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www.esab.edu.br Responsabilidade Social e Ambiental rafael Rectangle Responsabilidade Social e Ambiental Vila Velha (ES) Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina Responsabilidade Social e Ambiental. Esse é um tema bastante discutido atualmente, tendo em vista que existe uma preocupação geral em relação ao nosso padrão de desenvolvimento. Mas essa preocupação tem fundamento? Parece que sim. Podemos observar a nossa forma de implantar as cidades. Elas são instaladas sem conservar elementos ambientais, tais como rios, vegetação e animais, necessários para a sustentabilidade. Adicionalmente, temos que considerar o lixo e o esgoto que produzimos, e também o consumo dos recursos naturais – água, minérios, madeira etc. – necessários para produzir os bens de consumo. Essas questões atualmente são evidentes porque somos muitos! A Terra já não é mais um planeta imenso e aparentemente sem limites, mas um espaço finito, do qual fazemos parte e dependemos. Se buscarmos refletir sobre as causas dos conflitos ambientais, nos depararemos com uma questão anterior, a desconexão do ser humano consigo mesmo, e depois com a natureza. Por isso, ao falarmos de meio ambiente, o tema da responsabilidade social está entrelaçado! Não é possível resolvermos as questões ambientais sem antes, ou conjuntamente, resolvermos os problemas sociais. O ser humano é a causa da degradação e também a solução para esse problema. Diante da estruturação das relações sociais, cidadãs e políticas, poderemos redefinir um padrão sustentável de vida. Pense nisso e vamos agora nos debruçar mais detalhadamente sobre o tema. Vamos aprender os principais elementos envolvidos e como podemos aplicar a responsabilidade social e ambiental como ferramenta para a construção de um mundo novo e melhor. Nesta disciplina, trabalharemos com base em Brito e Câmara (1998); Melo Neto (2001); Tachizawa (2011); Arantes e Halicki (2011); Bucley, Salazar-Xirinachs e Henriques (2011); Gelman e Parente (2008); Stadler e Maioli (2011); Alencastro (2010) e Nascimento, Lemos e Mello (2008). Bom estudo! Objetivo Conhecer os principais elementos do tema responsabilidade social e ambiental, de modo que possamos compreender de que forma estamos envolvidos com o assunto pessoalmente, na sociedade e no trabalho. Habilidades e competências • Expressar-se adequadamente no que se refere aos temas da responsabilidade social e do meio ambiente do ponto de vista do administrador. • Apresentar uma visão clara sobre os itens envolvidos no processo de gestão da responsabilidade social e ambiental. • Ter uma visão ampla sobre diferentes tipos de empresas e seus desafios com o tema da responsabilidade social e ambiental. • Compreender os desafios envolvidos com a temática da responsabilidade social e meio ambiente. • Dominar linguagens utilizadas no contexto da gestão ambiental e da responsabilidade social. • Entender processos e implicações da implantação da responsabilidade social e ambiental no ambiente corporativo. Ementa Problemática ambiental e social. Gestão da responsabilidade social. Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. Estratégias, modelos e organizações voltados para o meio ambiente e a responsabilidade social. Normas, série ISO 14000. Normas da Responsabilidade Social. Temas relevantes sobre tendências tecnológicas, sociais e ambientais. Sumário 1. Conceitos ambientais ......................................................................................................6 2. Principais problemas ambientais ..................................................................................14 3. Cultura ambientalista: história e personalidades ..........................................................19 4. Políticas públicas de meio ambiente no Brasil ...............................................................26 5. Responsabilidade social: introdução e conceitos ...........................................................30 6. Responsabilidade social: história e diferentes visões .....................................................36 7. A ética na aplicação da responsabilidade social e ambiental .........................................42 8. O papel das pessoas dentro da organização na condução do processo de responsabilidade social e ambiental ............................................................................48 9. A empresa e seus stakeholders no contexto da responsabilidade socioambiental .........54 10. Gestão ambiental e social: enfoque global ....................................................................58 11. Normas da série ISO 14000 – meio ambiente ...............................................................65 12. Norma ISO 14001 – meio ambiente .............................................................................71 13. Normas orientadoras da responsabilidade social: AA 1000 e ABNT NBR 16001 .............77 14. Normas orientadoras da responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000 ........................85 15. Gestão socioambiental: desafios para sua implantação ................................................90 16. Gestão socioambiental: gerenciamento ........................................................................95 17. Investimentos e índices de sustentabilidade ...............................................................102 18. Rotulagem ambiental no contexto dos negócios verdes .............................................107 19. Responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva ...............................................114 20. Responsabilidade socioambiental e o setor varejista ..................................................119 21. Estratégias de gestão socioambiental – parte I ...........................................................124 22. Estratégias de gestão socioambiental – parte II .........................................................131 23. Estratégias de gestão socioambiental – parte III ........................................................137 24. A internet como instrumento de divulgação de responsabilidade social e ambiental .......................................................................................................143 Glossário ............................................................................................................................150 Referências ........................................................................................................................159 www.esab.edu.br 6 1 Conceitos ambientais Objetivo Apresentar os conceitos de meio ambiente, ecologia, recursos naturais e desenvolvimento sustentável. Olá, caro estudante, vamos começar o nosso estudo? Vamos navegar pelo universo da responsabilidade social e ambiental e descobrir tudo que tem de interessante e importante sobre o tema, que vai ajudá-lo a estar mais bem preparado para o mercado de trabalho. Antes, é importante conversarmos um pouco sobre as razões de você estudar esta disciplina. A responsabilidade social e ambiental é um dos grandes desafios, não somente das empresas no século XXI, mas da população em geral. Os conceitos, regras e as ferramentas de gestão que operam neste ambiente têm características próprias e contextos de aplicação que merecem sua atenção para serem compreendidos. Esses são temas que fazem parte do planejamento estratégico das empresas ou de políticas públicas governamentais, que de uma forma ou de outra atingem todos dentro de uma instituição, e você faz ou fará parte disso em breve. 1.1 Conceitos Segundo a legislação brasileira, meio ambiente “[...] é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (BRASIL, 1981 apud BRITO; CÂMARA,1998, p. 85). Essa informação pode ser conferida no texto da Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Você já tinha parado para pensar como é amplo e complexo o meio ambiente? Estamos falando de toda a vida que existe no planeta, do www.esab.edu.br 7 meio no qual ela acontece e das interações existentes. Por isso, dizemos que todos estão envolvidos com as questões ambientais em todas as circunstâncias, seja em nossas casas, seja no trabalho ou em momentos de lazer. Para você construir uma imagem mais completa, vamos nos aprofundar mais um pouquinho no assunto? Podemos dividir a Terra em três grandes regiões: a litosfera, camada superficial sólida da Terra, composta de rochas e solo, acima do nível das águas; a hidrosfera, ambiente líquido; e a atmosfera, camada de ar que envolve a Terra. É nessas três regiões que se desenvolve a biosfera, ou seja, a vida do planeta. Atmosfera Hidrosfera Biosfera Crosta Terrestre Figura 1 – Biosfera. Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/biosfera/imagens/biosfera5.jpg>. Na crosta do planeta Terra, ou litosfera, ocorrem as principais atividades humanas. As rochas e o solo são elementos utilizados pelo homem para construção de moradias, para a agricultura, a construção de rodovias, a exploração de minerais para os mais diversos fins industriais ou farmacêuticos. É na crosta também que estão as florestas, os campos e outras diversas formações. www.esab.edu.br 8 Corteza Astenosfera Manto superior Manto inferior Moho Litosfera Figura 2 – Litosfera. Fonte: < http://biologiaygeologia4eso.files.wordpress.com/2012/06/litosfera.jpg>. A hidrosfera compreende os rios, os lagos, as lagoas, os mares e todas as águas subterrâneas, as águas salobras, o gelo e o vapor de água existentes no planeta. A abundância de água na Terra é uma característica que lhe deu o apelido de “Planeta Azul”. Aproximadamente 70% (67% de água do mar e 3% de água doce) da Terra é coberta de água e somente 30% dela é exposta. Praticamente todos os ambientes aquáticos possibilitam o surgimento e o desenvolvimento de seres vivos, pois a maior parte da vida na Terra encontra-se inclusive nos oceanos e em outros ambientes aquáticos. Acompanhe na Figura 3 a distribuição da água pelo planeta Terra. O planeta tem 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água (10,4 bilhões de litros) 0,04% Atmosfera 0,36% Lagos, rios e pântanos 22,4% Subsolo 77,2% Geleiras e calotas polares 97,5% Mares e oceanos (água salgada) 2,5% (água doce) Figura 3 - Distribuição da hidrosfera. Fonte: <http://www.tiberiogeo.com.br/paginas.php?pagina=a_hidrosfera#prettyPhoto>. www.esab.edu.br 9 A atmosfera é uma camada de gases que envolve a Terra. O ar consiste em 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 1% de argônio e 0,03% de dióxido de carbono, além de outros gases menos significativos, entre os quais se encontram os gases do efeito estufa, como o vapor d’água, metano, óxido nitroso e ozônio. Termosfera Mesosfera Estratosfera Troposfera (Mesopausa) 80km (Estratopausa) 50km (Tropopausa) 15km Figura 4 – Camadas da atmosfera. Fonte: <commons.wikimedia.org>. Composição da atmosfera terrestre = 20,9%O2 = 78,1%N 2 Outros= 1,0% (Ar, CO , Ne, He)2 Figura 5 – Composição da atmosfera. Fonte: <pontociencia.org.br>. www.esab.edu.br 10 Para sua reflexão Imagine as tantas paisagens existentes em nosso planeta, a diversidade da fauna, da flora, das estações do ano, enfim, toda a variedade de vida e suas cadeias. Diante disso, você se sente parte da natureza ou se considera um ser à parte? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Com o objetivo de estudar as interações dos seres vivos entre si e seu ambiente, a sua distribuição e abundância, surgiu a ecologia. A palavra ecologia tem origem no grego oikos, que significa casa; e logos, estudo. Portanto, ecologia significa o estudo da casa, ou, de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Desenvolver a ciência da ecologia, conhecer as leis que regem os ciclos da natureza e deparar-se com seus mistérios permite ao ser humano conhecer o meio ambiente e ter maior consciência e prudência em relação aos efeitos que provoca na natureza em decorrência do tipo de desenvolvimento. Por outro lado, a ecologia também nos ajuda a ter respostas sobre o tipo de desenvolvimento compatível com o meio ambiente. Você está compreendendo o tema? Agora que conhecemos os conceitos de meio ambiente e de ecologia, vamos ver o significado do termo desenvolvimento sustentável? A comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no seu relatório publicado em 1987, conhecido como Relatório Brundtland, afirma que o desenvolvimento sustentável é aquele que consegue atender às necessidades do momento sem comprometer as necessidades das futuras gerações. www.esab.edu.br 11 Segundo Brito e Câmara (1998), desenvolvimento sustentável é um modelo de desenvolvimento que leva em consideração os fatores econômicos, de caráter social e ecológico, de modo equilibrado. Parte da constatação de que os recursos naturais têm uma oferta limitada, e por isso devem ter sua reposição permanente assegurada. Por meio dessas definições, podemos concluir que o desenvolvimento sustentável é um tipo de desenvolvimento em que a economia, as empresas e os mercados consumidores têm preceitos compatíveis com a manutenção do equilíbrio da natureza. Teríamos que conceber um tipo de vida que não poluísse os rios, mantivesse as matas em quantidade suficiente para o desenvolvimento e a preservação das espécies. Enfim, o ideal seria utilizássemos da Terra e seus recursos naturais somente o necessário para a manutenção de nossa vida e que deixássemos eles em quantidades suficientes para as futuras gerações. Agora você consegue compreender mais claramente as implicações do desenvolvimento sustentável, não é mesmo? Em parágrafo anterior, comentamos sobre os recursos naturais, mas qual é a definição desse termo? Os recursos naturais são os bens existentes na natureza aproveitáveis pelo homem, como as plantas, os animais, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar; o solo e o subsolo; o carvão vegetal e mineral; o ouro, o ferro, o calcário; o petróleo e outros elementos existentes na natureza. (BRITO; CÂMARA, 1998, p. 28) Portanto, quando falamos de algum elemento da natureza sob o ponto de vista da utilização pelo homem, podemos defini-lo como recurso natural. Um rio pode ser denominado recurso natural, do qual extraímos água, energia hidrelétrica, alimento e também o utilizamos como via de transporte de carga e pessoas. O meio ambiente nos fornece muitos recursos naturais por meio dos seus ciclos – primavera, verão, outono e inverno –, ele se recompõe e nos oferece recursos de que precisamos para viver. Dentro do seu ritmo, ele recicla seus elementos e mantém o equilíbrio do sistema natural. www.esab.edu.br 12 Você já parou para pensar que não existe nada inútil na natureza? As folhas das árvores, por exemplo, quando estão atadas nos galhos, cumprem seu papel realizando a fotossíntese, alimentando a árvore e proporcionando o seu crescimento, reciclam o ar da atmosfera, fazem sombra e algumas ainda servem de alimento para os animais. Ao caírem do galho e se depositarem no chão, continuam sendo úteis ali, compõem a matéria orgânica do solo, servem de alimentos para pequenos organismos e protegem o solo da erosão provocada pelas chuvas. Ali ficam até se decomporem em elementos tão pequenos que serão novamente absorvidos pela árvore e voltarão a cumprir seu papel, ou vão fazer parte de outro sistema vivo, mas certamente esses elementos da folha da árvore continuarão sendo úteis à natureza. Você já havia parado para pensar de forma tão minuciosa sobre esse assunto? Quando um biólogo ou engenheiro ambiental, por exemplo, fala sobre ecologia, sustentabilidadee os desafios que temos pela frente, estão falando a partir desse ponto de vista, pois profissionais como eles estudaram esses processos da natureza e sabem de suas necessidades e complexidades. Quando ocorre a interferência humana, esses especialistas avaliam a dimensão do impacto e procuram elencar todas as consequências dessas intervenções. Em uma grande escala, como a de uma cidade, por exemplo, ou de uma grande área de agricultura ou pecuária, a intervenção nos processos naturais torna-se mais ampla e, neste caso, caberia a aplicação de regras que garantissem, de forma segura, o equilíbrio natural. Contudo, o nosso tipo de desenvolvimento não concebeu ainda essa harmonia ou uma maneira menos impactante de crescer e se desenvolver. Em decorrência desta inabilidade em conceber o desenvolvimento sustentável, temos hoje assuntos como as mudanças climáticas, que segundo a organização não governamental World Wildlife Fund for Nature (WWF) é outro nome para aquecimento global, decorrentes do lançamento de gases do efeito estufa (GEEs), principalmente o dióxido de carbono (CO2), na atmosfera, formando uma camada sobre a Terra que impede a saída de radiação solar e contribui para o aumento da temperatura no planeta (WWF apud STADLER; MAIOLI, 2011). Sabemos que há um grande desafio para nós como educadores ou futuros educadores em transmitir aos nossos alunos os problemas ambientais e www.esab.edu.br 13 as possíveis soluções, bem como as prevenções, fomentando a criação de uma consciência ecológica. Na próxima unidade, veremos um pouco mais de perto essa questão dos problemas ambientais. Saiba mais Nesta unidade, foi apresentado o Relatório de Brundtland. Para saber mais sobre esse documento, acesse o conteúdo disponível clicando aqui. http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91 http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91 www.esab.edu.br 14 2 Principais problemas ambientais Objetivo Descrever os principais problemas ambientais e os principais desafios para o alcance da sustentabilidade. Esta unidade busca apresentar os principais problemas ambientais da atualidade. Geralmente, essa não é uma forma muito pedagógica de encaminhar um assunto no âmbito das relações humanas, não é mesmo? Ninguém gosta de escutar críticas e geralmente as pessoas reagem mal a situações como essa. Todavia, quando o tema é meio ambiente, ele geralmente está envolto por críticas e, portanto, não seria justo da nossa parte se deixássemos de apresentá-las para você. Desta forma, você pode refletir sobre elas e construir suas próprias argumentações sobre o assunto, ao pesquisar e observar mais cada elemento. 2.1 Problemas ambientais Vamos começar com o tema que finalizamos a unidade anterior, a mudança climática – aquecimento global. Segundo Stadler e Maioli (2011), o aquecimento global contribui para o derretimento das geleiras, o que ocasiona o aumento do nível dos oceanos, as mudanças nas correntes marítimas, a irregularidade de chuvas e secas no mundo inteiro, gerando problemas na agricultura, entre outros. O Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) informou em seu relatório de 2007 que ainda é possível reverter o aquecimento global se diminuirmos entre 50% a 85% as emissões de CO2 até 2050 (2007 apud STADLER; MAIOLI, 2011). O tema da mudança climática está envolto em muita discussão e as informações e os dados podem aparecer diferenciados dependendo da fonte consultada. Essa divergência sobre o tema pode ser explicada por se tratar de uma questão de abrangência global e por existirem muitos interesses envolvidos. www.esab.edu.br 15 Vejamos agora o problema do crescimento populacional desordenado. Stadler e Maioli (2011) nos relatam que em 2009 foram registradas 6,8 bilhões de pessoas no planeta e a previsão para 2050 é de que seremos 9 bilhões. Há quem considere que a Terra tem condições de sustentar essa população, mas pelo fato de ela não estar distribuída de uma forma equânime, estando mais concentrada em países subdesenvolvidos, não será possível oferecer condições de vida adequadas a esse contingente humano. De acordo com Stadler e Maioli (2011), outro problema ambiental da nossa época é a exploração exacerbada dos recursos. Segundo os autores, existe uma exploração exagerada dos recursos marinhos, hídricos, florestais, entre outros, o que demonstra a tese de que a atual produção industrial não é mais viável, pois, como dissemos anteriormente, os recursos são finitos. A escassez de água é outro problema mundial. A ONG Tearfund alerta que “[...] duas em cada três pessoas poderão ficar sem água em todo o mundo até 2025. Como a maior utilização de água é na agricultura – cerca de 70% –, a falta de água ocasionará um aumento do custo de alimentos” (STADLER; MAIOLI, 2011, p. 123). O problema não é precisamente a falta de água, mas o acesso restrito à água potável. A maioria dos principais rios que banham os estados brasileiros, por exemplo, está poluída em razão de a água utilizada nas indústrias, nas residências, nos shopping centers, no comércio, nos matadouros, na mineração, voltar para os rios sem tratamento. Brito e Câmara (1998) comentam adicionalmente que o uso desordenado de fertilizantes, agrotóxicos e pesticidas na agricultura faz com que esses elementos sejam levados pelas enxurradas para os leitos dos rios. Outro fator causador da poluição é o lixo doméstico e hospitalar, que em sua maioria não recebe tratamento adequado. Considerando simultaneamente o crescimento populacional, a superexploração dos recursos naturais e a poluição das águas, podemos perceber que medidas precisam ser tomadas nesses três aspectos a fim de evitar cenários de crise. Todavia, não são medidas de fácil assimilação pela população em geral. www.esab.edu.br 16 Para sua reflexão Você pode imaginar como as pessoas reagiriam se o governo limitasse seu direito de ter quantos filhos quiser? Você pensa que seria fácil frear o consumo atual da sociedade? Ou ainda, como você acha que um problema de poluição instalado desde que se iniciou o processo de industrialização e nunca resolvido seja solucionado em curto espaço de tempo? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Assim, muitos ambientalistas argumentam que somente a educação vai salvar o planeta. Precisamos que as pessoas compreendam por si mesmas os problemas e desafios ambientais que temos pela frente e que, imbuídas da consciência de seu papel no processo, movam-se na direção de fazer sua parte e contribuir para o todo. Analisemos agora os problemas na área da saúde. As novas doenças que causam epidemias – legionelose, SARS, AIDS – e o retorno de outras doenças, como dengue, febre amarela, doença de Chagas, são indicações do desequilíbrio existente entre os seres humanos e a natureza. Para Stadler e Maioli (2011), atualmente a mobilidade cada vez maior de pessoas e cargas coloca muitos seres humanos em contato com micro-organismos patogênicos capazes de causar doenças infecciosas. Para os autores, outro setor que sofre grandes ameaças é a biodiversidade. A quantidade de espécies ameaçadas de extinção chega, no caso brasileiro, a 472. No mundo, acredita-se que chegue a mais de 13 mil o número de espécies que estão em risco de extinção. O desmatamento e a erosão do solo, resultados de uso inadequado da terra, provocam um impacto muito grande no funcionamento dos rios, gerando desequilíbrios entre as espécies. www.esab.edu.br 17 Segundo Brito e Câmara (1998), os registros de inundações nas cidades são cada vez mais frequentes, destruindo casas, prédios, pontes e provocando o desbarrancamento de morros. Nos campos, os rios transbordam, inundam e destroem lavouras e pastos, e tudo isso é resultado da utilização inadequada da terra e da falta de proteção ambiental. O uso do solo de forma desordenada é um dos maiores problemas queencontramos nas cidades, especialmente aqui no Brasil. Adicionalmente a todos os problemas decorrentes disso, já citados, temos a questão do trânsito, da falta de áreas de lazer, bem como a fragmentação ou até mesmo o aniquilamento dos sistemas naturais. Como pudemos pontuar, vimos que os problemas ambientais são muitos. Todavia, as pessoas que têm visão proativa sobre o assunto conseguem enxergar grandes oportunidades de trabalho e geração de renda empreendendo ações que visem resolver os problemas ambientais. Veja o caso da 3M Company, empresa multinacional norte-americana de tecnologia diversificada que abarca seis grupos de negócio. Desde 1975, evitou o lançamento de 270 mil toneladas de poluentes na atmosfera e 30 mil toneladas de efluentes nos rios e, além disso, conseguiu economizar mais de US$ 810 milhões no combate à poluição nos 60 países onde atua. Você não acha isso interessante? Outro exemplo é o da empresa Scania Caminhões, que contabiliza uma economia em torno de R$ 1 milhão com programas de gestão ambiental. Ela conseguiu reduzir 8,6% do seu consumo de energia, 13,4% no de água e 10% no volume de resíduos produzidos apenas no ano de 1999 (TACHIZAWA, 2011). A gestão inteligente dos problemas ambientais representa, a curto, médio ou longo prazos, ganhos diretos aos poluentes responsáveis. Toda a degradação representa uma perda, essa é a nova visão que está sendo construída na área ambiental, não por imposição ou marketing, mas por ser fato, seja para as pessoas, o Estado ou as empresas. Pensar em termos da sustentabilidade e da resolução dos problemas ambientais gera economia e melhores perspectivas para o futuro de forma simultânea. www.esab.edu.br 18 Estudo complementar Leia o artigo intitulado “A interferência humana” do Projeto Mudanças Climáticas e Mídia, anotando as informações que achar interessantes para os seus estudos nesta disciplina. Disponível clicando aqui. http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/652 http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/652 www.esab.edu.br 19 3 Cultura ambientalista: história e personalidades Objetivo Relacionar brevemente a história da cultura ambientalista e algumas de suas personalidades. Vamos continuar o nosso estudo? Nesta unidade apresentaremos fatos históricos que apresentam, por intermédio de exemplos, os riscos ao meio ambiente em decorrência de atividades econômicas desenvolvidas sem os cuidados de segurança necessários. Em seguida, citaremos personalidades que fizeram parte da história da construção do movimento ambientalista e, ao final, os principais eventos realizados pela ONU e protocolos decorrentes dessas reuniões internacionais para discutir ações em relação à proteção e conservação ambiental. 3.1 Registros de fatos históricos Começamos apresentando alguns acidentes ambientais que ocorreram ao longo da história e que tiveram repercussão mundial. Conhecer esses acontecimentos é importante para nos alertar que, quando se desenvolve uma atividade que utiliza produtos perigosos, todo controle da segurança se faz necessário. Faremos agora um panorama pelo mundo para conhecer alguns desses acidentes. Stadler e Maioli (2011) relatam que no ano de 1984, na cidade de Bhopal (Índia), quarenta toneladas de gases tóxicos vazaram da indústria Union Carbide Corporation. Estimou-se que apenas na primeira semana 8 mil pessoas morreram. A empresa abandonou o país e pagou ao governo da Índia, por meio do novo proprietário, a Dow Química, uma indenização irrisória. Infelizmente, estima-se que mais de 150 mil pessoas continuam a sofrer com doenças que foram provocadas pelo acidente. www.esab.edu.br 20 Os autores contam ainda que no ano de 1979, na central nuclear Three Mile Island, nos Estados Unidos, e no ano de 1986, em Chernobyl (na antiga União Soviética), ocorreram dois acidentes nucleares que provocaram a morte de centenas de pessoas e trouxeram consequências que duram até os dias de hoje. No ano de 1952, em Londres (Inglaterra), um nevoeiro causado pela poluição do ar matou mais de 1.600 pessoas. No ano de 1956, na baía de Minamata (Japão), ocorreu uma intoxicação por mercúrio, causada pela poluição industrial lançada por mais de 40 anos nesse lugar. O fato repercutiu em inúmeras doenças à população local que consumia peixes e frutos do mar da localidade (STADLER; MAIOLI, 2011). Neste caso, podemos ver que o problema, tratado como acidental, na verdade foi provocado por uma atitude negligente que persistiu ao longo de 40 anos. Podemos ver que foram necessárias quatro décadas e a morte de muitas pessoas para que o lançamento de mercúrio fosse cessado nesse local. Gases tóxicos, metais pesados e elementos radioativos foram utilizados de forma negligente e causaram doenças, mortes e poluição ambiental ao longo da história. Se você for pesquisar, verá que existem inúmeras regulamentações legais para uso dessas substâncias hoje em dia. Portanto, é importante termos consciência de que, quando nos deparamos com um regramento legal vasto e inúmeras normas técnicas que regulamentam as atividades industriais ou de produção de energia, todo esse cuidado tem fundamento técnico e é embasado, muitas vezes, em experiências trágicas do passado. Por isso, tais medidas não podem ser negligenciadas. 3.2 Personalidades Para contrabalançar os fatos negativos que acabamos de ver, apresentamos agora duas histórias interessantes de ambientalistas e também de uma instituição que deixou sua marca na história desse movimento. Stadler e Maioli (2011) nos contam sobre a história da bióloga marinha Rachel Carson (1907-1964) e o pesticida conhecido como DDT. Carson tinha acesso a inúmeros estudos que foram realizados sobre a aplicação www.esab.edu.br 21 do DDT e escreveu uma série de artigos sobre o assunto. Neles ela demonstrou que esse pesticida se acumulava ao longo da cadeia alimentar e que, quando aplicado em uma lavoura, por exemplo, matava insetos durante muito tempo depois da aplicação e, por não ser solúvel em água, era direcionado para rios e lagos quando chovia, causando sérios riscos à população e aos animais que utilizassem essas águas. Como resultado do trabalho dessa cientista e ambientalista, ocorreu uma importante mudança sobre o controle do Estado nas atividades das empresas. Ao invés de os defensores da natureza terem de provar que os produtos das empresas eram prejudiciais, foram os fabricantes que passaram a ter a obrigação de provar que seus produtos são seguros para a saúde e o meio ambiente (STADLER; MAIOLI, 2011). A história de Rachel Carson nos serve como um exemplo de uma atitude corajosa de quem está comprometido com a verdade e nos inspira a ficarmos mais críticos ao avaliar o desenvolvimento tecnológico, no sentido de não somente olharmos pelo lado que nos beneficia, mas também avaliarmos todos os possíveis efeitos do uso dos novos produtos desenvolvidos. Convém relatar que, segundo Stadler e Maiolo (2001), o povo egípcio conhecia o petróleo e sua propriedade combustível muito tempo antes de nós, mas abdicaram do seu uso por considerarem que não seria bom para sua civilização. Os egípcios viveram durante milênios à beira de um grande rio, o Nilo, e não foi a degradação ambiental que limitou seu império. Stadler e Maioli (2011) apresentam outra personalidade interessante. Trata-se de René Jules Dubos (1901-1982), biólogo microbiologista francês com cidadania americana. Atuou na descoberta de inúmeros antibióticos que ajudaram na criação da vacina do Bacilo Calmette- Guérin (BCG) contra a tuberculose. Dubos compreendia como ninguém a interação existente entre os micróbios e o ser humano. Por analogia de seus estudos com os microrganismos, passou a estudar a interação entre o ser humano e o planeta Terra. www.esab.edu.br 22 Preocupado com a forma com que a população vinha tratando o meio ambiente, Dubos era extremamente otimista em relação ao futuro e acreditava que o homem conseguiria solucionaros problemas existentes, pensamento que deu origem ao movimento conhecido como cornucopiano, que defendia que o ser humano, diante de dificuldades, sempre encontra um meio ou uma nova tecnologia que auxilia na resolução dos problemas decorrentes (STADLER; MAIOLI, 2011). A visão otimista de Dubos e do movimento cornucopiano merecem algumas considerações. O potencial inteligente do ser humano é algo que deve ser admirado e estimulado em nossa sociedade. Certamente reside em nós uma real capacidade de promover o sadio desenvolvimento da sociedade. No entanto, sobre esse assunto, é importante considerar que quando se trata de questões ambientais, estamos falando de algo muito amplo, composto por elementos que fogem ao nosso controle e até mesmo ao nosso conhecimento. Observe este exemplo: em uma determinada época, os antigos romanos julgavam que o Sol era uma tocha gigantesca que iluminava o universo. No século XIX, afirmava-se entre os cientistas que o Sol era uma enorme massa de carvão incandescente; no começo do século XX, comparavam-no a um imenso arco voltaico; e em nossos dias, a ciência afirma que o Sol é um forno atômico e que seu combustível fundamental é o hidrogênio. Com esse exemplo, mostramos a você que o nosso conhecimento sobre as coisas pode estar muito restrito ao que conseguimos conceber em um determinado momento e que existem muitas coisas que ainda não conseguimos explicar na natureza e que, portanto, o otimismo é sadio com uma boa dose de prudência associada. Devido a sua ampla visão, Dubos foi escolhido junto com Bárbara Ward para redigir o relatório da Primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Eles escreveram juntos o livro “Uma Terra somente: a preservação de um pequeno planeta” (1973 apud STADLER; MAIOLI, 2011). Você já ouviu falar sobre o Clube de Roma? Stadler e Maioli (2011) nos contam que essa ONG foi constituída por expoentes cientistas, estadistas, banqueiros, industriais e empresários de todo o mundo. www.esab.edu.br 23 Buscando analisar a situação mundial, a organização contratou, em 1969, uma equipe de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para realizar uma pesquisa sobre o futuro do planeta. Essa previsão com soluções para o futuro foi publicada com o título de “Os limites do crescimento”, em 1972. Ele indicava que, no ritmo de crescimento daquela época, a humanidade corria sérios riscos para sua sobrevivência, já que estavam se esgotando os recursos naturais existentes devido ao aumento da população mundial, o que exigia uma produção e um consumo cada vez maiores de energia e alimentos, o que, por sua vez, geraria mais poluição e desemprego. Demonstrou também à sociedade e à comunidade empresarial que existe sim um limite para o crescimento de nossa espécie. 3.3 Principais eventos promovidos pela ONU A sequência de problemas ambientais ocasionados pela forma como o homem explorava a Terra e as pressões de grupos ambientalistas acabaram persuadindo a ONU a convocar uma série de conferências internacionais para tratar a questão. No ano de 1968, foi realizada em Paris (França) a Conferência da Biosfera. Ela deu início a um debate internacional sobre o meio ambiente. Quatro anos mais tarde, em 1972, ocorreu a Primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, reunindo 250 ONGs e 113 países em um grande embate entre nações desenvolvidas e emergentes, como era o caso do Brasil (STADLER; MAIOLI, 2011). Segundo os autores, em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Eco 92, na qual 178 países se reuniram e debateram sobre o meio ambiente e propuseram uma série de convenções e tratados para tentar resolver o problema ocasionado pela exploração desenfreada dos recursos naturais e pelo aumento da poluição. Os objetivos da Eco 92 eram examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e o que ocorrera desde então; auxiliar www.esab.edu.br 24 a transferência de tecnologias não poluentes, principalmente para países desenvolvidos e emergentes conhecerem as diversas estratégias que foram congregadas nos processos de desenvolvimento nacionais e internacionais; buscar o estabelecimento de um sistema cooperativo internacional para socorro em emergências e na previsão de novas ameaças ambientais; e por final, a Eco 92 propôs uma reavaliação dos organismos da ONU responsáveis pelo meio ambiente e suas capacidades de fazer cumprir as decisões tomadas. Essa conferência teve uma conotação política e social muito mais relevante que sua edição anterior, resultando nas seguintes declarações do Rio de Janeiro sobre o meio ambiente e o desenvolvimento: Declaração de Princípios sobre Florestas, Convenção sobre Mudanças Climáticas, Convenção da Biodiversidade, Agenda 21 e Carta da Terra (STADLER; MAIOLI, 2011). A partir da Eco 92, foram elaborados dois protocolos:. • protocolo de Kyoto: assinado por 180 países, estabeleceu que os países industrializados deveriam reduzir a emissão de gás carbônico para diminuir o efeito estufa, devendo chegar em 2012 com níveis 5,2% inferiores aos de 1990 (STADLER; MAIOLI, 2011). Em 2012, na 17ª Conferência da ONU para mudanças climáticas, que aconteceu em Durban (África do Sul), o Protocolo de Kyoto foi renovado até 2017. O novo protocolo, que começou a vigorar em 2013, tem a participação de menos países com a saída de Rússia, Japão e Canadá; • protocolo de Cartagena: trata da biossegurança e entrou em vigor em 2003. Menciona o movimento dos transgênicos entre os países, assegurando que a manipulação de organismos vivos pela biotecnologia não cause efeitos danosos à diversidade ambiental e à saúde do ser humano. No Brasil, entrou em vigor em 2004 (STADLER; MAIOLI, 2011). www.esab.edu.br 25 Esses protocolos formalizaram o compromisso de seus países signatários de gerenciar, de forma mais adequada e segura, duas questões ambientais importantes para o desenvolvimento sustentável do nosso planeta. Tais acordos tocam muito na questão política, e este será o tema da nossa próxima unidade. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 26 4 Políticas públicas de meio ambiente no Brasil Objetivo Pontuar as principais políticas ambientais brasileiras. Você vai agora conhecer as políticas públicas ambientais que foram promulgadas em nosso País desde o início do século XX até os tempos atuais, como forma de atender às demandas de gestão dos problemas ambientais por parte do Estado. O governo reagiu a essa demanda instituindo leis e decretos que regulamentaram aspectos importantes. Vamos conhecê-los? 4.1 Política ambiental brasileira Segundo Stadler e Maioli (2011), podemos considerar que a política ambiental brasileira teve início com a publicação, na primeira metade do século XX, de alguns documentos, como o Código de Caça, o Código Florestal, o Código de Minas e o Código de Águas, feitos pelo governo Vargas, a criação do Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil, em 1937, e da legislação sobre tombamento do patrimônio cultural. Barbieri (2007) define política pública ambiental como o “[...] conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente” (BARBIERI, 2007 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 125). Portanto, as políticas públicas ambientais são instrumentos legais que deram “forma”, gestão, às demandas ambientais no Brasil. Em 1981, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Lei nº 6.938, a qual dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Ela visou a dar umcaráter formalizador aos outros textos legais sobre o meio ambiente, instituindo instrumentos que viabilizassem a prática da gestão ambiental www.esab.edu.br 27 por parte dos órgãos públicos. Essa lei criou o que se denominou de Sistema Nacional de Meio Ambiente, cuja sigla é SISNAMA. O SISNAMA é composto pelos órgãos da União, estados e municípios que possuem atribuições na gestão ambiental pública. A estrutura do SISNAMA é muito similar em todos os três níveis. Podemos visualizar essa estrutura da seguinte forma: CONAMA (conselho Nacional de Meio Ambiente) IBAMA ICMBio Conselho de Governo Ministério do MeioAmbiente Órgãos estaduais Órgãos municipais CONSEMA (conselho Estadual de Meio Ambiente) CONDEMA (conselho Municipal de Meio Ambiente) Figura 6 – Constituição do SISNAMA. Fonte: Elaborada pela autora (2013). Em relação ao sistema, saiba que os conselhos de meio ambiente dão suporte técnico, julgador e normativo aos órgãos executivos de meio ambiente nas três esferas da federação. Os órgãos executivos são aqueles com os quais as empresas irão se relacionar de forma mais frequente e direta. Além disso, esses órgãos são responsáveis por fiscalizar o cumprimento da legislação ambiental nas empresas e por fazer o licenciamento ambiental. Stadler e Maioli (2011) explicam que existem grandes dificuldades para conciliar os interesses públicos e privados relacionados à questão ambiental, e o governo se viu imbuído com a demanda de estabelecer instrumentos explícitos de políticas públicas ambientais, conhecidos como instrumentos de comando e controle. Os principais instrumentos de comando e controle compõem o que definimos como a fiscalização ambiental e o licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras. Você já ouviu falar sobre essas atividades? www.esab.edu.br 28 Por intermédio do licenciamento ambiental, os órgãos públicos de meio ambiente regulam a instalação e operação de diversas atividades potencialmente poluidoras (conceito legal), tais como: indústrias, loteamentos, mineração, estações de tratamento de água e esgoto, aterros sanitários etc. Trata-se de um procedimento de solicitação de emissão de licença ou autorização, a ser realizado pelos empreendedores junto ao poder público, em que se requer as licenças ambientais desde a concepção da atividade, passando pelo seu projeto, construção e operacionalização. Nesse processo, os técnicos ambientais dos órgãos de governo avaliam de forma prévia a adequação legal do empreendimento proposto à legislação ambiental, solicitando adequações e alterações de projeto sempre que necessário. A fiscalização é um instrumento corretivo, utilizado nos casos em que são observados descumprimentos da legislação ambiental por parte de qualquer membro da sociedade. Imbuídos do poder de polícia, os funcionários dos órgãos ambientais têm o poder de embargar obras, exigir cumprimento dos limites toleráveis de poluição ou ainda apreender artefatos utilizados em ações que configuram crimes ambientais. Na sequência à política ambiental, temos a criação de uma série de leis que vieram auxiliar na proteção ambiental, como o caso da Ação Civil Pública em 1985, da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e dos Relatórios de Impactos Ambientais (RIMA) em 1986, do Gerenciamento Costeiro de 1988 e do IBAMA em 1989. Em 1988, foi promulgada a atual Constituição Federal brasileira, que representou um avanço relevante na questão ambiental, dedicando-se o Capítulo VI da Carta Magna inteiramente ao meio ambiente. Vejamos: Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 130) A década de 1990 iniciou com a aprovação da legislação sobre Política Agrícola em 1991, tratando em seguida da Engenharia Genética em 1995 e da utilização dos Recursos Hídricos em 1997. A lei sobre os www.esab.edu.br 29 Recursos Hídricos instituiu mecanismos interessantes de gestão da água, como a cobrança pelo uso e a necessidade de autorização do Estado para o uso da água para diversas atividades. A nova resolução do Conama sobre Licenciamento Ambiental entrou em vigor em 1997, a lei sobre Crimes Ambientais em 1998 e, em 1999, tivemos a publicação da Política Nacional de Educação Ambiental. O século termina com a aprovação da Lei sobre Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, conhecida como lei do SNUC. Em 2001, temos a aprovação do Estatuto da Cidade (STADLER; MAIOLI, 2011). Como você pôde conferir, o Brasil tem um suporte legal bastante amplo para tratar da questão ambiental. Tudo que está em lei deve ser respeitado pela população, e é neste sentido que encontramos alguns pontos de entraves entre o governo e o cidadão, entre o cidadão e o empresário. Na prática, temos diversas situações em que os parâmetros de proteção estabelecidos por lei não são cumpridos pelos cidadãos. São exemplos de parâmetros usualmente descumpridos: as áreas de preservação permanente, os parâmetros de qualidade de lançamento de efluentes e a preservação da Mata Atlântica. As dificuldades em cumprir com a legislação em relação aos parâmetros de lançamento de efluentes é observada em todos os centros urbanos. Podemos ver esgotos sendo lançados diretamente nos rios e basta chover um pouco mais para nos depararmos com o mau cheiro provindo das galerias pluviais das ruas e avenidas. Esses conflitos entre a lei e a prática são o reflexo dos hábitos do homem moderno, em que o discurso e a prática se distanciam tanto que não é possível reconhecer um valor moral no discurso da maioria das pessoas, gerando uma insegurança generalizada. Na próxima unidade, trataremos da responsabilidade social. Bom estudo! Estudo complementar Acesse a Lei nº 6.938 e leia-a na íntegra. Disponível clicando aqui. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm www.esab.edu.br 30 5 Responsabilidade social: introdução e conceitos Objetivo Mostrar a origem da responsabilidade social nas empresas e os principais conceitos envolvidos. Vamos agora introduzir o tema da responsabilidade social. É importante adquirir conhecimento sobre ele, pois é um aspecto complementar ao tema desenvolvimento sustentável, que foi tratado nas unidades anteriores. Vamos entender o contexto em que ele está inserido. 5.1 Origem e atualidade Assim como a questão da responsabilidade ambiental surge dentro de um contexto de sérios problemas decorrentes do modo de funcionamento das empresas, o tema da responsabilidade social também surge dentro de um universo de conflitos. Ao considerarmos o processo de desenvolvimento das atividades empresariais, pode-se perceber que o mesmo não foi acompanhado por uma preocupação para com a sociedade. A tese do liberalismo econômico, cujo maior representante foi Adam Smith, economista escocês do século XVIII, era contrária à intervenção do Estado na economia. Para o liberalismo, o Estado deveria apenas dar condições para que o mercado seguisse de forma natural seu curso. Considerou-se que os agentes econômicos são movidos por um impulso de crescimento e desenvolvimento econômico pessoal, que no contexto macro traria benefícios para toda a sociedade, uma vez que a soma desses interesses particulares promoveria a evolução generalizada e um equilíbrio perfeito. O liberalismo considerou que a preocupação com o bem-estar social seria assegurado pelo Estado e que as atividades econômicas não teriam responsabilidade alguma sobre a questão. Todavia, na prática, as atividades www.esab.edu.br 31 econômicas conquistaram um poder tão grande na sociedade que superaram a capacidade de atuação do Estado, e a questão social acabou desprovida de “alguém” respondendo por suas demandase necessidades. Vamos observar o que aconteceu com o movimento de globalização da economia pautado no liberalismo econômico. Esse fenômeno está relacionado ao aumento do poder dos grupos privados multinacionais em relação às estruturas corporativas locais. Segundo Melo Neto e Froes (2001), os grupos multinacionais caracterizaram-se por proceder com a relocalização das atividades produtivas, partindo de uma visão da disponibilidade de recursos materiais, humanos e financeiros, de modo que os custos de produção caíssem e a lucratividade fosse sempre maior. A ideologia do bem-estar social e a filosofia do pleno-emprego cederam lugar ao novo modelo de globalização. Corroborando para agravar as consequências desse modelo de conduta nos negócios, encontramos os governos dos países focados em gerar mais renda em seu território, sem terem claras as necessidades sociais importantes, como respeito aos direitos humanos e preservação das culturas locais. Principalmente nos países mais pobres, foram abertas as portas às empresas multinacionais, com sua lógica própria, sem impor- lhes as devidas condições de adaptação. Diante dessa situação, a sociedade começou a sentir-se desfavorecida e começou a questionar a ética dessas corporações. O Estado passou a ser questionado e alvo de inúmeras críticas ao seu desleixo para com a sociedade. Adicionalmente, segundo Tachizawa (2011), a sociedade, por meio de seu poder de influência neste processo, o poder de compra, demonstrou sua expectativa em interagir com organizações que fossem éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuassem de forma ecologicamente responsável. Essas duas fontes de demanda para um reposicionamento das atividades econômicas frente às demandas sociais fizeram com que a ciência da administração movimentasse esforços por incluir em suas teorias e fundamentos a responsabilidade social por parte das empresas. Assim, foi institucionalizado o tema de uma vez por todas, com este novo enfoque. www.esab.edu.br 32 Uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope revela que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente. Dados obtidos no dia a dia evidenciam que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva; os resultados econômicos passam a depender cada vez mais das decisões empresariais que levem em conta a questão socioambiental. (TACHIZAWA, 2011, p. 5) Portanto, segundo Tachizawa (2011), o executivo dos novos tempos precisa estar preparado para o desafio de harmonizar as preocupações socioambientais. A recompensa virá na forma de estratégias de negócios inovadoras, de uma liderança capaz de sensibilizar os diferentes públicos da empresa, de credibilidade para o esforço e de profundidade, que só se consegue quando a conduta baseia-se em princípios, quando o discurso e a prática são iguais. Para o autor, o avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano por si só não produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre os grupos organizados de pessoas não permitir aplicação efetiva do potencial desses recursos humanos. A administração, com suas novas concepções, entre elas a dimensão da gestão socioambiental, está sendo considerada uma das principais chaves para a solução dos mais graves problemas que afligem atualmente o mundo moderno. 5.2 Conceitos Agora, vejamos alguns conceitos fundamentais. A ideia é que eles fiquem claros para você, o que permitirá compreender melhor suas leituras e também articular-se com o tema de forma mais apropriada. O primeiro deles, como não poderia deixar de ser, é o próprio conceito de responsabilidade social, já que vamos utilizar o conceito apresentado pela norma ISO 26000. Você já deve ter ouvido falar sobre a ISO, mas você sabe o que é a ISO? Trata-se de uma organização internacional com sede em Genebra na Suíça, cuja sigla significa International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padronização). Ela é formada por www.esab.edu.br 33 integrantes de diversos países e representantes dos diferentes setores econômicos. A reunião dessas pessoas gira em torno da elaboração de normas internacionais sobre diversos temas, tais como meio ambiente e responsabilidade social. Você vai estudar mais sobre o assunto nas próximas unidades. Por enquanto vamos conversar sobre a norma ISO 26000, que define a responsabilidade social como a incumbência de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: • contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive para a saúde e o bem-estar da sociedade; • leve em consideração as expectativas das partes interessadas (stakeholders); • esteja em conformidade com a legislação aplicável; • seja consistente com as normas internacionais de comportamento; • esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações (INMETRO, 2010). A norma ISO 26000 foi publicada em 2010 e representa o resultado de um processo amplo de debates com diversos especialistas e interessados sobre o tema. Podemos perceber que a definição do termo responsabilidade social veio deixar claro o papel esperado das corporações sobre essa questão. Você pode perceber que a definição abrangeu os aspectos que foram deixados de lado pelas corporações em um primeiro momento, em que somente a lógica econômica influenciou as decisões e os relacionamentos corporativos. Mais adiante na disciplina, aprofundaremos nossa leitura sobre a norma ISO 26000. Por enquanto, faremos uso somente da definição do termo responsabilidade ambiental. Aguarde que mais elementos serão apresentados sobre essa norma. www.esab.edu.br 34 Outro conceito que cabe esclarecer é o de filantropia e investimento social, você vai se deparar com eles ao estudar mais sobre o tema da responsabilidade social. O Instituto Ethos, organização nacional referência em responsabilidade social criada para aglutinar empresas, instituições e conhecimento nesta área, indica que o Investimento Social estabelece o uso voluntário de recursos privados de maneira planejada, ou seja, a partir de um diagnóstico feito que resulte nos projetos sociais que beneficiarão a comunidade dentro de suas necessidades e expectativas. (ARANTES; HALICKI, 2011, p. 99) Já filantropia trata de doações e assistencialismo, de atender a uma situação emergencial e pontual, como, por exemplo, promover doações para atender uma população afetada por uma enchente (ARANTES; HALICKI, 2011). Portanto, segundo os autores, existe uma diferença expressiva entre filantropia e investimento social. Enquanto a filantropia está relacionada às doações de indivíduos ou empresas e não pressupõe qualquer contrapartida além do benefício social, o investimento social relaciona-se à gestão, incluindo monitoramento e retorno. O tema está ficando mais claro para você? Por último, selecionamos o conceito de stakeholders para você conhecer, pois também é muito utilizado e, portanto, será útil. O termo stakeholders é utilizado para denominar o público com o qual a empresa se relaciona e que, de alguma maneira, é afetado por suas operações, sejam elas de fabricação de produtos ou na prestação de serviços. Os stakeholders diretos de uma empresa são acionistas, funcionários, comunidade, fornecedores, clientes, meio ambiente, governo e sociedade. Contudo, ressaltamos alguns stakeholders que podemos considerar incluídos em “sociedade”, mas que precisam ser percebidos claramente devido ao seu papel junto às organizações. São eles: concorrência, mídia, instituições de ensino, organizações internacionais, ativistas, sindicatos e ONGs, entre outros. (ARANTES; HALICKI, 2011, p. 98) www.esab.edu.br 35 Autores como Grayson e Hodges (2002 apud ARANTES; HALICKI, 2011)afirmam que, para a implementação da estratégia empresarial, é importante considerar seus stakeholders. Além disso, cinco pontos principais devem ser avaliados com atenção para que o envolvimento dos stakeholders seja consistente e efetivo. São eles: • a garantia da abertura de um canal de comunicação que possibilite um diálogo; • a capacidade de emitir uma mensagem sobre o assunto de forma que a empresa tenha credibilidade; • o estabelecimento de parcerias com ONGs; • a conquista da confiança do público através da consistência e coerência entre o discurso da organização e as ações que ela realiza; • a utilização de uma linguagem de fácil acesso que garanta a compreensão do público. Como você viu, a responsabilidade social é um tema para ser implementado na prática do dia a dia das organizações, e para isso deve ser internalizada por cada funcionário. Trata-se de estabelecer uma cultura de preocupação com o bem-estar das pessoas, o que envolve desde saber escutar e observar o outro, conhecer suas necessidades e características, até ter atitudes e projetos que vão ao encontro dessas demandas. Estudo complementar Acesse o site do Instituto Ethos clicando aqui e leia a parte referente à sua missão, sua visão, aos seus princípios e compromissos e à sua carta de princípios. Nós vamos falar mais vezes dessa instituição, por isso sugerimos que você a conheça aos poucos. http://www3.ethos.org.br/ www.esab.edu.br 36 6 Responsabilidade social: história e diferentes visões Objetivo Apresentar um pouco da história da responsabilidade social nas empresas e as diferentes visões que existem sobre o tema. A ideia de responsabilidade social por parte das empresas, embora tenha tomado corpo apenas recentemente, já vem sendo concebida há bastante tempo, sendo que há registros de manifestações em prol desse tipo de comportamento já no início do século XX. Segundo Torres (2003 apud ALENCASTRO, 2010), foi somente a partir dos anos 1950 nos EUA e no início da década de 1970 na Europa que o movimento começou a ganhar força, talvez por conta de uma maior responsabilidade das empresas. Torres (2003 apud ALENCASTRO, 2010) nos lembra de que os anos de 1960 e 1970 foram de grande efervescência cultural e social. Esses anos viram nascer uma ampla “contracultura”, que, entre outras coisas, questionava os valores da sociedade industrial capitalista, exigindo intensas transformações políticas, culturais e comportamentais. Nessa época, também eram fortes o movimento sindicalista e estudantil da Europa e a luta pelos direitos civis americanos, principalmente os protestos contra a Guerra do Vietnã. A entrada de empresas no universo das ações de responsabilidade social foi também provocada pela crise do “estado de bem-estar social” (welfare state) que se deu na metade da década de 1970 na Europa. Com a crise econômica e o crescimento do desemprego que atingiram a Europa na década de 1980, as empresas privadas começaram a ser valorizadas pela sua capacidade de proteger os níveis de emprego numa sociedade em crise (TORRES, 2003 apud ALENCASTRO, 2010). www.esab.edu.br 37 Já no Brasil, a responsabilidade social ganhou força no final da década de 1980, consolidando-se no período de 1990-2003. Vários fatores influenciaram esse fortalecimento dos movimentos sociais, inclusive a própria dificuldade do Estado de assumir o seu papel social. A campanha contra a fome e a miséria e a fundação do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), iniciativas do sociólogo Herbert de Souza (Betinho), e a criação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – em 1998, por um grupo de empresários e executivos provenientes da iniciativa privada foram grandes impulsionadores da responsabilidade social no Brasil (ALENCASTRO, 2010). O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, cuja missão é “Mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável”, tem conseguido conscientizar e mobilizar de forma notável a classe empresarial brasileira no sentido de uma maior responsabilidade na condução de seus negócios (ALENCASTRO, 2010). No Brasil, temos algumas empresas que são referência em questões de responsabilidade social. As empresas associadas ao instituto Ethos, por exemplo, são ao todo 1.507, distribuídas da seguinte forma: Micro empresa Pequena empresa Média empresa Grande empresa Não informado 58 287 468 270 424 Figura 7 – Empresas associadas ao Instituto Ethos. Fonte: Instituto Ethos (2013). A empresa Natura é um exemplo de empresa, associada ao Instituto Ethos, que possui a cultura da responsabilidade social. Ela tem como missão para essa área, por exemplo, inovar e aperfeiçoar a sociedade, buscando mudanças na atitude e nos valores da sociedade, dentre www.esab.edu.br 38 as práticas de responsabilidade social assumidas como compromisso pela Natura, está o desenvolvimento de projetos sociais junto à comunidade, buscando contribuir de forma inovadora e exemplar para o aperfeiçoamento da sociedade. Em 2011, a empresa firmou acordo com o Ministério da Educação (MEC) em prol da educação pública brasileira e com ele objetivou implantar, como política pública no ensino fundamental, o projeto Trilhas. Tal projeto visou a apoiar o trabalho do professor no campo da leitura e da escrita, com o objetivo de inserir as crianças do 1º ano do Ensino Fundamental no mundo letrado. Neste sentido, podemos perceber que diversos movimentos realizados no Brasil desde a década de 1990 demonstram o interesse que o governo, os empresários, os acadêmicos e a mídia em geral têm com relação ao problema social no país. Vejamos, no Quadro 1, a seguir: Breve linha do tempo sobre a responsabilidade social no Brasil e no mundo 1919 Liga das Nações (entidade antecessora à ONU) 1948 Declaração dos direitos humanos 1953 Estados Unidos da América – “Responsabilidade social dos homens de negócios” – Howard Bowen 1960 Clube de Roma Anos de 1970 Associação dos dirigentes cristãos de empresas – Brasil ADCE – conscientizar as empresas da necessidade de desempenharem sua função social não somente em relação aos seus funcionários, mas também com a comunidade 1975 Brasil – Decreto n° 76.900, o qual torna obrigatória a publicação pelas empresas da Relação anual de Informações Sociais (RAIS), precursora do Balanço Social 1977 França – Balanço Social 1981 Instituto Brasileiro de análises Sociais e econômicas – Ibase 1984 Brasil – Primeiro Balanço Social 1989 Discussões realizadas no comitê de filantropia da Câmara Americana de Comércio deram origem ao Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – Gife 1991 Brasil – Critérios do PNQ 1992 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Conhecida como Eco 92) 1993 Brasil – ISO 14000 1997 Global Reporting Initiative – GRI e Protocolo de Kyoto 1998 SA 8000 www.esab.edu.br 39 1998 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social 1999 Global Compact 2000 Brasil – Indicadores Ethos 2001 Fórum Social Mundial 2004 Brasil – ISO 16000 2010 Global ISO 26000 Quadro 1 – Breve linha do tempo sobre a responsabilidade social no Brasil e no mundo. Fonte: Arantes e Halicki (2011). Diferentes visões Segundo Alencastro (2010), existe um ponto de vista que considera como a única obrigação da empresa a de gerar lucro para seus acionistas dentro dos limites legais. O maior defensor desse ponto de vista foi o ganhador do Prêmio Nobel, o economista Milton Friedman, para quem a responsabilidade principal de uma empresa consiste em dirigir os negócios com a finalidade de proteger os interesses dos acionistas, que consistem no rendimento financeiro. Em linhas gerais, nessa visão a responsabilidade de uma empresa consiste em compromisso com acionistas (lucro), trabalhadores (salário), governo (impostos) e comunidade (ações filantrópicas pontuais). Por outro lado, encontramos a posição socioeconômica, segundo a qual a responsabilidadeda administração vai além da simples obtenção de ganhos, incluindo a proteção e o melhoramento do bem-estar social. Nessa perspectiva, para o respeitado economista Paul Samuelson, “[...] a Responsabilidade Social Empresarial é a capacidade desenvolvida pelas organizações de ouvir, compreender e satisfazer expectativas/interesses legítimos de seus diversos públicos” (ALENCASTRO, 2010, p. 130). Empregados, consumidores, fornecedores e comunidade em geral são importantes e devem ter seus interesses respeitados pela organização. O resultado positivo de uma empresa também é consequência do bom relacionamento que ela mantém com seus stakeholders e isso passa pela junção dos ganhos de seus investidores ou proprietários com as legítimas necessidades de todos aqueles que, direta ou indiretamente, são influenciados pelas suas atividades de negócio. (ALENCASTRO, 2010, p. 132) www.esab.edu.br 40 Acreditamos que esta segunda perspectiva é a que está prevalecendo atualmente. Todavia, a postura de maximização dos lucros, tendo em vista exclusivamente o interesse dos acionistas, ainda está bastante arraigada. Para o autor, é interessante o modelo conceitual proposto por Archie Carrol, que aborda a responsabilidade social tanto pela ótica do desempenho empresarial quanto pelo comportamento empresarial responsável. É um modelo que contempla a responsabilidade econômica da empresa em ser produtiva e rentável, sem a qual ela não sobrevive, com seu envolvimento social. Saiba mais Acesse o site do Instituto Ethos clicando aqui, e navegue pelas publicações. Lá você vai encontrar alguns exemplos de projetos desenvolvidos na área da responsabilidade social, como o programa de coleta seletiva da Natura, por exemplo. http://www3.ethos.org.br/categoria/publicacoes/ www.esab.edu.br 41 Resumo Os conteúdos reunidos até agora tiveram por objetivo apresentar, de forma clara, os principais aspectos introdutórios do tema da responsabilidade ambiental e social. Apresentamos os conceitos e principais problemas ambientais, as políticas públicas ambientais brasileiras, bem como um panorama histórico e as diferentes visões atuais da responsabilidade social. Esperamos que você tenha apreciado o conteúdo, pois continuaremos a explorar o tema da responsabilidade socioambiental. É importante para o desenvolvimento de empresas com capacidade de atuação responsável que tenhamos profissionais formados nesta temática, motivados a trabalhar de forma integrada com o tema e conscientes da importância que representam atitudes responsáveis por parte das empresas. Na unidade 1, apresentamos alguns conceitos sobre meio ambiente, ecologia e recursos naturais, bem como desenvolvimento sustentável. Na sequência, na unidade 2, descrevemos os principais problemas ambientais e os desafios que temos pela frente para a resolução desses problemas. Na unidade 3, tratamos brevemente da história da cultura ambientalista por meio de algumas personalidades importantes para o surgimento e a disseminação dessa cultura. Na unidade 4, pontuamos as principais políticas ambientais do Brasil e, na unidade 5, comentamos a origem da responsabilidade social nas empresas e os principais conceitos envolvidos. Por fim, na unidade 6, apresentamos um pouco da história da responsabilidade social nas empresas e as diferentes visões que existem sobre o tema. www.esab.edu.br 42 7 A ética na aplicação da responsabilidade social e ambiental Objetivo Refletir sobre a ética necessária para a implantação e gestão da responsabilidade socioambiental nas organizações. Nesta unidade vamos estudar sobre a ética na aplicação da responsabilidade socioambiental. Como vimos nas unidades anteriores, estabelecer uma relação com os temas da responsabilidade social e ambiental exige uma visão mais consciente sobre o papel das organizações na sociedade. Elas precisam ser reconhecidas como agentes de mudança dentro de um contexto de conflitos ambientais e sociais criados por uma forma de trabalho que visou no passado somente à produção e ao lucro. Para se estabelecer uma relação adequada com a aplicação da responsabilidade socioambiental, é importante: • conhecer o tema. Para esta tarefa, demos o pontapé inicial nas primeiras unidades desta disciplina e vamos continuar até o final desenvolvendo este aspecto; • estabelecer uma relação verdadeira e harmoniosa com o tema, de modo que as reflexões e ações sejam coerentes com as necessidades. Vamos tratar agora sobre este aspecto. Para estabelecermos uma relação verdadeira e harmoniosa com o tema da responsabilidade social e ambiental, é necessário que o profissional da área se importe com a sociedade e seu desenvolvimento. Assim, considerando que todos os cidadãos precisam ser beneficiados, cada qual na sua medida, todos devem ser parte integrante e não excluída dos benefícios oriundos do desenvolvimento. www.esab.edu.br 43 No que se refere às questões ambientais, da mesma forma, é necessário criar uma consciência da nossa relação com o meio ambiente. É preciso compreender que não somente dependemos da natureza para sobreviver, mas que milhares de outros seres vivos têm o direito de viver, independentemente de nossos interesses e necessidades pessoais. Para melhor compreender essa ideia de relação verdadeira, vamos estudar um pouco sobre ética. Portanto, é necessário fazermos um breve recuo na história da humanidade e verificarmos como a questão da ética foi tratada por alguns pensadores. Como os antigos filósofos falavam sobre esse tema? Tanto os gregos como os romanos diziam que a ética harmonizava e ajudava o homem para que nele brotassem as fontes de justiça e do bem. O segundo aspecto a se observar é que a forma de desenvolver a ética, segundo Aristóteles, é ater-se ao estudo e à aplicação das virtudes. A coragem, a justiça, a prudência e a temperança são exemplos de virtudes aristotélicas. Portanto, a ética nos remete a uma reflexão interna, voltada à nossa forma de pensar e de agir e ainda nos convida à prática das virtudes. Segundo Aristóteles, as virtudes são o justo meio entre duas tendências humanas opostas: o excesso e a carência. Por exemplo, a coragem é o justo meio entre a covardia (carência) e a impetuosidade (excesso). Esse filósofo afirmava que as virtudes poderiam ser aprendidas, e desenvolvidas pelo hábito, ou seja, a prática. Seremos músicos compondo música, justos praticando a justiça. Interessante, não? Segundo Alencastro (2010), deriva-se daí a importância da promoção de hábitos sociais por meio dos quais se desenvolva nas pessoas um modo de ser maduro, que se converta na fonte principal de seu agir moral. Uma vez que nos apropriemos de bons hábitos, esse estilo de vida nos proporciona experiências morais e, ao longo do tempo, desenvolvemos a capacidade de agir de forma livre e responsável, pois ficamos mais conscientes para perceber e recusar ações negativas e desqualificadas da verdade e da justiça. www.esab.edu.br 44 Assim, indivíduos virtuosos são aqueles considerados como fundamentais para a construção de uma sociedade sólida e sadia. Mas para viver em sociedade, os indivíduos necessitam ser, além de éticos, políticos, ou seja, precisam dominar a arte de se relacionar com os outros dentro do contexto mais amplo da cidade. Por analogia, em uma organização, além de desenvolver um comportamento ético, é preciso que sejamos capazes de expressar esse comportamento dentro dos interesses e necessidades da organização, de forma que sejamos parte contribuinte para a construção dela. Por sua vez, cabe à organização também se apropriar de uma cultura ética, de uma “plataforma política” coerente e benéfica à sua pequena sociedade, que neste caso é formada pelos funcionários e, de certa forma, por todas as partes interessadas. Seguindo esse raciocínio, a ética é indispensável para a política, pois segundo Arantes, Halicki e Sadler (2011), a política é a arte de estimular a convivência possível dosindivíduos, aspecto muito importante dentro de uma organização. Ética = virtudes pessoais = sociedade sólida e sadia = indispensável na Política = convivência entre indivíduos. Ainda há um aspecto importante para ressaltarmos sobre o estudo e aplicação da ética. Se analisarmos o momento de vida atual, veremos que o homem concebe a si mesmo como um ser múltiplo: pensa de um modo, estuda de outro, trabalha em algo diferente e, em sua vida privada, desempenha mais um papel que nada tem a ver com os outros. Essa pluralidade conduz o homem, em geral, a estados de angústia e desconcerto, visto que, diante de tantas variações de modus vivendi, não consegue encontrar seu verdadeiro eu. Essas contradições nós também encontramos entre os profissionais que propõem soluções, na teoria, para os problemas que afligem a humanidade no tocante ao contexto ambiental. Por exemplo, podemos encontrar profissionais do ramo que possuem discursos sobre como preservar o meio ambiente, sobre técnicas de www.esab.edu.br 45 reciclagem ou conservação da qualidade da água dos rios, todavia esses mesmos profissionais não aplicam tais discursos em seu cotidiano. Ações como separar o lixo ou tratar o esgoto das suas próprias casas são deixadas de lado. Vale salientar que estamos apenas exemplificando a contradição que há nesse meio profissional, mas não estamos aqui generalizando. Você está acompanhando o raciocínio? Faz parte da ética o estudo de como se dá a formação dos hábitos, costumes e até mesmos as regras e leis que regem uma dada sociedade. Ela também se preocupa em compreender o modo como cada indivíduo se posiciona em relação às normas sociais, decidindo individualmente pela sua aceitação ou negação (ALENCASTRO, 2010). Para sua reflexão Como você age nos diferentes ambientes que frequenta? Mantém sempre a sua integridade ou está sempre vestindo um personagem para agradar ou se adaptar a uma ou outra pessoa? Você contribui para a manutenção do meio ambiente? Quais ações você tem praticado? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Aplicação da ética nas empresas Vamos agora estudar um pouco sobre como está sendo tratada a ética dentro das empresas? Como vimos anteriormente, as questões éticas devem incorporar o comportamento de todos os seres humanos, expressando-se nos mais diversos setores: na política, na economia, na educação, na religião, nos negócios, enfim, em tudo que diz respeito ao ser humano no mundo, à sua condição humana. www.esab.edu.br 46 Aristóteles nos ensinou que o homem é um ser político e que realiza o seu viver ético pela prática das virtudes, e a vida social é o lugar em que essas virtudes se manifestam. Considerando essa afirmação, é em nossa prática diária dentro das empresas, por exemplo, que temos a oportunidade de aprimorar as nossas virtudes. Segundo Alencastro (2010), a boa conduta só se realiza na vida em sociedade e, para isso, muitas vezes é necessário ceder, abrir mão do nosso egoísmo em prol da coletividade, ou seja, do ambiente em que vivemos. No ambiente corporativo, muitos podem pensar que é suficiente o simples comunicado daquilo que é aceitável ou não pela empresa. Contudo, o que a prática demonstra é a importância de os funcionários demonstrarem a internalização dos conceitos que são fundamentais para a empresa em que trabalham. Somente assim é possível conduzir de maneira legítima a cobrança de procedimentos de acordo com as normas estabelecidas (ARANTES; HALICKI; SADLER, 2011). Para os autores, se considerarmos que a responsabilidade social é a relação ética e transparente entre a empresa e os públicos com os quais se relaciona, veremos que a prática socialmente responsável nos leva a fazer muito mais do que simplesmente imprimir um código de ética e distribuí-lo para os funcionários na saída do restaurante ou ao final do expediente. Então, vamos conhecer um pouco da prática dessa atividade que leva à internalização de conceitos relativos à ética empresarial? Inicialmente, é importante que os dirigentes da empresa tenham muito claro quais são os valores que serão considerados como fundamentais, como base para que a organização atinja visão própria de maneira consistente, ética e transparente. Isso implica dizer que os dirigentes precisam concordar genuinamente que não buscarão atingir a visão da organização contradizendo os valores que foram estabelecidos para ela (ARANTES; HALICKI; SADLER, 2011). Outra questão importante é a necessidade de discutir as questões éticas internamente. As normas que norteiam os procedimentos internos devem ficar claras para todos. Daí a necessidade de se criar um código de ética. Segundo os autores, podemos utilizar as seguintes ações para alinhar as percepções dos colaboradores: www.esab.edu.br 47 • realização de workshops abertos pela alta direção da empresa e conduzidos pela área que coordena as ações voltadas para a sustentabilidade da organização tratando dos seguintes temas: conceitos fundamentais de sustentabilidade e responsabilidade social; valores individuais e valores da organização; missão e visão; o papel de cada um dos funcionários em compreender e adotar a visão; ética, conceito e importância para o sucesso genuíno da organização e para sua relação saudável com a sociedade; • produção de material de comunicação para divulgar internamente os resultados do workshop; • avaliação do workshop pela alta direção e definição dos próximos passos. Ao construirmos um código de ética de forma conjunta, criamos um ambiente preparatório para sua posterior aplicação, além do que os funcionários podem ajudar a definir quais comportamentos julgam ser importantes para o desempenho de suas funções e podem propô-los nesse documento. Estudo complementar No artigo “Virtudes e Vícios em Aristóteles e Tomás de Aquino: oposição e prudência”, Cláudio Henrique da Silva elabora um quadro (p. 131) sobre as virtudes segundo Aristóteles. Leia atentamente cada linha que compreende o vício por deficiência, a virtude ou o vício por excesso. Após a leitura, escolha uma virtude que para você é mais fácil de colocar em prática e outra que seja mais difícil. Disponível aqui. http://www.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim05/08silva.pdf www.esab.edu.br 48 8 O papel das pessoas dentro da organização na condução do processo de responsabilidade social e ambiental Objetivo Relacionar a importância das pessoas no processo de construção de um ambiente propício à ética da responsabilidade socioambiental. As empresas sustentáveis reconhecem o valor das pessoas e consideram seus empregados como agentes de mudança e criatividade necessários ao atual mercado. As empresas sustentáveis precisam ganhar o apoio de seus funcionários não apenas para determinar o sucesso de suas operações no sentido comercial, mas também em termos de comprometimento da empresa com questões sociais e ambientais na busca da sustentabilidade. Empresas com esse perfil consideram a promoção dos valores da empresa alinhados com as dimensões econômica, social e ambiental da sustentabilidade. O investimento na qualidade do dia a dia da empresa pode ser observado por meio da organização adequada do ambiente de trabalho, das práticas profissionais, das condições de emprego e do desenvolvimento e da gestão dos recursos humanos. Para transformar desafios econômicos, sociais e ambientais em oportunidades, as empresas precisam aproveitar a criatividade e o senso de inovação dos funcionários em todos os níveis, desde o chão de fábrica, oficina, até a diretoria, por meio do investimento na qualidade do cotidiano empresarial (BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; HENRIQUES, 2011). www.esab.edu.br 49 Investir nas pessoas A competitividade e até mesmo a sobrevivência de empresas dependem, cada vez mais, de sua habilidade de garantir que os funcionários estejam motivados, sejam competentes e comprometidos.Isso é algo mais fácil de conseguir em um ambiente de trabalho caracterizado por um espírito de confiança e respeito mútuos, não discriminação e boas relações entre trabalhadores e administração (FASHOYIN; SIMS; TOLENTINO, 2006 apud BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; HENRIQUES, 2011). Para os autores, em nenhum outro momento da história a qualidade da força de trabalho assumiu importância tão grande quanto na conjuntura atual. A globalização produziu uma intensificação da concorrência internacional centrada no uso de formas modernas de tecnologia, o que deu à educação e ao treinamento grande importância em termos de competitividade da empresa. Por outro lado, os governos têm um papel vital e essencial a cumprir: assegurar que os sistemas educacionais capacitem os jovens com as competências básicas necessárias para garantir que o treinamento realmente melhore a sua empregabilidade. Ao final, a responsabilidade deve ser compartilhada entre o governo, as empresas, os parceiros sociais e os indivíduos. Segundo Buckley, Salazar-Xirinachs e Henriques (2011), a relevância disso é reconhecida em inúmeros documentos políticos, incluindo a Agenda Global para o Emprego da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a Estratégia de Lisboa da União Europeia e a reformulada Estratégia de empregos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A Agenda Global para o Emprego da OIT apresenta os seguintes itens relacionados aos desafios políticos no desenvolvimento de habilidades (ILO GEA, 2011 apud BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; HENRIQUES, 2011): www.esab.edu.br 50 • investimento em educação e treinamento. Há uma necessidade crítica por maior investimento em educação e treinamento para todas as pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento, e tais investimentos devem ter forte relação com estratégias e programas de crescimento econômico e de emprego; • reformas urgentes são necessárias para melhorar a Educação Básica e a alfabetização das pessoas nos países mais pobres. Não se pode “queimar etapas” da alfabetização e da Educação Básica. O desenvolvimento de competências profissionais básicas (como comunicação, resolução de problemas etc.) é parte importante na preparação de indivíduos para a sociedade do conhecimento baseada em competências; • reforma dos sistemas de educação regular e técnica. Para tornar a educação continuada uma realidade para todos, os países terão de realizar grandes reformas em seus sistemas de educação regular e técnica; • reconhecer as competências individuais, mesmo que adquiridas de fontes não tradicionais; • promover o diálogo social no treinamento. Há uma necessidade urgente de envolver ainda mais os atores sociais. Os sistemas de treinamento mais bem-sucedidos são apoiados por um forte processo de diálogo social; • reformar os serviços de emprego e promover esforços cooperativos entre agências de emprego públicas e privadas. Você pode ver que a OIT tem muitas propostas para incrementar a qualificação das pessoas que trabalham nas empresas. E sobre o ambiente de trabalho e suas boas práticas, o que temos a dizer? Com base em estudos de caso realizados em diferentes setores, os seguintes fatores foram apontados para melhorar a produtividade (BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; HENRIQUES, 2011): www.esab.edu.br 51 • proporcionar boas condições para se conciliar trabalho e vida familiar; • estabelecer um comportamento cooperativo por parte do nível da gerência com o objetivo de contribuir para uma maior produtividade; • propiciar aos trabalhadores mais autonomia e responsabilidade em suas funções para que se tenha um efeito positivo nas formas de organização do trabalho; • melhorar os métodos e equipamentos de trabalho para ajudar na redução da carga de funções que exigem muito esforço físico e, consequentemente, promover uma maior produtividade, o que comprova o valor de tais investimentos; • solucionar criativamente certos tipos de tarefas pesadas para se evitar acidentes no trabalho; • diminuir as ausências em decorrência de doenças para se ter um efeito direto e positivo na produtividade. Neste último fator listado, as empresas podem, por exemplo, atuar na promoção da saúde integral dos colaboradores, incentivando bons hábitos alimentares, exercícios físicos, exames médicos rotineiros, bem como atuar em um aspecto mais sutil, estimulando os funcionários a realizar e praticar hobbies, conviver com a família ou desenvolver trabalhos sociais. Podemos ainda considerar outros fatores que contribuem para o sucesso da empresa, tais como (OSHA, 2004 apud BUCKLEY; SALAZAR- XIRINACHS; HENRIQUES, 2011): • combinar metas do negócio com ações relacionadas a recursos humanos a fim de alcançar melhores resultados; • incentivar uma abordagem holística de promoção da saúde, que não leve apenas em consideração as condições de trabalho imediatas, mas também inclua motivação no emprego e cultura corporativa; www.esab.edu.br 52 • incentivar programas de promoção da saúde voltados à prevenção de problemas nessa área; • melhorar as práticas de trabalho e a organização do trabalho por meio de inovação tecnológica. No âmbito empresarial e organizacional, as habilidades de empregadores e gestores para negociar e liderar determinam, de modo significativo, a capacidade da empresa de criar e aproveitar oportunidades e investir nas competências dos funcionários. Essas habilidades e a capacidade de promover uma cultura de aprendizado, de encorajar a formação continuada dos funcionários no local de trabalho e de facilitar a troca de conhecimento entre os colegas, determinam a empregabilidade dos funcionários dentro da empresa. Apesar de os benefícios de treinamentos realizados em empresas poderem ser significativos, parece que as empresas em geral investem pouco na formação de seus funcionários. Segundo Buckley, Salazar-Xirinachs e Henriques (2011), pode haver inúmeras razões para isso, como: • a percepção de um baixo nível de educação dos funcionários, o que sugere uma capacidade limitada de se beneficiar de treinamento; • os recursos financeiros limitados para custear treinamentos; • a falta de conhecimento sobre quais treinamentos são necessários e como realizá-los; • a alta rotatividade de mão de obra, a qual leva a um recrutamento constante de funcionários; • o uso de tecnologias pode ser percebido, às vezes, como a utilização de ferramentas que não exigem treinamento. Os investimentos em treinamentos podem ser bastante ampliados nas empresas desde que se garantam os resultados práticos entre seus participantes. Nesse aspecto, consideramos que estabelecer um elo entre o gestor de área, o instrutor e o participante pode fortalecer o entendimento e os resultados. Pois ao contratar ou desenvolver um curso, o gestor de área deve “ajustar” as suas expectativas e necessidades às do www.esab.edu.br 53 instrutor. Por sua vez, cabe ao instrutor, como detentor do conhecimento técnico, explicar até onde o treinamento vai conseguir trabalhar o tema e que caberá ao funcionário se esforçar em aplicar o novo conhecimento adquirido. O gestor de área, além de garantir a realização do treinamento, também é responsável por “readaptar” o ambiente interno para receber os seus funcionários após o treinamento, garantindo espaço para inserção das mudanças ou adaptações necessárias. Vimos nesta unidade como as pessoas são importantes para as organizações e também os desafios de lidar com a condução de seu desenvolvimento, tanto por parte das empresas como do governo e da sociedade em geral. Também aprendemos que as organizações que estão comprometidas em um processo de responsabilidade social e ambiental tendem a ver as pessoas e o ambiente de trabalho onde estão inseridas de forma mais harmônica, procurando estabelecer uma relação positiva e sadia entre os deveres do ofício, as necessidades pessoais e as suas visões de mundo. Talvez possamos esperar do campo da responsabilidadesocioambiental um caminho de desenvolvimento não somente para as organizações mais conscientes, e que já possuem mercados ou gestores mais maduros, mas também para as demais organizações. Que seja uma alternativa bem quista na condução de todas as empresas, essa seria a melhor visão de futuro que poderíamos ter. E considerando que essas empresas responsáveis se incumbem de conhecer e procurar integrar-se com as necessidades e expectativas com todos os atores que se relacionam, podemos imaginar um potencial muito grande de fazer a diferença na sociedade. Na próxima unidade, vamos estudar mais sobre esses atores com os quais as empresas se relacionam. Atividade Chegou a hora de você testar seus conhecimentos em relação às unidades 1 a 8. Para isso, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responda às questões. Além de revisar o conteúdo, você estará se preparando para a prova. Bom trabalho! www.esab.edu.br 54 9 A empresa e seus stakeholders no contexto da responsabilidade socioambiental Objetivo Discutir sobre a relação stakeholders e organizações no âmbito da responsabilidade socioambiental. Depois de estudarmos a importância das pessoas nas organizações, vamos conhecer agora um pouco sobre a teoria dos stakeholders. Você saberia dizer o que, afinal, significa esse termo? Apresentaremos uma explicação do termo segundo os autores Ansoff e Medonnell (1993 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 141): A melhor tradução que poderíamos oferecer ao termo stakeholders seria “partes interessadas”. Entre estas se encontram acionistas, consumidores, funcionários, fornecedores, comunidade e grupos sociais ativistas. Podendo também ser definidos [...] como grupos de interesses sociais afetados diretamente pelo comportamento da empresa. Para as empresas e organizações, é relevante o conhecimento do meio em que estão inseridas e procurar conhecer e controlar as influências que as cercam para que estas atuem como um facilitador das atividades da empresa, e não como um empecilho. A influência dos stakeholders para as organizações não pode ser ignorada. Cabe às empresas responder às necessidades desse segmento, o que compreende escutar ativamente, processar e corresponder construtivamente aos anseios, aos valores e às crenças de todas as partes que nutrem algum interesse na organização (SENDER; FLECK, 2004 apud STADLER; MAIOLI, 2011). Vamos descobrir juntos quais são os principais stakeholders que determinam o funcionamento das decisões empresariais? A seguir, www.esab.edu.br 55 elencaremos as principais partes interessadas a título deste estudo: os consumidores, os empregados, os investidores, o governo e os órgãos reguladores, os órgãos intergovernamentais, as organizações não governamentais e as próprias empresas. As expectativas dos stakeholders relacionadas a seguir foram extraídas com base em Stadler e Maioli (2011) e complementadas por nós. • Expectativas dos consumidores: procuram adquirir produtos seguros e confiáveis ou serviços adequadamente prestados. Os consumidores atualmente estão privilegiando as marcas e as organizações que tragam consigo produtos e serviços socialmente responsáveis, ecologicamente corretos e comprometidos com outros aspectos além de seus interesses empresariais imediatos. • Expectativas dos empregados: buscam empregos dignos, salários compensadores e reconhecimento da empresa ou organização sobre seu trabalho e desempenho. É cada vez mais comum os empregados buscarem a Justiça do Trabalho para terem seus direitos constitucionais cumpridos. Também é cada vez mais comum as empresas terem que lidar com a falta de compromisso e integração do funcionário. Um código de ética pode ajudar a criar laço entre a empresa e o funcionário, ou ainda um bom exemplo da empresa em relação a projetos socioambientais pode trazer satisfação e orgulho aos funcionários por fazerem parte de algo valioso. • Expectativas dos investidores: relacionam-se basicamente ao retorno do investimento feito na empresa com a compra de ações, o que leva os investidores a cobrar eficiência na forma como a empresa é gerida e no cumprimento de suas obrigações sociais, ambientais, trabalhistas e fiscais. Garantir o cumprimento das questões legais por si só pode representar um grande desafio, dependendo do grau de eficiência e do ramo de atividade no qual está inserido o negócio. • Expectativas do governo e dos reguladores: estão baseadas em alguns fatores, como o crescimento do setor privado, a geração de empregos, o cumprimento das regras de mercado, a prestação adequada de serviços aos cidadãos e o pagamento de impostos. No caso do governo brasileiro, ele está envolto em muitas leis de cunho trabalhista e ambiental, bem como envolvido nos movimentos www.esab.edu.br 56 internacionais sobre essas questões. Portanto, muitas vezes essa relação pode ser pesada ou conflitiva, sendo importante alocar bons recursos humanos para lidar com esses stakeholders, de forma a afastar a empresa de riscos nessa relação. • Expectativas dos fornecedores: baseiam-se em índices organizacionais referentes a pedidos ou solicitações de serviços constantes e que possibilitem o recebimento de pagamentos regulares. Afinal, os fornecedores são também empresas. Quando uma empresa possui código de ética e políticas ambientais, frequentemente estabelece critérios para a seleção desses fornecedores com base em cumprimento de suas responsabilidades sociais e ambientais. Essa é uma forma de estimular o mercado a elevar seu grau de desenvolvimento rumo a patamares mais sustentáveis. • Expectativas das instituições intergovernamentais: segundo Grayson e Hodges (2003 apud STADLER; MAIOLI, 2011), instituições governamentais são as responsáveis pela supervisão de questões administrativas regionais ou mundiais e têm manifestado cada vez mais suas expectativas em relação a empresas, tanto compulsória, por meio de acordos e tratados internacionais, quanto voluntariamente, encorajando a adoção de diretrizes e códigos de conduta. Estes são atores que se tornam cada vez mais presentes em decorrência do processo de globalização da economia. Paulatinamente, essas organizações vão construindo seu espaço em assuntos de cunho social e ambiental. • Expectativas das organizações não governamentais: as ONGs têm um poder de ação gigantesco sobre a opinião pública, sendo capazes de angariar fundos e trabalho voluntário para as mais diversas causas e os mais variados objetivos. Se uma empresa multinacional não se comporta adequadamente em um país, desrespeitando suas leis ou contribuindo de alguma forma para a degradação do meio ambiente, isso pode ser imediatamente relatado na internet e em outros meios de comunicação, fazendo com que pessoas a milhares de quilômetros utilizem essas informações como melhor lhes aprouver, boicotando produtos e serviços ofertados por essas empresas ou protestando contra as atividades consideradas degradantes por elas. • Expectativas comerciais das empresas: estão relacionadas com o objetivo de manter e cumprir contratos que beneficiam uma miríade www.esab.edu.br 57 de clientes em todo o mundo. É comum que empresas que atuam com amplos públicos assumam o compromisso de uma certificação internacional, como é o caso da ISO 9000 e ISO 14001. É uma forma de as empresas mostrarem ao mundo e aos seus clientes que possuem uma preocupação com seu desempenho relacionado a práticas trabalhistas, ao meio ambiente e a relações com a comunidade. Como vimos, os stakeholders são importantes no processo de gestão das empresas e por isso merecem atenção. Não somente os clientes e os fornecedores mas também os órgãos do governo e as ONGs corroboram para a sustentação das organizações ao longo do tempo. Uma política de responsabilidade socioambiental deixa bem claras essas questões para a empresa e tornam a relação com os stakeholders um processo natural e construtivo, à medida que a empresa internaliza seus conceitos,princípios e ética. Clientes Fornecedores Gerentes Proprietários Planejadores da política empresarial Empregados Acionistas Financiadores (bancos e financeiros) Usuários dos serviços Figura 8 – Stakeholders. Fonte: Adaptada de <www.b2binternational.com>. Saiba mais Acesse o documento elaborado pela União Europeia de Portugal intitulado “A Europa em 12 lições”. Leia, especialmente, o capítulo “A mais valia do conhecimento e da inovação”. Disponível clicando aqui. http://europa.eu/abc/12lessons/lesson_12/index_pt.htm www.esab.edu.br 58 10 Gestão ambiental e social: enfoque global Objetivo Apresentar uma visão sobre o processo de gestão ambiental e social abrangendo todos os principais aspectos. Gestão ambiental e social são ramos do sistema de gestão empresarial que dão ênfase à sustentabilidade. Desta forma, a gestão visa ao uso de práticas e métodos que reduzam ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza e contribuam para assegurar o desenvolvimento e bem-estar da sociedade. É importante que você saiba que não há um único tipo possível de forma organizacional e sim modelos de gestão diferenciados, fruto de escolhas dos gestores em suas interações com a organização e o ambiente em que estão inseridos. Assim, o universo corporativo é construído pelas pessoas que fazem parte da organização e, ao final, o modelo de gestão é construído caso a caso, formando o que chamamos de identidade da organização. Por sua vez, a gestão ambiental e social é motivada por uma mudança nos valores da cultura empresarial, baseada na parceira, passando somente da ideologia do crescimento econômico para a ideologia da sustentabilidade. Ações voltadas a melhorar a qualidade de vida ou a preservar o meio ambiente já não são bandeiras exclusivas das organizações não governamentais (ONGs). A iniciativa privada descobriu no “movimento verde” e social um excelente filão de negócios e tornou-se aliada das ONGs. Multiplicam-se no mercado as novas gerações de produtos e de empresários “ecologicamente corretos”. Unibanco, Bradesco, Banco Real, Lojas Renner, Gazeta Mercantil, Grupo Abril, Rede Globo, Rede Bandeirantes, Brinquedos Estrela, Marisol, TAM, Kodak, General Motors e McDonald’s são algumas das empresas que atuam no terceiro setor (TACHIZAWA, 2011). www.esab.edu.br 59 Nesse contexto inserem-se as parcerias de empresas com ONGs ecológicas, como o caso da cadeia das lojas Renner, que, com o aval do Greenpeace, uma das organizações não governamentais mais ativas do planeta, lançou uma coleção de roupas com um sistema de tingimento natural. A TAM, também com a aprovação do Greenpeace e com selo de qualidade do Instituto Biodinâmico, utiliza açúcar orgânico (produzido sem agrotóxico e com adubo natural) a bordo de suas aeronaves (TACHIZAWA, 2011). Essas são iniciativas que tornam possíveis a inserção no mercado corporativo de pessoas e empresas que se dedicam ao estudo e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. No Brasil, o caráter de contestação das ONGs cedeu parte do espaço à arte de fazer negócios. Produtores de feijão, arroz, geleias, massa de tomate, CDs, objetos de vidro e cerâmicas para decoração fecharam contratos para comercializar produtos com o selo Greenpeace (TACHIZAWA, 2011). É interessante observar o desenvolvimento dessa ONG. O Greenpeace teve um início marcado por atuação bastante contestadora, sendo responsável por alertar o mundo sobre verdadeiros crimes ambientais provocados pelas grandes corporações. Mas como forma de continuar atuando para a construção de um planeta mais sustentável, essa organização social mostrou-se capaz de também oferecer ideias e oportunidades concretas para que as grandes empresas pudessem se aliar a essa causa. No que se refere à responsabilidade social, ela também está se transformando em um parâmetro e referencial de excelência para o mundo dos negócios do Brasil corporativo. Importante saber disso, não é mesmo? Segundo a Fundação Nacional da Qualidade (2009 apud TACHIZAWA, 2011), as organizações socialmente responsáveis devem abordar suas responsabilidades perante a sociedade e o exercício da cidadania. Essa abordagem ocorre gradativamente e está desenvolvida em diferentes estágios nas corporações, desde uma fase embrionária até sua fase mais avançada. Vamos conhecer a forma de abordagem nos diferentes estágios? www.esab.edu.br 60 Estágio 1 A organização não assume responsabilidade perante a sociedade e não exercita a cidadania. Não há promoção do comportamento ético. Essas organizações estão voltadas somente para seus próprios interesses e não se veem responsáveis por integrar suas atividades em um bem maior, que é o da coletividade. Houve uma época em que atitudes assim não apareciam, mas chegamos a um estágio de desenvolvimento que são muitas organizações atuando de forma intensa e, neste contexto, os problemas gerados por atitudes como essas assumem grandes escalas. Estágio 2 A organização reconhece os impactos causados por seus produtos, processos e instalações e toma ações isoladas para minimização desses impactos. A preocupação com o comportamento ético é ainda eventual. Embora esse estágio seja melhor que a situação anterior, ainda está muito aquém do necessário para um adequado funcionamento nos tempos atuais. As organizações que se encontram neste patamar devem buscar evoluir e avançar para os estágios subsequentes. Estágio 3 A organização está iniciando um processo de avaliação dos impactos de seus produtos, processos e instalações e exerce alguma liderança em questões de interesse da comunidade. Existe envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social. Essa é uma organização que começa a fazer girar a roda da gestão ambiental e social. É importante, nestes casos, incentivar as iniciativas, dar apoio aos projetos para que cresçam e deem frutos. Estágio 4 O processo de avaliação dos impactos dos produtos, processos e instalações está em fase de sistematização. A organização exerce liderança em questões de interesse da comunidade de diversas formas. O envolvimento das pessoas em esforços de desenvolvimento social é frequente. O comportamento ético é importante para a organização e promovido por ela. Essa organização está se propondo a fazer sua parte para a construção do desenvolvimento sustentável, é conhecedora de seus desafios e participa ativamente em projetos e ações voltados para a comunidade. Estágio 5 O processo de avaliação dos impactos dos produtos, processos e instalações já foi sistematizado, sendo capaz de antecipar-se às questões públicas. A organização lidera questões de interesse da comunidade e do setor. O estímulo à participação das pessoas em esforços de desenvolvimento social é sistemático e considerado importante. Existem formas já implementadas de avaliação e melhoria da atuação da organização no exercício da cidadania e no tratamento de suas responsabilidades públicas. Essa é a organização que tem a gestão implementada, é capaz de atuar de forma efetiva e de dar exemplo às demais. Também é capaz de dar segurança aos seus clientes e parceiros, bem como aos acionistas e à comunidade em geral. Quadro 2 – Estágios gradativos de corporações. Fonte: Tachizawa (2011). www.esab.edu.br 61 Como podemos ver, o estágio 5 é o mais avançado e deve ser considerado como meta da organização. A exemplo do que ocorreu com a ISO 9000, de qualidade, e a ISO 14000, para o meio ambiente, as certificações sociais surgiram há poucos anos nos Estados Unidos, com objetivo de atestar que a organização, além de ter procedimentos internos corretos, participa de ações não lucrativas em áreas como cultura, assistência social, educação, saúde, ambientalismo e defesa de direitos humanos (TACHIZAWA, 2011). Um processo natural de implantação da responsabilidade social e ambiental em uma organização passa por todas as fases descritas anteriormente. A questão reside exatamente no avanço que aorganização vai promovendo ao longo do tempo. É importante sempre avançar, mesmo que seja um pouco, evitando ficar estagnado por muito tempo em uma fase intermediária desse processo. Em analogia, é como imaginar um surfista que precisa passar a arrebentação para poder se posicionar de forma adequada e escolher a onda perfeita quando vier a série de ondas boas. Similarmente, o mesmo acontece com as empresas. Se não avançam, elas ficam “remando na zona de arrebentação”, gastando muita energia e sem poder descansar um só minuto. Mas se empreenderem um esforço coordenado e efetivo, atravessam esta etapa (a zona de arrebentação) e podem desfrutar dos benefícios dos sistemas de gestão, em que podem escolher, de forma consciente e preventiva, os caminhos que irão trilhar. É natural que as organizações fiquem algum tempo implementando ações voltadas para o tema, avaliando suas repercussões, conhecendo o ambiente em que elas acontecem e a forma de administrar tudo isso. Para sair deste ambiente de ações pontuais e assumir um compromisso efetivo no desenvolvimento das questões socioambientais, a empresa deve partir para a sistematização dessas ações, dentro de um processo de gestão que garante a análise periódica do conjunto e a aplicação de melhorias ao sistema. A isso denominamos sistema de gestão socioambiental, sobre o qual estudaremos mais detalhadamente nas próximas unidades. www.esab.edu.br 62 Para que um sistema de gestão seja efetivamente implantado, os seguintes elementos são fundamentais: uma política, que consiste em uma declaração da organização expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global; organograma de responsabilidades; procedimentos operacionais; estudo, pesquisa e desenvolvimento; um sistema de avaliação dos procedimentos e melhoria contínua; treinamentos; recursos financeiros, entre outros. Garantindo esses elementos de forma harmônica, ou seja, na medida certa e no momento certo, é possível implementar um sistema de gestão socioambiental. Mas quais são os benefícios mensuráveis para a organização que justificam a implantação desses sistemas? O que efetivamente as empresas ganham com isso? Tachizawa (2011) cita, ao longo de sua obra, inúmeros casos de empresas que se beneficiaram financeiramente com a aplicação de ferramentas de gestão ambiental, segundo seus exemplos e a bibliografia disponível sobre o tema, podemos considerar aqui alguns aspectos. Vejamos na sequência. • Redução no consumo de energia, de água e de matérias-primas que, por serem de consumo contínuo, podem representar um montante significativo ao final de um período. Quando são promovidos a observação e o estudo dos processos produtivos industriais, visando à redução do consumo dos recursos naturais, a empresa dá a si mesma a oportunidade de reduzir seus custos operacionais. A forma como os processos produtivos usualmente estão arranjados visam: ao menor tempo de produção; à melhor qualidade do produto; ao maior volume etc. Se o componente ambiental não está inserido nesta análise, muitas vezes perde-se a oportunidade de reduzir custos referentes ao consumo de recursos naturais. • Geração de menos resíduos sólidos: ao se preocupar com o destino dos resíduos, a empresa se preocupa com sua origem e trata de reduzi-la. Este movimento estimula a capacidade das pessoas em criar novas formas de embalagem, transporte e armazenamento de produtos, muitas vezes simplificando e barateando o processo. • Atualização e acompanhamento dos projetos ambientais e operação dos sistemas de controle ambiental. Esse item deixa a empresa mais segura em relação aos órgãos governamentais www.esab.edu.br 63 de controle ambiental. Apta para receber uma visita surpresa da fiscalização ambiental e, portanto, reduzindo o risco de receber autuações e até mesmo embargos dessas instituições. Fatos que podem repercutir negativamente para a marca e também gerar paralisações no processo produtivo que representam enormes perdas financeiras para uma indústria, por exemplo. • Promoção de ações junto à sociedade, interna e externa: uma empresa que se preocupa com a saúde de seus funcionários e de seus familiares é vista como digna e merecedora de um esforço automotivado para o trabalho. Por sua vez, se a comunidade local é contemplada por programas sociais, cria-se um sentimento de respeito para com a organização, pois a comunidade se considera observada e acolhida por ela. • A utilização das ferramentas da tecnologia da informação para a construção e operação do sistema de gestão gera benefícios: redução no consumo de papel, eliminação do uso de mídias magnéticas para arquivamento da informação, maior eficácia nos sistemas de monitoramento ambiental e no gerenciamento da responsabilidade social. Além dos aspectos positivos, também é necessário que conheçamos as críticas feitas aos sistemas de gestão estabelecidos por grandes organismos internacionais, como é o caso da organização internacional ISO. A partir da leitura de Stadler e Maioli (2011) e de outros artigos e publicações sobre o tema, podemos listar as seguintes críticas: • esses sistemas podem levar a criação de barreiras não tarifárias, ou seja, barreiras não explícitas. Empresas que exigem a certificação ambiental de fornecedores, por exemplo, como garantia de que estes são ambientalmente responsáveis, acabam dificultando as empresas não certificadas para entrarem em certos mercados; • a organização certificada não necessariamente melhora seu desempenho ambiental, apenas atesta que ela possui um sistema de gestão ambiental, o qual está em melhoria contínua; • a certificação gera altos custos, sendo impraticável por médias e pequenas empresas, limitando o acesso destas aos mercados www.esab.edu.br 64 internacionais que possam exigir a certificação como garantia de que a empresa é ambientalmente responsável. Espera-se que o ambiente de negócios, regulado por todos os atores intervenientes, possa adequar-se de forma a promover mecanismos eficientes para a gestão social e ambiental, a fim de que efetivamente todas as partes sejam beneficiadas: empresas, sociedade e meio ambiente. Na próxima unidade, vamos estudar mais detalhadamente as normas da ISO 14000 e veremos por que um sistema de gestão social e ambiental, como tudo que se aplica ao campo dos negócios, tem aspectos positivos e negativos e precisa ser acompanhado por normas. Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 65 11 Normas da série ISO 14000 – meio ambiente Objetivo Apresentar as principais normas e os elementos da série ISO 14000. Como vimos na unidade 5, ISO é a sigla dada para International Organization for Standardization, uma organização internacional com sede em Genebra, na Suíça. Portanto, não confunda com o termo iso, que vem do grego e significa igual, utilizado como prefixo em muitas palavras como isométrico, que tem a mesma dimensão ou medida, ou ainda isonomia, que significa igualdade de leis (STADLER; MAIOLI, 2011). Essa organização internacional discute, elabora e difunde normas internacionais nos mais variados assuntos de interesse das organizações, com objetivo de criar uma normatização única de nível mundial, de modo que as empresas possam falar a mesma língua e usufruir de um mesmo mecanismo de orientação para trabalhar com os temas abordados pelas normas. Esse tipo de ação tornou-se importante nos tempos atuais em decorrência da globalização e da internacionalização do comércio e dos mercados. Mas o que significa dizer que uma empresa é certificada por uma norma ISO? Nem todas as normas ISO são certificáveis, algumas são somente orientativas. Aquelas que são certificáveis preveem a emissão de um documento que atesta a empresa como cumpridora dos requisitos e diretrizes da norma utilizada. O certificado tem prazo de validade de três anosa partir da auditoria de certificação (STADLER; MAIOLI, 2011). A auditoria de certificação é um processo de avaliação realizado por uma instituição que se credenciou na ISO para emitir tal certificado. www.esab.edu.br 66 Nesse período, a empresa certificada será reavaliada semestralmente ou anualmente pelos respectivos organismos de certificação. A manutenção dessa certificação depende dos resultados obtidos nas avaliações/ auditorias periódicas. Pode acontecer que a empresa, após a certificação, não siga cumprindo com as diretrizes estabelecidas na norma utilizada ou não mantenha documentação confiável e verificável. Neste caso, a organização pode perder a certificação, até mesmo antes do prazo de validade (STADLER; MAIOLI, 2011). A série de normas ISO 14000 trata das questões ambientais e é o nosso foco de estudo nesta unidade. Esta série de normas é composta, de modo geral, pelas seguintes normas específicas: ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental: especificações para implantação e guia ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental: diretrizes gerais ISO 14020 Rotulagem ambiental: princípios básicos ISO 14021 Rotulagem ambiental: termos e definições para aplicação específica ISO 14022 Rotulagem ambiental: simbologia para os rótulos ISO 14023 Rotulagem ambiental: testes e metodologias de verificação ISO 14031 Avaliação da performance ambiental do sistema de gerenciamento ISO 14032 Avaliação da performance ambiental do sistema de operação ISO 14040 Análise do ciclo de vida: princípios gerais e prática ISO 14041 Análise do ciclo de vida: inventário ISO 14042 Análise do ciclo de vida: análise dos impactos ISO 14043 Análise do ciclo de vida: mitigação dos impactos ISO 14050 Termos e definições ISO 14060 Guia de inclusão dos aspectos ambientais nas normas de produto ISO 14070 Diretrizes para o estabelecimento de impostos ambientais Quadro 3 – Normas ISO. Fonte: Stadler e Maioli (2011). Vamos conhecer um pouco sobre algumas dessas normas? www.esab.edu.br 67 11.1 ISO 14001 e 14004 A norma ISO 14001 é a mais conhecida de todas e trata do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A norma fornece orientações e estabelece os requisitos necessários às organizações que querem implantar seus sistemas de gestão ambiental. Assim como as demais normas, esse documento foi elaborado por diversos profissionais que se reuniram com objetivo de elaborar um material útil e prático para as empresas, e que pudesse, ao mesmo tempo, servir mundialmente como padrão. As empresas que buscam essa certificação geralmente são aquelas que possuem interesse em gestar de forma mais adequada suas atividades em relação ao meio ambiente e também aquelas que são motivadas pela exigência de seus clientes. É comum que empresas certificadas exijam a certificação de seus fornecedores de produtos ou serviços. Por sua vez, uma empresa certificada se beneficia de uma maior confiança da comunidade, dos órgãos do governo, dos consumidores, acionistas etc. A norma ISO 14004 dá diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio ao sistema de gestão ambiental e é utilizada no processo de implantação deste, juntamente com a norma ISO 14001, servindo de apoio a esta. 11.2 Norma ISO 14040 Esta norma trata da análise do ciclo de vida de um produto. Mas o que significa isto? Você já ouviu falar nesse termo? Antes de um produto chegar às prateleiras do supermercado, ele passa por diversas etapas: projeto, extração da matéria-prima, processamento da matéria-prima, produção do produto propriamente dito e distribuição. Então, você o compra no supermercado, usa-o e depois joga fora o que restou dele. E esse material, em linhas gerais, ou vai para um aterro sanitário ou vai para a reciclagem. A todo esse caminho dá-se o nome de ciclo de vida de um produto. Esta norma visa a orientar as organizações como proceder com a análise global de todas as etapas que envolvem a produção do produto (ou serviço), do “berço ao túmulo”. Em cada uma dessas etapas existem aspectos ambientais que serão avaliados. www.esab.edu.br 68 11.3 Norma ISO 14062 Esta norma estabelece a integração dos aspectos ambientais na etapa de projeto e desenvolvimento do produto. Ela trabalha com o conceito de ecodesign, de modo a melhorar o desempenho ambiental do produto, juntamente com a diminuição dos custos e também buscando identificar oportunidades de novos mercados para os produtos dessa natureza. O desenvolvimento de projetos com esse conceito é muito importante, pois garante que o produto vai ser ambientalmente menos impactante desde sua concepção. 11.4 Normas ISO 14020, 14021, 14024 e 14025 Também conhecidas como normas de rotulagem ambiental, elas visam a estabelecer uma comunicação ao consumidor sobre os critérios ambientais considerados na elaboração e no descarte final de produtos. A primeira, a ISO 14020 estabelece princípios gerais que servem como base para o desenvolvimento de declarações ambientais de produtos ou serviços. A ISO 14021 proporciona um guia para terminologia, símbolos, testes e metodologias de verificação às organizações que queiram elaborar autodeclarações dos seus produtos e serviços em relação aos seus aspectos ambientais, promovendo a apresentação de seus cuidados com o meio ambiente aos consumidores. A norma ISO 14024 trata dos princípios orientadores e procedimentos para a concessão de selos ambientais, realizada por empresas independentes daquelas que produzem o produto ou serviço. Por fim, a ISO 14025 identifica e descreve os elementos e itens a serem considerados para elaborar uma declaração quantificada de produtos com base em dados decorrentes de uma Análise do Ciclo de Vida do Produto. Essas autodeclarações têm destaque no mercado brasileiro para embalagens e já têm uma interface de comunicação estabelecida com os consumidores. Alguns símbolos comuns utilizados são para o alumínio reciclável, aço reciclável, vidro reciclável, embalagem longa vida reciclável, lixo. Esses símbolos são importantes para orientar os programas de coleta seletiva. A seguir, veja alguns deles. Você os conhece? www.esab.edu.br 69 Papel Plástico Materiais recicláveis Vidro Orgânico Metal Outros Figura 9 – Símbolos para materiais recicláveis. Fonte: Adaptado de <commons.wikimedia.org>. 11.5 A auditoria ambiental, Norma ISO 19011 Esta norma trata do tema das auditorias aos sistemas de gestão. Ela não estabelece requisitos, mas sim provê um guia para a realização de um programa de auditoria e realização de uma auditoria a um sistema de gestão, assim como aspectos sobre a competência e avaliação de um auditor. Você deve ter estranhado a numeração desta norma, que não parece pertencer à série ISO 14000. Deixe-me explicar. Esta norma veio substituir as normas ISO 14010, 14011 e 14012. Ela pode ser utilizada para auditoria de um sistema de gestão ambiental e também de sistemas de gestão da qualidade. As auditorias são mecanismos previstos nos sistemas de gestão ambiental que cumprem com um papel muito importante para a manutenção deste. Ela permite que, por meio de uma avaliação por amostragem e de forma bem planejada, se verifique rotineiramente se a empresa está operando de forma adequada seu sistema de gestão. www.esab.edu.br 70 11.6 ISO 14050 Esta norma trata de termos e definições utilizados em todas as normas da série ISO 14000. A comunicação é um aspecto bastante importante para a implantação e operação de um sistema de gestão. Para que a comunicação ocorra de forma adequada e eficiente, é necessário que os termos e definições estejam bem claros, evitando equívocos por compreensão equivocada da terminologia. Apresentamos para você as principais normas da série ISO 14000. Cada uma delas pode ser objeto de um amplo estudo para compreensão minuciosa dos assuntos tratados. Neste momento, é importante você saber que estas normas existem e conhecer seus principais itens. Na próxima unidade, continuaremos o assunto e você conhecerá as normasda série ISO 14001. www.esab.edu.br 71 12 Norma ISO 14001 – meio ambiente Objetivo Apresentação dos principais elementos da norma norteadora para a implantação da ISO 14001 nas empresas. Vamos agora estudar a ISO 14001 propriamente dita? Essa é a norma principal utilizada no processo de implantação da gestão ambiental. A seguir, vamos estudar os requisitos do sistema de gestão ambiental estabelecidos pela ISO 14001. 12.1 Requisitos gerais A organização deve definir e documentar o escopo do seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ou seja, definir em qual(is) unidade(s) vai implementar a norma para que fique definida a parte da organização que será certificada, se toda ou em parte. A divulgação da certificação estará atrelada sempre à parte sobre a qual o sistema foi implantado. Esse é um aspecto que muitas vezes não fica claro para o público externo, confundido por achar que a certificação afeta sempre toda a organização. 12.2 Política ambiental A alta administração deve definir a política ambiental da organização com as seguintes características: ser adequada à natureza e escala dos impactos desta; expressar o comprometimento com a melhoria continua; ser documentada, implementada e mantida. Todos que atuam na organização devem conhecê-la, bem como ela deve estar acessível ao público (ISO 14001, item 4.2). Vamos conhecer a Política Ambiental da Toyota para você ver um caso concreto: www.esab.edu.br 72 A Toyota do Brasil Ltda., fabricante de veículos e peças automotivas, orientada por seus princípios corporativos, está continuamente comprometida em preservar o meio ambiente e promover um local de trabalho seguro e saudável para seus colaboradores, empenhando-se em: • Atender aos requisitos estipulados pela legislação e a outros requisitos aplicados a seus negócios. • Alcançar objetivos e metas de meio ambiente, segurança e saúde; • Melhorar continuamente o seu desempenho através da prevenção da poluição e da melhoria do ambiente de trabalho; • Avaliar, previamente, os efeitos provocados pela utilização de novos materiais e processos no meio ambiente, na segurança e na saúde; • Contribuir com a sociedade; • Cooperar com os parceiros comerciais nas atividades relacionadas ao meio ambiente; • Treinar e conscientizar continuamente seus colaboradores nas atividades e práticas relacionadas ao meio ambiente, à segurança e à saúde (TOYOTA, 2013). 12.3 Planejamento Este item é composto por três tópicos que incluem: 1) a identificação e análise dos aspectos ambientais que possam ser controlados por ela e sobre os quais ela tenha influência; 2) identificar os requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização e determinar como eles se aplicam aos aspectos ambientais; 3) estabelecer, implementar e manter objetivos de conformidade com os requisitos legais ou subscritos e de melhoria contínua, considerando as opções tecnológicas disponíveis, custos financeiros, operacionais e comerciais dos objetivos traçados e de melhoria contínua (ISO 14001, item 4.3.1). www.esab.edu.br 73 12.4 Implementação e operação (ISO 14001, item 4.4) Este item possui sete subitens que englobam: 1. recursos, funções, responsabilidades e autoridades; 2. competência, treinamento e conscientização; 3. comunicação; 4. documentação; 5. controle de documentos; 6. controle operacional; 7. preparação e respostas a emergências. Esse é o item central da norma em termos de construção do sistema. Como você pode observar, inclui desde garantir recursos e responsabilidades, como o registro de todos os procedimentos elaborados para a operação do sistema. Para muitas organizações de médio e pequeno porte, a implantação efetiva de todos os procedimentos e mecanismos de controle operacionais se tornam muito onerosos e injustificáveis pelo pouco retorno efetivo que podem gerar para a organização além daqueles que ela já tem com seu modus operandi. Neste caso, a decisão por implantar ou não o sistema exigirá bom senso entre os responsáveis e também uma boa orientação técnica sobre as possibilidades que podem ser consideradas. Ao final, deve-se verificar se a organização possui realmente algum ganho com a certificação. Caso contrário, é melhor continuar operando sua responsabilidade ambiental de forma menos estruturada, porém efetiva. www.esab.edu.br 74 12.5 Verificação (ISO 14001, item 4.5) A verificação da operação do sistema é estruturada da forma apresentada a seguir. 1. Verificação e medição. 2. Avaliação da conformidade e, nos casos de não conformidade, aplicação de ações corretivas ou ainda preventivas, quando a não conformidade ainda é um ato em potencial. 3. Controle de registros. 4. Auditoria interna: um programa de auditoria deve ser implementado, visando a garantir a manutenção do sistema em operação dentro dos requisitos estabelecidos. 12.6 Análise crítica pela administração (ISO 14001, item 4.6) Deve ser feita em intervalos planejados e incluir informações sobre: resultados das auditorias internas; comunicações externas das partes interessadas; extensão em que os objetivos e metas foram atendidos; situação das ações preventivas e corretivas; acompanhamento das ações oriundas de análises críticas anteriores; possíveis mudanças nos requisitos legais e recomendações para melhoria contínua. Desta forma, finalizamos toda a norma ISO 14001. Como você pode observar, todos os itens foram escritos de forma a compor um sistema de gestão. E quais as vantagens de um sistema desse tipo para uma organização? Ele permite: • desenvolver uma política ambiental; • estabelecer objetivos ambientais e processos para atingir os compromissos estabelecidos em tal política; • tomar as ações necessárias para melhorar seu desempenho; www.esab.edu.br 75 • demonstrar a conformidade do sistema com os requisitos desta norma. Em síntese, a finalidade da norma é apoiar a proteção ambiental e a prevenção de poluição de forma balanceada com as necessidades socioeconômicas. Ou seja, a norma definiu uma série de instrumentos, métodos e parâmetros para criar e implementar um sistema de gestão. Entretanto, todo esse aparato serve para a empresa, ao final, conseguir proteger o ambiente onde está inserida, prevenindo a poluição e operando de forma mais integrada, inclusive com a sociedade. É muito importante esse alerta, pois pode ser que as organizações fiquem tão envolvidas em implantar todos os requisitos da norma e de fazê-los funcionar que acabem se esquecendo de avaliar se estão atendendo ao objetivo final que motivou todo o processo de gestão ambiental. O nível de detalhamento e a complexidade do SGA, a extensão da documentação e os recursos destinados dependem de um número de fatores, tais como o escopo do sistema, o tamanho da organização e a natureza das atividades, produtos e serviços. Após essa explanação sobre a ISO 14001, estamos nos inserindo cada vez mais no tema e podemos compreender melhor todos os elementos envolvidos com a responsabilidade social e ambiental. Esperamos que você esteja se interessando pelo assunto, pois vivemos em uma época em que há a necessidade de as empresas promoverem adaptações sociais e ambientais para a sua própria sobrevivência. Portanto, tais temas não são opcionais, e sim necessários. Aproveite e reconheça seu papel. www.esab.edu.br 76 Resumo Caro estudante, nestas últimas seis unidades vimos a questão da ética na aplicação da responsabilidade social e ambiental e o papel das pessoas dentro da organização na condução do processo de responsabilidade social e ambiental. Abordamos, no contexto da responsabilidade socioambiental, a empresa e seus stakeholders. Após abordar este lado mais humanista do tema, entramos nos sistemas de gestão e nas normas orientadoras. Vimos também sobre as normas internacionais ISO 14000 e 14001, bem como seus principais elementos de implementação nas empresas para que se opere dentro de um sistema de gestão ambiental efetivo. www.esab.edu.br 7713 Normas orientadoras da responsabilidade social: AA 1000 e ABNT NBR 16001 Objetivo Apresentar uma introdução às normas norteadoras da gestão da responsabilidade social e seus principais elementos: AA 1000 e ABNT NBR 16001. Na unidade anterior você estudou sobre a norma ISO 14001. Nesta unidade, vamos iniciar o estudo das normas que tratam do tema da responsabilidade social. É importante que você saiba que assim como a questão ambiental possui normas que regulam e ajudam na implantação de mecanismos de gestão, controle e monitoramento, também existem normas que regulam o tema da responsabilidade social. E não são poucas, tanto no âmbito nacional quanto no internacional. Vamos conhecê-las? No quadro a seguir estão apresentadas as normas que estudaremos nesta e na próxima unidade, acompanhadas de algumas informações importantes. Norma Origem Ano Foco Aplicação ABNT NBR 16001 Nacional 2004 Sistema da gestão – Requisitos. Certificável SA 8000 Internacional 2008 Direitos humanos e leis trabalhistas. Gestão. Certificável AA 1000 – APS Internacional 2008 Contabilidade, auditoria e relato social e ético. Não Certificável ABNT NBR ISO 26000 Internacional 2010 Diretrizes sobre Responsabilidade Social. Não Certificável Quadro 4 – Normas orientadoras da responsabilidade social. Fonte: Elaborado pela autora (2013). www.esab.edu.br 78 Agora, que tal analisarmos o Quadro 4? Pois bem, na coluna das aplicações mencionamos se as normas são certificáveis ou não. As normas certificáveis preveem, às organizações que as implementaram, a concessão de um certificado que atesta a sua implementação. Esse certificado é concedido às organizações por meio de auditoria externa, realizada por empresas credenciadas para esta atividade. Na unidade 16 veremos com mais detalhes esse procedimento. Já as normas não certificáveis não oferecem esse recurso, são normas cuja aplicação visa a orientar, dar suporte, mas não atestar a sua implantação por meio da concessão de um certificado. Apesar de práticas e úteis, existem alguns riscos na utilização indevida dessas normas: o risco de tolher a capacidade criativa das organizações; acabar se tornando uma barreira para que empresas não certificadas exportem seus produtos; gerar um equívoco de que a responsabilidade social é um negócio e não um valor a ser seguido; ser um processo viável apenas às grandes organizações devido ao custo elevado de implantação. Contribui-se para evitar esses riscos quando mantemos o foco nos resultados práticos e benefícios das normas sobre o trabalho que fazemos e também sobre as empresas com as quais nos relacionamos. As manipulações indevidas com as normas ganham força quando perdemos esta capacidade de observar os fatos reais e passamos a ver por meio somente dos relatórios oficiais. www.esab.edu.br 79 Para sua reflexão As normas são instrumentos que ajudam a organização na implantação e operação de um sistema de gestão de responsabilidade social. Mas elas podem ser prejudiciais se fizermos mau uso delas. Reflita sobre a importância da ética na aplicação dessas normas e como os valores da organização podem ajudar a extrair o que há de melhor desses documentos. A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. 13.1 Norma AA 1000 - APS Primeiramente, vamos estudar a norma AA 1000 Accountability Principles Standard – APS (Padrão de Princípios da Responsabilidade), lançada em 1999 e revisada em 2008 pelo Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA), uma organização não governamental com sede em Londres e formada por empresas, ONGs e organismos de pesquisa. Além da AA 1000 – APS, esse instituto lançou a norma AA1000 Assurance Standard – AS (Garantia do Padrão: serve para certificar profissionais com uma metodologia de avaliação das organizações, de modo a verificar se elas realmente aderem aos princípios de responsabilidade) e a AA1000 Stakeholder Engagement Standard – SES (Padrão de Engajamento das Partes Interessadas: tem como objetivo ajudar as organizações no engajamento das partes interessadas). Os princípios da AA 1000 – APS têm como pressupostos que a organização responsável adotará: • estratégia fundamentada em questões relevantes para ela e suas partes interessadas; www.esab.edu.br 80 • metas e padrões de desempenho sobre os quais a organização será avaliada; • meios de divulgação da informação sobre a estratégia, problemas e desempenho. A norma conta com 11 princípios que devem ser seguidos pela organização, agrupados em quatro áreas de referência. Vamos conhecer essas áreas e seus princípios? Os princípios que regem as quatro áreas Área 1 – Escopo e natureza do processo de organização Completude Inclusão imparcial das áreas apropriadas e atividades relacionadas com desempenho social e ético nos processos de contabilidade. Materialidade Inclusão de informação significativa que pode afetar as partes interessadas e sua avaliação do desempenho social e ético da organização. Regularidade e conveniência Disponibilidade de ação e informação sistemática dos processos de contabilidade, auditoria e relato social para apoiar a tomada de decisão da organização e partes interessadas. Área 2 – Significância da informação Garantia da qualidade Processo de auditoria da organização realizado por um auditor externo ou partes independentes e competentes. Acessibilidade Comunicação apropriada e efetiva para as partes interessadas da organização sobre seus processos de contabilidade, auditoria e relato social e ético e seu desempenho. Área 3 – Qualidade da informação Comparabilidade Capacidade de comparação de desempenho da organização com períodos anteriores, metas de desempenho, benchmarks externos, regulamentação e normas não obrigatórias. Confiabilidade Garantia para a organização e partes interessadas de informação íntegra e imparcial proveniente da contabilidade, da auditoria e do relato social e ético. Relevância Informação útil para a organização e partes interessadas para construção de conhecimento e suporte à tomada de decisão. Entendimento Garantia de compreensão da informação (incluindo questões de língua, estilo e formato) pela organização e partes interessadas. www.esab.edu.br 81 Área 4 – Gerenciamento do processo em base contínua Integração De informações ou sistemas, garantia de que os processos de contabilidade, auditoria e relato social e ético façam parte das operações, sistemas e políticas da organização e que não sejam apenas destinados à produção de relato social e ético. Melhoria contínua Ações tomadas, reconhecidas e externamente auditadas para melhorar o desempenho em resposta aos resultados dos processos de contabilidade, auditoria e relato social e ético, oferecendo oportunidade para o desenvolvimento contínuo do processo. Quadro 5 – Áreas e princípios da norma AA 1000. Fonte: Adaptado da Norma AA 1000 (1999). Com base nas áreas e princípios da norma, o processo de implantação da AA 1000 – APS segue um ciclo definido de atividades, constituído por cinco elementos: planejamento; contabilidade; auditoria e relato; integração; e engajamento das partes interessadas. Esse ciclo de implantação indica à organização a forma como o processo de implantação deve ser conduzido: o planejamento visa a garantir uma visão das atividades, das pessoas e dos recursos envolvidos ao longo do tempo; a contabilidade como setor de cômputo dos números para gestão e avaliação; as auditorias garantem a checagem periódica do sistema; a integração objetiva o reconhecimento da norma e de um comportamento coerente com ela; e o engajamento das partes interessadas é o elemento da norma que envolve as pessoas e garante sua participação dentro de todo o processo. 13.2 ABNT NBR 16001 A ABNT NBR 16001 é uma norma brasileira elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e constitui o nosso fórum nacional de normalização.Similarmente ao que ocorre com a ISO (International Organization for Standardization), na ABNT as normas também são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos. Assim como a norma ISO 14001 que você estudou no módulo anterior, a NBR 16001 também está fundamentada na metodologia conhecida como PDCA (Plan-Do-Check-Act). www.esab.edu.br 82 • Planejar (Plan): estabelecer os objetivos e processos necessários para se produzirem resultados em conformidade com a política de responsabilidade social da organização. • Fazer (Do): implementar os processos. • Verificar (Check): monitorar e medir os processos em relação à política de responsabilidade social e aos objetivos, às metas, aos requisitos legais, entre outros, além de reportar os resultados. • Atuar (Act): realizar ações para melhorar continuamente o desempenho ambiental, econômico e social do sistema da gestão. A metodologia PDCA é compatível com as organizações que trabalham estruturadas sob a forma de processos. Nos casos em que a organização ainda não possui processos definidos e em operação, é necessário primeiramente trabalhar sobre esse aspecto. A norma ABNT NBR 16001 se aplica a qualquer organização que deseje: • implantar, manter e aprimorar um sistema da gestão de responsabilidade social; • assegurar-se de sua conformidade com a legislação aplicável e com sua política de responsabilidade social; • apoiar o engajamento efetivo das partes interessadas. Além disso, ela se aplica à organização que tenha o interesse e a intenção de: • realizar autoavaliações e emitir autodeclarações de conformidade; • buscar confirmação de sua conformidade por partes que possuam interesse na organização; • buscar confirmação da sua autodeclaração por uma parte externa à organização; • buscar certificação do seu sistema da gestão de responsabilidade social por uma organização externa. www.esab.edu.br 83 Conheça agora os requisitos que devem ser satisfeitos pelas organizações que desejam ter seu sistema de gestão da responsabilidade social certificado de acordo com a NBR 16001: • política de responsabilidade social; • planejamento – partes interessadas e suas percepções; legislação; objetivos, metas e programas; recursos, regras, responsabilidade e autoridade; implementação e operação – competência, treinamento e conscientização; comunicação, controle operacional; • requisitos de documentação – manual do sistema de gestão da responsabilidade social; controle de documentos; controle de registros; • medição, análise e melhoria – monitoramento e medição; avaliação da conformidade; não conformidade e ações corretiva e preventiva; auditoria interna; análise pela alta administração. É importante saber que a adoção da NBR 16001 não elimina, engloba ou substitui o uso das normas da série ISO 9000 ou ISO 14000, cabendo às organizações a decisão de aplicá-la em conjunto ou separado, dependendo de suas necessidades estratégicas. www.esab.edu.br 84 Estudo complementar Procure na internet as normas técnicas que estamos estudando. Sugerimos que você abra os arquivos e visualize o conteúdo na íntegra dessas normas. Em alguns casos você conseguirá uma cópia para fazer download. Lendo esses textos, você ficará mais familiarizado com esse tipo de documento. A norma AA 1000 está disponível aqui. As normas NRB 16000 e ISO 26000 você encontrará neste site. Por fim, a norma SA 8000 você encontrará clicando aqui. Bons estudos! Com isso, finalizamos o estudo das normas AA 1000 e ABNT NBR 16001. Vamos estudar, na próxima unidade, duas outras normas que tratam do tema responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000. http://www.accountability.org/images/content/5/7/573/AA1000APS-2008-PT%28print%29.pdf http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp http://www.cpfl.com.br/parceiros_inovacao_tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_SA8000.pdf http://www.cpfl.com.br/parceiros_inovacao_tecnologica/documentos/Norma_Responsabilidade_Social_SA8000.pdf www.esab.edu.br 85 14 Normas orientadoras da responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000 Objetivo Apresentar os principais elementos das normas de gestão da responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000. Na unidade anterior, conhecemos duas normas norteadoras da gestão da responsabilidade social e seus principais elementos: AA 1000 e ABNT NBR 16001. Na unidade que se inicia, veremos outras duas normas que tratam do tema responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000. 14.1 SA 8000 A SA 8000 (Social Accountability, ou, em português, Responsabilidade Social) estabelece requisitos voluntários a serem atendidos por empregadores no ambiente de trabalho, incluindo os direitos dos trabalhadores e os sistemas de gestão. A SA surgiu porque a Social Accountability International (SAI), organização não governamental americana, buscou conceber um programa que possibilitasse às organizações os meios para assegurar aos seus clientes de que seus produtos seriam produzidos sob condições humanas de trabalho. Os elementos normativos desta norma são baseados na legislação nacional, nas normas internacionais de direitos humanos e nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A norma é basicamente composta por nove requisitos. Conheça agora os temas que são requisitos de responsabilidade social segundo a SA 8000: www.esab.edu.br 86 • trabalho infantil: não é permitido; • trabalho forçado: não é permitido; • saúde e segurança: devem ser asseguradas; • liberdade de associação e negociação coletiva: devem ser garantidas; • discriminação: não é permitida; • práticas disciplinares: não são permitidas; • horário de trabalho: não deve ultrapassar 48horas/semana, além de 12 horas extras/semana; • remuneração: deve ser suficiente. Observe que esta norma tem foco nas relações de trabalho internas, não sendo tão abrangente como as demais, que tratam de projetos e ações com a comunidade externa. Todavia, de forma semelhante às demais, a norma estabelece a necessidade de implantação de um sistema de gestão composto por: • uma política devidamente formulada e divulgada na organização; • um representante da alta administração formalmente estabelecido; • um representante do trabalhador, o qual representará os interesses dos trabalhadores junto à alta administração; • uma análise crítica pela alta administração; • controle de fornecedores, subcontratados e subfornecedores; • tratamento das preocupações e ação corretiva; • comunicação externa e engajamento de partes interessadas; • registros. 14.2 ISO 26000 Vamos agora estudar a Norma ABNT NBR ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Social? Diferentemente das normas ABNT NBR ISO 9001 e ABNT NBR ISO 14001, a ABNT NBR ISO 26000 não é uma norma para certificação, ou seja, ela serve apenas como um guia de diretrizes e não como base para obtenção de selos e certificados de responsabilidade socioambiental pelas empresas e outras organizações. www.esab.edu.br 87 A ISO 26000 traz orientações sobre conceitos, princípios, práticas e temas da responsabilidade social para todos os tipos de organizações. Ela procura contribuir para que o desempenho das organizações seja compatível com o desenvolvimento sustentável da sociedade, provocando e induzindo as organizações a irem além das suas obrigações legais e efetivamente tornando-se parte ativa desse desenvolvimento. O seu escopo apresenta os seguintes itens: • termos e definições; • compreensão da responsabilidade social; • princípios da responsabilidade social; • reconhecimento da responsabilidade social e engajamento das partes interessadas (stakeholders); • orientações sobre temas centrais da responsabilidade social; • orientações sobre a integração da responsabilidade social em toda a organização; • comunicação referente aos compromissos assumidos, desempenho e informações. No que se refere ao item sobre a compreensão da responsabilidade social,a norma tratou de resgatar de forma breve o histórico do movimento da responsabilidade social, mostrando que não se trata de algo estático, mas de um movimento em construção, que se adapta e evolui na medida em que mudam seus atores e o cenário no qual estão inseridos. Estudo complementar Leia o item da norma denominado “Compreensão da responsabilidade social” diretamente da norma ISO 26000, disponível no site, clicando aqui. Você terá outros elementos para complementar seu estudo. http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp www.esab.edu.br 88 No item sobre os princípios da responsabilidade social, a norma apresenta orientações sobre sete princípios de responsabilidade social destacados como importantes, são eles: responsabilidade, transparência, comportamento ético, respeito pelo que é importante para as partes interessadas, respeito pelo estado de direito, respeito pelas normas internacionais de comportamento e respeito pelos direitos humanos. Ao implementar a ISO 26000, não podemos encarar os princípios da responsabilidade social como meros requisitos a serem contemplados. É preciso refletir profundamente sobre cada um deles, sobre seus propósitos e fundamentos, para poder então estabelecer – e justificar sempre que necessário – as diretrizes a serem utilizadas nas situações reais vividas pelas organizações. No item sobre o reconhecimento da responsabilidade social e engajamento das partes interessadas, a norma indica que uma organização deve buscar compreender a natureza tríplice das relações em que está envolvida: • entre a organização e a sociedade; • entre a organização e as suas partes interessadas; e • entre as partes interessadas e a sociedade. No item que trata das orientações sobre temas centrais da responsabilidade social, a norma tratou de explicitar ao usuário os temas centrais da responsabilidade social, sobre os quais a organização pode identificar suas questões relevantes e estabelecer suas prioridades. Os temas centrais apresentados são: • governança organizacional; • direitos humanos; • práticas de trabalho; • meio ambiente; • práticas leais de operação; • questões relativas a consumidores; • envolvimento e desenvolvimento da comunidade. www.esab.edu.br 89 14.3 Orientações sobre a integração da responsabilidade social por toda a organização Esta seção é a parte da ISO 26000 que explora as ações, ou seja, “o que fazer”, e traz orientações práticas sobre uma série de aspectos de gestão abordados nas seções anteriores, como a necessidade de priorização entre os vários assuntos relevantes para a responsabilidade social de uma organização, a comunicação eficaz, os sistemas de monitoramento, controle e relatório de desempenho, entre outros. Para encerrarmos, saiba que a integração da responsabilidade social é o grande desafio proposto pela ISO 26000 para as empresas brasileiras. A responsabilidade social não se limita a programas de investimento social privado ou a um departamento específico. Implica, principalmente, na adoção de medidas objetivas, no estabelecimento de políticas e na estruturação de processos em toda a organização. A ISO 26000 fornece as diretrizes e ainda aponta algumas ferramentas disponíveis neste sentido. Na próxima unidade, vamos estudar sobre os desafios que as empresas enfrentam na hora de escolher a certificação adequada ao seu projeto de gestão socioambiental. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 90 15 Gestão socioambiental: desafios para sua implantação Objetivo Discutir sobre os principais desafios que envolvem o processo de implantação dos mecanismos de gestão. Como vimos, é grande a variedade de normas e certificações existentes no mercado e o desconhecimento sobre o tema muitas vezes é uma realidade. Por isso, antes de escolher qual caminho tomar, é preciso ler as opções e estudar os pontos positivos e negativos de cada uma delas, de acordo com o caso concreto no qual está se buscando investir, com relação a um sistema de gestão socioambiental. Segundo Stadler e Maioli (2011), existem algumas motivações pelas quais as empresas procuram certificar-se: globalização, diferencial competitivo, melhoria de processos produtivos, controle de recursos humanos, modismos e marketing. Complementarmente às motivações, os benefícios observados na implantação das normas são: a forma como os recursos são adequadamente utilizados; a maneira correta com que a produção é realizada, utilizando melhor o tempo e evitando desperdícios; a padronização na elaboração de produtos e serviços; o aumento de produtividade; uma educação continuada no ambiente empresarial que resulta em maior segurança para os colaboradores e em formas mais corretas de utilização dos equipamentos (STADLER; MAIOLI, 2011). Independentemente das razões pelas quais a empresa optou por implantar um sistema de gestão, depois de feita a escolha por uma norma e iniciado o processo, deve-se encará-lo com muita seriedade e saber que nos anos iniciais a eficiência e eficácia do sistema podem não ser evidentes porque os instrumentos ainda estão em fase de ajustes. www.esab.edu.br 91 Os principais desafios na implantação dos mecanismos de gestão que vamos trabalhar aqui são: 1. identificação de valores internos; 2. criação da política; 3. diagnóstico de demandas; 4. elaboração de procedimentos e projetos; 5. implantação de procedimentos e projetos; 6. definição de indicadores; 7. avaliação periódica e melhoria contínua. Os valores internos dão vida aos sistemas de gestão, portanto sem eles não é possível implementar qualquer sistema. A partir dos valores bem definidos e incorporados pela alta administração, é possível que a organização defina sua política do sistema de gestão, a qual será amplamente divulgada internamente, com o objetivo de que todos os funcionários conheçam e internalizem as intenções e diretrizes da organização para com o sistema. A política também pode e deve ser divulgada para os stakeholders, que desta forma poderão também conhecer o que a organização considera mais valoroso dentro de seu sistema de gestão socioambiental e a mensagem que a alta administração quer passar. Saiba mais Conheça as políticas de algumas empresas, tais como a política de meio ambiente da Natura; a política de responsabilidade social da Comissão Estadual de Energia Elétrica – Estado do Rio Grande do Sul (CEEE); e a política de meio ambiente da TetraPak. Disponíveis aqui, aqui e aqui. O diagnóstico das demandas é outro fator importante e crítico no sistema de gestão. Desse diagnóstico parte-se para o planejamento das atividades de implantação. Nesta etapa, é hora de olhar para a http://www2.natura.net/Web/Br/Inst/src/Politic.asp http://www.ceee.com.br/pportal/ceee/Component/Controller.aspx?CC=23715 http://www.tetrapak.com/br/sustentabilidade/meio_ambiente/politica_meioambiente/Pages/default.aspx www.esab.edu.br 92 organização e ver quais são as necessidades, os fatores críticos, as oportunidades e as soluções disponíveis. Nenhuma organização é igual à outra, nem mesmo quando comparamos duas empresas do mesmo ramo de atividade. Suas características genéricas podem ser similares, porém existem os fatores próprios e internos que diferenciam umas das outras, por exemplo: o ambiente natural onde está inserida, o perfil da alta administração, o município sede, a relação com fornecedores, o tratamento com os funcionários, a gestão financeira etc. A escolha de estratégias e planos de ação no que diz respeito à responsabilidade socioambiental, portanto, varia bastante; e também influencia o grau de adaptação da organização a essas políticas. Existem organizações que estão adaptadas e já possuem diversositens em acordo com o sistema de gestão que será implantado. Por outro lado, existem as empresas que ainda não estão preparadas para operarem baseadas em conceitos de responsabilidade socioambiental, ou operarem por processos. Estas últimas terão um processo de implantação mais custoso e demorado. Faz parte do diagnóstico, levantar e conhecer as necessidades e expectativas dos stakeholders. Essas demandas também farão parte do diagnóstico e necessitarão de ações por parte da empresa dentro do seu plano de ação. Um fator que demanda arranjos dentro de organização, alocação de recursos humanos e financeiros é a elaboração de procedimentos e projetos. Essa é uma etapa mais lenta, participativa, e que exigirá dos funcionários uma predisposição para contribuir com seu conhecimento em prol do desenvolvimento de novas formas de trabalho ou ainda de projetos que visam a solucionar problemas. Uma vez que os procedimentos e projetos são elaborados, devem ser implantados e executados paulatinamente. Para isto acontecer de forma adequada, é necessário um bom planejamento, cronograma e boa capacidade de comunicação. www.esab.edu.br 93 Para sua reflexão Trabalhar em uma empresa que possui um sistema de gestão implantado significa assumir o compromisso de realizar seu trabalho conforme os procedimentos descritos. Para muitos isso pode representar um grande desafio, pois implica realizar rotinas bem definidas. Será que todos se adequam a esse tipo de trabalho? Reflita sobre isso. A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Por sua vez, a definição de indicadores é crucial para promover um ambiente adequado de avaliação. Só é possível avaliar aquilo que é mensurado. Vamos criar um exemplo para entendermos como se aplicam os indicadores? Exemplo: Vamos supor que foi criado um procedimento para monitoramento do consumo de água na linha de produção de uma empresa. O procedimento determinou os pontos do processo que consomem água e o que deveria ser feito para reduzir esse consumo. Vejamos: • a empresa instalou novas máquinas, mais modernas, que consomem metade da água que as antigas máquinas consumiam; • os funcionários foram treinados para operar esses novos equipamentos e para fazer a manutenção periódica deles, de modo que tenham sempre a eficiência esperada; • para garantir que os resultados esperados sejam alcançados e mantidos, foram implantados formulários para os funcionários registrarem diariamente o consumo de água do equipamento e também os dias em que as manutenções são executadas. www.esab.edu.br 94 Com base nesses registros, o responsável pelo setor acompanha a eficácia e o retorno do investimento nas novas máquinas e poderá informar o volume de água reduzido e a economia efetiva de recursos naturais e financeiros ao seu superior. Para isto serve a implantação de indicadores: para medir a eficácia do sistema, seus investimentos e retornos. A avaliação periódica e definição de ações que visam a melhorar todo esse mecanismo são etapas importantes que darão êxito à implantação do processo de gestão. O monitoramento e ajustes na operação são tarefas cruciais, principalmente nos primeiros anos do sistema, todavia farão parte dele permanentemente. Aqui uma análise inteligente dos indicadores e dos registros do sistema é fundamental. Implementando essas ferramentas é que garantimos a melhoria contínua do sistema de gestão, cuja estrutura conceitual já foi apresentada anteriormente. Lembre-se de que o objetivo final da implantação de um sistema de gestão socioambiental é de melhorar efetivamente a relação da empresa com o meio ambiente e a sociedade, e isso deve ser mensurado, calculado e visto na prática. Saiba mais Assista ao vídeo “Implantando um SGA”, produzido pela empresa de Gestão Ambiental Verde Gaia, que explica de forma didática sobre a implementação da NORMA NBR ISO 14001 em qualquer organização. Disponível aqui. Depois de estudar a fase de implantação dos sistemas de gestão, a seguir, na unidade 16, vamos analisar a fase de operação desses sistemas. http://www.youtube.com/watch?v=EGLcylFGmDo www.esab.edu.br 95 16 Gestão socioambiental: gerenciamento Objetivo Demonstrar o processo de operação da gestão socioambiental e os principais elementos envolvidos. Após estudarmos na unidade anterior alguns aspectos importantes sobre a fase de implantação dos sistemas de gestão, vamos agora nos debruçar sobre outra fase, a de operação desses sistemas. Nesta unidade vamos considerar as seguintes atividades da fase de operação: • treinamento e desenvolvimento dos funcionários; • atualização contínua da documentação do sistema; • acompanhamento do resultado pelos responsáveis; • canal de comunicação; • auditorias internas e externas. 16.1 Treinamento e desenvolvimento dos funcionários Segundo a norma ABNT NBR 16.001 (2004), item 3.4.1, – Competência, treinamento e conscientização e a norma SA 8000 (2008), item 9.5 – Planejamento e implementação, a organização deve identificar as necessidades de treinamento referente ao seu sistema da gestão da responsabilidade social e fornecer o treinamento ou adotar ações para atender às necessidades levantadas. No aspecto formal do treinamento, os sistemas de gestão devem garantir que cada um esteja apto a desenvolver bem as atividades que lhe cabem. Seja por meio de treinamentos externos, internos ou ainda por meio de dicas e trocas de experiências com os mais velhos, o fluxo da capacitação precisa estar em movimento. www.esab.edu.br 96 Além de possibilitar ao funcionário a capacitação, a empresa precisa acompanhar os resultados obtidos com o treinamento. Esse é um aspecto não muito simples de ser posto em operação, todavia é necessário. Diante do sistema de gestão e suas exigências de documentação, cada um terá sua ficha de treinamento e desenvolvimento contendo os registros de ações desse tipo desenvolvidos. Ainda segundo a norma ABNT NBR 16.001, a organização deve manter registros referente à educação, treinamento e experiência dos seus funcionários. Estudos apontam que empresas socialmente responsáveis, que possuem projetos voltados às comunidades carentes e que desenvolvem também atividades em prol do meio ambiente, conseguem passar aos seus funcionários mais prazer e orgulho por fazer parte dessas organizações. A ideia é que a responsabilidade social e ambiental, além de repercutir medidas diretas aos colaboradores, também reverta em motivação para o trabalho. 16.2 Atualização contínua da documentação do sistema Este é um aspecto importante e necessita de um monitoramento constante, pois as normas possuem uma série de requisitos que, ao serem implementados, resultam na elaboração de muitos procedimentos e formulários. www.esab.edu.br 97 Dica Consulte a ABNT NBR 16.001 (2004), item 3.5 – Requisitos e documentação e a norma SA 8000 (2008), no item 9.8 – Controle de Fornecedores/ Subcontratados e Subfornecedores. Além disso, em outros itens espalhados pela norma, você verá as necessidades de documentação do sistema de gestão. Os documentos e formulários do sistema de gestão não podem ficar desatualizados nos pontos de uso e consulta pelos funcionários. Principalmente nos primeiros anos, a documentação do sistema passa por muitas alterações, visando a ajustar-se aos processos, que por sua vez também são passíveis de alterações visando à melhoria contínua das atividades. Quando ocorre alguma alteração na documentação do sistema, é necessário que se recolham os documentos desatualizados de circulação. O responsável, ou responsáveis, deve estar atento e fazer as substituições imediatamente após ter conhecimento da alteração. Por exemplo, imagine que existe um procedimento descrito para os colaboradores solicitarem a participação em eventos externos que foi alterado. Antes de solicitar diretamente a participação ao seu gestor, digamosque a empresa definiu que é necessário fazer uma consulta ao RH, no qual uma pessoa está gerenciando os resultados da empresa na participação de eventos externos. Mas o funcionário interessado e seu gestor direto não souberam dessa alteração de procedimento e, portanto, não consultaram o RH. Quando a solicitação de recursos chegou ao departamento financeiro, não passou justamente porque não tinha a aprovação do RH. Com esse exemplo, ficou mais claro como os documentos do sistema de gestão são importantes e que a desatualização deles pode gerar transtornos para as pessoas da organização e, ao final, para ela mesma. www.esab.edu.br 98 16.3 Acompanhamento dos resultados pelos responsáveis Para os gestores de área, coordenadores ou supervisores, enfim, todos aqueles que têm um papel de acompanhamento e análise de resultados operacionais, é muito importante garantir que os dados e informações que estão chegando sejam adequados, suficientes e confiáveis. Por outro lado, esses funcionários também têm a responsabilidade de acompanhar e analisar essas informações de forma permanente, sempre conduzindo o processo da forma mais eficaz e eficiente possível. As normas ABNT NBR 16001 (2004), SA 8000 (2008) e AA 1000 – APS (2008) prescrevem a avaliação contínua do sistema de gestão. O item 9.4 da SA 8000 (2008, p. 8), por exemplo, menciona que “A alta direção periodicamente deve analisar criticamente a adequação, pertinência e a contínua eficácia da política da empresa, dos procedimentos e dos resultados de desempenho”. Já a ABNT NBR 16001 (2004, p. 7), em seu item 3.6.1 – Monitoramento e Medição, menciona que: A organização deve estabelecer, implementar e manter procedimentos documentados para monitorar e medir, em base regular, as características principais de suas relações, processos, produtos e serviços que possam ter um impacto significativo. Tais procedimentos devem incluir o registro de informações para acompanhar o desempenho, controles operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas da responsabilidade social da organização. Sem dúvida, um dos grandes benefícios que os sistemas de gestão trazem para as organizações é a possibilidade de gerar informações de forma organizada e permanente. Estes registros de dados, cômputo e relatórios geralmente foram definidos por especialistas acompanhados pelos próprios gestores, organizados de modo que possam cumprir com a função de gerar informações para a tomada de decisão. www.esab.edu.br 99 O acompanhamento dos dados é importante e pode revelar problemas operacionais logo no início, antes que se transformem em algo mais grave e dispendioso. Vamos ver um exemplo para ilustrar o que estamos falando? Exemplo: Certa vez, uma estagiária estava trabalhando em uma indústria de vestuário e um dia recebeu diversas reclamações da comunidade do entorno sobre o mau cheiro que a empresa estava emitindo naquela manhã. Ela deslocou-se até a estação de tratamento de efluentes para ver se estava acontecendo algo de errado por lá. Chegando à estação, viu que o operador estava agitado e preocupado com um dos reatores, que parecia estar com a saída bloqueada há algum tempo e, consequentemente, o efluente que deveria ter saído da estação de tratamento ainda estava lá, causando o mau cheiro naquela manhã. Esse problema desestabilizou uma parte considerável da estação de tratamento de efluentes e ações urgentes precisaram ser tomadas. O chefe da estagiária reuniu a equipe, verificou todas as informações e planejou as ações para colocar novamente a estação em operação regular, o que demandaria ações ao longo de duas semanas. Depois de descobrir a causa e encaminhar a resolução do problema, o chefe mostrou os registros de operação da estação à estagiária, sendo possível verificar que os parâmetros de monitoramento diários tinham acusado alteração no nível de DBO5 (demanda bioquímica de oxigênio, parâmetro de monitoramento de uma Estação de Tratamento de Efluentes – ETE) há quatro dias e que, se o operador tivesse visto e repassado a informação ao setor técnico, poderiam ter sido evitados o incômodo à comunidade, a degradação ambiental por emissão de efluentes fora do padrão, bem como os custos com a operação de readequação da ETE, tornando mais simples a resolução do problema. Portanto, os registros, o acompanhamento e a análise das informações são atividades complementares e vitais ao desempenho de uma organização. www.esab.edu.br 100 16.4 Canal de comunicação A comunicação é essencial para todas as organizações, tanto que foi abordada pelas normas ABNT NBR 16001 (2004), item 3.4.2 – Comunicação; SA 8000 (2008), item 9.13 – Comunicação Externa e Engajamento de Partes Interessadas; e ISO 26000 (2010), item 7.5 – Comunicação sobre responsabilidade social. A norma AA 1000 – APS (2008) prevê um princípio para falar do assunto, denominado entendimento, o qual se refere à garantia de compreensão da informação (incluindo questões de língua, estilo e formato) pela organização e partes interessadas. Neste processo não é importante somente a informação disponibilizada, mas principalmente a forma como a comunicação se dá: se a linguagem está adequada ao público para o qual está voltada, se é feita a checagem de que todos entenderam o que foi comunicado e se o objetivo da comunicação foi atingido ao final. Desenvolver uma comunicação adequada no ambiente de trabalho é fundamental para o desenvolvimento da organização. Os sistemas de gestão precisam contar com um bom sistema de comunicação que lhes permita um canal limpo e eficaz de transmissão de informação e conhecimento. 16.5 As auditorias internas e externas As auditorias, tanto internas como externas, são ferramentas previstas pelos sistemas de gestão que servem para fazer um levantamento, por amostragem, sobre a situação de operação do sistema. As auditorias são uma espécie de “checagem” ou “vistoria” sobre as rotinas da organização. A norma ABNT NBR 16001 (2004), por exemplo, no item 3.6.4 – Auditoria interna, diz que a organização deve determinar os “[...] critérios, escopo, frequência e métodos de auditoria”. Ao estabelecer o escopo, a equipe de auditoria (ou o auditor) seleciona os processos e registros que vai auditar e os verificam por amostragem. A mesma norma define que “[...] a seleção dos auditores e a execução de auditorias devem assegurar a objetividade e a imparcialidade do processo de auditoria” (ABNT NBR 16001, 2004, p. 9). Os departamentos são avisados sobre www.esab.edu.br 101 a data de realização das auditorias, mas desconhecem sobre o conteúdo previsto (escopo) para auditagem. Quando a auditoria é interna, ela é realizada por funcionários da própria organização. As internas são realizadas geralmente antes das auditorias externas e servem para levantar parâmetros de ajuste para a organização se preparar para a auditoria externa. A auditoria externa é aquela realizada pelo órgão certificador e serve para atestar se a organização está operando de forma adequada o sistema de gestão e, portanto, pode permanecer ou não com a certificação. Ao final de um processo de auditoria, é elaborado um relatório pelos auditores no qual constam os registros do que observaram, bem como as não conformidades encontradas. Esse relatório é discutido em reunião com a alta administração, e as ações corretivas e/ou preventivas que devem ser tomadas para ajustar ou melhorar as atividades dos departamentos são definidas. Os formulários de registro de não conformidade podem ser emitidos a qualquer tempo dentro da organização, todavia são ferramentas-chave no processo de auditoria. Atividade Chegou a hora de você testar seus conhecimentos em relação às unidades 9 a 16. Para isso, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responda às questões. Além de revisar o conteúdo, você estará se preparando para a prova. Bom trabalho! Agora que já estudamos alguns sistemas de gestão ambientale sua operacionalização, resta saber onde podemos encontrar recursos financeiros através de investimentos para apoiar tais sistemas. Este será o tema da nossa próxima unidade. www.esab.edu.br 102 17 Investimentos e índices de sustentabilidade Objetivo Apresentar os principais investimentos e índices de sustentabilidade existentes no mercado. Depois de estudar os sistemas de gestão, agora vamos entrar no assunto dos fundos de investimento e índices de sustentabilidade. Certamente você vai aprender muita coisa interessante nesta unidade. Bom estudo! 17.1 Fundos para investimentos em projetos ambientais No Brasil temos o Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), que beneficia os estados e os municípios, promovendo condições para o desenvolvimento de projetos ambientais e a prática da gestão ambiental descentralizada. Ele pode receber recursos por meio de doação, recolhimento de multas ambientais e ainda de outras fontes. O Fundo visa a trabalhar em parceria com as ONGs, o setor público e privado (BRITO; CÂMARA, 1998). Outra fonte de financiamento importante para projetos ambientais é o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), o qual é o maior mecanismo financeiro do mundo voltado para as questões ecológicas. Em meados de 1996, o GEF destinou US$ 30 milhões para projetos ambientalistas no Brasil com o objetivo de financiar ações para os próximos 15 anos. Fazem parte do GEF, criado na ECO 92, mais de 70 países, dentre eles vários em desenvolvimento, inclusive o Brasil (BRITO; CÂMARA, 1998). Apesar de vários instrumentos de apoio financeiro às ações de meio ambiente, a falta de recursos financeiros para implementar projetos ambientais constitui-se ainda um dos maiores entraves para a implantação do Sistema Nacional de Meio Ambiente (BRITO; CÂMARA, 1998). www.esab.edu.br 103 17.2 Investimentos na Bolsa de Valores Existe um perfil específico de uma série de investidores de Bolsa de Valores (pessoas, empresas, associações etc.) que buscam fazer seus investimentos em ações de organizações que possuam ou promovam de alguma forma o desenvolvimento sustentável em seus negócios e que sejam rentáveis, os chamados Investidores Socialmente Responsáveis (SRI), segundo Stadler e Maioli (2011). Como estes fatores de acompanhamento estavam um pouco dispersos, foram criados alguns índices de sustentabilidade em Bolsa de Valores, como é o caso da Dow Jones Sustainability Index – DJSI (Índice de Sustentabilidade Dow Jones), da Bolsa de Valores de Nova Iorque); a FTSE 4Good, da Bolsa de Valores de Londres, juntamente com o Financial Times; e do Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE da BM&F Bovespa, no Brasil (STADLER; MAIOLI, 2011). De acordo com os autores citados, esses indicadores sevem de parâmetro para profissionais interessados em investir somente em organizações que possuam um compromisso com o desenvolvimento sustentável e cuja chancela tenha sido fornecida por uma instituição com credibilidade, como é o caso da Bolsa de Valores. Vejamos com mais detalhes dois dos índices mencionados. 17.3 Índice de Sustentabilidade da Dow Jones (DJSI) A Bolsa de Valores de Nova Iorque foi a primeira a instituir um índice de sustentabilidade em seus produtos, incluindo ações de 318 empresas de 24 países (em 2005). A seleção é feita com base em critérios ambientais, sociais, econômicos e indicadores de governança corporativa. O DJSI seleciona empresas com melhor rendimento em cada um dos setores econômicos, exceto companhias do setor de defesa que atuem na venda de armas (STADLER; MAIOLI, 2011). www.esab.edu.br 104 17.4 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) Foi criado em associação a diversas entidades e seu objetivo consiste em realizar tecnicamente a gestão de uma carteira de ações de empresas que reflitam alto grau de comprometimento com a responsabilidade socioambiental. Os participantes são selecionados após responderem ao questionário que o Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) envia a companhias que emitem as ações mais líquidas da Bovespa. No site da Bovespa, encontramos o modelo de questionário que é aplicado à empresa que deseja vincular-se ao ISE. Conforme Stadler e Maioli (2011), nesse portal também se encontram os critérios de inclusão e exclusão de ações deste índice. Essas organizações geralmente possuem projetos de inserção da comunidade a que pertencem relacionados a alguma destas áreas: meio ambiente, voluntariado, saúde, cultura, educação, apoio à criança e ao adolescente, entre outros, os quais refletem a sua capacidade de assumir compromissos com a sociedade e cumpri-los. Possuem certificações independentes que atestam a confiabilidade dos processos, serviços e produtos oferecidos ao consumidor e possuem um controle de dados relativos à produção facilmente verificáveis (STADLER; MAIOLI, 2011). De acordo com esses autores, o ISE reflete o retorno financeiro para os investidores em ações das empresas nas quais, pelo menos no caso brasileiro, é mais lucrativo investir, pois elas apresentam inúmeras vantagens competitivas em relação às demais organizações. Esse índice comprova às organizações que fazer o bem também pode ser lucrativo, além de socialmente responsável. www.esab.edu.br 105 Para sua reflexão Você já parou para pensar que outra forma de promover o avanço das empresas socialmente responsáveis está nas mãos dos investidores? Quanto mais os investidores observarem razões para investir nessas organizações, mais forte estará se tornando este tipo de empresa e a sociedade toda ganha com esse processo. A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. 17.5 Indicadores Ethos De acordo com Nascimento, Lemos e Mello (2008), o Instituto Ethos dispõe de um guia de elaboração do balanço social de uma empresa. Esse guia não representa um sistema de gestão, mas uma ferramenta de gestão que propõe a padronização de relatórios para a apresentação de indicadores de responsabilidade social. Segundo os mesmos autores, a proposta é que o relatório contenha informações sobre o perfil do empreendimento, o histórico da empresa, seus princípios e valores, governança corporativa, diálogo com as partes interessadas e indicadores de desempenho econômico, social e ambiental, o chamado Triple Bottom Line (TBL ou 3BL). Esse relatório utiliza dados que possam ser expressos em valores financeiros ou na forma quantitativa. Nem sempre correlacionar fatores financeiros com fatores socioambientais permite uma avaliação correta. Contudo, a construção de índices auxilia nas análises comparativas, seja da própria empresa ao longo de um período, seja entre empresas de um mesmo setor. Os indicadores dividem-se em sete temas, os quais são subdivididos em áreas, e cada área possui seus aspectos. Os sete temas do relatório são: 1. valores, transparência e governança; 2. público interno; www.esab.edu.br 106 3. meio ambiente; 4. fornecedores; 5. consumidores e clientes; 6. comunidade; e 7. governo e sociedade (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008). 17.6 Global Reporting Initiative (GRI) A Global Reporting Initiative, em português, Iniciativa Global de Informação (GRI), trabalha em cooperação com o Global Compact, uma iniciativa do ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. Seu objetivo é buscar uma padronização na elaboração dos relatórios de sustentabilidade e difundir internacionalmente essa padronização. Consoante Nascimento, Lemos e Mello (2008), a proposta de relatório de sustentabilidade apresentada pela GRI considera 11 princípios: transparência, inclusão, auditabilidade, abrangência, relevância, contexto de sustentabilidade, exatidão, neutralidade, comparabilidade, clareza e periodicidade. Um relatório de sustentabilidade para ter credibilidade deve ser claro, manter a periodicidade, ser auditável e, sobretudo,ter veracidade. Assim como o Instituto Ethos, o GRI não apresenta uma metodologia de gestão, mas um instrumento que permite a sistematização do conceito de sustentabilidade e facilita o diálogo com os stakeholders. Cada organização pode criar seus próprios indicadores, adequados à sua realidade específica, porém é interessante que sejam utilizados os indicadores padrão, a fim de facilitar a comparação com outras organizações (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008). Na próxima unidade, vamos tratar sobre rotulagem ambiental. Você já ouviu falar sobre isso? Certamente você vai se surpreender em saber como ela já faz parte da sua vida. www.esab.edu.br 107 18 Rotulagem ambiental no contexto dos negócios verdes Objetivo Relacionar o conceito de rotulagem ambiental e exemplos de negócios existentes. Vamos agora estudar a rotulagem ambiental, os populares selos verdes que estão cada vez mais numerosos aqui no Brasil e no mundo. A rotulagem ambiental, também conhecida como selo verde, visa a dar informações ao consumidor a respeito de um determinado produto e se caracteriza por um processo em que é priorizada a seleção de matérias-primas e um modelo de produção de acordo com especificações ambientais. Em linhas gerais, o selo verde foi criado para identificar os produtos e serviços concebidos de forma a gerar menos impactos ao meio ambiente em relação aos seus similares. Figura 10 – Exemplos de selos verdes. Fonte: <www.ecodesenvolvimento.org>. Devido aos problemas ambientais que enfrentamos atualmente e à relação direta com o consumo de produtos industrializados, o número www.esab.edu.br 108 de consumidores mais conscientes cresce a cada dia. A população se motivou em fazer a sua parte para modificar ou amenizar esta situação de conflitos e riscos ambientais. Escolher comprar produtos certificados, que comprovam ter sido feitos de forma ambientalmente menos impactante, é um poder que eles têm de influenciar diretamente as corporações. Os selos verdes vieram responder a esta necessidade de informar os consumidores sobre produtos que lhes atraem mais no momento da compra devido ao respeito com o meio ambiente e com a sociedade. O conceito de programas de rotulagem ambiental e a instituição do selo verde para determinadas categorias de produtos é uma perspectiva muito forte e assim deverá continuar. Para desenvolver esses produtos, as empresas lançam mão da análise do ciclo de vida do produto, cujo conceito apresentamos sucintamente na unidade 11, quando percorremos todas as normas da série ISO 14000. Vamos relembrar? A análise do ciclo de vida de um produto é um procedimento que aborda todas as etapas de produção de um produto até seu destino final. São elas: • a extração da matéria-prima; • o processamento da matéria-prima; • a produção; • a distribuição; • o uso; • o reúso (quando necessário); • a manutenção; • a reciclagem; • a eliminação. O produto ambientalmente certificado passa por uma fase de estudos e desenvolvimento que consiste em analisar e empreender modificações que possam representar menos impactos ambientais, seja na fase de extração de matéria-prima, de produção, ou ainda de reciclagem e eliminação. Alguns selos são concedidos por organismos certificadores independentes, já outros são autodeclaratórios, ou seja, colocados nos produtos pelos seus próprios fabricantes. Atualmente existe um grande número deles, www.esab.edu.br 109 por isso é importante se informar antes de formar uma opinião sobre o assunto. De acordo com um levantamento feito por Tachizawa (2011), alguns programas independentes e não governamentais de rotulagem ambiental são: Green Seal (ONG dos Estados Unidos, onde não existe um programa governamental de rotulagem ambiental); Bra Miljoval (Suécia); e a Marca Aenor Medio Ambiente (Espanha). Alguns programas criados na esfera governamental são: ABNT – Qualidade Ambiental (Brasil); Blau Engel (Alemanha); Environmental Choice Program (Canadá); Ecomark (Japão); Nordicswan (Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia); Ecomark Program (Índia), NF – Environmente (França), Umweltzeinchen (Áustria), Eco Label (União Europeia); Eco Label (Coreia); Stichting Milieukeur (Países Baixos), Greenlabel (Singapura); Environmentally Friendly (Croácia); Environment Friendly Product (República Tcheca); Green Mark (Taiwan); Environmental Choice (Nova Zelândia). Quantos, não é mesmo? Vamos discorrer um pouco sobre alguns deles? A primeira iniciativa para estabelecimento do selo verde brasileiro, segundo aponta Tachizawa (2011), é datado de 1990, quando a ABNT propôs ao Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental a implementação de uma ação conjunta. Após a conferência do Rio (Eco 92), a Finep (Agência Brasileira da Inovação) selecionou o projeto de Certificação Ambiental para Produtos da ABNT. O programa tem duas diretrizes básicas: ser desenvolvido de forma adequada à realidade brasileira, com vistas a desempenhar papel de instrumento de educação ambiental no mercado interno; e ser compatível com modelos internacionais para que possa transformar-se em instrumento de apoio aos exportadores brasileiros. Segundo o mesmo autor, os princípios definidos nas normas ISO 14020, 14021 e 14024 (selo verde) são: caráter voluntário; consideração da legislação pertinente; seletividade, em que apenas pequena parcela do mercado obterá o selo; revisão periódica de critérios; transparência; financiamento transparente; procedimentos de avaliação e conformidade; acesso amplo ao programa; objetividade dos estudos de apoio; custos não www.esab.edu.br 110 discriminatórios para pequenas e médias empresas, aptidão para o uso; e características ambientais dos produtos. Os programas de rotulagem ambiental exercem impactos diferenciados em função do setor econômico ao qual pertence a organização, e especificamente sobre a cadeia produtiva que é o ciclo de processos sistêmicos proposto no modelo de gestão ambiental e de responsabilidade ambiental (TACHIZAWA, 2011). Saiba mais A matéria “Quais são os principais selos ecológicos do mercado?”, publicada na revista Vida Simples em setembro de 2008, aponta que existem mais de 30 certificadoras verdes no País, mas essa diversidade de selos pode confundir. Para saber mais, clique aqui. Já o programa de rotulagem ambiental da Alemanha, segundo Tachizawa (2011), foi criado em 1977 e era de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear. Foi o pioneiro na implementação de selos verdes e serviu de modelo para a iniciativa de outros países. O rótulo ambiental alemão é representado pelo “anjo azul”, símbolo das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e contém a descrição da razão pela qual foi concedido o rótulo, pelo baixo nível de contaminação ou de ruído, conteúdo 100% reciclado, ou outros parâmetros sobre os quais tenha sido avaliado. Figura 11 – Selo alemão anjo azul. http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_298573.shtml www.esab.edu.br 111 Fonte: <www.blauer-engel.de>. Tachizawa (2011) também comenta sobre programas realizados em outros países como Canadá e Nova Zelândia. O programa de rotulagem ambiental do Canadá foi criado em 1988 pelo Ministério do Meio Ambiente, sob a égide da lei de proteção ambiental, com a cooperação alemã. É um programa governamental administrado pela Terra Choice Environmental Services Inc., empresa privada responsável, mediante delegação do Ministério do Meio Ambiente (que retém a propriedade, o controle e o gerenciamento do programa) pela concessão do selo e financiamento do programa. O selo é conhecido popularmente como “Ecólogo” e, assim como o selo alemão, contém dizeres que explicam as razões pelas quais foi concedido. A Nova Zelândia iniciou seu programa de rotulagem ambiental em 1990, em bases similares ao programa alemão e canadense. Os princípios básicos do programa são os de promover produtos que contribuam para diminuir o consumo de energia,reduzir a geração de subprodutos perigosos e promover a reciclagem e reutilização. Com relação à França, esta adotou um programa nacional de rotulagem ambiental em 1991, com a instituição do Comitê de Rotulagem Ambiental. Os princípios básicos que orientam o programa são: a conferência dos selos após rigorosa verificação de cumprimento dos critérios relevantes de certificação; estabelecimento dos procedimentos de avaliação e monitoramento para assegurar que os produtos rotulados atendam aos requisitos; e acesso pelos consumidores à informações sobre o selo. Por sua vez, a União Europeia também criou, em 1987, seu programa de rotulagem ambiental, denominado selo ambiental comunitário, sendo que os países europeus que possuem selos próprios também possuem o selo da União Europeia em paralelo. O objetivo do selo ambiental comunitário é promover o desenho, a produção, a comercialização e o consumo de produtos com reduzido efeito ambiental durante todo o ciclo de vida e informar melhor os consumidores sobre o impacto dos produtos no meio ambiente (TACHIZAWA, 2011). http://www.blauer-engel.de/en/blauer_engel/image-library/library.php www.esab.edu.br 112 Figura 12 – Selos verdes usados em outros países. Fonte: <www.ideiasustentavel.com.br>. É importante que você saiba que a crescente proliferação de rótulos ambientais também gerou vários problemas. Pelo fato de possuírem diversas origens, os parâmetros de certificação acabam ficando abertos para gostos pessoais, ou de um grupo, ou de uma organização ou de um país. Por isso, o consumidor deve estar atento e procurar informações sobre os selos ambientais, os parâmetros utilizados para a certificação e conhecer as diferenças entre os diversos selos. www.esab.edu.br 113 Resumo Nas unidades 13 e 14, apresentamos as normas orientadoras da responsabilidade social: AA 1000, ABNT NBR 16001, SA 8000 e ISO 26000. Introduzimos cada uma delas e seus principais elementos. Também vimos, nas unidades 15 e 16, os desafios para implantação dessas normas de gestão e seu gerenciamento quando à operação do sistema de gestão socioambiental. Já na unidade 17, apresentamos os principais fundos de investimento e índices de sustentabilidade e responsabilidade social existentes no mercado. Por último, na unidade 18, você tomou contato com o tema da rotulagem ambiental no contexto dos negócios verdes, que tratou de apresentar os selos verdes existentes pelo mundo. Estas unidades foram bastante densas, com muito conteúdo de estudo, por isso sugerimos que você dedique tempo para estudar todos os assuntos tratados e que interaja com seus tutores e colegas para compreender melhor os assuntos. As certificações ambientais são temas atuais que contribuem para a implantação de empresas responsáveis social e ambientalmente. www.esab.edu.br 114 19 Responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva Objetivo Mostrar as formas de analisar e aplicar a responsabilidade social e ambiental na cadeia produtiva. Nas últimas unidades estudamos sobre as normas e certificações de responsabilidade social. Nesta unidade, vamos estudar sobre a responsabilidade social e o meio ambiente na cadeia produtiva, fornecendo-lhe exemplos para tratar a questão. A cadeia produtiva é o conjunto de etapas pelas quais um produto passa até que esteja disponível para nós, consumidores, no local de venda. Ao longo desse trajeto, os insumos (elementos que compõem o produto ou que são utilizados na sua fabricação) sofrem as transformações necessárias resultando no produto acabado. De outro ponto de vista, a cadeia produtiva pode ser compreendida como um sistema constituído pelo conjunto de funções técnicas envolvidas desde a extração da matéria- prima até a produção e o consumo final. Como vimos na definição de análise do ciclo de vida de um produto nas unidades 11 e 18, nas quais, de fato, também acompanhamos todas as etapas de produção e distribuição do produto até ele chegar aos pontos de venda. Só que, quando analisamos tal ciclo, também consideramos as etapas posteriores à venda como a utilização do produto e a disposição final, a reciclagem ou outro fim possível. Adicionalmente, no caso da análise do ciclo de vida, estamos focando nos aspectos ambientais de cada fase do produto; mas quando falamos de cadeia produtiva, estamos analisando o negócio (business) por completo. Independentemente da fase em que se encontra a produção do produto ou de seus insumos, a corporação responsável acompanha os elementos ambientais e sociais implicados, de forma a garantir, por toda a cadeia, www.esab.edu.br 115 adequados tratos às pessoas e à natureza. Vejamos, a seguir, exemplos de como certos problemas de natureza socioambiental foram identificados ao longo da cadeia de produção em diferentes casos. 19.1 Problemas identificados no início da cadeia produtiva As grandes empresas siderúrgicas produtoras de aço utilizam carvão vegetal como combustível em seus fornos. Em 2004, no interior do estado do Pará, o Instituto Observatório Social constatou e alertou as siderúrgicas que elas estavam comprando carvão vegetal produzido em condições similares a de escravidão. A partir dessa informação, as empresas siderúrgicas se moveram para solucionar esse problema. Em dois anos de trabalho, foram realizadas mais de 900 ações de fiscalização e rompimento de mais de 250 contratos em razão de irregularidades inaceitáveis que comprovaram o teor do alerta do Instituto (SIJBRANDIJ, 2008). Os autores ainda afirmam que essa experiência impulsionou e fortaleceu uma campanha da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em parceria com o Instituto Ethos, empresas, o poder público e algumas entidades civis, foi firmado o Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, ao qual mais de 80 empresas aderiram e se comprometeram a participar e a trabalhar para combater esse problema. www.esab.edu.br 116 Para sua reflexão Você parou para pensar o que significa o trabalho em condições similares ao da escravidão hoje em dia, passados mais de 120 anos da publicação da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão negra no Brasil? Escravidão é um regime de trabalho forçado, sem direitos garantidos, que envolve restrições à liberdade do trabalhador, sendo que o valor pago a ele não é suficiente para pagar suas necessidades, assim o trabalhador encontra- se eternamente devendo para seu contratante. Reflita sobre isso. A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. 19.2 Problemas identificados nas pontas da cadeia: fornecedores Saiba que, para empresas grandes, que possuem muitos fornecedores, o risco começa a ser significativo quando muitos deles apresentam problemas inaceitáveis. Visando a reduzir esse risco, a Walmart (grande empresa do setor varejista) elaborou um código de conduta para seus fornecedores. A observância do código é obrigatória e tratou de várias regulamentações, como jornada de trabalho, saúde e segurança no local de trabalho, proibição de trabalho escravo e infantil e respeito à liberdade sindical. A empresa fiscalizou mais de 6 mil fábricas e realizou mais de 13 mil auditorias em 2005. O relatório final desta ação, após a avaliação dos auditores, revelou que em mais da metade das fábricas ocorreram violações qualificadas como de alto risco, ou seja, violações graves aos direitos humanos nestas empresas que, além de inaceitáveis por uma empresa sólida no mercado, como é o caso da Walmart, poderiam colocar em risco seu nome entre os clientes caso viessem a ser conhecidas pelo www.esab.edu.br 117 público. O que fazer diante desse número significativo de infrações? A Walmart não excluiu os infratores imediatamente da lista de fornecedores da empresa. Dependendo do grau da infração cometida, a empresa concedeu ao fornecedor um período para adequar-se e tomar as medidas corretivas necessárias antes de sofrer uma nova inspeção, expõeSijbrandij (2008). 19.3 Ação conjunta em toda a cadeia produtiva Vamos agora ver um exemplo que mobilizou toda a cadeia produtiva da soja. Em abril de 2006, o Greenpeace lançou uma campanha no Brasil e na Europa relacionando o desmatamento da Amazônia ao aumento das plantações de soja. Em razão da vasta experiência dessa organização mundial, a denúncia do Greenpeace obteve bastante atenção do público. É importante também considerar que a Amazônia é um ecossistema importantíssimo para o equilíbrio ambiental do planeta, por isso ações que colocam esse ambiente em risco preocupam a comunidade mundial. Em decorrência dessa ação, Sijbrandij (2008) cita que foi declarada uma Moratória de pelo menos dois anos à comercialização de soja plantada nas condições da denúncia. Além disso, a campanha do Greenpeace mobilizou o governo, as empresas e a sociedade civil a buscarem soluções para os problemas encontrados na cadeia produtiva da soja. Os atores dos diferentes elos da cadeia produtiva – como produtores, exportadores, esmagadores, bancos e supermercados, em conjunto com entidades governamentais e não governamentais da América Latina e da Europa – se reuniram no Fórum Global da Soja Responsável, em março de 2005, para tratar da questão. Ao final, os participantes chegaram a um acordo por intermédio do qual se comprometeram a apresentar critérios e um sistema de verificação com o objetivo de levar o setor a uma produção responsável de soja, explica Sijbrandij (2008). www.esab.edu.br 118 19.4 Exemplo de cadeia produtiva integrada Com o objetivo de garantir a real responsabilidade social e ambiental em toda sua cadeia produtiva e de assegurar informações aos seus consumidores, Sijbrandij (2008) cita que a Made-By, uma “marca coletiva” do setor de vestuário, convida o consumidor final a tomar conhecimento dos diferentes elos da cadeia produtiva. Ou seja, essa marca criou uma cadeia “transparente” de produção de roupa. Mas como isso funciona? Basta inserir o número encontrado na etiqueta do produto adquirido no site da organização para que o consumidor consciente que não deseja fazer parte de uma agricultura insustentável nem da exploração de trabalhadores possa verificar se a origem do algodão é de uma cooperativa, se o produto é orgânico, se ele tem algum tipo de certificação e também a localização do ateliê de costura. A empresa disponibilizou a política de responsabilidade social dos diferentes atores na cadeia da produção, bem como a possibilidade de o consumidor entrar em contato direto com o representante de cada elo. O conceito Made-By foi desenvolvido pela ONG holandesa Solidaridad, que virou modelo mundial para a produção e comercialização de produtos que garantem um preço justo para todos os atores de uma cadeia produtiva (SIJBRANDIJ, 2008). Finalizamos esta unidade destacando, assim, a importância de se aplicar a responsabilidade social e ambiental na cadeia produtiva. Saiba mais Convidamos você a visitar os sites Made-By e Solidaridad Network para conhecer melhor esta ONG e o projeto Made-by. Os sites estão em língua inglesa, mas você pode aproveitar e treinar a sua capacidade de buscar informações em sites estrangeiros utilizando o apoio de um tradutor de texto disponível na internet. http://www.made-by.org http://www.made-by.org http://www.solidaridadnetwork.org www.esab.edu.br 119 20 Responsabilidade socioambiental e o setor varejista Objetivo Discutir como o setor varejista aborda a responsabilidade socioambiental. Após estudarmos a responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva, chegou o momento de verificarmos de que forma o setor varejista lida com a responsabilidade socioambiental. Estudaremos essa questão a partir da perspectiva de Amadeu Jr., Gelman e Macedo (2008), apresentada no livro “Varejo socialmente responsável”. O setor varejista é composto por empresas que vendem produtos ou comercializam serviços em pequenas quantidades, tendo contato direto com o consumidor final. Essas empresas, como se sabe, representam um grande potencial de contribuição no campo da responsabilidade social, principalmente por sua característica de contato direto com o consumidor e com a comunidade, a capilaridade territorial e o amplo leque de relações do varejo com seus públicos, conforme destacam Amadeu Jr., Gelman e Macedo (2008). As empresas do varejo têm a capacidade de ajudar a disseminar os conceitos de responsabilidade social entre seus fornecedores, e igualmente atuar como um agente educador para a mudança de comportamento da comunidade, dos funcionários e dos consumidores. Pelas características inerentes ao seu campo de atuação, saiba que os varejistas estão atentos sobre a tendência de o consumidor tornar- se menos tolerante com produtos de má qualidade e serviços inadequados. Amadeu Jr., Gelman e Macedo (2008) explicam que muitos consumidores desejam que as empresas apresentem padrões mais humanos e incorporem critérios ambientais nos bens e serviços que www.esab.edu.br 120 oferecem, por isso esses consumidores estão se agrupando para exigir maior responsabilidade social por parte das empresas. Segundo os mesmos autores, as iniciativas usualmente procuradas nesse mercado são aquelas voltadas para: • estimular a reutilização e a reciclagem de produtos; • utilizar ou inserir no mercado novas linhas de produtos biodegradáveis ou alternativas que diminuam o impacto no meio ambiente; • promover a melhoria da qualidade de vida da população; • diminuir o consumo de energia; • garantir os direitos dos trabalhadores, entre outras. Para ganharem mais força nesta missão de promover a responsabilidade social e ambiental nos produtos e serviços oferecidos, as empresas varejistas se agrupam em entidades de classe, tais como: câmaras de comércio, de dirigentes lojistas, associações comerciais, entre outras. Você já deve ter ouvido falar dessas instituições, não é mesmo? As entidades têm sido um grande porta-voz na mobilização do varejo para a gestão socialmente responsável; com o apoio delas, pequenas iniciativas do varejo se fortalecem e ganham capilaridade e notoriedade. A disseminação das práticas de responsabilidade social e ambiental pelas entidades fomenta a replicação dos modelos e movimenta a criatividade das empresas varejistas para realizar alternativas semelhantes por todo o País, expõem Amadeu Jr., Gelman e Macedo (2008). Os autores (2008) acrescentam que uma das principais ferramentas de divulgação das práticas de responsabilidade social desenvolvidas pelo setor varejista é o Banco de Práticas de Responsabilidade Social no Varejo. Esse banco é uma ferramenta de pesquisa via internet que já conta com mais de 300 casos exemplares de responsabilidade social do varejo brasileiro. Seu conteúdo está disponível para consulta pública e gratuita. www.esab.edu.br 121 Saiba mais Entre no link da Fundação Getúlio Vargas e conheça as diversas práticas de responsabilidade social pelo País. Com a união entre FGV-EAESP e o Instituto Ethos, surgiram os indicadores de desempenho específicos para o setor varejista, que podem ser acessados pelo referido site. Tendo em vista os inúmeros atores com os quais as empresas do varejo se relacionam, uma ferramenta indispensável para a interação e aproveitamento dos recursos locais para aplicar os seus programas sociais e ambientais é a elaboração de um mapa ou uma planilha de seus stakeholders. Esse mapa vai possibilitar coordenar as ações para chegar aos resultados esperados. Veja a seguir uma proposta de elaboração dessa planilha. Nome Setor (governo, fornecedor, consumidor, ONG, entidade de classe etc.) Contato Telefone E-mail Quadro 6 – Exemplo de elaboração de planilha de stakeholders. Fonte: Elaborado pela autora (2013). Um aspecto importante da análise do grau de maturidade das ações sociais e ambientais das empresas de varejo é observar a localização dos programas desenvolvidos, se eles estão associados diretamente coma matriz ou se partem de iniciativas das lojas locais; se estão localizados onde é realmente necessário ou apenas acabam por reproduzir um comportamento de mercado, estando presentes onde é mais interessante do ponto de vista do marketing da organização. Segundo estudos desenvolvidos por Amadeu Jr., Gelman e Macedo (2008) com 16 empresas do setor varejista, em todos os casos analisados as ações tiveram suas origens na matriz. Ainda sobre o estudo, das 16 www.fgv.br/cev/rsnovarejo/banco_busca.asp www.esab.edu.br 122 empresas analisadas, 11 aproveitam suas redes de lojas para a difusão dos programas sociais e ambientais e 5 delas não repassam suas ações para as lojas. Com relação à região onde se concentram os programas, os dados do estudo apresentaram que metade das organizações pertence ao estado de São Paulo, e as demais estão espalhadas por diversas regiões do País, sendo oriundas principalmente dos estados com maior renda per capita. Como você pode ver, avançamos com a questão da responsabilidade social e ambiental a passos comedidos, e ainda temos um caminho longo a trilhar. Introduzir ações desse caráter ainda é um desafio a ser superado pelas lojas locais, que muitas vezes se encontram envoltas em seus próprios problemas de gestão, não encontrando tempo para tratarem de questões de cunho socioambiental. Todavia, existem bons exemplos nos quais podemos nos inspirar. Vamos ver alguns casos aplicados para ilustrar nosso estudo? Gelman e Parente (2008) citam que, em São Gonçalo (RJ), o dono de uma franquia O Boticário, Sr. Paulo César, tão logo assumiu a loja, foi procurado por um ambientalista local, Sr. Lauro Nobre, que resolveu propor uma parceria com o franqueado. Impulsionados pela força da marca O Boticário e unindo empreendedorismo e conhecimento técnico, eles buscaram nas escolas municipais de São Gonçalo o espaço para concretizar seu sonho comum. Assim nascia o Programa de Incentivo ao Plantio de Mudas e à Manutenção de Vias Públicas e Escolas Municipais. Após oito anos de projeto, foram desenvolvidas ações em 30 escolas, sendo que 20 eram escolas da rede pública e 10 particulares. Ao todo, foram beneficiados pelo programa cerca de 1.800 alunos, com idade entre 4 e 14 anos, da pré-escola ao Ensino Fundamental. Segundo o empresário, os investimentos nos últimos oito anos foram da ordem de R$ 69 mil, valor que valeu a pena também para o negócio, pois muitas pessoas que não frequentavam as lojas passaram a fazê-lo devido à sua maior aproximação com a comunidade. As ações da franquia também aumentaram a credibilidade e o respeito pela marca (GELMAN; PARENTE, 2008). Para termos um exemplo de iniciativas de grandes grupos varejistas, vamos utilizar o estudo de caso dos supermercados Carrefour, que também possuem programas de caráter social e ambiental. www.esab.edu.br 123 Gelman e Parente (2008) citam que essa rede criou o Programa Aula de Cidadania, voltado para a alfabetização de seus funcionários e da comunidade local. O projeto foi motivado pelas estatísticas do analfabetismo no Brasil, que ainda atinge mais de 16 milhões de pessoas com idade acima de 15 anos, das quais 79% têm 35 anos ou mais, 65% vivem em zonas urbanas, 52% são mulheres e 67% são pessoas negras ou pardas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/2003), do IBGE. Em cerca de cinco anos de projeto, foram investidos R$ 1,352 milhão na construção e manutenção de salas de aula. O programa ganhou força e reconhecimento, e, como resultado, passou a envolver o Ministério da Educação (MEC), além de duas entidades da sociedade civil voltadas à educação (GELMAN; PARENTE, 2008). Assim, finalizamos esta unidade destacando a importância de projetos como esses, que ilustram a atuação do setor varejista na área de responsabilidade socioambiental. Nas próximas três unidades, veremos algumas estratégias de gestão socioambiental nas empresas. Iniciaremos com as empresas de bens de consumo não duráveis e duráveis. Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 124 21 Estratégias de gestão socioambiental – parte I Objetivo Apresentar empresas de bens de consumo não duráveis e duráveis e como elas lidam com a questão da responsabilidade socioambiental. Prezado aluno, vamos agora desenvolver um estudo bastante aplicado do tema que estudamos até agora. Vamos navegar pelo universo das corporações, de acordo com o setor a que elas pertencem, e observar suas estratégias para implementar a responsabilidade social e ambiental. A classificação dos setores aqui utilizada segue o trabalho de Tachizawa (2011). Em nosso estudo, não vamos nos ater às justificativas que levaram o autor a compor os grupos de empresas ora estudados, mas sim em conhecer as ações e estratégias organizacionais sobre o nosso tema central, que é a responsabilidade social e ambiental. É importante esclarecer que estamos utilizando estudos aplicados para cada setor produtivo, todavia, se os compararmos com análises específicas de cada corporação, ainda são estudos genéricos. Para dar esta dimensão específica, vamos citar exemplos de projetos de algumas organizações. Os exemplos genéricos apresentados traçam o perfil geral dessas empresas, o que garante a você a grande utilidade deste material de estudo. Vamos adiante? 21.1 Empresas de bens de consumo não duráveis Saiba que bens de consumo não duráveis são aqueles feitos para serem consumidos imediatamente. Estas empresas são caracterizadas por uma produção altamente diferenciada e pertencem a grupos: alimentício; farmacêutico; de bebidas e fumo; e de higiene e limpeza, conforme explica Tachizawa (2011). Exemplos de empresas desse setor são: Nestlé, www.esab.edu.br 125 Natura, Souza Cruz, Avon, Johnson & Johnson, Bayer, PepsiCo, Del Valle, entre outras. Vamos ver como empresas dessa natureza podem investir em responsabilidade social e ambiental? Tachizawa (2011) cita que as estratégias genéricas de responsabilidade social e ambiental aplicáveis às empresas de bens de consumo não duráveis são: • redução do uso e recuperação ou reciclagem de água; • mudanças na composição, desenho e embalagem dos produtos; • controle, recuperação e reciclagem de descargas líquidas e emissões gasosas do processo fabril; • redução no uso de matérias-primas e disposição adequada de resíduos sólidos ou reciclagem de sucatas; • mudanças nos procedimentos de logística de produtos (estocagem, transporte, manuseio) e materiais perigosos; • seletividade de fornecedores/distribuidores ambientalmente corretos (você lembra que já estudamos esta prática de mercado e comentamos sobre ela nas unidades anteriores?); • investimentos em controle ambiental e em sistemas de auditoria ambiental, habilitação da organização para rotulagem ambiental (também vimos estas questões nas unidades anteriores, quando estudamos sobre a norma ISO 14001); • projetos sociais em meio ambiente, educação, saúde, cultura, em apoio à criança e ao adolescente e em voluntariado; • imagem ambiental da empresa para fins de marketing. Observe que as ações de caráter ambiental mencionadas incidem sobre o processo produtivo, sobre o projeto do produto, sobre os fornecedores e sobre a logística. As ações sociais compõem projetos desenvolvidos com grupos sociais nos mais diferentes temas, visando a dar aporte cultural e educativo. Por último, vemos a promoção da imagem da empresa, ação que leva informação ao consumidor sobre a atuação responsável www.esab.edu.br 126 da empresa. Aplicando as possibilidades desse universo de ações apresentado, a empresa ameniza os impactos ambientais, aporta com recursos e conhecimento à sociedade e ganha confiança do consumidor. Vamos ver agora alguns exemplos de projetos sociais dessas empresas? A Avon, por exemplo, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), implementou o Fundo Avon & Unifemvoltado para ações que promovam o fortalecimento da cidadania feminina. O objetivo é contribuir para o acesso das mulheres a informações básicas sobre trabalho, cultura, educação e saúde, melhorando sua condição de vida e autoestima, cita Tachizawa (2011). O autor também cita o caso da Souza Cruz, empresa da área de fumo que desenvolve projetos voltados aos jovens do meio rural: Jovem Rural e Programa de Formação de Jovens Empresários Rurais. Esses programas visam a dar apoio ao jovem rural, à formação em empreendedorismo, à responsabilidade e à capacidade de autogestão, de modo a fornecer-lhes alternativas de trabalho. Para desenvolver esses projetos, a Souza Cruz firmou convênio com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq – USP) e com o Centro de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps). Para desenvolver seus programas de caráter social, observe que as duas corporações citadas firmaram parceria com outras instituições que lhes fornecem suporte técnico para a ação. Iniciativas dessa natureza são bastante usuais entre as corporações, tendo em vista que as especialidades destas giram em torno de produzir seus bens de consumo. Nós já falamos um pouco sobre essas parcerias quando estudamos o tema dos stakeholders na unidade 9, está lembrado? www.esab.edu.br 127 21.2 Empresas de bens de consumo duráveis Agora vamos estudar o caso das empresas de bens de consumo duráveis. Tachizawa (2011) explica que bens de consumo duráveis são aqueles que podem ser utilizados várias vezes por um longo período. Esse setor abrange as empresas típicas do ramo automobilístico, eletroeletrônico, de tecnologia e de computação. Exemplos dessas empresas são: Toyota, Fiat, Samsung, Microsoft, Apple, entre outras. Vamos estudar as estratégias de responsabilidade social e ambiental aplicáveis às empresas de bens de consumo duráveis? Entre as estratégias ambientais, Tachizawa (2011) cita: • coprocessamento de resíduos industriais: a borra de tinta e a lama industrial são resíduos que podem ser utilizados como combustíveis na produção de cimento, evitando a queima da combustíveis fósseis não renováveis, além de dar a destinação adequada a esses resíduos industriais; • gestão dos efluentes industriais: os óleos minerais, depois de usados e separados na estação de tratamento de efluentes, podem ser reciclados por empresas especializadas. O lodo gerado na estação de tratamento de esgoto pode ser utilizado como fertilizante; • substituição de equipamentos por outros menos agressivos ao meio ambiente; • substituição de componentes de produtos e materiais por outros menos agressivos ao meio ambiente, como nos projetos de erradicação do uso de amianto, cádmio, cromato de chumbo em tintas e de refrigeração baseada em CFC (clorofluorcarboneto – responsável pela redução da camada de ozônio); • elaboração de produtos com vida longa garantida, evitando a obsolescência prematura. www.esab.edu.br 128 Estudo complementar Assista ao vídeo sobre obsolescência programada para você conhecer como as empresas costumam tomar atitudes irresponsáveis desde o projeto de seus produtos. Você pode saber mais sobre isso assistindo ao vídeo disponível aqui. Este é um vídeo curto, editado por uma turma de estudantes, que utilizou como base o documentário espanhol, feito pela televisão espanhola com este título. Entre as estratégias de responsabilidade social, Tachizawa (2011) menciona: • criação de site, visando à abertura de canal de comunicação direta com a comunidade, viabilizando acesso institucional por parte de pessoas de todo o mundo às informações sobre a empresa, seus produtos e serviços; • patrocínios locais em eventos culturais, esportivos, sociais e de lazer na comunidade local na qual a empresa está inserida; • parcerias com universidades e instituições de ensino visando à complementação educacional em áreas tecnológicas de interesse da empresa, à promoção de palestras técnicas nas escolas, e também para estimular a visita de alunos nas suas unidades fabris; • parcerias com entidades beneficentes, participação em entidades de classe, em campanhas de doação e ações sociocomunitárias afins. Podemos observar que são inúmeras as possibilidades de atuação destas empresas. Elas constituem grupos fortes e poderosos, que fabricam produtos de significativo investimento ao consumidor e, portanto, também são herdeiras da responsabilidade por uma atuação menos impactante ao meio ambiente e um aporte efetivo à sociedade. Note que seus produtos possuem uma vida longa de utilização pelo consumidor e nesse período deve ser garantido que esses produtos https://www.youtube.com/watch?v=VkPScfQG-Y8 www.esab.edu.br 129 gerem os mínimos efeitos danosos ao meio ambiente, como os carros e refrigeradores que passam por um processo contínuo de pesquisa visando à redução do consumo de combustível e energia e à busca de alternativas para reciclagem dos materiais constituintes após seus usos. Porter e Kramer (2008) citam que a GE (General Electric) possui um programa de estímulo a escolas públicas de Ensino Médio com rendimento insatisfatório que ficam localizadas próximas às suas instalações nos EUA. Entre outras coisas, a GE doa entre US$ 250 mil e US$ 1 milhão por um período de cinco anos para cada escola. Gerentes e funcionários da empresa assumem um papel ativo: ao lado de administradores da escola, avaliam as necessidades da instituição e atuam ainda como mentores ou tutores de alunos. Em um estudo independente de dez escolas do programa entre 1989 e 1999, quase todas exibiram um avanço considerável, enquanto o índice de formados de quatro das cinco escolas de pior desempenho dobrou de uma média de 30% para 60%. Ainda sobre essas empresas, é oportuno citarmos uma demanda de caráter legal que afeta suas atividades. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305, de 2010, previu a responsabilização pela logística reversa aos fabricantes de pneus, baterias e eletroeletrônicos. Isso significa, conforme o artigo 33 da referida lei, que: Cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes tomar todas as medidas necessárias para assegurar a implementação e operacionalização do sistema de logística reversa para estes produtos, após seus usos, podendo, entre outras medidas: I - implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados; II - disponibilizar postos de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis; III - atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Os consumidores deverão efetuar a devolução, após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos. www.esab.edu.br 130 Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devolução aos fabricantes ou aos importadores. Os fabricantes e os importadores darão destinação ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada. (BRASIL, 2010) No estudo desta unidade, destacamos a importância da logística reversa no atual cenário das organizações e sugerimos que você pesquise mais sobre o assunto. Bons estudos! Saiba mais Assista ao vídeo sobre Logística Reversa no Youtube clicando aqui. Este material vai fazer você visualizar melhor o assunto. Você pode observar que a logística reversa é realmente uma importante ferramenta para a gestão dos resíduos sólidos (lixo) que geramos. Todavia, a logística reversa não é uma demanda espontânea das empresas, e sim imposta por lei federal. Muitas ações são efetivamente “empurradas” pela componente de conformidade legal dos sistemas de gestão. Finalizamos o estudo das estratégias de gestão socioambiental nas empresas de bens de consumo não duráveis e duráveis. Na próxima unidade, iremos estudar as estratégias das empresas de serviços financeiros e serviços especializados. https://www.youtube.com/watch?v=Y-y_slc5CtMwww.esab.edu.br 131 22 Estratégias de gestão socioambiental – parte II Objetivo Apresentar os serviços financeiros e serviços especializados e como lidam com a questão da responsabilidade socioambiental. Após estudarmos a forma como empresas de bens de consumo não duráveis e duráveis vêm lidando com a questão da responsabilidade socioambiental, vamos estudar, nesta unidade, mais dois setores de empresas: o setor de serviços financeiros e o setor de serviços especializados. 22.1 Empresas de serviços financeiros Este setor abrange organizações como bancos, seguradoras, financeiras, crédito imobiliário, leasing, corretoras e distribuidoras de valores. Exemplos de empresas deste setor são: Bradesco, Golden Financiadora (financeira), Banco Alfa (leasing), Fator Corretora etc. Na visão de Tachizawa (2011), o mercado ao qual pertencem essas empresas se caracteriza por: • existência de barreiras institucionais e governamentais à entrada de novas empresas; • elevada regulamentação estatal; • competição básica via lançamento de novos serviços financeiros; • significativo volume de investimento e capital para entrar no setor. Se analisarmos os impactos diretos causados pela operação deste setor, ele pode ser considerado como de baixo impacto ambiental. Desse modo, ainda na perspectiva do autor, as principais estratégias de gestão ambiental e de responsabilidade social, normalmente aplicáveis a estas organizações são: www.esab.edu.br 132 • projetos sociais em meio ambiente; • projetos sociais em educação; • projetos sociais em saúde; • projetos sociais em cultura; • projetos sociais em apoio à criança e ao adolescente; • projetos sociais em voluntariado; • imagem ambiental da empresa para fins de marketing. Adicionalmente aos projetos sociais, saiba que existem também possibilidades de redução de impacto nas suas estruturas físicas. As organizações podem desenvolver programas de coleta seletiva em suas agências com o objetivo de promover a educação ambiental entre seus funcionários e os clientes, sendo que os resíduos gerados nas agências são predominantemente do tipo reciclável composto por papéis. A economia no consumo de energia pelo uso de iluminação e climatização naturais ou de baixo consumo energético pode ser outro aspecto a ser explorado. Se olharmos esse mercado de uma perspectiva mais ampla, conseguimos enxergar que essas organizações participam e operam grandes operações financeiras, movimentando milhões de reais todos os dias. Considerando as possibilidades de inserção do aspecto socioambiental em seus produtos, aumentamos as possibilidades de ação desse mercado. Mas como podemos fazer isso? www.esab.edu.br 133 Para sua reflexão Reflita como é importante que paremos para observar as coisas de uma perspectiva mais ampla. É necessário desenvolver esta capacidade de analisar de forma mais completa e realista aquilo que estudamos. Os bancos possuem um impacto ambiental direto baixo; todavia, se emprestarem milhões de dólares para uma empresa desenvolver atividades extremamente degradantes ao meio ambiente, eles não estariam contribuindo com essa ação? Pense nisso. A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Vamos citar um exemplo já praticado por algumas instituições financeiras: antes de concederem um financiamento para uma construtora, exigem que ela apresente as licenças ambientais da obra para a qual o financiamento está sendo solicitado. Algumas instituições ainda se encarregam de acompanhar a atividade da empresa exigindo-lhe o envio de relatórios periódicos. Outra forma de incentivo às ações dessa natureza, inseridas no produto oferecido pela instituição financeira, é a oferta ao mercado de benefícios e linhas de financiamento específicas para empresas que atuam de forma responsável. Tratar de forma diferenciada as empresas que são responsáveis não é uma decisão arbitrária e incoerente do ponto de vista financeiro. Estudos mostram que empresas desse tipo tendem a ser mais estáveis nos seus mercados de atuação, o que gera um retorno à instituição financeira em termos de segurança sobre o pagamento dos valores concedidos na forma de empréstimos. Vamos ver alguns exemplos de projetos sociais dessas empresas? Tachizawa (2011) cita que o Banco Itaú mantém o prêmio Itaú-Unicef Educação e Participação, que visa a identificar e a incentivar programas educacionais de complementação ao ensino público desenvolvidos www.esab.edu.br 134 por ONGs. Já o Banco do Brasil, por meio do projeto Trabalho e Cidadania aos Municípios, oferece consultoria de negócios, cursos profissionalizantes e outros mecanismos de apoio a jovens e adolescentes em risco social, a portadores de deficiência e a pequenos empreendedores. A Fundação Bradesco criou o projeto Vida de Índio – Comunidade Tapeba (Caucaia/CE), que é uma escola que deu origem a um programa de ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos índios tapebas (TACHIZAWA, 2011). Segundo Tachizawa (2011), várias empresas deste setor têm a prática de elaborar e publicar seus Balanços Sociais, tema que estudamos na unidade 17, tais como: Banespa, Banco do Brasil, Bradesco, Nossa Caixa/Nosso Banco, Febraban e Banco Itaú. E assim, podemos resumir a participação desse setor em ações de responsabilidade social e ambiental. 22.2 Empresas de serviços especializados Nesta categoria, enquadram-se as agências de publicidade e propaganda, consultorias, auditorias independentes e escritórios profissionais especializados. Exemplos de empresas deste setor são: Young & Rubicam e JWT (agências de publicidade), Siqueira Castro Advogados e Tozzini Freire (escritórios de advocacia), Contabilidade J. Mainhardt Ltda. e Escritório Soluzione de Contabilidade, entre outras que poderíamos citar. Tachizawa (2011) explica que o produto final dessas empresas tem alto conteúdo tecnológico e de conhecimento. Sua mão de obra é altamente especializada, sendo o talento das pessoas, e não estratégias empresariais ou produtos inovadores, o fator determinante para a sobrevivência do negócio. As estratégias de gestão ambiental e responsabilidade social são similares às vistas para o setor financeiro e constituem-se de programas sociais com enfoque em meio ambiente, educação, saúde, cultura, apoio à criança e ao adolescente, e de voluntariado e ações que visam à imagem ambiental da empresa para fins de marketing (TACHIZAWA, 2011). www.esab.edu.br 135 Em uma análise de forma bem objetiva, por serem empresas especializadas em serviços, podem ajudar a sociedade fornecendo de forma gratuita seus serviços às instituições sociais que sobrevivem de filantropia. Vamos a um exemplo? Um escritório de advocacia pode ajudar muito uma instituição social no que se refere à sua relação com justiça, direitos e deveres. Outra ajuda sempre oportuna é a dos escritórios de contabilidade, pois eles podem oferecer seus serviços contábeis, necessários para a operação de toda e qualquer instituição. As empresas de propaganda, do mesmo modo, podem auxiliar em campanhas publicitárias em prol da conservação ambiental, por exemplo. Saiba mais Visite o site da empresa Siqueira Castro Advogados, um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil, na sua seção dedicada à responsabilidade social, disponível aqui. A empresa mantém um programa denominado Programa de Advocacia Pro bono, através do qual ajuda diversas instituições sociais. Verifique esta ação. Também temos outros exemplos de contribuições dessas instituições à sociedade bastante significativas. Vamos ver alguns deles? A Skill Contabilidade, empresa de prestação de serviços localizada em Pernambuco, adotou a cidade de Tabira, cerca de 400 quilômetros de Recife, implantando um projeto social que se desdobra em várias frentes: aulas sobre cultivo de hortaliças, instalação de posto médico completo, construção de reservatório de água potável e atendimentomédico domiciliar para pacientes da terceira idade, entre outros programas. Todos os empregados da empresa participam como voluntários (TACHIZAWA, 2011). Tachizawa (2011) ainda cita o projeto social voltado ao meio ambiente da Sobloco, uma empresa de engenharia e construção que cuida do gerenciamento dos resíduos sólidos gerado em um núcleo urbano planejado e construído pela empresa na região de Bertioga/SP. Nesse projeto, é desenvolvido um programa de educação ambiental voltado aos http://www.siqueiracastro.com.br/rsocial.asp www.esab.edu.br 136 zeladores e caseiros, que atuam como agentes multiplicadores. A empresa mantém, na mesma região, um projeto de educação ambiental que desenvolve hortas e canteiros mantidos por crianças e adolescentes, passeios ciclísticos, cursos de reaproveitamento de materiais e jardinagem para a comunidade e encontro de alunos com representantes indígenas da região. Assim, concluímos esta unidade destacando a importância das ações socioambientais das empresas que pertencem ao setor de serviços financeiros e de serviços especializados. www.esab.edu.br 137 23 Estratégias de gestão socioambiental – parte III Objetivo Apresentar o setor educacional e os serviços públicos e como lidam com a questão da responsabilidade socioambiental. Nesta unidade, vamos estudar mais dois grandes setores e descobrir o que as empresas desses setores estão fazendo para desempenhar suas responsabilidades sociais e ambientais. 23.1 Empresas do setor educacional Esse setor é composto pelas instituições de ensino privadas e públicas. Elas se organizam de acordo com seu público-alvo, desde o Ensino Fundamental ao Ensino Médio, os cursos técnicos e os cursos superiores de graduação, especialização e outros posteriores. Temos também as grandes universidades públicas federais e estaduais que recebem milhares de estudantes anualmente e os preparam para o mercado de trabalho. A Escola Superior Aberta do Brasil (ESAB), instituição na qual você está estudando agora, também faz parte deste setor, atuando na forma de educação a distância. As instituições de ensino trabalham com algo muito valioso: a educação das pessoas, responsabilidade que dividem com os pais e a sociedade de modo geral. Se buscarmos a etimologia da palavra educação, constatamos que é composta por ex (“fora”) e ducere (“guiar, conduzir, liderar”). Ou seja, educar traz a ideia de “conduzir para fora” ou “extrair de dentro”. Sendo assim, as instituições de ensino, de acordo com seus diferentes estágios de atuação na formação dos estudantes, participam desta missão de ajudá-los a “trazer para fora” sua vocação, suas habilidades, de forma que possam atuar na sociedade no lugar que melhor lhes cabe. www.esab.edu.br 138 Por que estamos falando disso? Por que é importante para o nosso estudo compreendermos a missão do setor educacional? Ora, a causa dos problemas ambientais e sociais que vivemos hoje está diretamente relacionada ao processo de educação das pessoas. Problemas na formação humana repercutem diretamente na sociedade. Seja pela escolha equivocada de profissão, seja pela formação técnica sem qualquer teor ético e social, os estudantes mal formados geram adultos incapazes de atuar de forma adequada na sociedade e também nas suas vidas particulares. A atuação inadequada dos adultos na sociedade se expressa também por um operar desinteressado pelas questões sociais e ambientais, gerando trabalhos poluentes, que consomem energia e geram resíduos de forma indiscriminada. É preciso, portanto, incentivar uma melhor formação do indivíduo, afinal, nossos estudantes de hoje serão os nossos governantes, executivos e trabalhadores de amanhã. Para sua reflexão Pare um pouco para refletir sobre o que foi dito a respeito do papel da educação na sociedade e relacione com o que já estudamos sobre ética nas unidades anteriores e os conflitos ambientais e sociais apresentados. Reflita a respeito da desconexão das pessoas com a natureza e com as outras pessoas. Você não acha que esse é um dos motivos pelos quais estamos vivendo hoje de forma tão poluente? Será que as escolas estão ajudando os alunos a viver de forma virtuosa? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Vamos agora retornar ao estudo das estratégias sociais e ambientais utilizadas pelo setor educacional. Esse setor é considerado de baixo impacto ambiental direto, pois não possui linhas de produção, extração de matérias- primas, entre outras características dos setores de grande impacto. www.esab.edu.br 139 As estratégias de gestão ambiental e de responsabilidade social das empresas do setor educacional, segundo Tachizawa (2011) nos apresenta, são similares àquelas adotadas pelas empresas do setor financeiro e de serviços especializados: projetos sociais com foco em meio ambiente, educação, saúde, cultura, apoio à criança e ao adolescente, voluntariado, e àquelas ligadas à imagem ambiental da empresa para fins de marketing. Nota-se que esses setores são compostos por empresas que não geram, em decorrência de sua operação e produção, grandes quantidade de resíduos e de impactos ambientais e que sua responsabilidade está mais relacionada com a disseminação de projetos educativos e de apoio à mudança de hábitos junto aos seus clientes. Programas de coleta seletiva podem ser implantados visando à conscientização ambiental dos colaboradores e também de todos os alunos que frequentam estas instituições. Dependendo do grau de envolvimento dos gestores com a questão ambiental e social, estas instituições podem lançar mão de projetos arquitetônicos sustentáveis, com maior aproveitamento da iluminação natural, orientação da edificação para aproveitamento dos ventos naturais e controle do grau de insolação, coleta de água da chuva, dentre outros. Vamos ver alguns exemplos práticos de projetos sociais? A Associação dos Ex-Alunos de Administração da Fundação Getúlio Vargas desenvolve o projeto “Recicle: a vida se renova”. Tachizawa (2011) menciona que esse projeto tem por objetivo: • inclusão social, econômica e cultural dos catadores de lixo; • incentivo a ações de tratamento, coleta seletiva e reciclagem de materiais; • preservação ambiental e desenvolvimento de atividades educativas. Segundo o mesmo autor, a proposta do trabalho é permitir aos catadores de lixo da capital de São Paulo o acesso à educação, fazer com que eles percebam a importância do trabalho que realizam, além de oferecer condições para que os materiais coletados sejam reciclados, contribuindo, assim, para a preservação ambiental. www.esab.edu.br 140 O projeto ainda conta com as seguintes ações complementares: • creche para cuidado e educação das crianças enquanto os pais trabalham; • combate à desnutrição e acompanhamento do desenvolvimento infantil por intermédio da Pastoral da Criança; • curso de alfabetização para jovens a adultos; • desenvolvimento de artesanato com material extraído do lixo. Perceba como esse projeto da Associação dos Ex-Alunos de Administração da Fundação Getúlio Vargas cuida das pessoas de forma integral, não somente das ações relacionadas diretamente com a coleta seletiva e reciclagem, uma vez que oferece amplo suporte a esses catadores, para melhor criarem seus filhos e também se desenvolverem nos estudos oferecidos. Essas ações demonstram o caráter humanista do projeto, que considera as pessoas envolvidas de forma mais ampla e completa. 23.2 Empresas do setor público Segundo Tachizawa (2011), diferentemente dos setores anteriores, no setor público encontramos uma variedade muito grande de áreas de atuação. Estas representam uma pluralidade de estruturas que não constituem necessariamente um conjunto ordenado de agentes, tendo como característica comum o fato de terem se originado de uma mesma fonte, o Estado. Como exemplos de empresas do setor público, encontram-se: órgãos da administraçãodireta (federal, estadual e municipal), órgãos da administração indireta, empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias, fundações e afins. As estratégias de gestão ambiental e de responsabilidade social para o setor público possuem uma gama muito ampla de atuação, não só para minimizar os próprios impactos operacionais das atividades, como também pelo fato de esse setor possuir um potencial significativo para desenvolver parcerias e programas junto às empresas dos setores anteriormente estudados. www.esab.edu.br 141 Vamos citar alguns exemplos de programas que promovem benefícios sociais e ambientais desenvolvidos por estas instituições. Iniciaremos abordando os programas de informatização do setor público. O simples fato de utilizar os serviços de correio eletrônico em uma organização governamental e, de forma mais efetiva, o investimento na implementação de um software inteiro tipo workflow (fluxo eletrônico de documentos) como integrador dos sistemas de informação corporativos e locais são soluções recomendadas que contribuem ecológica e socialmente para a redução do volume de papéis ou de dispositivos de armazenamento de informação, assim como agilizam a comunicação, evitando deslocamentos excessivos dos cidadãos a estas instituições públicas, o que resulta em economia de tempo e dinheiro. Segundo Tachizawa (2011), outra linha de atuação que tem muito potencial é a de criação de parcerias entre as prefeituras e as indústrias visando à resolução do problema da destinação inadequada de resíduos sólidos nos lixões, cujas áreas são implantadas sem os controles ambientais necessários. A legislação brasileira estabelece que a empresa que gera o resíduo sólido permanece criminalmente responsável por ele, independentemente de subcontratar terceiros para a efetivação do descarte e destinação final. Sendo assim, uma indústria que contrata uma empresa para recolher seus resíduos será criminalmente responsável se esses resíduos forem parar em um lixão, pois esse tipo de destino final é ilegal. Como há interesse de ambas as partes em dar um destino adequado aos resíduos sólidos, é legítimo que se reúnam para propor soluções ao problema. Por fim, concluímos esta unidade destacando que, no site do Ministério do Meio Ambiente, o Governo disponibiliza informações de um programa intitulado “Agenda ambiental para o setor público”, que está fundamentado nos seguintes eixos temáticos: gestão de resíduos, licitação sustentável, qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação dos servidores e uso racional dos recursos. www.esab.edu.br 142 Estudo complementar Acesse o site do Ministério do Meio Ambiente, clique no link sobre as licitações sustentáveis, disponível aqui e estude mais sobre o assunto. Garantimos que você vai achar superinteressante. http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/licita%C3%A7%C3%A3o-sustent%C3%A1vel www.esab.edu.br 143 24 A internet como instrumento de divulgação de responsabilidade social e ambiental Objetivo Apresentar os principais sites sobre os temas, notícias e grupos existentes de forma a situar o aluno neste ambiente. Agora que finalizamos a abordagem sobre os diversos setores e suas respectivas formas de atuação para desempenhar suas responsabilidades sociais e ambientais, chegou o momento de tratarmos sobre os usos que a internet propicia para divulgação dessas ações. É o que veremos nesta unidade. Hoje em dia, a internet se tornou um ambiente de trabalho, de comunicação e de pesquisa para muitas pessoas, estudantes, empresas, jornais e governos. O relacionamento das empresas com seus stakeholders ganha agilidade e transparência quando existe um canal de comunicação estabelecido pela rede. Nos sites, são destinados lugares específicos para a divulgação da política das empresas e seus projetos sociais e ambientais, bem como para comunicação direta com o setor de relacionamento da empresa. Quando os sites são de ONGs ambientalistas ou sociais, tornam-se espaços cheios de informações sobre os temas aos quais elas dedicam seus projetos e a forma como participar deles. Existem também os sites de revistas e jornais especializados nas questões ambientais e sociais, os quais trazem notícias atuais sobre o tema. Ainda contamos, na internet, com os sites das instituições do governo, que apresentam as políticas públicas, os serviços e seus canais de comunicação. Também podemos pesquisar normas, trabalhos científicos e teorias sobre o tema da responsabilidade social e ambiental em diversos sites, buscando pelos temas no ambiente de pesquisa mais popular da internet, o Google, por exemplo. www.esab.edu.br 144 Enfim, a internet atualmente provê aos interessados uma quantidade enorme de informações, tornando-se uma ferramenta importantíssima na busca do conhecimento. Vamos passear um pouco pela rede? Começaremos pelos sites das empresas. A Petrobrás, por exemplo, possui um setor dedicado ao meio ambiente e à sociedade no seu site. Por intermédio dele, podemos conhecer os três pilares da estratégia corporativa dessa empresa: “Crescimento integrado, rentabilidade e responsabilidade socioambiental”. Esses pilares estão alinhados à responsabilidade socioambiental, o que dá respaldo suficiente para a Petrobrás obter recursos financeiros e atenção dos gestores. Ao entrar no site da Bunge no Brasil, empresa do setor de agronegócio, alimento e bioenergia, temos outro exemplo. Você identifica facilmente a área sobre sustentabilidade. Nela, o pesquisador pode obter informações sobre os princípios, a política, a plataforma de sustentabilidade, compromissos, iniciativas, projetos, parcerias e publicações. Nas publicações, você pode acessar o Relatório Bunge de Sustentabilidade! No site da Tetra Pak, empresa que trabalha com soluções para o processamento, envase e distribuição de alimentos e bebidas, podemos constatar que a empresa possui um Sistema de Gestão Ambiental certificado, encarregado do gerenciamento ambiental, com o objetivo de analisar e controlar os impactos ambientais de seus processos produtivos e implementar os programas de melhorias voltados à área ambiental. O consumidor pode obter informações sobre o sistema no site e assistir a vídeos que contêm dicas para coleta seletiva e reuso das embalagens longa vida. Perceba que, mais do que nunca, o consumidor se sente atraído por conhecer melhor as organizações, seja por curiosidade, seja movido por notícias veiculadas que afetam as corporações. http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade http://www.bunge.com.br http://www.tetrapak.com.br www.esab.edu.br 145 A internet pode ser usada para divulgação de denúncias ou reclamações por meio das redes sociais, bem como para a promoção da marca. Hoje em dia, as grandes empresas possuem pessoas encarregadas de monitorar e atuar nas redes sociais a fim de estarem a par do que falam sobre suas corporações nesses ambientes sociais. Depois de navegar pelos sites das empresas, vamos agora procurar os sites das ONGs para conhecer que tipo de informação eles divulgam? Você pode acessar o site Greenpeace Brasil. Lá, podemos ler: “O Greenpeace é uma organização global cuja missão é proteger o meio ambiente, promover a paz e inspirar mudanças de atitudes que garantam um futuro mais verde e limpo para esta e para as futuras gerações”. Você também pode ter acesso aos projetos da ONG e como participar de suas campanhas. Na parte de multimídia, podemos assistir a diversos filmes que mostram a atuação do Greenpeace pelo mundo. Outra ONG muito conhecida é a WWF (World Wildlife Fund for Nature, ou Fundo Mundial da Natureza, em português). O WWF- Brasil é uma ONG brasileira, participante de uma rede internacional e comprometida com a conservação da natureza dentro do contexto social e econômico brasileiro. No seu site, podemos encontrar diversas notícias e informações sobre o meio ambiente, assim como vídeose campanhas desenvolvidas. Um exemplo de ONG criada por uma empresa para tratar dos assuntos relacionados ao meio ambiente e à responsabilidade social é a Fundação Grupo Boticário. A missão da fundação é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990, é a “[...] principal expressão da política de investimento social privado do Boticário, e nasceu do desejo do fundador da empresa, Miguel Gellert Krigsner, de empreender ações em prol da preservação da natureza como expressão da responsabilidade social” (FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO, 2013). O site contém quizes (jogo de perguntas e respostas para testar os conhecimentos) e programas interativos que levam o visitante a descobrir coisas relevantes sobre o tema sustentabilidade. Nesse ambiente, a fundação divulga também seus editais, que visam a patrocinar projetos que efetivamente contribuem para a conservação da natureza no Brasil. http://www.greenpeace.org/brasil/pt http://www.wwf.org.br http://www.wwf.org.br http://www.fundacaogrupoboticario.org.br http://www.fundacaogrupoboticario.org.br www.esab.edu.br 146 Você está achando interessante essa volta que estamos dando pela internet? Agora, o que você acha de irmos até os sites do governo e descobrirmos o que há de informações sobre o tema? Um site muito importante e útil é o do Ministério do Meio Ambiente, disponível na internet clicando aqui. Nesse portal, você pode encontrar um link denominado Responsabilidade Socioambiental, no qual estão apresentados os projetos para essa área. Além disso, você pode navegar outras diversas áreas do ministério pelo site e ter acesso à ampla legislação ambiental. Do site do Ministério, você pode se direcionar ao site do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) clicando aqui. Esse site é muito útil para pesquisarmos as famosas Resoluções do CONAMA. Essas resoluções são documentos com valor legal que regulamentam diversas atividades industriais, coleta seletiva e reciclagem, por exemplo. Você pode fazer pesquisa por número, ano ou texto a fim de localizar as informações de seu interesse. Outros sites governamentais muito úteis são os das fundações estaduais de meio ambiente. Geralmente são elas que cuidam do processo de licenciamento ambiental e de fiscalização ambiental das empresas, juntamente com os municípios. Como as instituições públicas aderiram à tecnologia para facilitar a interação com os seus usuários, nesses sites podemos encontrar orientações sobre a documentação e o trâmite legal dos processos. Visite o site da fundação de meio ambiente de seu estado e confira! Estudo complementar Propomos que você procure na internet a Lei n° 10.650/03 (clique aqui para ver), a qual dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA. Saiba o que está previsto em lei que seja dado acesso ao público. http://www.mma.gov.br/ http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.650.htm www.esab.edu.br 147 Por fim, vamos agora navegar um pouco nos sites de notícias e informações sobre o meio ambiente e a responsabilidade social. São portais, revistas eletrônicas e jornais informativos construídos para públicos específicos, visando a fornecer informação atualizada e organizada aos setores interessados. Você conhece o portal Ambiente Brasil? Esse portal nasceu da ideia de oferecer para a comunidade corporativa brasileira praticidade e rapidez na busca on-line de informações sobre o Meio Ambiente (clique aqui para ver). Nesse site, você vai encontrar muita informação, apresentação de conceitos, divulgação de cursos e de notícias atualizadas. Uma revista eletrônica muito interessante é a “Planeta Sustentável”. É uma publicação da Editora Abril sobre sustentabilidade e dedicada às questões ambientais. Adicionalmente, você pode conferir na rede a “Revista Meio Ambiente Industrial”. Há quinze anos no mercado editorial brasileiro, essa revista tem como meta principal “informar para formar” cidadãos conscientes e comprometidos com a implementação efetiva da sustentabilidade. Outro recurso bastante interessante para você encontrar material informativo e educacional é o YouTube. Nele, você encontra filmes e animações sobre os mais variados temas, muito úteis para nosso estudo e também para utilizarmos em palestras e reuniões de conscientização, pois sempre é interessante utilizar recursos multimídia mais sofisticados que slides de PowerPoint. Experimente buscar algum tema que você tenha curiosidade. Bem, ao longo do nosso estudo, nós já indicamos vários filmes do YouTube para você assistir e utilizar como apoio ao seu estudo. Você achou interessante? Concluímos aqui a nossa parte neste mar de informações e possibilidades chamado internet. Estudamos, nesta disciplina, os principais conceitos e elementos que abrangem o tema da responsabilidade social e ambiental. Por certo, em muitos tópicos poderíamos fazer estudos aprofundados sobre o tema, os quais nos levariam a diversos outros elementos de aprendizado. Todavia, para você, estudante do curso, a forma http://www.ambientebrasil.com.br http://planetasustentavel.abril.com.br/ http://www.meioambienteindustrial.com.br www.esab.edu.br 148 como foram abordados os temas é suficiente para esclarecer e promover um entendimento amplo e satisfatório da questão, permitindo-lhe transitar sobre os assuntos tratados e saber os locais em que poderá encontrá-los para aprofundar seus conhecimentos. Esperamos que você tenha aprendido bastante e gostado do tema, pois o mundo precisa de pessoas capazes de integrar o tema da responsabilidade social e ambiental nas suas atividades profissionais. Parabéns pela conclusão da disciplina! Atividade Chegou a hora de você testar seus conhecimentos em relação às unidades 17 a 24. Para isso, dirija- se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responda às questões. Além de revisar o conteúdo, você estará se preparando para a prova. Bom trabalho! www.esab.edu.br 149 Resumo Caro estudante, chegamos ao final do nossa última etapa de estudos sobre responsabilidade social e meio ambiente. Estudamos a responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva e no setor varejista. Vimos como esse setor se desenvolve muito bem na sociedade e é capaz de ter contato direto muito intenso com seus fornecedores. Dedicamos três unidades para o estudo das estratégias de gestão socioambiental adotadas em diversos setores da economia: empresas de bens de consumo não duráveis e duráveis, serviços financeiros e serviços especializados, empresas do setor educacional e os serviços públicos. Este estudo teve como objetivo apresentar como esses setores lidam com a questão da responsabilidade socioambiental. Utilizamos diversos exemplos para enriquecer a exposição e também indicações de sites para visitação e vídeos no YouTube. Na unidade final, encerramos o estudo abordando as possibilidades da internet na divulgação das ações de responsabilidade socioambiental. Esperamos que você tenha gostado e que faça uma boa avaliação! www.esab.edu.br 150 Glossário Atmosfera Camada de ar que envolve a Terra. R Auditoria Processo de verificação sistemático e documentado para obter e avaliar, objetivamente, evidências para determinar se o sistema de gestão ambiental está em conformidade com os critérios do sistema de gestão ambiental estabelecido pela organização. R Autoavaliação É a avaliação feita pela própria organização em relação a seu sistema de gestão. R Autodeclaração É um documento elaborado pela própria organização que declara seus resultados e suas informações relativas à responsabilidade socioambiental. R Balanço social É um relatório elaborado pela organização para divulgar seus resultados em termos de investimentos e políticas sociais e ambientais. Esse documento pode ser distribuído entre os stakeholders da organização como clientes, acionistas, entre outros. R BiosferaConjunto de todos os ecossistemas da Terra; biociclo, ecosfera. R www.esab.edu.br 151 Capilaridade territorial Estar presente em um grande número de lugares, cobrindo uma vasta área territorial de forma bem representativa. R Competências Atualmente existe um estudo bastante amplo sobre as competências que uma pessoa pode desenvolver. De modo geral, competência em administração é a integração e a coordenação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada. Por exemplo, competências profissionais são habilidades, atitudes e conhecimentos profissionais necessários ao desempenho de atividades ou funções típicas, segundo padrões de qualidade e produtividade requeridos pela natureza do trabalho. Já as competências pessoais são inerentes ao próprio indivíduo e dependem de alguns fatores relacionados com as suas origens e com o seu desenvolvimento infantil. R Contracultura Forma negativa de cultura com o fim de combater os valores culturais vigentes. R Descargas líquidas Pontos de lançamento de efluentes, de águas que passaram pelo processo produtivo. R Desempenho ambiental Resultados mensuráveis do sistema de gestão da organização. Podem ser mensurados em relação à política, aos objetivos, às metas ou a outros requisitos de desempenho ambiental da organização. R Desenvolvimento sustentável É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades. R www.esab.edu.br 152 Ecodesign É uma abordagem de concepção de um produto com especial atenção para os impactos ambientais gerados durante o ciclo de vida do produto. Uma avaliação do ciclo de vida de um produto é normalmente dividida em: aquisição, fabricação, uso e descarte. R Efeito estufa É um mecanismo atmosférico natural que mantém o planeta aquecido nos limites de temperatura necessários para a vida na Terra. Esse fenômeno atmosférico acompanha a vida do planeta desde o início da sua existência. R Emissões gasosas Pontos de saída de gases oriundos do setor produtivo. R Etimologia Trata-se do estudo das palavras, de sua história e das possíveis mudanças de seu significado. Origem e evolução histórica de um vocábulo. R Filantropia Trata de doações e assistencialismo, de atender a uma situação emergencial e pontual, como por exemplo, promover doações para atender uma população afetada por uma enchente. R Globalização da economia A globalização da economia é o processo através do qual se expande o mercado e onde as fronteiras nacionais parecem mesmo desaparecer, por vezes, nesse movimento de expansão. Trata-se da continuação do processo de internacionalização do capital, que se iniciou com a extensão do comércio de mercadorias e serviços, passou pela expansão dos empréstimos e financiamentos e, em seguida, generalizou o deslocamento do capital industrial através do desenvolvimento das multinacionais. R www.esab.edu.br 153 Google É uma empresa multinacional de serviços online e software dos Estados Unidos. R Governança corporativa É a forma como o poder é exercido pela corporação na administração dos seus recursos sociais e econômicos visando ao desenvolvimento progressivo. A governança corporativa envolve o conjunto de processos, regulamentos, decisões e costumes pelos quais se dirige a corporação. R Greenpeace É uma Organização Não Governamental com sede em Amsterdã e com escritórios espalhados em diversos países. Atua internacionalmente em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. R Hidrosfera Camada aquosa da crosta terrestre que compreende os oceanos, os mares, os rios, os lagos e outras águas. R Investimento social Estabelece o uso voluntário de recursos privados de maneira planejada, ou seja, a partir de um diagnóstico feito que resulte nos projetos sociais que beneficiarão a comunidade dentro de suas necessidades e expectativas. R Leasing Sistema de aluguel de carros, aviões, máquinas, com opção de compra ao final do contrato. R www.esab.edu.br 154 Legionelose É uma forma de pneumonia atípica causada pela bactéria Legionella pneumophila. A Febre de Pontiac é uma legionelose não pneumônica. R Liberalismo econômico A teoria do liberalismo econômico surgiu no contexto do fim do mercantilismo, período em que era necessário estabelecer novos paradigmas, já que o capitalismo estava se firmando cada vez mais. A ideia central do liberalismo econômico é a defesa da emancipação da economia de qualquer dogma externo a ela mesma, ou seja, a eliminação de interferências provenientes de qualquer meio na economia. R Litosfera Camada superficial sólida da Terra, composta de rochas e solo, acima do nível das águas. R Logística de produtos Parte da administração responsável pela gestão dos materiais a partir da saída do produto da linha de produção até a entrega do produto no destino final. R Logística reversa Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. R Metas Requisitos de desempenho, geralmente quantificados, resultantes dos objetivos que necessitam ser atingidos. R Modus vivendi É uma expressão em latim que significa modo de vida, estilo de viver. R www.esab.edu.br 155 Moratória Dilação de prazo concedida pelo credor ao devedor para pagamento de uma dívida. Suspensão da exigibilidade das dívidas de um dado grupo de devedores, determinada por lei, com suspensão do curso de ações de cobrança e prolongamento do prazo de amortização. R Movimento cornucopiano Movimento que defendia que o ser humano, diante de dificuldades, sempre encontra um meio ou uma nova tecnologia que auxilie na resolução dos problemas decorrentes. R Norma ISO Normas técnicas elaboradas pela International Organization for Standardization (ISO), que é uma organização criada em 1946 e possui sede em Genebra, na Suíça. A ISO elabora e difunde normas internacionais em todos os domínios de atividades por meio da cooperação no âmbito intelectual, científico, tecnológico e de atividade econômica, com a intenção de facilitar o intercâmbio internacional de produtos e serviços. R Objetivos Propósitos decorrentes da política de responsabilidade socioambiental que uma organização se propõe a atingir, sendo quantificados sempre que exequível. R Organismos patogênicos É um organismo, microscópico ou não, capaz de produzir doenças infecciosas aos seus hospedeiros sempre que estejam em circunstâncias favoráveis, inclusive do meio ambiente. Podem ser bactérias, vírus, protozoários, fungos ou helmintos. O agente patogênico pode se multiplicar no organismo do seu hospedeiro, podendo causar infecções e outras complicações. R www.esab.edu.br 156 Padrões São geralmente expressos por números e visam a estabelecer níveis a serem alcançados pela organização em relação a algum aspecto específico de sua atividade. R Pesticida Substância que combate parasitas de plantas ou animais. R Política ambiental Intenções e diretrizes globais de uma organização referentes ao seu desempenho ambiental, formalmente expressas pela alta administração. A política ambiental fornece uma estrutura para se estabelecer e buscar os objetivos e metas ambientais. R Políticas públicas Conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente. R Princípios São os valores mais caros e importantes de uma organização, sobre os quais todo o sistema de gestão será pautado. R Programa de Advocacia Pro Bono Trabalho voluntário de assistência jurídica aos menos favorecidos. R Radioatividade (ou radiatividade) Propriedadede determinados tipos de elementos químicos radioativos emitirem radiações, um fenômeno que acontece de forma natural ou artificial. A radioatividade natural ou espontânea ocorre através dos elementos radioativos encontrados na natureza (na crosta terrestre, atmosfera etc.). Já a radioatividade artificial ocorre quando há uma transformação nuclear, através da união de átomos ou da fissão nuclear. A fissão nuclear é um processo observado em usinas nucleares ou em bombas atômicas. R www.esab.edu.br 157 Reciclagem de água Aplicar tratamento à água suja dos efluentes para deixá-la em condições de retornar ao estágio inicial do processo produtivo. R Relatório de desempenho Relatório que apresenta o desempenho da organização de modo geral. R Responsabilidade social É a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-estar da sociedade; leve em consideração as expectativas das partes interessadas (stakeholders); esteja em conformidade com a legislação aplicável; seja consistente com as normas internacionais de comportamento e esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. R Salobra É aquela água que tem mais sais dissolvidos que a água doce e menos que a água do mar. A água salobra é típica dos estuários e resulta da mistura da água do rio com a água do mar. R SARS Síndrome respiratória aguda grave (SARS). É uma doença viral respiratória em humanos, que é causada pelo corona vírus SARS. A SARS não foi erradicada e pode estar presente em seu ambiente natural de acolhimento (populações de animais) e pode retornar para a população humana. R Solidaridad É uma organização não governamental holandesa que atua internacionalmente em questões de responsabilidade social. R www.esab.edu.br 158 Stakeholders Partes interessadas. São instituições ou grupos de pessoas que de alguma forma influenciam o comportamento de uma organização. Por exemplo, acionistas, consumidores, funcionários, fornecedores, comunidade e grupos sociais ativistas. R Tapebas Os Tapeba são um grupo indígena que habita os limites do município brasileiro de Caucaia, na Microrregião de Fortaleza, mais precisamente na Área Indígena Tapeba. R Terceiro setor É uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. R Triple Bottom Line O tripé da sustentabilidade. Corresponde aos resultados de uma organização medidos em termos sociais, ambientais e econômicos. É apresentado nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável. Por enquanto, são medições de caráter voluntário. R YouTube YouTube é um site da internet fundado em fevereiro de 2005 que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. R www.esab.edu.br 159 Referências ABNT. NBR 16001:2004: responsabilidade social. <http://www. pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5Bfield_generico_ imagens-filefield-description%5D_20.pdf>. Acesso em: 17 abr. 2013. ABNT. NBR ISO 26000:2010: diretrizes sobre responsabilidade social. 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