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Universidade Luterana do Brasil Curso de Psicologia Disciplina: Direitos Humanos e Cidadania VIOLÊNCIA DE GÊNERO: UM DESAFIO CONTEMPORÂNEO PARA A IGUALDADE E OS DIREITOS HUMANOS Acadêmica: Patrícia Vale e Mariana Souza Prof. Rodrigo Lemos Simões ENSAIO ARGUMENTATIVO Introdução A violência de gênero é uma realidade preocupante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo (World Health Organization [WHO], 2021). Esse tipo de violência ocorre dentro das relações familiares ou em relacionamentos íntimos e pode assumir várias formas, como abuso físico, sexual, emocional ou financeiro (WHO, 2021), representando uma série ameaça aos Direitos Humanos e à igualdade de gênero. A preocupação em enfrentar a violência contra as mulheres, bem como em criminalizá-la e oferecer apoio jurídico e estatal às vítimas, é um fenômeno relativamente recente (Roichman, 2020; Waiselfisz, 2015). Diante disso, este ensaio argumentativo irá: Conceituar a violência contra a mulher; Sua natureza; Formas de manifestação; Impactos na vida das mulheres; e, Dados estatísticos que evidenciam a gravidade desse fenômeno. Argumenta-se que a erradicação da violência de gênero é essencial para que se possa pensar numa sociedade mais justa e igualitária. (Mendonça & Ludermir, 2017;WHO, 2021) Violência contra a mulher Qualquer ato de violência de gênero Danos físicos Psicológicos Não se restringe a incidentes isolados Sexuais Viola os direitos das mulheres e meninas A complexidade da natureza da violência contra a mulher exige uma análise das condições estruturais da sociedade brasileira. Isso implica reconhecer a relevância do contexto cultural do sistema patriarcal, que gera uma desigualdade de poder nas interações humanas e intensifica as condições propícias para o agravamento das violações aos direitos humanos (Fernandes & Natividade, 2020) (WHO, 2021) Diferentes formas Física lesões, ferimentos e até mesmo morte, deixando cicatrizes físicas e emocionais duradouras Psicológica insultos, humilhação, ameaças e controle excessivo por parte do agressor, causando danos emocionais e psicológicos significativos. Sexual estupro, abuso sexual e coerção sexual, deixando traumas profundos e afetando a saúde sexual e reprodutiva da mulher (Garcia & Silva, 2018; Kyle, 2023) A violência de gênero tem impactos devastadores não apenas nas vítimas, mas também na sociedade como um todo; Ela contribui para a perpetuação das desigualdades de gênero e afeta negativamente a saúde física e mental das vítimas; Além disso, pode criar um ciclo intergeracional de violência, afetando crianças expostas a essa realidade; Nesse cenário de violência contra a mulher, os custos sociais, econômicos e de saúde física e mental decorrentes da violência são significativos, causando danos para toda a sociedade. O Senado Federal (2019) divulgou que, entre os anos de 2011 a 2019, o número de mulheres agredidas aumentou de 13% para 37%, e presentando um aumento de 284% dos casos. É importante ressaltar que, “a cada 4 minutos, uma mulher é agredida no Brasil” (Martins & Nascimento, 2017, p. 109); (Observatório da Mulher Contra a Violência, 2018) Séri e 1 Violência física violência psicológica Violência sexual Violência patrimonial 101218 50955 27059 3055 Esses dados evidenciam a urgência de enfrentar e combater a violência contra as mulheres no país (Brito et al., 2020); Nesse cenário, tantos documentos nacionais (Brasil, 2006; Brasil, 2015) quanto internacionais (Council of Europe, 2014; WHO, 2013) reconhecem que a violência contra as mulheres é importante determinante de saúde para mulheres e crianças, e chamam para que este proeminente problema de saúde pública seja identificado e abordado pelos serviços de saúde. Apesar do aumento significativo de leis de proteção aos direitos das mulheres, de uma crescente produção literária sobre o tema, de programas de capacitação específicos e de reconhecimentos por conquistas no campo dos direitos femininos, as mulheres ainda enfrentam uma realidade alarmante. Mesmo com todas essas medidas, elas continuam a ser vítimas de homicídios. De fato, seus corpos nunca estiveram tão expostos à violência dos mais diferentes tipos. (Segato & McGlazer, 2018) A violência de gênero é, sem dúvida, um desafio contemporâneo significativo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, é um desafio que pode e deve ser superado. A erradicação da violência de gênero requer esforços contínuos em várias frentes, desde a sensibilização e educação até a implementação de políticas eficazes e o apoio às vítimas. É fundamental reconhecer que a violência de gênero não é apenas um problema das vítimas, mas um problema de toda a sociedade. DISCUSSÃO Atender tanto as vítimas quanto os agressores da violência de gênero apresenta desafios únicos para profissionais, como psicólogos. Cada grupo requer uma abordagem diferente, e ambos são cruciais para abordar efetivamente o problema da violência de gênero. O que vocês percebem como um dos maiores desafios no atendimento a mulheres vítimas de violência? E o que vocês percebem como um dos maiores desafios no atendimento aos agressores dessas mulheres? Brasil. (2006). Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm Brasil. (2015). Lei no 13.104, de 9 de março de 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/ l13104.htm Brito, J. C. D. S., Eulálio, M. D. C., & Júnior, E. G. D. S. (2020). A presença de transtorno mental comum em mulheres em situação de violência doméstica. Contextos Clínicos, 13(1), 198-220. https://doi.org/10.4013/ctc.2020.131.10 Council of Europe. (2014). The Council of Europe convention on preventing and combating violence against women and domestic violence. http://www.refworld.org/docid/548165c94.html Fernandes, N. C., & da Natividade, C. D. S. J. (2020). A naturalização da violência contra a mulher. Brazilian Journal of Development, 6(10), 76076-76086. https://doi.org/10.34117/bjdv6n10-145 Garcia, L. P., & Silva, G. D. M. D. (2018). Violência por parceiro íntimo: perfil dos atendimentos em serviços de urgência e emergência nas capitais dos estados brasileiros, 2014. Cadernos de saúde pública, 34. https://doi.org/10.1590/0102-311x00062317 Kyle, J. (2023). Intimate partner violence. Medical Clinics, 107(2), 385-395. https://doi.org/10.1016/j.mcna.2022.10.012 Martins, A. G., & do Nascimento, A. R. A. (2017). Violência doméstica, álcool e outros fatores associados: uma análise bibliométrica. 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