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Elaboração de respostas subjetivas Apresentação Quando você comunica algo, não está apenas transmitindo informações. Está, também, expondo o seu modo de ver o mundo. Não há, portanto, o uso "inocente" da língua: todo ato comunicativo veicula tanto uma informação quanto uma intenção de quem o produz. No entanto, há alguns recursos linguísticos que denotam mais claramente as intenções do falante, acentuando a subjetividade do discurso. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer esses recursos! Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a natureza intencional e dialógica dos discursos.• Reconhecer as marcas de subjetividade inseridas no discurso.• Avaliar a importância da subjetividade para a compreensão e a produção de textos.• Desafio Você recebe o seguinte bilhete do seu chefe: "Certas planilhas não estão certas." A repetição do termo "certas" é um pouco incômoda, não é mesmo? Mas a repetição não está incorreta, pois algumas palavras podem gerar sentidos diferentes, dependendo da posição que ocupam na frase. Pense mais sobre isso a partir das duas frases a seguir: Infográfico A subjetividade/intencionalidade do enunciador é marcada pela maneira como ele seleciona e hierarquiza as informações que veicula por meio de seu discurso. Acompanhe a seguir a inserção de marcas de subjetividade em um fragmento textual. Conteúdo do livro Você sabia que a subjetividade diz respeito à perspectiva do locutor frente a algo? É comum que a subjetividade seja entendida apenas como a expressão de sentimentos ou ao uso de expressões coloquias ou ainda ao uso dos pronomes 'eu' e 'nós'. Você estudará o que significa subjetividade do ponto de vista textual e sua relação com o discurso. Boa leitura. COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Daisy Batista Pail Elaboração de respostas subjetivas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a natureza intencional e dialógica dos discursos. Reconhecer as marcas de subjetividade inseridas no discurso. Avaliar a importância da subjetividade para a compreensão e a pro- dução de textos. Introdução Neste capítulo, você estudará o que é subjetividade no texto, com que outros conceitos ela se relaciona, quais são as suas características. Ao se falar em subjetividade, não se trata de “tudo é válido”, mas da forma como o locutor se projeta em seu enunciado, expressando seu ponto de vista sobre algo, seja por meio de expressões como “eu gosto de”, “eu acho”, “eu concordo com”, seja por meio de argumentos. Na primeira seção, são discutidas as noções sobre discurso, diálogo, enunciação e intencionalidade. A seguir, são demonstrados alguns mo- dos de se marcar e identificar a subjetividade. Por fim, verifica-se qual a relação e a importância desta para a produção e a compreensão textual. Discurso A comunicação é um fenômeno heterogêneo envolvendo elementos de na- tureza variada, tais como situação, intenção, conhecimento de mundo, meio, conhecimento linguístico, entre tantos outros. Ela, em sentido amplo, envolve qualquer forma de troca de informações, desde a comunicação entre máquinas até a comunicação humana. Esta pode ser comunicação não verbal (i.e., por meio de imagens, de sons, do corpo) ou verbal (i.e., por meio de palavras). É na comunicação verbal que se encontra o discurso. Em uma acep- ção ampla, o discurso é uma manifestação linguística em que se expõe de forma metódica determinado assunto. Discurso, entretanto, pode ser entendido não só como manifestação linguística para fins comunicativos, mas também como manifestação linguística que sustenta e é sustentada pela visão de mundo, ou ideologia, de um grupo ou de uma instituição (FOUCAULT, 1996). Nessa acepção, o discurso apresenta uma relação com poder social, permitindo que se diga discurso jurídico, discurso acadêmico, discurso religioso, discurso de direita, discurso de esquerda, etc. Por essa mesma razão, essa noção de discurso se liga a noções como subjetividade (ainda que esteja mais ligada à instituição, podendo ser representada por indivíduo) e intencionalidade. Diálogo Como todo e qualquer discurso é destinado a alguém, ele pode integrar um diálogo, isto é, uma troca comunicativa. De acordo com Walton (2008, p. 4), [...] um diálogo é sequência de mensagens ou atos de fala entre dois (ou mais) participantes”. Entendido dessa forma, será considerado diálogo não apenas aquele realizado face a face em tempo real (acepção tradicional), mas também aquele que ocorre por intermédio de outros meios (por exemplo, cartas, mensagens de textos, mensagens de voz, áudios, etc.), em tempo real ou com diferença temporal. Ligada à noção de diálogo, há a enunciação. “A enunciação é vista como um processo, um ato pelo qual o locutor mobiliza a língua por sua própria conta” (BARBISAN, 2006, p. 28). Ao fazer isso, ele se introduz, enquanto aquele que fala (locutor), na sua fala, isto é, no enunciado (produto desse ato). Ainda de acordo com essa autora, as características linguísticas do enunciado serão estabelecidas pelas relações entre língua e locutor. Também é por meio desse processo que ele [...] enuncia sua posição com marcas linguísticas” (BARBISAN, 2006, p. 28), implantando o outro (alocutário, interlocutor). Em cada enunciado, como centro de referência interna, “[...] emergem marcas de pessoa (relação eu-tu), de ostensão, de espaço e de tempo, em que eu é o centro da enunciação” (BARBISAN, 2006, p. 28), assim como o ele, a não- -pessoa, aquilo ou aquele sobre o que/quem se fala. Essas noções também estão presentes na escrita, seja pela enunciação, seja pelo estabelecimento de diálogo por meio dela, seja pelo discurso. Quando se Elaboração de respostas subjetivas2 pensa na comunicação escrita, há principalmente uma relação tríplice, conforme Koch e Elias (2006), autor, texto e leitor, envolvida na construção do sentido. O sentido, de acordo com as autoras, é construído na relação entre esses três, não dependendo apenas do autor (o que ele quis dizer), nem do texto (o que está codificado), nem do leitor (o que ele entendeu). Essa relação é a fundação da compreensão do texto, porém outros fatores são intervenientes, como contexto e qualidade do material (letra pequena ou ilegível, tinta muito fraca, etc.). Assim como o eu que fala se projeta no enunciado falado, também o faz na escrita, de modo mais ou menos intenso. Pode-se perceber essa projeção por meio de algumas marcas ou características, como será visto na próxima seção. Intencionalidade discursiva Toda produção oral ou textual tem uma intencionalidade por trás, que pode ser, por exemplo, de divulgar, informar a convencer, comover. Devido a isso, a imparcialidade é impossível, assim como a objetividade e a neutralidade, “pois a linguagem é sempre carregada dos pontos de vista, da ideologia, das crenças de quem produz o texto” (FIORIN, 2015, p. 45). A parcialidade é uma questão de gradação, do declaradamente parcial ao de efeito praticamente nulo, isto é, aquele cuja parcialidade não é percebida facilmente. Esse é caso, por exemplo, de artigos científi cos, em que, em uma situação ideal, a subje- tividade será percebida na ordem como uma frase é estruturada, no uso de modalizadores, etc.; elementos que permitirão ao leitor perceber para quais informações se quis chamar mais atenção. Já nos declaradamente parciais, não só a opinião será expressa, como também emoções e sentimentos por meio de palavras que os expressem, como “amar/amor”, “odiar/ódio”, expressões pejorativas, entre outros. De acordo com Koch (2015, p. 51, grifo nosso), “[...] a intencionalidade refere-se aos diversos modos como os sujeitos usam os textos para conseguir realizar suas intenções comunicativas, mobilizando, para tanto, os recursos adequados à concretização dos objetivos visados”. De modo mais restrito, pode ser entendida como o desejo (intenção)do locutor de se manifestar lin- guisticamente de modo coeso e coerente ou não para provocar certos efeitos sobre a audiência. 3Elaboração de respostas subjetivas Essa intenção está presente nos atos de fala, isto é, ações que são reali- zadas por meio das palavras (AUSTIN, 1975; SEARLE, 1976), tais como dar uma ordem, fazer um pedido, expressar emoções. Ela estará presente no que o locutor expressa ou deixa a entender, assim como no efeito que quer causar no outro. Veja o quadro “Exemplos”, a seguir, para maior compreensão. Considere o seguinte contexto: duas pessoas assistindo a um filme. A pessoa A é um ótimo cozinheiro, a B, não. B comenta com A: Bah, que fome! O ato locucionário é a forma como algo é dito, isto é, o enunciado. O ato ilocucionário atribui ao pri- meiro uma determinada força, por exemplo, um pedido por uma refei- ção. Este pode ser indireto, quando fica subentendido (como no exemplo), ou direto, quando é dito (Cozinha para a gente). O ato perlocucionário é o efeito que o locutor quer causar no interlocutor, por exemplo, levar A a fazer a comida. Posteriormente, Searle (1976) estabeleceu outros atos de fala. O ato as- sertivo consiste em dizer a alguém como algo é (fazer uma asserção); o ato diretivo, na tentativa de levar o outro a fazer algo por meio de convite a ordens; o ato expressivo, em expressar emoções e atitudes; o Ato comissivo, em provocar uma mudança ao agenciar outros; e, por fim, o ato declarativo consiste na possibilidade de causar um mudança por meio da linguagem. Elaboração de respostas subjetivas4 Ato Exemplo Explicação Assertivo Vai chover no fim de semana É feita uma afirmação sobre algo Diretivo Doure o alho an- tes dos demais ingredientes Apresenta uma orientação Expressivo Me desculpe por esquecer teu aniversário Expressa uma atitude do locutor Comissivo #TodosPelaVida Essa hashtag pretendia envolver pessoas e instituições em uma corrida para arrecada- ção de fundos para a sede do Instituto de Câncer Infantil em Campo Bom Declarativo Eu o batizo Pedro Um padre, por exemplo, ao dizer isso muda a realidade da criança, não apenas pelo nome, mas também pelo rito religioso Marcas de subjetividade Subjetividade é a forma como um sujeito experiencia algo. Quando se fala em texto (oral ou escrito), é a forma como o locutor transparece sua atitude, sua opinião sobre algo. Ela pode ser expressa de modos mais ou menos diretos, mais ou menos passionais. Para Bakhtin, “[...] a subjetividade é constituída pelo conjunto de relações sociais de que participa o sujeito” (FIORIN, 2016, p. 60), o que implica que, ao mesmo tempo que o locutor se constitui discur- sivamente, ele apreende [...] as vozes sociais que compõem a realidade em que está imerso, e, ao mesmo tempo, suas inter-relações dialógicas”. 5Elaboração de respostas subjetivas São consideradas marcas de subjetividade expressões e palavras que permitem ao locutor expressar sua perspectiva sobre algo. Essas marcas podem ser mais ou menos discretas, dependendo do gênero textual e do contexto. É comum se associar à subjetividade o uso dos pronomes eu e nós, assim como verbos como achar, acreditar, crer, palavras pejorativas (palavrões e xingamentos), adjetivos qualitativos ( fácil, difícil, furtivo); porém não são a única forma de se marcar a subjetividade. Em qualquer produção linguística, oral ou escrita, é possível fazer uso de indicadores modais, isto é, meios linguísticos para apresentar modalidade. “A modalização tem o papel de exprimir a posição do enunciador em relação a aquilo que diz” (FIORIN, 2000, p. 171, grifo nosso), aumentando ou diminuindo a força de um enunciado (em uma perspectiva mais lógica). De acordo com Koch (2010), os principais tipos modalizadores são: necessário/possível; certo/ incerto, duvidoso; obrigatório/facultativo. Há muitas formas de expressar a mo- dalidade: algo é [modalizador adjetivo], é [modalizador adjetivo] algo; advérbios e locuções adverbiais, como talvez, provavelmente, possivelmente, certamente; verbos auxiliares modais, como poder, dever, precisar; construção de auxiliar + infinitivo (ter de + infinitivo, precisar + infinitivo); orações modalizadoras, como não tenho dúvida de que, todos sabem que (KOCH, 2010). No exemplo a seguir, foram destacados trechos em que ocorrem modali- zação. Nesses trechos, você perceberá que o autor usa modalizadores para dar mais força às afirmações e, consequentemente, expressa seu ponto de vista quando ao assunto. Tenha em mente que esse mesmo tipo de modalizadores podem aparecer em leis e manuais, e, nesses casos, não se trata de expressão de subjetividade. O autor deste texto fala sobre as alterações no Art. 149º do Código Penal e argumenta sobre o seu ponto de vista acerca do assunto. Texto 1 As alterações do Art. 149º do Código Penal foram um importante passo para aprimorar a legislação, fechando o cerco à prática do traba- lho escravo e das condutas que reduzem o trabalhador à condição de escravo. Mas, para alcançar essa boa finalidade, [1] é necessário que haja uma correta aplicação da lei, que não dê margens a abusos. Elaboração de respostas subjetivas6 No trecho do exemplo acima, foram destacados dois trechos que apresentam modalização. Em [1], algo é indicado como sendo necessário, ao passo que, em [2], como obrigatório. A modalização, como nesses casos, pode ser uma indicação de subjetividade, isto é, da atitude do sujeito (locutor) frente a algo (diferente de enunciados como “para ferver a água é necessário elevar sua temperatura até atingir 100°C”). Outra forma de se identificar/expressar a subjetividade é pelo uso dos chamados indicadores de atitude, ou estado psicológico do locutor frente a seu enunciado. Segundo Koch (2010, p. 53), “[...] a atitude subjetiva do locutor em face de seu enunciado pode traduzir-se também numa avaliação ou valoração dos fatos, estados ou qualidades atribuídas a um referente”, por meio, principalmente, de formas intensificadoras e adjetivos. Se é certo que toda a escravidão deve ser exemplarmente punida, não se pode equiparar à escravidão qualquer descumprimento da lei trabalhista. São coisas muito diferentes, com gravidades distintas, e que, portanto, [2] devem produzir efeitos jurídicos diversos. De outra forma, haveria uma criminalização das relações trabalhistas, que, em última análise, seria extremamente prejudicial ao trabalhador. Fonte: O Estado de São Paulo. Texto 2 Em Bohemian Rhapsody, conhecemos não só a jornada de sucesso da banda Queen, mas toda a trajetória do grupo. O filme nos retrata cada detalhe, a formação da banda, a composição das músicas mais famosas, as gravações de discos, e, claro, os altos e baixos do grupo, principalmente do vocalista, Freddie Mercury. Contar a história de uma banda que foi tão importante para o cenário mundial da música não é uma tarefa fácil, o diretor Bryan Singer conseguiu construir uma narrativa que envolve e emociona os fãs 7Elaboração de respostas subjetivas Nessa crítica, foram destacados alguns trechos que deixam clara a opinião da expectadora sobre o filme. Entre estes, estão alguns exemplos de indicadores de atitude e opinião. A sua atitude com relação ao filme é positiva, isto é, aberta ao que o filme se propõe. É diferente do que seria uma crítica feita por alguém, por exemplo, homofóbico (que tenderia a ver como algo negativo). Os trechos destacam sua opinião sobre o filme, uma vez que enfoca sua recepção e visão sobre a obra. Observe que a autora da crítica não fez uso de primeira pessoa gramatical (eu e nós) e ainda se percebe que é a avaliação dela sobre o filme. Isso porque, para se indicar subjetividade, não é necessário usar eu ou nós, inclusive é possível escrever artigos científicos e acadêmicos usando essas pessoas gramaticais sem torná-los subjetivos. O papel da subjetividade A subjetividade permite, do ponto de vista do locutor, expressar sua opinião, sua perspectiva sobre algo; ao passo que,do ponto de vista do interlocutor, possibilita a identifi cação e a compreensão destes, sem, no entanto, signifi car concordância. Ela estará presente em diferentes tipos de produção textual, inclusive em respostas. Uma resposta subjetiva, por exemplo, se diferencia de uma objetiva. Respostas objetivas trazem informações pontuais ou factuais. Assim, ao citar uma lei (ou artigo desta, como no texto completo do exemplo) ou responder que horas são, quem é o presidente, quantos continentes há, se está fazendo uso de informações factuais e pontuais. Entretanto, ao se atribuir uma interpretação ou avaliação (que não quantitativa) a estas, passa-se para o âmbito subjetivo. da banda que assistem ao filme. Além do filme como um todo ser excepcional, é preciso destacar a atuação de Rami Malek como Freddie Mercury, o ator se entregou completamente ao papel, sendo o verdadeiro destaque da história, assim como previsto, já que estava no papel de da banda. Apesar de “longo” (2h 15min), o filme não se torna cansativo em nenhum momento, você se envolve em cada segundo da narrativa, conhecer de perto e por outros ângulos a história do Queen foi uma experiência única e emocionante. Fonte: Crítica feita por usuária no site Adoro Cinema. Elaboração de respostas subjetivas8 Dependendo do objetivo da produção, certas formas de expressar a subje- tividade serão mais produtivas que outras, pois demonstrarão mais domínio e preparo. Ao se pensar em respostas a questões subjetivas, é preciso ter em mente que não significa que qualquer resposta é válida. É importante apresentar argumentos que reforcem ou comprovem seu ponto de vista. Esse tipo de questão é comum em provas com questões dissertativas, lembrando que suas respostas terão de apresentar argumento(s) que suportem sua posição, perspectiva, tese. Para ajudá-lo a elaborar suas respostas, seguem a seguir dicas sobre como escrever um parágrafo, o que é esperado na resposta a partir do verbo usado na ordem da questão, links com dicas, ferramentas úteis e dispositivos retóricos. Um parágrafo é estabelecido por sua unidade e coerência entre as frases. Quando parte de um texto maior, cada parágrafo sustentará a ideia central. Dessa forma, é importante ter em mente qual é o seu argumento, sua tese, isto é, aquilo que você irá defender. Essa definição permite que você mantenha uma relação coerente entre as partes e não se perca escrevendo, seja um texto com múltiplos parágrafos ou apenas um. Há diferentes formas de se organizar um parágrafo. A seguir, no Quadro 1, você verá algumas formas possíveis de se fazer isso. Fonte: Adaptado de The Writing Center (2018). Forma de organização Dica de como fazer Narração Conte uma história, seguindo a ordem cronológica dos eventos Descrição Dê detalhes específicos sobre a aparência de algo ou alguém, procure incluir informações, quando for o caso, que envolvam outros sentidos, como tato, paladar, audição e olfato. Organize essas in- formações por ordem de surgimento, pela disposi- ção espacial ou por tópico Processual Explique como algo funciona, passo a passo Classificação Separe em grupos e explique as diferentes partes do tópico Ilustração Dê exemplos e explique como eles servem como suporte para o tópico Quadro 1. Formas de organização do parágrafo 9Elaboração de respostas subjetivas Um parágrafo bem organizado terá introdução, desenvolvimento e con- clusão. Na introdução, você apresenta qual a ideia central, um tópico dele. Todas as sentenças do parágrafo devem estar relacionadas com o tópico. No desenvolvimento, você expõe evidências e informações para dar suporte ao tópico. Por fim, há a conclusão, que pode ser para encerrar o tópico ou para introduzir o próximo parágrafo. Cinco passos para construir um parágrafo: Passo 1 — Defina sua tese e escreva a frase tópico, que ajudará a manter a coerência do parágrafo. Às vezes, pode ser necessário mais uma frase para estabelecer a tese. Passo 2 — Explique sua tese, fazendo uso de um operador lógico ou explanação. Passo 3 — Dê um exemplo (ou vários), isto é, apresente uma evidência que suporte o que disse nos passos anteriores. Passo 4 — Explique o(s) exemplo(s) dado(s) e a relevância deste(s) para o tópico do parágrafo. Passo 5 — Complete a ideia do parágrafo ou faça a transição para o próximo. Esse passo se trata de não deixar nós soltos e lembrar ao leitor a importância da(s) informação(s) desse parágrafo. Ele também pode ser sobre introduzir o tópico do próximo. No exemplo a seguir, é analisado um parágrafo do texto “O Morro dos Ventos Uivantes”: quando a literatura é do tamanho da vida, sobre o livro Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë. Texto 3 Fonte: Nestarez (2018, documento on-line). Elaboração de respostas subjetivas10 O parágrafo acima não traz exemplos, mas apresenta introdução (em azul), desenvolvimento (em vermelho e verde) e conclusão (em amarelo). Lembre-se de que os passos dados para elaborar são dicas, mas não a única forma de organizar um parágrafo. É comum em avaliações com questões dissertativas (aquelas em que se deve escrever um texto) que se peça a resposta em um único parágrafo. Também é comum que você tenha de expor seu ponto de vista sobre o assunto. Por ser subjetiva, há também um risco maior para não se apresentar argumentos, evidências que sejam válidas e sustentem sua tese. Outro risco, e este para qualquer questão ou atividade pedida, é a má interpretação. Para poder elaborar uma boa resposta, é preciso primeiro entender o que está sendo pedido e, para tal, é fundamental ler atentamente. No Quadro 2 são apresentados alguns verbos, o que deve ser feito e exemplos. Verbos O que é esperado Exemplo de questão Redigir (elaborar, escrever, discorrer) Significa expor por escrito, e por si só é muito vago. É importante que se observe outras informações, como tema e textos motivadores. É possível que seja, nesse caso, pedido que se aborde um ou mais aspectos e con- ceitos. Nesse caso, atente se é pedido para que se faça isso com um dos tópicos ou se com o conjunto deles. (BRASIL, 2017a) A partir das informações apresentadas, REDIJA um texto acerca do tema: Epidemia de sífilis con- gênita no Brasil e relações de gênero. Em seu texto ABORDE OS SEGUINTES ASPECTOS: - a vulnerabilidade das mulhe- res às DSTs e o papel social dos homens em relação à preven- ção dessas doenças; - duas ações especificamente voltadas para o público mas- culino a serem adotadas no âmbito das políticas públicas de saúde ou de educação, para reduzir o problema. (Questão 1 de formação geral da prova do ENADE do curso de Arquitetura e urbanismo) Leia a questão completa em: https://bit.ly/2zbxhAS Quadro 2. Verbos e ordem de questão (Continua) 11Elaboração de respostas subjetivas No primeiro exemplo, é especificado nos tópicos o que se espera da questão. Uma resposta bem elaborada teria na primeira frase a tese relacio- Verbos O que é esperado Exemplo de questão Explicar Significa que você deverá dizer o que algo é, como algo funciona, ou como ocorre, ou por que ocorre (organização processual). (BRASIL, 2017a) Considerando os dois modelos apresentados, elabore um texto que EXPLIQUE duas consequências relacionadas à qualidade do espaço urbano ou à infraestrutura urbana. (Questão 3 de componente específico da prova do ENADE do curso de Arquitetura e urbanismo) Leia a questão completa em: https://bit.ly/2zbxhAS Descrever Significa que você deve dar detalhes específicos sobre algo, alguém ou algum fenômeno, evento. (BRASIL, 2017b) Considerando a temática presentada nos textos, faça o que se pede nos itens a seguir. - Descreva dois possíveis efeitos da ampliação das unidades de conservação sobre a biodiversidade. - Apresente três exemplos de ações que integrem o reco- nhecimento e a valorização do contexto sociocultural com a conservação da biodiversidade. (Questão 3 de componente es- pecífico da prova do ENADE do curso de Ciências biológicas)Leia a questão completa em: https://bit.ly/2K8TxQ8 Quadro 2. Verbos e ordem de questão (Continuação) Elaboração de respostas subjetivas12 nada ao tema (incluindo o primeiro aspecto). No desenvolvimento, seriam defendidos argumentos ou evidências que sustentem a tese. Já na conclusão, seria possível fazer a proposta de duas soluções em vista ao problema do tema. Uma resposta ao segundo teria uma organização diferente, o que não significa que são dispensáveis introdução, desenvolvimento e conclusão. Na primeira frase, seria importante declarar o tema e/ou a tese (as duas consequências sobre as quais se falará) na introdução, de modo a ser o fio condutor do desenvolvimento em que explicará duas consequências. Ao final, retomar o tema e apresentar a relevância ou potencial do que abordou. O exemplo 3 pode ser respondido seguindo os 5 passos. Deveria ser dito sobre o que irá se falar, seguido da descrição dos efeitos. O ideal seria que os exemplos dados estivessem ligados com os efeitos descritos e que isso fosse explicado. Veja ferramentas para ajudar na produção textual (por exemplo, arquivo em nuvem, transcrição de áudio, preparação de slides, site para pesquisa acadêmica, referência on-line, busca de plágio) no link: https://glo.bo/2RVbrbx No próximo link, veja ferramentas on-line e gratuitas para ajudar na organização para a escrita: https://bit.ly/2Q06n8y São importantes na escrita coesão e coerência. A coesão permite as ligações entre as partes de uma frase, entre frases e entre parágrafos. Nela, entra o uso de pronomes para retomar o que já foi dito e conjunções que estabelecem relações lógicas e de dependência entre si, entre outros. Já a coerência garante que o interlocutor poderá interpretar o que foi dito ou está escrito. Entretanto, não são as únicas características importantes. Também o são as figuras de retórica. Figuras de retórica são estratégias que o locutor ou escritor emprega para convencer seu interlocutor. Confira nos links a seguir mais informações sobre esse assunto. 13Elaboração de respostas subjetivas Leia artigos interessantes sobre figuras, disponíveis nos links a seguir. Fiorin fala sobre figuras do pensamento. https://bit.ly/2FrUowt Fiorin fala sobre figuras de retórica e retórica argumentativa. https://bit.ly/2K7ecnz Koch fala linguística textual, da qual fazem parte coesão e coerência. https://bit.ly/2PYqeoF Daniele Fernanda Feliz Moreira fala sobre figuras de linguagem. https://bit.ly/2BaSnAR Como visto, há diferentes formas de se expressar subjetividade, do pessoal à argumentação para defender seu ponto de vista. No âmbito acadêmico e profissional, somente o segundo é válido. A seguir, são apresentadas 10 dicas para ajudar em suas respostas. Dez dicas para respostas subjetivas: 1. Leia com atenção o que a questão pede e sobre o que se trata. 2. Faça um plano para sua resposta. Defina sobre o que irá falar, estabeleça argu- mentos ou evidências que sustentem seu ponto de vista, retome a relevância do que foi dito e encerre. 3. Siga uma relação lógica no desenvolvimento. 4. Evite expressões vagas ou que limitem a temporalidade de seu texto (p. ex., aqui, hoje, atualmente). Opte por expressões específicas, como nome do lugar, data, período. 5. Cuidado com adjetivos, dê informações para ajudar seu leitor (p. ex., descreva as características de alguém ou algo), mas sem excessos. Elaboração de respostas subjetivas14 6. Cuidado com expressões como “eu acho”, “na minha opinião”, “eu acredito”, “do meu ponto de vista”. Expressões desse tipo podem enfraquecer seu argumento, pois elas funcionam como modalizadores que diminuem a força do que é dito. Além disso, se é resposta subjetiva, só pode ser sua opinião, do que contrário há de se dizer de quem é. 7. Dê preferência para palavras e estruturas frasais simples e com as quais esteja familiarizado. Usar palavras e estruturas que você desconhece pode levar ao uso inadequado e/ou soar artificial, piegas. 8. Dê preferência para estruturas frasais não muito longas e de ordem não marcada (sujeito, verbo, complemento verbal, adjunto adverbial). 9. Atenção ao tom emocional. Na medida certa, pode ser um recurso positivo, mas facilmente pode enfraquecer seu ponto de vista. 10. Revise a resposta antes da entrega. Tenha certeza de que abordou o que foi pedido, de que abordou o que deseja e precisa para defender seu ponto de vista, de que sua resposta tem uma frase tópico e um encerramento. AUSTIN, J. L. How to do things with words. 2. ed. Cambridge: Harvard University, 1975. BARBISAN, L. O conceito de enunciação em Benveniste e Ducrot. Letras, n. 33, p. 23- 35, 2006. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/letras/article/view/11921/7342>. Acesso em: 13 dez. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. ENADE 2017: Arquitetura e urbanismo. SINAES, 2017a. Disponível em: <https://bit.ly/2zbxhAS>. Acesso em: 13 dez. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. ENADE 2017: Ciências biológicas. SINAES, 2017b. Dis- ponível em: <https://bit.ly/2K8TxQ8>. Acesso em: 13 dez. 2018. FIORIN, J. L. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015. FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016. FIORIN, J. L. Modalização: da língua ao discurso. ALFA: Revista de Linguística, v. 44, p. 171-192, 2000. Disponível em: <https://bit.ly/2Qey7Dg>. Acesso em: 13 dez. 2018. FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996. KOCH, I. V. A inter-ação pela linguagem. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2010. KOCH, I. V. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015. KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. 15Elaboração de respostas subjetivas NESTAREZ, O. O Morro dos Ventos Uivantes: quando a literatura é do tamanho da vida. Revista Galileu, 20 out. 2018. Disponível em: <https://glo.bo/2zcPfmn>. Acesso em: 13 dez. 2018. SEARLE, J. R. Speech acts: essay in the philosophy of language. Londres: Cambridge University, 1976. WALTON, D. Informal logic: A pragmatic approach. New York: Cambridge University Press, 2008. Leituras recomendadas FIORIN, J. L. Semiótica e retórica. Gragoatá, v. 12, n. 23, p. 9-26, 2007. FIORIN, J. L. As figuras de pensamento: estratégia do enunciador para persuadir o enunciatário. ALFA: Revista de Linguística, v. 32, 1988. KOCH, I. G. V. Lingüística Textual: retrospecto e perspectivas. ALFA: Revista de Linguística, v. 41, 1997. THE WRITING CENTER. Tip and tools - Paragraphs. University of North Carolina at Chapel Hill. 2018. Disponível em: <https://writingcenter.unc.edu/tips-and-tools/paragraphs/>. Acesso em: 13 dez. 2018. Elaboração de respostas subjetivas16 Conteúdo: Dica do professor O vídeo desta Unidade de Aprendizagem está extremamente esclarecedor. Você consegue identificar a marca de subjetividade presente na frase anterior? Assista ao vídeo a seguir para entender de que forma as marcas aparecem no discurso. Você verá que nada é dito por acaso! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/328abf84bcff0ee1dbba90bb485ba21b Exercícios 1) Numa aula, o professor lança a seguinte proposta: "Escreva um comentário sobre o Brasil." O professor pede as respostas por escrito. A seguir, são apresentadas algumas respostas produzidas pelos alunos. Uma delas não tem um tom subjetivo. Identifique-a. A) "O Brasil já foi considerado o país do futuro, mas esse futuro demorou muito a chegar." B) "Acho o patriotismo uma coisa patética. O Brasil é apenas mais um país no mundo, e não me sinto especial nem diferente das outras pessoas por ter nascido aqui.” C) "É como alguém um dia disse: 'o Brasil não é um país sério'." D) "O Brasil é um país com dimensões continentais e possui a quinta maior população do mundo." E) "Todos os brasileiros criticam o Brasil, mas poucos fazemalguma coisa para mudá-lo." 2) Além das marcas explícitas da inserção do sujeito no discurso (como o pronome "eu" e os verbos conjugados na primeira pessoa do plural), alguns recursos linguísticos denotam a impressão da subjetividade no texto. Certos advérbios desempenham esse papel. Qual das alternativas a seguir não apresenta um exemplo de efeito de subjetividade causado pelo advérbio destacado? A) Naquele restaurante servem uma cerveja bem gelada. B) A cidade realmente está violenta. C) Não se sabe quantos desempregados há no Brasil. D) Cecília é excessivamente emotiva. E) Finalmente, meu pai veio me visitar. 3) As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para conferir originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso. Uma figura de linguagem bastante utilizada é a metonímia, que ocorre quando uma palavra substitui outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Assinale a alternativa que não indica relação adequada estabelecida pelo termo destacado: A) Antes de sair, tomamos um cálice de licor. (Produção pelo produto.) B) Já li muito Jorge Amado. (Autor pela obra.) C) Os brasileiros se deixam guiar muito pelo coração. (Concreto pelo abstrato.) D) A criança de hoje está cercada pela tecnologia. (Singular pelo plural.) E) Almejando a medalha, a atleta treina por cinco horas diariamente. (Símbolo pela coisa simbolizada.) 4) Outra figura de linguagem comum é o eufemismo, que ocorre quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. Apenas uma alternativa a seguir não traz um exemplo de eufemismo. Identifique- a. A) Pode haver uma redução da oferta de postos de trabalho em função da diminuição dos incentivos fiscais às empresas. B) Essa obra já foi vistoriada mil vezes e não apuraram as irregularidades. C) "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague" (Chico Buarque, canção "Deus lhe pague"). D) "Ele vivia de caridade pública" (Machado de Assis). E) A funcionária da empresa foi arrolada entre as testemunhas. 5) Considere a seguinte frase: "Parece haver relutância dos professores em fazer alterações no currículo do curso." Qual das alternativas a seguir apresenta uma interpretação equivocada sobre essa frase? A) O enunciador não tem certeza quanto à informação que ele relata. B) Ao usar o verbo de ligação "parece", o enunciador evita a exposição da sua própria opinião acerca da informação relatada. C) A frase tende à objetividade e à imparcialidade. D) O enunciador expressa de forma polêmica a informação relatada. E) Infere-se que os professores estão sendo pressionados para que as alterações no currículo do curso sejam feitas. Na prática Você já deve ter ouvido falar que um texto acadêmico precisa ser escrito com neutralidade. Mas existe neutralidade no discurso? Muitos autores dizem que não. Sempre que produzimos textos – sejam eles informais ou formais –, escolhemos as informações que queremos transmitir (e as que queremos omitir) e elegemos o modo como as combinamos. Por exemplo, na frase "Ele é uma ótima pessoa", a seleção da palavra "ótima" exprime determinada intenção, mas a intenção seria outra se, no lugar, estivesse a palavra "péssima": "Ele é uma péssima pessoa". Agora, leia exemplos de como a seleção e a combinação de informações impedem que um texto seja visto como neutro e imparcial. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Enunciação: a categoria de pessoa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Marcas da subjetividade No gênero discursivo didático - científico veja no artigo a seguir sobre a Análise do Discurso de linha francesa forma a base teórica desse artigo que busca identificar as marcas da subjetividade na construção de enunciados escritos por alunos de estágio da área de psicologia do trabalho de uma Instituição de Ensino Superior pública Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/Htrw8tTmigY https://silo.tips/download/marcas-da-subjetividade-no-genero-discursivo-didatico-cientifico
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