitos civis referem-se à possibilidade de participação do indi-
víduo no processo eleitoral de sua sociedade.". Está errado, pois essa 
definição se refere a direitos políticos. 
A mesma prova trouxe ainda aseguinte proposição: "A participação do 
cidadão no governo é característica dos direitos políticos e o seu exercício 
consiste na capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar par-
tidos, de votar e de ser votado.". Está correto. 
Como será visto adiante, esses "tipos" de direitos estão agrupados em gera-
ções: os civis e políticos integram a primeira geração; os sociais, econômicos e 
culturais a segunda geração; e os difusos a terceira geração. Como dito, falaremos 
sobre isso adiante. 
6. DIREITOS E GARANTIAS. TIPOS DE GARANTIAS 
Direitos e garantias podem ser diferenciados, pois direitos representa bem em 
si, atrelados ao valor nele existente, enquanto que garantias representam bens de 
30 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
caráter instrumental, bens que estão atrelados a outro valor, visando protegê-los, 
se podendo dizer que as garantias são instrumentos de proteção de direitos. 
I Importante: 
Direitos são bens em si mesmo; garantias são bens de caráter instrumen-
tal. A liberdade de locomoção é um direito e o habeas corpus é uma 
garantia desse direito. 
Em exemplo, a liberdade de locomoção é um bem em si, constituindo, pois, 
um direito, ao passo que o habeas corpus é um instrumento de proteção desse 
direito, sendo, portanto, uma garantia da liberdade de locomoção. 
Para identificar se determinado bem consagrado na Constituição é um direito 
ou uma garantia basta perscrutar se é um bem em si ou se é um instrumento de 
proteção de outro bem; se for um bem em si é direito, se for instrumento de pro-
teção de outro bem é garantia. 
A inviolabilidade de domicílio, por exemplo, é uma garantia, pois o que se pro-
tege não é a casa das pessoas, mas a privacidade delas; é dizer, visando proteger 
o direito à privacidade das pessoas, a norma constitucional (art. 50, XI, da CF) torna 
o domicílio inviolável. 
Bem por isso, o STF entende que a noção de domicílio extraída do art. 5., XI, 
da CF abrange qualquer unidade de habitação na qual a pessoa esteja reserva-
damente, ainda que se trate de habitação temporária ou coletiva, como hotéis 
e pensionatos, e, também, o local onde a pessoa exerce, reservadamente, sua 
atividade profissional, eis que, em todas essas situações, a pessoa se encontra 
em sua privacidade. 
As garantias podem ser subdivididas, doutrinariamente, em garantias da cons-
tituição, garantias institucionais e garantias de direitos subjetivos. 
As garantias da constituição são instrumentos de defesa da constituição e da 
ordem constitucional, que visam preservar a supremacia da constituição e a norma-
lidade constitucional, podendo ser citadas como exemplo a rigidez constitucional, a 
jurisdição constitucional e os mecanismos de legalidade extraordinária (estados de 
defesa e sítio). 
As garantias institucionais constituem instrumentos de proteção de Instituições, 
que visam assegurar o livre funcionamento de Instituições, a exemplo da autono-
mia administrativa e financeira do Poder judiciário, da imunidade processual penal 
do Presidente da República e das imunidades parlamentares. 
As garantias de direitos subjetivos são instrumentos de proteção de direitos 
subjetivos, que visam torná-los concretamente efetivos, cabendo destacar que o 
reconhecimento de direitos poderia se tornar inócuo se não houvessem mecanis-
mos aptos a protegê-los de situações arbitrárias. 
Cap. 1 • Teoria geral dos direitos humanos 31 
Algumas das garantias de direitos subjetivos possuem feição típica de ação 
processual e, bem por isso, são conhecidas como ações constitucionais. São o 
habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança, o mandado de injunção 
e a ação popular. 
O habeas corpus é uma garantia do direito à liberdade de locomoção; o 
habeas data, do direito à liberdade de informação de caráter pessoal; o mandado 
de segurança, de direitos em geral; o mandado de injunção, de direitos inviabi-
lizados por falta de regulamentação; a ação popular, do direito de proteção ao 
patrimônio público. 
7. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
Os direitos possuem características diferentes, mas se costuma indicar, no 
plano de uma teoria geral, características que seriam inerentes aos direitos huma-
nos como um todo. 
Essas características gerais são: 
• Historicidade; 
• Universalidade; 
• Relatividade; 
• Irrenunciabilidade; 
• Inalienabilidade; 
• Imprescritibilidade; 
• Unidade, indivisibilidade e interdependência. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova do Ministério Público do Acre de 2008 trouxe a seguinte proposi-
ção: "Sao características dos direitos humanos a universalidade, a historici-
dade e a indivisibilidade". Está correto! 
Vejamos em seguida cada uma dessas características. 
7.1. Historicidade. A expansão dos direitos humanos. A proibição de retrocesso 
A historicidade é, já dizia Bobbio, na clássica obra "A Era dos Direitos", talvez a 
mais marcante característica dos direitos humanos. 
Ela significa que os direitos humanos são frutos do processo histórico; resultam 
de uma longa caminhada histórica, marcada muitas vezes por lutas, sofrimento e 
violação da dignidade humana. 
Os direitos humanos que hoje estão reconhecidos não surgiram "do nada", a 
partir de uma concessão de algum governante ou de um ser divino, senão que 
32 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
resultaram de lutas da humanidade no processo histórico, muitas vezes indo de 
encontro justamente à vontade dos governantes. 
Essa característica denota ainda que os direitos humanos não surgiram todos 
ao mesmo tempo, mas, sim, gradativamente, em diferentes momentos históricos. 
Em outras palavras, em cada momento da História, determinados direitos foram 
reconhecidos. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova da Defensoria Pública do Piauí de 2°09 trouxe a seguinte propo-
sição: "Os direitos fundamentais surgem todos de uma vez, não se originam 
de processo histórico paulatino". Evidente que a proposição está errada! 
Direitos foram reconhecidos no momento histórico no qual surgiram condições 
para que passassem a ser reconhecidos, é dizer, no momento em que se tornou 
possível que determinada aspiração social deixasse de ser uma mera aspiração e 
passasse a ser reconhecida como um direito. 
Ilustrando, o direito ao ambiente não foi reconhecido no século XVIII, junta-
mente com os direitos liberais, mas apenas no século XX, e isso porque as con-
dições sociais para o reconhecimento desse direito só surgiram no século XX; no 
século XVIII proteção ao ambiente não integrava a pauta de reivindicações sociais. 
I Importante: 
Os direitos humanos não surgiram todos ao mesmo tempo; surgiram 
gradativamente ao longo dos anos, é dizer, em cada período da História 
determinados direitos foram sendo institucionalizados. 
A compreensão de que os direitos humanos são direitos históricos refuta 
a tese de que seriam direitos naturais, decorrentes da própria natureza das 
coisas, de uma autoridade moral superior, como já se chegou a defender no 
período das revoluções liberais. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova do Ministério Público do Acre 2008 trouxe a seguinte proposição: 
"São características dos direitos humanos serem direitos naturais, emana-
dos de autoridade superior". Está errado! 
O que é natural é atemporal, a-histórico, sempre existiu, "sempre esteve lá", 
como acontece com os eventos e forças da natureza, mas não é isso que ocorre 
com os direitos humanos, que não "estiveram sempre lá", senão que foram sendo 
reconhecidos gradativamente ao passar dos anos, com muita luta da Humanidade. 
Deve ser recordado que, no curso da História, pessoas foram torturadas, 
escravizadas, mulheres não puderam votar etc. e somente com muita luta e com 
Cap. i • Teoria geral dos direitos humanos 33 
o passar dos anos tais condutas, e outras tantas, foram abolidas, de modo que as 
pretensões de respeito ao ser humano foram sendo convertidas em direitos, não 
naturais, mas, sim, positivos, positivados,conquistados. 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova do Ministério Público do Acre de 2008 trouxe a seguinte propo-
sição: "São características dos direitos humanos sua atemporalidade em 
relação à historicidade de cada nação". Está errado! 
De todo modo, é de reconhecerque a concepção de direitos humanos como direi-
tos naturais, apesar de equivocada, teve importância histórica, pois serviu de base 
filosófica para as revoluções liberais, que levaram à queda do absolutismo, repre-
sentando, talvez, o primeiro passo na caminhada da afirmação dos direitos humanos. 
Aspecto importante da historicidade dos direitos humanos é que ela é expan-
siva, o que significa dizer que a caminhada histórica é sempre no sentido de reco-
nhecer novos direitos e ampliar a proteção à pessoa, não se admitindo suprimir 
direitos já reconhecidos na ordem jurídica, pois isso configuraria um retrocesso. 
A compreensão de que não seria possível suprimir direitos, sob pena de retro-
ceder, é objeto da tese da PROIBIÇÃO DE RETROCESSO, também identificada na dou-
trina como PROIBIÇÃO DE EVOLUÇÃO REACIONÁRIA e EFEITO CLIQUET, segundo a qual 
suprimir direitos já incorporados ao patrimônio jurídico da Humanidade corres-
ponderia a um retrocesso na afirmação da dignidade humana. 
Em exemplo, suprimir a proibição de tortura equivaleria a ignorar os sofrimen-
tos que a Humanidade passou até que essa prática fosse vedada, restaurando 
uma situação abominável, que atingiu inúmeras pessoas durante a história, o que 
configuraria um retrocesso em termos de proteção à dignidade humana. 
I Importante: 
Pela tese da PROIBIÇÃO DE RETROCESSO não há de se admitir a supressão 
de direitos já reconhecidos na ordem jurídica, pois isso configuraria um 
retrocesso em detrimento da dignidade humana. 
I ATENÇÃO: 
A proibição de retrocesso é identificada na doutrina, outrossim como 
princípio da proibição de evolução reacionária e como efeito cliquet. 
Como foi cobrado em concurso: 
A prova do Ministério Público do Paraná 2019 trouxe a seguinte propo-
sição: Os direitos humanos caracterizam-se pela existência da proibição de 
retrocesso, também chamada de "efeito cliquet". Está correto! 
34 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barrett° 
Cabe observar que a proibição de retrocesso obsta a supressão de direitos, 
mas não impede que sejam feitas restrições a direitos, e até mesmo que medidas 
estatais já adotadas sejam restringidas, eis que, de uma maneira geral, os direitos 
comportam limitações. 
1 Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova do 25° Concurso de Procurador da República trouxe a seguinte 
proposição: O princípio da proibição de retrocesso veda qualquer restrição 
de políticas públicas que jd tenham concretizados direitos sociais constitu-
cionalmente positivados. Está errado! 
7.2. Universalidade. A universalidade e o relativismo cultural. Multiculturalismo, 
interculturalismo e universalismo de chegada. A hermenêutica diatópica 
A universalidade dos direitos humanos deve ser compreendida em dois 
sentidos. 
Um no sentido de que esses direitos se destinam a todas as pessoas sem 
qualquer tipo de discriminação, de qualquer ordem que seja. 
Direitos universais no sentido de direitos de todos os seres humanos, pouco 
importando a etnia, a opção religiosa, sexual etc., exatamente como afirmado na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, de 1948. 
Outro no sentido de abrangência territorial universal, de validade em todos 
os lugares do mundo, de validade universal, cosmopolita, de inexistência de limi-
tações territoriais à proteção da dignidade humana. É dizer, direito válidos em 
qualquer lugar do planeta, direitos pertencentes a uma sociedade mundial. 
Nesse segundo sentido, o respeito aos direitos humanos deixa de ser apenas 
uma questão interna de cada Estado com seus nacionais e atinge o patamar de uma 
temcítica mundial, que demanda atuação da comunidade internacional, refletindo 
um novo paradigma, com o surgimento de documentos internacionais protetivos 
de direitos humanos. 
1 Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova da Defensoria Pública do Piauí de zoo9 trouxe a seguinte pro-
posição: "0 princípio da universalidade impede que determinados valores 
sejam protegidos em documentos internacionais dirigidos a todos os paí-
ses". Está errado! 
A universalidade pode ser ilustrada na Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos, da ONU, de 1948, que enuncia direitos comuns a todos os homens pela simples 
condição humana, sem nenhuma discriminação, e afirma que todos os seres huma-
nos integram uma família única - a família humanidade -, merecedora de respeito 
e dignidade em todos os lugares. 
Cap. 1 • Teoria geral dos direitos humanos 35 
Importante: 
a universalidade passa a ideia de direitos comuns ao ser humano 
sem nenhuma discriminação e, ainda, de dever de proteção como 
algo comum ao mundo inteiro, havendo a existência de uma família 
humanidade. Tudo isso é ilustrado na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
A concepção universalista dos direitos humanos confronta-se com a tese do 
relativism° cultural, sendo preciso analisar até que ponto as vicissitudes culturais 
de cada País seriam um entrave à afirmação da validade universal dos direitos 
humanos. 
De modo a ilustrar, confronte-se o movimento cada vez mais expansivo de 
afirmação de direitos das mulheres com as práticas culturais de alguns países que 
restringem sensivelmente a liberdade feminina, não reconhecendo às mulheres 
o exercício de direitos políticos, lhe impondo o uso obrigatório de determinadas 
vestimentas, dentre outras limitações. 
Considerando o reconhecimento da liberdade feminina como um direito uni-
versal, como se posicionar diante das condutas de tais Estados? 
Essas condutas seriam inválidas por violarem a ordem jurídica universal dos 
direitos humanos? A comunidade internacional poderia intervir num Estado que 
adote essas práticas para assegurar a efetivação dos direitos das mulheres? 
Mas, por outro lado, tais condutas não constituem práticas culturais da socie-
dade na qual são admitidas? Assegurar às mulheres a liberdade de se vestir livre-
mente num País cuja cultura é de mulheres usarem determinadas vestimentas não 
configuraria uma grave violação à sedimentação cultural desse povo? 
A questão põe em conflito valores fundamentais, pois, se por um lado é obvio 
que a liberdade feminina deve ser assegurada, por outro as práticas culturais de 
uma sociedade também precisam ser preservadas. 
O embate entre o relativismo cultural e universalidade dos direitos humanos 
passa pela dificuldade de afirmar uma concepção de sociedade que seja universal, 
com os mesmos padrões culturais, ainda que mínimos, eis que cada sociedade 
apresenta suas idiossincrasias, e isso há de ser respeitado, observando-se a auto-
determinação dos povos. 
Em decorrência da multiculturalidade existente no mundo, a noção de univer-
salidade dos direitos humanos deve ser construída partir de uma perspectiva 
interculturalista, mediante o diálogo entre as diferentes segmentações culturais. 
Esse diálogo interculturalista deve ser promovido conjugando os diferentes 
topói, ou seja, os diferentes pontos de vista, de modo que a busca da universali-
dade deve se valer de uma hermenêutica diatópica (diatópica: diálogo de topóis; 
36 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
noção que vem da Tópica; Tópica: arte grega de pensar o problema, bem desen-
volvida por Theodor Viewheg) 
Nesse contexto, a noção de universalidade deve ser uma universalidade de 
chegada e, não, uma universalidade de partida, a indicar que a noção de universa-
lidade não deve ser construída ex ante, como se posta antes do diálogo intercul-
tural, senão que deve resultar do produto desse diálogo, significando o ponto de 
convergência do diálogo. 
> ATENÇÃO: 
A noção de universalidade deve ser construída diatopicamente a partir 
de uma perspectiva interculturalista, de modo que a universalidade não 
seja umauniversalidade partida, mas uma universalidade de chegada. 
Das mais importantes questões nesse debate sobre o relativismo cultural é 
definir até que ponto o relativismo pode justificar práticas internas que, sob a 
ótica internacional, sejam lesivas aos direitos humanos. 
Em linhas gerais, prevalece a ideia de forte proteção aos direitos humanos e 
fraco relativismo cultural, no sentido de que variações culturais não justificam a 
violação de direitos humanos. 
I Importante: 
Prevalece a ideia de forte proteção aos direitos humanos e fraco relati-
vismo cultural, concepção que afirma que o relativismo cultural não pode 
ser ignorado, mas que não pode ser defendido ao ponto de legitimar 
violações a direitos humanos. 
Reforça essa ideia o fato de que diversos Países que adotam ou adotaram 
práticas lesivas a direitos humanos aderiram à ONU e às convenções internacio-
nais sobre direitos humanos, se obrigando a rever as medidas internas que sejam 
incompatíveis com as obrigações internacionais. 
Nessa esteira, práticas culturais internas de um Estado não mais justificam a 
violação de direitos humanos, mormente se o Estado estiver filiado à ONU e for 
signatário de convenções internacionais sobre direitos humanos. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova da Defensoria Pública da União de 2010 trouxe a seguinte propo-
sição: "Os documentos das Nações Unidas que tratam dos direitos políticos 
das mulheres determinam que elas devem ter, em condições de igualdade, 
o mesmo direito que os homens de ocupar e exercer todos os postos e 
todas as funções públicas, admitidas as restrições que a cultura e a legisla-
ção nacionais imponham". A proposição está errada, pois a cultura nacio-
nal não pode restringir os direitos das mulheres. 
Cap. i • Teoria geral dos direitos humanos 37 
Enfim, cabe uma reflexão no sentido de que a universalidade dos direitos 
humanos pode ser compreendida em termos de universalidade da ideia de proteção 
e respeito à pessoa humana e, não, na afirmação universal de um determinado direito. 
Dito de outra forma, o que se deve entender por universal é a ideia de que o ser 
humano é titular de um conjunto de direitos, independentemente das vicissitudes de 
cada Estado, e, não, a ideia de que o direito "x", "y" ou "z" tem que se reconhe-
cido em todos os Estados. 
Essa concepção torna admissível que determinados direitos sejam reconhe-
cidos em alguns Estados, mas não em outros, mas reputa imperioso que todos os 
Estados afirmem a proteção das pessoas, reconheçam a elas a titularidade de um 
conjunto de direitos e tornem essa realidade efetiva. 
Nesses termos, a universalidade dos direitos humanos seria compreendida, 
em verdade, como universalidade da ideia de que toda pessoa é titular de determi-
nados direitos, sendo merecedora de consideração e respeito pela ordem jurídica 
do Estado. 
7.3. Relatividade. A relativização de direitos e os direitos absolutos 
A característica da relatividade passa a ideia de que os direitos humanos podem 
sofrer limitações, podem ser relativizados, não se afirmando como absolutos. 
A ideia de relativização dos direitos humanos surge da necessidade de ade-
quá-los a outros valores coexistentes na ordem jurídica, mormente quando se 
entrechocam, surgindo a necessidade de relativizar e harmonizar os bens jurídicos 
em colisão. 
Em exemplo, o direito à liberdade de expressão pode ser relativizado para se 
harmonizar com a proteção da vida privada, não se admitindo que o esse direito 
seja exercido de modo a ofender a imagem de alguém. 
O próprio direito à vida, que é pressuposto para exercer os demais direitos, 
pode ser relativizado nos casos de legítima defesa ou de pena de morte, essa 
última apenas nos países que admitem tal prática. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova da Defensoria Pública do Piauí de 2009 trouxe a seguinte propo-
sição: "É característica marcante o fato de os direitos fundamentais serem 
absolutos, no sentido de que eles devem sempre prevalecer, independen-
temente da existência de outros direitos, segundo a máxima do "tudo ou 
nada". Está errado! 
De todo modo, não obstante os direitos sejam, de uma maneira geral, rela-
tivizáveis, há sim direitos de caráter absoluto, como, por exemplo, os direitos à 
38 Direitos Humanos - vol. 39 • Rafael Barretto 
proibição de tortura e proibição de escravidão, não aparentando possível admitir 
restrições a tais direitos. 
Quanto à proibição de tortura, veja-se o que consta do art. 20 da "Convenção 
Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes", da ONU: 
Artigo 20 
1. Cada Estado tomará medidas eficazes de caráter legislativo, administra-
tivo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos de 
tortura em qualquer território sob sua jurisdição. 
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais, como 
ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer 
outra emergência pública, como justificação para a tortura. 
3. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não 
poderá ser invocada como justificação para a tortura. 
Ora, se em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais como 
justificação para a tortura, a tortura é uma prática vedada em toda e qualquer 
situação, havendo de se lhe reconhecer um caráter absoluto. 
Agora, atenção, o reconhecimento do caráter absoluto de alguns direitos é 
uma exceção à regra da relativização dos direitos humanos e, de maneira geral, 
essa compreensão não costuma ser explorado nas provas objetivas, de modo que, 
se uma questão de prova objetiva trouxer que os direitos humanos são relativos 
o candidato deve ter a proposição como certa. 
Importante: 
De uma maneira geral, as provas costumam afirmar que os direitos 
humanos são relativos, e isso está certo! A ideia de direitos de caráter 
absoluto é uma exceção à regra e deve ser trabalhada numa prova 
discursiva ou oral. Se uma questão de prova objetiva trouxer que os 
direitos humanos são relativos a proposição estará CORRETA!!! 
7.4. Irrenunciabilidade. A não faculdade de dispor sobre a proteção da digni-
dade humana 
A irrenunciabilidade transmite a mensagem que as pessoas não têm poder de 
dispor sobre a proteção à sua dignidade, não possuindo a faculdade de renunciar à 
proteção inerente à dignidade humana. 
Essa característica materializa a compreensão de que a simples pertença ao 
gênero humano torna a pessoa titular de direitos e merecedora de considera-
ção e respeito, não sendo possível renunciar à dignidade inerente à condição 
humana. 
Cap. 1 • Teoria geral dos direitos humanos 39 
> Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova da Defensoria Pública do Piauí de 2009 trouxe a seguinte propo-
sição: "A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais não destaca o fato 
de que estes se vinculam ao gênero humano". Está errado! 
Da irrenunciabilidade decorre que eventual manifestação de vontade da pes-
soa em abdicar de sua dignidade não terá valor jurídico, sendo reputada nula. 
Exemplo emblemático disso é o famoso caso francês do "arremesso de anões", 
espécie de "entretenimento" outrora adotado em bares franceses, consistente em 
arremessar anões em direção a uma "pista" de colchões, como se fossem dardos 
humanos. 
No caso, as pessoas se reuniam nos bares para disputar torneios de "arre-
messo de anões", ganhando a disputa aquele que conseguisse arremessar o anão 
mais longe na "pista de colchões". 
Na cidade francesa de Morsang-sur-Orge, a Prefeitura proibiu a prática, inter-
ditando um bar que promovia as disputas, e o caso foi parar na justiça, chegando 
até o Conselho de Estado, instancia máxima da justiça administrativa francesa, e o 
órgão entendeu adequada a postura do poder público. 
O grande detalhe é que a interdição foi questionada por iniciativa de um anão, 
que alegava que a prática representava, para ele, uma forma de trabalho, impor-
tante paraa sua sobrevivência, e que a ordem jurídica francesa tutelava o direito 
ao trabalho. 
O anão chegou a levar o caso até o Comitê de Direitos Humanos da ONU, que 
concordou com a decisão da justiça francesa, afirmando que a prática violaria a 
dignidade da pessoa humana. 
A irrenunciabilidade dos direitos humanos suscita importantes discussões 
envolvendo o direito à vida, como eutanásia, aborto e a recusa em receber trans-
fusão de sangue, e isso costuma ser questionado em provas discursivas e orais. 
O questionamento base é o seguinte: se a vida é irrenunciável, como validar 
eutanásia e aborto? Havendo risco de morte, a manifestação de vontade da pes-
soa em não aceitar a transfusão de sangue deve ser considerada? 
A resposta a essas perguntas passa pela compreensão da relatividade dos 
direitos humanos e da necessidade de harmonizá-los com outros valores; deve ser 
ponderado que, apesar de irrenunciáveis, os direitos humanos podem ser relativi-
zados num caso concreto ante a necessidade de harmonizá-los com outros valores. 
7.5. lnalienabilidade 
A inalienabilidade significa que os direitos humanos não são objeto de comér-
cio e, portanto, não podem ser alienados. 
40 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
Realmente, a dignidade pessoa humana não é um valor econômico, não é 
negociável, mas, a bem da verdade, há sim direitos comercializáveis e o exemplo 
típico é o direito de propriedade. 
7.6. Imprescritibilidade 
A imprescritibilidade quer dizer que a pretensão de respeito e concretização 
de direitos humanos não se esgota pelo passar dos anos, podendo ser exigida a 
qualquer momento. 
Dito de outra forma, o decurso do tempo não atinge a pretensão de respeito 
aos direitos que materializam a dignidade humana. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova da Defensoria Pública do Piauí trouxe a seguinte proposição: 
"A imprescritibilidade dos direitos fundamentais vincula-se à sua proteção 
contra o decurso do tempo". Está correto! 
A imprescritibilidade dos direitos humanos não deve ser confundida com 
a prescritibilidade da reparação econômica decorrente da violação de direitos 
humanos. Trata-se de situações distintas, pretensões diversas. 
Uma coisa é a pretensão de respeito aos direitos humanos, de não violação ao 
direito; outra é a pretensão de reparação do dano causado pela violação de um 
direito, essa sim submetida a prazo prescricional. 
I Importante: 
A imprescritibilidade da pretensão de respeito aos direitos humanos não 
se confunde com a prescritibilidade da pretensão de reparação oriunda 
da violação ao direito. 
Nessa esteira, pode-se exigir, a qualquer momento, que cesse uma situação 
de lesão a direitos humanos, mas, de outro modo, a reparação econômica decor-
rente da lesão gerada haverá de se submeter aos prazos prescricionais previstos 
na legislação. 
7.7. Unidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos 
A unidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos quer 
dizer que os direitos humanos devem ser compreendidos como um conjunto, como 
um bloco único, indivisível e interdependente de direitos. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
Na prova da Defensoria Pública da União zolo foi cobrada a seguinte pro-
posição: Os direitos humanos são indivisíveis, como expresso na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, a qual englobou os direitos civis, políticos, 
econômicos, sociais e culturais. A proposição está correta! 
Cap. i • Teoria geral dos direitos humanos 41 
Essa compreensão afasta a ideia de que haveria hierarquia entre os direitos, 
como se uns fossem superiores aos outros, e propõe que todos os direitos são exi-
gíveis, por serem todos importantes para a materialização da dignidade humana. 
Até houve quem sustentasse que os direitos liberais seriam superiores aos 
direitos sociais e, por isso, somente eles seriam verdadeiramente fundamentais 
e exigíveis, mas essa tese foi afastada pela compreensão da unidade, indivisibili-
dade e interdependência dos direitos humanos. 
Assim, ainda haja diferença entre os direitos, não haverá superioridade, sendo 
todos igualmente exigíveis e importantes à materialização da dignidade humana. 
8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS. AS GERAÇÕES (OU DIMENSÕES) DE 
DIREITOS HUMANOS 
Como já dissemos, os direitos humanos resultam de um longo processo histó-
rico tendo sido reconhecidos, gradativamente, em diferentes períodos da História 
da humanidade. 
Até se chegasse ao cenário atual, com declarações internacionais de direitos 
humanos, válidas universalmente, houve uma longa caminhada, que se inicia num 
período histórico em que ainda vigia o regime da monarquia absolutista. 
Vejamos em seguida alguns aspectos sobre isso. 
8.1. As primeiras declarações de Direitos Humanos 
A doutrina converge no sentido de que as primeiras declarações de direitos 
humanos remontam à Inglaterra, aos Estados Unidos e à França. 
Nessa esteira, o processo histórico de afirmação dos direitos humanos está 
relacionado com as experiências políticas inglesa, americana e francesa. 
Na Inglaterra e na França a superação da monarquia absolutista e a implanta-
ção de um governo com poderes limitados, reconhecendo as liberdades básicas 
do povo, é o contexto no qual surgem as declarações. 
Já nos Estados Unidos, o surgimento das declarações está atrelado ao pro-
cesso histórico de Independência e formação do Estado Federal americano. 
Vejamos em seguida algumas observações sobre essas declarações. 
8.1.1. As declarações inglesas 
Foi na Inglaterra que surgiram as primeiras declarações de direitos. Primeiro 
a Magna Carta (1215), advindo depois a Petition of rights (1628), o Habeas Corpus Act 
(1679) e o Bill of rights (1689). 
A Magna Charta Libertatum seu Concordiam inter regem »barmen at barones 
pro concessione libertatum ecclesiae et regni angliae (Magna Carta das liberdades 
42 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
ou Concórdia entre o rei João e os Barões para a outorga das liberdades da Igreja 
e do reino Inglês) foi assinada em 15 de junho de 1215 pelo rei João, conhecido 
como João Sem-Terra, perante o alto clero e os barões do reino inglês. 
Escrita em latim, a Magna Carta não buscou verdadeiramente afirmar liberdades 
básicas ao povo inglês, como ocorre com as declarações de direitos atuais; antes, 
buscou proclamar certos privilégios de barões feudais da época e reconhecer liber-
dades da Igreja ante o rei. 
À época, o rei e os barões feudais vinham se desentendendo, de modo que os 
barões começaram a questionar o poder soberano do monarca. 
Demais, o rei entrou em conflito com a Igreja Católica, ao recusar uma indica-
ção feita pelo Papa para o cargo de Arcebispo da Cantuária, o que levou a Ingla-
terra a ser submetida a uma sentença de interdição pela Igreja, até que o rei se 
submetesse à indicação. 
No contexto desses conflitos surgiu a Magna Carta, como um documento que 
visou apaziguar a discórdia que imperava à época e mediante o qual o rei pas-
sou a reconhecer limites ao exercício de seu poder, proclamando privilégios aos 
barões e a liberdade da Igreja. 
O contexto dos conflitos é reconhecido no próprio texto da Carta, como se 
extrai do art. 61, que proclama "E visto que nós, para a honra de Deus e aperfeiçoa-
mento do nosso reino, e para a melhor solução da discórdia surgida entre nós e os 
nossos barões, concedemos todas as coisas acima...". 
A liberdade da Igreja aparece logo no primeiro artigo, que proclama "...que a 
igreja da Inglaterra será livre e gozará dos seus direitos na sua integridade e da invio-
labilidade das suas liberdades; e é nossa vontade que assim se cumpra;". 
Apesar de não ter sido direcionada ao povo inglês como um todo, a impor-
tância da Magna Carta no processo histórico de afirmação dos direitos humanos é 
inegável, pois ela consagrou, pela primeira vez na História, a limitação institucional 
dos poderes do rei, e o seu texto proclamou situações que são a base de direitos e 
garantiasatualmente reconhecidos a todos, como a limitação ao poder de tributar 
do Estado, a liberdade de ingresso e saída do território do Estado, o devido pro-
cesso legal, entre outros. 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
Na prova da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul 2018 foi cobrada a 
seguinte proposição: Em relação à evolução histórica do regime internacio-
nal de proteção dos direitos humanos, considere que a Magna Carta (i215) 
contribuiu para a afirmação de que todo poder político deve ser legalmente 
limitado. A proposição está correta! 
A limitação institucional dos poderes do rei, evidenciada na Magna Carta, veio 
a ser fortalecida com o surgimento da Petition of rights (Petição de Direitos), de 07 
Cap. i • Teoria geral dos direitos humanos 43 
de junho de 1628, que, basicamente, visou estender aos súditos do rei direitos que 
já tinham sido proclamados na Magna Carta, como o reconhecimento de limitações 
ao poder de taxar e de um devido processo legal. 
Posteriormente, em 1679, o Habeas Corpus Act (lei do habeas corpus) consa-
grou o habeas corpus como mecanismo processual de proteção à liberdade dos 
indivíduos, notadamente em face de prisões arbitrárias. 
Cabe destacar que a proteção judicial contra prisões arbitrárias não surgiu 
apenas com o Habeas Corpus Act; já existia desde muito antes, encontrando raízes 
na própria Magna Carta, o que o Act fez foi trazer a consagração do mecanismo 
processual especificamente voltado à tutela da liberdade do indivíduo, fortale-
cendo a garantia outrora já existente. 
Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
Na prova da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul 2018 foi cobrada a 
seguinte proposição: Em relação à evolução histórica do regime internacio-
nal de proteção dos direitos humanos, considere que o Habeas Corpus Act 
(1679) criou regras processuais para o habeas corpus e robusteceu a já 
conhecida garantia. A proposição está correta! 
Enfim, em 1689, no contexto da Revolução Gloriosa, veio o Bill of rights 
(Declaração de Direitos), declaração que consagra a supremacia do Parlamento 
ante a Coroa, pondo termo à monarquia absolutista e instaurando o regime 
da monarquia constitucional, e que proclama alguns direitos fundamentais do 
povo inglês. 
Conquanto tenha afirmado alguns direitos dos indivíduos, o objetivo maior 
do Bill os rights foi consagrar a independência e supremacia do Parlamento 
inglês ante a coroa, foi reconhecer o Parlamento como órgão encarregado de 
defender os súditos perante o rei e cujo funcionamento não ficaria ao arbítrio 
do monarca. 
A Declaração consagrou eleições livres para o Parlamento e previu que os 
discursos pronunciados nos debates do Parlamento não deveriam ser examinados 
senão por ele mesmo, aí prevendo o instituto da imunidade material dos parla-
mentares. 
Demais, submeteu ao Parlamento atribuições importantes, como legislar e 
cobrar impostos, tendo sido previsto "que é ilegal toda cobrança de impostos para 
a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e 
modo diferentes dos designados por ele próprio." 
Sob certa perspectiva, se pode afirmar que o Bill of rights institucionalizou a 
separação de poderes, que viria a ser teorizada por Montesquieu anos depois, 
na clássica obra Espírito da, e, demais, consagrou ao Poder Legislativo aquilo que 
atualmente a doutrina denomina garantias institucionais, que já estudamos aqui 
na obra. 
44 Direitos Humanos - Vol. 39 • Rafael Barretto 
8.1.2. As declarações americanas 
Como foi dito, o surgimento de declarações de direitos nos Estados Unidos 
está atrelado ao processo histórico de independência americana. 
Primeiramente houve a Declaração de direitos do bom povo da Virgínia, de 16 de 
junho de 1776, formulada pelos representantes do povo da Virgínia, que era uma 
das 13 colônias inglesas na América. 
Essa Declaração proclamou direitos que hoje são universalmente reconhecidos. 
Logo no primeiro artigo é consagrado 
"Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, 
e têm certos direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de socie-
dade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros e 
que São: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir 
a propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança." 
Demais, foi previsto, dentre outras coisas, que os homens são igualmente 
livres e independentes e possuem certos direitos inatos, que todo poder é ine-
rente ao povo e dele precede, que o governo é instituído para proveito comum, 
proteção e segurança do povo, e que os poderes legislativo, executivo e judiciário 
do Estado devam estar separados. 
Pouco após à Declaração de Virginia veio a Declaração de Independência dos 
Estados Unidos da América, proclamada em 04 de julho de 1776. 
Elaborada por Thomas Jefferson, que se inspirou principalmente na filosofia de 
John Locke, a Declaração de Independência não foi propriamente uma declaração 
de direitos, mas deu inegável contribuição ao processo histórico de afirmação 
dos direitos humanos, pois reconheceu a existência de direitos inalienáveis dos 
homens como uma verdade evidente por si mesma. 
Logo no início da Declaração ficou registrado que "Consideramos estas verda-
des como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados 
pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade 
e a procura da felicidade". 
Alguns anos depois, em 1787, foi promulgada a Constituição dos Estados Uni-
dos da América, que não previu originariamente uma declaração de direitos (bill of 
rights), o que só veio a ocorrer em 1791, com a aprovação das io primeiras emen-
das à constituição americana, proclamando direitos fundamentais. 
8.1.3. A declaração francesa 
Após as declarações inglesas e americanas, foi proclamada na França, em 26 
de agosto de 1789, no contexto da Revolução francesa, a Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, que serviu de referencial para o resto do mundo ocidental. 
Como historicamente reconhecido, a Revolução Francesa deixou para o mundo 
um legado na afirmação das liberdades fundamentais. 
Cap. i • Teoria geral dos direitos humanos 45 
Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, defendidos pelos revolucioná-
rios franceses, são apontados como a base axiológica e representativa dos direi-
tos humanos. 
Pois é no contexto de superação da opressão absolutista à época existente 
na França que veio a surgir a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 
26 de agosto de 1789, pouco após o advento da tomada da Bastilha, que é um dos 
mais significativos eventos da Revolução. 
I Como esse assunto foi cobrado em concurso? 
A prova de Defensor Público de Goiás 2014 trouxe a seguinte proposição: 
"as primeiras declarações de direitos humanos incluem a Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, na França, com a Queda da Bastilha no 
século XIX". Está errado por mencionar que isso ocorreu no século XIX, 
quando, em verdade, foi no século XVIII. 
A Declaração francesa tem como característica marcante o aspecto universa-
lista, generalista, no sentido de ter sido direcionada ao ser humano em geral, de 
todos os tempos e de todas as nações, e nisso ela se diferenciou das declarações 
inglesas e americanas. 
É que, enquanto os ingleses buscavam o reconhecimento de direitos para o 
povo inglês e os americanos estavam centrados em sua independência, os france-
ses buscaram afirmar princípios de liberdade vcílidos a todos os povos, universais, 
como se eles, revolucionários franceses, estivessem a proclamar um mundo novo, 
de liberdades, aplicável a todas as nações. 
I ATENÇÃO: 
A Declaração francesa tem como característica marcante o aspecto uni-
versalista, generalista e nisso se diferenciou das declarações inglesas 
e americanas. 
Nos próprios debates da Assembleia Nacional Francesa sobre a redação da 
Declaração afirmou-se que os direitos seriam de todos os tempos

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