Buscar

AULA10-11-21

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO MÉTODO
DATA: 10/11/2021
PROFESSOR: FELLIPE MONTEIRO
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
TURMA: PRÉ-VESTIBULAR
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
As variações (variantes ou variedades) linguísticas são as ramificações naturais de uma língua, as quais se diferenciam da norma-padrão em razão de fatores como convenções sociais, momento histórico, contexto ou região em que um falante ou grupo social insere-se. Trata-se, pois, de objeto de estudo da Sociolinguística, ramo que estuda como a divisão da sociedade em grupos – com diferentes culturas e costumes – dá origem a diferentes formas de expressão da língua, as quais, embora se baseiem nas normas impostas pela gramática prescritiva, adquirem regras e características próprias. As variações linguísticas diferenciam-se em quatros grupos: sociais (diastráticas), regionais (diatópicas), históricas (diacrônicas) e estilísticas (diafásicas).
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Tipos de variações linguísticas
Variedades regionais, geográficas ou diatópicas
São as variedades linguísticas que sofrem forte influência do espaço geográfico ocupado pelo falante. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, elas são extremamente ricas (tanto em número quanto em peculiaridades linguísticas).
Essas variantes são percebidas por dois fatores:
Sotaque: fenômeno fonético (fonológico) em que pessoas de uma determinada região pronunciam certas palavras ou fonemas de forma particular. São exemplos a forma como os goianos pronunciam o R ou os cariocas pronunciam o S.
Regionalismo: fenômeno ligado ao léxico (vocabulário) que consiste na existência de palavras ou expressões típicas de determinada região.
Em Goiás, por exemplo, normalmente se diz “mandioca”; no Sul, “aipim”; no Nordeste, “macaxeira”.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Variedades sociais ou diastráticas
São as variedades linguísticas que não dependem da região em que o falante vive, mas sim dos grupos sociais em que ele se insere, ou seja, das pessoas com quem ele convive. São as variedades típicas de grandes centros urbanos, já que as pessoas dividem-se em grupos em razão de interesses comuns, como profissão, classe social, nível de escolaridade, esporte, tribos urbanas, idade, gênero, sexualidade, religião etc.
Para gerarem sentimento de pertencimento e de identidade, os grupos desenvolvem características próprias, que vão desde a vestimenta até a linguagem. Os surfistas, por exemplo, falam diferentemente de skatistas; médicos comunicam-se diferentemente de advogados; crianças, adolescentes e adultos possuem vocabulário bastante diferente entre si. Os grupos mais escolarizados tendem a ser mais formais, enquanto os grupos de menor formação normalmente são mais informais, ou seja, há diferentes registros de linguagem.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Há dois fatores que contribuem para a identificação das variedades sociais:
Gírias: palavras ou expressões informais, efêmeras e normalmente ligadas ao público jovem.
Jargão (termo técnico): palavras ou expressões típicas de determinados ambientes profissionais.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Variedades históricas ou diacrônicas
São as variedades linguísticas comumente usadas no passado, mas que caíram em desuso. São percebidas por meio dos arcaísmos – palavras ou expressões que caíram em desuso no decorrer do tempo. Essas variedades são normalmente encontradas em textos literários, músicas ou documentos antigos.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua, nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco. 
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Variedades estilísticas ou diafásicas
São as variedades linguísticas que surgem da adequação que o falante faz de seu nível de linguagem ao estilo exigido pelo texto ou pela situação comunicativa. A crônica, por exemplo, é um texto cujo estilo exige uso de linguagem coloquial; a dissertação, por sua vez, exige do redator um estilo de escrita mais formal. Portanto, caberá ao falante ou redator dominar as diferentes variantes a fim de adequá-las à situação comunicativa (mais ou menos formal) e ao estilo exigido pelo texto.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
	Variedades linguísticas	Ramificações naturais de uma língua que se diferenciam da norma-padrão por convenções sociais, momento histórico, contexto ou região em que um falante insere-se.
	Regional, geográfica ou diatópica	Definida pelo espaço (região) do falante. Percebida pelo sotaque e regionalismo.
	Social ou diastrática	Definida pelo grupo social em que o falante insere-se. Percebida pela gíria e pelo jargão.
	Histórica ou diacrônica	Definida pelo momento histórico. Percebida pelo arcaísmo.
	Estilística ou diafásica	Definida pela adequação que o falante faz de seu nível de linguagem à situação comunicativa e ao estilo do gênero textual.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Diferenças entre a linguagem culta e a linguagem coloquial
A língua é um código utilizado para elaborar mensagens, sendo, portanto, um dos mais eficientes meios para a comunicação entre os falantes. Os níveis de linguagem dizem respeito a duas modalidades da língua, ambas executadas em diferentes contextos comunicacionais. São elas:
→ Linguagem culta: Essa modalidade é responsável por representar as práticas linguísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramaticais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolarização, maior a adequação com a língua padrão. 
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
→ Linguagem coloquial: é aquela utilizada em nosso cotidiano nas situações em que o nível de formalidade é menor, portanto, requer menor adequação às regras gramaticais. A linguagem coloquial, ou linguagem popular, é mais dinâmica, sendo marcada por grande fluidez verbal, já que não existe a preocupação excessiva com a norma-padrão da língua. Nela são permitidos recursos expressivos da linguagem, como gírias, e pode ser mais facilmente encontrada nos textos literários, nos quais se admitem licenças poéticas.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
1. (ENEM) Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el - carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Queiroz. R. O Estadode São Paulo. 09 maio de 1998 (fragmento adaptado).
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões.
As características regionais exploradas no texto manifestam-se
A) na fonologia.
B) no uso do léxico.
C) no grau de formalidade.
D) na organização sintética.
E) na estruturação morfológica.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
2. (ENEM)
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo pra xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria.
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em Acesso em 5 mai 2013)
A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é
A) “Isso é um desaforo”
B) “Diz que eu tou aqui com alegria”
C) “Vou mostrar pr’esses cabras”
D) “Vai, chama Maria, chama Luzia”
E) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
3. (ENEM)
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
(POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber
A) descartar as marcas de informalidade do texto.
B) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
C) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
D) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
E) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
4. "Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação."
 Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado
A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:
A) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.
B) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
C) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.
D) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.
5. (ENEM) Até quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto
A) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
B) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
C) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
D) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
E) originalidade, pela concisão da linguagem.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
6. Contudo, a divergência está no fato de existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade mais elevado e com um poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como o “correto”, não levando em consideração essas variações que ocorrem na língua. Porém, o senso linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso acontece pelo “fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente que esse português seja um bloco compacto coeso e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18)
Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno, podemos inferir, exceto:
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A) A língua deve ser preservada e utilizada como um instrumento de opressão. Quem estudou mais define os padrões linguísticos, analisando assim o que é correto e o que deve ser evitado na língua.
B) As variações linguísticas são próprias da língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.
C) A variedade linguística é um importante elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns grupos sociais.
D) O aprendizado da língua portuguesa não deve estar restrito ao ensino das regras.
E) Segundo Bagno, não podemos afirmar que exista um tipo de variante que possa ser considerada superior à outra, já que todas possuem funções dentro de um determinado grupo social.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
7. (Enem)
Sítio Gerimum
Este é o meu lugar [...]
Meu Gerimum é com g
Você pode ter estranhado
Gerimum em abundância
Aqui era plantado
E com a letra g
Meu lugar foi registrado.
OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento).
Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo
A) valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
B) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da língua poética.
C) enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa.
D) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro.
E) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
8. (Enem) Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma “varroa”?) para corrigir-me do meu erro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para eles não é o dicionário que faza língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.
ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
A) a supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
B) a necessidade da norma padrão em situações formais de comunicação escrita.
C) a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de uma comunicação efetiva.
D) a importância da variedade culta da língua, para a preservação da identidade cultural de um povo
E) a necessidade do dicionário como guia de adequação linguística em contextos informais privados
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Outros materiais