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1 OAB Estatuto da Criança e do Adolescente 2 Sumário 1. Conceito de Criança e Adolescente e Prioridades ....................................................... 5 2. Direitos Fundamentais .................................................................................................... 9 3. Guarda ............................................................................................................................ 23 4. Tutela .............................................................................................................................. 28 5. Adoção ........................................................................................................................... 32 6. Prevenção ...................................................................................................................... 35 7. Política de Atendimento ............................................................................................... 39 8. Conselhos da Criança e do Adolescente .................................................................... 44 9. Fundos Nacional, Estadual, Distrital e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ......................................................................................................................... 48 10. Entidades de Atendimento .......................................................................................... 55 11. Conselho Tutelar .......................................................................................................... 59 12. Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis ....................................................... 64 13. Ato Infracional .............................................................................................................. 69 14. Medidas Socioeducativas ........................................................................................... 74 15. Acesso à Justiça .......................................................................................................... 81 16. Procedimentos do Estatuto da Criança e do Adolescente ...................................... 86 18. Medidas de Proteção ................................................................................................. 109 19. Lei nº 13.431 de 2017 – Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente Vítima ou Testemunha de Violência ................................................................................. 113 20. Lei nº 13.257 de 2016 – Estatuto da Primeira Infância ............................................ 120 3 Apresentação Olá, caro (a) estudante! O período de dedicação e preparação para uma prova de concurso público é uma jornada árdua e trabalhosa. Pensando nisso, elaboramos esta Apostila com toda dedicação e atenção que você merece. O seu conteúdo foi criado com todo o rigor necessário para sua utilização como material de apoio ao estudo para todas as pessoas que almejam prestar concursos e/ou realizar o exame da ordem. Os conteúdos citam fontes confiáveis, atualizadas e completas sobre os mais variados temas em Direito e foram elaborados por profissionais com experiência em ensino e prática jurídica. O material está organizado hierarquicamente (em modo decrescente de hierarquia: Temas, Tópicos e Subtópicos). Essa estrutura permite a exploração organizada dos conteúdos da disciplina e agrupam os objetos do conhecimento que se relacionam, conferindo uma leitura mais fluida e orgânica. Mapas mentais, que são um método de memorização e organização do conhecimento adquirido, foram desenvolvidos ao final de cada Tema com o objetivo de facilitar o aprendizado dos conteúdos estudados. Assim, vale ressaltar inicialmente que, antes mesmo da entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, o Brasil já era o signatário de uma vasta gama de documentos internacionais que verificam a proteção da criança e do adolescente. Contudo, somente em 1988 a referida questão obteve a implementação efetiva da proteção integral como direito fundamental, resultando na aprovação da Lei nº 8.069 de 1990, intitulado Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta a matéria, suprindo a lacuna legislativa anteriormente deixada pelo chamado Código de Menores, de 1979. Também chamado pela sua abreviação, ECA, o referido estatuto dispõe no parágrafo único do artigo 3º o conteúdo legal que demonstra a sua abrangência e aplicação, posto que atinge, sem distinção, às crianças e adolescentes, independentemente de seu nascimento, condição familiar ou econômica, idade, sexo, origem racial ou étnico, cor, religião ou crença, ambiente social, naturalidade, residência ou comunidade a qual se encontrem. 4 Isto posto, desenvolveu-se esta apostila cujo objetivo é estudar os conceitos da criança e do adolescente, bem como assuntos pertinentes aos direitos fundamentais, guarda, tutela, adoção, prevenção, política de atendimento, entidades e conselhos responsáveis, fundos dos direitos, medidas pertinentes aos responsáveis e socioeducativas, acesso à justiça, procedimentos, crimes e infrações, medidas de proteção e legislação inerente A recomendação para o estudo deste trabalho é ter como acompanhamento a legislação respectiva (Estatuto da Criança e do Adolescente, Constituição Federal, Código Civil e Penal, Estatuto da Juventude, Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente Vítima ou Testemunha de Violência e Estatuto da Primeira Infância). Assim, o aprendizado se perpetua de maneira mais completa e definitiva. Desejamos bons estudos e uma excelente prova! Atenciosamente, Equipe pedagógica LFG. 5 1. Conceito de Criança e Adolescente e Prioridades O Estatuto da Criança e do Adolescente traz um conjunto de normas e princípios que visam garantir à criança e ao adolescente os direitos indispensáveis ao seu desenvolvimento integral. O direito da infância objetiva um caminho democrático, pois se preocupa com todas as crianças e adolescentes, sem exceção, tendo como base a “Doutrina da Proteção Integral”, que reconhece e evidencia a condição de desenvolvimento e proteção peculiares. O art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define criança como aquele indivíduo com idade entre 0 e 12 anos, e adolescente aquele com idade entre 12 e 18 anos. Tal distinção tem como base o elemento cronológico baseado das ciências auxiliares como a psicologia jurídica e a psiquiatria forense. Cumpre registrar, porém, que apesar de a criança e o adolescente terem os mesmos direitos fundamentais, tal divisão é importante, pois, por exemplo, para fins de medidas aplicáveis para cada um desses haverá uma hipótese de incidência distinta, qual seja: a criança será submetida somente a medidas de proteção, e os adolescentes, por sua vez, poderão ser submetidos, além das de proteção, a medidas socioeducativas. Neste sentido, cumpre anotar que a imputabilidade penal surge para os indivíduos aos 18 anos. Todavia, o parágrafo único do art. 2º do Estatuto supracitado, juntamente aos arts. 104 e 121, §§ 3º e 5º, prevê, excepcionalmente, a aplicação os dispositivos do ECA àqueles que contam com mais de 18 anos de idade (até os 21 anos). Neste sentido: HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO A TENTATIVA DE FURTO QUALIFICADO. MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA DE INTERNAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO. EVASÃO DO MENOR OCORRIDA EM 25.05.05. SUSPENSÃO DO PROCESSO. IMPLEMENTO DA MAIORIDADE CIVIL. IRRELEVÂNCIA. ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. SÚMULA 338/STJ. PRAZO PRESCRICIONAL DE 4 ANOS. NÃO APERFEIÇOAMENTO DO LAPSO TEMPORAL EXIGIDO. ORDEM DENEGADA. 1. O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente traz a previsão, no § 5º. Do art. 121, de que a medida pode ser estendida até os 21 anos de idade, abarcando, portanto, aquelas hipóteses nas quais o menor cometeu oato infracional na iminência de completar 18 anos; caso contrário, a medida tornar-se-ia inócua, impossibilitando a norma de alcançar seu objetivo precípuo de recuperação e ressocialização do menor. 2. Considerando a interpretação sistêmica da legislação menorista, tem-se que, para efeitos da aplicação da medida sócio-educativa, qualquer que seja, deve 6 ser considerada a idade do autor ao tempo do fato, sendo irrelevante a implementação da maioridade civil ou penal no decorrer de seu cumprimento, já que, como visto, o limite para sua execução é 21 anos de idade. 3. A diretriz jurisprudencial desta Corte assentou a orientação de que, para o cálculo do prazo prescricional da pretensão sócio-educativa, caso a medida tenha sido aplicada sem termo final, far-se-á uso do prazo máximo em abstrato de duração da medida de internação, que, à luz do disposto no art. 121, § 3º. do ECA, é de 3 anos; ao passo que, na hipótese de ter sido fixado um prazo final, terá como parâmetro a sua duração determinada na sentença. Uma vez fixado o prazo, este deve ser reduzido pela metade, em decorrência do disposto no art. 115 do CPB. 4. Como o paciente se evadiu do estabelecimento em 25.05.05, tem-se que a prescrição da medida imposta por prazo indeterminado somente ocorreria em 25.05.09, isto é, decorridos 4 anos. 5. Parecer do MPF pela denegação da ordem. 6. Ordem denegada. STJ. HC 99481 / RJ - 2008/0019501-6. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO (1133) - T5 - QUINTA TURMA. DJe 01/12/2008. Ainda quanto ao presente conceito, temos a condição do nascituro, que não está previsto expressamente no art. 2º do ECA, e, sendo assim, haveria dúvidas quanto à sua proteção na referida legislação. Porém, conforme bem aponta a doutrina majoritária, tal dúvida não pode perdurar, ou mesmo se perpetuar, pois, mesmo que o referido artigo não faça menção ao nascituro, há o tratamento específico quanto ao mesmo no art. 8º do ECA e, sendo assim, deferindo a esse todos os direitos fundamentais aqui previstos. Outra questão relevante que vem sido bastante discutida nos dias de hoje é a redução da maioridade penal, a qual é altamente criticada pela doutrina protecionista, pois, afronta a cláusula, diminuindo o campo de atuação do ECA, bem como de acordo com os elementos fáticos apresentados pelo sistema prisional, não contribuirá para o atendimento e a reabilitação do adolescente. 7 Mapa Mental C F ECA Criança 0 a 12 anos incompletos Medidas de Proteção Adolescente 12 a 18 anos incompletos Medidas Socioeducativas CF Doutrina da proteção integral Condição de desenvolvimento Proteção do infanto Coletividade preventiva 8 Referências Bibliográficas BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069compilado.htm>. Acesso em: 15 jan. 2020. 9 2. Direitos Fundamentais A regulamentação quanto aos direitos fundamentais está prevista entre os arts. 7º e 69 do ECA que arrolam na seguinte ordem: a) Direito à vida e à saúde (arts. 7º a 14); b) Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade (arts. 15 a 18); c) Direito à convivência familiar e comunitária (arts. 19 a 52); d) Direito à educação, cultura, esporte e lazer (arts. 53 a 59); e) Direito à profissionalização e à proteção no trabalho (arts. 60 a 69). Todavia, deve-se registrar que a crianças e adolescentes também são aplicados os institutos conferidos aos adultos, em especial no que tangem os arts. 5º, 6º e 7º da Constituição Federal (CF). Contudo, muitas vezes esses direitos não são atendidos de forma espontânea, tanto pelos entes familiares, quanto pela sociedade ou pelo Estado (AMIN, 2019). Em decorrência disso, muitas são as ações judiciais para o reconhecimento e execução dos já citados direitos, como por exemplo, não somente a intervenção do Ministério Público junto à tutela desses direitos (art. 201, IV, ECA), mas também as distribuições de ações civis públicas voltadas à proteção e garantia dos direitos assegurados pelo ECA. Não obstante, tais ações não devem especificar a maneira pela qual o Poder Público atuará, pois é recorrente as alegações de impossibilidade jurídica, haja vista: STJ – REsp. n° 933974/RS; STJ – REsp n° 577836/SC; STJ – AgRg no REsp n° 752190/RS; STJ – REsp n° 869843/RS; STJ – REsp n° 937310/SP; STJ – AgRg no REsp n° 1075336 – RJ. São os direitos fundamentais conforme segue: 2.1. Direito à Vida e à Saúde O art. 7º do ECA se preocupa com o nascimento sadio e harmonioso da criança. Sendo assim, verifica-se as implementações de cuidados especiais desde a fase de gestação: Art. 7º. A criança e ao adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. 10 Assim, as gestantes são destinatárias das políticas públicas, como preveem os arts. 201, 203 e 227, § 1 da CF, bem como o art. 8 e seguintes do ECA. Todavia, cumpre registrar que em 2016 houve uma grande alteração decorrente da Lei nº 13.257/2016, que se trata dos princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas públicas para a primeira infância em atenção à especificidade e à relevância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano. Sendo assim, o art. 8º do ECA visa garantir à todas as mulheres o acesso aos programas e as políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre outros direitos: Art. 8º. [...] [...] § 4º. Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. § 5º. A assistência referida no § 4º deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade. § 6º. A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. [...] Outro direito previsto, trata-se do direito ao aleitamento regulamentado pelo art. 9º do ECA, que deve ser analisado em conjunto com os arts. 14, § 3º e 83, § 2º da Lei de Execução Penal (nº 7.210/84). Art. 9º. O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. § 1º. Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e 11 apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua. § 2º. Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano. Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. [...] § 3º. Será assegurado acompanhamento médico á mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém- nascido. Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva. [...] § 2º. Os estabelecimentospenais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. [...] O art. 10 do ECA, por sua vez, estabelece uma série de obrigações que devem ser cumpridas pelos hospitais, públicos e particulares, e casas de saúde, bem como o atendimento integral à saúde das crianças e adolescentes contempla o atendimento especializado a deficientes, atendimento odontológico e vacinação, inclusive (arts. 11, 12 e 14, ECA). Vale destacar o que dispõe o art. 14, § 5º do ECA: Art. 14. [...] § 5º. É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico. 12 Outro dispositivo de suma importância para efetivação desse direito encontra-se no art. 13, § 1º do mesmo estatuto, que obriga o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, uma vez identificada a suspeita de maus tratos, relatar o ocorrido ao Conselho Tutelar, bem como incidindo em pena de multa, caso deixe de proceder à referida comunicação (art. 245, ECA). Caso não haver no município um Conselho Tutelar, o juiz deverá ser acionado (art. 262, ECA). Art. 13. [...] § 1º. As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. Por fim, se os maus tratos forem protagonizados pelos próprios pais, poderá haver perda do poder familiar nos termos do art. 24 do ECA, considerando o disposto no art. 1.638, I do Código Civil (CC), como segue: Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I – castigar imoderadamente o filho; [...] 2.2. Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade O direito à liberdade, ao respeito e à dignidade tem como objetivo maior o amplo acesso aos logradouros, espaços comunitários, direito de livre expressão, culto e ainda de brincar e interagir dentro da sua condição, conforme os ditames do ECA. Porém, esses direitos dispostos nos arts. 15 a 18 do referido estatuto, não são absolutos, e por vezes sofrem nítida mitigação do poder familiar que busca a educação dos filhos de maneira como eles entendem adequado. Em 2014 houve uma alteração importante denominada “Lei da Palmada” (nº 13.101/2014), que estabelece alguns conceitos no art. 18-A, como segue: 13 Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: [...] I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize. Por fim, prevê o art. 18-B do ECA o encaminhamento adequado nos casos de conformação da violação desse direito, vejamos: Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III – encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV – obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V – advertência. Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. 14 2.3. Direito à Educação, Cultura, Esporte e Lazer O disposto nos artigos do ECA de nº 53 (direitos) e 54 (dever do Estado), explicam de maneira exemplificativa os direitos subjetivos da criança e do adolescente. Tal situação facilita a compreensão dos mesmos, bem como pode ser objeto de proteção em juízo, conforme o art. 208 do mesmo estatuto. No art. 55 do ECA, encontra-se a obrigação dos pais de matricularem os filhos em estabelecimento de ensino e realizar o acompanhamento escolar, de forma a garantir-lhes o direito à educação. Referida obrigação está ligada a outros dispositivos do mesmo estatuto, como é o caso dos arts. 22, 24 e 124, V, todos do ECA. Por fim, nos termos do art. 57 do Estatuto, cumpre aos dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarem ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares e elevados níveis de repetência. Tal situação busca efetivar a responsabilidade da comunidade no acompanhamento de suas atribuições quanto a sua participação no desenvolvimento do infanto. 2.4. Direito à Profissionalização e à proteção no trabalho O art. 60 do ECA foi revogado quando da nova redação do art. 7º, XXXIII da CF que vetou o trabalho aos menores de 14 anos, ainda que na condição de aprendiz. Sendo assim, devem ser consideradas as situações elencadas no seguinte: a) o menor de 14 anos não pode trabalhar nem exercer qualquer emprego; b) entre 14 e 16 anos, o infanto pode trabalhar, apenas na condição de aprendiz; e c) entre 16 e 18 anos, o mesmo é livre para trabalhar, contanto que não seja no período noturno, perigoso ou insalubre. Não obstante a proteção ao trabalho dos adolescentes ser regulada por lei especial, a matéria encontra disciplinada também nos arts. 62 a 67 do ECA, assegurando ao adolescente, por exemplo: a) garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; b) atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; 15 c) assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários; d) respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento; e e) capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. O contrato de aprendizagem, conforme disposto no art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é sempre por tempo determinado, não podendo, portanto, ultrapassar o período de 2 anos. Logo, podem ser contratados os jovens, caracterizados por aprendizes, cuja idade compreende os 14 aos 24 anos, permitindo, porém, aos menores de 18 anos que assinem recibo de pagamento de salário. Contudo, há de se observar que é vedada a quitação na rescisão contratual sem a assistência dos pais ou responsáveis legais, conforme o art. 439 da CLT. O contrato de aprendizagem tem como finalidade específica a formação profissional do jovem para que possa alcançar melhores postos de trabalho através do conhecimento técnico adquirido. Ademais, este tipo de contrato também possui algumas peculiaridades para sua celebração, como é o caso da anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), a comprovação da matrícula e frequência à escola (caso ainda não tenha concluído o ensino médio, a inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica (art. 4º do Decreto nº 5.598/2005) e o direito a percepção de, pelo menos, um salário mínimo (art. 428 e parágrafos, da CLT). O aprendiz tem direitoa todos os direitos trabalhistas e previdenciários (art. 65 do ECA), assim como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na base de 2% da sua remuneração, conforme o art. 24, parágrafo único do Decreto nº 5.598/2005, que regulamenta o contrato de aprendizagem. As férias do aprendiz também devem coincidir com o período de férias escolares, preferencialmente. Quanto à duração do trabalho, a jornada máxima é de 6 horas, sendo permitida a prorrogação para até 8 horas diárias, caso o aprendiz tenha o ensino médio completo e desde que essas horas sejam reservadas para aprendizagem teórica (art. 432, § 1º da CLT). O menor de 18 anos não poderá fazer horas extras, exceto por motivo de força maior ou compensação de jornada de trabalho, sendo obrigatório o intervalo de 15 minutos entre o término da jornada e as horas extras, conforme a redação do art. 413, parágrafo único da CLT. 16 A extinção contratual ocorre quando chegar ao seu termo final, ou seja, 2 anos, ou quando o aprendiz completar 24 anos de idade, salvo se o aprendiz for portador de deficiência, caso em que a idade máxima e o caráter bienal do contrato não se aplicam, posto existir a proteção prevista no art. 66 do ECA. O contrato de aprendizagem também pode ser extinto, inclusive, de forma antecipada, nos casos de desemprego insuficiente ou inadaptação do aprendiz, falta disciplinar grave, ausência injustificada à escola e consequente perda do na letivo, ou ainda, a pedido do próprio aprendiz (art. 433 da CLT). Até 2016 o maior de 16 anos poderia ser contratado como empregado, desde que respeitadas algumas restrições, como a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre (arts. 7º, XXXIII da CF e 405, I da CLT), sendo o trabalho noturno aquele que compreende as 22 e as 5 horas (art. 404 da CLT). O ECA também veda ao menor de 18 anos de idade o trabalho cuja característica seja penosa, ou seja, aquele que demanda esforço físico em excesso, situação em que se aplica analogicamente o art. 390, parágrafo único da CLT que trata da proteção ao trabalho da mulher. Desde 2017, em conformidade com o art. 2, item 3 da Convenção 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a idade mínima para a contratação não poderá ser inferior a idade de conclusão da escolaridade obrigatória, salvo se o trabalho for artístico. Considerando o texto da Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009, que alterou a idade de conclusão da escolaridade obrigatória para 17 anos, a partir da sua implementação (até 2016), tem-se que a idade mínima para contratação é de 18 anos, a partir de 1 de janeiro de 2017. Então, ao menor de 18 anos de idade também é vetado o trabalho em ambientes que sejam prejudiciais à sua formação moral. Neste caso, é importante frisar que a CLT foi escrita no ano de 1943, período em que os artistas eram considerados “imorais”, motivo pelo qual se pode observar que há a proibição do trabalho do menor em circos, cinemas, cabarés e estabelecimentos similares. Tal proibição permanece até os dias de hoje, conforme redação do art. 405, § 3º da CLT, podendo o trabalho ser autorizado pelo juiz quando for comprovado que não existe prejuízo à formação moral do menor (art. 406, I). A Lei Complementar (LC) nº 150/2015 regula o trabalho em ambiente doméstico e trouxe também a vedação expressa à contratação dos indivíduos com idade inferior aos 18 anos para 17 este tipo de trabalho, visto que há uma situação de vulnerabilidade do adolescente a toda forma de abuso no ambiente laboral. 2.5. Poder Familiar e o Direito à Convivência Familiar e Comunitária Os arts. 21 a 24 do ECA tratam especialmente do poder familiar, prestigiando os seguintes elementos: a) o princípio da isonomia: nos termos do art. 21 do ECA, o poder familiar será exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, bem como em caso de discordância que poderão recorrer à autoridade judiciária para solução de eventual conflito; b) os deveres de pais: conforme muito bem aponta a doutrina, é um múnus público, irrenunciável, inalienável, imprescritível e tem como base fundamental e elemento nuclear o sustento, a guarda e a proteção material, bem como imaterial, ou seja, econômica e afetiva, previsto tanto no art. 22 do ECA quanto no art. 229 da CF; e c) a perda e a suspensão do poder familiar vêm disciplinadas no art. 24 do supracitado estatuto, e somente poderá ser pronunciada judicialmente em procedimento contraditório, nos termos dos arts. 155 a 163 do ECA. Haverá perda ou suspensão do poder familiar nas hipóteses previstas pelo Código Civil, em seus arts. 1.637 e 1.638, respectivamente, para suspensão e perda, ou no caso de descumprimento reiterado das obrigações previstas no art. 22 do ECA. Por fim, cumpre registrar que o art. 23 do referido estatuto destaca que a falta de recursos materiais não é motivo suficiente para a retirada da criança e ou do adolescente da família. Pois é o papel do Estado suprir as carências da família, com sustento, inclusive, participando através da implementação das políticas públicas, da criação e educação das crianças e adolescentes, fornecendo os meios necessários para garantia de seu pleno desenvolvimento. Nesse sentido, encontram-se os arts. 86, 87, 88 e 92 do ECA. Em relação ao direito à convivência familiar e comunitária, este encontra-se pautado no art. 19 do ECA que dispõe: “É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”. Referido dispositivo atende ao disposto no art. 226 da CF, no que tange ao direito à criação e educação no seio da família natural. 18 Não obstante, a redação do art. 19 do ECA, cumpre registrar que a ideia de proteção da criança e do adolescente no seu seio familiar natural foi reforçada pela denominada vulgarmente “Lei da Adoção”. A Lei nº 12.010/2009 prioriza a manutenção da criança e do adolescente na família natural em vários dispositivos, bem como passa a regular integralmente o procedimento de adoção. Porém, não é só: outras alterações ocorreram e dentre elas, as Leis nº 13.257/2016 e nº 13.509/2017. Sendo assim, se faz necessária as seguintes anotações: I. tendo em vista o presente tratamento legislativo, as questões atinentes ao poder familiar, bem como as formas de colocação em família substituta devem ser analisados sempre buscando o resultado da proteção integral dos mesmos, ou seja, atendendo a sua condição peculiar, evitando assim, abusos cometidos por pais ou representantes legais; II. o conceito de “família natural” encontra-se alterada na modernidade, não incluído somente o seu conceito clássico decorrente do casamento civil; pode ser incluído conforme interpretação do art. 226 da CF, outras modalidades, quais sejam: I) família monoparental: aquela estabelecida entre um dos ascendentes e seus descendentes; II) família anaparental: é a família sem pais; III) família unipessoal: a pessoa que vive só; IV) família homoafetiva: é aquela constituída entre pessoas do mesmo sexo que convivem afetivamente; V) família mosaico ou pluriparental: aquela que tem várias origens; III. a Lei nº 12.010/2019 substitui a expressão “recolhimento a abrigo” por “acolhimento familiar e institucional” (art. 90, IV e § 3º). Trata-se de mecanismo que, sob a forma de guarda, objetiva reinserir o menor no convívio com a família natural. Não sendo possível, aí sim, encaminha-se para adoção. IV. toda e qualquer criança ou adolescente já inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional deverá ter sua situação reavaliada periodicamente, cujo prazo máximo seja de 3 meses, devendo a autoridade judiciária competente, em posse de relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, tomar a melhor decisão19 fundamentada pela possibilidade de reintegrar a família ou a colocação a família substituta, quaisquer que sejam as modalidades, desde que previstas no art. 28 da supracitada lei (§ 1º); V. a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não deverá exceder mais que 18 meses, exceto se for comprovada a necessidade de que haja superior interesse, desde que devidamente fundamentada pela autoridade judiciária (§ 2º); VI. em relação à mãe que não quer ficar com o filho e demonstre interesse em entregá-lo para adoção, previamente ou após o nascimento, esta deverá ser encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. São alguns desdobramentos (art. 19-A): I. o prazo para buscar a família extensa deverá ter o prazo máximo de 90 dias, prorrogáveis por igual período, em conformidade com o art 25 desta lei (§ 3º); II. quando ocorrer de não haver indicação do genitor e não existir outro representante da família extensa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder familiar, estabelecendo a colocação da criança sob a guarda provisória de responsável habilitado para a adoção ou entidade que desenvolva o programa de acolhimento familiar ou institucional (§ 4º); III. os detentores da guarda tem o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção, iniciando-se a contagem no dia seguinte à data que terminou o estágio convivencial (§ 7º); IV. serão cadastrados para adoção os recém-nascidos e crianças acolhidas, porém, que não foram procuradas por suas famílias, desde que no prazo de 30 dias, iniciando-se a contagem a partir do dia do acolhimento (§ 10); VII. programa de apadrinhamento: a criança e o adolescente inserido em programa de acolhimento institucional ou familiar, poderão participar de programa de apadrinhamento, que deverá conter as seguintes regras (art. 19-B): I) o apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente os vínculos externos à instituição com o objetivo de promover a convivência familiar e comunitária, além de visar a colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro (§ 1º); II) quanto às pessoas interessadas, poderão ser padrinhos ou madrinhas as pessoas com idade superior a 18 anos, ainda que não inscritas no cadastro 20 de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte (§ 2º); III) quanto às pessoas jurídicas que demonstrarem interesse, poderão apadrinhar criança ou adolescente com o objetivo de colaborar para o seu desenvolvimento (§ 2º); IV) o perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado deverá ser definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, priorizando cada criança ou adolescente com a remota possibilidade de ser reinserida em família ou colocada em família adotiva (§ 4º); VIII. o art. 20 veda qualquer distinção entre filhos legítimos e adotados, tendo esta prerrogativa a corroboração dos arts. 227, § 6º da CF, 1.596 do CC e 6º da Lei nº 8.560/92. Mapa Mental Direitos Fundamentais Vida e Saúde Liberdade, respeito e dignidade Educação, cultura, esporte e lazer Profissionalização e proteção no trabalho Poder familiar e convivência familiar e comunitária 21 22 Referências Bibliográficas AMIN, Andréa Rodrigues. Dos direitos fundamentais. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Direito fundamental à convivência familiar. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Poder familiar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 23 3. Guarda Guarda é o direito-dever dos pais, ou de apenas um deles, em relação aos filhos, ou ainda de terceiros, quando a detém, de prestar assistência material, moral e educacional à criança e ao adolescente, obrando para que ele atinja a sua plenitude (art. 33 do ECA). A guarda tem suas reminiscências no direito civil, como colocaria do poder familiar, bem como gera para o guardião o dever ou responsabilidade no campo material, moral e educacional (MACIEL, 2019), podendo ser oposta contra terceiros, inclusive, contra os próprios pais (art. 1.566 do CC). Estes permanecem com o direito eventual de visitação, bem como com o dever de prestar assistência material como os alimentos. A guarda gera dependência para todos os fins, inclusive os previdenciários (art. 33, § 1º do ECA). Porém, para o Direito da Criança e do Adolescente, a guarda tem o condão, ou seja, a natureza jurídica de medida de proteção (art. 101, VIII do ECA), ou forma de colocação em família substituta, ao lado da tutela e da adoção (art. 28 do ECA). Dois são os pontos relevantes do instituto da guarda: o primeiro deles é que a referida medida pode ser considerada como regularização de posse de fato, ou seja, pode ser deferida de forma emergencial na falta dos pais e dos representantes legais, por meio de processo judicial; já o segundo aspecto, cumpre registrar que a implementação da guarda não extingui o poder familiar, pois ambos podem ser conjugados concomitantemente, inclusive, com o mantenimento da obrigação alimentar, quando houver guarda de terceiro (art. 33, § 4º, ECA). São as seguintes hipóteses de cabimento de guarda: a) Provisória (art. 33, § 1º do ECA): é uma guarda para regularizar a situação de fato, ou seja, nos casos de tutela e adoção, enquanto não decidida a ação principal. Tal situação pode e deve ser utilizada para regularização da posse de estado de filho, bem como não cabe nos procedimentos de adoção internacional; b) Guarda para atender situações peculiares (art. 33, § 2º do ECA): tem caráter eminentemente provisório, desde que suprida à eventualidade. 24 Referida hipótese se aplica fora dos casos de adoção e tutela, com o objetivo de atender situações peculiares que, em regra, estão afastadas do convívio familiar, bem como não há interesse de ninguém por sua adoção ou tutela, e a guarda é, muitas vezes, a solução possível para que a criança e o adolescente viva no âmbito familiar e não em uma instituição. A permanência da criança em guarda é preferencial ao seu acolhimento institucional. O acolhimento familiar também é preferencial em relação ao acolhimento institucional estas formas de acolhimento foram estabelecidas na recente alteração do ECA, da lei 12.010/2009, e as características primordiais são a excepcionalidade e a provisoriedade. Esta modalidade de guarda poderá se dar de duas maneiras: I) definitiva ou permanente (art. 33, § 2º, ECA), que, geralmente concedida quando a guarda é pleiteada por um parente próximo; ou II) especial ou peculiar (art. 33, § 2º, ECA), que se assemelha ao direito de representação; é uma guarda concedida para a prática de um ato determinado. c) Guarda para suprir a falta eventual dos pais (art. 33, § 2º, ECA): tem caráter eminentemente provisório desde que suprida à eventualidade, ou seja, é utilizada em situações singulares de ausência dos pais, como por exemplo, uma viagem. Em continuidade, o poder público poderá estimular subsídios e incentivos fiscais. O acolhimento de criança e adolescentes privados da convivência familiar, sob a forma de guarda, como por exemplo, a isenção de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), em Lorena (art. 34, ECA). Então, em conformidade com o art. 32 do ECA, fica disposto que ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável deverá prestar compromisso de bem e desempenhar fielmente o seu cargo, mediante o termo nos autos. Contudo, a decisão do juiz que deferir a guarda não faz coisa julgada material, podendo, portanto, ser revista a qualquer momento.Tanto é assim que a mesma decisão poderá ser concedida liminarmente, ou incidentalmente em procedimentos de tutela ou adoção (TAVARES, 2019). Por fim, a extinção da guarda somente poderá ser revogada mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público, sempre tendo como preocupação o bem do menor, pois a decisão que defere a guarda não faz coisa julgada material (art. 35, ECA). 25 Sendo assim, podendo ser revogada a qualquer tempo, por decisão judicial fundamentada, no interesse da criança e do adolescente, a revogação pode se dar nos mesmos autos em que ela foi concedida e pode requerer quem tenha legítimo interesse ou mesmo o Ministério Público (MACIEL, 2019). Logo, sendo a guarda exercida de forma compatível com o poder familiar, haverá direito 9dever) de visitas e de alimentos (art. 33, § 4, ECA). A guarda subsidiária vem disciplinada pelo art. 34 do ECA. A fixação da competência para decidir a questão da guarda depende da observância do art. 148 do supracitado estatuto. Desta forma, envolve-se as hipóteses do art. 98 do estatuto (situação de risco), logo, a competência é da Vara da Infância e Juventude. Nos demais casos, seguirá para a Vara da Família. 26 Mapa Mental G U A R D A Assistência Material Moral Educacional Direito-dever Dos pais De terceiros (quando detém a guarda) Provisória Situações Peculiares definitiva ou permanente especial ou peculiar Falta eventual dos pais 27 Referências Bibliográficas MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Guarda. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Poder familiar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. TAVARES, Patrícia Silveira. As medidas pertinentes aos pais, responsáveis ou outras pessoas encarregadas do cuidado de crianças e adolescentes. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 28 4. Tutela É um instituto eminentemente decorrente do Direito Civil que pode ser conceituado como poderes decorrentes de uma decisão judicial para reger a pessoa do incapaz (até 18 anos), bem como para administrar seus bens. Desta forma, a tutela se destina a suprir o poder familiar oriundo da perda ou suspensão do poder familiar (MACIEL, 2019). Uma das grandes diferenças da guarda para a adoção é o pressuposto de constituição, em que refere perda ou suspensão do poder familiar e, sendo assim, ambos os institutos não são conciliáveis entre si (MACIEL, 2019). A finalidade da tutela é dupla, ou seja, tanto protege a pessoa do incapaz, como também administra os bens decorrentes do patrimônio deste, sendo que, em decorrência do exposto, uma vez sendo solicitada a prestação de contas, esta deverá ser apresentada, aplicando-se a tutela do regramento previsto entre os arts. 1.728 a 1.766 do CC, pois o ECA não regulamentou a mesma de forma adequada. Nos termos do art. 1.728 do CC, podem ser postos sob tutela os filhos, nas seguintes situações: a) com o falecimento dos pais; b) sendo estes julgados ausentes; c) em caso de os pais decaírem do poder familiar; e d) crianças recém-nascidas expostas (abandonadas). A natureza jurídica da tutela, conforme parte da doutrina refere, se trata de uma substituição dos genitores, por este motivo há a responsabilidade do tutor em fornecer todo o cuidado ao tutelado, dando toda a assistência devida. São espécies de tutela: a testamentária (art. 1.729 do CC); a legítima (art. 1.731 do CC); a dativa (art. 1.732 do CC), bem como a de menores abandonados (art. 1.723 do CC). São características referentes à tutela: o encargo obrigatório, ressalvadas as hipóteses previstas entre os arts. 1.736 a 1.739 do CC, bem como a função instável, pois o tutor, uma vez iniciado seu encargo, pode se escusar, conforme consta nas hipóteses do art. 1.766 do CC. 29 Quanto à capacidade para exercer a tutela, todos aqueles que possuem capacidade civil plena, poderá fazê-la, porém, não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam as atividades previstas no art. 1.735 do CC. Por fim, o exercício da tutela está regulamentado entre os arts. 1.740 a 1.742 do CC, que atribui ao tutor as diversas responsabilidades. Porém, o princípio que deve ser observado é o binômio proteção patrimonial e moral, que permeia todo o encargo do tutor. Importante frisar, por derradeiro, que uma das atribuições fundamentais está prevista no art. 1.756 do CC, posto estabelecer que, ao findar-se cada ano de administração, os tutores deverão ser submetidos ao juiz e encaminhar-lhe o balanço respectivo ao período, que, após aprovação, será anexado aos autos do inventário. É importante ainda ressaltar que, temos as providências a serem tomadas em relação à autorização para viajar (SANTOS, 2019). É o que trata o art. 83 do ECA, que dispõe o seguinte: Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização judicial. § 1º. A autorização não será exigida quando: a) tratar-se de comarca contígua à residência da criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado: 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco, e 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. § 2º. A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsáveis, conceder autorização válida por dois anos. Por fim, damos continuidade às observações aos dispositivos do ECA, cujo conteúdo segue, in verbis: Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: 30 I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida. Vale observar que, por derradeiro, em relação ao art. 84, supramencionado, o art. 85 do ECA determina que, se não houver previamente uma autorização judicial expressa, permitindo que a criança ou adolescente nascido em território nacional, nenhuma delas poderá sair, em qualquer hipótese, do País, seja em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. Mapa Mental Tutela Direito Civil Decisão judicial Proteção do incapaz Administração de bens patrimoniais Situações Falecimento dos pais Pais ausentes Perda do poder familiar Recém-nascidos expostos 31 Referências Bibliográficas MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Poder familiar. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Tutela. In; MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. SANTOS, Ângela Maria Silveira dos. Prevenção. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 32 5. Adoção Nos termos do apregoado pela doutrina majoritária, a adoção sofreu uma grande evolução nas últimas décadas, tempo em que originalmente servia somente para realocar o infanto até quando houver a possibilidade de mantenimento deste pela família natural. Tal justificativa tem como fundamento que, atualmente, o referido procedimento de alocação em família substituta tem como objetivo maior, o direito fundamental à convivência familiar (art. 227 da CF), bem como analisar as condições pela qual a causa de pedir deve ser lidima e incólume, pois, acima de tudo, a adoção constitui não somente um ato de acolhimento,mas sim, um ato de amor (art. 43 do ECA). Quanto a entrada em vigor do CC de 2002, muito se discutiu revogação de alguns dispositivos do ECA, pois havia algumas importantes inovações estabelecidas. Porém, a referida questão foi sepultada com a entrada em vigor da Lei nº 12.010/2009, que revogou expressamente o regramento na legislação civilística, passando o ECA a regulamentar a adoção, integralmente (BORDALLO, 2019). Isto posto, e em conformidade com o art. 39, § 1º do ECA, a adoção é uma medida excepcional e é irrevogável, à qual se deve recorrer somente quando forem esgotados todos os recursos de manutenção da criança, o que significa dizer que, reitera-se o entendimento da prevalência do infanto no ambiente familiar natural, assim como também se confirma a impossibilidade de retomada do status quo ante, haja vista ter sido transitado em julgado o procedimento do processo de adoção (MACIEL, 2019). Por fim, não obstante haver para os presentes requisitos específicos, cumpre registrar que, os aspectos gerais de colocação em família substituta não são descartados, na medida em que essa família não será deferida nos termos do art. 29 do ECA (MACIEL, 2019). 33 Mapa Mental Adoção Medida excepcional Irrevogável Esgotados recursos de manutenção da criança (família natural) 34 Referências Bibliográficas BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. Adoção. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Poder familiar. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Regras gerais do procedimento de colocação em família substituta. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 35 6. Prevenção Nos termos do art. 70 do ECA, todos devem prevenir a ocorrência de qualquer tipo de ameaça ou violação dos direitos pertinentes à criança e ao adolescente. Todavia, há ainda a prevenção especial quanto à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões e aos espetáculos, como vermos a seguir (SANTOS, 2019). Conforme o art. 74 do ECA, o poder público deverá regular as diversões e espetáculos públicos, através de órgãos competentes para tal, informando acerca da natureza e faixas etárias quanto à recomendação, aos locais e aos horários em que sua apresentação se mostre fora dos padrões de adequação. Ademais, os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos devem providenciar avisos afixados em lugares visíveis e de fácil acesso, incluindo, entrada dos locais de exibição, informação com destaque acerca da natureza do espetáculo e a faixa etária que especifica os limites, no certificado de classificação. O art. 75 do mesmo estatuto determina que toda a criança ou adolescente deverá ter acesso às diversões e espetáculos públicos, desde que classificados em conformidade com a adequação de sua faixa etária. Acrescenta-se ainda que as crianças com idade inferior a 10 anos poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição, somente quando estiverem acompanhadas dos pais ou dos responsáveis (TAVARES, 2019). Cabe observar aqui que a criança tem direito constitucional e garantias pelo estatuto, com fundamento em pilares básicos, já mencionados anteriormente, ou seja: são sujeitos de direito; se encontram em condição de pessoa em desenvolvimento, portanto, dispostos à uma legislação especial; e possuem absoluta prioridade na garantia de seus direitos, sobretudo, os fundamentais (AMIN, 2019). Já o art. 76 do ECA estabelece que as emissoras de rádio e televisão exibirão, limitadamente, no horário recomendado para o público infanto juvenil, os programas de cuja finalidade seja educativa, artística, cultural e informativa, observando que não haverá espetáculo que poderá ser apresentado ou anunciado sem o prévio aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição. O art. 77 do mesmo estatuto dispõe que os proprietários, diretores, gerentes e funcionários empresariais que visem a exploração com venda ou locação de fitas de programação em 36 vídeo, deverão estar atentos e tomar as devidas cautelas para que não haja venda ou locação em desacordo com o limite classificatório atribuído pelo órgão competente. Tais meios de reprodução deverão exibir em seu invólucro, as devidas informações acerca da natureza da obra e faixa etária a que se destinam. Um ponto a ser observado quanto a esse dispositivo é o fato de que, atualmente, é rara a utilização de fitas para reprodução de gravações por ser um recurso ultrapassado. Logo, por analogia, servirá o disposto para as atuais mídias ou redes sociais, meios pelos quais são reproduzidas as gravações exploratórias de programações em vídeo. Seguindo ao raciocínio regulamentar, o art. 78 do ECA trata das revistas e publicações cujo conteúdo trata de material impróprio ou inadequado para crianças e adolescentes. Esses materiais deverão ser comercializados com embalagem lacrada, observando por meio de advertência acerca de seu conteúdo, sobretudo, há de ser observado que as editoras deverão cuidar para que as capas de cuja mensagens de cunho pornográfico ou obsceno, devam ser protegidas com embalagens opacas. Já o art. 79 do estatuto determina que as revistas e as publicações que visam o alcance do público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotos, legendas, crônicas ou qualquer tipo de anúncio que envolva bebida alcoólica, tabagista, armadas e respectivas munições, além de dever respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. Por fim, o art. 80 do ECA dispõe que os responsáveis pelos estabelecimentos que objetivam explorar comercialmente jogos como bilhar, sinuca ou congênere, ou ainda, por casas de jogos, entendendo-se aquelas que realizem qualquer tipo de aposta, deverão cuidar para que não se permita a entrada, muito menos a permanência de crianças e de adolescentes no local, devendo ainda, afixar o aviso para orientar ao público sobre a medida. 37 Mapa Mental Prevenção Regulamentação pelo Poder Público Da ameaça à criança e adolescente De violação aos direitos da criança e adolescente 38 Referências Bibliográficas AMIN, Andréa Rodrigues. Doutrina da proteção integral. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. SANTOS, Ângela Maria Silveira dos, Prevenção. MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. TAVARES, Patrícia Silveira. As medidas de proteção. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 39 7. Política de Atendimento Regulamentada pelos arts. 86 a 89 do ECA, a política de atendimento trata da coordenação das ações dos entes governamentais e das organizações não-governamentais para o atendimento às crianças e aos adolescentes (art. 86). Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far- se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não- governamentais, da União, dos estados, do distrito Federal e dos municípios. As referidas ações envolvem a formulação e a implantação de atos sociais fundamentais, prestação de serviços especiais como meio preventivo e atendimento médico e psicossocial aos indivíduos vitimados pela negligência, maus-tratos, abuso e opressão, entre outros (art. 87), como se vê: Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: I – políticas sociais básicas; II – serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de violaçõesde direitos, seus agravamentos ou reincidências; III – serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; IV – serviço de identificação e localização de pais, responsáveis, crianças e adolescentes desaparecidos; V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente; VI – políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. A regulamentação determinada pelo ECA também orienta a criação e a manutenção dos serviços que visam a localização dos pais, das crianças e adolescentes desaparecidos, assim como também objetiva a proteção em caráter jurídico e social, cujos atos são de responsabilidade das entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente. 40 Sendo assim, tem-se como orientação à política de atendimento o seguinte rol, in verbis: Art. 88. [...] I – municipalização do atendimento; II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; III – criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa; IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; V – integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; VI – integração operacional de órgãos o Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; VII - mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade; VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil; IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral; X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência. Nota-se que o legislador federal estabeleceu a norma constante no ECA de forma que haja articulação de atividades de atendimento voltadas às crianças e aos adolescentes incumbido ao Estado e a sociedade (TAVARES, 2019). 41 Ademais, o conjunto de dispositivos dedicados à política de atendimento também abarca as ações e as instruções que direcionam a todos os envolvidos neste processo, para que, ao final, se obtenha um rol de funções que alcancem e supram ao máximo as necessidades das crianças e adolescentes. Cabe lembrar que a política de atendimento à criança e adolescente tem por base fundamental o respeito aos princípios normativos presentes na Constituição Federal, que trata da dignidade da pessoa humana, “reconhecendo cada indivíduo como centro autônomo de direitos e valores essenciais à sua realização plena como pessoa” (AMIN, 2019). Deve-se considerar também os princípios que orientam ao próprio estatuto, posto que tratam da prioridade absoluta, do superior interesse e da municipalização, conceituados da seguinte forma (AMIN, 2019): prioridade absoluta: trata-se de princípio disposto no art. 227 da CF e previsto nos arts. 4º e 100, parágrafo único, II do ECA, impondo ao Estado a obrigação de determinar e promover políticas públicas que incluam projetos e programas para atendimento à criança, de forma a atender às suas necessidades específicas e com vistas a assegurar que seu desenvolvimento seja integral; Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, á alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá- los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. superior interesse: este é o princípio que norteia os atos direcionados à toda criança e adolescente na preservação de suas necessidades como prioridade, inclusive, quando dos casos de litígios familiares, à luz da legislação nacional; municipalização: em se tratando de garantias fundamentais, este é o princípio que não está relacionado diretamente àquelas específicas da criança e do adolescente, porém, é o princípio pilar que norteia as políticas de atendimento específicas e constantes no ECA, cujo objetivo é responsabilizar aos entes federativos e à União quanto a disciplina das normas gerais e coordenativas dos programas em tela. Tais conceitualizações delineiam a teoria da proteção integral, pois envolvem as linhas de atendimento quanto às políticas de garantia de direitos, proteção especial, bem como à assistência básica. 42 Vale destacar que a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, pautados no princípio da proteção integral, reconhece os direitos fundamentais da criança e do adolescente constantes no art. 227 de nossa CF, como mencionado anteriormente, e do ECA. Ademais, o atendimento direcionado à criança e ao adolescente, assim como a proteção aos seus direitos devem ser tratados de forma plena e com a máxima prioridade devido ao fato de serem sujeitos vulneráveis e em fase de desenvolvimento. Mapa Mental POLÍTICA DE ATENDIMENTO Entes Governamentais Não- governamentais Criança e adolescente Proteção integral Prioridade absoluta Superior Interesse Municipalização 43 Referências Bibliográficas AMIN, Andréa Rodrigues. Evolução histórica do direito da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. TAVARES, Patrícia Silveira. A política de atendimento. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Princípios orientadores do direito da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 44 8. Conselhos da Criança e do Adolescente Conforme o art. 88, II do ECA, os Conselhos da Criança e do Adolescente são os “órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária, por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais”. Os referidos conselhos atuam na formulação e acompanhamento da execução das políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente, além de setratar de órgão fiscalizador do cumprimento normativo com o objetivo de garantir que seja respeitado o princípio da dignidade da pessoa humana (TAVARES, 2019). Cabe ressaltar ainda que os conselhos são constituídos por representantes governamentais e da sociedade civil, e possuem vínculos com o governo estadual ou municipal, tendo em vista a incumbência da responsabilidade administrativa. Ainda que haja tais vínculos, os conselhos são autônomos para desempenhar as suas atividades bem como para acionar os Conselhos Tutelares, Delegacias de Proteção Especial, bem como o Ministério Público, a Defensoria Pública e os Juizados Especiais pertinentes, destinados à proteção da criança e do adolescente. Vale lembrar que o Conselho Tutelar é um órgão de cujos poderes possuem características de autonomia, porém, não se trata de total independência, ausência restritiva ou controladora, posto que seus mecanismos legais de cunho fiscalizatório, trata das questões de mérito nas suas decisões e trata da atuação individual de seus membros (TAVARES, 2019). Pelo exposto e com base no art. 89 do estatuto, descreve-se a função dos membros dos conselhos de fundamental interesse público, in verbis: “A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse público relevante e não será remunerada”. Há de se observar que no mesmo dispositivo se faz a referência de que é vedada a remuneração dos conselheiros de direito, posto que suas atividades possuem caráter político e transitório, impedindo, portanto, que a função promova a garantia de sustento de seus componentes (TAVARES, 2019). A doutrina refere que os Conselhos, caracterizados como órgãos da esfera do Poder Executivo, posto a sua capacidade de decidir quando dos assuntos da criança e do adolescente, logo, e por este motivo, não se pode ter o colegiado constituído por 45 representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como também não pode o Ministério Público (BORDALLO, 2019). Para que todos os atos mencionados e direcionados ao atendimento e à proteção à criança e ao adolescente sejam garantidos, foi necessário o estabelecimento da formação dos conselhos com a criação de órgãos, composição paritária e dos membros, bem como a criação das normas de gestão, funcionamento, deliberações e controle, em conformidade ao ECA. Por fim, é de extrema importância destacar que, à luz da legislação nacional, seja estabelecida de forma plena a política de atendimento à criança e ao adolescente com vistas a garantir que todos os direitos constantes da nossa Carta Maior, em seu art. 227, seja aplicado. Cabe aqui repetir o texto constitucional em tela: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, á alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá- los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 46 Mapa Mental CONSELHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Criança e adolescente Políticas públicas Formulação Execução Fiscalização 47 Referências Bibliográficas BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. Ministério Público. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. TAVARES, Patrícia Silveira. O conselho tutelar. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 48 9. Fundos Nacional, Estadual, Distrital e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Com fulcro ao art. 260 do ECA, os Fundos Nacional, Estadual, Distrital e Municipal de atenção às crianças e aos adolescentes são mecanismos públicos que organizam e descentralizam o orçamento pertinente às entidades públicas que atuam com vistas a manter a clareza quanto ao destino dos recursos públicos. O principal objetivo dos referidos fundos públicos é administrar as finanças e destinar aos projetos que atuem nas garantias promocionais, protetivas e defensivas do direito da criança e do adolescente. O orçamento supracitado envolve os recursos obtidos para fins específicos e são investidos em benefício das crianças e dos adolescentes sob monitoramento e fiscalização dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente (TAVARES, 2019). Os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, também conhecido por Fundos da Infância e da Adolescência (FIA) é parte das diretrizes estabelecidas para a política de atendimento, considerados pela doutrina como fundos especiais, cujos motivos serão elucidados adiante (TAVARES, 2019). A caracterização específica destes fundos se dá pelo fato de que parte dos recursos financeiros advindos do Poder Público são administrados de forma distinta aos demais recursos, tendo em vista que, a regra é ingressar para os cofres públicos por uma única via que é a Fazenda Pública. Esta, por sua vez, está incumbida de distribuir os valores em conformidade com o grau de prioridade governamental. Sendo assim, para o caso do FIA, sendo receita de fundos especiais, eles possuem sua própria conta e tem somente a permissão para aplicar tais valores naquilo que trata de bens ou serviços determinados antecipadamente e especificamente para esse fim, desde que deliberadas pelos Conselhos de Direitos de seus respectivos governos, ou seja: “Os fundos especiais têm como fundamento a necessidade de tornar certa a destinação de recursos financeiros para áreas entendidas como de especial relevância, e ainda facilitar a captação e, de certo modo, a aplicação destes recursos” (TAVARES, 2019). Em outros termos, isto significa dizer que o art. 88, II, parte final do ECA dispõe sobre os atos deliberativos dos Conselhos de direito, bem como o controle das políticas públicas dos 49 governos pertinentes aos atos que incluem a administração dos fundos públicos. É como se vê: Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: [...] II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; [...] Tais deliberações deverão seguir em conformidade com o art. 87 do ECA, ou seja, em respeito às regras de ação da política de atendimento da criança e do adolescente, mediante a adequada utilização metodológica da identificação das demandas: Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: I – políticas sociais básicas; II – serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; III – serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; IV – serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente; VI – políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes de afastamento do convívio familiare a garantir o efetivo exercício do direito á convivência familiar de crianças e adolescentes. Isto posto, cabe frisar que as ações determinadas pela legislação e destinadas aos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente com vistas ao controle da política de atendimento possuem duas características, ou seja, tem responsabilidade gestacional dos 50 referidos fundos públicos e, na seara Municipal, o registro das entidades de atendimento ao público infanto-juvenil de caráter não governamental, bem como a inscrição dos programas estabelecidos no ECA, em seu art. 90, in verbis: Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e sócio-educativas destinados a criança e adolescentes, em regime de: I – orientação e apoio sócio-familiar; II – apoio sócio-educativo em meio aberto; III – colaboração familiar; IV – acolhimento institucional; V – prestação de serviços à comunidade; VI – liberdade assistida; VII – semiliberdade; e VIII – internação. [...] Esclarecidos os pontos principais que norteiam as diretrizes dos fundos públicos destinados à criança e ao adolescente, cabe enfatizar que o ECA determina a regulamentação específica para tratar dos Fundos Públicos destinados à criança e ao adolescente, tendo em vista que em seu art. 88, IV, estabelece e distribui o procedimento de gestão dos Conselhos dos Direitos, bem como os arts. 154 e 214 determinam os atos do Juiz da Infância e da Juventude, o art. 260 trata dos Fundos no Imposto de Renda e, os arts. 260-A a 260-L dispõem sobre as regras operacionais de doações e transparência na administração das verbas. Porém, é importante observar que a regulamentação legal é de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ou seja, os fundos públicos são regulamentados por leis “de iniciativa das chefias dos respectivos Poderes Executivos, aos quais competirá, também, a edição de decretos ou portarias com o objetivo de regulamentar o seu funcionamento” (TAVARES, 2019). 51 Já a gestão dos fundos é de competência exclusiva dos conselhos de direito, em conformidade com os arts. 88, IV, 214, 260 e 260-I do ECA, posto que, como dito anteriormente, trata-se de órgãos de poder deliberativo e controlador das ações políticas de atendimento, como se vê: Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: [...] IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; [...] Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município. [...] Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes limites: [...] Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão amplamente à comunidade: I – o calendário de suas reuniões; II – as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendimento à criança e ao adolescente; III – os requisitos para a apresentação de projetos a serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; IV – a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por projeto; 52 V – o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e VI – a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. Assim, no que diz respeito às atribuições da gestão dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, temos como principais as seguintes: plano de ação: consiste diagnóstico, planejamento, organização e arrolamento dos programas os quais devem ser investidos por ordem prioritária; plano de execução: consiste no estudo e disponibilização dos meios determinados pelo plano de ação, respeitadas as normas, formas, prazos, objetivos, órgãos e distribuição. Juntamente aos referidos planos, é importante que se tenha o controle da perfeita sintonia e execução do plano de ação, bem como a utilização dos recursos financeiros destinados para estes fins, bem como a efetividade dos programas e projetos para os quais o planejamento se propôs. Assim, as ações advindas dos Conselhos governamentais destinadas aos direitos da criança e do adolescente se pautam no art. 95 do ECA, posto estarem sujeitas à fiscalização do Poder Judiciário, bem como do Ministério Público e dos Conselhos Tutelares (BORDALLO, 2019), in verbis: “Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. ” Em suma, vale frisar que os Conselhos de Direito deverão organizar o controle das atividades pertinentes aos Fundos mediante a solicitação de prestação de contas periódicas, bem como realizar os diagnósticos acerca do andamento e execução dos programas e projetos constantes dos planos de ação e respectivas fiscalizações para que as medidas cabíveis sejam tomadas ao serem constatadas as irregularidades. 53 Mapa Mental FUNDOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Entes federativos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente Deliberações e metodologia Descentralização orçamentária Gestão dos Fundos Fiscalização Judiciário Ministério Público Conselhos Tutelares 54 Referências Bibliográficas BORDALLO, Galdino Augusto Coelho. O Poder Judiciário. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. TAVARES, Patrícia Silveira. A política de atendimento. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. ______. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente. São Paulo: Saraiva, 2019. 55 10. Entidades de Atendimento As Entidades de Atendimento são aquelas cujo objetivo é a atenção às crianças e aos adolescentes os quais se encontram em situações de vulnerabilidade quanto ao risco pessoal ou social em decorrência da violação de seus direitos. Trata-se da linha de ação cuja regulamentação às referidas entidades se faz constar no art. 87 do ECA, caracterizadas por: [...] conjunto de ações destinadas ao amparo de criança e de adolescentes que, em razão de situação específica de vulnerabilidade social, são credoras de estratégias de atuação que extrapolam as possibilidades de ação eficaz das políticas básicas (TAVARES, 2019). Isto significa dizer que, o atendimento voltado a essas crianças e esses adolescentes é decorrente de suas necessidades pelas condições específicas de vulnerabilidade, seja por conta da ação ou da omissão social ou Estatal, como também pode ser decorrente da ausência, omissão ou do abuso de seus pais ou responsáveis. O referido atendimento também trata dos infanto-juvenis que se enquadrem no art. 98 do ECA, ou seja, estão em condições de riscos em razão de suas condutas, como se vê: Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou
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