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Estado Democrático 
de Direito
 
SST
Sinflório, D.;
Estado Democrático de Direito / Débora Sinflório
Ano: 2020
nº de p.: 10 páginas
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Estado Democrático de Direito
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Apresentação
Nesta Unidade, iremos estudar os elementos que compõem o Estado Democrático 
de Direito, que é a democracia ligada às questões do Direito. Na democracia em si é 
importante destacar que a compreensão do conceito de democracia é crucial para 
que seja possível entender as formas do regime democrático.
Assim, entender os mecanismos da democracia é de suma importância na 
construção do conceito que estamos iniciando o debate, ou seja, o Estado 
Democrático de Direito.
Formas de democracia
Democracia direta
O poder soberano e as questões políticas do Estado são exercidos pelo povo. Sobre 
esse tema, convém ressaltar que é comum encontrar doutrinadores que defendam 
a ação popular prevista na Constituição Federal brasileira de 1998, artigo 5ª, inciso 
LXXIII (qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência), como instrumento de participação de democracia direta.
• Democracia indireta ou representativa:
as funções soberanas administrativas do Estado são realizadas pelo povo 
por meio de seus representantes eleitos para representá-los por determinado 
prazo legal.
• Democracia semidireta ou mista:
o povo delega ou exerce parte do poder. Ainda sobre tal tipo de democracia,
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convém destacar que o povo dispõe de instrumentos democráticos, quais se 
destacam:
• Plebiscitos: 
a população é convocada para opinar sobre determinado assunto que esteja 
em debate para que opine antes que qualquer medida tenha sido adotada. A 
opinião popular apurada será a base para elaboração de lei posterior.
• Referendo: 
após o Congresso ter discutido e inicialmente aprovado uma lei, convocam-
se os cidadãos para que expressem opinião favorável ou contrária à nova 
legislação.
• Iniciativa Popular: 
outro instrumento de participação cidadã no qual os cidadãos 
constitucionalmente têm o direito de apresentar projetos de lei. No caso do 
Brasil, os projetos devem ser apresentados ao Congresso Nacional mediante 
a coleta de assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado nacional, e que 
estejam os moradores assinantes localizados em pelo menos cinco estados 
brasileiros.
• Veto popular: 
ao cidadão é concedido o direito de vetar qualquer projeto de lei, 
independente das fases que tenha passado no processo legislativo. Não é 
admitido no Brasil.
• Recall: 
mediante voto popular, qualquer decisão judicial pode ser anulada. Adotada 
nos Estados Unidos.
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Há participação do povo na democracia
Fonte: Plataforma Deduca (2020)
E você sabe quais são as formas do regime democrático adotadas no Brasil? 
Segundo a Nina Raniere (2019, p.325):
Estado Democrático de Direito é a modalidade do Estado constitucional e 
internacional de direito que, com o objetivo de promover e assegurar a mais 
ampla proteção dos direitos fundamentais, tem na dignidade humana o 
seu elemento nuclear e na soberania popular, na democracia e na justiça 
social os seus fundamentos. Nessa definição, a democracia acentua, por 
sua própria dinâmica (o exercício da soberania popular), a atualização do 
Estado. O Direito, de outra parte, representa o seu elemento conservador, 
de tal forma que os fins e objetivos estatais, assim como a sua forma 
de realização, são determinados pela via do livre processo político, sob a 
ordem jurídica.
A Constituição Federal de 1988 e o 
Estado Democrático de Direito
A Constituição Federal brasileira de 1988 prevê que o Brasil é um Estado 
Democrático de Direito, fato esse comprovado no caput do artigo 1º da 
Constituição, que assim dispõe: “A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em 
Estado Democrático de Direito […]”.
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Convém destacar que, ao elaborarem a Constituição de 1988, os legisladores 
somaram a expressão Democrático ao Estado de Direito outrora utilizado pelo país 
em constituições anteriores. Segundo Miguel Reale (2005, p. 149):
[…] o Estado deve ter origem e finalidade de acordo com o Direito manifestado 
livre e originariamente pelo próprio povo, excluída, por exemplo, a hipótese 
de adesão a uma Constituição outorgada por uma autoridade qualquer, 
civil ou militar, por mais que ela consagre os princípios democráticos. 
Poder-se-á acrescentar que o adjetivo “Democrático” pode também 
indicar o propósito de passar-se de um Estado de Direito, meramente 
formal, a um Estado de Direito e de Justiça Social, isto é, instaurado 
concretamente com base nos valores fundantes da comunidade. “Estado 
Democrático de Direito”, nessa linha de pensamento, equivaleria, em 
última análise, a “Estado de Direito e de Justiça Social”. A meu ver, esse é 
o espírito da Constituição de 1988. Não concordo, por conseguinte, com 
os juristas que consideram sinônimos os termos “Estado de Direito” e 
“Estado Democrático de Direito”. 
Considerando os dias atuais e a falta da ética política e social, é alarmante perceber 
que o objetivo de um Estado democrático de Direito, ou seja, de proteger os direitos 
fundamentais, tendo na dignidade humana o seu elemento nuclear e na soberania 
popular, na democracia e na justiça social os seus fundamentos têm tornado-se 
utópicos, pois a ética, a moral e o respeito estão sendo suprimidos na sociedade, 
cada vez mais corrompida.
A busca pela felicidade que outrora estava associada à virtude e valores, bem como 
à ética e à moral, na atualidade, tem sido associada à conquista de bens e prestígio, 
na qual o homem, em grande parte, ao invés de buscar a felicidade, busca no 
acúmulo de bens e na fama o sentido de ser feliz.
E quanto à política e aos valores éticos que cada parlamentar deveria 
comprometer-se e zelar para assegurar que o voto lhe concedido 
democraticamente pelo povo seja utilizado para o bem, em realidade em sua 
grande maioria tem sido menosprezado em favorecimento de fins pessoais ou 
de terceiros, corrompendo os valores éticos, morais e a política, alimentando a 
rejeição pública sobre temas políticos.
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Os critérios dentro do conceito 
“democrático”
Um regime político pode ser chamado de “democrático” se satisfizer, de forma 
substancial, três critérios básicos: inclusão, competitividade e institucionalização 
de direitos civis e políticos fundamentais.
No regime político democrático há critérios básicos destinados à participação do povo
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
• A inclusão 
refere-se ao fato de que as posições mais importantes nas áreas de 
autoridade executiva e legislativa são eletivas e a maior proporção possível 
de membros adultos da comunidade política pode participar dessas eleições.
• A competitividade 
significa não só que as eleições são competitivas, mas, também, e isso é 
muito importante, que a oposição possa operar sem obstáculos entre as 
eleições.
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• Institucionalização de direitos civis: 
processo devido, associação, prática religiosa, liberdade de expressão e 
políticos fundamentais (votação, candidatura, etc.) são institucionalizações 
quando podem ser efetivamente exercidas, novamente, pela maior proporção 
possível de cidadãos.
A qualidade de uma democracia pode flutuar ao longo dessas dimensões, que são 
variações ordinais, pois são baixo condicionantes. Exemplo: se as autoridades 
forem eleitas, se o sufrágio for universal, se as eleições forem competitivas, se a 
oposição for permitida aos que exercem o poder, se os direitos civis e políticos 
podem ser exercidos por todos ou apenas por elites, etc.
Em geral o poder absoluto, mesmo quando baseado no consentimento dos 
cidadãos,é a negação da democracia. Os limites em questão podem ser 
consagrados em leis que determinam o que os governantes podem ou não fazer, ou 
podem ser baseadas em práticas consideradas legítimas por todos os importantes 
atores sociais e políticos.
Em qualquer caso, essas leis e práticas são institucionalizadas quando 
efetivamente limitam o poder daqueles que exercem o poder executivo, ou seja, o 
presidente ou o primeiro-ministro, as democracias republicanas e plebiscitárias.
A realidade é que, no caso brasileiro, por exemplo, a sociedade em geral não 
acredita na política e não consegue enxergar o paralelo ou a união entre a ética e 
política outrora defendida por pensadores como Aristóteles. 
Uma das principais razões pela desconfiança e o desprestigio é a corrupção 
no setor político. O surgimento de inumeráveis casos envolvendo políticos e 
partidos políticos em casos de corrupção fez com que expressiva parcela da 
população buscasse “limpar” o governo de indivíduos corruptos e antiéticos. 
Contudo, na realidade prática, a população acompanhou que o problema não era 
somente a violação dos valores éticos, morais e governamentais, mas também 
o companheirismo partidário político que impede que os seus sejam julgados e 
condenados por seus crimes.
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Casos de políticos investigados com malas de dinheiro, gravações 
comprometedoras, em diversos casos não foram suficientes para que determinados 
políticos e empresários fossem presos, demonstrando a face da corrupção no país 
e os entraves legais. 
Índice da corrupção mundial
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Segundo dados colhidos pela Organização Não-Governamental Transparência 
Internacional, entidade responsável por publicar dados estáticos do nível de 
corrupção mundial, comprovou-se que o Brasil, no ano de 2016, ocupava a posição 
de número 79 entre os países mais corruptos do mundo. Um dos países menos 
corruptos do mundo é a Dinamarca, ao contrário da Somália, que por dez anos 
seguidos segue ocupando a posição entre os países mais corruptos do mundo.
Fechamento
O art. 1º da Constituição Federal do Brasil apresenta como fundamento o Estado 
Democrático de Direito, onde há união entre a igualdade do povo (democracia) e as 
leis (direito). A democracia representa um governo do povo e para o povo, onde a lei 
é a base desta.
O ser humano é dotado de valores éticos, os quais deverão possibilitar uma 
participação coerente e correta dentro da política, eliminando desvios de conduta 
ou postura.
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Referências
DIAS, R. Ciência Política. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
FLAMARION, C. R.; MELO, R.; FRATESCHI, Y. Manual de Filosofia Política: para os 
cursos de teoria do estado e ciência política, filosofia e ciências sociais 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2018.
LA TAILLE, Y. de. Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: 
Artmed, 2006.
MONTESQUIEU, C. de S. O espírito das leis: as formas de governo, a federação, a 
divisão dos poderes. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
RANIERI, N.B.S. Teoria do Estado: do Estado de Direito ao Estado Democrático de 
Direito. Barueri, SP: Manole, 2019.
REALE, M. O Estado democrático de direito e o conflito das ideologias. 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2005.
VANIER, J. Aristóteles para quem busca a felicidade: A resposta da filosofia para 
aquilo que todos nós buscamos. (s.c.): Kindle Edition, 2016.

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