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Estatuto da Criança e do Adolescente

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1 
OAB 
Estatuto da 
Criança e do 
Adolescente 
 
 
 
 
2 
Sumário 
1. Conceito de Criança e Adolescente e Prioridades ....................................................... 5 
2. Direitos Fundamentais .................................................................................................... 9 
3. Guarda ............................................................................................................................ 23 
4. Tutela .............................................................................................................................. 28 
5. Adoção ........................................................................................................................... 32 
6. Prevenção ...................................................................................................................... 35 
7. Política de Atendimento ............................................................................................... 39 
8. Conselhos da Criança e do Adolescente .................................................................... 44 
9. Fundos Nacional, Estadual, Distrital e Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente ......................................................................................................................... 48 
10. Entidades de Atendimento .......................................................................................... 55 
11. Conselho Tutelar .......................................................................................................... 59 
12. Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis ....................................................... 64 
13. Ato Infracional .............................................................................................................. 69 
14. Medidas Socioeducativas ........................................................................................... 74 
15. Acesso à Justiça .......................................................................................................... 81 
16. Procedimentos do Estatuto da Criança e do Adolescente ...................................... 86 
18. Medidas de Proteção ................................................................................................. 109 
19. Lei nº 13.431 de 2017 – Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente 
Vítima ou Testemunha de Violência ................................................................................. 113 
20. Lei nº 13.257 de 2016 – Estatuto da Primeira Infância ............................................ 120 
 
 
 
3 
Apresentação 
Olá, caro (a) estudante! 
O período de dedicação e preparação para uma prova de concurso público é uma 
jornada árdua e trabalhosa. Pensando nisso, elaboramos esta Apostila com toda dedicação e 
atenção que você merece. 
O seu conteúdo foi criado com todo o rigor necessário para sua utilização como material 
de apoio ao estudo para todas as pessoas que almejam prestar concursos e/ou realizar o 
exame da ordem. Os conteúdos citam fontes confiáveis, atualizadas e completas sobre os 
mais variados temas em Direito e foram elaborados por profissionais com experiência em 
ensino e prática jurídica. 
O material está organizado hierarquicamente (em modo decrescente de hierarquia: 
Temas, Tópicos e Subtópicos). Essa estrutura permite a exploração organizada dos 
conteúdos da disciplina e agrupam os objetos do conhecimento que se relacionam, conferindo 
uma leitura mais fluida e orgânica. Mapas mentais, que são um método de memorização e 
organização do conhecimento adquirido, foram desenvolvidos ao final de cada Tema com o 
objetivo de facilitar o aprendizado dos conteúdos estudados. 
Assim, vale ressaltar inicialmente que, antes mesmo da entrada em vigor da 
Constituição Federal de 1988, o Brasil já era o signatário de uma vasta gama de documentos 
internacionais que verificam a proteção da criança e do adolescente. 
Contudo, somente em 1988 a referida questão obteve a implementação efetiva da 
proteção integral como direito fundamental, resultando na aprovação da Lei nº 8.069 de 1990, 
intitulado Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta a matéria, suprindo a lacuna 
legislativa anteriormente deixada pelo chamado Código de Menores, de 1979. 
Também chamado pela sua abreviação, ECA, o referido estatuto dispõe no parágrafo 
único do artigo 3º o conteúdo legal que demonstra a sua abrangência e aplicação, posto que 
atinge, sem distinção, às crianças e adolescentes, independentemente de seu nascimento, 
condição familiar ou econômica, idade, sexo, origem racial ou étnico, cor, religião ou crença, 
ambiente social, naturalidade, residência ou comunidade a qual se encontrem. 
 
 
4 
Isto posto, desenvolveu-se esta apostila cujo objetivo é estudar os conceitos da criança 
e do adolescente, bem como assuntos pertinentes aos direitos fundamentais, guarda, tutela, 
adoção, prevenção, política de atendimento, entidades e conselhos responsáveis, fundos dos 
direitos, medidas pertinentes aos responsáveis e socioeducativas, acesso à justiça, 
procedimentos, crimes e infrações, medidas de proteção e legislação inerente 
A recomendação para o estudo deste trabalho é ter como acompanhamento a 
legislação respectiva (Estatuto da Criança e do Adolescente, Constituição Federal, Código 
Civil e Penal, Estatuto da Juventude, Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do 
Adolescente Vítima ou Testemunha de Violência e Estatuto da Primeira Infância). Assim, o 
aprendizado se perpetua de maneira mais completa e definitiva. 
Desejamos bons estudos e uma excelente prova! 
 
Atenciosamente, 
Equipe pedagógica LFG. 
 
 
 
5 
1. Conceito de Criança e Adolescente e Prioridades 
O Estatuto da Criança e do Adolescente traz um conjunto de normas e princípios que visam 
garantir à criança e ao adolescente os direitos indispensáveis ao seu desenvolvimento 
integral. O direito da infância objetiva um caminho democrático, pois se preocupa com todas 
as crianças e adolescentes, sem exceção, tendo como base a “Doutrina da Proteção Integral”, 
que reconhece e evidencia a condição de desenvolvimento e proteção peculiares. 
O art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define criança como aquele 
indivíduo com idade entre 0 e 12 anos, e adolescente aquele com idade entre 12 e 18 anos. 
Tal distinção tem como base o elemento cronológico baseado das ciências auxiliares como a 
psicologia jurídica e a psiquiatria forense. 
Cumpre registrar, porém, que apesar de a criança e o adolescente terem os mesmos 
direitos fundamentais, tal divisão é importante, pois, por exemplo, para fins de medidas 
aplicáveis para cada um desses haverá uma hipótese de incidência distinta, qual seja: a 
criança será submetida somente a medidas de proteção, e os adolescentes, por sua vez, 
poderão ser submetidos, além das de proteção, a medidas socioeducativas. 
Neste sentido, cumpre anotar que a imputabilidade penal surge para os indivíduos aos 18 
anos. Todavia, o parágrafo único do art. 2º do Estatuto supracitado, juntamente aos arts. 104 
e 121, §§ 3º e 5º, prevê, excepcionalmente, a aplicação os dispositivos do ECA àqueles que 
contam com mais de 18 anos de idade (até os 21 anos). 
Neste sentido: 
HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO A TENTATIVA DE 
FURTO QUALIFICADO. MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA DE INTERNAÇÃO 
POR PRAZO INDETERMINADO. EVASÃO DO MENOR OCORRIDA EM 
25.05.05. SUSPENSÃO DO PROCESSO. IMPLEMENTO DA MAIORIDADE 
CIVIL. IRRELEVÂNCIA. ALEGAÇÃO DE 
 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. SÚMULA 338/STJ. PRAZO 
PRESCRICIONAL DE 4 ANOS. NÃO APERFEIÇOAMENTO DO LAPSO 
TEMPORAL EXIGIDO. ORDEM DENEGADA. 1. O próprio Estatuto da Criança 
e do Adolescente traz a previsão, no § 5º. Do art. 121, de que a medida pode 
ser estendida até os 21 anos de idade, abarcando, portanto, aquelas hipóteses 
nas quais o menor cometeu oato infracional na iminência de completar 18 
anos; caso contrário, a medida tornar-se-ia inócua, impossibilitando a norma 
de alcançar seu objetivo precípuo de recuperação e ressocialização do menor. 
2. Considerando a interpretação sistêmica da legislação menorista, tem-se que, 
para efeitos da aplicação da medida sócio-educativa, qualquer que seja, deve 
 
 
6 
ser considerada a idade do autor ao tempo do fato, sendo irrelevante a 
implementação da maioridade civil ou penal no decorrer de seu cumprimento, 
já que, como visto, o limite para sua execução é 21 anos de idade. 3. A diretriz 
jurisprudencial desta Corte assentou a orientação de que, para o cálculo do 
prazo prescricional da pretensão sócio-educativa, caso a medida tenha sido 
aplicada sem termo final, far-se-á uso do prazo máximo em abstrato de duração 
da medida de internação, que, à luz do disposto no art. 121, § 3º. do ECA, é de 
3 anos; ao passo que, na hipótese de ter sido fixado um prazo final, terá como 
parâmetro a sua duração determinada na sentença. Uma vez fixado o prazo, 
este deve ser reduzido pela metade, em decorrência do disposto no art. 115 do 
CPB. 4. Como o paciente se evadiu do estabelecimento em 25.05.05, tem-se 
que a prescrição da medida imposta por prazo indeterminado somente 
ocorreria em 25.05.09, isto é, decorridos 4 anos. 5. Parecer do MPF pela 
denegação da ordem. 6. Ordem denegada. STJ. HC 99481 / RJ - 
2008/0019501-6. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO (1133) - T5 - 
QUINTA TURMA. DJe 01/12/2008. 
Ainda quanto ao presente conceito, temos a condição do nascituro, que não está 
previsto expressamente no art. 2º do ECA, e, sendo assim, haveria dúvidas quanto à sua 
proteção na referida legislação. 
Porém, conforme bem aponta a doutrina majoritária, tal dúvida não pode perdurar, ou 
mesmo se perpetuar, pois, mesmo que o referido artigo não faça menção ao nascituro, há o 
tratamento específico quanto ao mesmo no art. 8º do ECA e, sendo assim, deferindo a esse 
todos os direitos fundamentais aqui previstos. 
Outra questão relevante que vem sido bastante discutida nos dias de hoje é a redução 
da maioridade penal, a qual é altamente criticada pela doutrina protecionista, pois, afronta a 
cláusula, diminuindo o campo de atuação do ECA, bem como de acordo com os elementos 
fáticos apresentados pelo sistema prisional, não contribuirá para o atendimento e a 
reabilitação do adolescente. 
 
 
 
7 
Mapa Mental 
 
 
 
 
C
F ECA
Criança
0 a 12 anos incompletos
Medidas de Proteção
Adolescente
12 a 18 anos incompletos
Medidas Socioeducativas
CF Doutrina da proteção integral
Condição de 
desenvolvimento
Proteção do 
infanto
Coletividade 
preventiva
 
 
8 
Referências Bibliográficas 
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm>. Acesso em: 15 jan. 2020. 
 
 
 
 
9 
2. Direitos Fundamentais 
A regulamentação quanto aos direitos fundamentais está prevista entre os arts. 7º e 69 do 
ECA que arrolam na seguinte ordem: 
a) Direito à vida e à saúde (arts. 7º a 14); 
b) Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade (arts. 15 a 18); 
c) Direito à convivência familiar e comunitária (arts. 19 a 52); 
d) Direito à educação, cultura, esporte e lazer (arts. 53 a 59); 
e) Direito à profissionalização e à proteção no trabalho (arts. 60 a 69). 
Todavia, deve-se registrar que a crianças e adolescentes também são aplicados os 
institutos conferidos aos adultos, em especial no que tangem os arts. 5º, 6º e 7º da 
Constituição Federal (CF). 
Contudo, muitas vezes esses direitos não são atendidos de forma espontânea, tanto 
pelos entes familiares, quanto pela sociedade ou pelo Estado (AMIN, 2019). 
Em decorrência disso, muitas são as ações judiciais para o reconhecimento e execução 
dos já citados direitos, como por exemplo, não somente a intervenção do Ministério Público 
junto à tutela desses direitos (art. 201, IV, ECA), mas também as distribuições de ações civis 
públicas voltadas à proteção e garantia dos direitos assegurados pelo ECA. 
Não obstante, tais ações não devem especificar a maneira pela qual o Poder Público 
atuará, pois é recorrente as alegações de impossibilidade jurídica, haja vista: STJ – REsp. n° 
933974/RS; STJ – REsp n° 577836/SC; STJ – AgRg no REsp n° 752190/RS; STJ – REsp n° 
869843/RS; STJ – REsp n° 937310/SP; STJ – AgRg no REsp n° 1075336 – RJ. 
São os direitos fundamentais conforme segue: 
2.1. Direito à Vida e à Saúde 
O art. 7º do ECA se preocupa com o nascimento sadio e harmonioso da criança. Sendo 
assim, verifica-se as implementações de cuidados especiais desde a fase de gestação: 
Art. 7º. A criança e ao adolescente têm direito a proteção à vida e à 
saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam 
o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições 
dignas de existência. 
 
 
10 
Assim, as gestantes são destinatárias das políticas públicas, como preveem os arts. 
201, 203 e 227, § 1 da CF, bem como o art. 8 e seguintes do ECA. 
Todavia, cumpre registrar que em 2016 houve uma grande alteração decorrente da Lei 
nº 13.257/2016, que se trata dos princípios e diretrizes para a formulação e a implementação 
de políticas públicas para a primeira infância em atenção à especificidade e à relevância dos 
primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano. 
Sendo assim, o art. 8º do ECA visa garantir à todas as mulheres o acesso aos 
programas e as políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e às gestantes, 
nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, e atendimento 
pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre 
outros direitos: 
Art. 8º. [...] 
[...] 
§ 4º. Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à 
gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de 
prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. 
§ 5º. A assistência referida no § 4º deste artigo deverá ser prestada 
também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar 
seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se 
encontrem em situação de privação de liberdade. 
§ 6º. A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de 
sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e 
do pós-parto imediato. 
[...] 
Outro direito previsto, trata-se do direito ao aleitamento regulamentado pelo art. 9º do 
ECA, que deve ser analisado em conjunto com os arts. 14, § 3º e 83, § 2º da Lei de Execução 
Penal (nº 7.210/84). 
Art. 9º. O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão 
condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de 
mães submetidas a medida privativa de liberdade. 
§ 1º. Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão 
ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, 
à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e 
 
 
11 
apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar 
saudável, de forma contínua. 
§ 2º. Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão 
dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano. 
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter 
preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, 
farmacêutico e odontológico. 
[...] 
§ 3º. Será assegurado acompanhamento médico á mulher, 
principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-
nascido. 
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá 
contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar 
assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. 
[...] 
§ 2º. Os estabelecimentospenais destinados a mulheres serão 
dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus 
filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de 
idade. 
[...] 
O art. 10 do ECA, por sua vez, estabelece uma série de obrigações que devem ser 
cumpridas pelos hospitais, públicos e particulares, e casas de saúde, bem como o 
atendimento integral à saúde das crianças e adolescentes contempla o atendimento 
especializado a deficientes, atendimento odontológico e vacinação, inclusive (arts. 11, 12 e 
14, ECA). 
Vale destacar o que dispõe o art. 14, § 5º do ECA: 
Art. 14. [...] 
§ 5º. É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus 
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento 
construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta 
pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu 
desenvolvimento psíquico. 
 
 
 
12 
Outro dispositivo de suma importância para efetivação desse direito encontra-se no art. 
13, § 1º do mesmo estatuto, que obriga o médico, professor ou responsável por 
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, uma vez 
identificada a suspeita de maus tratos, relatar o ocorrido ao Conselho Tutelar, bem como 
incidindo em pena de multa, caso deixe de proceder à referida comunicação (art. 245, ECA). 
Caso não haver no município um Conselho Tutelar, o juiz deverá ser acionado (art. 262, ECA). 
Art. 13. [...] 
§ 1º. As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar 
seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem 
constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. 
Por fim, se os maus tratos forem protagonizados pelos próprios pais, poderá haver 
perda do poder familiar nos termos do art. 24 do ECA, considerando o disposto no art. 1.638, 
I do Código Civil (CC), como segue: 
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas 
judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na 
legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento 
injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I – castigar imoderadamente o filho; 
[...] 
2.2. Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade 
O direito à liberdade, ao respeito e à dignidade tem como objetivo maior o amplo acesso 
aos logradouros, espaços comunitários, direito de livre expressão, culto e ainda de brincar e 
interagir dentro da sua condição, conforme os ditames do ECA. 
Porém, esses direitos dispostos nos arts. 15 a 18 do referido estatuto, não são 
absolutos, e por vezes sofrem nítida mitigação do poder familiar que busca a educação dos 
filhos de maneira como eles entendem adequado. 
Em 2014 houve uma alteração importante denominada “Lei da Palmada” (nº 
13.101/2014), que estabelece alguns conceitos no art. 18-A, como segue: 
 
 
13 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: 
[...] 
I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada 
com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte 
em: 
a) sofrimento físico; ou 
b) lesão; 
II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de 
tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize. 
Por fim, prevê o art. 18-B do ECA o encaminhamento adequado nos casos de 
conformação da violação desse direito, vejamos: 
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os 
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas 
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de 
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que 
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como 
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto 
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às 
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade 
do caso: 
I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à 
família; 
II – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III – encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV – obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V – advertência. 
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas 
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. 
 
 
14 
2.3. Direito à Educação, Cultura, Esporte e Lazer 
O disposto nos artigos do ECA de nº 53 (direitos) e 54 (dever do Estado), explicam de 
maneira exemplificativa os direitos subjetivos da criança e do adolescente. Tal situação facilita 
a compreensão dos mesmos, bem como pode ser objeto de proteção em juízo, conforme o 
art. 208 do mesmo estatuto. 
No art. 55 do ECA, encontra-se a obrigação dos pais de matricularem os filhos em 
estabelecimento de ensino e realizar o acompanhamento escolar, de forma a garantir-lhes o 
direito à educação. Referida obrigação está ligada a outros dispositivos do mesmo estatuto, 
como é o caso dos arts. 22, 24 e 124, V, todos do ECA. 
Por fim, nos termos do art. 57 do Estatuto, cumpre aos dirigentes de estabelecimentos 
de ensino fundamental comunicarem ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos 
envolvendo seus alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os 
recursos escolares e elevados níveis de repetência. Tal situação busca efetivar a 
responsabilidade da comunidade no acompanhamento de suas atribuições quanto a sua 
participação no desenvolvimento do infanto. 
2.4. Direito à Profissionalização e à proteção no trabalho 
O art. 60 do ECA foi revogado quando da nova redação do art. 7º, XXXIII da CF que 
vetou o trabalho aos menores de 14 anos, ainda que na condição de aprendiz. 
 Sendo assim, devem ser consideradas as situações elencadas no seguinte: 
a) o menor de 14 anos não pode trabalhar nem exercer qualquer emprego; 
b) entre 14 e 16 anos, o infanto pode trabalhar, apenas na condição de aprendiz; e 
c) entre 16 e 18 anos, o mesmo é livre para trabalhar, contanto que não seja no período 
noturno, perigoso ou insalubre. 
Não obstante a proteção ao trabalho dos adolescentes ser regulada por lei especial, a 
matéria encontra disciplinada também nos arts. 62 a 67 do ECA, assegurando ao adolescente, 
por exemplo: 
a) garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; 
b) atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; 
 
 
15 
c) assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários; 
d) respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento; e 
e) capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. 
O contrato de aprendizagem, conforme disposto no art. 428 da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT) é sempre por tempo determinado, não podendo, portanto, ultrapassar o 
período de 2 anos. 
Logo, podem ser contratados os jovens, caracterizados por aprendizes, cuja idade 
compreende os 14 aos 24 anos, permitindo, porém, aos menores de 18 anos que assinem 
recibo de pagamento de salário. Contudo, há de se observar que é vedada a quitação na 
rescisão contratual sem a assistência dos pais ou responsáveis legais, conforme o art. 439 da 
CLT. 
O contrato de aprendizagem tem como finalidade específica a formação profissional do 
jovem para que possa alcançar melhores postos de trabalho através do conhecimento técnico 
adquirido. 
Ademais, este tipo de contrato também possui algumas peculiaridades para sua 
celebração, como é o caso da anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), 
a comprovação da matrícula e frequência à escola (caso ainda não tenha concluído o ensino 
médio, a inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade 
qualificada em formação técnico-profissional metódica (art. 4º do Decreto nº 5.598/2005) e o 
direito a percepção de, pelo menos, um salário mínimo (art. 428 e parágrafos, da CLT). 
O aprendiz tem direitoa todos os direitos trabalhistas e previdenciários (art. 65 do ECA), 
assim como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na base de 2% da sua 
remuneração, conforme o art. 24, parágrafo único do Decreto nº 5.598/2005, que regulamenta 
o contrato de aprendizagem. As férias do aprendiz também devem coincidir com o período de 
férias escolares, preferencialmente. 
Quanto à duração do trabalho, a jornada máxima é de 6 horas, sendo permitida a 
prorrogação para até 8 horas diárias, caso o aprendiz tenha o ensino médio completo e desde 
que essas horas sejam reservadas para aprendizagem teórica (art. 432, § 1º da CLT). 
O menor de 18 anos não poderá fazer horas extras, exceto por motivo de força maior ou 
compensação de jornada de trabalho, sendo obrigatório o intervalo de 15 minutos entre o 
término da jornada e as horas extras, conforme a redação do art. 413, parágrafo único da CLT. 
 
 
16 
A extinção contratual ocorre quando chegar ao seu termo final, ou seja, 2 anos, ou quando 
o aprendiz completar 24 anos de idade, salvo se o aprendiz for portador de deficiência, caso 
em que a idade máxima e o caráter bienal do contrato não se aplicam, posto existir a proteção 
prevista no art. 66 do ECA. 
O contrato de aprendizagem também pode ser extinto, inclusive, de forma antecipada, nos 
casos de desemprego insuficiente ou inadaptação do aprendiz, falta disciplinar grave, 
ausência injustificada à escola e consequente perda do na letivo, ou ainda, a pedido do próprio 
aprendiz (art. 433 da CLT). 
Até 2016 o maior de 16 anos poderia ser contratado como empregado, desde que 
respeitadas algumas restrições, como a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre 
(arts. 7º, XXXIII da CF e 405, I da CLT), sendo o trabalho noturno aquele que compreende as 
22 e as 5 horas (art. 404 da CLT). 
O ECA também veda ao menor de 18 anos de idade o trabalho cuja característica seja 
penosa, ou seja, aquele que demanda esforço físico em excesso, situação em que se aplica 
analogicamente o art. 390, parágrafo único da CLT que trata da proteção ao trabalho da 
mulher. 
Desde 2017, em conformidade com o art. 2, item 3 da Convenção 138 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), a idade mínima para a contratação não poderá ser inferior a 
idade de conclusão da escolaridade obrigatória, salvo se o trabalho for artístico. 
Considerando o texto da Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009, que alterou a idade de 
conclusão da escolaridade obrigatória para 17 anos, a partir da sua implementação (até 2016), 
tem-se que a idade mínima para contratação é de 18 anos, a partir de 1 de janeiro de 2017. 
Então, ao menor de 18 anos de idade também é vetado o trabalho em ambientes que 
sejam prejudiciais à sua formação moral. Neste caso, é importante frisar que a CLT foi escrita 
no ano de 1943, período em que os artistas eram considerados “imorais”, motivo pelo qual se 
pode observar que há a proibição do trabalho do menor em circos, cinemas, cabarés e 
estabelecimentos similares. Tal proibição permanece até os dias de hoje, conforme redação 
do art. 405, § 3º da CLT, podendo o trabalho ser autorizado pelo juiz quando for comprovado 
que não existe prejuízo à formação moral do menor (art. 406, I). 
A Lei Complementar (LC) nº 150/2015 regula o trabalho em ambiente doméstico e trouxe 
também a vedação expressa à contratação dos indivíduos com idade inferior aos 18 anos para 
 
 
17 
este tipo de trabalho, visto que há uma situação de vulnerabilidade do adolescente a toda 
forma de abuso no ambiente laboral. 
2.5. Poder Familiar e o Direito à Convivência Familiar e Comunitária 
Os arts. 21 a 24 do ECA tratam especialmente do poder familiar, prestigiando os seguintes 
elementos: 
a) o princípio da isonomia: nos termos do art. 21 do ECA, o poder familiar será exercido 
em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, bem como em caso de discordância 
que poderão recorrer à autoridade judiciária para solução de eventual conflito; 
b) os deveres de pais: conforme muito bem aponta a doutrina, é um múnus público, 
irrenunciável, inalienável, imprescritível e tem como base fundamental e elemento 
nuclear o sustento, a guarda e a proteção material, bem como imaterial, ou seja, 
econômica e afetiva, previsto tanto no art. 22 do ECA quanto no art. 229 da CF; e 
c) a perda e a suspensão do poder familiar vêm disciplinadas no art. 24 do supracitado 
estatuto, e somente poderá ser pronunciada judicialmente em procedimento 
contraditório, nos termos dos arts. 155 a 163 do ECA. 
Haverá perda ou suspensão do poder familiar nas hipóteses previstas pelo Código Civil, 
em seus arts. 1.637 e 1.638, respectivamente, para suspensão e perda, ou no caso de 
descumprimento reiterado das obrigações previstas no art. 22 do ECA. 
Por fim, cumpre registrar que o art. 23 do referido estatuto destaca que a falta de recursos 
materiais não é motivo suficiente para a retirada da criança e ou do adolescente da família. 
Pois é o papel do Estado suprir as carências da família, com sustento, inclusive, participando 
através da implementação das políticas públicas, da criação e educação das crianças e 
adolescentes, fornecendo os meios necessários para garantia de seu pleno desenvolvimento. 
Nesse sentido, encontram-se os arts. 86, 87, 88 e 92 do ECA. 
Em relação ao direito à convivência familiar e comunitária, este encontra-se pautado no 
art. 19 do ECA que dispõe: “É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no 
seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência 
familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”. 
Referido dispositivo atende ao disposto no art. 226 da CF, no que tange ao direito à criação 
e educação no seio da família natural. 
 
 
18 
Não obstante, a redação do art. 19 do ECA, cumpre registrar que a ideia de proteção da 
criança e do adolescente no seu seio familiar natural foi reforçada pela denominada 
vulgarmente “Lei da Adoção”. 
A Lei nº 12.010/2009 prioriza a manutenção da criança e do adolescente na família natural 
em vários dispositivos, bem como passa a regular integralmente o procedimento de adoção. 
Porém, não é só: outras alterações ocorreram e dentre elas, as Leis nº 13.257/2016 e nº 
13.509/2017. 
Sendo assim, se faz necessária as seguintes anotações: 
I. tendo em vista o presente tratamento legislativo, as questões atinentes ao poder 
familiar, bem como as formas de colocação em família substituta devem ser analisados 
sempre buscando o resultado da proteção integral dos mesmos, ou seja, atendendo a 
sua condição peculiar, evitando assim, abusos cometidos por pais ou representantes 
legais; 
II. o conceito de “família natural” encontra-se alterada na modernidade, não incluído 
somente o seu conceito clássico decorrente do casamento civil; pode ser incluído 
conforme interpretação do art. 226 da CF, outras modalidades, quais sejam: 
 
I) família monoparental: aquela estabelecida entre um dos ascendentes e 
seus descendentes; 
II) família anaparental: é a família sem pais; 
III) família unipessoal: a pessoa que vive só; 
IV) família homoafetiva: é aquela constituída entre pessoas do mesmo sexo 
que convivem afetivamente; 
V) família mosaico ou pluriparental: aquela que tem várias origens; 
 
III. a Lei nº 12.010/2019 substitui a expressão “recolhimento a abrigo” por “acolhimento 
familiar e institucional” (art. 90, IV e § 3º). Trata-se de mecanismo que, sob a forma de 
guarda, objetiva reinserir o menor no convívio com a família natural. Não sendo 
possível, aí sim, encaminha-se para adoção. 
IV. toda e qualquer criança ou adolescente já inserido em programa de acolhimento familiar 
ou institucional deverá ter sua situação reavaliada periodicamente, cujo prazo máximo 
seja de 3 meses, devendo a autoridade judiciária competente, em posse de relatório 
elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, tomar a melhor decisão19 
fundamentada pela possibilidade de reintegrar a família ou a colocação a família 
substituta, quaisquer que sejam as modalidades, desde que previstas no art. 28 da 
supracitada lei (§ 1º); 
V. a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional 
não deverá exceder mais que 18 meses, exceto se for comprovada a necessidade de 
que haja superior interesse, desde que devidamente fundamentada pela autoridade 
judiciária (§ 2º); 
VI. em relação à mãe que não quer ficar com o filho e demonstre interesse em entregá-lo 
para adoção, previamente ou após o nascimento, esta deverá ser encaminhada à 
Justiça da Infância e da Juventude. São alguns desdobramentos (art. 19-A): 
I. o prazo para buscar a família extensa deverá ter o prazo máximo de 90 dias, 
prorrogáveis por igual período, em conformidade com o art 25 desta lei (§ 3º); 
II. quando ocorrer de não haver indicação do genitor e não existir outro 
representante da família extensa apto a receber a guarda, a autoridade 
judiciária competente deverá decretar a extinção do poder familiar, 
estabelecendo a colocação da criança sob a guarda provisória de 
responsável habilitado para a adoção ou entidade que desenvolva o 
programa de acolhimento familiar ou institucional (§ 4º); 
III. os detentores da guarda tem o prazo de 15 dias para propor a ação de 
adoção, iniciando-se a contagem no dia seguinte à data que terminou o 
estágio convivencial (§ 7º); 
IV. serão cadastrados para adoção os recém-nascidos e crianças acolhidas, 
porém, que não foram procuradas por suas famílias, desde que no prazo de 
30 dias, iniciando-se a contagem a partir do dia do acolhimento (§ 10); 
VII. programa de apadrinhamento: a criança e o adolescente inserido em programa de 
acolhimento institucional ou familiar, poderão participar de programa de 
apadrinhamento, que deverá conter as seguintes regras (art. 19-B): 
I) o apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao 
adolescente os vínculos externos à instituição com o objetivo de promover a 
convivência familiar e comunitária, além de visar a colaboração com o seu 
desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e 
financeiro (§ 1º); 
II) quanto às pessoas interessadas, poderão ser padrinhos ou madrinhas as 
pessoas com idade superior a 18 anos, ainda que não inscritas no cadastro 
 
 
20 
de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de 
apadrinhamento de que fazem parte (§ 2º); 
III) quanto às pessoas jurídicas que demonstrarem interesse, poderão 
apadrinhar criança ou adolescente com o objetivo de colaborar para o seu 
desenvolvimento (§ 2º); 
IV) o perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado deverá ser definido 
no âmbito de cada programa de apadrinhamento, priorizando cada criança 
ou adolescente com a remota possibilidade de ser reinserida em família ou 
colocada em família adotiva (§ 4º); 
VIII. o art. 20 veda qualquer distinção entre filhos legítimos e adotados, tendo esta 
prerrogativa a corroboração dos arts. 227, § 6º da CF, 1.596 do CC e 6º da Lei nº 
8.560/92. 
Mapa Mental 
 
 
Direitos 
Fundamentais
Vida e Saúde
Liberdade, 
respeito e 
dignidade
Educação, 
cultura, esporte 
e lazer
Profissionalização e 
proteção no 
trabalho
Poder familiar 
e convivência 
familiar e 
comunitária
 
 
21 
 
 
 
22 
Referências Bibliográficas 
AMIN, Andréa Rodrigues. Dos direitos fundamentais. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Direito fundamental à convivência familiar. 
Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Poder familiar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito 
da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
 
 
 
 
23 
3. Guarda 
Guarda é o direito-dever dos pais, ou de apenas um deles, em relação aos filhos, ou ainda 
de terceiros, quando a detém, de prestar assistência material, moral e educacional à criança 
e ao adolescente, obrando para que ele atinja a sua plenitude (art. 33 do ECA). 
A guarda tem suas reminiscências no direito civil, como colocaria do poder familiar, bem 
como gera para o guardião o dever ou responsabilidade no campo material, moral e 
educacional (MACIEL, 2019), podendo ser oposta contra terceiros, inclusive, contra os 
próprios pais (art. 1.566 do CC). 
Estes permanecem com o direito eventual de visitação, bem como com o dever de prestar 
assistência material como os alimentos. A guarda gera dependência para todos os fins, 
inclusive os previdenciários (art. 33, § 1º do ECA). 
Porém, para o Direito da Criança e do Adolescente, a guarda tem o condão, ou seja, a 
natureza jurídica de medida de proteção (art. 101, VIII do ECA), ou forma de colocação em 
família substituta, ao lado da tutela e da adoção (art. 28 do ECA). 
Dois são os pontos relevantes do instituto da guarda: o primeiro deles é que a referida 
medida pode ser considerada como regularização de posse de fato, ou seja, pode ser deferida 
de forma emergencial na falta dos pais e dos representantes legais, por meio de processo 
judicial; já o segundo aspecto, cumpre registrar que a implementação da guarda não extingui 
o poder familiar, pois ambos podem ser conjugados concomitantemente, inclusive, com o 
mantenimento da obrigação alimentar, quando houver guarda de terceiro (art. 33, § 4º, ECA). 
São as seguintes hipóteses de cabimento de guarda: 
a) Provisória (art. 33, § 1º do ECA): é uma guarda para regularizar a 
situação de fato, ou seja, nos casos de tutela e adoção, enquanto não 
decidida a ação principal. 
Tal situação pode e deve ser utilizada para regularização da posse de estado de filho, 
bem como não cabe nos procedimentos de adoção internacional; 
b) Guarda para atender situações peculiares (art. 33, § 2º do ECA): tem 
caráter eminentemente provisório, desde que suprida à eventualidade. 
 
 
24 
Referida hipótese se aplica fora dos casos de adoção e tutela, com o objetivo de atender 
situações peculiares que, em regra, estão afastadas do convívio familiar, bem como não há 
interesse de ninguém por sua adoção ou tutela, e a guarda é, muitas vezes, a solução possível 
para que a criança e o adolescente viva no âmbito familiar e não em uma instituição. 
A permanência da criança em guarda é preferencial ao seu acolhimento institucional. 
O acolhimento familiar também é preferencial em relação ao acolhimento institucional estas 
formas de acolhimento foram estabelecidas na recente alteração do ECA, da lei 12.010/2009, 
e as características primordiais são a excepcionalidade e a provisoriedade. 
Esta modalidade de guarda poderá se dar de duas maneiras: 
I) definitiva ou permanente (art. 33, § 2º, ECA), que, geralmente concedida quando a 
guarda é pleiteada por um parente próximo; ou 
II) especial ou peculiar (art. 33, § 2º, ECA), que se assemelha ao direito de 
representação; é uma guarda concedida para a prática de um ato determinado. 
 
c) Guarda para suprir a falta eventual dos pais (art. 33, § 2º, ECA): tem caráter 
eminentemente provisório desde que suprida à eventualidade, ou seja, é utilizada em 
situações singulares de ausência dos pais, como por exemplo, uma viagem. 
Em continuidade, o poder público poderá estimular subsídios e incentivos fiscais. O 
acolhimento de criança e adolescentes privados da convivência familiar, sob a forma de 
guarda, como por exemplo, a isenção de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), em 
Lorena (art. 34, ECA). 
Então, em conformidade com o art. 32 do ECA, fica disposto que ao assumir a guarda ou 
a tutela, o responsável deverá prestar compromisso de bem e desempenhar fielmente o seu 
cargo, mediante o termo nos autos. Contudo, a decisão do juiz que deferir a guarda não faz 
coisa julgada material, podendo, portanto, ser revista a qualquer momento.Tanto é assim que 
a mesma decisão poderá ser concedida liminarmente, ou incidentalmente em procedimentos 
de tutela ou adoção (TAVARES, 2019). 
Por fim, a extinção da guarda somente poderá ser revogada mediante ato judicial 
fundamentado, ouvido o Ministério Público, sempre tendo como preocupação o bem do menor, 
pois a decisão que defere a guarda não faz coisa julgada material (art. 35, ECA). 
 
 
25 
Sendo assim, podendo ser revogada a qualquer tempo, por decisão judicial fundamentada, 
no interesse da criança e do adolescente, a revogação pode se dar nos mesmos autos em 
que ela foi concedida e pode requerer quem tenha legítimo interesse ou mesmo o Ministério 
Público (MACIEL, 2019). 
Logo, sendo a guarda exercida de forma compatível com o poder familiar, haverá direito 
9dever) de visitas e de alimentos (art. 33, § 4, ECA). A guarda subsidiária vem disciplinada 
pelo art. 34 do ECA. 
A fixação da competência para decidir a questão da guarda depende da observância do 
art. 148 do supracitado estatuto. Desta forma, envolve-se as hipóteses do art. 98 do estatuto 
(situação de risco), logo, a competência é da Vara da Infância e Juventude. Nos demais casos, 
seguirá para a Vara da Família. 
 
 
26 
Mapa Mental 
 
 
 
G
U
A
R
D
A
Assistência
Material
Moral
Educacional
Direito-dever
Dos pais
De terceiros (quando 
detém a guarda)
Provisória
Situações Peculiares
definitiva ou 
permanente
especial ou peculiar
Falta eventual dos pais
 
 
27 
Referências Bibliográficas 
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Guarda. Curso de Direito da Criança e do 
Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Poder familiar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito 
da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
TAVARES, Patrícia Silveira. As medidas pertinentes aos pais, responsáveis ou outras pessoas 
encarregadas do cuidado de crianças e adolescentes. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
 
 
 
 
28 
4. Tutela 
É um instituto eminentemente decorrente do Direito Civil que pode ser conceituado como 
poderes decorrentes de uma decisão judicial para reger a pessoa do incapaz (até 18 anos), 
bem como para administrar seus bens. Desta forma, a tutela se destina a suprir o poder 
familiar oriundo da perda ou suspensão do poder familiar (MACIEL, 2019). 
Uma das grandes diferenças da guarda para a adoção é o pressuposto de constituição, 
em que refere perda ou suspensão do poder familiar e, sendo assim, ambos os institutos não 
são conciliáveis entre si (MACIEL, 2019). 
A finalidade da tutela é dupla, ou seja, tanto protege a pessoa do incapaz, como também 
administra os bens decorrentes do patrimônio deste, sendo que, em decorrência do exposto, 
uma vez sendo solicitada a prestação de contas, esta deverá ser apresentada, aplicando-se 
a tutela do regramento previsto entre os arts. 1.728 a 1.766 do CC, pois o ECA não 
regulamentou a mesma de forma adequada. 
Nos termos do art. 1.728 do CC, podem ser postos sob tutela os filhos, nas seguintes 
situações: 
a) com o falecimento dos pais; 
b) sendo estes julgados ausentes; 
c) em caso de os pais decaírem do poder familiar; e 
d) crianças recém-nascidas expostas (abandonadas). 
A natureza jurídica da tutela, conforme parte da doutrina refere, se trata de uma 
substituição dos genitores, por este motivo há a responsabilidade do tutor em fornecer todo o 
cuidado ao tutelado, dando toda a assistência devida. 
São espécies de tutela: a testamentária (art. 1.729 do CC); a legítima (art. 1.731 do 
CC); a dativa (art. 1.732 do CC), bem como a de menores abandonados (art. 1.723 do CC). 
São características referentes à tutela: o encargo obrigatório, ressalvadas as 
hipóteses previstas entre os arts. 1.736 a 1.739 do CC, bem como a função instável, pois o 
tutor, uma vez iniciado seu encargo, pode se escusar, conforme consta nas hipóteses do art. 
1.766 do CC. 
 
 
29 
Quanto à capacidade para exercer a tutela, todos aqueles que possuem capacidade 
civil plena, poderá fazê-la, porém, não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso 
a exerçam as atividades previstas no art. 1.735 do CC. 
Por fim, o exercício da tutela está regulamentado entre os arts. 1.740 a 1.742 do CC, 
que atribui ao tutor as diversas responsabilidades. Porém, o princípio que deve ser observado 
é o binômio proteção patrimonial e moral, que permeia todo o encargo do tutor. 
Importante frisar, por derradeiro, que uma das atribuições fundamentais está prevista no art. 
1.756 do CC, posto estabelecer que, ao findar-se cada ano de administração, os tutores 
deverão ser submetidos ao juiz e encaminhar-lhe o balanço respectivo ao período, que, após 
aprovação, será anexado aos autos do inventário. 
É importante ainda ressaltar que, temos as providências a serem tomadas em relação 
à autorização para viajar (SANTOS, 2019). É o que trata o art. 83 do ECA, que dispõe o 
seguinte: 
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis) anos poderá 
viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos 
responsáveis sem expressa autorização judicial. 
§ 1º. A autorização não será exigida quando: 
a) tratar-se de comarca contígua à residência da criança ou do adolescente 
menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da Federação, ou 
incluída na mesma região metropolitana; 
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver 
acompanhado: 
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado 
documentalmente o parentesco, e 
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. 
§ 2º. A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsáveis, 
conceder autorização válida por dois anos. 
Por fim, damos continuidade às observações aos dispositivos do ECA, cujo conteúdo 
segue, in verbis: 
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, 
se a criança ou adolescente: 
 
 
30 
I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; 
II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro 
através de documento com firma reconhecida. 
Vale observar que, por derradeiro, em relação ao art. 84, supramencionado, o art. 85 
do ECA determina que, se não houver previamente uma autorização judicial expressa, 
permitindo que a criança ou adolescente nascido em território nacional, nenhuma delas poderá 
sair, em qualquer hipótese, do País, seja em companhia de estrangeiro residente ou 
domiciliado no exterior. 
Mapa Mental 
 
 
 
Tutela
Direito Civil
Decisão judicial
Proteção do 
incapaz
Administração de 
bens patrimoniais
Situações
Falecimento dos 
pais
Pais ausentes
Perda do poder 
familiar
Recém-nascidos 
expostos
 
 
31 
Referências Bibliográficas 
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Poder familiar. Curso de Direito da Criança e 
do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Tutela. In; MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da 
Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
SANTOS, Ângela Maria Silveira dos. Prevenção. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
 
 
 
 
32 
5. Adoção 
Nos termos do apregoado pela doutrina majoritária, a adoção sofreu uma grande evolução 
nas últimas décadas, tempo em que originalmente servia somente para realocar o infanto até 
quando houver a possibilidade de mantenimento deste pela família natural. 
Tal justificativa tem como fundamento que, atualmente, o referido procedimento de 
alocação em família substituta tem como objetivo maior, o direito fundamental à convivência 
familiar (art. 227 da CF), bem como analisar as condições pela qual a causa de pedir deve ser 
lidima e incólume, pois, acima de tudo, a adoção constitui não somente um ato de acolhimento,mas sim, um ato de amor (art. 43 do ECA). 
Quanto a entrada em vigor do CC de 2002, muito se discutiu revogação de alguns 
dispositivos do ECA, pois havia algumas importantes inovações estabelecidas. Porém, a 
referida questão foi sepultada com a entrada em vigor da Lei nº 12.010/2009, que revogou 
expressamente o regramento na legislação civilística, passando o ECA a regulamentar a 
adoção, integralmente (BORDALLO, 2019). 
Isto posto, e em conformidade com o art. 39, § 1º do ECA, a adoção é uma medida 
excepcional e é irrevogável, à qual se deve recorrer somente quando forem esgotados todos 
os recursos de manutenção da criança, o que significa dizer que, reitera-se o entendimento 
da prevalência do infanto no ambiente familiar natural, assim como também se confirma a 
impossibilidade de retomada do status quo ante, haja vista ter sido transitado em julgado o 
procedimento do processo de adoção (MACIEL, 2019). 
Por fim, não obstante haver para os presentes requisitos específicos, cumpre registrar que, 
os aspectos gerais de colocação em família substituta não são descartados, na medida em 
que essa família não será deferida nos termos do art. 29 do ECA (MACIEL, 2019). 
 
 
 
33 
Mapa Mental 
 
 
 
Adoção Medida excepcional
Irrevogável
Esgotados recursos de manutenção da criança 
(família natural)
 
 
34 
Referências Bibliográficas 
BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. Adoção. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Poder familiar. Curso de Direito da Criança e 
do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Regras gerais do procedimento de colocação em família substituta. In: MACIEL, Kátia 
Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: 
Saraiva, 2019. 
 
 
 
 
35 
6. Prevenção 
Nos termos do art. 70 do ECA, todos devem prevenir a ocorrência de qualquer tipo de 
ameaça ou violação dos direitos pertinentes à criança e ao adolescente. Todavia, há ainda a 
prevenção especial quanto à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões e aos 
espetáculos, como vermos a seguir (SANTOS, 2019). 
Conforme o art. 74 do ECA, o poder público deverá regular as diversões e espetáculos 
públicos, através de órgãos competentes para tal, informando acerca da natureza e faixas 
etárias quanto à recomendação, aos locais e aos horários em que sua apresentação se mostre 
fora dos padrões de adequação. 
Ademais, os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos devem providenciar 
avisos afixados em lugares visíveis e de fácil acesso, incluindo, entrada dos locais de exibição, 
informação com destaque acerca da natureza do espetáculo e a faixa etária que especifica os 
limites, no certificado de classificação. 
O art. 75 do mesmo estatuto determina que toda a criança ou adolescente deverá ter 
acesso às diversões e espetáculos públicos, desde que classificados em conformidade com 
a adequação de sua faixa etária. 
Acrescenta-se ainda que as crianças com idade inferior a 10 anos poderão ingressar e 
permanecer nos locais de apresentação ou exibição, somente quando estiverem 
acompanhadas dos pais ou dos responsáveis (TAVARES, 2019). 
Cabe observar aqui que a criança tem direito constitucional e garantias pelo estatuto, com 
fundamento em pilares básicos, já mencionados anteriormente, ou seja: são sujeitos de direito; 
se encontram em condição de pessoa em desenvolvimento, portanto, dispostos à uma 
legislação especial; e possuem absoluta prioridade na garantia de seus direitos, sobretudo, os 
fundamentais (AMIN, 2019). 
Já o art. 76 do ECA estabelece que as emissoras de rádio e televisão exibirão, 
limitadamente, no horário recomendado para o público infanto juvenil, os programas de cuja 
finalidade seja educativa, artística, cultural e informativa, observando que não haverá 
espetáculo que poderá ser apresentado ou anunciado sem o prévio aviso de sua classificação, 
antes de sua transmissão, apresentação ou exibição. 
O art. 77 do mesmo estatuto dispõe que os proprietários, diretores, gerentes e funcionários 
empresariais que visem a exploração com venda ou locação de fitas de programação em 
 
 
36 
vídeo, deverão estar atentos e tomar as devidas cautelas para que não haja venda ou locação 
em desacordo com o limite classificatório atribuído pelo órgão competente. Tais meios de 
reprodução deverão exibir em seu invólucro, as devidas informações acerca da natureza da 
obra e faixa etária a que se destinam. 
Um ponto a ser observado quanto a esse dispositivo é o fato de que, atualmente, é rara a 
utilização de fitas para reprodução de gravações por ser um recurso ultrapassado. Logo, por 
analogia, servirá o disposto para as atuais mídias ou redes sociais, meios pelos quais são 
reproduzidas as gravações exploratórias de programações em vídeo. 
Seguindo ao raciocínio regulamentar, o art. 78 do ECA trata das revistas e publicações 
cujo conteúdo trata de material impróprio ou inadequado para crianças e adolescentes. Esses 
materiais deverão ser comercializados com embalagem lacrada, observando por meio de 
advertência acerca de seu conteúdo, sobretudo, há de ser observado que as editoras deverão 
cuidar para que as capas de cuja mensagens de cunho pornográfico ou obsceno, devam ser 
protegidas com embalagens opacas. 
Já o art. 79 do estatuto determina que as revistas e as publicações que visam o alcance 
do público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotos, legendas, crônicas ou 
qualquer tipo de anúncio que envolva bebida alcoólica, tabagista, armadas e respectivas 
munições, além de dever respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
Por fim, o art. 80 do ECA dispõe que os responsáveis pelos estabelecimentos que 
objetivam explorar comercialmente jogos como bilhar, sinuca ou congênere, ou ainda, por 
casas de jogos, entendendo-se aquelas que realizem qualquer tipo de aposta, deverão cuidar 
para que não se permita a entrada, muito menos a permanência de crianças e de adolescentes 
no local, devendo ainda, afixar o aviso para orientar ao público sobre a medida. 
 
 
 
 
37 
Mapa Mental 
 
 
 
Prevenção
Regulamentação 
pelo Poder 
Público
Da ameaça à 
criança e 
adolescente
De violação aos 
direitos da 
criança e 
adolescente
 
 
38 
Referências Bibliográficas 
AMIN, Andréa Rodrigues. Doutrina da proteção integral. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira 
Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
SANTOS, Ângela Maria Silveira dos, Prevenção. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
TAVARES, Patrícia Silveira. As medidas de proteção. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
 
 
 
 
39 
7. Política de Atendimento 
Regulamentada pelos arts. 86 a 89 do ECA, a política de atendimento trata da coordenação 
das ações dos entes governamentais e das organizações não-governamentais para o 
atendimento às crianças e aos adolescentes (art. 86). 
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-
se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do distrito Federal e dos municípios. 
As referidas ações envolvem a formulação e a implantação de atos sociais 
fundamentais, prestação de serviços especiais como meio preventivo e atendimento médico 
e psicossocial aos indivíduos vitimados pela negligência, maus-tratos, abuso e opressão, entre 
outros (art. 87), como se vê: 
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: 
I – políticas sociais básicas; 
II – serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia 
de proteção social e de prevenção e redução de violaçõesde direitos, seus 
agravamentos ou reincidências; 
III – serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às 
vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 
IV – serviço de identificação e localização de pais, responsáveis, crianças e 
adolescentes desaparecidos; 
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e 
do adolescente; 
VI – políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de 
afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à 
convivência familiar de crianças e adolescentes; 
VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças 
e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente 
inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades 
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. 
A regulamentação determinada pelo ECA também orienta a criação e a manutenção 
dos serviços que visam a localização dos pais, das crianças e adolescentes desaparecidos, 
assim como também objetiva a proteção em caráter jurídico e social, cujos atos são de 
responsabilidade das entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente. 
 
 
40 
Sendo assim, tem-se como orientação à política de atendimento o seguinte rol, in verbis: 
Art. 88. [...] 
I – municipalização do atendimento; 
II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da 
criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em 
todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de 
organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; 
III – criação e manutenção de programas específicos, observada a 
descentralização político-administrativa; 
IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos 
respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; 
V – integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, 
Defensoria, Segurança Pública e Assistência social, preferencialmente em um 
mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a 
quem se atribua autoria de ato infracional; 
VI – integração operacional de órgãos o Judiciário, Ministério Público, 
Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais 
básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de 
crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou 
institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se 
tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família 
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; 
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos 
diversos segmentos da sociedade; 
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham 
nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os 
conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil; 
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e 
do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e 
do adolescente e seu desenvolvimento integral; 
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre 
prevenção da violência. 
Nota-se que o legislador federal estabeleceu a norma constante no ECA de forma que 
haja articulação de atividades de atendimento voltadas às crianças e aos adolescentes 
incumbido ao Estado e a sociedade (TAVARES, 2019). 
 
 
41 
Ademais, o conjunto de dispositivos dedicados à política de atendimento também 
abarca as ações e as instruções que direcionam a todos os envolvidos neste processo, para 
que, ao final, se obtenha um rol de funções que alcancem e supram ao máximo as 
necessidades das crianças e adolescentes. 
Cabe lembrar que a política de atendimento à criança e adolescente tem por base 
fundamental o respeito aos princípios normativos presentes na Constituição Federal, que trata 
da dignidade da pessoa humana, “reconhecendo cada indivíduo como centro autônomo de 
direitos e valores essenciais à sua realização plena como pessoa” (AMIN, 2019). 
Deve-se considerar também os princípios que orientam ao próprio estatuto, posto que tratam 
da prioridade absoluta, do superior interesse e da municipalização, conceituados da seguinte 
forma (AMIN, 2019): 
 prioridade absoluta: trata-se de princípio disposto no art. 227 da CF e previsto nos 
arts. 4º e 100, parágrafo único, II do ECA, impondo ao Estado a obrigação de 
determinar e promover políticas públicas que incluam projetos e programas para 
atendimento à criança, de forma a atender às suas necessidades específicas e com 
vistas a assegurar que seu desenvolvimento seja integral; 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, á 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
 superior interesse: este é o princípio que norteia os atos direcionados à toda criança 
e adolescente na preservação de suas necessidades como prioridade, inclusive, 
quando dos casos de litígios familiares, à luz da legislação nacional; 
 municipalização: em se tratando de garantias fundamentais, este é o princípio que 
não está relacionado diretamente àquelas específicas da criança e do adolescente, 
porém, é o princípio pilar que norteia as políticas de atendimento específicas e 
constantes no ECA, cujo objetivo é responsabilizar aos entes federativos e à União 
quanto a disciplina das normas gerais e coordenativas dos programas em tela. 
Tais conceitualizações delineiam a teoria da proteção integral, pois envolvem as linhas de 
atendimento quanto às políticas de garantia de direitos, proteção especial, bem como à 
assistência básica. 
 
 
42 
Vale destacar que a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, pautados no 
princípio da proteção integral, reconhece os direitos fundamentais da criança e do adolescente 
constantes no art. 227 de nossa CF, como mencionado anteriormente, e do ECA. 
Ademais, o atendimento direcionado à criança e ao adolescente, assim como a proteção 
aos seus direitos devem ser tratados de forma plena e com a máxima prioridade devido ao 
fato de serem sujeitos vulneráveis e em fase de desenvolvimento. 
Mapa Mental 
 
 
 
POLÍTICA DE 
ATENDIMENTO
Entes
Governamentais
Não-
governamentais
Criança e 
adolescente
Proteção 
integral
Prioridade 
absoluta
Superior 
Interesse
Municipalização
 
 
43 
Referências Bibliográficas 
AMIN, Andréa Rodrigues. Evolução histórica do direito da criança e do adolescente. In: 
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do 
Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
TAVARES, Patrícia Silveira. A política de atendimento. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira 
Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Princípios orientadores do direito da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia 
Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: 
Saraiva, 2019. 
 
 
 
 
44 
8. Conselhos da Criança e do Adolescente 
Conforme o art. 88, II do ECA, os Conselhos da Criança e do Adolescente são os “órgãos 
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular 
paritária, por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e 
municipais”. 
Os referidos conselhos atuam na formulação e acompanhamento da execução das 
políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente, além de setratar de órgão 
fiscalizador do cumprimento normativo com o objetivo de garantir que seja respeitado o 
princípio da dignidade da pessoa humana (TAVARES, 2019). 
Cabe ressaltar ainda que os conselhos são constituídos por representantes 
governamentais e da sociedade civil, e possuem vínculos com o governo estadual ou 
municipal, tendo em vista a incumbência da responsabilidade administrativa. 
Ainda que haja tais vínculos, os conselhos são autônomos para desempenhar as suas 
atividades bem como para acionar os Conselhos Tutelares, Delegacias de Proteção Especial, 
bem como o Ministério Público, a Defensoria Pública e os Juizados Especiais pertinentes, 
destinados à proteção da criança e do adolescente. 
Vale lembrar que o Conselho Tutelar é um órgão de cujos poderes possuem características 
de autonomia, porém, não se trata de total independência, ausência restritiva ou controladora, 
posto que seus mecanismos legais de cunho fiscalizatório, trata das questões de mérito nas 
suas decisões e trata da atuação individual de seus membros (TAVARES, 2019). 
Pelo exposto e com base no art. 89 do estatuto, descreve-se a função dos membros dos 
conselhos de fundamental interesse público, in verbis: “A função de membro do conselho 
nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é 
considerada de interesse público relevante e não será remunerada”. 
Há de se observar que no mesmo dispositivo se faz a referência de que é vedada a 
remuneração dos conselheiros de direito, posto que suas atividades possuem caráter político 
e transitório, impedindo, portanto, que a função promova a garantia de sustento de seus 
componentes (TAVARES, 2019). 
A doutrina refere que os Conselhos, caracterizados como órgãos da esfera do Poder 
Executivo, posto a sua capacidade de decidir quando dos assuntos da criança e do 
adolescente, logo, e por este motivo, não se pode ter o colegiado constituído por 
 
 
45 
representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como também não pode o Ministério 
Público (BORDALLO, 2019). 
Para que todos os atos mencionados e direcionados ao atendimento e à proteção à criança 
e ao adolescente sejam garantidos, foi necessário o estabelecimento da formação dos 
conselhos com a criação de órgãos, composição paritária e dos membros, bem como a criação 
das normas de gestão, funcionamento, deliberações e controle, em conformidade ao ECA. 
Por fim, é de extrema importância destacar que, à luz da legislação nacional, seja 
estabelecida de forma plena a política de atendimento à criança e ao adolescente com vistas 
a garantir que todos os direitos constantes da nossa Carta Maior, em seu art. 227, seja 
aplicado. Cabe aqui repetir o texto constitucional em tela: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, á 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
 
 
46 
Mapa Mental 
 
 
 
CONSELHO DA 
CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
Criança e 
adolescente
Políticas públicas
Formulação Execução Fiscalização
 
 
47 
Referências Bibliográficas 
BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. Ministério Público. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira 
Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
TAVARES, Patrícia Silveira. O conselho tutelar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo 
Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia Regina 
Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 
2019. 
 
 
 
 
48 
9. Fundos Nacional, Estadual, Distrital e Municipal dos Direitos 
da Criança e do Adolescente 
Com fulcro ao art. 260 do ECA, os Fundos Nacional, Estadual, Distrital e Municipal de 
atenção às crianças e aos adolescentes são mecanismos públicos que organizam e 
descentralizam o orçamento pertinente às entidades públicas que atuam com vistas a manter 
a clareza quanto ao destino dos recursos públicos. 
O principal objetivo dos referidos fundos públicos é administrar as finanças e destinar aos 
projetos que atuem nas garantias promocionais, protetivas e defensivas do direito da criança 
e do adolescente. 
O orçamento supracitado envolve os recursos obtidos para fins específicos e são 
investidos em benefício das crianças e dos adolescentes sob monitoramento e fiscalização 
dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente (TAVARES, 2019). 
Os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, também conhecido por Fundos da 
Infância e da Adolescência (FIA) é parte das diretrizes estabelecidas para a política de 
atendimento, considerados pela doutrina como fundos especiais, cujos motivos serão 
elucidados adiante (TAVARES, 2019). 
A caracterização específica destes fundos se dá pelo fato de que parte dos recursos 
financeiros advindos do Poder Público são administrados de forma distinta aos demais 
recursos, tendo em vista que, a regra é ingressar para os cofres públicos por uma única via 
que é a Fazenda Pública. Esta, por sua vez, está incumbida de distribuir os valores em 
conformidade com o grau de prioridade governamental. 
Sendo assim, para o caso do FIA, sendo receita de fundos especiais, eles possuem sua 
própria conta e tem somente a permissão para aplicar tais valores naquilo que trata de bens 
ou serviços determinados antecipadamente e especificamente para esse fim, desde que 
deliberadas pelos Conselhos de Direitos de seus respectivos governos, ou seja: “Os fundos 
especiais têm como fundamento a necessidade de tornar certa a destinação de recursos 
financeiros para áreas entendidas como de especial relevância, e ainda facilitar a captação e, 
de certo modo, a aplicação destes recursos” (TAVARES, 2019). 
Em outros termos, isto significa dizer que o art. 88, II, parte final do ECA dispõe sobre os 
atos deliberativos dos Conselhos de direito, bem como o controle das políticas públicas dos 
 
 
49 
governos pertinentes aos atos que incluem a administração dos fundos públicos. É como se 
vê: 
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 
[...] 
II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da 
criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em 
todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de 
organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; 
[...] 
Tais deliberações deverão seguir em conformidade com o art. 87 do ECA, ou seja, em 
respeito às regras de ação da política de atendimento da criança e do adolescente, mediante 
a adequada utilização metodológica da identificação das demandas: 
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: 
I – políticas sociais básicas; 
II – serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia 
de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus 
agravamentos ou reincidências; 
III – serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às 
vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 
IV – serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e 
adolescentes desaparecidos; 
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e 
do adolescente; 
VI – políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de 
afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à 
convivência familiar de crianças e adolescentes; 
VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças 
e adolescentes de afastamento do convívio familiare a garantir o efetivo 
exercício do direito á convivência familiar de crianças e adolescentes. 
Isto posto, cabe frisar que as ações determinadas pela legislação e destinadas aos 
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente com vistas ao controle da política de 
atendimento possuem duas características, ou seja, tem responsabilidade gestacional dos 
 
 
50 
referidos fundos públicos e, na seara Municipal, o registro das entidades de atendimento ao 
público infanto-juvenil de caráter não governamental, bem como a inscrição dos programas 
estabelecidos no ECA, em seu art. 90, in verbis: 
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das 
próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas 
de proteção e sócio-educativas destinados a criança e adolescentes, em 
regime de: 
I – orientação e apoio sócio-familiar; 
II – apoio sócio-educativo em meio aberto; 
III – colaboração familiar; 
IV – acolhimento institucional; 
V – prestação de serviços à comunidade; 
VI – liberdade assistida; 
VII – semiliberdade; e 
VIII – internação. 
[...] 
Esclarecidos os pontos principais que norteiam as diretrizes dos fundos públicos 
destinados à criança e ao adolescente, cabe enfatizar que o ECA determina a regulamentação 
específica para tratar dos Fundos Públicos destinados à criança e ao adolescente, tendo em 
vista que em seu art. 88, IV, estabelece e distribui o procedimento de gestão dos Conselhos 
dos Direitos, bem como os arts. 154 e 214 determinam os atos do Juiz da Infância e da 
Juventude, o art. 260 trata dos Fundos no Imposto de Renda e, os arts. 260-A a 260-L dispõem 
sobre as regras operacionais de doações e transparência na administração das verbas. 
Porém, é importante observar que a regulamentação legal é de competência da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ou seja, os fundos públicos são regulamentados 
por leis “de iniciativa das chefias dos respectivos Poderes Executivos, aos quais competirá, 
também, a edição de decretos ou portarias com o objetivo de regulamentar o seu 
funcionamento” (TAVARES, 2019). 
 
 
51 
Já a gestão dos fundos é de competência exclusiva dos conselhos de direito, em 
conformidade com os arts. 88, IV, 214, 260 e 260-I do ECA, posto que, como dito 
anteriormente, trata-se de órgãos de poder deliberativo e controlador das ações políticas de 
atendimento, como se vê: 
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 
[...] 
IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos 
respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; 
[...] 
 
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos 
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município. 
[...] 
 
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da 
Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, 
devidamente comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do imposto 
de renda, obedecidos os seguintes limites: 
[...] 
 
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, 
estaduais, distrital e municipais divulgarão amplamente à comunidade: 
I – o calendário de suas reuniões; 
II – as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança 
e ao adolescente; 
III – os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com 
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, 
estaduais, distrital ou municipais; 
IV – a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos 
recursos previstos para implementação das ações, por projeto; 
 
 
52 
V – o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto 
atendido, inclusive com cadastramento na base de dados do Sistema de 
Informações sobre a Infância e a Adolescência; e 
VI – a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos 
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital 
e municipais. 
Assim, no que diz respeito às atribuições da gestão dos Fundos dos Direitos da Criança 
e do Adolescente, temos como principais as seguintes: 
 plano de ação: consiste diagnóstico, planejamento, organização e arrolamento dos 
programas os quais devem ser investidos por ordem prioritária; 
 plano de execução: consiste no estudo e disponibilização dos meios determinados 
pelo plano de ação, respeitadas as normas, formas, prazos, objetivos, órgãos e 
distribuição. 
Juntamente aos referidos planos, é importante que se tenha o controle da perfeita sintonia 
e execução do plano de ação, bem como a utilização dos recursos financeiros destinados para 
estes fins, bem como a efetividade dos programas e projetos para os quais o planejamento se 
propôs. 
Assim, as ações advindas dos Conselhos governamentais destinadas aos direitos da 
criança e do adolescente se pautam no art. 95 do ECA, posto estarem sujeitas à fiscalização 
do Poder Judiciário, bem como do Ministério Público e dos Conselhos Tutelares (BORDALLO, 
2019), in verbis: “Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 
90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. ” 
Em suma, vale frisar que os Conselhos de Direito deverão organizar o controle das 
atividades pertinentes aos Fundos mediante a solicitação de prestação de contas periódicas, 
bem como realizar os diagnósticos acerca do andamento e execução dos programas e 
projetos constantes dos planos de ação e respectivas fiscalizações para que as medidas 
cabíveis sejam tomadas ao serem constatadas as irregularidades. 
 
 
 
 
53 
Mapa Mental 
 
 
 
FUNDOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE
Entes federativos
Conselhos de Direitos da 
Criança e do 
Adolescente
Deliberações e 
metodologia
Descentralização 
orçamentária
Gestão dos Fundos
Fiscalização
Judiciário
Ministério Público
Conselhos Tutelares
 
 
54 
Referências Bibliográficas 
BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. O Poder Judiciário. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira 
Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
TAVARES, Patrícia Silveira. A política de atendimento. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira 
Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 
______. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia Regina 
Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 
2019. 
 
 
 
 
55 
10. Entidades de Atendimento 
As Entidades de Atendimento são aquelas cujo objetivo é a atenção às crianças e aos 
adolescentes os quais se encontram em situações de vulnerabilidade quanto ao risco pessoal 
ou social em decorrência da violação de seus direitos. 
Trata-se da linha de ação cuja regulamentação às referidas entidades se faz constar no 
art. 87 do ECA, caracterizadas por: 
[...] conjunto de ações destinadas ao amparo de criança e de adolescentes que, 
em razão de situação específica de vulnerabilidade social, são credoras de 
estratégias de atuação que extrapolam as possibilidades de ação eficaz das 
políticas básicas (TAVARES, 2019). 
Isto significa dizer que, o atendimento voltado a essas crianças e esses adolescentes 
é decorrente de suas necessidades pelas condições específicas de vulnerabilidade, seja por 
conta da ação ou da omissão social ou Estatal, como também pode ser decorrente da 
ausência, omissão ou do abuso de seus pais ou responsáveis. 
O referido atendimento também trata dos infanto-juvenis que se enquadrem no art. 98 
do ECA, ou seja, estão em condições de riscos em razão de suas condutas, como se vê: 
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis 
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II – por falta, omissão ou

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