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DIREITOS DIFUSOS, 
COLETIVOS, 
INDIVIDUAIS E 
HOMOGÊNEOS 
Natália Bertolo Bonfim
E-book 2
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ����������������������������4
Doutrina da proteção integral (art. 1º) .....................................4
Definição de criança e adolescente .........................................8
A criança e o adolescente como sujeitos de direitos 
fundamentais (arts. 3º e 5º) ...................................................10
Dever de efetivação dos direitos da criança e do 
adolescente (art. 4º) ...............................................................11
Interpretação do ECA (art. 6º) ................................................13
DIREITOS FUNDAMENTAIS ���������������������������������16
Direito à vida e à saúde (arts. 7º a 14) ..................................16
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade (arts. 15 a 
18) ............................................................................................19
Direito à convivência familiar e comunitária .........................21
Guarda (arts. 33 a 35) .............................................................23
Tutela (arts. 36 a 38) ...............................................................25
Adoção (arts. 39 a 52) ............................................................26
3.4 Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer 
(arts. 53 a 59) ..........................................................................29
3.5 Direito à profissionalização e à proteção no 
trabalho (arts. 60 a 69) ...........................................................31
PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES 
INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS ����������� 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS �������������������������������������������������������37
2
INTRODUÇÃO
Neste módulo, vamos analisar o tratamento jurídico 
conferido à criança e ao adolescente em nosso país.
O diploma legal que consolidou os direitos da criança 
e do adolescente no Brasil foi o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA). A partir dele, a criança e o 
adolescente passaram a ser titulares de direitos es-
peciais, além daqueles direitos fundamentais já con-
feridos a qualquer pessoa pela Constituição Federal.
Partindo dessa premissa, iremos analisar as disposi-
ções preliminares do ECA, que define o conceito de 
criança e adolescente, aponta os objetivos da norma 
e os princípios jurídicos por ela adotados que deverão 
nortear sua interpretação e aplicação.
Em seguida, passaremos ao estudo dos direitos fun-
damentais da criança e do adolescente: direito à vida 
e à saúde; direito à liberdade, ao respeito e à digni-
dade; direito à convivência familiar e comunitária, 
em que abordaremos os institutos da tutela, guarda 
e adoção; o direito à educação, cultura, esporte e 
lazer; e o direito à profissionalização e proteção no 
trabalho.
Por fim, verificaremos quais são os instrumentos 
jurídicos que podem ser utilizados para defender os 
direitos e os interesses da criança e do adolescente.
3
DISPOSIÇÕES 
PRELIMINARES
O art. 24, inc. XV da Constituição Federal determi-
na que compete à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar concorrentemente sobre as normas 
gerais de proteção à infância e à juventude.
Para atender a este dispositivo, editou-se o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), que 
dispõe sobre a proteção integral à criança e ao 
adolescente.
O Título I do ECA é composto pelos arts. 1º a 6º e 
trata das disposições preliminares. A seguir, vamos 
analisar cada um desses artigos.
Doutrina da proteção 
integral (art� 1º)
A Constituição Federal alçou à categoria de direito so-
cial a proteção à infância (art. 6º), e conferiu à criança 
e ao adolescente o status de pessoa em situação 
peculiar de desenvolvimento. (art. 227, §3º, inc. V)
O art. 227 da Constituição Federal dispõe que “é de-
ver da família, da sociedade e do Estado assegurar 
à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, 
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de 
4
toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão”.
Esse dispositivo constitucional representa o me-
taprincípio da prioridade absoluta dos direitos da 
criança e do adolescente, tendo como destinatá-
rios da norma a família, que deve se responsabilizar 
pela manutenção da integridade física e psíquica; a 
sociedade, que deve se responsabilizar pela convi-
vência coletiva harmônica; e o Estado, que deve se 
responsabilizar pelo constante incentivo à criação 
de políticas públicas. (ROSSATO, 2019, p. 62)
Nesse sentido, estabelece o §1º do art. 227 da 
Constituição Federal que o Estado promoverá pro-
gramas de assistência integral à saúde da criança, 
do adolescente e do jovem, admitida a participação 
de entidades não governamentais. Para tanto, deverá 
implementar políticas específicas, obedecendo aos 
seguintes preceitos:
I) aplicação de percentual dos recursos pú-
blicos destinados à saúde na assistência 
materno-infantil;
II) criação de programas de prevenção e atendimen-
to especializado para as pessoas portadoras de 
deficiência física, sensorial ou mental, bem como 
de integração social do adolescente e do jovem 
portador de deficiência, mediante o treinamento 
para o trabalho e a convivência, e a facilitação 
do acesso aos bens e serviços coletivos, com 
a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de 
todas as formas de discriminação.
5
De acordo com o art. 227, §3º da Constituição 
Federal, a proteção integral abrange os seguintes 
aspectos:
I. idade mínima de quatorze anos para admissão 
ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II. garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III. garantia de acesso do trabalhador adolescente 
à escola;
IV. garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
buição de ato infracional, igualdade na relação pro-
cessual e defesa técnica por profissional habilitado, 
segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V. obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer 
medida privativa da liberdade;
VI. estímulo do Poder Público, através de assistên-
cia jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos 
da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de 
criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII. programas de prevenção e atendimento espe-
cializado à criança e ao adolescente dependente de 
entorpecentes e drogas afins;
VIII. programas de prevenção e atendimento especia-
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem depen-
dente de entorpecentes e drogas afins.
Note que o inc. V acima transcrito menciona três 
subprincípios que integram o princípio da proteção 
6
integral: a brevidade, a excepcionalidade e o respeito 
à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, 
aplicáveis apenas ao menor infrator, quando recebe 
medida privativa de liberdade.
Pela brevidade, a privação da liberdade do adoles-
cente deve ser a mais breve possível, tanto na fase 
de prisão cautelar quanto após a decisão de interna-
ção. A excepcionalidade determina que a privação 
da liberdade deve ser excepcional, ou seja, a última 
opção. Desse modo, por se tratar de uma pessoa 
em desenvolvimento, a privação da liberdade pre-
cisa ser excepcional e breve, pois é evidente que a 
segregação pode afetar gravemente a formação da 
personalidade do jovem. (NUCCI, 2018, p. 6)
Como desdobramento dessa proteção especial por 
parte do Estado, o art. 227, §4º da Constituição 
Federal impõe que “a lei punirá severamente o abu-
so, a violência e a exploração sexual da criança e do 
adolescente”.
Fundamentando-se nos dispositivos constitucionais, 
o ECAadotou expressamente a doutrina da prote-
ção integral (art. 1º), assegurando à criança e ao 
adolescente os mesmos direitos e garantias funda-
mentais conferidos aos maiores de 18 anos, com um 
plus, simbolizado pela completa e indisponível tutela 
estatal para lhes afirmar a vida digna e próspera, 
ao menos durante a fase de seu amadurecimento. 
(NUCCI, 2018, p. 4)
7
Definição de criança e adolescente
Para efeitos do ECA, considera-se criança a pessoa 
até 12 anos de idade incompletos, e adolescente 
aquela entre 12 e 18 anos de idade. (art. 2º)
Diante disso, considera-se criança a pessoa até 
11 anos completos; e adolescente, a pessoa com 
12 anos completo até 17 anos completos, pois, de 
acordo com o Código Civil, a pessoa que completa 
18 anos de idade atinge a maioridade, tornando-se 
adulto. Além disso, o Código Penal fixa a idade de 
18 anos para a responsabilização criminal. 
É importante observar que o art. 228 da Constituição 
Federal estabelece que “são penalmente inimputáveis 
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da 
legislação especial”. Esta legislação especial a que 
faz referência o dispositivo constitucional é o ECA.
Assim, não se aplica aos menores de 18 anos a le-
gislação penal comum, por mais grave que tenha 
sido o crime cometido. Trata-se de política crimi-
nal do Estado, que visa a proteger a pessoa em 
desenvolvimento.
O parágrafo único do art. 2º do ECA dispõe que “nos 
casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente 
o Estatuto às pessoas entre 18 e 21 anos de idade”.
Ocorre a aplicação desse dispositivo legal, por exem-
plo, naquelas situações em que a pessoa estiver 
cumprindo medida socioeducativa. Como o §5º do 
art. 121 do ECA determina a desinternação compul-
8
sória aos 21 anos de idade, admite-se que pessoas 
dessa idade permaneçam sob a tutela do Estatuto 
enquanto estiverem cumprindo medida socioeduca-
tiva. (ROSSATO, 2019, p. 77)
Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça já 
decidiu que o advento da maioridade não coloca fim 
às medidas socioeducativas (Súmula 605: “A su-
perveniência da maioridade penal não interfere na 
apuração de ato infracional nem na aplicabilidade 
de medida socioeducativa em curso, inclusive na 
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade 
de 21 anos”).
FIQUE ATENTO
A Lei nº 13.257/2016 instituiu o Estatuto da 
Primeira Infância, estabelecendo princípios e di-
retrizes para a formulação e a implementação de 
políticas públicas para a primeira infância (perío-
do compreendido entre 6 anos completos ou 72 
meses de vida), em atenção à especificidade e à 
relevância dos primeiros anos de vida no desen-
volvimento infantil e no desenvolvimento do ser 
humano.
9
A criança e o adolescente 
como sujeitos de direitos 
fundamentais (arts� 3º e 5º)
Segundo o art. 3º do ECA, “a criança e o adolescente 
gozam de todos os direitos fundamentais inerentes 
à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral 
de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou 
por outros meios, todas as oportunidades e facilida-
des, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social, em condições de 
liberdade e de dignidade”.
Como já mencionamos, a criança e o adolescente 
gozam dos mesmos direitos e garantias fundamen-
tais conferidos aos maiores de 18 anos, acrescidos 
de um plus em razão de sua condição de pessoa em 
desenvolvimento.
São, portanto, sujeitos de direitos, que poderão exer-
cer livremente seus direitos fundamentais, gozando, 
ainda, de direitos especiais, em virtude de sua con-
dição peculiar.
Desse modo, tanto o ECA quanto as leis já existentes 
ou aquelas que ainda estão por vir deverão ser pro-
pícias ao desenvolvimento do menor, levando-se em 
conta sua liberdade e dignidade. Afinal, como sujeito 
de direitos, o que não concorrer com seu desenvol-
vimento, não poderá ser-lhe aplicado. (ELIAS, p. 15)
Ademais, o art. 5º do Estatuto dispõe que “nenhu-
ma criança ou adolescente será objeto de qualquer 
10
forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão, punido na forma 
da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos 
seus direitos fundamentais”.
O próprio ECA traz as sanções aplicáveis àquele que 
infringirem os direitos do menor em outros capítulos. 
Os arts. 225 a 244, por exemplo, tratam dos crimes 
praticados contra a criança e o adolescente; os arts. 
245 a 258 dispõem sobre as infrações administra-
tivas; e os arts. 24 e 38 são as sanções aplicadas 
aos pais e responsável pelo menor, consistentes na 
perda do poder familiar e na destituição da tutela.
Dever de efetivação dos direitos da 
criança e do adolescente (art� 4º)
Segundo o art. 4º do ECA, “é dever da família, da co-
munidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos 
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária”. 
Esse dispositivo legal está em consonância com o 
art. 227 da Constituição Federal e dele sobressai a 
conjugação de esforços entre a família, a comuni-
dade, a sociedade em geral e o poder público para 
assegurar os direitos fundamentais da criança e do 
adolescente.
11
Obviamente, a base do crescimento e desenvolvi-
mento da criança e do adolescente é a família. É o 
núcleo central, que deve ser tutelado pelo Estado, 
com vistas à sua continuidade e preservação. As de-
cisões tomadas no âmbito familiar, como não pode-
riam deixar de ser, devem se pautar pelo princípio do 
melhor interesse da criança. (ROSSATO, 2019, p. 84)
A participação da comunidade se concretiza com o 
Conselho Tutelar, órgão permanente e autônomo, 
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de 
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do 
adolescente. (art. 131, ECA)
A sociedade tem o dever de assegurar a efetivação 
dos direitos da criança e do adolescente, pois, no 
atual contexto constitucional, todos devem se ajudar, 
contribuindo para a promoção de uma sociedade 
livre, justa e solidária. (art. 3º, inc. I, CF)
Por fim, o poder público desempenha duplo papel na 
efetivação dos direitos da criança e do adolescen-
te. Por um lado, é o responsável por assegurar os 
meios necessários para que a família, a comunidade 
e a sociedade cumpram com os seus deveres em 
relação àqueles direitos. Por outro, cabe ao Estado 
implementar políticas públicas voltadas à criança e 
ao adolescente, de acordo com as regras de compe-
tência previstas constitucionalmente e na legislação 
em geral, que poderão ser executadas diretamente 
pelo Estado, ou, então, por organizações não gover-
namentais e associações em geral. (ROSSATO, 2019, 
p. 85)
12
A teor do parágrafo único do art. 4º do ECA, a ga-
rantia de prioridade prevista no caput compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quais-
quer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos 
ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das po-
líticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas 
áreas relacionadas com a proteção à infância e à 
juventude.
Esse dispositivo legal apresenta as situações às 
quais deve ser dada prioridade absoluta à criança 
e ao adolescente, porém, sem prejuízo da conside-
ração que for devida a outros interesses legítimos 
presentes no caso concreto. (art. 100, inc. IV, ECA)
Interpretação do ECA (art� 6º)
O art. 6º do ECA determina que “na interpretação 
desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que 
ela se dirige, as exigências do bem comum, os direi-
tos e deveres individuais e coletivos, e a condição 
peculiar da criança e do adolescente como pessoas 
em desenvolvimento”.
Esse dispositivo legal estabelece os critérios que de-
vem ser observados quando da interpretação do ECA.
13
É claro que, na interpretação de uma lei, deve-se le-
var em conta os fins sociais a que ela se dirige,as 
exigências do bem comum e os direitos e deveres 
individuais e coletivos. Em se tratando do ECA, essa 
interpretação deve ir além, atentando para a o melhor 
interesse do menor.
REFLITA
Apesar de proibida no art. 42, §1º do ECA, o STJ 
admitiu a adoção de netos por avós (a chamada 
adoção avoenga), visando ao melhor interesse da 
criança. O Tribunal decidiu que, não obstante a 
regra impeditiva do ECA, revela-se cabível sua miti-
gação excepcional quando: (i) o pretenso adotando 
seja menor de idade; (ii) os avós (pretensos ado-
tantes) exerçam, com exclusividade, as funções de 
mãe e pai do neto desde o seu nascimento; (iii) a 
parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente 
atestada por estudo psicossocial; (iv) o adotando 
reconheça os adotantes como seus genitores e seu 
pai (ou sua mãe) como irmão; (v) inexista conflito 
familiar a respeito da adoção; (vi) não se constate 
perigo de confusão mental e emocional a ser ge-
rada no adotando; (vii) não se funde a pretensão 
de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da 
predominância de interesses econômicos; e (viii) a 
adoção apresente reais vantagens para o adotan-
do. Assim, o STJ autorizou a adoção avoenga, “por 
se mostrar consentânea com o princípio do melhor 
interesse da criança e do adolescente, fim social 
objetivado pela Constituição da República de 1988 
14
e pela Lei 8.069/90, conferindo-se, assim, a devida 
e integral proteção aos direitos e interesses das 
pessoas em desenvolvimento, cuja vulnerabilidade 
e fragilidade justificam o tratamento especial”.
(REsp 1587477/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE 
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 
10/03/2020, DJe 27/08/2020)
15
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS
Como já estudamos, a criança e o adolescente são 
sujeitos de direito, isto é, são titulares de direitos 
fundamentais, podendo exercê-los livremente. Tais 
direitos estão elencados nos arts. 7º a 69 do ECA, e é 
sobre eles que vamos nos debruçar a partir de agora.
Direito à vida e à saúde (arts� 7º a 14) 
O art. 7º do ECA dispõe que “a criança e o adoles-
cente têm direito a proteção à vida e à saúde, me-
diante a efetivação de políticas sociais públicas que 
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio 
e harmonioso, em condições dignas de existência”.
Segundo Nucci (2018, p. 35), o objetivo desse arti-
go é garantir que o Poder Público seja obrigado a 
tutelar o nascimento daqueles que não têm amparo 
suficiente, seja por falta de recursos financeiros dos 
pais, seja porque a mãe não deseja mantê-lo sob sua 
guarda e proteção, zelando para que obtenha um 
desenvolvimento físico e mental sadio, em família 
natural ou substituta.
O Brasil assinou o Pacto de São José da Costa Rica, 
que determina em seu art. 4º que a vida é um direito 
que “deve ser protegido pela lei e, em geral, desde 
o momento da concepção”. Há apenas duas exce-
ções a essa regra, que autorizam a interrupção da 
16
gravidez, afastando a antijuridicidade: na hipótese de 
feto anencéfalo e de gravidez decorrente de estupro.
Os arts. 8º a 10 tratam das políticas de saúde dire-
cionadas às mulheres gestantes, determinando que o 
Estado forneça atendimento médico pré e pós-natal 
no âmbito do SUS. Assegura-se assistência psicoló-
gica à gestante e à mãe, inclusive para aquelas que 
entregam seu filho para adoção ou que se encontrem 
privadas de liberdade.
Os arts. 11 e 12 garantem acesso integral às linhas 
de cuidado voltadas à saúde da criança e do adoles-
cente, por intermédio do SUS, devendo a criança e o 
adolescente com deficiência serem atendidos sem 
discriminação ou segregação.
Incumbe ao poder público fornecer os medicamen-
tos, próteses e outras tecnologias necessárias ao 
tratamento do menor, e os estabelecimentos de 
atendimento à saúde deverão proporcionar condi-
ções para a permanência em tempo integral de um 
dos pais ou responsável, nos casos de internação 
de criança ou adolescente.
O art. 13 determina que os casos de suspeita ou 
confirmação de castigo físico, de tratamento cruel 
ou degradante e de maus-tratos contra criança ou 
adolescente deverão ser obrigatoriamente comuni-
cados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, 
sem prejuízo de outras providências legais.
O art. 14 estabelece que o SUS promoverá programas 
de assistência médica e odontológica para a preven-
17
ção das enfermidades que ordinariamente afetam a 
população infantil, e campanhas de educação sani-
tária para pais, educadores e alunos.
Chama a atenção nesse dispositivo legal seu §1º, 
que determina ser obrigatória a vacinação das crian-
ças nos casos recomendados pelas autoridades 
sanitárias.
REFLITA
Os pais podem deixar de vacinar os seus filhos, 
tendo como fundamento convicções filosóficas, 
religiosas, morais e existenciais? A questão está 
em discussão no STF, no sistema de repercussão 
geral, objeto do Agravo em Recurso Extraordinário 
(ARE) nº 1.267.879. No caso concreto, o Ministério 
Público de São Paulo propôs ação contra os pais 
de uma criança para obrigá-los a seguir o calendá-
rio de vacinação pois, a seu ver, o bem da criança 
deve estar acima da vontade familiar. Por outro 
lado, os pais da criança, que são veganos, alegam 
que o filho é saudável e é acompanhado por mé-
dicos, não havendo que se falar em negligência, 
uma vez que a escolha pela não vacinação é ide-
ológica. O Relator, Ministro Luís Roberto Barroso, 
apresentou três argumentos para reconhecer a 
repercussão geral: o aspecto social, considerando 
a importância das políticas de vacinação infantil 
determinadas pelo Ministério da Saúde; o aspecto 
político, reconhecendo o crescimento do movimen-
to antivacina e o aspecto jurídico, para discutir a 
18
aplicação de diversos dispositivos da Constituição 
sobre o tema. (MIGALHAS, 2020)
Direito à liberdade, ao respeito 
e à dignidade (arts� 15 a 18)
O art. 15 do ECA dispõe que “a criança e o adolescen-
te têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade 
como pessoas humanas em processo de desenvol-
vimento e como sujeitos de direitos civis, humanos 
e sociais garantidos na Constituição e nas leis”.
Segundo o art. 16 e incisos, o direito à liberdade 
compreende os seguintes aspectos: ir, vir e estar 
nos logradouros públicos e espaços comunitários, 
ressalvadas as restrições legais; opinião e expressão; 
crença e culto religioso; brincar, praticar esportes e 
divertir-se; participar da vida familiar e comunitária, 
sem discriminação; participar da vida política, na 
forma da lei; buscar refúgio, auxílio e orientação.
Os arts. 17 e 18 tratam do direito ao respeito, que 
consiste na inviolabilidade da integridade física, psí-
quica e moral da criança e do adolescente. 
Abrange a preservação da imagem, da identidade, 
da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos es-
paços e objetos pessoais, e impõe a todos o dever 
de velar pela dignidade da criança e do adolescente, 
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, 
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
19
Os arts. 18-A e 18-B proíbem duas condutas em re-
lação à criança e ao adolescente: o castigo físico 
e o tratamento cruel ou degradante. Esses artigos 
foram incluídos no ECA pela Lei nº 13.010/2014, ini-
cialmente denominada de “Lei da Palmada”, e hoje 
conhecida como Lei Menino Bernardo.
O castigo físico diz respeito ao uso de força física 
da qual resulte sofrimento físico ou lesão ao menor. 
O tratamento cruel ou degradante refere-se à forma 
de tratamento que humilhe, ameace gravemente ou 
ridicularize o menor. 
Apesar do foco da Lei Menino Bernardo ser as con-
dutas abusivas praticadas pelos pais, também está 
sujeita à proibição qualquer pessoa encarregada de 
conferir tratamento, educação ou proteção a crianças 
e adolescentes. (ROSSATO, 2019, p. 155)
SAIBA MAIS
A Lei nº 13.010/2014 foi promulgada em home-
nagem ao menino Bernardo Boldrini, de 11 anos 
de idade, assassinado pelo pai e pela madrasta, 
na cidade de Três Passos, no Rio Grande do Sul. 
À época, o caso chamou a atenção do público pe-
los inúmeros episódios de descasoe desatenção 
aos quais a criança foi submetida, culminando em 
sua morte por superdosagem de medicamento 
aplicado pela madrasta. Para saber mais sobre o 
caso, acesse:
20
https://dracestar i . jusbrasi l .com.br/not i -
cias/117368491/cotidiano-de-omissoes-carencia-
-e-frieza-culminou-no-assassinato-de-bernardo-
-boldrini. 
Direito à convivência 
familiar e comunitária
O direito à convivência familiar e comunitária está 
previsto nos arts. 19 a 52-D do ECA e compreende 
o direito da criança e do adolescente de ser criado e 
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, 
em família substituta, assegurada a convivência fa-
miliar e comunitária, em ambiente que garanta seu 
desenvolvimento integral. (art. 19)
Note que a lei tem como objetivo principal a manu-
tenção do menor junto à sua família natural e, por 
isso, estabelece que sua retirada do seio familiar, 
nos casos em que o ambiente não é propício ao seu 
desenvolvimento, deve ser medida excepcional e 
temporária.
E quem compõe a família natural? Segundo o art. 
25 do ECA, “entende-se por família natural a comu-
nidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus 
descendentes”. O parágrafo único do artigo inclui 
nessa definição a família extensa ou ampliada, que é 
“aquela que se estende para além da unidade pais e 
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes 
próximos com os quais a criança ou o adolescente 
convive e mantém vínculos de afinidade e afetivida-
21
de”. Já a família substitua é aquela formada em razão 
de tutela, guarda ou adoção. (art. 28)
Assim sendo, o menor deverá estar sob os cuidados 
da família natural. Não sendo isso possível, deverá 
ser encaminhado a um dos integrantes da família 
extensa. Se tal providência também for inviável, o 
menor, então, deverá ser encaminhado a uma família 
substituta.
Sempre que possível, a criança ou o adolescente 
deverá ser ouvido por equipe interprofissional, antes 
dos procedimentos de colocação em família substi-
tuta (art. 28, §1º). Em se tratando de criança maior 
de 12 anos, será necessário o seu consentimento, 
colhido em audiência (art. 28, §2º).
Nos termos do art. 28, §3º, o pedido de colocação 
em família substituta deverá levar em consideração 
o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de 
afetividade com os membros da família substituta, 
a fim de evitar ou minorar as consequências decor-
rentes da medida (art. 28, §3º).
O §4º do art. 28 estabelece que os grupos de irmãos 
serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da 
mesma família substituta, salvo comprovada existên-
cia de risco de abuso ou outra situação que justifique 
a separação, procurando-se, em qualquer caso, evitar 
o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
A colocação em família substituta estrangeira cons-
titui medida excepcional, somente admissível na mo-
dalidade de adoção (art. 31). A Lei nº 12.010/2009 
22
(Lei de Adoção) estabelece a ordem de preferência na 
adoção: terá prioridade a família extensa; em seguida, 
a adoção nacional e, após, a adoção internacional.
Guarda (arts� 33 a 35)
A guarda é uma modalidade de colocação em família 
substituta, que se destina a regularizar a posse de 
fato da criança ou do adolescente. Poderá ser defe-
rida liminar ou incidentalmente nos procedimentos 
de tutela e adoção, exceto no caso de adoção por 
estrangeiros (art. 33, §1º).
O detentor da guarda deve prestar assistência mate-
rial, moral e educacional à criança ou adolescente, e 
ela é sempre provisória, durando até o momento da 
devolução do menor à sua família natural ou até o 
seu encaminhamento para uma família substituta.
A guarda não se confunde com o dever de guarda 
decorrente do exercício do poder familiar, que signi-
fica o zelo que os pais devem ter com seus filhos, e 
está previsto nos arts. 1.566, inc. IV; 1.583 e 1.584 
do Código Civil.
Assim, a guarda apenas existirá se for descumpri-
do o dever de guarda pelos pais da criança ou do 
adolescente.
Nesse sentido, o §5º do art. 1.584 do Código Civil 
dispõe que “se o juiz verificar que o filho não deve 
permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá 
a guarda a pessoa que revele compatibilidade com 
a natureza da medida, considerados, de preferência, 
23
o grau de parentesco e as relações de afinidade e 
afetividade”.
Excepcionalmente, a guarda poderá ser deferida fora 
dos casos de tutela e adoção, para atender a situa-
ções peculiares ou suprir a falta eventual dos pais 
ou responsável, podendo ser deferido o direito de 
representação para a prática de atos determinados 
(art. 33, §2º).
O deferimento da guarda a terceiros não impede o 
exercício do direito de visitas pelos pais, assim como 
o dever de prestar alimentos, que serão objeto de re-
gulamentação específica, a pedido do interessado ou 
do Ministério Público, exceto se houver decisão em 
sentido contrário da autoridade judiciária competente 
ou quando a medida for aplicada em preparação para 
a adoção (art. 33, §4º).
De acordo com o art. 35 do ECA, “a guarda poderá 
ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial 
fundamentado, ouvido o Ministério Público”.
SAIBA MAIS
Como você já estudou, o dever de guarda não se 
confunde com a modalidade de colocação em 
família substituta sob a forma de guarda. Nosso 
ordenamento jurídico prevê quatro tipos de guarda 
decorrentes do poder familiar: unilateral, compar-
tilhada, alternada e o aninhamento. Para conhe-
cê-las, assista ao vídeo AGU Explica – Tipos de 
guarda, disponível em:
24
h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=rLNxhLSnTp8&ab_channel=Advocacia-
-GeraldaUni%C3%A3oAGU. 
Tutela (arts� 36 a 38)
A tutela é a modalidade de colocação em família 
substitua que, além de regularizar a posse de fato 
da criança ou do adolescente, também permite ao 
tutor exercer atos de representação, permitindo a ad-
ministração de bens e interesses do menor. A tutela 
será deferida a pessoa de até 18 anos incompletos, 
e seu deferimento pressupõe a prévia decretação da 
perda ou suspensão do poder familiar, implicando, 
necessariamente, o dever de guarda (art. 36 e pará-
grafo único).
O art. 37 do ECA prevê a hipótese de instituição de 
tutela testamentária. Nessa modalidade, os pais, em 
conjunto, nomeiam um tutor para a criança ou ado-
lescente em um ato de disposição de última vontade 
(testamento, codicilo ou legado).
De acordo com esse dispositivo legal, aberta a su-
cessão, o tutor terá o prazo de 30 dias para ingressar 
com pedido judicial de colocação da criança ou do 
adolescente em família substituta. Essa exigência 
tem por objetivo propiciar o controle judicial do ato, 
permitindo que sejam verificados os requisitos e con-
dições que devem ser respeitados para a formaliza-
ção da tutela. (ROSSATO, 2019, p. 198)
25
O parágrafo único do art. 37 determina que, na apre-
ciação do pedido, deverão ser observados “os requi-
sitos previstos nos arts. 28 e 29 dessa Lei, somente 
sendo deferida a tutela à pessoa indicada na dispo-
sição de última vontade, se restar comprovado que 
a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe 
outra pessoa em melhores condições de assumi-la”.
Segundo o art. 38, aplica-se à destituição da tutela 
o disposto no art. 24, que impõe que “a perda e a 
suspensão do poder familiar serão decretadas judi-
cialmente, em procedimento contraditório, nos casos 
previstos na legislação civil, bem como na hipótese 
de descumprimento injustificado dos deveres e obri-
gações a que alude o art. 22”. (dever de sustento, 
guarda e educação dos filhos menores)
Adoção (arts� 39 a 52)
A adoção constitui medida de colocação em família 
substituta, gerando parentesco civil entre o adotante 
e o adotado, e é disciplinada pelo ECA. É medida 
excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer 
apenas quando esgotados os recursos de manuten-
ção da criança ou adolescente na família natural ou 
extensa. (art. 39 e §1º)
O ECA veda a adoção por procuração, o que ocorria 
muito nas adoções internacionais. A presença dos 
adotados perante o Magistradopermite-lhe uma me-
lhor avaliação para a concessão da adoção e evita 
eventual distorção, que poderia ser prejudicial ao 
adotado. (ELIAS, 2010, p. 51)
26
A adoção atribui a condição de filho ao adotado, que 
passará a ter os mesmos direitos e deveres, inclusi-
ve sucessórios, que os filhos biológicos. O adotado 
deixa a família de origem, desligando-o de qualquer 
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos 
matrimoniais. (art. 41)
O §1º do art. 41 dispõe que, se um dos cônjuges ou 
concubinos (companheiros) adota o filho do outro, 
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado 
e o cônjuge ou concubino do adotante e os respec-
tivos parentes.
O §2º do art. 41 ressalta a existência de direito suces-
sório entre o adotado, seus descendentes, o adotan-
te, seus ascendentes, descendentes e colaterais até 
o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
Para a adoção conjunta, é indispensável que os ado-
tantes sejam casados civilmente ou mantenham 
união estável, comprovada a estabilidade da família. 
(art. 42, §2º)
Quanto aos requisitos para a adoção, Rossato (2019, 
p. 216) divide-os em subjetivos e objetivos.
Os requisitos subjetivos para a adoção são:
(i) idoneidade do adotante;
(ii) existência de motivos legítimos para a adoção, 
que se traduz no desejo de filiação, ou seja, na von-
tade de ter a pessoa em desenvolvimento como filha;
(iii) reais vantagens para o adotando (art. 43), isto é, 
a convivência familiar e estabelecimento de vínculo 
27
adequado à formação e ao desenvolvimento da per-
sonalidade do adotando;
(iv) prevalência dos interesses do adotando (art. 39, 
§3º).
São requisitos objetivos para a adoção:
(a) idade: podem adotar os maiores de 18 anos, mas 
o adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho 
que o adotando (art. 42 e §3º);
(b) consentimento dos pais ou destituição do poder 
familiar e consentimento do adolescente: o consenti-
mento é dispensado no caso de pais desconhecidos 
ou de destituição do poder familiar (art. 45, §1º), e 
obrigatório em se tratando de adotando maior de 12 
anos de idade;
(c) estágio de convivência: a adoção será precedida 
de estágio de convivência com a criança ou adoles-
cente, pelo prazo máximo de 90 dias, observadas a 
idade da criança ou adolescente e as peculiarida-
des do caso (art. 46). O estágio será acompanhado 
pela equipe interprofissional a serviço da Justiça 
da Infância e da Juventude, preferencialmente com 
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política de garantia do direito à convivência familiar 
(art. 46, §4º);
(d) prévio cadastramento: em regra, a família substi-
tuta que não estiver cadastrada no cadastro de ado-
ção não poderá adotar. A inscrição no cadastro é feita 
por meio de um procedimento específico, regulado 
a partir do art. 179-A do ECA. 
28
Quanto aos impedimentos para a adoção, não podem 
adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. 
(art. 42, §1º)
O vínculo da doação se constitui por sentença judi-
cial, que será inscrita no registro civil (art. 47), e o 
prazo máximo para conclusão da ação de adoção 
será de 120 dias, prorrogável uma única vez por igual 
período, mediante decisão fundamentada da autori-
dade judiciária. (art. 47, §10)
Para concluirmos o estudo da adoção, vamos anali-
sar brevemente a adoção internacional.
Adoção internacional não significa a adoção por 
estrangeiros, mas sim, que alguém que mora em 
determinado país pretende adotar uma pessoa que 
mora em outro país (art. 51). Assim, se um brasileiro 
que mora nos Estados Unidos quiser adotar uma 
criança brasileira, terá de se submeter às regras da 
adoção internacional.
Aqui, é importante lembrar que a adoção internacio-
nal é a exceção, ou seja, deverá ser concedida apenas 
quando esgotadas as possibilidades de colocação 
em família substituta brasileira.
Direito à educação, à cultura, ao 
esporte e ao lazer (arts� 53 a 59)
O ECA está conforme com a Constituição Federal 
que, no Capítulo III do Título VIII – Da Ordem Social, 
trata de três direitos de titularidade de todas as pes-
29
soas: educação, cultura e desporto, neste último es-
tando incluído o lazer.
As normas constitucionais sobrepõem-se ao ECA, 
notadamente em relação à educação, pois a redação 
dos dispositivos 53 a 59 não se encontra em con-
sonância com a Constituição, principalmente após 
as Emendas Constitucionais nº 14/1996 e 59/2009. 
(ROSSATO, 2019, p. 247)
Neste tópico, vamos dar ênfase ao direito à educa-
ção, já que este é, sem dúvida, o aspecto mais rele-
vante, pois propicia à criança e ao adolescente seu 
pleno desenvolvimento.
O art. 208, inc. I da Constituição Federal estabelece 
que constitui dever do Estado assegurar “educação 
básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de 
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para 
todos os que a ela não tiveram acesso na idade pró-
pria”. Portanto, a educação básica englobará o ensino 
fundamental, o ensino médio e o ensino superior.
Nesse contexto, de acordo com o art. 55 do Estatuto, 
“os pais ou responsável têm a obrigação de matricu-
lar seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”.
Segundo o art. 54, §2º do ECA, “o não oferecimento 
do ensino obrigatório pelo poder público ou sua ofer-
ta irregular importa responsabilidade da autoridade 
competente”.
No que concerne aos demais direitos, o art. 59 do 
ECA determina que cabe aos municípios, com apoio 
dos estados e da União, estimular e facilitar a des-
30
tinação de recursos e espaços para programações 
culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infân-
cia e a juventude.
Direito à profissionalização e à 
proteção no trabalho (arts� 60 a 69)
Em razão da adoção da doutrina da proteção integral, 
a criança e o adolescente têm os mesmos direitos 
trabalhistas e previdenciários que os adultos. (art. 
227, §3º, CF)
O estudo dos direitos trabalhistas da criança e do 
adolescente deve levar em consideração a análise 
conjunta de várias normas jurídicas, dentre elas, a 
CLT, o ECA e a Constituição Federal. Rossato (2019, 
p. 258) elaborou um quadro-resumo, que denomina 
de núcleo do direito fundamental à profissionalização 
e à proteção do trabalho de crianças e adolescentes:
(i) proibição de trabalho aos menores de 16 anos, 
salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos;
(ii) proibição do trabalho noturno, perigoso, insalubre 
e penoso, bem como o realizado em locais prejudi-
ciais à sua formação e em horários que não permi-
tam a frequência à escola;
(iii) duração de trabalho diferenciada;
(iv) não corre contra eles o prazo prescricional, inde-
pendentemente da idade; 
(v) acesso à escola;
31
(vi) apesar de não completada a maioridade, po-
dem receber salários independentemente da assis-
tência dos pais, porém não podem receber verbas 
rescisórias.
(viii) excepcionalmente, o ordenamento jurídico ad-
mite hipóteses restritivas de direitos trabalhistas, nos 
casos do estágio e trabalho educativo, bem como 
uma hipótese diferenciada de contrato de trabalho 
denominada aprendizagem.
32
PROTEÇÃO JUDICIAL DOS 
INTERESSES INDIVIDUAIS, 
DIFUSOS E COLETIVOS 
Os arts. 208 a 224 do ECA dispõem sobre as ações 
de responsabilidade por ofensa aos direitos asse-
gurados à criança e ao adolescente. Essas ações 
devem ser propostas perante as Varas da Infância e 
Juventude onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou 
omissão do poder público, ressalvadas a competên-
cia da Justiça Federal e a competência originária dos 
tribunais superiores. (arts. 208 e 209)
São legitimados para a propositura dessas ações 
(art. 210):
I. o Ministério Público;
II. a União, os estados, os municípios, o Distrito 
Federal e os territórios;
III. as associações legalmente constituídas há pelo 
menos um ano e que incluam entre seus fins institu-
cionais a defesa dos interesses e direitos protegidos 
por esta Lei, dispensada a autorização da assem-
bleia, se houver prévia autorização estatutária.
Em caso de desistência ou abandono da ação por 
associação legitimada, o Ministério Público ououtro 
legitimado poderá assumir a titularidade ativa (art. 
210, §2º).
33
O §1º do art. 210 admite o litisconsórcio facultativo 
entre os Ministérios Públicos da União e dos estados 
na defesa dos interesses e direitos da criança e do 
adolescente.
Desse modo, se o Ministério Público Federal mover 
ação contra a União ou ente autárquico federal na 
Justiça Federal, envolvendo, também, o Estado ou au-
tarquia estadual (ou o Município), poderá o Ministério 
Público Estadual integrar o polo ativo, em litisconsór-
cio. (ELIAS, 2010, p. 792)
O art. 211 do ECA reproduz o art. 5º, §6º da Lei nº 
7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), autorizando a 
celebração de termo de ajustamento de conduta, 
pelo qual a entidade devedora se compromete a sa-
nar a falha ou omissão em determinado prazo. Não 
o fazendo, pode-se executar o acordo diretamente, 
sem a necessidade de processo de conhecimento. 
(ELIAS, 2010, p. 792)
De acordo com o art. 212, para a defesa dos direitos 
e interesses infantojuvenis, são admissíveis todas as 
espécies de ações pertinentes, inclusive o mandado 
de segurança (§2º) e as ações de obrigação de fazer 
e de não fazer (art. 213), aplicando-se subsidiaria-
mente o Código de Processo Civil. (art. 212, §1º)
FIQUE ATENTO
Certo é que a ação civil pública é o instrumento 
para a defesa dos interesses difusos, coletivos e 
individuais homogêneos da criança e do adoles-
34
cente. Mas esta ação poderia ser utilizada na de-
fesa de interesses de uma só criança? Os direitos 
fundamentais de crianças e adolescente possuem 
dupla titularidade, pois pertencem aos próprios 
indivíduos e também à sociedade, e, portanto, são 
considerados indisponíveis. Esses direitos não se 
confundem com direitos patrimoniais, cuja tutela 
apenas pode ser buscada pelos próprios indivíduos 
lesados. Logo, tratando-se de direito de persona-
lidade, como são os seus direitos fundamentais, 
dotados de valor social, a sua tutela poderá ser 
buscada não só pelo próprio indivíduo, mas tam-
bém por outros legitimados. Assim, o rol de legiti-
mados para a propositura de ação civil pública em 
defesa dos interesses individuais de uma criança 
não está adstrito ao art. 210 do ECA, podendo ser 
proposta, por exemplo, pela Defensoria Pública. 
(ROSSATO, 2019, p. 591)
Nas ações de obrigação de fazer ou não fazer em 
que for cominada multa diária, o valor apurado deve-
rá ser revertido ao fundo gerido pelo Conselho dos 
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo 
município (art. 214).
Novamente reproduzindo a Lei da Ação Civil Pública 
(art. 8º, §1º), o Ministério Público poderá instaurar 
inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, orga-
nismo público ou particular, certidões, informações, 
exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual 
não poderá ser inferior a dez dias úteis.
Por fim, o art. 224 estabelece que se aplicam, sub-
sidiariamente, no que couber, as disposições da Lei 
nº 7.347/85.
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo, estudamos os direitos da criança e do 
adolescente assegurados pela Constituição Federal 
e pelo ECA.
Em 2020, o ECA completou 30 anos de existência, 
porém, sabemos que ele ainda não é cumprido em 
nosso país. Os avanços foram vários, não se pode 
negar. Entretanto, ao invés de estarmos discutindo 
como assegurar os direitos infantojuvenis já positiva-
dos, ainda estamos discutindo temas como proibição 
do trabalho infantil e redução da maioridade penal.
Assim, devemos refletir sobre o que nós podemos 
fazer por nossas crianças e adolescentes. Afinal, 
somos membros de uma sociedade, que tem o dever 
de assegurar, com absoluta prioridade, a proteção 
integral infantojuvenil. E o insucesso de uma criança 
ou de um adolescente é, também, o nosso insucesso 
enquanto sociedade.
36
Referências Bibliográficas 
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SIRVINSKAS, L. P. Legislação de direito ambiental. 
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SIRVINSKAS, L. P. Manual de direito ambiental. 16. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2018. [Minha Biblioteca]
	Introdução
	Disposições preliminares
	Doutrina da proteção integral (art. 1º)
	Definição de criança e adolescente
	A criança e o adolescente como sujeitos de direitos fundamentais (arts. 3º e 5º)
	Dever de efetivação dos direitos da criança e do adolescente (art. 4º)
	Interpretação do ECA (art. 6º)
	Direitos fundamentais
	Direito à vida e à saúde (arts. 7º a 14) 
	Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade (arts. 15 a 18)
	Direito à convivência familiar e comunitária
	Guarda (arts. 33 a 35)
	Tutela (arts. 36 a 38)
	Adoção (arts. 39 a 52)
	3.4 Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer (arts. 53 a 59)
	3.5 Direito à profissionalização e à proteção no trabalho (arts. 60 a 69)
	Proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos 
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas

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