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Unidade IV - Esporte e Mídia

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Prévia do material em texto

Sociologia do Esporte
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Leandro Thomazini
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira
Esporte e Mídia
• Esporte Espetáculo da Mídia;
• Indústria Cultural e Esporte;
• A Monocultura Brasileira: O Caso do Futebol;
• Algumas Considerações.
 · Indicar as possíveis relações no fenômeno midiático e suas implicações 
na atualidade, na maneira como praticamos e percebemos o esporte, 
assim como os efeitos da indústria cultural no fenômeno esportivo.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Esporte e Mídia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Esporte e Mídia
Contextualização
Nesta Unidade, iremos apresentar as relações do fenômeno midiático e suas 
implicações na atualidade, na maneira e forma como percebemos o esporte, assim 
como os efeitos da indústria cultural no fenômeno esportivo.
O fenômeno esportivo acompanhado pela mídia televisiva é formatado por 
diversos atores, interesses e disputas de ordem econômica e cultural, evidenciando 
seu sentido complexo. 
Com base na abordagem sociológica, serão apresentados algumas análises e estu-
dos de matrizes teóricas distintas, focalizados na temática mídia e esporte, como tam-
bém, do exemplo do futebol na cultura brasileira, promovendo uma visão crítica do 
sistema esportivo profissional, dos instrumentos conceituais e perceptivos para uma 
apreciação estética e técnica do esporte, como do “consumo” do esporte espetáculo.
8
9
Esporte Espetáculo da Mídia
Há algumas décadas, as tecnologias eletrônicas de comunicação vêm expandindo 
seu acesso a população, atingindo um número maior de pessoas, devido os seus 
avanços tecnológicos. As redes de televisão investem milhões para assinaturas com 
direitos de transmissão de eventos esportivos.
Como exemplo, citamos a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), 
que anunciou o valor mínimo de US$ 1,4 bilhão (R$ 4,4 bilhão em média) para a 
comercialização de seus torneios entre os anos de 2019 e 2022. Isso representa 
mais que o dobro do contrato até 2018, o principal torneio da Conmebol é a Copa 
Libertadores de Futebol Masculino.
As transmissões por televisão dos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol 
Masculino da Série A geram o custo de R$ 550 milhões para o Esporte Interativo 
pago aos clubes que tem sob contrato de transmissão de jogos em TV fechada e R$ 
600 milhões é o valor desembolsado pelo Grupo Globo com os clubes que terá sob 
contrato a partir de 2019. Os contratos têm duração de seis temporadas. Outros 
R$ 500 milhões investiu a Globo em contratos referentes a outras plataformas, 
como TV aberta e pay per view.
Outro aspecto que revela a importância dada aos Esportes é a quantidade de 
transmissões esportivas na TV brasileira, com canais fechados especializados no 
tema (SporTV, ESPN, Fox Sports, Bandsports e Esporte Interativo), como também 
grandes redes com canais abertos, que dão destaque aos Esportes: Rede Globo, 
Rede Bandeirantes, RedeTV, RecordTV, SBT, TV Esporte Interativo e TV Brasil.
Saindo do Brasil, para demonstrar a importância dada ao Esporte, do ponto de 
vista mercadológico, a transmissão do Super Bowl, que é a final do campeonato 
da NFL, principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, configurado como 
maior evento esportivo e de maior audiência televisiva do país, também apresenta 
a publicidade mais cara da televisão mundial. 
Em 2017, mais de 200 milhões de pessoas assistiram à partida ao vivo, uma 
cadeira para assistir à partida no estádio ficou, em média, US$ 5,6 mil, e um 
simples anúncio de 30 segundos veiculado no intervalo da partida foi avaliado em 
US$ 5 milhões.
9
UNIDADE Esporte e Mídia
Importante!
O termo “mídia” surge a partir do inglês media, a versão simplificada de mass media, 
referindo-se aos meios de comunicação em massa. A mídia é entendida como o conjun-
to dos diversos meios de comunicação, com a finalidade de transmitir informações e 
conteúdos variados.
O universo midiático abrange várias plataformas, entre as quais destacam-se os jornais, 
revistas, a televisão, o rádio e a internet. A análise da unidade recairá, sobretudo, na 
chamada mídia televisiva.
Importante!
No século XXI, vemos uma crescente utilização do suporte da internet como 
meio de transmissão de conteúdos, os canais televisivos se utilizam atualmente 
dessa plataforma para difusão de conteúdo esportivo, ou mesmo a transmissão ao 
vivo pelos dispositivos móveis a exemplo como ocorre com aparelhos televisivos.
Apesar dos contrapontos de que a internet suprimiria as outras plataformas 
midiáticas, vemos que a televisão teve importância capital no desenvolvimento do 
Esporte Moderno como o conhecemos. Segundo Betti (2001), o esporte sempre 
teve interesse das diversas mídias, mas com supremacia da televisão, que de forma 
híbrida conseguiu ressignificar aspectos das outras mídias, nesse sentido, o esporte 
não teria alcançado a importância política, econômica e cultural de que desfruta 
hoje se não fosse sua associação com a televisão, associação esta que criou uma 
“realidade textual autônoma”: o esporte telespetáculo.
Como chegamos a esse esporte telespetáculo?
Em 1939, aconteceu oficialmente a primeira transmissão de TV nos Estados 
Unidos, a televisão, embora jovem, é um aparelho que atende a necessidades hu-
manas muito antigas, que em outras épocas foram, bem ou mal, atendidas por 
outros meios. Anteriormente a televisão, os trabalhadores e as trabalhadoras satis-
faziam suas fantasias com romances populares, vendidos aos milhares para a po-
pulação de baixa renda. Esses livretos apaixonavam as pessoas, faziam-nas sonhar, 
fabricavam sensações de ansiedade e prazer (MARCONDES FILHO, 1988).
Assim como esses livretos, o Jogo e o Esporte são práticas que potencializam 
na sua execução o desenvolvimento de emoções e sentimentos, proporcionando 
tensão e prazer, do choro ao riso. Evidentemente, tais sensações não são alcan-
çadas apenas na participação ativa de tais atividades corporais, mas também nos 
espectadores de jogos, esportes, ou mesmo nas diversas manifestações artísticas, 
a exemplo do que ocorria na Roma do século V, quando mais da metade de sua 
população podia abrigar-se simultaneamente nos seus estádiose anfiteatros. 
10
11
Os primeiros espectadores da Idade Contemporânea surgiram na Inglaterra do 
século XIX, no bojo do processo social que viria a originar a moderna forma do 
esporte, eram apostadores das lutas de boxe e corridas de rua que se realizavam 
em Londres. No início do século seguinte, passa-se do espectador-apostador para 
espectador-torcedor, fiel a uma das partes em disputa, mas ainda como espectador 
corporalmente presente nos estádios e ginásios.
Foi a partir da década de 60, com a proliferação das transmissões ao vivo de 
eventos esportivos, que se tornou proeminente uma nova figura na história do 
esporte: o telespectador. O esporte transformou-se num espetáculo modelado 
de forma a ser consumido por telespectadores que procuram um entretenimento 
excitante, faceta utilizada pela indústria do lazer, desempenhado pela mídia, espe-
cialmente a televisão (BETTI, 1997). 
O primeiro evento denominado dentro da perspectiva do esporte telespetáculo 
foi a Copa do Mundo de 1966 - o primeiro evento internacional integralmente 
explorado pela televisão, mas os moldes de exploração comercial enfatizado pela 
mídia televisiva firmaram-se a partir dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles.
Essa relação esporte-televisão ou esporte telespetáculo vem alterando, pro-
gressiva e rapidamente, a maneira como praticamos e percebemos esporte, sendo 
o espectador a figura chave desse processo, pois o ele está disposto a pagar o 
quanto for para assistir a uma competição esportiva. 
O telespectador paga por busca de entretenimento, seja na compra de equi-
pamentos eletrônicos (televisão ou similares), ou por meio de pacotes de TV por 
assinatura, até mesmo suplementares como o pay per view. 
Por sua vez, tais programas televisivos estimulam o consumo de produtos 
esportivos (vestuário, equipamentos etc.), utilizando o esporte enquanto conteúdo, 
ou associando-o a outros produtos por meio do anúncio publicitário, tornou o 
próprio telespetáculo esportivo um produto de consumo comparável às telenovelas 
e programas de auditório (BETTI, 1998). 
Como forma de ampliar o espetacular, a transmissão televisiva propõe uma 
nova visão do evento esportivo: a repetição obsessiva dos lances mais violentos ou 
magníficos, o fanatismo da torcida, a euforia da vitória. Toda essa produção facilita 
muito a comercialização do esporte, pois permite a ênfase em tudo o que mais inte-
ressa aos investidores e produz uma visão artificial do esporte, em combinação com 
uma linguagem “guerreira”, amplificando o falso drama que se vive nos palcos do 
esporte, seja ele individual ou coletivo. Porque, a princípio, a competição esportiva 
é uma luta simbólica, e não uma luta real.
11
UNIDADE Esporte e Mídia
Importante!
Vejam essa belíssima passagem da obra de Mauro Betti, ao qual desnuda o telespetáculo 
esportivo, relacionando-o ao título dado a sua tese “A janela de vidro: esporte, televisão 
e educação física”.
“A TV é telepresença, o objeto é presentado (e não mais representado) em tempo real 
- daí o sensacionalismo da “transmissão ao vivo”. O esporte molda-se perfeitamente à 
forma desta nova linguagem das imagens; tudo é instantaneidade, ação e velocidade. 
Para a televisão, importa tanto a forma de mostrar o esporte como seu conteúdo. Uma 
consequência imediata é a fragmentação e a distorção do fenômeno esportivo, pois 
a televisão seleciona imagens esportivas e as interpreta para nós, propõe um certo 
“modelo” do que é “esporte” e “ser esportista”. Mas, sobretudo, fornece ao telespectador 
a ilusão de estar em contato perceptivo direto com a realidade, “como se estivesse 
olhando através de uma janela de vidro” (BETTI, 1997, p.37)”. 
Trocando ideias...
O trabalho de Capinussú (2005) apresenta alguns fatores negativos que 
necessitam de superação em relação à cobertura televisiva dada ao movimento 
olímpico, são eles:
• O Movimento Olímpico só é divulgado nos anos em que ocorrem os Jogos. 
Ainda assim, é uma divulgação “capenga”, porque os meios de comunicação 
não se importam em dar informações precisas e atraentes;
• Os programas de televisão são repetitivos, a maior parte do que é divulgado 
refere-se à última Olimpíada (de quatro anos atrás). Pouco se cria, pouco se 
renova. Não se promovem debates com atletas olímpicos brasileiros e estran-
geiros da atualidade e do passado. Não se recorre a consultores especializados 
para elaborar os programas. 
• Quando aparece uma publicação especializada em assuntos de caráter olímpico, 
as dificuldades de produção são enormes e o seu tempo de vida é efêmero. 
Prefere-se promover o dirigente envolvido com o Olimpismo em detrimento 
de educar o povo, incutindo-lhe as ideias do Barão de Coubertin. 
O sociólogo Pierre Bourdieu em seu livro “Sobre a televisão”, efetuou algumas 
generalizações sobre os efeitos da cobertura dos jogos olímpicos pela mídia. Um 
dos aspectos destacados é o referencial oculto pelas representações feitas a partir 
das seleções de imagens desse espetáculo olímpico filmado, segundo o qual, em 
que cada televisão de seu respectivo país dará mais ênfase ao atleta ou prática es-
portiva que satisfará o gosto e orgulho daquela nacionalidade (selecionando os que 
são sucesso televisual, medalhas e que dê lucros econômicos), transformando essa 
competição de atletas de todo o globo em um confronto de campeões instituciona-
lizado (no sentido de combatentes devidamente delegados por seus países).
Bourdieu salienta também as pressões das redes televisivas que chegam a afetar 
a escolha dos esportes olímpicos, lugares, momentos em que são determinados 
12
13
para o transcurso das provas e das cerimônias. Cita o exemplo que ocorreu nos 
Jogos Olímpicos de Seul em 1988, em que os horários de transmissão das finais 
das provas de atletismo, foram ajustados para o horário de audiência máxima no 
começo da noite dos Estados Unidos (após negociações envolvendo formidável 
quantia financeira) (BOURDIEU, 1997). 
Importante!
O Voleibol teve alteração de suas regras para adequar-se ao formato de visualização 
televisiva. A partir da década de 80, o Voleibol passou por um período de grandes contratos 
publicitários e da grande cobertura da mídia, assim como, de grandes premiações nos 
torneios organizados pela FIVB. As partidas foram alteradas para uma duração menor, 
para adequação à programação televisiva, em que o sistema de vantagens aplicado ao 
voleibol foi abolido (a partida com vantagens durava de 3 a 4 horas). Institui-se o uso de 
bolas coloridas, que permitiam uma melhor visualização pelos telespectadores, houve 
a introdução de um jogador especialista na defesa para aumentar o tempo do rally e a 
maior interatividade dos técnicos junto aos atletas e o tempo técnico foram algumas das 
mudanças propostas para a melhoria do espetáculo junto à TV.
Você Sabia?
O conceito de campo na teoria de Bourdieu foi utilizado na análise da produção 
dos Jogos Olímpicos como espetáculo televisivo, em que o conjunto das relações 
objetivas entre os agentes e as instituições comprometidas na concorrência pela 
produção e comercialização das imagens e dos discursos sobre os Jogos, aos quais, 
tais agentes e instituições foram caracterizados pelo: Comitê Olímpico Interna-
cional (COI), Grandes companhias de televisão, Grandes empresas multina-
cionais e produtores de imagens e de comentários destinados a mídia.
Segundo o autor, o Comitê Olímpico Internacional (COI) é instituição pro-
gressivamente convertida em grande empresa comercial com orçamento anual de 
20 milhões de dólares, dominado por uma pequena camarilha de dirigentes es-
portivos e de representantes das grandes marcas industriais (Adidas, Coca-Cola, 
etc.), que controla a venda dos direitos de transmissão (avaliados, para o Jogos de 
Barcelona em 1992,em 633 bilhões de dólares) e dos direitos de patrocínio, assim 
como a escolha das cidades olímpicas.
As grandes companhias de televisão (sobretudo americanas) disputavam em 
concorrência pelos direitos de transmissão, assim como,as grandes empresas 
multinacionais (Coca-Cola, Kodak, Ricoh, Philips, etc.) em concorrência pelos 
direitos mundiais sobre a associação com exclusividade de seus produtos com os 
Jogos Olímpicos (enquanto “fornecedores oficiais”). Por fim, os produtores de 
imagens e de comentários destinados à mídia (televisão, ao rádio ou aos jornais, 
em números de 10.000 trabalhadores em Barcelona) que estão comprometidos 
em relações de concorrência capazes de orientar seu trabalho individual e coletivo 
de construção da representação dos Jogos, seleção, enquadramento, montagem 
de imagens e elaboração do comentário (BOURDIEU, 1997). 
13
UNIDADE Esporte e Mídia
Indústria Cultural e Esporte
Um grupo de pesquisadores debruçou-se em análises sobre as relações entre in-
formação, consumo, entretenimento e política, ocasionada pela mídia, bem como 
seus efeitos nocivos na formação crítica de uma sociedade, aos quais, ficaram co-
nhecidos como pensadores da Escola de Frankfurt.
Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969) são os prin-
cipais representantes da escola, fundada em 1924 na Universidade de Frankfurt, na 
Alemanha. No local, um conjunto de teóricos, entre eles Walter Benjamin (1892-
1940), Jürgen Habermas (1929), Herbert Marcuse (1898-1979) e Erich Fromm 
(1900-1980), desenvolveram estudos de orientação marxista.
Tais estudos feitos por esse grupo ficaram conhecidos como Teoria Crítica, 
aos quais incluem as análises dos meios de comunicação caracterizados como 
indústria cultural.
A obra “Dialética do Iluminismo”, de Adorno e Horkheimer escrita em 1947, 
definiram a indústria cultural como um sistema político e econômico que tem por 
finalidade produzir bens de cultura: filmes, livros, música popular, programas de 
TV, em formato de mercadorias, sobre a égide do capital e como estratégia de 
controle social.
Tais meios de comunicação de massa, como TV, rádio, jornais e portais da 
Internet, são propriedades de algumas empresas, que possuem interesse em obter 
lucros e manter o status econômico vigente que as permitem continuarem lucrando. 
As análises em torno da televisão como componente da indústria cultural, 
atribuem uma função conservadora e alienante, contribuindo para a dominação 
das massas, dirigindo e cerceando a consciência das pessoas (incutindo valores, 
preceitos, crenças, modos de ser, pensar, agir e valorizar), e para a reprodução 
da cultura como mercadoria no processo capitalista (universalizando os valores da 
sociedade do consumo). 
Outro conceito de Adorno (1996) é a semicultura ou semiformação, ao qual 
compreende como uma espécie de pseudo-cultura, feita sem autorreflexão crítica 
e, por isso, ela é a possibilidade da Indústria Cultural existir e exercer seu domínio, 
engendrando a ideologia da classe dominante, numa perspectiva de consumo 
e reificação (entendida no sentido de coisificação, ou seja, de tornar todos os 
fenômenos na sociedade (capitalista) em coisas possíveis de serem comercializadas), 
tornando, assim, impotente a possibilidade de uma consciência crítica e autônoma. 
Segundo Marcondes Filho (1988), a televisão apresenta uma realidade já pronta, 
que não atinge a criatividade do receptor, acarretando a perda do direito de escolha 
e da livre concentração e estabelece com o espectador uma relação guiada por 
interesses mercadológicos, não estéticos como no cinema ou teatro, nos quais o 
espectador ainda exerce alguma função crítica, chamando estas de formas parciais 
de comunicação.
14
15
 A televisão impõe um novo imaginário, produzida industrialmente na busca 
da “domesticação das fantasias” das massas; em vez de atender seus desejos e 
vontades, fornece apenas indícios: “o perfume da flor e não a flor, a emoção do 
prazer e não o prazer, a sensação da paz e não a paz” (MARCONDES FILHO, 
1988, p.28). 
Além disso, tais aspectos geram uma informação midiática de superficialidade dos 
esportes, que segundo Betti (1997), somente um lado da discussão é apresentado, 
até porque ainda não existe um hábito de procurar a “verdade” por outros meios 
(jornais, revistas, rádio, internet). Percebe-se que uma parcela da população – não 
pequena – observa o esporte pela lógica da mídia e finda atribuindo juízos de valor 
por aquilo que recebe (mensagens). 
Entretanto, o efeito esportivo é ambíguo:
[...]por um lado, ele pode ter um efeito contrário a barbárie e ao sadismo, 
por intermédio do fairplay, do cavalheirismo e do respeito pelo mais 
fraco. Por outro, em algumas modalidades e procedimentos, ele pode 
promover a agressão, a brutalidade e o sadismo, principalmente no caso 
dos espectadores, que pessoalmente não estão submetidos ao esforço 
e a disciplina do esporte; são aqueles que costumam gritar nos campos 
esportivos. (ADORNO, 1995, p.127) 
A Monocultura Brasileira: O Caso do Futebol
Outro aspecto apontado por Betti (2001), refere-se à monocultura esportiva – 
nesse caso, tomando como referência o Brasil. A ênfase quantitativa da “falação” 
das mídias, assim como da transmissão ao vivo de eventos, é relacionada ao futebol. 
A questão principal seria a relação custo-benefício. E o futebol tem, por ser “paixão 
nacional”, retorno garantido nos investimentos.
O futebol, no Brasil, é o esporte predileto das massas e está fortemente 
arraigado em nossa cultura. É através do futebol que a população simples e 
humilde, especialmente os homens, sublima suas frustrações. Num jogo de futebol 
evidenciam-se rivalidades, disputas e desafios entre torcedores. Psicologicamente, 
o torcedor da equipe vitoriosa coloca-se em superioridade perante a equipe 
perdedora e seus fãs.
Na Copa do Mundo — o processo assume dimensões nacionais e patrióticas: o 
prazer da vitória se realiza, aqui, associado a um “ajuste de contas”. As rixas com 
algumas seleções são acentuadas pela mídia esportiva, como na rivalidade com a 
seleção Argentina. 
Promovido intensamente pelas mídias esportivas e pelas próprias expectativas 
populares, o futebol assume uma carga emocional (e agressiva) equivalente à dos 
desafios militares sofridos por um país em época de guerra. Nenhum outro objeto 
15
UNIDADE Esporte e Mídia
concentra tanta energia de massas como o futebol na Copa do Mundo. Na ausência 
de um fato que sintetize, que condense as aspirações por nacionalidade, por 
unidade, por revolta (cultural e até política), o futebol funciona como um oportuno 
(e inofensivo) substituto (MARCONDES FILHO, 1988).
Um estudo de Ribeiro e Pires (2013) analisaram a evidência midiática dada 
a Sociedade Esportiva Palmeiras, após seu rebaixamento da primeira divisão do 
futebol brasileiro no ano de 2002. Houve no ano de 2003 uma constante aparição 
desse time nas redes televisivas de canal aberto, através dos programas esportivos. 
Esse tipo de exposição não era frequente quando se tratava de uma segunda divisão.
Essa exposição midiática era reflexo da força política, simbólica e principalmente 
econômica dos patrocinadores do Palmeiras à época - Diadora e Pirelli. Como 
explica Pires (2002, p.111), “À medida que as empresas que estão hoje investindo 
em clubes brasileiros, de forma associada à indústria midiática [...], passam a ser 
controladoras e principais beneficiárias da comercialização destes direitos [...].”
Efeito similar ocorreu com o rebaixamento do Corinthians para a Série B do 
campeonato Brasileiro de 2007, que pela força dos patrocinadores, o número alto 
de torcedores que fazem impacto na audiência televisiva, acabam gerando esse cír-
culo vicioso de monocultura brasileira do esporte, que utilizam do apelo midiático, 
a venda de marcas e produtos esportivos, produzindo a hegemonia de alguns times 
e jogadores, frutos do processo de alienação envolvendo o discurso midiático.
Algumas Considerações
A intenção proposta nesta unidade foi de analisar de forma objetiva a televisão 
e suas interfaces com o esporte, propondo alguns olhares de autores que utilizam 
o referencial sociológico de matrizes teóricas diversas. Como pudemos observar, a 
crítica sobreo processo midiático é sistemática, no entanto, não podemos olhar a 
televisão como um monstro doméstico que perverte nossas famílias. 
 O televisor, obviamente, não é nosso inimigo, é apenas um aparelho que transmite 
mensagens produzidas por homens que trabalham na produção de programas de 
naturezas distintas. Homens, grupos e empresas com ideias, intenções, ideologias, 
e interesses a divulgar. Se a TV ocupa, hoje, lares, e diversos outros equipamentos 
e as pessoas dispõe de horas assistindo sua programação, é porque alguma coisa 
de errado ocorre com as pessoas que assistem e fazem TV, e não com o aparelho 
de televisão.
Portanto, seria progressista pensar que não se deve criticar ou atacar o ponto 
onde o problema não está. “Deve-se, antes, ver o que há de errado com a cabeça das 
pessoas. Mudando-as, a televisão se transformara automaticamente” (MARCONDES 
FILHO, 1988, p. 8).
16
17
Betti (2001) propõe um exercício de imaginação (e esperança) sobre o que deveríamos ler, 
ouvir e olhar se houvesse um outro lado, o do esporte na mídia: 
• A cobertura de várias modalidades esportivas, inclusive as que ainda são predominante-
mente amadoras; 
• A presença de informações/conteúdos científi cos (biológicos, socioculturais, históricos) 
sobre a cultura esportiva; 
• Análises aprofundadas e críticas a respeito dos fatos, acontecimentos e tendências nas 
várias dimensões que envolvem o esporte atualmente (econômica, administrativa, políti-
ca, treinamento, tática etc.), considerando o passado, o presente e o futuro; 
• As vozes dos atletas (profi ssionais e amadores) enquanto seres humanos integrais, e não ape-
nas como máquinas de rendimento, nos falando sobre a experiência global de praticar esporte; 
• Uma maior interação com os receptores, considerados indivíduos singulares, instaurando 
um verdadeiro processo de comunicação. 
E tudo isso adaptado às características de cada mídia, preservando a forma espetacular que 
atrai o leitor, o ouvinte, o telespectador. Será possível? Quem se arrisca a tentar?
Ex
pl
or
17
UNIDADE Esporte e Mídia
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Esporte e Mídia - Rede Mídia
Para aprofundar um pouco mais sobre o tema, assista este programa da Rede Mídia 
com um debate entre a relação mídia e do esporte.
https://youtu.be/Usu1yWTbSM0
 Filmes
Um Domingo Qualquer
Recomendamos o filme “Um Domingo Qualquer”, de Oliver Stone (1999). Nesse 
longa, é apresentado a dimensão que existe na relação esporte tele-espetáculo, a partir 
da lógica do dinheiro.
Muito Além do Cidadão Kane
Um documentário muito interessante é “Muito Além do Cidadão Kane” que apesar de 
não focalizar a questão do Esporte, trata as relações entre a mídia e o poder do Brasil, 
focando na análise da figura de Roberto Marinho e a posição dominante da Rede 
Globo na sociedade brasileira. Produzido pelo britânico de Simon Hartog, foi exibido 
em 1993 pelo Channel 4, emissora pública do Reino Unido. 
 Leitura
A influência e o papel social da mídia para os produtos esportivos
Este interessante artigo intitulado “A influência e o papel social da mídia para os 
produtos esportivos” traz uma relação entre esporte, mídia, relações com o futebol e 
seus produtos.
https://goo.gl/NU27zB
18
19
Referências
ADORNO, T. W. Educação após Auschwitz. In: ADORNO, T. W. Educação e 
emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. p.119-138.
ADORNO, T. W. Teoria da Semicultura. Revista Educação e Sociedade: n. 56, 
ano XVII, dezembro de 1996, p. 388-411.
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