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1 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................................2 Introdução................................................................................................................................3 Práticas pedagógicas em Educação Integral.................................................................4 Ensino-aprendizagem na cidade ............................................................................................. 6 Cartografia ................................................................................................................... 7 Circuito de aprendizagem no território ....................................................................... 7 Criação de bonecos para a equidade racial ................................................................. 7 Criação de personagens históricos .............................................................................. 8 Cultura imaterial na prática ......................................................................................... 8 Memória social............................................................................................................. 8 Experimentação ...................................................................................................................... 9 Práticas de estúdio ....................................................................................................... 9 Letramento e cultura digital ................................................................................................. 10 Gamificação da aula ................................................................................................... 11 Formação de mediadores de leitura .......................................................................... 11 Monitoria entre pares ........................................................................................................... 11 Monitoria entre alunos com e sem deficiência ......................................................... 12 Esporte educacional e esporte inclusivo .............................................................................. 13 Brincadeiras com os elementos da natureza ........................................................................ 13 Participação educativa da comunidade ................................................................................ 15 Personalização ...................................................................................................................... 16 A avaliação da Educação Integral .................................................................................. 17 Educação Integral em tempos de COVID-19 ............................................................... 20 Referências........................................................................................................................... 25 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução Podemos dizer que neste caderno teremos uma síntese da teoria e sua efetividade prática no tocante a tudo que vimos sobre a Educação Integral e a mandala sobre a qual discorremos abaixo é, realmente, a representação simbólica que visa apresentar, a partir de uma abordagem sistêmica, a proposta pedagógica de articulação, integração e interação de saberes escolares e saberes locais, entre a escola e a comunidade, para a busca e a efetivação da Educação Integral. Figura 1 – Mandala para efetivação da Educação Integral Cada um dos anéis da mandala – em constante diálogo – representa um aspecto a ser considerado nesse processo de ensino-aprendizagem, que deve ser fomentado a partir das múltiplas possibilidades de trocas e mediações entre escola e comunidade, visando a formação do estudante na sua multidimensionalidade. A intenção é que ela seja um instrumento e ferramenta de auxílio e de orientação à construção de estratégias pedagógicas para a Educação Integral, permitindo que o educador possa lançar mão de diferentes conexões entre os vários anéis para desenvolver uma educação significativa para seus alunos. A mandala tem como ponto de partida o olhar sobre a centralidade do sujeito – seja a criança, adolescente ou adulto – na perspectiva de garantir o seu desenvolvimento em todas as dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural. A partir desse centro, o educador conduzirá o seu processo pedagógico, que favorece os direitos de aprendizagem e respeita as especificidades de cada etapa da educação básica. 4 Para que o currículo seja de fato significativo para esse aluno, o educador estabelece, então, uma conexão entre as diversas áreas do conhecimento e os saberes do território, lançando mão de diferentes estratégias disponíveis, que favorecem a participação ativa do estudante, o processo de autoria e autonomia, respeitam as diferentes formas de aprender e garantem a articulação e combinação de saberes e práticas que estão em diversos espaços, na escola, na família e no território da cidade (CREI, 2020). Essas áreas do conhecimento contemplam todos os componentes curriculares: Linguagens (Arte, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna e Língua Portuguesa), Matemática, Ciências da Natureza (Física, Ciências, Biologia e Química), Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia) e Ensino Religioso. Na perspectiva da Educação Integral, a organização curricular pressupõe o acesso do estudante a todas as áreas do conhecimento de maneira articulada e permanente, rompendo com a fragmentação das disciplinas e dando sentido aos conteúdos a partir das questões, trajetórias, experiências e relações dos sujeitos envolvidos nos processos educativos. Eis que chegamos ao território, um importante espaço de aprendizagem que ajuda os estudantes a construírem sentido para o que estão aprendendo, a partir de vivências e práticas culturais concretas: as relações que estabelecem, os saberes que já trazem para a escola, as crenças os valores com os quais se identificam. Pessoas, saberes, recursos diferenciados podem ser articulados ao itinerário formativo dos alunos, garantindo novas aprendizagens, ampliando seu olhar sobre o outro e sobre a própria cidade e fortalecendo sua autonomia para estabelecer conexões possíveis para além das instituições. Entre os saberes do território, destacam-se: Brincadeiras, Línguas faladas, Alimentação, Corpo/Vestuário, Habitação, Calendário local, Narrativas locais, Expressões artísticas, Curas e rezas, Mundo do trabalho, Condições ambientais e Organização política. Práticas pedagógicas em Educação Integral 5 Práticas são muitas, estratégias para organizá-lastambém. E como dito na introdução vamos usar a mandala dada sua simbologia acertada. Lembremos sempre: centralidade, singularidade e diversidade dos educandos devem permear todo nosso trabalho. Figura 2 – Mandala completa da Educação Integral Em todas as práticas/estratégias apresentadas você pratica as ações de planejamento, implementação, avaliação e institucionalização. 6 Ensino-aprendizagem na cidade A Educação Integral compreende que o processo educativo pode e deve ir além dos muros da escola: a educação deve ganhar a cidade. Assim, espaços como centros culturais, cinemas, teatros e praças, agentes como artistas, educadores populares e famílias, políticas públicas e iniciativas locais de cultura, saúde, assistência social e desenvolvimento urbano, entre outras possibilidades, podem se converter em oportunidades educativas conectadas ao cotidiano das escolas. A ideia é permitir circulação e exploração de novos ambientes e da diversidade cultural necessárias para que os alunos aprendam a convivência e a negociação de sentidos, a partir da apropriação das múltiplas possibilidades educativas hoje existentes no âmbito do território onde vivem. Com isso, essa rede, além de enriquecer o percurso formativo dos estudantes, contribui para fortalecer as relações de confiança entre instituições e cidadãos, criando melhores condições para o envolvimento ativo de todos na construção de uma rede educadora. Essa intensa participação promove uma cidade que acolhe e potencializa o trabalho das escolas, efetivando o conjunto de aprendizagens que as novas gerações necessitam e desejam. Ao utilizar o território como espaço de aprendizagem, a escola permite que os estudantes conheçam e reconheçam o lugar em que vivem – como é o bairro, que pessoas moram ali, que formas de expressão cultural e histórias são contadas ali –, ajudando-os a construírem um sentido para o aprender a partir de vivências e práticas culturais concretas: as relações que estabelecem, os saberes, crenças e valores que trazem. Sair da escola e estar no território também possibilita às crianças e aos jovens identificar suas características, vivenciar os conflitos que ali se estabelecem e propor soluções para enfrentá-los, garantindo, inclusive, o direito que eles têm à cidade. Ao circular por esses novos espaços, a escola instiga outros modos de aprender, que vão além da sala de aula, estabelecendo um diálogo mais próximo com os saberes das famílias e comunidades, o que contribui para um currículo que valoriza o conhecimento popular tanto quanto o acadêmico. 7 Cartografia A cartografia parte do pressuposto de que a cidade deve ser explorada e apropriada pelos estudantes. A utilização do mapa é ponto de partida para estimular a relação do aluno com seu território e com a cidade em que vive. A prática faz uso de um mapa, desenhado ou impresso, e estimula que o aluno registre nesse material seus desejos pessoais e profissionais – relacionados ao seu projeto de vida –, além de oportunidades e pontos de seu interesse, aprimorando seu repertório e condição de cidadão. A ideia é também que os estudantes possam visitar os locais registrados. Circuito de aprendizagem no território A exploração e o reconhecimento do território permitem uma série de aprendizagens que amplia e traz novas perspectivas para os conhecimentos adquiridos em sala de aula. O circuito de aprendizagem é uma oportunidade para que os estudantes conheçam o lugar em que vivem e aprendam com vivências e práticas culturais concretas. A estratégia de sair e circular no bairro também possibilita a transformação do lugar e demarca o direito ao espaço público. Por meio da definição de um tema, de um circuito de visitação e de um roteiro de pesquisa, elaborado coletivamente e de maneira interdisciplinar, professores e alunos exploram a comunidade e sistematizam as aprendizagens em um produto final. Criação de bonecos para a equidade racial A promoção da equidade racial é essencial em uma educação que visa valorizar as diversidades do ser humano, garantindo o desenvolvimento integral dos estudantes e de atitudes antirracistas. A criação de bonecos nessa perspectiva busca garantir a liberdade de expressão de alunos e educadores e convoca a diversidade presente nos territórios. Ao promover a história de vida do boneco – com características fenotípicas negras ou indígenas, por exemplo –, as crianças exercem sua capacidade imaginativa, trazendo elementos para discutir sobre as relações raciais existentes. O boneco passa, então, a canalizar interesses e humanizar o currículo educacional. 8 Criação de personagens históricos A prática propõe a exploração do território como espaço de aprendizagem a partir de uma abordagem relacionada à memória e trajetória de determinado personagem histórico local. A proposta é aprofundar o conhecimento de um espaço que tenha relevância social, cultural, arquitetônica e/ou histórica, a partir do resgate da história contada por esse personagem, em visita guiada. É essencial que o professor realize, juntamente aos alunos, uma pesquisa acerca do vestuário, dos costumes e das memórias desse personagem. Cultura imaterial na prática A valorização da cultura imaterial é uma poderosa forma de conexão dos alunos com o seu território. Buscar diferentes estratégias para incorporar os saberes locais à escola contribui para a preservação e difusão da cultura imaterial, ou seja, desse conjunto de conhecimentos que não são ensinados formalmente nos livros, mas transmitidos de forma prática, de geração para geração. São exemplos de cultura imaterial: manifestações artísticas (música, dança, teatro), aspectos religiosos, objetos construídos artesanalmente, bem como costumes e práticas tradicionais locais. Memória social A prática pressupõe o registro de experiências, histórias, sensações, emoções e sentimentos que, por um motivo ou outro, foram escolhidos para serem guardados na memória. Nesta prática, os alunos definem uma determinada região e buscam pessoas relevantes na localidade, convidando-as a contar suas histórias de um ponto de vista particular. A partir das diferentes narrativas, a memória do local é construída, em um processo de valorização das pessoas e do saber informal. Com esta prática, os alunos são desafiados a compreender múltiplas visões acerca de um mesmo local, montando um quebra-cabeça de saberes. 9 Experimentação Incentivar, desafiar e propor que os estudantes construam seus conhecimentos e desenvolvam seu aprendizado a partir de experiências práticas. Essa é a tendência da aprendizagem mão na massa (educação maker) ou experimentação. A partir de novas metodologias e ferramentas, o aluno assume o papel de protagonista da sua aprendizagem e elabora um produto ou projeto que faça sentido para a sua vida, ampliando as oportunidades de aprendizagem no fazer. Nesse processo de criação, eles se envolvem com pesquisas, planejamentos, resolução de problemas e conflitos, aprendendo a trabalhar de forma independente e a assumir riscos que surgem no decorrer da tarefa, além de se depararem, na prática, com situações em que precisam trabalhar harmonicamente em grupo. Assim, a experimentação privilegia a colaboração, a criatividade, a curiosidade e a atitude crítica e autônoma por parte dos estudantes, o que gera um forte engajamento. As escolas podem promover oportunidades de experimentação a partir de atividades realizadas em laboratórios de fabricação digital, em que os estudantes utilizam ferramentas de prototipagem rápida como a impressora 3D e a cortadora de vinil para construir suas próprias invenções, possuem aulas de programação e robótica, participam da produção de veículos mídia, fazem projetos de intervenção na comunidade, entre outras atividades. Seja qual for a práticapedagógica proposta, assumindo a sala de aula como um espaço maker, o professor atua como um facilitador e auxilia o aluno a se questionar sobre os próximos passos do projeto. Práticas de estúdio As práticas de estúdio são atividades de experimentação “mão na massa” que estimulam a criatividade e as possibilidades de compartilhamento e trocas de ideias, viabilizando um processo educativo por meio de construções coletivas lideradas pelos estudantes. Trata-se de uma trajetória de trabalho lúdica e investigativa, em que os participantes refletem sobre as questões que os inspiram e/ou inquietam. Juntos, os estudantes criam projetos de intervenção significativos para todo o grupo e são 10 mobilizados por um propósito comum, refletindo sobre suas comunidades e cultivando hábitos autossustentáveis. Letramento e cultura digital Com a ampliação das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) novas relações, capacidades e habilidades são colocadas diante da sociedade e, a educação, cada vez mais, precisa estar atenta à esta nova dinâmica. Hoje, a capacidade de usar as ferramentas e de interagir, no ambiente digital, permite ao indivíduo conectar-se ao mundo. Por meio do computador, tablets e celulares, as crianças, adolescentes e jovens praticam a leitura e a escrita, se comunicam e interagem, tornam-se agentes da informação. Ou seja, mais do que apenas saber utilizar os recursos tecnológicos, é preciso que todos desenvolvam habilidades para construir sentido a partir de tudo o que circula no meio digital, incluindo, também, a capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informações disponibilizadas. Atualmente, os educadores podem lançar mão de muitas práticas do campo da cultura digital que facilitam o processo de aprendizagem e tornam o aprendizado mais atrativo e significativo para os estudantes, tendo em vista que essa nova geração está imersa num mundo digital. Podem ser acessadas, por exemplo, plataformas adaptativas que propõem atividades diferentes para cada aluno, sob medida, a partir de suas respostas e reações às tarefas; assim como jogos, animações e simuladores; passando por construções ligadas à robótica; além da elaboração de aplicativos e produtos de comunicação. Na perspectiva da Educação Integral, trata-se, portanto, de um convite à criação de estratégias que assegurem aos estudantes o domínio de diferentes linguagens, o acesso aos veículos de comunicação, à prática da leitura e à crítica e, principalmente, à produção de comunicação como instrumento de participação democrática. Trata-se de uma nova relação entre educação, educandos e comunicação. A escola ganha, assim, a possibilidade de converter-se em um espaço 11 privilegiado para garantir às novas gerações os conhecimentos e as habilidades indispensáveis para que se comuniquem com a autonomia e autenticidade. Gamificação da aula A prática faz uso de games para tornar o aprendizado do conteúdo curricular mais instigante e concreto para os estudantes. Depois das discussões em sala de aula, os estudantes são convidados a elaborarem, virtualmente, cenários, objetos e situações que reflitam e complementem os aprendizados debatidos com o professor. Em grupos, os educandos desenham suas ideias no papel e, posteriormente, constroem os projetos jogando um jogo como o Minecraft, por exemplo. A prática desenvolve o protagonismo e a criatividade dos estudantes, assim como o trabalho em equipe. Formação de mediadores de leitura A prática tem como proposta promover o acesso qualificado do acervo da biblioteca da escola para estudantes e seus familiares, por meio de atividades de mediação de leitura. Ela também desenvolve comportamentos de leitura, amplia o conhecimento sobre livros e autores e garante a efetiva interação entre educandos e comunidade escolar. Para tanto, realiza atividades em duas etapas: a primeira de formação de alunos leitores, e a segunda de visitação à casa de famílias que desejam receber os mediadores de leitura, que levam uma pequena parte do acervo literário da escola para as residências e leem para os anfitriões as obras escolhidas. Monitoria entre pares A estratégia de monitoria entre pares, ou monitor aluno-aluno, traz para a escola a possibilidade de os estudantes construírem o conhecimento coletivamente a partir da interação entre eles, apoiados ou orientados pelo professor. A ideia é garantir uma troca entre os estudantes e formas de aprendizado, dando a eles a oportunidade de dividir, expor e questionar seus saberes, tendo como 12 ponto de partida as dúvidas e as habilidades dos demais colegas. O que está em jogo é a construção ativa a partir da interação e do diálogo entre pares. Nessa forma de atuação, os alunos que apresentam ou querem desenvolver capacidades de mediação se tornam monitores em sala de aula ou na escola, colaborando com os seus colegas. Os professores podem auxiliar indicando os conteúdos a serem trabalhados e fazendo as divisões dos pares. Pode-se, também, realizar uma organização mais participativa e deixar que as crianças e os adolescentes ajudem na definição dos detalhes do processo. No processo de monitoria, é importante o apoio do professor na preparação dos alunos que atuam como monitores, tanto no que diz respeito aos conteúdos como no entendimento sobre o que é ser monitor. Promover reuniões periódicas de estudo para fornecer subsídios aos participantes e estabelecer a dinâmica para ações como a correção de tarefas e a divisão de quem ficará sob a responsabilidade de cada um são pontos importantes. Com a monitoria, além de aprofundarem melhor a compreensão dos conteúdos, os alunos passam a desenvolver competências de relacionamento pessoal e comunicação. Além disso, os educadores conseguem aproveitar melhor o tempo de aula e colocar a heterogeneidade da sala a favor da aprendizagem. A proposta pode ser aplicada a qualquer área do conhecimento dos Ensinos Fundamental e Médio e da Educação de Jovens e Adultos. Monitoria entre alunos com e sem deficiência A prática visa incentivar a parceria entre alunos com e sem deficiência nos processos formais de ensino-aprendizagem. As atividades de monitoria podem acontecer entre crianças, adolescentes e jovens da mesma turma e faixa etária ou em situações que envolvam estudantes de diferentes ciclos. O fundamental é cultivar e fortalecer contextos nos quais os próprios alunos são os protagonistas de práticas pedagógicas inclusivas, atuando com o apoio dos professores regulares e os professores de atendimento educacional especializado (AEE). 13 Esporte educacional e esporte inclusivo A prática pedagógica tem o esporte como base para desenvolver habilidades e competências educacionais e de formação integral, tais como protagonismo, proatividade, colaboração e empatia. Seja qual for a atividade esportiva escolhida pelo professor, a prática segue os seguintes passos: 1) Divisão das equipes e criação de regras do jogo pelos alunos, sempre com o intuito de favorecer a participação de todos e minimizar as diferenças identificadas; 2) Jogo em si, sem arbitragem, para que os alunos possam desenvolver autonomia e autorregular a atividade; e, 3) Avaliação da prática e reflexão sobre o cumprimento de combinados e regras. A proposta do esporte inclusivo visa estimular um olhar diferenciado para a Educação Física, adaptando as atividades de forma a garantir a participação efetiva e prazerosa de todos os alunos, com e sem deficiência. O objetivo é fortalecer a interação, a autonomia e a autoestima de todos os alunos, favorecendo o desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor e linguístico. A prática contempla a realização de uma avaliação diagnóstica das particularidades da turma e, a partir daí, lança-se um olhar para a flexibilização de regras e recursos. O desenvolvimentode materiais adaptados às necessidades dos alunos e às novas regras é, também, parte do processo educativo. Brincadeiras com os elementos da natureza As brincadeiras que se relacionam com o elemento água envolvem, por princípio, a fluidez. “É sobre diminuir a rigidez e os traumas que ficam no corpo, as reprimendas de uma educação rígida, muito lógica e mental. É a fluidez de transitar pelos saberes com liberdade”, explica Piorski. Neste sentido, além de banhos de piscina, rio e mar e esguichos, entram nesse recorte o brincar com matéria moles, pegajosas, amassar argila, deslizar na grama ou, até mesmo, passar cola na mão e deixar secar para depois arrancar as cascas. 14 Simbolicamente, o fogo representa a ruptura com a cultura, com o tabu e está ligado à desobediência e à coragem. As brincadeiras do fogo têm a ver com as luminescências, como as velas, o Sol, a fogueira e as bombinhas. Também se relacionam com as tecnologias como a televisão, cinema, videogame e brincadeiras com lanternas. Estão relacionadas ainda às lutas e aos embates corporais e com aquilo que acolhe e dá senso de partilha, de reunião. As brincadeiras da terra são as que imitam a vida, que têm a ver com a gravidade social, a cultura, o peso das coisas e que inserem as crianças em um determinado contexto. Neste entendimento, brincar de casinha, de carrinho, fazer comidinha, ser vaqueiro, brincar de fazendinha, simular casamentos e outros ritos sociais se enquadram nesse elemento. Também se caracterizam como brincadeiras da terra as construções, o ato de serrar, pregar e outros que trazem o impacto. O ar é deslocamento, ver de longe, sob outra perspectiva. É sublimar as dores, transcender situações da cultura, desprender a gravidade social. As brincadeiras envolvendo esse elemento da natureza são próprias da reflexão, do pensamento lógico e racional. Estão relacionadas com atividades de fuga, flutuações, brincar com pipas, com o deslocamento do chão como andar de perna de pau e sensações de voar, a exemplo dos saltos ou tentar acompanhar os animais que voam. De acordo com Piorski (2017), a escola tem papel fundamental em promover a interação da criança com a natureza e essa missão vai muito além de disponibilizar uma área verde para brincar. Ele explica que a instituição deve funcionar como a própria comunidade, ao invés de constituir-se como um espaço segregado do território, com regras muito distintas do cotidiano da criança. “Precisamos olhar para como a vida se expressa, não compartimentar tanto o brincar, a escola, o saber”. Essa compartimentação ocorre em diversos momentos, por exemplo, quando se compreende brincar e aprender como processos distintos, ou quando se proíbe a presença dos pequenos em determinados espaços como a cozinha. “O contato com as cozinheiras, por exemplo, é fundamental para que identifiquem plantas, temperos, o processamento de alimentos pelo fogo e pela água”, 15 explica o educador. A ideia não é pedagogizar estes processos, mas que eles sejam naturais e estejam disponíveis para observação. Participação educativa da comunidade Cada vez mais, pesquisas nacionais e internacionais têm demonstrado o quanto a participação dos familiares e da comunidade na escola impactam positivamente na aprendizagem das crianças e dos adolescentes, uma vez que ela depende muito mais do conjunto de interações que o aluno vivencia que das que ocorrem somente dentro da sala de aula. Assim, ao promover sistematicamente essa aproximação, aumentam o sentido, as expectativas e o compromisso de todos com a educação, além de fortalecer as redes de solidariedade. A proposta fundamental dessa estratégia é envolver os familiares e parceiros do entorno nos processos de decisão da escola, assim como facilitar sua participação nas práticas diretas com os alunos, tanto como voluntários nas atividades de aprendizagem dentro da sala de aula quanto em atividades extracurriculares. Paralelamente, as famílias e outros membros da comunidade participam de programas educativos direcionados a eles e oferecidos de acordo com suas necessidades. Essa intensa participação incide em questões fundamentais da vida escolar e afetam os resultados de aprendizagem, uma vez que facili ta o diálogo entre as famílias, a escola e outros agentes educativos, possibilita a tomada conjunta de decisões que visam a melhoria do rendimento escolar dos alunos, melhora a relação entre família, escola e bairro, reforça as relações de cumplicidade entre a escola e o território, beneficiando tanto os alunos quanto a comunidade em geral, e, por fim, permite uma relação mais igualitária com as famílias e outros agentes, contribuindo para a superação das desigualdades e a prevenção e resolução de conflitos. Outro impacto positivo diz respeito ao reconhecimento das famílias em relação ao aprendizado de seus filhos, além do aumento das habilidades e o empoderamento dos próprios pais, transformando as interações que acontecem em casa e fortalecendo a permanência interessada dos estudantes no processo educativo. 16 Ao mesmo tempo, a escola passa a valorizar os saberes dessa comunidade e fortalece o sentimento de corresponsabilidade de todos para a promoção de uma educação de qualidade, destacando o papel das famílias como motor de transformação do contexto escolar e melhora da convivência e excelência na aprendizagem. Os efeitos se estendem, assim, para além das paredes da escola, já que essas formas de participação contribuem para transformações pessoais e sociais. Personalização A diversidade é uma das principais características da humanidade: cada pessoa atribui sentido, se envolve emocionalmente, percebe o mundo e se mobiliza socialmente com questões da comunidade de forma diversa e particular. Como não poderia deixar ser, essa mesma diversidade se faz presente na realidade da escola e no cotidiano dos estudantes. Cada um dos alunos tem interesses diversos, competências variadas e aptidões diferentes que irão se refletir na sua forma e tempo de aprender. Ou seja, para dar conta dessa pluralidade e garantir um processo de aprendizagem de fato significativo para todos, o educador precisa lançar mão de uma série de estratégias pedagógicas voltadas a promover o desenvolvimento dos estudantes de maneira individualizada. Nessa proposta de personalização do ensino, cada aluno é visto como único, com interesses, potencialidades, dificuldades e talentos próprios, e, assim, ele demandará estímulos de aprendizagem diferentes dos demais. Um ensino personalizado leva em consideração alguns princípios norteadores: a) Autonomia do estudante, ou seja, ele é o principal agente do seu aprendizado. b) Ambiente de aprendizagem reorganizado, com maior flexibilidade na infraestrutura. c) Mentoria de um adulto de referência. d) Criação de planos individuais de estudo. e) Estabelecimento de avaliação individualizada e processuais. 17 f) Aprendizado por projetos, principalmente interdisciplinares. g) Promoção do desenvolvimento integral dos estudantes. Para a construção de processos de personalização de ensino, é essencial também que os professores e a escola levem em conta alguns aspectos, como a importância de se conhecer a fundo cada aluno, de criar estratégias que permitam ao próprio descobrir quais as metodologias mais eficazes em seu processo de ensino e aprendizagem, de garantir que os conteúdos estudados tenham sentido e aplicação prática e de fomentar a criação de ambientes de confiança, generosidade, construção e responsabilidade coletiva. A avaliação da Educação Integral A avaliação na perspectiva da Educação Integral tem características específicas, e necessariamente exige uma reflexão conceitual sobre temas como os tempos-espaços de aprendizagem, o que é qualidade de ensino e quais os métodos de atribuição de valor (CREI, 2014).O documento “Diretrizes do Programa Ensino Integral” elenca os seis princípios norteadores da avaliação em Educação Integral: 1.Quem avalia tem decisões a tomar no sentido de qualificar o que está sendo avaliado: o avaliador deve refletir sobre a atribuição de valor no processo de ensino- aprendizagem; 2.A avaliação está a serviço da formação do educando e não o inverso. Da maneira como a escola está tradicionalmente organizada, os processos avaliativos costumam determinar os conteúdos de ensino, e desta forma a educação acaba perdendo sua função original (a desenvolver habilidades e competências para a vida, garantir o desenvolvimento integral, etc). A avaliação deve, portanto servir à melhoria do ensino, e não o contrário. 3.A avaliação deve ir além da verificação da aprendizagem. O resultado das avaliações de aprendizagem deve necessariamente servir como ponto de partida para 18 uma reflexão aprofundada dentro da escola: os resultados avaliativos só têm sentido na medida em que servem para orientar os próximos passos do planejamento e oferecer diretrizes para a tomada de decisões. 4.A avaliação expressa valores, concepções, crenças e o posicionamento político-ideológico do avaliador. Não existe processo avaliativo neutro. A concepção do que é um “educador” e um “educando” se traduz nos mecanismos avaliativos utilizados. Se por exemplo o educando é entendido como alguém que deve acumular informações, a avaliação medirá o número de informações memorizadas (“provas”). Se, por outro lado, o educando for compreendido como um ser potente, capaz de aprender e dotado de saberes, a avaliação terá um caráter mais dinâmico, processual e com função diagnóstica. 5.O melhor procedimento de avaliação é o procedimento de ensino. É impossível educar sem avaliar. Na medida em que se devem investigar os conhecimentos prévios dos educandos antes de iniciar novos percursos de aprendizagem, a avaliação é parte inerente do processo de educação. 6.O ‘produto’ do trabalho do professor não é a aula, mas sim a aprendizagem do aluno. O professor deve direcionar suas estratégias e métodos de ensino para atender as necessidades específicas dos alunos. Além destes seis princípios, há muitos outros a considerar. Uma vez que a Educação Integral rompe com a dicotomia “turno” e “contraturno”, é preciso que esteja na agenda avaliativa a conexão entre as aprendizagens do turno regular e das atividades fora do turno regular. A avaliação deve analisar, afinal, quão “Integral” e “integrada” está sendo a Educação, de que forma os diversos saberes compõem um currículo único. Outro aspecto importante da avaliação em Educação Integral é considerar que os processos avaliativos vão muito além dos resultados obtidos pelos alunos. A gestão educacional e a atividade docente também devem ser avaliados, e os resultados obtidos devem servir à reflexão e replanejamento de todas as instâncias envolvidas. Há muitos teóricos que defendem que a avaliação dos processos educacionais deve ser participativa, isto é, os avaliados devem necessariamente conceber, planejar e participar dos métodos avaliativos da educação, estabelecendo para si os objetivos 19 que intentam alcançar. A participação dos avaliados no planejamento da avaliação contribui para uma relação autônoma e prazerosa do educando com o conhecimento, estimula o senso crítico, a autonomia e a consciência de seu próprio processo de aprendizagem. Sousa e Terrasêca (2014), defendem que uma alternativa às avaliações externas padronizadas é a chamada avaliação negociada, um processo construído de forma horizontal entre todos os envolvidos e com a participação de toda a comunidade educativa. Um aspecto muito importante da avaliação em Educação Integral é o olhar ampliado (integral) para o desenvolvimento de competências e habilidades. Os aprendizados não se referem apenas às habilidades acadêmicas e conteúdos escolares, mas passam por habilidades sócio-emocionais, de convivência, de respeito à diversidade, de estar e agir no mundo: os aprendizados atitudinais também precisam ser contemplados nos processos avaliativos em Educação Integral. Segundo Zaballa (1998), os conteúdos e competências a serem avaliados devem considerar capacidades motoras, de equilíbrio, autonomia, relação interpessoal e inserção social. Por fim, mas não menos importante, é preciso levar em consideração que a avaliação em Educação Integral é sobretudo uma avaliação processual, muito mais do que uma avaliação de resultados. Uma vez que o ponto de partida é a singularidade de cada aluno, torna-se difícil estabelecer parâmetros universais. Novamente como aponta Zaballa (1998), a avaliação deve considerar os saberes prévios dos alunos, o que querem aprender, quais suas formas de aprendizado. A partir de uma avaliação inicial, pode-se não apenas conhecer o aluno, como traçar estratégias metodológicas de ensino para atender às suas próprias necessidades e interesses. A avaliação em educação integral é, portanto, um instrumento processual de acompanhamento da aprendizagem tanto pelo educando como pelo educador, contemplando os diversos saberes, aproximando os conteúdos escolares dos saberes comunitários, convidando o avaliando a se autoavaliar e a traçar seu próprio percurso nos caminhos do conhecimento. 20 Educação Integral em tempos de COVID-19 Distanciamento social, isolamento social, quarentena, medidas cotidianas de prevenção, dúvidas, muitas delas, em todos as áreas, incertezas quanto ao tempo de isolamento, ao futuro...medo, até pânico para aquelas pessoas mais sensíveis e inseguras. Estes são sentimentos que a situação nos impõe. É o momento que estamos vivendo diante da pandemia do Covid-19 e que está impactando a vida das pessoas em todos os segmentos e setores da sociedade a nível mundial. Figura 3 – Tempos de COVID-19 – Isolamento social e prevenção 21 Costa (2020) comenta num momento muito propício, diga-se de passagem, que a pandemia do Covid-19 tem imposto uma ampla gama de desafios para todos nós. São desafios de ordem econômica e social, mas também pessoal. Temos sido impelidos todos os dias a recriar praticamente tudo para sobrevivermos a um tempo em que os meios que conhecemos já não podem operar. Em um país desigual como o Brasil, estes desafios ganham contornos dramáticos. Com 52,5 milhões de pessoas (um quarto de sua população) ainda vivendo com menos de R$ 420,00 per capita por mês, este período de isolamento social com a consequente suspensão da atividade econômica e fragilização da rede de proteção social, produz efeitos gravíssimos para uma parcela significativa da população. E é nesse contexto que a educação pensada como direito deve atuar. Fica evidente neste cenário a urgência de pensarmos a educação para além do processo de escolarização. Se, como nos ensinou John Dewey, “educação é processo, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, mas a própria vida”, torna-se fundamental reconhecer com clareza o contexto em que estamos trabalhando como educadores para ampliar o alcance de nossa intervenção e minimizar os efeitos desta crise. No entanto, como uma atividade essencialmente presencial, a educação se vê em um momento de muita pressão. Por toda a parte surgem soluções para o trabalho educacional remoto, mas a realidade é que gestores e professores ainda estão lidando com uma série de dúvidas, além de se verem exigidos a reorganizar o calendário escolar diante da imprevisibilidade em relação a duração e aos efeitos do isolamento social. Diante de inúmeras indefinições, algumas medidas vêm sendo tomadas no sentido de estabelecer alguns, ainda que insuficientes, parâmetros às redes e escolas neste período. Entre elas, a Medida Provisória 934 do Governo Federal, o posicionamento do CNE e as resoluções dos Conselhos Estaduais autorizam, a partirda brecha da situação de emergência prevista na LDB, que sejam estruturadas nos próximos meses atividades não presenciais, inclusive no Ensino Fundamental, para cumprimento da carga horária prevista (COSTA, 2020). A Medida 934/2020: estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento 22 da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Segundo mapeamento realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), mais de 1,5 bilhões de estudantes foram afetados pela paralisação das aulas e fechamento temporário de escolas em 191 países e regiões. Isso significa que uma nova realidade foi imposta a todas as pessoas de alguma forma envolvidas com a educação. Professores que tinham pouco ou nenhum contato com tecnologia precisaram começar a planejar aulas mediadas por telas junto a seus coordenadores pedagógicos, ao mesmo tempo em que descobrem sobre o funcionamento de ferramentas tecnológicas. Com aulas online, surgiram novos desafios que não eram comuns nos encontros presenciais como problemas de conexão e engajamento dos alunos à distância. É preciso esforço e compreensão de todos os atores para que essa nova rotina, sem tempo certo de terminar, não seja fadada ao insucesso e frustração. Considerar a realidade local, as condições das famílias, o parco e inconstante acesso às redes e mídias sociais são fatores que impactam sobremaneira no que podemos chamar “produto final”, ou seja, igualdade ou desigualdade que já está acontecendo. Fato é que, neste exato momento, milhares de gestores e professores estão debruçados sobre a questão do calendário escolar. Se perguntam, sobretudo, como manter o currículo previsto. Sob quais parâmetros devem orientar a definição de hora aula, os instrumentos de acompanhamento de frequência e o processo avaliativo nesse período. Além disso, já se perguntam o que fazer na volta às aulas. Ideias como avaliações diagnósticas em larga escala e reforço escolar já começam a aparecer. No centro, como é comum, o conteúdo. Surgem também ideias de novos agrupamentos por proficiência. A ideia é correr atrás do “prejuízo”. No centro, claro, o conteúdo. Os estudantes, os professores, sua relação com o mundo e com o conhecimento têm pouca atenção. Deixamos em segundo plano a experiência vivida por professores e estudantes neste período, as formas de acolhimento que serão necessárias, o fortalecimento da escola como espaço coletivo, as condições ainda 23 mais adversas a que estudantes, famílias e comunidades possivelmente estiveram e seguirão expostos, as estratégias de engajamento dos estudantes na vida escolar, o reencantamento com o futuro pós-pandemia. Igualmente é fato que tudo isso tem relação direta com a aprendizagem. Não se trata de outra coisa. Aprendizagem é uma ação que se dá na interação com o mundo, necessariamente mediada pelo outro, pela linguagem e pelo contexto social. Qualquer tentativa de isolar o processo de aprendizagem desses aspectos estará fadada ao fracasso. Assim, avaliações em larga escala, excessiva atenção aos conteúdos prescritos, procedimentos que buscam acelerar aprendizagens para responder a testes desconsiderando o contexto, não apenas são estratégias anacrônicas por não responderem às necessidades formativas do século XXI, como serão mais uma vez ineficazes na promoção da aprendizagem. Talvez o que valha no momento seja a escuta das famílias, a construção coletiva de atividades que possam ser desenvolvidas em casa, encontros semanais virtuais entre professores e familiares, desenvolvimento de plataforma moodle simples e acessível por celular para acesso às atividades e aos professores, criação de grupos de comunicação (WhatsApp) por turmas e ativação das páginas de Facebook das escolas, disponibilização de materiais impressos, mobilização dos saberes das famílias e comunidades, avaliação e acompanhamento via formulários online e cadastro das famílias no app do programa. Como pondera Costa (2020), estas propostas todas têm em comum o compromisso em construir estratégias contextualizadas que atendam a todos os estudantes. Sem exceção. Os principais aspectos dessas propostas podem ser sistematizados da seguinte forma: Objetivos: o foco agora não é transferir a escola para dentro de casa. É manter as crianças em algum contexto de aprendizagem e apoiar as famílias neste momento tão desafiador em vários aspectos, não apenas no trabalho escolar. Isso significa apoiá-las a estruturar a rotina dos filhos, a lidar com as questões que surgem e também a colaborar com o processo de aprendizagem dos filhos. 24 Busca Ativa: implementação de estratégias colaborativas, encadeadas e em rede para chegar a 100% dos alunos. Escuta e estreitamento dos vínculos com as famílias: identificação das necessidades das famílias, compreensão profunda em relação às suas condições de vida, hábitos e conhecimentos, estabelecimento de contato permanente com elas. Construção do trabalho colaborativo entre professores: longe de materiais prontos, foco na construção coletiva de atividades com base na escuta das famílias, na identificação do que consideram essencial no currículo, da adaptação desses conteúdos a propostas que as famílias possam mediar e/ou que as crianças possam dar conta autonomamente. Exploração e uso de diferentes linguagens: vídeos, áudios, desenhos, cards e canais: WhatsApp, Facebook, Instagram, Moodle no celular, materiais impressos, de forma a chegar de diferentes maneiras aos diferentes perfis de estudantes e famílias. Reconhecimento e articulação dos saberes dos territórios: identificação dos saberes das famílias, valorização dos conhecimentos das famílias e articulação das atividades com estes saberes para que façam sentido no contexto das casas. Mobilização social: campanhas para engajamento de outros setores nos programas, envolvimento dos prefeitos e secretários nos canais de comunicação, criação de uma “agenda local” em torno das propostas. Intersetorialidade: identificação de parceiros na saúde, na cultura, na assistência social para apoio às famílias e estudantes. Enfim, essas premissas e estratégias constituem os pilares da Educação Integral em qualquer contexto. E é justamente neste momento que elas revelam sua relevância e enorme contribuição para a efetivação do direito à educação no país. E você, qual sua contribuição? 25 Referências CENTRO DE REFERÊNCAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL (CREI). Práticas Pedagógicas: articulando saberes e estratégias (2020). Disponível em: https://educacaointegral.org.br/especiais/praticas-pedagogicas/mandala/ CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL (CREI). Avaliação na Educação Integral (2014). Disponível em: https://educacaointegral.org.br/glossario/avaliacao-na-educacao-integral/ COSTA, N. O papel da Educação Integral em tempos de crise. Disponível em: https://portal.aprendiz.uol.com.br/2020/04/22/o-papel-da-educacao-integral-em- tempos-de-crise/ MATUOKA, I. Brincadeiras que dialogam com diferentes aspectos da educação integral. Disponível em https://educacaointegral.org.br/reportagens/brincadeiras-que- dialogam-com-diferentes-aspectos-da-educacao-integral/ PIORSKI, G. Como brincar com a natureza estimula o desenvolvimento das crianças (2017). Disponível em: https://educacaointegral.org.br/metodologias/como- o-brincar-natureza-estimula-desenvolvimento-criancas/ SOUSA, A.; TERRASÊCA, M. A avaliação no interior da escola: espaço de inovação construída ou decretada? (2014). Disponível em: https://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2014/07/A-avaliacao-no-interior- da-escola.pdf ZABALA, A. Prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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