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LIVRO - UNIDADE 01

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DIREITOS HUMANOS 
E CIDADANIA 
VOLUME 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
E CIDADANIA 
VOLUME 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Barra do Garças - MT 
UniCathedral 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Produzido por 
Nome 
 
 
 
Revisão Gramatical do Texto 
Nome 
 
 
 
Projeto Gráfico 
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho 
Georgya Politowski Teixeira 
Matheus Antônio dos Santos Abreu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARRA DO GARÇAS - MT 
JANEIRO 2020 
 
 
Copyright © by UniCathedral, 2020 
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, 
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, 
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer 
sem autorização prévia do(s) autor(es). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UniCathedral – Centro Universitário 
Av. Antonio Francisco Cortes, 2501 
Cidade Universitária - Barra do Garças / MT 
www.unicathedral.edu.br
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte 
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I ....................................................................................................................................... 13 
Conceito e fundamento dos direitos humanos ...................................................................................... 13 
O Problema da Terminologia .............................................................................................................. 13 
Direitos do Homem ............................................................................................................................ 13 
Direitos Fundamentais ....................................................................................................................... 14 
Direitos Humanos ............................................................................................................................... 15 
Conceito.............................................................................................................................................. 16 
Afirmações históricas dos direitos humanos ......................................................................................... 18 
Características dos direitos humanos .................................................................................................... 23 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 28 
UNIDADE II ...................................................................................................................................... 33 
Dimensões dos direitos humanos .......................................................................................................... 33 
A questão da terminologia: “Geração” ou “Dimensão” dos Direitos Humanos? .............................. 33 
Princípio da dignidade da pessoa humana ............................................................................................. 38 
Conceito.............................................................................................................................................. 38 
Histórico ............................................................................................................................................. 38 
Reserva do Possível e Mínimo Existencial .............................................................................................. 43 
Reserva do Possível ............................................................................................................................ 43 
Mínimo Existencial ............................................................................................................................. 44 
Controle Judicial das Políticas Públicas .............................................................................................. 45 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 48 
UNIDADE III ..................................................................................................................................... 53 
Direitos Humanos no Sistema Internacional .......................................................................................... 53 
Precedentes históricos ....................................................................................................................... 53 
Direito Internacional Humanitário (DIH) ............................................................................................ 54 
Liga das Nações .................................................................................................................................. 55 
Organização Internacional do Trabalho (OIT) .................................................................................... 56 
Organização das Nações Unidas e declaração universal dos direitos humanos .................................... 58 
SUMÁRIO 
 
 
8 
 
Organização das Nações Unidas ......................................................................................................... 58 
Declaração Universal dos Direitos Humanos ..................................................................................... 60 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP) .................................................................. 62 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) ...................................... 62 
Sistema interamericano de proteção aos direitos humanos ................................................................. 63 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos ................................................................................ 64 
Comissão Interamericana sobre Direitos Humanos ........................................................................... 64 
Corte Interamericana sobre Direitos Humanos ................................................................................. 67 
Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 71 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
A disciplina Direitos Humanos e Cidadania, por propósitos didáticos, será apresentada em dois volumes 
distintos, divisão que pretende atender à dinâmica de distribuição dos assuntos em dois bimestres. Contudo, 
indispensável se faz esclarecer que Direitos Humanos e Cidadania, correspondem a temas que por essência, 
estão interligados, e que, mesmo tratados, a princípio, separadamente, são mutuamente interdependentes. 
Dessa forma, o Volume 1 da Disciplina apresentará o tema Direitos Humanos, tendo como firme 
propósito, promover no graduando, a consciência de que existe uma gama de direitos que são inerentes ao 
ser humano, independente de gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação, o que põe essa disciplina 
a salvo de qualquer acusação injustificada. 
Isso porque, é bem verdade que, no Brasil, os Direitos Humanos ainda padecem de certo descrédito ou 
mesmo preconceito, quando associada à concepção falaciosa de que contemplaria uma gama de direitos 
direcionada a um exclusivo grupo de pessoas. Nesse sentido, não raras vezes, escutamos que “direitos 
humanos são os direitos dos bandidos” (IZIDORO, 2015, p. 13). 
Mas existe uma explicação histórica para essa visão deturpada do conceito de Direitos Humanos, pois o 
Brasil, como um dos países fundadores da Organização das Nações Unidas - ONU, em 1945, e, 
consequentemente, sofrendo as influências da Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada, em 
1948, começou a despertar para o assunto entre as décadas de 1950 e 1960, com a atividade de gruposvoltados à promoção de movimentos sociais em prol da promoção e proteção desses direitos. “Contudo, com 
o golpe militar de 31 de março de 1964, tais grupos são oficialmente perseguidos pelo regime ditatorial, que 
os considera comunistas, subversivos, traidores da Pátria, etc”. (IZIDORO, 2015, p. 13). 
Nesse sentido, considerando o lapso temporal que abarcou a ditadura militar no Brasil (praticamente três 
décadas – de 1964 a 1988), torna-se muito fácil entender por que hoje a sociedade possui, tantas visões 
distorcidas acerca de uma gama de direitos que, definitivamente, não deve estar restrita a qualquer grupo 
de pessoas, pertencem a cada pessoa. 
Além disso, o Brasil, por estar atualmente inserido na arena internacional de proteção aos Direitos 
Humanos, será responsabilizado, internacionalmente, seja pela sua ação ou omissão. Não por outro motivo, 
faz parte dos estudos da Disciplina dos Direitos Humanos e Cidadania, também o estudo do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos, que envolve tanto a ONU, órgão de vocação universal, quanto a 
Organização dos Estados Americanos - OEA, da qual deflui o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. 
A vista disso, o que se pretende com os estudos mediados pela Disciplina Direitos Humanos e Cidadania 
é contribuir para a formação técnica e humana do graduando, pré-requisito indispensável ao 
desenvolvimento de um profissional cidadão. 
Nessa perspectiva, a Disciplina foi sistematizada em dois volumes, sendo que no primeiro trataremos, 
especificamente, dos Direitos Humanos, em três unidades: 
Unidade I – Contempla o conceito e fundamentos dos Direitos Humanos, suas afirmações históricas e 
características. 
Unidade II – Aborda as dimensões dos Direitos Humanos, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e a 
questão da efetividade dos Direitos Humanos. 
Unidade III – Explica o Sistema Internacional; o Geral, abordando seus precedentes históricos; o Regional, em 
especial o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, esclarecendo suas peculiaridades. 
INTRODUÇÃO 
 
 
10 
 
 
 
 
11 
 
 
U
N
ID
A
D
E 
I 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor(a) da Unidade 
Luiz Felipe Petusk Corona 
 
 
 
Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de: 
 
• Compreender as terminologias: “Direitos do Homem”, “Direitos Fundamentais” e “Direitos Humanos”; 
• Entender o conceito dos Direitos Humanos; 
• Apreender o fundamento dos Direitos Humanos por meio de suas três correntes: jusnaturalista, 
positivista e moralista; 
• Conhecer importância da trajetória histórica no processo de afirmação dos Direitos Humanos; 
• Identificar as características dos Direitos Humanos como forma de melhor defini-los. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
UNIDADE I 
CONCEITO E FUNDAMENTO DOS 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
O PROBLEMA DA TERMINOLOGIA 
Apesar de muitos doutrinadores tratarem como expressões sinônimas, para fins deste estudo, imperioso se 
faz, antes mesmo de conceituar o que vem a ser os Direitos Humanos, esclarecer o equívoco causado pelo 
uso indiscriminado das expressões “Direitos do Homem”, “Direitos Fundamentais” e “Direitos Humanos”, 
visto que sem o conhecimento técnico preciso dos significados, padece-se do mal de utilizá-las como 
expressões sinônimas, quando na verdade não são. 
Nesse sentido, “em especial, deve-se precisar terminologicamente o conteúdo das expressões ‘Direitos do 
Homem’ e ‘Direitos Fundamentais’, a fim de verificar do que trata cada qual e no que se diferenciam do 
conceito de ‘Direitos Humanos’”. (MAZZUOLI, 2019, p. 3) 
 
DIREITOS DO HOMEM 
A expressão “Direitos do Homem”, acusada de possuir uma certa conotação machista, ao utilizar-se do 
vocábulo “Homem” para referir-se a toda a “Humanidade”, faz referência “a série de direitos naturais1 (ou 
seja, ainda não positivados2) aptos à proteção global do homem e válidos em todos os tempos” (MAZZUOLI, 
2019, p. 4). 
 
1 Do latim “ius naturalis”, corresponde ao “conjunto de regras inatas na natureza humana, pelas quais o homem se rege a fim 
de agir com retidão, e cujos preceitos participam, alguns, da razão pura e são universais e imutáveis no tempo e no espaço, e 
outros, da razão prática, adaptando-se aos tempos e às regiões de maneira variável”. (SIDOU, 2017, p. 214). 
2 Expressão jurídica que faz referência ao direito positivo, ou seja, aquele posto em lei. (SILVA, 2008, p. 1062). 
 
 
14 
 
Dito de outro modo, “[...] a noção de direitos do homem deve ser entendida como direitos naturais não 
positivados, quer na ordem internacional3, quer na ordem jurídica interna4” (OLIVEIRA, 2016, p. 2) 
 
 
Como exemplo dos Direitos do Homem temos a noção de que 
o homem deve conservar a si próprio, decorrendo daí que 
“‘não é permitido matar’, ‘são proibidos a eutanásia e o 
aborto’, etc. e mais remotamente o direito à saúde, proteção 
ao trabalho insalubre” (NUNES, 2000, p. 38). 
 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Nesse passo, a expressão “Direitos Fundamentais” corresponde aos direitos inerentes e essenciais à 
pessoa humana que estão presentes na Lei Maior dos Estados, ou seja, na Constituição Federal. Trata-se, 
portanto, de uma estrutura normativa relacionada “à proteção interna dos direitos dos cidadãos, ligada aos 
aspectos ou matizes constitucionais de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados nas Cartas 
Constitucionais contemporâneas”. (MAZZUOLI, 2019, p. 4). 
Simplificando, “os direitos fundamentais são aqueles positivados e reconhecidos na ordem constitucional 
estatal. Nas palavras de Ingo Wolfgang Sarlet, ‘aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados 
na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado”. (SARLET apud OLIVEIRA, 2016, p. 4) 
Ademais, a incontestável importância que lhes é característica, 
Tais direitos devem constar de todos os textos constitucionais, sob pena de o 
instrumento chamado Constituição perder totalmente o sentido de sua existência, 
tal como já asseverava o conhecido art. 16 da Declaração (francesa) dos Direitos do 
Homem e do Cidadão de 17895: ‘A sociedade em que não esteja assegurada a 
garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem 
Constituição’. (MAZZUOLI, 2019, p. 4). 
 
 
Como exemplo de Direitos Fundamentais temos o direito à 
igualdade, previsto no art. 5°, I, da Constituição Federal de 1988, 
conforme abaixo: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos 
termos desta Constituição; (BRASIL, 1988, p. 1). 
 
 
3 Expressão correspondente à área do direito “que tem por objetivo a solução das questões de caráter internacional, 
assim ditas, porque nelas há interesses de pessoas (físicas e jurídicas) de países diferentes. Definem-no, assim, como o 
conjunto de princípios e regras concernentes aos interesses superiores da sociedade humana, na interdependência dos 
Estados”. (SILVA, 2008, p. 474). 
4 Denominação genérica aplicada para designar todo e qualquer direito, seja público ou privado, em que se formulam 
as regras para serem impostas às relações processadas dentro dos limites territoriais de um país. (SILVA, 2008, p. 474). 
5 Tema que será abordado com mais detalhes nas Afirmações Históricas dos Direitos Humanos; 
 
 
15 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
Inicialmente, 
Quando se fala em “direitos humanos”, o que tecnicamente se está a dizer é que 
há direitos que são garantidos por normas de índole internacional, isto é, por 
declarações ou tratados celebrados entre Estados com o propósito específico de 
proteger os direitos (civis e políticos; econômicos, sociais e culturais etc.) das 
pessoas sujeitas à sua jurisdição. (MAZZUOLI, 2019, p. 2). 
Trata-se, portanto, de uma expressão 
pontualmente distinta das anteriormente 
descritas, pois sea primeira refere-se a direitos 
abstratos, que sempre existiram e não estão 
escritos em nenhum documento (Direitos do 
Homem), e a segunda, aos direitos presentes 
nas constituições estatais, portanto de índole 
doméstica dos Estados (Direitos Fundamentais), 
os Direitos Humanos fazem referência aos 
“direitos protegidos pela ordem internacional 
(especialmente, por meio de tratados 
multilaterais, globais ou regionais 6 ) contra as 
violações e arbitrariedades que um Estado 
possa cometer às pessoas sujeitas à sua 
jurisdição”. (MAZZUOLI, 2019, p. 3). 
 
 
 
Como exemplo dos Direitos Humanos, temos o direito à 
liberdade e à igualdade, previsto na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948, conforme descrito abaixo: 
Artigo I. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em 
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e 
devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade. (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2009, p. 4). 
 
 
6 “Em significação propriamente jurídica, é o convênio, o acordo, a declaração, ou o ajuste firmado entre duas ou mais 
nações, em virtude do que as signatárias se obrigam que nele se inscrevem. [...] Desse modo, o tratado exprime ato 
jurídico de natureza internacional, em que dois, ou mais Estados, concordam sobre criação, modificação ou extinção de 
algum direito”. (SILVA, 2008, p. 1431). Nesse sentido os tratados, também chamados de convenções ou pactos, de 
acordo com o número de signatários, poderão ser multilateral, envolvendo diversos Estados, regional, envolvendo 
Estados de determinada região do planeta, como a América (Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969, 
também chamada de Pacto de San José da Costa Rica), ou global (Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 
1966). 
 
 
16 
 
Se a locução “Direitos do Homem” exprime os direitos 
intrínsecos ao ser humano, mas que não estão positivados em 
nenhum documento, as locuções “Direitos Humanos” e 
“Direitos Fundamentais” se diferenciam pela natureza do 
documento onde se encontram positivados. Dessa forma, 
“[...] para os direitos positivados na ordem internacional 
utiliza-se a expressão direitos humanos e na ordem jurídica 
interna a acepção direitos fundamentais”. (OLIVEIRA, 2016, p. 
3, grifo do autor). 
 
 
CONCEITO 
Como abordado, a expressão de caráter internacional, 
Direitos Humanos constituem-se como “[...] um conjunto de 
direitos considerado indispensável para uma vida humana 
pautada na liberdade, igualdade e dignidade. Os direitos 
humanos são os direitos essenciais e indispensáveis à vida 
digna” (RAMOS, 2019, p. 29). 
Nesse sentido, por serem indispensáveis a uma vida digna, 
Estabelecem um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem 
respeitar, sob pena de responsabilidade internacional7. Assim, os direitos humanos 
são direitos que garantem às pessoas sujeitas à jurisdição de um dado Estado meios 
de vindicação de seus direitos, para além do plano interno, nas instâncias 
internacionais de proteção8 [...] (MAZZUOLI, 2019, p. 3). 
 
 
Assim como definido pela Organização das Nações Unidas, “Os 
direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, 
independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma 
religião ou qualquer outra condição”. (NAÇÕES UNIDAS, 2019, p. 1). 
 
 
Pensando objetivamente em tais direitos, há que se ponderar que seu delineamento não é inequívoco, ou 
seja, diante do desafio de expressá-los, não raras vezes ocorrem divergências. Isso ocorre pelo fato de que “[...] 
não há um rol predeterminado desse conjunto mínimo de direitos essenciais a uma vida digna”, pois “[...] as 
necessidades humanas variam e, de acordo com o contexto histórico de uma época, novas demandas sociais são 
traduzidas juridicamente e inseridas na lista dos direitos humanos” (RAMOS, 2019, p. 29). 
 
7 Trata-se de um “instituto que permite que o Estado ou organismo internacional que viole uma norma [...], e cause 
dano a outro ente estatal ou organismo internacional, ou que provoque prejuízo a outrem em decorrência de 
determinadas atividades, arque com as consequências do ato ou do fato, devendo reparar o prejuízo eventualmente 
causado. [...] O fundamento da responsabilidade internacional compõe-se de dois pilares: o dever de cumprir as 
obrigações internacionais livremente avençadas e a obrigação de não causar dano a outrem. A responsabilidade 
internacional visa, portanto, a contribuir para a aplicação prática das normas internacionais e a promover a eventual 
reparação dos prejuízos sofridos pelos sujeitos de Direito Internacional. (PORTELA, 2018, p. 422). 
8 Assunto será tratado em mais detalhes na Unidade III. 
 
 
17 
 
Contudo, mesmo diante dessa imprecisão, na lição de Dalmo de Abreu Dallari temos que 
[...] todos os seres humanos devem ter asseguradas, desde o nascimento, as 
condições mínimas necessárias para se tornarem úteis à humanidade, como 
também devem ter a possibilidade de receber os benefícios que a vida em 
sociedade pode proporcionar. Esse conjunto de condições e de possibilidades 
associa as características naturais dos seres humanos, a capacidade natural de cada 
pessoa e os meios de que a pessoa pode valer-se como resultado da organização 
social. É a esse conjunto que se dá o nome de direitos humanos. Para entendermos 
com facilidade o que significam direitos humanos, basta dizer que tais direitos 
correspondem a necessidades essenciais da pessoa humana. Trata-se daquelas 
necessidades que são iguais para todos os seres humanos e que devem ser 
atendidas para que a pessoa possa viver com a dignidade que deve ser assegurada 
a todas as pessoas. (DALLARI, 2004, p. 12-13). 
 
 [...] a vida é um direito humano fundamental9, porque sem ela a pessoa não existe. Então a preservação 
da vida é uma necessidade de todas as pessoas humanas. Mas, observando como são e como vivem os seres 
humanos, vamos percebendo a existência de outras necessidades que são também fundamentais, como a 
alimentação, a saúde, a moradia, a educação, e tantas outras coisas. (DALLARI, 2004, p. 13). 
 
 
De maneira mais precisa, essa gama de direitos inerentes 
a todo ser humano é definida pela Organização das Nações 
Unidas como “o direito à vida e à liberdade, à liberdade de 
opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, 
entre muitos outros”. (NAÇÕES UNIDAS, 2019, p. 1). 
 
 
 
9 “A expressão ‘direitos humanos’ é uma forma abreviada de mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. 
Esses direitos são considerados fundamentais porque sem eles a pessoa humana não consegue existir ou não é capaz 
de se desenvolver e de participar plenamente da vida”. (DALLARI, 2004, p. 4). 
 
 
18 
 
AFIRMAÇÕES HISTÓRICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
Investigar a trajetória histórica dos Direitos Humanos 
remonta à Antiguidade, haja vista que o Código de Hamurabi, 
datado de aproximadamente 1690 a.C., “talvez tenha sido a 
primeira codificação a consagrar um rol dos direitos comuns a 
todos os homens, como a vida, a propriedade, a honra, a 
dignidade, a família, prevendo a supremacia das leis em 
relação aos seus governantes”. (GUERRA, 2018, p. 53). 
 
 
 
 
Ainda nesse período, não obstante a outras valiosas 
manifestações, foram os gregos, que depois dos sumérios, em 
muito contribuíram para o desenvolvimento histórico dos 
Direitos Humanos. Isso porque “as leis gregas, [...] não eram 
decretadas pelos governantes, mas estabelecidas livremente 
pelo povo na Assembleia; resultavam da vontade popular”. 
(GUERRA, 2017, p. 54). 
 
 
 
 
19 
 
Depois dos gregos, os romanos contribuíram de forma 
expressiva para a proteção dos Direitos Humanos, graças à Lei 
das Doze Tábuas10, que “[...] consagrou vários direitos, como 
o da propriedade, liberdade, personalidade jurídica, entre 
outros”. (RAMOS, 2019, p. 36) 
Posteriormente, a Idade Média trouxe “[...] por mais 
incrível que possa parecer, maior proteção ao ser humano”. 
(MALHEIRO, 2018, p. 2). Isso porque, no ano de 1215 “oRei 
João da Inglaterra foi obrigado a assinar um documento 
intitulado Magna Carta Libertatum [...]”. (CASTILHO, 2018, p. 
68-69). 
 
 
 
A Magna Carta representou uma profunda inovação, porque 
pela primeira vez na história o poder do governante era 
contido em benefício de seus governados, ou seja, a Magna 
Carta contribuiu enormemente para o reconhecimento dos 
direitos individuais do indivíduo, oponíveis contra o Estado, e 
por isso, “foi a base para as constituições modernas.” 
(CASTILHO, 2019, p. 75). 
 
 
 
Após o período medieval, a Idade Moderna “[...] caracterizou-se 
pela conquista definitiva da proteção aos direitos humanos”. 
(MALHEIRO, 2018, p. 5). Isso porque, é nesse momento da história 
que tem início as revoluções, das quais surgiram alguns documentos 
imprescindíveis para a proteção dos Direitos Humanos, a saber: 
Petition of Right (1628), Habeas Corpus Act (1679) e Bill of Rights 
(1689). 
A Petition of Right (1.628) “[...] não apenas significou uma 
restrição dos poderes do soberano, como, também, consolidou uma 
verdadeira reordenação do sistema político vigente”. (CASTILHO, 
2018, p. 76). Ainda no século XVII, há a edição do Habeas Corpus Act 
(1679), que “[...] serviu de inspiração e modelo para todas as 
garantias criadas a partir de então no caso de prisão, também nos 
casos de ameaça e constrangimento à liberdade individual de ir e 
vir”. (CASTILHO, 2018, p. 68). 
Por fim, a Bill of Rights (1689), foi a declaração “[...] pela qual o 
poder autocrático dos reis ingleses é reduzido de forma definitiva 
 
10 “[...] a Lei das Doze Tábuas foi promulgada, tendo sido inscrita em 12 tabletes de madeira, [...] originou-se para 
estabelecer a igualdade de direitos entre as diversas classes sociais, sendo vedada a beligerância privada”. (MALHEIRO, 
2018, p. 3). 
 
 
 
20 
 
[...] pois dela consta, basicamente, a afirmação da vontade da 
lei sobre a vontade absolutista do rei”. (RAMOS, 2019, p. 40). 
Todos esses movimentos revolucionários ocorridos na 
Europa, serviram de inspiração para a independência das 
Treze Colônias Norte-Americanas, que se deu graças à 
Declaração de Direitos, que traz “[...] pela primeira vez, a 
afirmação do ‘direito à vida’, que só voltaria a aparecer no 
século XX”. (CASTILHO, 2018, p. 86). 
 
 
 
A Declaração de Direitos Norte-Americana merece especial 
destaque, porque “[...] foi o primeiro documento de natureza 
política a reconhecer a soberania popular, a existência de 
direitos que se aplicam a todas as pessoas, sem que haja 
distinção de sexo, cor ou qualquer outra manifestação social”. 
(GUERRA, 2018, p. 59-60) 
 
 
Na sequência da trajetória histórica dos direitos humanos, 
foi no ano de 1.789, que a França se tornou o palco do “mais 
importante movimento social do mundo moderno”. 
(CASTILHO, 2018, p. 86). Isso porque, a Revolução Francesa 
foi um acontecimento tão marcante na história, que além de 
inaugurar a contemporaneidade, tornou possível que 
princípios revolucionários franceses (Liberdade, Igualdade, 
Fraternidade) fossem “[...] consolidados na Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada pela 
Assembleia Nacional francesa, em 1.789, após a derrubada da 
monarquia”. (CASTILHO, 2018, p. 86). 
 
 
 
A Declaração Francesa foi “o primeiro marco normativo dos direitos 
humanos ao consagrar, entre outros, os princípios da igualdade, 
liberdade, propriedade, segurança, resistência à opressão, 
legalidade, presunção de inocência, liberdade religiosa e de 
manifestação de pensamento”. (CASTILHO, 2018, p. 89). Ela “[...] 
proclamou os direitos humanos a partir de uma premissa que 
permeará os diplomas futuros: todos os homens nascem livres e com 
direitos iguais. Há uma clara influência jusnaturalista, pois, já no seu 
início, a Declaração menciona “os direitos naturais, inalienáveis e 
sagrados do homem”. (RAMOS, 2019, p. 45). 
 
 
Contudo, a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, apesar de seus evidentes méritos, 
passou a receber críticas no final do século XVIII e início do século XIX, já que para teóricos socialistas “não 
seria possível defender direitos individuais em uma realidade na qual os trabalhadores – em especial na 
indústria europeia – eram fortemente explorados”. (RAMOS, 2019, p. 47). Por esse motivo, defendiam que a 
 
 
21 
 
Declaração Francesa deveria “abarcar também os direitos sociais11, como o direito à educação e assistência 
social”. (RAMOS, 2019, p. 47). 
Nesse cenário, em 05 de fevereiro de 1917 é promulgada a Constituição Mexicana que “[...] traz um 
elenco de direitos trabalhistas e previdenciários, atribuindo a eles a qualidade de direitos fundamentais”. 
(MALHEIRO, 2018, p. 8). Posteriormente, em 1919, também a Constituição de Weimar teve seu eixo central 
voltado para os direitos sociais. 
Mas, já nesses tempos, o mundo acabara de sair da 
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e antecedendo a 
Segunda Guerra Mundial, “na Alemanha, surgiu o nazismo12, 
liderado por Hitler, que pretendia expandir o território 
Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive 
reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. 
(LEITE, 2014, p. 10). 
Assim, alguns anos depois, teve início a Segunda Guerra Mundial que “[...] entre 1° de setembro de 1939 
e 2 de setembro de 1945 destroçaram a proteção aos direitos humanos no cenário das relações exteriores”. 
(MALHEIRO, 2018, p. 9). 
 
 
 
O saldo pós-guerra foi desolador, pois “[...] os prejuízos foram 
enormes, principalmente para os países derrotados. [...] A intolerância 
esteve presente e deixou uma ferida grave, principalmente na 
Alemanha, onde os nazistas mandaram para campos de concentração 
e mataram aproximadamente seis milhões de judeus”. (LEITE, 2014, p. 
10) 
 
 
Para compreender melhor os horrores que perpetraram a Segunda Guerra Mundial, assista: A trajetória do 
genocídio nazista. 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?time_continue=50&v=frae04L0k7M 
 
 
Esse generalizado desrespeito aos Direitos Humanos “resultou numa nova ordem mundial, especialmente 
voltada para a prevenção de crimes contra a humanidade”. (CASTILHO, 2018, p. 133). Prova disso é o fato de 
que, em 1945, com o término do conflito, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas13), por meio da 
Carta de São Francisco, também chamada de Carta das Nações Unidas, “cujo objetivo principal seria a 
manutenção da paz entre as nações” (LEITE, 2014, p. 11). 
 
11 Deveres endereçados ao Estado, assunto que será abordado com maiores detalhes na segunda dimensão dos Direitos 
Humanos, trabalhado na Unidade II. 
12 Filosofia “conhecida por seu irracionalismo filosófico, onde se prioriza o instinto sobre a razão, o físico sobre o 
espiritual e por fim o biológico sobre o ético. A supremacia do povo é proclamada como sendo o valor místico [...]. Ele 
se fundamentava no antissemitismo, é dizer, os alemães propagavam o extermínio do povo judeu afirmando que eles 
eram os causadores de todos os desastres ocorridos na Alemanha. Outra meta do nazismo era a conquista de outros 
Estados (imperialismo), em busca de maior espaço físico somada a vantagem econômica, qual seja, a conquista de 
mercados exteriores”. (BASTOS apud NOGUEIRA Y ROCHA, 2018, p. 50). 
13 Assunto que será abordado de forma mais detalhada na Unidade III. 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=50&v=frae04L0k7M
 
 
22 
 
Ademais, como forma de consolidar o repúdio às atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial, em 
1948, é proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que será abordada em maiores 
detalhes na Unidade III. 
Tal como pôde ser observado, após esse breve apanhado histórico, os Direitos Humanos passam a ser 
reconhecidos, paulatinamente, e vão se modificando de acordo com a sociedade. 
 
 
 
23 
 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 
Na sequência dos estudos voltados aos Direitos Humanos, após um contato panorâmico do histórico 
dessa gama de direitos, nada mais adequado do que, agora, averiguar suas características,atributos que são 
“capazes de distingui-los de outros tipos de direitos, especialmente os da ordem doméstica”, (MAZZUOLI, 
2019, p. 11), isto é, do ordenamento jurídico interno de determinado Estado. 
Dessa forma, são características dos Direitos Humanos: 
 
a) Historicidade. Os direitos humanos são históricos, porque são “direitos que se vão construindo com o 
decorrer do tempo”. (MAZZUOLI, 2019, p. 11). Dessa forma, não obstante terem se confirmado na esfera 
Internacional a partir de 1945, com o advento da Organização das Nações Unidas, os Direitos Humanos 
“surgem com a própria organização da sociedade” (IZIDORO, 2015, p. 20), ou seja, na esfera interna de cada 
Estado. 
 
 
 
No curso da história, novos direitos são gradualmente integrados como direitos humanos. Dos direitos 
individuais no século XVIII e dos direitos sociais positivados no século XX, o pós-Segunda Guerra, com o 
processo de internacionalização, proporcionou o surgimento de novos direitos humanos, como a 
autodeterminação dos povos, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a bioética e outros 
novos que serão criados e reivindicados com os constantes desafios e mutações da sociedade 
contemporânea. (OLIVEIRA, 2016, p. 12). 
 
 
 
b) Universalidade. Os Direitos Humanos são para “todas as pessoas, bastando a condição de ser pessoa 
humana para se poder invocar a proteção desses direitos, tanto no plano interno como no plano 
internacional, independentemente de sexo, raça, credo religioso, afinidade política, status social, econômico, 
cultural etc”. (MAZZUOLI, 2019, p. 11). 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
“A universalidade está proclamada no próprio título e no conteúdo da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, [...] que concluiu 
que “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, 
interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional 
deve tratar os direitos humanos de forma global, justa e equitativa, em 
pé de igualdade e com a mesma ênfase. Embora particularidades 
nacionais e regionais devam ser levadas em consideração, assim como diversos contextos históricos, 
culturais e religiosos, é dever dos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades 
fundamentais, sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais” (OLIVEIRA, 2016, p. 9, 
grifo nosso) 
 
 
c) Irrenunciabilidade. “Os direitos humanos 
têm como característica básica a 
irrenunciabilidade, que se traduz na ideia de que a 
autorização de seu titular não justifica ou 
convalida qualquer violação do seu conteúdo”. 
(MAZZUOLI, 2019, p. 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não é possível que ninguém renuncie à sua própria vida, e mesmo que manifeste seu desejo de morrer, isso 
não legitima que outro possa lhe matar sem que isso seja considerado crime. 
 
 
 
 
d) Inalienabilidade. Os Direitos Humanos são inalienáveis, 
ou seja, não podem “ser transferidos ou cedidos (onerosa ou 
gratuitamente) a outrem, ainda que com o consentimento do 
agente, sendo, portanto, indisponíveis e inegociáveis”. 
(MAZZUOLI, 2019, p. 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
O “arremesso de anão”, é um bom exemplo de 
inalienabilidade, tendo em vista que o titular do direito não 
poderá vendê-lo, se o propósito fere a dignidade da pessoa 
humana. Nesse “jogo” humilhante, muito popular nas 
décadas de 80 e 90, o anão, que é contratado e pago para 
isso, é arremessado, como forma de divertimento daqueles 
que estão em festas, geralmente promovidas em bares nos 
EUA, e em alguns países da Europa. 
Contudo, isso também já ocorreu no Brasil, conforme 
reportagem abaixo. Confira! 
Bar provoca revolta por promover concurso de arremesso de 
anões 
 
 
e) Inexauribilidade. Os Direitos Humanos são inexauríveis, ou seja, inesgotáveis, “no sentido de que têm 
a possibilidade de expansão, a eles podendo ser sempre acrescidos novos direitos”, a qualquer tempo, 
exatamente na forma apregoada pelo § 2.º, do art. 5.º, da Constituição Federal de 198814”. (MAZZUOLI, 2019, 
p. 12). 
 
 
 
A expansão dos direitos humanos nunca termina, visto 
que à medida que novas necessidades surgem, novos 
direitos nascem com elas. Prova disso é o fato de que 
antes de existir a internet, ninguém sentia falta de estar 
conectado. Contudo, atualmente, a internet é 
considerada tão indispensável à vida humana que há 
um Projeto de Emenda Constitucional n°6/11, 
tramitando junto ao Senado Federal, que se aprovado, 
pretende incluir “o acesso à Internet no rol do artigo 6º 
da CF, qualificando-o, portanto, como uma espécie de 
direito social”. (ZWICKER e ZANONA, 2017, p. 1). 
 
 
 
f) Imprescritibilidade. Os direitos humanos são imprescritíveis, “não se esgotando com 
o passar do tempo e podendo ser a qualquer tempo vindicados, não se justificando a perda 
 
14 Art. 5º. [...] § 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
(BRASIL, 1988, p. 1) 
https://extra.globo.com/noticias/page-not-found/bar-provoca-revolta-por-promover-concurso-de-arremesso-de-anoes-23953378.html
https://extra.globo.com/noticias/page-not-found/bar-provoca-revolta-por-promover-concurso-de-arremesso-de-anoes-23953378.html
 
 
26 
 
do seu exercício pelo advento da prescrição15”. (MAZZUOLI, 2019, p. 12). Em outras palavras, “os direitos 
fundamentais não se sujeitam à prescrição, isto é, veda-se ao legislador que estipule prazo para o exercício 
do direito de ação com vistas a preservá-los”; (CASTILHO, 2019, p. 21). 
 
 
 
 
Uma pessoa não passa a ter mais ou menos direito à sua vida, liberdade e igualdade perante os demais, em 
razão do tempo, ou seja, o fato de ser mais ou menos jovem do que outra, não a torna mais ou menos 
detentora de direitos. 
 
 
 
g) Indivisibilidade: Os Direitos Humanos são indivisíveis, de modo que “não 
há ‘meio direito humano’” (IZIDORO, 2015, p. 13). Ademais, “não há divisão 
hierárquica entre os direitos civis e políticos e os direitos econômicos, sociais 
e culturais em virtude da separação artificial ocorrida em 1966, com o Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais16” (IZIDORO, 2015, p. 13). 
 
 
 
 
“A indivisibilidade dos direitos humanos é reconhecida pela constatação de que, de fato, a garantia dos 
direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais, econômicos e culturais e vice-
versa” (LEITE, 2014, p. 39). 
 
 
 
 
 
h) Vedação do retrocesso. “Os direitos humanos devem sempre (e cada vez 
mais) agregar algo de novo e melhor ao ser humano, não podendo o Estado 
proteger menos do que já protegia anteriormente”. (MAZZUOLI, 2019, p. 12). 
 
 
 
 
 
 
 
15 “Perda de um direito em razão da inércia de seu titular e do decurso de tempo (art. 189, CC). Perecimento da ação, 
atribuída a um direito, pela falta de uso dela em determinado prazo. Consiste na perda da possibilidade de agir (facultas 
agendi) para defender o direito” (LUZ; SOUZA, 2015, p. 593). 
16 Tema que será abordado na Unidade III. 
 
 
27 
 
Em razão da vedação do retrocesso “[...] os Estados estão 
proibidos de retroceder em matéria de proteção dos direitos 
humanos. Assim, se uma norma posterior revoga 17 ou 
nulifica 18 uma norma anterior mais benéfica, essa norma 
posterior é inválida por violar o princípio internacional da 
vedação do retrocesso [...]. Os tratados internacionais de 
direitos humanos, da mesma forma que as leis internas, 
também não podem impor restrições que diminuam ou 
nulifiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto no 
plano interno quanto na própria órbita internacional”. 
(MAZZUOLI, 2019, p. 12). 
 
 
 
 
Em consonância com a vedação do retrocesso, a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San 
José da Costa Rica19), documento do qual o Brasil é signatário, estabelece que “não se pode restabelecer a 
pena de morte nosEstados que a hajam abolido, nem aplicá-la por delitos políticos nos Estados que a 
admitam. (MALHEIROS, 2018, p. 282). 
 
 
 
 
i) Interdependência e inter-relacionalidade. Os Direitos Humanos são 
interdependentes e inter-relacionados devido ao fato de que constituem “um 
bloco coeso de necessidades e aspirações humanas destinado a assegurar a 
plenitude da existência digna de todos os seres humanos” (LEITE, 2014, p. 40). 
 
 
 
 
 
Como exemplo da inter-relação e interdependência dos Direitos Humanos temos que “sem a efetividade de 
gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais não há condições reais de gozo dos direitos civis e políticos”. 
(LEITE, 2014, p. 40). 
 
 
 
17 “Ato por meio do qual o sujeito de um negócio jurídico retrocede quanto ao seu prosseguimento, fazendo cessar a 
relação de direito. Fenômeno observado quando se opera a extinção de um instituto jurídico, caso em que cessam todas 
as determinações destinadas a viabilizar sua efetivação”. (SIDOU, 2017, p. 550). 
18 Ato que torna nulo, ou seja, provoca a “ineficácia do negócio jurídico quando praticado por pessoa absolutamente 
incapaz; quando não revestir a forma prescrita em lei; quando for preterida alguma solenidade que a lei considere 
essencial; ou quando a lei taxativamente o declarar ou lhe negar efeito”. (SIDOU, 2017, p. 423). 
19 Assunto será abordado com maiores detalhes na Unidade III. 
 
 
28 
 
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	Páginas de DHC - Direitos Humanos e Cidadania - Volume 01.pdf
	Páginas de DHC - Direitos Humanos e Cidadania - Volume 012.pdf

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