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FSL - Temas Sociais e Educacionais Contemporâneos

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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-65-5821-019-1
9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 1 9 1
Código Logístico
59844
Temas sociais 
e educacionais 
contemporâneos
Graziella Rollemberg
IESDE BRASIL
2021
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa:Blan-k/ Rainbow Black/ Receh Lancar Jaya/ Kate_gr/ art of line/ Somjai Jathieng/ Bloomicon/ 
Maria Ion/Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R656t
Rollemberg, Graziella
Temas sociais e educacionais contemporâneos / Graziella Rollem-
berg. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
176 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-019-1
1. Educação ambiental. 2. Meio ambiente. 3. Desenvolvimento susten-
tável. I. Título.
21-70382 CDD: 363.7
CDU: 502.1
Graziella Rollemberg Mestre em Educação Profissional e Tecnológica pelo 
Instituto Federal de Sergipe (IFS). Especialista em 
Docência do Ensino Superior pela Universidade Norte do 
Paraná (Unopar). Licenciada em Sociologia pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi). Bacharel 
em Ciências Sociais com habilitação em Antropologia 
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 
Docente e coordenadora editorial de coleções didáticas 
e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino 
Médio. Autora de obras didáticas para Educação Básica 
e Educação Superior e de obras paradidáticas para 
Educação Básica das redes pública e privada há 25 anos.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Educação ambiental e consumo responsável 9
1.1 Compreendendo conceitos 10
1.2 Preservação e conservação do meio ambiente 13
1.3 Novas tendências de sustentabilidade 23
1.4 Educação ambiental 28
2 Educação financeira: um aprendizado para a vida 37
2.1 Sistemas econômicos e racionalidade econômica 37
2.2 Relações de produção e de trabalho 45
2.3 Economia solidária 50
2.4 Educação financeira e fiscal 56
3 Educação científica e inclusão digital 65
3.1 O que é conhecimento? 65
3.2 A ciência 71
3.3 A tecnologia 83
3.4 Ciência, tecnologia e educação 89
4 Promoção da saúde na escola 103
4.1 Saúde integral e qualidade de vida 104
4.2 Prevenção de doenças e de riscos 118
4.3 Promoção da saúde integral na escola 127
5 Respeito à diversidade na sociedade 139
5.1 Direitos humanos, igualdade e diversidade 139
5.2 Desigualdade e exclusão 153
5.3 Diversidade cultural: multiculturalismo e interculturalismo 159
 Gabarito 171
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Vídeos
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Esta obra pretende subsidiar a abordagem, no contexto escolar, 
dos Temas Transversais Contemporâneos (TCTs), propostos pela 
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), articulando conteúdos 
conceituais e encaminhamentos didático-pedagógicos, no sentido 
de contribuir para a formação integral do estudante e de fortalecer 
o exercício das funções sociais da escola. 
Segundo a BNCC, os TCTs podem explicitar a ligação entre 
os diferentes componentes curriculares de maneira integrada 
e relacioná-los com situações vivenciadas pelos estudantes em 
suas realidades sociais, contribuindo para agregar contexto e 
contemporaneidade aos objetos do conhecimento recomendados.
No primeiro capítulo, serão abordados conceitos como 
natureza e meio ambiente, conservação e preservação ambiental, 
ética ambiental e desenvolvimento sustentável, bem como 
educação para o consumo responsável. Serão apresentados, 
também, elementos para a construção de práticas em educação 
ambiental e de intervenções no contexto escolar e local, a fim 
de promover hábitos de consumo sustentável e uma cultura de 
conservação do meio ambiente da comunidade.
O segundo capítulo trará conceitos básicos relativos 
ao funcionamento dos sistemas econômico e financeiro e 
orientações gerais sobre gestão da vida financeira, visando 
formar cidadãos cientes das relações econômicas nas quais 
estão inseridos e capazes de administrar suas finanças com 
responsabilidade individual, social e ética, o que contribui para a 
saúde financeira de toda a sociedade.
No terceiro capítulo, serão vistos os conceitos básicos 
da ciência e da tecnologia e seus métodos próprios, assim 
como noções da sua aplicação à análise da realidade e à 
interpretação das informações às quais temos acesso no 
cotidiano, buscando formar cidadãos capazes de selecionar, 
compreender e interpretar criticamente essas informações, 
assim como de construir sua visão de mundo e suas ações por 
meio do conhecimento acumulado pela humanidade.
APRESENTAÇÃO
Vídeo
8 Temas sociais e educacionais contemporâneos
O quarto capítulo tratará das várias dimensões ligadas ao conceito de 
saúde integral, que fundamenta as políticas públicas para a área de saúde no 
Brasil, abordando as dimensões da saúde física, mental e social. O objetivo 
é construir estratégias para a adoção de hábitos saudáveis que contribuam 
para reduzir o risco de desenvolvimento de doenças, físicas ou mentais, como 
hábitos alimentares saudáveis, atividade física regular, sono de qualidade, 
interação social saudável, gerenciamento do estresse, redução de riscos e 
doenças, eliminação do tabagismo, bons hábitos posturais, entre vários outros 
que devem fazer parte das orientações voltadas para a formação integral dos 
alunos no contexto escolar. 
Por fim, o quinto capítulo abordará conceitos essenciais para a construção 
de sociedades democráticas mais igualitárias e inclusivas – por exemplo, 
diversidade, igualdade, desigualdade, equidade, alteridade, multiculturalismo, 
cidadania e direitos humanos –, no intuito de contribuir para a construção 
de práticas inclusivas de tolerância e respeito à diversidade na escola, bem 
como para a mobilização da comunidade escolar na luta pela promoção da 
igualdade de acesso aos direitos básicos e à cidadania plena.
Bons estudos!
Educação ambiental e consumo responsável 9
1
Educação ambiental e 
consumo responsável
Você já deve ter ouvido muitas vezes o termo meio ambiente em 
contextos que destacavam a necessidade de proteger recursos na-
turais, como florestas, rios e mares, ou preservar espécies animais e 
vegetais, ou ainda cuidar da vida do planeta em face do aquecimen-
to global etc. 
O tema do meio ambiente é frequente em jornais e revistas, nas 
notícias veiculadas na televisão e no rádio, em vídeos, postagens 
e discussões nas redes sociais. Está presente também na escola 
e em outros locais nos quais há diálogo sobre temas importantes 
para a sociedade.
Os movimentos ambientalistas vêm ganhando cada vez mais 
espaço na mídia, e a preservação do meio ambiente tem se torna-
do uma grande luta social em todo o mundo, principalmente para 
a geração mais jovem.
Mas o que é o meio ambiente? Por que é tão importante 
preservá-lo? É possível protegê-lo e, ainda assim, extrair subsistên-
cias e riquezas da natureza? Como gerar desenvolvimento para a 
sociedade sem prejudicar o meio ambiente? O que pode acontecer 
se algumas daspráticas que prejudicam o meio ambiente não fo-
rem repensadas? 
Neste capítulo você vai compreender os conceitos de nature-
za e meio ambiente, conservação e preservação ambiental, ética 
ambiental e desenvolvimento sustentável e estudará um pouco a 
educação para o consumo responsável. Com esses conhecimen-
tos, poderá responder às questões apresentadas aqui e a várias 
outras, o que contribuirá para a construção de suas práticas em 
educação ambiental e para suas intervenções no contexto escolar, 
no sentido de promover hábitos de consumo sustentável e uma 
cultura de conservação do meio ambiente da comunidade.
sarayut_sy/Shutterstock
1.1 Compreendendo conceitos
Vídeo Natureza e meio ambiente são conceitos que se transformaram ao 
longo da história e que podem ter diferentes significados dependendo 
da área de conhecimento e dos autores escolhidos. 
De uma maneira simples, a natureza pode ser definida como um 
conjunto de elementos presentes no mundo natural, como rios, ma-
res, montanhas, árvores, animais etc. Em geral, ela costuma ser vista 
como algo externo aos indivíduos e muitas vezes como uma coleção 
de recursos que servem à sobrevivência humana, o que sugere certa 
oposição entre os seres humanos e o mundo natural, o qual precisaria 
ser dominado e explorado em benefício das pessoas. 
Uma definição simples de meio ambiente é: conjunto de fatores fí-
sicos, biológicos e químicos que cerca os seres vivos, influenciando-os 
e sendo influenciado por eles (ONU, 1972). Nessa concepção o ser hu-
mano nem é citado. 
Outra forma mais complexa de conceituar o meio ambiente é: con-
junto de unidades ecológicas que funciona como um sistema natural, 
mesmo com uma intensa intervenção humana e de outras espécies do 
planeta, incluindo toda a vegetação, os animais, os micro-organismos, 
o solo, as rochas, a atmosfera e os fenômenos naturais que podem 
ocorrer em seus limites (LIMA, 2010). 
Percebemos que o meio ambiente costuma ser considerado algo que 
engloba, além da natureza, todos os seres vivos e não vivos que existem 
nela, sendo os humanos apenas um de seus integrantes, com importân-
cia equivalente à dos animais, das plantas, dos minerais etc. 
A relação entre os seres humanos e a natureza assume as-
pectos diferentes dependendo da época, do local e do tipo de 
organização social, cultural e econômica de cada grupo 
humano. Ao longo da história, em alguns contextos, 
a natureza foi vista como algo a ser conquistado e 
explorado e, em outros, como algo a ser contemplado 
e respeitado, quase como um paraíso na Terra. 
Segundo Gonçalves (2000), o termo natureza não é 
um conceito natural, mas sim inventado pelos se-
1010 Temas sociais e educacionais contemporâneosTemas sociais e educacionais contemporâneos
res humanos, e depende muito da cultura e das intenções de cada grupo 
social. Para o autor: 
toda sociedade, toda cultura, cria, inventa, institui uma deter-
minada ideia do que seja a natureza. Nesse sentido, o con-
ceito de natureza não é natural, sendo na verdade criado e 
instituído pelo ser humano. Constitui um dos pilares atra-
vés do qual os homens e as mulheres erguem as suas rela-
ções sociais, sua produção material e espiritual, enfim, a sua 
cultura. (GONÇALVES, 2000, p. 23)
Se a noção do que é a natureza foi construída pelo ser humano e 
não é sempre a mesma em todas as culturas, épocas e lugares, é im-
portante conhecermos a história das interações humanas com ela. Va-
mos recuar um pouco no tempo: como nossos antepassados da época 
pré-histórica interagiam com o ambiente que os cercava, com a nature-
za e com seus elementos? 
Os seres humanos sempre exploraram de alguma forma o meio 
ambiente para obter recursos e garantir sua sobrevivência. Itens como 
água, alimentos e abrigo estavam disponíveis na natureza, mas era 
preciso enfrentar alguns desafios para obtê-los, como percorrer longas 
distâncias, lutar ou fugir de predadores, proteger-se de eventos climá-
ticos, entre muitos outros. 
No início da história dos grupos humanos no planeta, a natureza era 
vista como fonte de sobrevivência, mas também como força poderosa 
e impossível de ser dominada pelos seres humanos. Gradativamente, 
porém, isso foi se modificando. Nossos antepassados foram aprenden-
do com as experiências e, com base no que vivenciavam no 
cotidiano, entendendo como evitar plan-
tas venenosas e locais perigosos, 
lutar com determinados animais 
e fugir de outros, obter melho-
res alimentos, proteger-se me-
lhor do frio, da chuva ou do 
calor excessivo etc. 
Gorodenkoff/Shutterstock
1111Educação ambiental e consumo responsávelEducação ambiental e consumo responsável
12 Temas sociais e educacionais contemporâneos
Esses conhecimentos adquiridos pela interação com o meio foram 
sendo transmitidos de geração em geração. Com o tempo, a natureza 
se tornou mais do que fonte de sobrevivência, passando a representar 
também fonte de riquezas. Sua exploração foi então se ampliando e 
começou a gerar consequências negativas, como a progressiva degra-
dação do meio ambiente. Entretanto, se no início os grupos humanos 
eram pouco numerosos e nômades, isto é, quando a caça e a coleta no 
local em que se encontravam começavam a ficar escassas, migravam 
para outro ambiente que pudesse oferecer alimento por mais um pe-
ríodo. No decorrer do tempo essa situação foi se transformando. 
A partir do período histórico chamado de Neolítico, os grupos hu-
manos descobriram como produzir seu próprio alimento por meio da 
agricultura e da criação de animais. Com isso, passaram a se fixar em 
um só local e foram crescendo e estabelecendo núcleos de convivência, 
com moradias fixas, plantações etc. Para isso, era preciso intervir mais 
ativamente no ambiente, derrubar árvores e arar a terra. 
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Cidade de Çatalhöyük, Turquia, descrita como uma das mais antigas povoações do período Neolítico. 
Bem mais à frente, nos séculos XVIII e XIX, com a invenção das 
máquinas e o estabelecimento das primeiras fábricas, no contexto 
da Revolução Industrial, a produção aumentou muito. As cidades se 
ampliaram, e a retirada de matérias-primas da natureza assim como 
a intervenção no ambiente para a construção de ruas, casas, fábricas, 
ferrovias etc. aumentaram de modo considerável.
Educação ambiental e consumo responsável 13
Essa industrialização trouxe desenvolvimento para os centros urba-
nos, transformou os processos produtivos, melhorando a quantidade 
e a qualidade dos produtos, e gerou lucro para a classe industrial, além 
de novos postos de trabalho para a população em geral, mesmo que 
muitas vezes sem a justa remuneração ou as condições adequadas de 
trabalho e de vida. Basta observarmos as periferias das grandes cida-
des para notarmos que a industrialização não trouxe desenvolvimento 
igual para todos.
A industrialização também proporcionou impactos cada vez mais 
profundos ao meio ambiente, contribuindo para que tenhamos de 
conviver com o aquecimento excessivo do planeta, o desflorestamento 
causado por desmatamentos e queimadas, a desertificação, a poluição 
do ar, do solo, dos rios e dos mares, a produção de enormes quanti-
dades de lixo causadas pelo consumo desenfreado, a extinção de es-
pécies, a destruição da biodiversidade, o surgimento de epidemias e 
pandemias em razão da invasão dos seres humanos aos habitat natu-
rais de determinadas espécies animais, entre outros impactos negati-
vos da ação humana. 
Vamos a partir de agora ampliar a compreensão de conceitos como 
preservação e conservação do meio ambiente, ética ambiental e de-
senvolvimento sustentável, bem como conhecer os movimentos am-
bientais e ecológicos e aprofundar as noções de educação ambiental e 
consumo responsável. Assim, construiremos as bases de nossas ações 
educativas na comunidade escolar com relação ao meio ambiente.
Uma verdade inconveniente 
é um famoso documentá-
rio, premiado com o Oscar 
de Melhor documentário 
em 2007, que mostra a 
campanha que Al Gore, 
na época vice-presidentedos Estados Unidos e eco-
logista desde a década de 
1970, empreendeu pelo 
país, alertando para os pe-
rigos do aquecimento glo-
bal e incentivando os de-
bates sobre a necessidade 
de reduzir a emissão de 
gases provenientes de 
combustíveis fósseis.
Direção: Davis Guggenheim. EUA: 
Lawrence Bender Productions, 2006. 
Documentário
Como proteger o meio ambiente 
dos impactos negativos da 
industrialização e do consumo 
exagerado e ao mesmo tempo 
promover os desenvolvimentos 
econômico e social? 
Desafio
1.2 Preservação e conservação do meio ambiente
Vídeo Há meios de evitar a degradação do meio ambiente sem, no entanto, 
proibir toda e qualquer exploração de recursos naturais. Para começar-
mos a entender melhor esse assunto, vamos conhecer dois conceitos 
importantes: a conservação e a preservação do meio ambiente. 
A legislação brasileira considera conservação ambiental a proteção 
dos recursos naturais por meio da utilização racional, garantindo sua 
sustentabilidade, ou seja, que continuem disponíveis para as próximas 
gerações (BRASIL, 1981). O uso racional desses recursos previne tan-
14 Temas sociais e educacionais contemporâneos
to a degradação do meio ambiente quanto o desaparecimento deles, 
contribuindo também para a manutenção da vida humana no planeta.
Já a preservação ambiental é tida como a promoção da total integri-
dade dos recursos naturais exatamente como são hoje, permanecendo 
intocados, o que é desejável nos casos em que há risco de perda de 
biodiversidade, seja a extinção de uma espécie, um ecossistema ou um 
bioma inteiro (DIEGUES, 2001). As áreas de preservação ambiental são 
exemplos dessa forma de gestão do meio ambiente. 
Figura 1
Ativistas em favor do meio ambiente
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Jovens do mundo todo inspiraram-se no movimento liderado pela ativista ambiental sueca Greta 
Thunberg e marcharam, em várias cidades, em defesa do meio ambiente. Tais manifestações 
culminaram em um protesto com milhares de jovens em Roma e no Vaticano, em abril de 2019.
Esses conceitos muitas vezes são usados como sinônimos, mas não 
têm o mesmo significado, como acabamos de ver. Vamos conhecer um 
pouco da história dos debates a respeito do meio ambiente, assim com-
preenderemos melhor como os conceitos surgiram e se desenvolveram.
A noção da necessidade de preservar a natureza, precursora da 
ideia de preservacionismo, surgiu muito antes de existir o que cha-
mamos de movimento ambientalista. Um dos primeiros estudiosos 
a defender, ainda no século XIX, que a natureza deveria permanecer 
“intocada” pelos seres humanos foi o naturalista escocês-americano 
John Muir (1838-1914), cuja sensibilidade ecológica inspirou o ambienta-
lismo, movimento que se consolidaria apenas em meados do século XX, 
O filme Na natureza 
selvagem se baseia no 
livro Into the Wild (1996), 
do escritor, jornalista e 
alpinista Jon Krakauer, 
e narra a história 
verídica de Christopher 
McCandless, um jovem 
recém-formado que abre 
mão de toda e qualquer 
posse para empreender 
uma jornada solitária em 
busca de uma vida de 
equilíbrio com a natureza 
e despojada de qualquer 
tipo de consumo. A 
trilha sonora premiada 
de Eddie Vedder e a 
atuação inspiradora de 
Emile Hirsch no papel do 
protagonista imprimem 
profundidade a esse 
drama real.
Direção: Sean Penn. EUA: River Road 
Entertainment, 2007.
Filme
Educação ambiental e consumo responsável 15
após a Segunda Guerra Mundial. Muir afirmava que o ser humano é 
parte integrante da natureza, por isso não poderia ter direitos mais 
amplos do que outros animais (MCCORMICK, 1992). Bem mais tarde, 
essa ideia deu origem à corrente teórica chamada de biocentrismo, uma 
concepção que considera que todas as formas de vida têm importância 
equivalente, ou seja, o ser humano não seria mais importante que os 
outros seres vivos, nem o centro do universo. 
O preservacionismo pregava que era preciso proteger a natureza do 
ser humano e, para isso, criar “ilhas” de preservação naturais, como 
unidades de conservação, parques nacionais etc., nas quais não fosse 
permitido o manejo de recursos naturais nem para a subsistência. 
O conservacionismo, por sua vez, surgiu com o objetivo de alertar 
as pessoas dos impactos negativos da intensificação do consumo nas 
sociedades capitalistas e das suas consequências, como a exploração 
exagerada dos recursos naturais, que pode levar à escassez, ao desma-
tamento, à contaminação da água e do ar, à superprodução de lixo etc. 
Gifford Pinchot (1865-1946), engenheiro florestal e político norte-
-americano, é considerado o criador do movimento conservacionis-
ta. Ele defendia o uso racional dos recursos naturais no intuito de 
os conservar para as próximas gerações. Também 
considerava o meio ambiente como fonte de lu-
cro e prosperidade, mas alertava para os abusos 
de sua exploração, que poderiam causar escassez e 
pobreza. 
O movimento conservacionista propôs 
três princípios fundamentais a respeito do 
meio ambiente: o uso dos recursos natu-
rais pela geração presente, a prevenção do 
desperdício e o uso dos recursos em benefício 
da maioria dos cidadãos, e não apenas para uma elite 
econômica (MCCORMICK, 1992; DIEGUES, 2001). 
1.2.1 Ética ambiental e desenvolvimento 
sustentável 
É possível identificarmos no pensamento preservacionista a 
essência da ética ambiental, pois essa corrente em geral considera 
Ricardo Medina C/Shutterstock
Curiosidade
John Muir era proprietário 
rural, explorador, botânico, 
zoólogo e escritor, tendo 
discutido em suas obras o 
que atualmente chamamos 
de filosofia ambiental. Teve 
papel central na criação das 
primeiras áreas de proteção 
ambiental norte-americanas 
e é considerado um dos 
precursores do pensamento 
ecológico e dos movimentos 
ambientalistas modernos 
(GRETEL, 2000). 
16 Temas sociais e educacionais contemporâneos
que o ser humano não tem o direito de destruir outras vidas ou o meio 
em que vive apenas para benefício próprio e que deve se relacionar de 
maneira harmônica com tudo que o cerca. Por outro lado, para alguns 
preservacionistas defensores da filosofia do “especismo”, os animais 
existiriam apenas para servir ao ser humano. Este, por ser a única espé-
cie “racional”, seria eticamente responsável por conservar o ambiente 
de que todos necessitam para viver. 
Podemos pensar que a ética com relação ao meio ambiente é algo 
“intuitivo”, “natural” do ser humano. Talvez tenhamos um impulso natu-
ral por apreciar e nos sentir bem em meio à natureza, porém é necessário 
ensinarmos e aprendermos princípios éticos referentes ao meio ambien-
te, assim como a importância de proteger animais e plantas, de manter 
hábitos de uso racional da água e de outros recursos, sem desperdício, 
de descartar corretamente o lixo etc. 
Uma educação centrada na relação com o outro e com tudo o que 
nos cerca e baseada no respeito a todas as pessoas e a todos os seres 
vivos abre as portas para o aprendizado da ética ambiental e das ações 
sustentáveis no cotidiano. 
Por outro lado, podemos identificar nas bases do que chamamos 
de sustentabilidade os princípios conservacionistas que influen-
ciaram boa parte dos movimentos ambientalistas contemporâneos. 
Diegues (2001, p. 29) destaca que: 
[o conservacionismo] foi um dos primeiros movimentos 
teórico-práticos contra o “desenvolvimento a qualquer custo”; a 
grande aceitação desse enfoque reside na ideia de que se deve 
procurar o maior bem para o benefício da maioria, incluindo as 
gerações futuras, mediante a redução dos dejetos e da ineficiên-
cia na exploração e do consumo dos recursos naturais não reno-
váveis, assegurando a produção máxima sustentável.
A noção conservacionista de que precisamos de um desenvolvimen-
to social e econômico sustentável, com base em uma produção de 
bens e de riquezas que se sustente ao longo do tempo, conservando 
os recursos em vez de apenas explorá-los até o fim e beneficiando a 
maioria da sociedade, esteve presente desde os debates ecológicos da 
décadade 1970 até as grandes conferências mundiais sobre meio am-
biente, como a Eco-92. 
No contexto da ética ambiental 
surge a ética animal, que 
fundamenta vários movimentos 
em defesa dos animais e contra 
sua exploração irresponsável. 
Os princípios éticos na criação 
e no abate de animais, nos experi-
mentos científicos que os usam 
como cobaias e na noção de que 
o ser humano deveria eliminar 
completamente o consumo 
deles inspiram ativistas de vários 
movimentos ao redor do mundo. 
Muitos desses denunciam 
o “especismo”, um tipo de 
“discriminação” do ser humano 
em relação às outras espécies, 
segundo o qual os humanos 
teriam o direito de explorar e 
matar outras espécies porque elas 
seriam “inferiores”. Os ativistas dos 
direitos dos animais repudiam 
não só o especismo como 
também a prática de classificar os 
seres vivos entre os que sentem 
(seres sencientes) e os que não 
possuiriam tal capacidade, tendo 
uma vida de “menor valor”. 
Saiba mais
Educação ambiental e consumo responsável 17
Essa ideia influenciou as políticas públicas am-
bientais de vários países, incluindo o Brasil, que em 
1981 já dispunha de uma política nacional para o 
meio ambiente, garantida por lei, a qual destacava o 
papel do Estado na sua conservação, no desenvolvi-
mento sustentável e na educação ambiental de seus 
cidadãos. Vamos conhecer um pouco melhor a traje-
tória histórica do pensamento e das ações em favor 
do meio ambiente?
A origem dos movimentos ambientalistas da 
atualidade advém do período pós-Segunda Guerra 
Mundial. A destruição das cidades japonesas de Hi-
roshima e Nagasaki por bombas atômicas levantou 
uma séria preocupação no mundo todo: será que o 
ser humano irá em pouco tempo destruir o planeta 
Terra com uma guerra atômica?
O medo de que tanto desenvolvimento tecno-
lógico e industrial, tanto “progresso” nas ativida-
des humanas acabasse por destruir o mundo e 
com ele a espécie humana se tornou presente no 
imaginário coletivo. Inspirado no pensamento con-
servacionista, começou a surgir na Europa e nos 
No livro Ética e experimentação animal: 
fundamentos abolicionistas, a professora brasileira 
Sônia Felipe, doutora em filosofia moral e teoria 
política pela Universidade de Konstanz, Alemanha, 
constrói uma rica rede argumentativa contra a ex-
perimentação científica em animais vivos, partin-
do de quatro diferentes perspectivas morais: as 
tradições religiosas antigas, as filosofias moderna 
e contemporânea, a ciência e a tradição jurídica. 
A autora também aponta duas noções opostas 
presentes nessas perspectivas: a de que existe 
um valor inerente à vida de todas as espécies e 
a de que o valor das outras espécies só existe à 
medida que tragam benefícios à espécie humana. 
Florianópolis: Edufsc, 2014.
Livro
O documentário 
Hiroshima: the real story é 
uma boa dica para saber 
mais detalhes de um dos 
mais marcantes eventos 
do século XX.
Direção: Lucy van Beek. UK: Brook 
Lapping Productions, 2015. 
DocumentárioEstados Unidos a exigência legal de relatórios de impacto ambiental 
para os empreendimentos que pudessem poluir ou prejudicar de 
alguma forma o meio ambiente, como um modo de impor limites ao 
crescimento industrial e evitar catástrofes ecológicas. 
Observe uma pequena linha do tempo das iniciativas mundiais para 
o desenvolvimento sustentável, lembrando que em 2021 realiza-se a 
Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo Presidente dos EUA 
Joe Biden, na qual o tema do desmatamento na Amazônia é central. 
18 Temas sociais e educacionais contemporâneos
1983
Criação da Comissão 
Mundial sobre o 
Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento.
1992
Conferência Mundial 
das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, 
a ECO-92, no Rio de 
Janeiro.
1986
O Brasil torna 
obrigatório o estudo de 
impacto ambiental para 
qualquer licenciamento 
de empreendimentos 
potencialmente 
danosos ao meio 
ambiente. 1997
Assinatura do Protocolo 
de Quioto.
2002
Conferência Rio+10, em 
Joanesburgo, na África 
do Sul.
2012
Conferência Rio+20, no 
Rio de Janeiro.
2015
Firmado o Acordo de 
Paris, na França.
2019
Conferência das 
Nações Unidas sobre 
Mudanças Climáticas, 
em Madri, Espanha. 
Petr Vaclavek/Shuutterstock
Em 2019, em Madri, a Conferência das Nações Unidas sobre Mu-
danças Climáticas avaliou o andamento do cumprimento das metas 
anteriores com relação ao clima e estabeleceu em documento o com-
promisso de 70 países com a zero emissão de carbono até 2050. O 
Brasil foi um dos principais obstáculos à assinatura do documento, ne-
gando-se a se comprometer com a não emissão de carbono. 
Apesar de o país ter recentemente se posicionado de modo contrá-
rio aos compromissos mundiais com a conservação ambiental, foi um 
dos pioneiros, ainda em 1981, do estabelecimento de políticas públicas 
para o meio ambiente, garantidas por lei. Vejamos o que esclarece o 
artigo 2º da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a 
Política Nacional do Meio Ambiente: 
Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo 
a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambien-
tal propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao 
Educação ambiental e consumo responsável 19
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos 
os seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, 
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a 
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o 
uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas 
representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetiva-
mente poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas 
para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
VIII - recuperação de áreas degradadas; 
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a 
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participa-
ção ativa na defesa do meio ambiente. (BRASIL, 1981)
Podemos perceber no texto da lei o reconhecimento do papel do 
Estado brasileiro no uso racional dos recursos ambientais, na prote-
ção e na recuperação de ecossistemas e áreas ameaçadas, no contro-
le de atividades com potencial de poluição do meio ambiente e, não 
menos importante, na educação ambiental, tanto no contexto escolar 
quanto na comunidade. Sem a educação ambiental de crianças e jo-
vens será inviável garantir o desenvolvimento sustentável do país, ou 
mesmo proteger o meio ambiente de catástrofes ecológicas como te-
mos assistido ao longo do tempo, tais como queimadas e desmata-
mentos constantes, vazamento de petróleo nos mares, rompimento de 
barragens e tantas outras.
1.2.2 Educação para o consumo sustentável
O sistema econômico capitalista se baseia na produção e no consu-
mo. Se não houver consumidores para comprar os produtos fabricados, 
esse sistema não funciona. E é preciso lembrar que o desenvolvimento 
sustentável não envolve apenas a produção, que demanda a retirada 
de recursos da natureza, mas também o consumo, que gera impactos 
no meio ambiente. Ou seja, todos nós precisamos incorporar princípios 
éticos com relação ao meio ambiente e modificar nossos hábitos coti-
dianos de consumo, contribuindo para que ocorra uma transformação 
nos padrões de consumo de toda a sociedade. 
Mas se por um lado a constante compra de objetos, móveis, equi-
pamentos, alimentos industrializados, roupas, produtos tecnológicos 
etc. auxilia a manter as fábricas produzindo, o comércio vendendo os 
produtos e parte dos trabalhadores em seus empregos, por outro, com 
a intensificação e aceleração do consumo, estamos assistindo a uma 
série de consequências negativas parao meio ambiente, a sociedade e 
a qualidade de vida dos indivíduos. 
Segundo o instituto Global Footprint Network (TERRA, 2013), se não 
transformarmos nossos padrões de consumo até 2050, precisaremos 
de dois planetas Terra para sustentar as necessidades da população 
mundial. Ou seja, é uma questão de sobrevivência eliminarmos o con-
sumo exagerado, o chamado consumismo.
Carvalho (2017) aponta que por trás do consumo exagerado está 
um modelo de pensamento predominante nas sociedades capitalistas 
contemporâneas – principalmente nas gerações mais recentes, que 
cresceram sob a aceleração tecnológica – voltado para a satisfação ime-
diata dos desejos, sem preocupação com as consequências desse tipo 
de atitude, seus impactos no meio ambiente, na própria sociedade e na 
qualidade de vida das pessoas. 
A autora destaca que a crise ecológica tem raízes também em uma 
crise educacional. Isto é, precisamos repensar o que tem sido ensinado 
nas escolas no sentido de evitar o incentivo à cultura do consumismo, 
do consumo exagerado, do desperdício e do descarte irresponsável. 
Devemos refletir também sobre como o tema do consumo é tratado 
nos meios de comunicação e até em nossas famílias. 
É muito importante inserir na escola e nas famílias as reflexões sobre 
o consumo para que crianças e adolescentes possam diferenciar a ne-
cessidade de adquirir do simples desejo de ter. 
Uma noção importante que devemos construir com os alunos é a de 
que existem dois tipos de consumo, um relacionado às necessidades 
básicas das pessoas e outro à vontade, ao desejo de adquirir determi-
nados produtos. É preciso aprender a diferenciar as necessidades das 
vontades.
Que exemplos estamos dando 
às crianças e aos adolescentes a 
respeito do consumo e de suas 
consequências? 
Para refletir
2020 Temas sociais e educacionais contemporâneosTemas sociais e educacionais contemporâneos
Educação ambiental e consumo responsável 21
Há produtos que servem às necessidades básicas dos seres huma-
nos, relacionadas à garantia de sua sobrevivência, como ingerir água 
e alimentos, abrigar-se do frio ou do calor excessivos e descansar em 
segurança, mas também há inúmeros que não são essenciais à sobre-
vivência, apesar de ajudarem de algum modo a tornar as tarefas do 
cotidiano mais fáceis, por exemplo. 
Os itens não essenciais, como eletrodomésticos, eletrônicos, rou-
pas da moda, objetos de decoração, alimentos refinados, cosméticos 
e tantos outros, são alvo do desejo das pessoas e muitas vezes têm 
seu consumo incentivado na sociedade, principalmente pelos meios de 
comunicação.
Quando dizemos que “precisamos” trocar de celular porque o apare-
lho está “ultrapassado”, mesmo que ainda esteja funcionando, na verda-
de não se trata de uma necessidade, mas sim de um desejo de compra. 
Somos convencidos pelas propagandas de que é preciso comprar a 
última novidade tecnológica ou nos sentiremos excluídos. Essa lógica, po-
rém, leva ao consumismo irresponsável, pois, ao comprar o novo apare-
lho, descartamos o antigo, e ele vai somar-se a toneladas de lixo que se 
acumulam em todas as regiões do mundo, prejudicando o meio ambiente. 
Durante a Eco-92 foi assinada a Agenda 21 Global, com metas a se-
rem alcançadas no século XXI. O capítulo 4 desse documento trata do 
consumo sustentável. Leia um trecho desse capítulo, apresentado no 
portal do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2020):
O Consumo Sustentável envolve a escolha de produtos que uti-
lizaram menos recursos naturais em sua produção, que garan-
tiram o emprego decente aos que os produziram, e que serão 
facilmente reaproveitados ou reciclados. Significa comprar aqui-
lo que é realmente necessário, estendendo a vida útil dos produ-
tos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável 
quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsá-
veis, com a compreensão de que terão consequências ambien-
tais e sociais – positivas ou negativas.
Mudança de comportamento é algo que leva tempo e amadure-
cimento do ser humano, mas é acelerada quando toda a socie-
dade adota novos valores. O termo “sociedade de consumo” foi 
cunhado para denominar a sociedade global baseada no valor 
do “ter”. No entanto, o que observamos agora são os valores de 
sustentabilidade e justiça social fazendo parte da consciência co-
letiva, no mundo e no Brasil. Este novo olhar sobre o que deve 
Pense na seguinte situação: 
um eletrodoméstico comprado 
há apenas dois ou três anos 
quebra e você, comparando a 
durabilidade dele com a de um 
equipamento similar que teve no 
passado, acha que o antigo pare-
ce ter durado muito mais tempo. 
Já passou por essa situação? É 
comum ouvirmos relatos como 
esse, mas será que é apenas 
uma impressão ou há algum 
fundamento? Na verdade não é 
apenas uma impressão, mas um 
fato, e existe até um nome para 
ele: obsolescência programada. 
Trata-se de um conjunto de 
características que o fabricante 
desenvolve propositalmente em 
seu produto para que este se tor-
ne ultrapassado ou não funcione 
mais após determinado tempo, a 
fim de pressionar o consumidor 
a comprar um produto novo. 
Curiosidade
ser buscado por cada um promove a mudança de comportamen-
to, o abandono de práticas nocivas de alto consumo e desperdí-
cio e adoção de práticas conscientes de consumo.
Consumo consciente, consumo verde, consumo responsável são 
nuances do Consumo Sustentável, cada um focando uma dimen-
são do consumo. O consumo consciente é o conceito mais amplo 
e simples de aplicar no dia a dia: basta estar atento à forma como 
consumimos – diminuindo o desperdício de água e energia, por 
exemplo – e às nossas escolhas de compra – privilegiando produ-
tos e empresas responsáveis. A partir do consumo consciente, a 
sociedade envia um recado ao setor produtivo de que quer que 
lhe sejam ofertados produtos e serviços que tragam impactos 
positivos ou reduzam significativamente os impactos negativos 
no acumulado do consumo de todos os cidadãos. 
Agora vamos analisar o que o trecho propõe. 
De início já temos uma explicação do que é o consumo sustentável. 
Ele ocorre quando decidimos comprar determinados produtos não 
apenas por razões ligadas às suas características, ao seu preço ou nos 
baseando em propagandas sobre ele, mas porque analisamos quais 
impactos terá no ambiente, incluindo seus efeitos sobre os seres hu-
manos. Consumimos de maneira sustentável quando escolhemos pro-
dutos considerando o modo como foram produzidos e distribuídos e a 
forma como serão usados e descartados no ambiente. 
As decisões de compra para um consumo sustentável envolvem 
produtos que tenham sido produzidos usando menos recursos da 
natureza; que foram feitos por trabalhadores que tiveram condições 
dignas de trabalho; que foram produzidos localmente, para não en-
volver transporte de longas distâncias, o que gera poluição e consu-
mo de energia não renovável, como o petróleo; que gerarão menos 
lixo quando forem descartados; 
e, se possível, que possam ser re-
ciclados ou reaproveitados.
Photographee.eu/Shutterstock
2222 Temas sociais e educacionais contemporâneosTemas sociais e educacionais contemporâneos
Educação ambiental e consumo responsável 23
O trecho mostra que o processo de mudança nos padrões de consu-
mo é complexo, mas afirma que é possível modificar os hábitos coleti-
vamente por meio da conscientização de cada um sobre a importância 
de melhorar seu próprio comportamento no cotidiano. Para isso, preci-
samos prestar atenção ao que consumimos e por que consumimos, pre-
ferindo adquirir produtos de empresas ambientalmente responsáveis, 
evitando o desperdício de recursos naturais como água, energia etc.
Mas como desenvolver padrões de consumo consciente, responsá-
vel e sustentável nas novas gerações? 
Existem algumas alternativas inovadoras que podem inspirar as no-
vas gerações e ajudar a mudar seus hábitos de consumo. Há também 
os caminhos da educação ambiental e da educação para os consumos 
consciente, responsável e sustentável, que podemos desenvolverpor 
meio de práticas pedagógicas no âmbito escolar e com intervenções na 
realidade social da comunidade. 
1.3 Novas tendências de sustentabilidade
Vídeo A crescente conscientização dos impactos negativos do consumo no 
meio ambiente gerou novas tendências no cenário contemporâneo. Uma 
delas, ligada à proposta de consumo sustentável, é o lowsumerism. Esse 
termo em inglês vem da junção das palavras low (baixo) e consumerism 
(consumismo), ou seja, baixo consumismo.
Essa tendência, adotada principalmente por jovens na Europa e nos 
Estados Unidos, mas que de várias formas já chegou a outros países 
como o Brasil, propõe que consumamos menos, buscando alternativas 
para viver apenas com o necessário, sem exageros, já que o consu-
mismo desenfreado é insustentável sob o ponto de vista da sobrevi-
vência do planeta. É por isso que alguns estudiosos da área traduzem 
lowsumerism como consumo equilibrado, representando o contrário de 
ser consumista.
Antes de conhecer melhor essa tendência, vamos refletir sobre uma 
prática que se tornou comum nas grandes e médias cidades brasileiras: 
o uso de transporte urbano por aplicativo. Cada vez mais as pessoas 
deixam de usar seus carros particulares para se locomover nas cida-
24 Temas sociais e educacionais contemporâneos
des, e preferem chamar um motorista de aplicativo e até mesmo com-
partilhar o veículo para realizar seus trajetos. 
Por que várias pessoas gastariam altos valores para manter, cada 
uma, um carro na garagem, disponível para eventuais deslocamen-
tos, quando podem compartilhar um mesmo automóvel por aplicati-
vo, cada uma conforme suas necessidades, sem arcar com o preço do 
carro e de sua manutenção?
A pesquisa Deloitte Global Automotive Consumer Study (DELOITTE 
GLOBAL, 2019), um estudo da indústria automotiva sobre tendências 
de consumo no setor de transportes, publicado em 2019, e que ouviu 
25 mil pessoas em 20 países, mostra que as chamadas gerações Y, ou 
millennials (pessoas hoje com idade entre 26 e 39 anos), e Z (a parce-
la de 18 a 25 anos) são as que têm menor interesse de possuir carro 
próprio, sendo os mais propensos a usar a mobilidade compartilhada. 
No Brasil não é diferente. A edição de 2017 da mesma pesquisa reve-
la que 62% dos millennials brasileiros não deseja comprar um automóvel 
e opta por serviços de transporte por aplicativos. Essa prática pode ser 
incluída na tendência do lowsumerism, pois além de trazer praticidade e 
economia ao consumidor contribui para a redução de automóveis circu-
lando – muitas vezes com uma pessoa apenas –, o que diminui a emissão 
de gases poluentes e os impactos negativos ao meio ambiente. 
Outra prática que se inclui nessa tendência é preferir o consumo 
de produtos com melhor qualidade e em menor quantidade. Um 
exemplo disso é o vestuário: em vez de ter um guarda-roupa cheio, 
ter poucas peças de qualidade, que durem bastante e combinem 
bem entre si. 
Reutilizar ou reciclar embalagens, roupas e objetos, dando outros 
usos ao que seria descartado, adquirir peças usadas, assim como com-
partilhar livros, vestuário e até apartamentos e casas também são prá-
ticas ligadas à redução do consumo. É cada vez mais difundida a prática 
de, em uma viagem, em vez de se hospedar em hotéis ou pousadas, 
ficar em imóveis compartilhados com os proprietários, pagando menos 
e tendo uma experiência mais próxima de “viver” naquele lugar. 
Há hoje uma tendência chamada de moda acessível ou moda 
sustentável e estabelecimentos conhecidos como guarda-roupa 
compartilhado, os quais oferecem a oportunidade de adquirir itens para 
Em Minimalismo: um do-
cumentário sobre as coisas 
importantes, dois amigos 
de infância percorrem os 
Estados Unidos buscando 
fugir do consumismo e 
levar uma vida de maior 
liberdade e satisfação 
pessoal em meio a uma 
sociedade consumista, 
em que comprar parece 
ser a prioridade.
O próprio título da pro-
dução refere-se a uma 
visão de mundo em que 
“menos é mais”, ou seja, 
uma postura que leva a 
viver de modo simples, 
consumindo o menos 
possível, em equilíbrio 
com o meio ambiente e 
sem ceder à tentação de 
valorizar apenas o “ter” ao 
invés do “ser”. 
Direção: Joshua Fields Millburn e 
Ryan Nicodemus. EUA: Netflix, 2015.
Documentário
Educação ambiental e consumo responsável 25
uso por períodos curtos, o que evita a compra de pe-
ças que ocupam o armário para serem usadas apenas 
em determinadas ocasiões. Isso reduz os impactos no 
meio ambiente, já que a indústria da moda é uma das 
mais poluentes: cerca de 35% das microfibras lança-
das nos oceanos vem de têxteis, e as etapas de 
processamento de roupas emitem 20% do carbono 
na atmosfera. 
Tero Vesalainen/Shutterstock
1.3.1 Produção, trabalho e consumo para um mundo 
sustentável
Na sociedade capitalista em que vivemos, muitas vezes a valorização 
do individualismo, da competitividade e do lucro a qualquer custo preju-
dica a percepção da coletividade sobre o que realmente importa: a vida. 
Assim como é importante valorizarmos a vida de todos os seres vi-
vos e do ambiente que possibilita a sobrevivência das espécies, tam-
bém é fundamental zelarmos pela qualidade de vida e dignidade do 
trabalho dos seres humanos, pois é essa a atividade essencial das 
pessoas para gerar sua própria subsistência. Do mesmo modo que é 
antiético explorar de modo irresponsável o ambiente, os animais etc., 
é também antiético explorar as pessoas em processos de produção in-
justos ou insalubres. 
A busca de ampliar cada vez mais a produção e os lucros, como 
objetivo dos desenvolvimentos industrial e tecnológico, foi vista como 
o único caminho para o desenvolvimento humano. Entretanto, grada-
tivamente está se consolidando a noção de que “progressos” técnico e 
produtivo nem sempre trazem desenvolvimentos social e econômico 
para toda a sociedade, e muitas vezes as consequências são a escassez 
de recursos naturais, a degradação do meio ambiente e até o adoeci-
mento da população. 
Feiras de trocas de roupas, livros e outros objetos também fazem 
parte da tendência de baixo consumismo ou consumo equilibrado e 
podem ser facilmente organizadas na comunidade e dentro das esco-
las, com a colaboração da comunidade escolar.
26 Temas sociais e educacionais contemporâneos
Desenvolvimento sustentável, como a própria expressão diz, é um 
desenvolvimento que se sustenta no tempo, que não destrói para se 
estabelecer, pois ao destruir está condenando todos à escassez. Para 
desenvolver o país de modo sustentável é preciso pensar na melhoria 
das condições de vida de toda a população e na conservação dos recur-
sos do nosso território em benefício de todos.
Se pelo lado do consumo a tomada de consciência ambiental já está 
rendendo bons frutos, por parte da produção também observamos 
algumas mudanças. As chamadas soluções verdes, novos processos e 
tecnologias que tornam a produção mais sustentável, reduzindo a ex-
ploração de recursos naturais e os impactos no meio ambiente, já es-
tão sendo adotadas por vários setores da indústria. 
Muitas vezes as medidas tomadas para diminuir o potencial poluidor 
de uma fábrica também geram redução nos custos de produção e agre-
gam valor às marcas das empresas, as quais já começam a perceber que 
o perfil dos consumidores mudou, que muitas pessoas passam a preferir 
empresas que prezam pelas responsabilidades ambiental e social, e que 
decidem consumir produtos com menor impacto no meio ambiente. 
Algumas dessas medidas em busca da sustentabilidade são: 
 • Reutilização de água em processos industriais, evitando a explo-
ração continuada das águas dos rios. 
 • Tratamento de resíduos descartados no meio ambiente. 
 • Uso de matrizes energéticas sustentáveis, como a energia eóli-
ca e a fotovoltaica, para movimentar máquinas e fazer funcionar 
equipamentos industriais. 
 • Responsabilidade pela reciclagem de embalagens e outros com-
ponentes descartados ligados à produção. 
 • Emprego de substâncias biodegradáveis e substituição de carbo-
no derivado de combustíveisfósseis como o petróleo na fabrica-
ção de produtos de limpeza e higiene. 
 • Aplicação de tecnologias alternativas no manejo de pragas na 
agricultura extensiva destinada à indústria de alimentos. 
 • Controle e redução de emissão de gases de efeito estufa em fábricas. 
Essas e outras iniciativas são exemplos de práticas de produção sus-
tentáveis e que contribuem para a conservação ambiental.
Educação ambiental e consumo responsável 27
As pequenas empresas também estão começando a aderir às ten-
dências de sustentabilidade. Segundo o Sebrae (2018), são seis as prin-
cipais tendências para os pequenos negócios: 
Empreendedorismo com 
propósito
Pequenos empreendedores criam 
negócios que possam realizar seus 
propósitos pessoais de acordo 
com seus valores e suas crenças 
e preocupados com os desafios 
socioambientais. 
Diversidade como vantagem 
competitiva
 A percepção de que as chamadas 
minorias são consumidores em 
potencial tem gerado interesse de 
criar pequenos negócios com linhas de 
produtos e serviços que contemplem 
esse nicho de mercado que as grandes 
empresas por vezes não enxergam. 
Inovação e tecnologia em favor de 
negócios mais sustentáveis
Diante da ameaça de escassez de 
recursos naturais, a inovação é a 
resposta para desenvolver produtos 
com menos impactos ambiental e 
social. 
Economia colaborativa como 
fonte de crescimento
Em um cenário em que as pessoas 
estão ultrainformadas e conectadas e 
há o desejo de criar soluções inovadoras 
e contribuir com a coletividade, cresce 
o papel da colaboração como base de 
novos pequenos negócios. 
Economia circular como 
oportunidade de negócio
Com o planeta dando mostras de 
que não suportará por muito tempo 
o modelo de desenvolvimento 
exploratório do sistema capitalista 
tradicional, surgem negócios que 
não seguem mais a lógica linear de 
produção, consumo e descarte, mas 
a lógica circular do reuso, reciclagem, 
trocas e compartilhamento. 
Cidades sustentáveis, 
ambientes para o 
empreendedorismo
As pequenas empresas têm papel 
importante na oferta de produtos 
e serviços adequados às realidades 
locais, tornando os espaços urbanos 
mais sustentáveis e garantindo a 
qualidade de vida. 
Essas e outras tendências de sustentabilidade para os pequenos 
negócios podem não só trazer benefícios para o meio ambiente e a 
qualidade de vida das pessoas, mas também gerar renda direta para as 
famílias que se dedicam ao empreendedorismo como forma de driblar 
a falta de oportunidades no mercado de trabalho.
A Unilever, empresa multinacio-
nal considerada a terceira maior 
fabricante de bens de consumo 
do mundo, com produtos pre-
sentes em 190 países, anunciou 
que substituirá 100% do car-
bono derivado de combustíveis 
fósseis de seus produtos de lim-
peza e lavanderia por carbono 
obtido de fontes renováveis ou 
recicladas (a chamada química 
verde). A iniciativa é parte de 
seu programa de inovação e 
sustentabilidade denominado 
Futuro Limpo, que também 
pretende: zerar as emissões 
líquidas de seus processos de 
produção até 2039; eliminar os 
petroquímicos, substituindo-os 
por matéria-prima vegetal; 
tornar todos os seus produtos 
biodegradáveis; diminuir o 
consumo de água; e reduzir 
o plástico de uso único nas 
embalagens, substituindo-o por 
plástico reciclado e plástico verde 
provenientes da cana-de-açúcar 
(UNILEVER..., 2020). 
Curiosidade
28 Temas sociais e educacionais contemporâneos
1.4 Educação ambiental
Vídeo No contexto da Eco-92 foram elaborados documentos importan-
tes, como a Carta da Terra, a Convenção sobre Diversidade Biológica, 
a Convenção sobre Mudanças Climáticas, a Declaração sobre Florestas 
e a Agenda 21, os quais orientam como promover o desenvolvimento 
sustentável das sociedades, com melhor qualidade de vida e por meio 
da preservação dos ecossistemas. Surgiu então uma importante linha 
de pensamento educacional, que amplia a noção de educação ambien-
tal: a ecopedagogia. 
Gadotti (2005), em seu livro Pedagogia da Terra, trata da ecopedago-
gia como uma educação sustentável, voltada para uma relação saudá-
vel com o meio ambiente e centrada na noção de que o que realizamos 
na vida cotidiana e o sentido mais profundo de nossa existência estão 
ligados diretamente ao futuro da humanidade e do planeta Terra. 
Na obra o autor desenvolve conceitos importantes a serem traba-
lhados no contexto escolar, como a consciência e a cidadania planetá-
ria. Ele defende que se inclua no currículo escolar a formação para a 
cidadania planetária, ou seja, a formação para se situar como parte da 
humanidade e do planeta como um todo, não apenas como cidadão de 
determinada região ou país, já que todos vivemos em uma comunida-
de que é global e local ao mesmo tempo. 
Gadotti (2005, p. 19-20) defende que: 
o desenvolvimento sustentável, visto de forma crítica, tem um 
componente educativo formidável: a preservação do meio am-
biente depende de uma consciência ecológica e a formação da 
consciência depende da educação. É aqui que entra em cena a 
ecopedagogia. Ela é uma pedagogia para a promoção da apren-
dizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana. [...] Não 
aprendemos a amar a Terra lendo livros sobre isso, nem livros 
de ecologia integral. A experiência própria é o que conta. Plan-
tar e seguir o crescimento de uma árvore ou de uma plantinha, 
caminhando pelas ruas da cidade ou aventurando-se numa flo-
resta, sentindo o cantar dos pássaros nas manhãs ensolaradas 
ou não, observando como o vento move as plantas, sentindo a 
areia quente de nossas praias, olhando para as estrelas numa 
noite escura. 
O belo documentário/
drama Home – Nosso 
planeta, nossa casa ilustra 
muito bem as teses de 
Gadotti sobre a cidadania 
planetária. Com suas 
impressionantes imagens 
aéreas de diversos locais 
do planeta, faz refletir 
sobre a trajetória do ser 
humano na Terra, sua 
exploração do meio am-
biente, seus padrões de 
consumo e a necessidade 
de buscar a sustentabi-
lidade. Foi dirigido pelo 
jornalista, fotógrafo e 
ambientalista francês 
Yann Arthus-Bertrand, o 
qual declara, na obra, que 
sua intenção era mostrar 
que “o nosso ecossistema 
não tem fronteiras. Onde 
quer que estejamos, 
as nossas ações terão 
repercussões”.
Direção: Yann Arthus-Bertrand. 
França: EuropaCorp, 2009.
Documentário
Educação ambiental e consumo responsável 29
Para orientar as práticas pedagógicas dos educa-
dores, o autor lista alguns princípios de referência 
para a ecopedagogia, nos quais podemos reconhecer 
a influência de Jean Piaget e Paulo Freire: 
 • O planeta como uma única comunidade. 
 • A Terra como mãe, organismo vivo e em 
evolução.
 • Uma nova consciência que sabe o que é sus-
tentável, apropriado, e faz sentido para a 
nossa existência.
 • A ternura para com essa casa. Nosso endereço é a Terra.
 • A justiça sociocósmica: a Terra é um grande pobre, o maior de 
todos os pobres.
 • Uma pedagogia biófila (que promove a vida): envolver-se, 
comunicar-se, compartilhar, problematizar, relacionar-se, 
entusiasmar-se.
 • Uma concepção do conhecimento que admite só ser integral 
quando compartilhado.
 • O caminhar com sentido (vida cotidiana).
 • Uma racionalidade intuitiva e comunicativa: afetiva, não 
instrumental.
 • Novas atitudes: reeducar o olhar, o coração.
 • Cultura da sustentabilidade: ecoformação. Ampliar nosso ponto 
de vista. (GADOTTI, 2005, p. 26)
O papel da escola na construção de uma cultura da sustentabilida-
de, o que Gadotti chama de ecoformação, é muito importante. Mais do 
que educar para a sustentabilidade e mostrar aos alunos que todos 
nós fazemos parte de um mesmo organismo vivo, a Terra, a escola pre-
cisa oferecer cotidianamente exemplos práticos de comportamentos e 
atitudes sustentáveis e exercitar esses atos de cidadanias ambiental e 
planetária. Mas como inserir no currículo esse tipo de formação? 
É justamente a função dos temas transversais, previstos na Base 
Nacional Comum Curricular (BNCC), proporcionar a inserção no 
currículo, demodo transversal, de temas sociais contemporâneos im-
portantes para a formação integral de crianças e jovens. Um desses 
temas é a educação ambiental, que abarca a educação para a susten-
tabilidade e o consumo responsável e que pode ser abordada sob a 
perspectiva da ecoformação de que fala Gadotti. 
De que adianta falar aos alunos da 
conservação do meio ambiente, 
explicar a sustentabilidade e 
o consumo responsável, mas 
colocar copos de plástico junto ao 
bebedouro, por exemplo?
Para refletir
Rawpixel.com/Shutterstock
30 Temas sociais e educacionais contemporâneos
As práticas cotidianas na escola são a melhor forma de estimular 
comportamentos sustentáveis e novos padrões de consumo. A refle-
xão sobre os próprios comportamentos, estimulada durante as aulas 
por meio de rodas de conversa, palestras de profissionais externos à 
escola e membros da comunidade, campanhas de conscientização no 
meio escolar etc., pode ser um bom início para a mudança de atitudes 
e hábitos na comunidade escolar. Entretanto, é preciso colocarmos em 
prática os novos hábitos por meio de condutas cotidianas, como evitar 
o desperdício de recursos, o descarte exagerado de lixo na escola, en-
tre outras. 
Por meio da reflexão e conscientização e da convivência com exem-
plos de comportamentos sustentáveis no cotidiano escolar, crianças 
e adolescentes passam a adotar novos hábitos também em casa e 
tornam-se divulgadores desses novos padrões em suas famílias.
1.4.1 Atitudes e comportamentos sustentáveis
Há comportamentos que precisam ser ensinados e exemplificados 
diariamente na escola, pois significam o bom uso dos recursos naturais 
e a conservação do meio ambiente, e devem ser incorporados ao coti-
diano familiar dos alunos, tais como: não desperdiçar água; nunca dei-
xar torneiras abertas enquanto se ensaboa as mãos, escova os dentes 
ou realiza qualquer outra atividade; economizar energia – para isso não 
deixar a luz acesa em espaços que não estão sendo utilizados, preferir 
a luz solar durante o dia e evitar abrir a geladeira a todo momento; 
separar o lixo orgânico do reciclável; e tentar reaproveitar embalagens 
e produtos usados. 
Para estimular e exemplificar esses comportamentos, podem ser 
aplicadas estratégias lúdicas como um concurso ou uma gincana per-
manente de economia de recursos naturais na escola, em que os alu-
nos ganham e perdem pontos conforme economizam ou desperdiçam 
água e energia.
A aferição pode ser feita por meio de estratégias de avaliação conti-
nuada com observação e registro do professor e estratégias de autoa-
valiação dos alunos, que podem ser implementadas, por exemplo, com 
base nos princípios da aprendizagem por pares, na qual dois alunos 
colaboram no registro das ações um do outro. 
A pontuação pode ser exposta em um ranking da sustentabilidade de 
cada turma. Ao final do ano, a sala que mais economizou água, energia 
elétrica etc. pode ganhar uma medalha ou outro prêmio simbólico. Desse 
modo, os alunos são incentivados a alcançar metas de sustentabilidade 
coletivamente e acabam adotando as mesmas atitudes em suas casas.
Outra estratégia que pode ser divertida e ajuda a construir hábitos 
sustentáveis é a confecção de lixeiras pelos próprios alunos para desti-
nação de cada tipo de lixo reciclável na sala de aula. Isso pode ser feito 
reaproveitando caixas de papelão, por exemplo, ou com sacos plásti-
cos coloridos fixados em painéis na parede ou em suportes.
Desse modo o aprendizado da separação correta de lixo, sua des-
tinação e reciclagem parecerá mais significativo para os alunos e será 
mais facilmente aplicado no dia a dia.
Lixeiras para destinação separada de lixo, com cores que caracterizam cada tipo de resíduo: amarelo – 
metais; azul – papel e papelão; marrom – resíduos orgânicos; verde – vidro; vermelho – plástico.
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Para construir atitudes e hábitos de consumo sustentáveis, respon-
sáveis com relação ao meio ambiente, precisamos levar os alunos à 
reflexão sobre os próprios padrões de consumo, para depois propor-
mos mudanças com base na percepção deles mesmos sobre as conse-
quências negativas de algumas de suas decisões de compra. Esse 
trabalho pode ser desenvolvido na sala de aula ou na escola como um 
todo e envolver toda a comunidade escolar. 
É necessário explicarmos que, quando se está em um momento de 
decisão de compra, é importante fazer a si mesmo alguns questiona-
mentos importantes antes de comprar, pois ajudam a tomar decisões 
de consumo mais sustentáveis:
Narrado pelo ator inglês 
Jeremy Irons e grande 
sucesso de crítica, o 
documentário investigativo 
Trashed – Para onde vai o 
nosso lixo revela o modo 
como as autoridades da 
administração pública 
de países do Hemisfério 
Norte tratam da desti-
nação do lixo industrial 
desde o final do século XIX 
até a atualidade, e busca 
apontar caminhos para o 
manejo sustentável dos 
materiais descartados, 
mostrando a importância 
da reciclagem do lixo.
Direção: Candida Brady. EUA: Blenheim 
Films, 2012.
Documentário
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A bicicleta é uma opção de meio de transporte 
mais econômico e com menos impacto sobre 
no ambiente.
3131Educação ambiental e consumo responsávelEducação ambiental e consumo responsável
32 Temas sociais e educacionais contemporâneos
 • Eu preciso realmente do produto? 
 • Eu tenho algum produto com as mesmas funções que poderia 
ser consertado, reformado ou reciclado, evitando a compra de 
um novo?
 • Vou usar o produto com muita frequência ou provavelmente fi-
cará abandonado em um canto da casa? (Esse questionamento é 
muito útil com relação a brinquedos).
 • O produto fará uma diferença real no meu dia a dia ou posso 
muito bem continuar sem ele?
 • Eu preciso do produto imediatamente ou posso adiar a compra?
 • Eu tenho dinheiro sobrando para comprá-lo ou isso trará dificul-
dades para o meu orçamento?
 • Comprar o produto é apenas um desejo de exibi-lo para os ou-
tros, de me sentir incluído em um grupo ou de estar “na moda”?
 • De que modo irei descartar o produto quando não for usá-lo 
mais? É um item reciclável?
 • O produto foi produzido tendo alguma preocupação com os 
impactos ao meio ambiente?
 • Ele foi produzido localmente ou transportado de muito longe?
Esses questionamentos podem ser levantados com alunos de todas 
as faixas etárias, para que os adotem toda vez que estiverem em uma 
situação de compra, mesmo que apenas acompanhando familiares.
Se a cada compra que pensamos em realizar fizermos essas pergun-
tas a nós mesmos e tentarmos responder a elas de maneira honesta, 
com certeza evitaremos muitas das chamadas compras por impulso, das 
quais provavelmente vamos nos arrepender. 
Com as crianças e os adolescentes é a mesma coisa: se aprende-
rem a fazer esses autoquestionamentos antes de cada decisão de 
compra, estarão realizando o que denominamos preciclagem, que é a 
escolha de um produto em função de seu menor impacto ambiental 
ou social. Notemos que a reciclagem é feita após o uso de um produto, 
para reaproveitá-lo de algum modo; já a preciclagem é um processo 
anterior ao consumo e que o define. Com essa aprendizagem, estudan-
tes podem se tornar adultos mais responsáveis com seu consumo e 
contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade.
Educação ambiental e consumo responsável 33
1.4.2 Intervenção na comunidade 
escolar 
Há várias estratégias interessantes de inter-
venção na comunidade escolar para incentivar a 
conscientização da sustentabilidade e estimular 
comportamentos sustentáveis. Algumas delas são: 
 • Iniciar a primeira aula da semana sempre com 
uma roda de conversa sobre o que os alunos fize-
ram no fim de semana e ajudá-los a analisar suas atitudes com 
relação ao consumo, à economia de recursos como água e ener-
gia e ao descarte de lixo. 
 • Promover campanhas regulares na escola, com cartazes, pales-
tras etc. sobre um tema ligado à busca do desenvolvimentosus-
tentável: consumo equilibrado, defesa dos animais, conservação 
de áreas ambientais na comunidade local etc. 
 • Instituir na escola datas comemorativas ligadas à conserva-
ção ambiental, como: Dia Mundial da Água (21 de março), Dia 
Internacional da Biodiversidade (22 de maio), Dia Mundial do 
Meio Ambiente (5 de junho), Dia do Consumo Consciente (15 de 
outubro), entre várias outras previstas no calendário. Para esses 
dias é possível preparar eventos – com a divisão das tarefas entre 
as turmas de alunos – como mostras culturais e científicas, cam-
panhas de conscientização, projeção de filmes e documentários 
sobre os temas ligados ao meio ambiente etc. 
 • Criar e manter uma horta na escola com a colaboração de toda a 
comunidade escolar e até dos familiares dos alunos e dos outros 
membros da comunidade local. A horta é uma excelente estraté-
gia para construir conhecimentos práticos relacionados à susten-
tabilidade, ao meio ambiente e à alimentação saudável, podendo 
constituir um eixo permanente na escola para a educação am-
biental dos alunos. Mesmo em pequenos espaços é possível criar 
coletivamente hortas verticais ou pequenos canteiros suspensos, 
por exemplo.
 • Promover regularmente na escola feiras de trocas de livros, revis-
tas, brinquedos, roupas e outros objetos de interesse dos alunos, 
conforme cada faixa etária, é uma boa estratégia para educar 
para o consumo sustentável e passar a reconhecer a qualidade, 
Robert Kneschke/Shutterstock
34 Temas sociais e educacionais contemporâneos
o valor de uso e o valor sentimental dos objetos, e não sua quan-
tidade. As feiras de trocas, muito aplicadas como estratégia de 
ensino de matemática, podem contribuir para a criação de uma 
cultura de sustentabilidade na escola e até na comunidade local.
 • Manter coleções de compartilhamento nas salas de aula. Montar 
coletivamente uma biblioteca comunitária da turma, uma brin-
quedoteca coletiva, um guarda-roupa compartilhado etc. contri-
bui para a compreensão prática da economia circular, que não se 
baseia em consumo e descarte, mas no reuso e no compartilha-
mento de produtos, para que tenham vida útil mais longa e evi-
tem o consumo e o descarte exagerado de lixo no meio ambiente.
 • Montar uma pequena oficina de reciclagem na escola. Sob orien-
tação de docentes e outros membros da comunidade escolar, os 
alunos, conforme suas capacidades, perfis e idade, podem cole-
tar e reciclar embalagens e outros materiais, transformando-os 
em objetos úteis para os espaços escolares. Garrafas PET, caixas 
de papelão e de madeira e outras embalagens recicladas podem 
se tornar suportes para a horta escolar, para as feiras de troca e 
coleções compartilhadas, assim como podem ser transformadas 
em brinquedos, utensílios para a sala de aula, entre outras inú-
meras funções que a criatividade alcançar.
Essas e outras estratégias de intervenção na comunidade escolar 
para incentivar a conscientização para a sustentabilidade são meios 
práticos de engajar docentes, funcionários e alunos em ações efetivas e 
gerar mudanças de hábitos e padrões cotidianos no sentido de formar 
para a adoção de comportamentos sustentáveis no dia a dia da escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É urgente a conscientização dos impactos causados no meio ambiente 
do planeta pelos modos de exploração, produção e consumo da socie-
dade capitalista, assim como da ação individual de cada um de nós por 
meio de atitudes, hábitos e comportamentos. A Terra tem mostrado sinais 
de que não temos mais tempo: precisamos transformar nossos valores e 
nosso modo de vida antes que sejamos responsáveis pela destruição de 
nosso habitat e do de inúmeras outras espécies. 
A busca do desenvolvimento sustentável é mais do que uma tendên-
cia, um estilo de vida ou uma opção pessoal: é uma necessidade plane-
tária. Antes de sermos cidadãos brasileiros, somos cidadãos do planeta 
Educação ambiental e consumo responsável 35
Terra e é nossa obrigação contribuir para que o planeta sobreviva, já que 
dependemos dele para nossa própria sobrevivência. 
A qualidade da vida em comunidade, das relações de trabalho, da saú-
de coletiva e do futuro de todos nós como sociedade depende da conser-
vação ambiental, da manutenção dos recursos naturais e da convivência 
em equilíbrio entre as espécies. Consumir não pode ser mais importante 
do que assegurar a permanência da vida no planeta. 
E a chave para isso é a educação: ecopedagogia, ecoformação, for-
mação para a cidadania planetária, educação ambiental, educação para 
a sustentabilidade, educação para o consumo consciente e responsável, 
educação para o respeito a todas as espécies, educação para a recicla-
gem, educação para a economia circular etc. Não importa como chame-
mos, a educação passa por todas essas perspectivas e é a solução para a 
criação de uma cultura da sustentabilidade e para a formação de novas 
gerações comprometidas com a saúde do planeta e da sociedade como 
um todo e que respeitem o valor universal da vida.
ATIVIDADES
1. Quais são as semelhanças e diferenças entre os conceitos de 
preservacionismo e conservacionismo?
2. Há um termo que expressa, essencialmente, o modo de proteger o meio 
ambiente dos impactos negativos da industrialização e do consumo 
exagerado e, ao mesmo tempo, promover os desenvolvimentos 
econômico e social. Qual é esse termo?
3. O posicionamento do Estado brasileiro na conferência mundial do 
meio ambiente de 2019 difere de seus posicionamentos em todas 
as conferências anteriores. Qual é a principal diferença entre tais 
posicionamentos?
4. Explique o que é lowsumerism e dê um exemplo dessa tendência.
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Vídeo
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https://rmai.com.br/unilever-anuncia-transicao-dos-produtos-de-limpeza-e-lavanderia-para-quimica-verde
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Educação financeira: um aprendizado para a vida 37
2
Educação financeira: um 
aprendizado para a vida
Os aspectos econômicos e financeiros estão muito presentes 
em nosso cotidiano, mas nem sempre percebemos como os sis-
temas econômico e financeiro funcionam e, várias vezes, também 
não temos clareza sobre como gerir da melhor maneira nossa 
vida financeira.
Para formar adultos conscientes das relações econômicas em 
que estão inseridos e capazes de administrar suas finanças com 
responsabilidade e ética, de modo a proporcionar conforto e tran-
quilidade para si e para os outros, é preciso desenvolver deter-
minados conhecimentos e habilidades. Essas aprendizagens serão 
abordadas neste capítulo.
2.1 Sistemas econômicos e 
racionalidade econômica Vídeo
Quando se fala em sistemas econômicos, é provável que nos venha 
à mente algo relacionado ao sistema que organiza a economia de um 
país. É comum pensarmos também que esse tipo de sistema é o que 
promove economia, ou seja, mais ganhos e menos gastos, ou maior 
produção a um custo menor, gerando maior lucro.
Essas ideias estão atreladas àquilo que conhecemos, à maneira 
como a nossa sociedade está estruturada e ao sistema econômico vi-
gente: o capitalista. No entanto, não existe apenas um tipo de sistema 
econômico em todos os lugares do mundo, assim como já existiram 
diferentes sistemas econômicos ao longo da história.
A base econômica das sociedades, seus modos de produção e suas 
relações de trabalho se transformam conforme passa o tempo e dife-
38 Temas sociais e educacionais contemporâneos
rem entre si. Segundo Godelier (1969, p. 327), a regra econômica de 
“maximizar a produção e minimizar os custos” só faz sentido no con-
texto de uma “hierarquia de necessidades e valores que se impõem 
aos indivíduos no seio de determinada sociedade e que têm seu funda-
mento na natureza das estruturas desta sociedade”. Isso significa que 
o modo de pensar a economia – ou o que chamamos de racionalidade 
econômica – nas sociedades capitalistas não faria nenhum sentido nas 
sociedades pré-industriais ou em outras regiões do mundo que ado-
tam sistemas diferentes.
De maneira simples, podemos definir sistema econômico como a 
forma política, social e econômica pela qual uma sociedade se organi-
za, incluindo o tipo de propriedade, o modo de produção e distribuição 
de riquezas, a gestão da economia e a divisão e as relações de trabalho. 
Dependendo do tipo específico de sistema econômico de que estamos 
tratando, podemos incluir no conceito os processos de circulação das 
mercadorias, o consumo e os níveis de desenvolvimento tecnológico 
da sociedade.
Indo além, de modo mais elaborado, temos vários conceitos para 
sistemas econômicos. Um deles é o do historiador polonês Kula (1970), 
que os define como um conjunto mais amplo que integra coerente-
mente uma série de fatos econômicos e relações de dependência eco-
nômica em uma sociedade, durante determinado período histórico.
A racionalidade econômica do sistema capitalista baseia-se na lógi-
ca de mercado, que considera tudo como recurso – a natureza, o ser 
humano, o conhecimento, o trabalho –, tudo deve se tornar lucrativo. 
Sob essa visão, só existe um único modelo de desenvolvimento possí-
vel para a sociedade, o qual depende de aumentar cada vez mais a 
produção e o lucro, o que muitas vezes ocasiona danos irreversíveis ao 
meio ambiente e à vida das pessoas.
Mas existem outras lógicas e visões de mundo. Por exemplo: no Bra-
sil, povos indígenas que mantiveram parte significativa de sua cultura e 
modo de vida, tendo sofrido pouca influência da sociedade capitalista, 
não possuem a mesma racionalidade econômica que o restante da po-
pulação, como esclarece Bonin (2015):
um elemento constitutivo das distintas lógicas indígenas é a es-
treita relação estabelecida entre os processos e os meios de pro-
dução – por isso, a terra é de posse coletiva e não individual; a 
Educação financeira: um aprendizado para a vida 39
terra não é vista como propriedade privada e sim como espaço 
de relações sociais lançadas sobre esta base territorial. A nature-
za, por sua vez, é entendida como provedora, mas cada ser pre-
cisa aprender a respeitar os demais, para não destruir o tecido 
denso e delicado dessa relação entre as pessoas, os seres e as 
coisas que, na cultura ocidental, são vistas como inanimadas. 
Como se vê, o valor simbólico da terra, para os povos indígenas, 
difere do valor que ela tem numa sociedade capitalista. Para os 
povos indígenas, a terra não se restringe a um mero recurso, a 
ser explorado em todo o seu potencial.
Do mesmo modo, em períodos históricos passa-
dos ou em países com outros sistemas econômicos, 
a regra de produzir o máximo gastando o mínimo 
para obter maior lucro, ou de explorar as terras ao 
máximo, não faria sentido para as pessoas. Ou

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