Buscar

4º - Eletiva II Responsabilidade Social e Ambiental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 162 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 162 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 162 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

www.esab.edu.br
Responsabilidade 
Social e Ambiental
rafael
Rectangle
Responsabilidade Social 
e Ambiental
Vila Velha (ES)
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840
Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Apresentação
Caro estudante,
Seja bem-vindo à disciplina Responsabilidade Social e Ambiental. Esse é um tema 
bastante discutido atualmente, tendo em vista que existe uma preocupação geral 
em relação ao nosso padrão de desenvolvimento. Mas essa preocupação tem 
fundamento? Parece que sim. Podemos observar a nossa forma de implantar as 
cidades. Elas são instaladas sem conservar elementos ambientais, tais como rios, 
vegetação e animais, necessários para a sustentabilidade. Adicionalmente, temos 
que considerar o lixo e o esgoto que produzimos, e também o consumo dos recursos 
naturais – água, minérios, madeira etc. – necessários para produzir os bens de 
consumo. Essas questões atualmente são evidentes porque somos muitos! A Terra já 
não é mais um planeta imenso e aparentemente sem limites, mas um espaço finito, 
do qual fazemos parte e dependemos.
Se buscarmos refletir sobre as causas dos conflitos ambientais, nos depararemos 
com uma questão anterior, a desconexão do ser humano consigo mesmo, e depois 
com a natureza. Por isso, ao falarmos de meio ambiente, o tema da responsabilidade 
social está entrelaçado! Não é possível resolvermos as questões ambientais sem 
antes, ou conjuntamente, resolvermos os problemas sociais. O ser humano é a causa 
da degradação e também a solução para esse problema. Diante da estruturação 
das relações sociais, cidadãs e políticas, poderemos redefinir um padrão sustentável 
de vida. Pense nisso e vamos agora nos debruçar mais detalhadamente sobre o 
tema. Vamos aprender os principais elementos envolvidos e como podemos aplicar 
a responsabilidade social e ambiental como ferramenta para a construção de um 
mundo novo e melhor.
Nesta disciplina, trabalharemos com base em Brito e Câmara (1998); Melo Neto 
(2001); Tachizawa (2011); Arantes e Halicki (2011); Bucley, Salazar-Xirinachs e 
Henriques (2011); Gelman e Parente (2008); Stadler e Maioli (2011); Alencastro 
(2010) e Nascimento, Lemos e Mello (2008).
Bom estudo!
Objetivo
Conhecer os principais elementos do tema responsabilidade social e ambiental, 
de modo que possamos compreender de que forma estamos envolvidos com o 
assunto pessoalmente, na sociedade e no trabalho.
Habilidades e competências
• Expressar-se adequadamente no que se refere aos temas da responsabilidade 
social e do meio ambiente do ponto de vista do administrador. 
• Apresentar uma visão clara sobre os itens envolvidos no processo de gestão da 
responsabilidade social e ambiental. 
• Ter uma visão ampla sobre diferentes tipos de empresas e seus desafios com o 
tema da responsabilidade social e ambiental.
• Compreender os desafios envolvidos com a temática da responsabilidade social e 
meio ambiente.
• Dominar linguagens utilizadas no contexto da gestão ambiental e da 
responsabilidade social.
• Entender processos e implicações da implantação da responsabilidade social e 
ambiental no ambiente corporativo.
Ementa
Problemática ambiental e social. Gestão da responsabilidade social. Gestão 
ambiental e desenvolvimento sustentável. Estratégias, modelos e organizações 
voltados para o meio ambiente e a responsabilidade social. Normas, série ISO 
14000. Normas da Responsabilidade Social. Temas relevantes sobre tendências 
tecnológicas, sociais e ambientais.
Sumário
1. Conceitos ambientais ......................................................................................................6
2. Principais problemas ambientais ..................................................................................14
3. Cultura ambientalista: história e personalidades ..........................................................19
4. Políticas públicas de meio ambiente no Brasil ...............................................................26
5. Responsabilidade social: introdução e conceitos ...........................................................30
6. Responsabilidade social: história e diferentes visões .....................................................36
7. A ética na aplicação da responsabilidade social e ambiental .........................................42
8. O papel das pessoas dentro da organização na condução do processo de 
responsabilidade social e ambiental ............................................................................48
9. A empresa e seus stakeholders no contexto da responsabilidade socioambiental .........54
10. Gestão ambiental e social: enfoque global ....................................................................58
11. Normas da série ISO 14000 – meio ambiente ...............................................................65
12. Norma ISO 14001 – meio ambiente .............................................................................71
13. Normas orientadoras da responsabilidade social: AA 1000 e ABNT NBR 16001 .............77
14. Normas orientadoras da responsabilidade social: SA 8000 e ISO 26000 ........................85
15. Gestão socioambiental: desafios para sua implantação ................................................90
16. Gestão socioambiental: gerenciamento ........................................................................95
17. Investimentos e índices de sustentabilidade ...............................................................102
18. Rotulagem ambiental no contexto dos negócios verdes .............................................107
19. Responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva ...............................................114
20. Responsabilidade socioambiental e o setor varejista ..................................................119
21. Estratégias de gestão socioambiental – parte I ...........................................................124
22. Estratégias de gestão socioambiental – parte II .........................................................131
23. Estratégias de gestão socioambiental – parte III ........................................................137
24. A internet como instrumento de divulgação de responsabilidade 
social e ambiental .......................................................................................................143
Glossário ............................................................................................................................150
Referências ........................................................................................................................159
www.esab.edu.br 6
1 Conceitos ambientais
Objetivo
Apresentar os conceitos de meio ambiente, ecologia, recursos 
naturais e desenvolvimento sustentável.
Olá, caro estudante, vamos começar o nosso estudo? Vamos navegar pelo 
universo da responsabilidade social e ambiental e descobrir tudo que 
tem de interessante e importante sobre o tema, que vai ajudá-lo a estar 
mais bem preparado para o mercado de trabalho. Antes, é importante 
conversarmos um pouco sobre as razões de você estudar esta disciplina. 
A responsabilidade social e ambiental é um dos grandes desafios, não 
somente das empresas no século XXI, mas da população em geral. Os 
conceitos, regras e as ferramentas de gestão que operam neste ambiente 
têm características próprias e contextos de aplicação que merecem sua 
atenção para serem compreendidos.
Esses são temas que fazem parte do planejamento estratégico das 
empresas ou de políticas públicas governamentais, que de uma forma 
ou de outra atingem todos dentro de uma instituição, e você faz ou fará 
parte disso em breve.
1.1 Conceitos
Segundo a legislação brasileira, meio ambiente “[...] é o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
(BRASIL, 1981 apud BRITO; CÂMARA,1998, p. 85). Essa informação 
pode ser conferida no texto da Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política 
Nacional de Meio Ambiente.
Você já tinha parado para pensar como é amplo e complexo o meio 
ambiente? Estamos falando de toda a vida que existe no planeta, do 
www.esab.edu.br 7
meio no qual ela acontece e das interações existentes. Por isso, dizemos 
que todos estão envolvidos com as questões ambientais em todas as 
circunstâncias, seja em nossas casas, seja no trabalho ou em momentos de 
lazer.
Para você construir uma imagem mais completa, vamos nos aprofundar 
mais um pouquinho no assunto? Podemos dividir a Terra em três grandes 
regiões: a litosfera, camada superficial sólida da Terra, composta de 
rochas e solo, acima do nível das águas; a hidrosfera, ambiente líquido; e 
a atmosfera, camada de ar que envolve a Terra. É nessas três regiões que 
se desenvolve a biosfera, ou seja, a vida do planeta.
 
Atmosfera Hidrosfera
Biosfera
Crosta Terrestre
Figura 1 – Biosfera.
Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/biosfera/imagens/biosfera5.jpg>.
Na crosta do planeta Terra, ou litosfera, ocorrem as principais atividades 
humanas. As rochas e o solo são elementos utilizados pelo homem para 
construção de moradias, para a agricultura, a construção de rodovias, 
a exploração de minerais para os mais diversos fins industriais ou 
farmacêuticos. É na crosta também que estão as florestas, os campos e 
outras diversas formações.
www.esab.edu.br 8
Corteza
Astenosfera
Manto superior
Manto inferior
Moho
Litosfera
Figura 2 – Litosfera.
Fonte: < http://biologiaygeologia4eso.files.wordpress.com/2012/06/litosfera.jpg>.
A hidrosfera compreende os rios, os lagos, as lagoas, os mares e todas as 
águas subterrâneas, as águas salobras, o gelo e o vapor de água existentes 
no planeta. A abundância de água na Terra é uma característica que lhe 
deu o apelido de “Planeta Azul”. Aproximadamente 70% (67% de água 
do mar e 3% de água doce) da Terra é coberta de água e somente 30% 
dela é exposta. Praticamente todos os ambientes aquáticos possibilitam 
o surgimento e o desenvolvimento de seres vivos, pois a maior parte da 
vida na Terra encontra-se inclusive nos oceanos e em outros ambientes 
aquáticos. Acompanhe na Figura 3 a distribuição da água pelo planeta 
Terra.
O planeta tem 1,4 bilhão de quilômetros
cúbicos de água (10,4 bilhões de litros)
0,04%
Atmosfera
0,36%
Lagos, rios
e pântanos
22,4%
Subsolo
77,2% Geleiras e
calotas polares
97,5%
Mares e oceanos
(água salgada)
2,5% (água doce)
 
Figura 3 - Distribuição da hidrosfera.
Fonte: <http://www.tiberiogeo.com.br/paginas.php?pagina=a_hidrosfera#prettyPhoto>.
www.esab.edu.br 9
A atmosfera é uma camada de gases que envolve a Terra. O ar consiste 
em 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 1% de argônio e 0,03% de 
dióxido de carbono, além de outros gases menos significativos, entre 
os quais se encontram os gases do efeito estufa, como o vapor d’água, 
metano, óxido nitroso e ozônio. 
Termosfera
Mesosfera
Estratosfera
Troposfera
(Mesopausa)
80km
(Estratopausa)
50km
(Tropopausa)
15km
Figura 4 – Camadas da atmosfera.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Composição da atmosfera terrestre
= 20,9%O2
= 78,1%N 2
Outros= 1,0%
(Ar, CO , Ne, He)2
Figura 5 – Composição da atmosfera.
Fonte: <pontociencia.org.br>.
www.esab.edu.br 10
Para sua reflexão
Imagine as tantas paisagens existentes em nosso 
planeta, a diversidade da fauna, da flora, das 
estações do ano, enfim, toda a variedade de vida e 
suas cadeias. Diante disso, você se sente parte da 
natureza ou se considera um ser à parte? 
A resposta a essa reflexão forma parte de sua 
aprendizagem e é individual, não precisando ser 
comunicada ou enviada aos tutores. 
Com o objetivo de estudar as interações dos seres vivos entre si e seu 
ambiente, a sua distribuição e abundância, surgiu a ecologia. A palavra 
ecologia tem origem no grego oikos, que significa casa; e logos, estudo. 
Portanto, ecologia significa o estudo da casa, ou, de forma mais genérica, 
do lugar onde se vive.
Desenvolver a ciência da ecologia, conhecer as leis que regem os ciclos 
da natureza e deparar-se com seus mistérios permite ao ser humano 
conhecer o meio ambiente e ter maior consciência e prudência em 
relação aos efeitos que provoca na natureza em decorrência do tipo 
de desenvolvimento. Por outro lado, a ecologia também nos ajuda a 
ter respostas sobre o tipo de desenvolvimento compatível com o meio 
ambiente.
Você está compreendendo o tema? Agora que conhecemos os conceitos 
de meio ambiente e de ecologia, vamos ver o significado do termo 
desenvolvimento sustentável? A comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, no seu relatório publicado em 1987, conhecido 
como Relatório Brundtland, afirma que o desenvolvimento sustentável 
é aquele que consegue atender às necessidades do momento sem 
comprometer as necessidades das futuras gerações.
www.esab.edu.br 11
Segundo Brito e Câmara (1998), desenvolvimento sustentável é um 
modelo de desenvolvimento que leva em consideração os fatores 
econômicos, de caráter social e ecológico, de modo equilibrado. Parte da 
constatação de que os recursos naturais têm uma oferta limitada, e por 
isso devem ter sua reposição permanente assegurada.
Por meio dessas definições, podemos concluir que o desenvolvimento 
sustentável é um tipo de desenvolvimento em que a economia, as 
empresas e os mercados consumidores têm preceitos compatíveis com a 
manutenção do equilíbrio da natureza. Teríamos que conceber um tipo 
de vida que não poluísse os rios, mantivesse as matas em quantidade 
suficiente para o desenvolvimento e a preservação das espécies. Enfim, 
o ideal seria utilizássemos da Terra e seus recursos naturais somente o 
necessário para a manutenção de nossa vida e que deixássemos eles em 
quantidades suficientes para as futuras gerações. 
Agora você consegue compreender mais claramente as implicações do 
desenvolvimento sustentável, não é mesmo? 
Em parágrafo anterior, comentamos sobre os recursos naturais, mas qual 
é a definição desse termo? 
Os recursos naturais são os bens existentes na natureza aproveitáveis pelo homem, 
como as plantas, os animais, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os 
estuários, o mar; o solo e o subsolo; o carvão vegetal e mineral; o ouro, o ferro, o 
calcário; o petróleo e outros elementos existentes na natureza. (BRITO; CÂMARA, 
1998, p. 28) 
Portanto, quando falamos de algum elemento da natureza sob o ponto 
de vista da utilização pelo homem, podemos defini-lo como recurso 
natural. Um rio pode ser denominado recurso natural, do qual extraímos 
água, energia hidrelétrica, alimento e também o utilizamos como via 
de transporte de carga e pessoas. O meio ambiente nos fornece muitos 
recursos naturais por meio dos seus ciclos – primavera, verão, outono 
e inverno –, ele se recompõe e nos oferece recursos de que precisamos 
para viver. Dentro do seu ritmo, ele recicla seus elementos e mantém o 
equilíbrio do sistema natural. 
www.esab.edu.br 12
Você já parou para pensar que não existe nada inútil na natureza? 
As folhas das árvores, por exemplo, quando estão atadas nos galhos, 
cumprem seu papel realizando a fotossíntese, alimentando a árvore 
e proporcionando o seu crescimento, reciclam o ar da atmosfera, 
fazem sombra e algumas ainda servem de alimento para os animais. 
Ao caírem do galho e se depositarem no chão, continuam sendo úteis 
ali, compõem a matéria orgânica do solo, servem de alimentos para 
pequenos organismos e protegem o solo da erosão provocada pelas 
chuvas. Ali ficam até se decomporem em elementos tão pequenos que 
serão novamente absorvidos pela árvore e voltarão a cumprir seu papel, 
ou vão fazer parte de outro sistema vivo, mas certamente esses elementos 
da folha da árvore continuarão sendo úteis à natureza.
Você já havia parado para pensar de forma tão minuciosa sobre esse 
assunto? Quando um biólogo ou engenheiro ambiental, por exemplo, 
fala sobre ecologia, sustentabilidadee os desafios que temos pela frente, 
estão falando a partir desse ponto de vista, pois profissionais como eles 
estudaram esses processos da natureza e sabem de suas necessidades 
e complexidades. Quando ocorre a interferência humana, esses 
especialistas avaliam a dimensão do impacto e procuram elencar todas 
as consequências dessas intervenções. Em uma grande escala, como 
a de uma cidade, por exemplo, ou de uma grande área de agricultura 
ou pecuária, a intervenção nos processos naturais torna-se mais ampla 
e, neste caso, caberia a aplicação de regras que garantissem, de forma 
segura, o equilíbrio natural.
Contudo, o nosso tipo de desenvolvimento não concebeu ainda essa 
harmonia ou uma maneira menos impactante de crescer e se desenvolver. 
Em decorrência desta inabilidade em conceber o desenvolvimento 
sustentável, temos hoje assuntos como as mudanças climáticas, que 
segundo a organização não governamental World Wildlife Fund for 
Nature (WWF) é outro nome para aquecimento global, decorrentes do 
lançamento de gases do efeito estufa (GEEs), principalmente o dióxido 
de carbono (CO2), na atmosfera, formando uma camada sobre a Terra 
que impede a saída de radiação solar e contribui para o aumento da 
temperatura no planeta (WWF apud STADLER; MAIOLI, 2011). 
Sabemos que há um grande desafio para nós como educadores ou futuros 
educadores em transmitir aos nossos alunos os problemas ambientais e 
www.esab.edu.br 13
as possíveis soluções, bem como as prevenções, fomentando a criação 
de uma consciência ecológica. Na próxima unidade, veremos um pouco 
mais de perto essa questão dos problemas ambientais. 
Saiba mais
Nesta unidade, foi apresentado o Relatório 
de Brundtland. Para saber mais sobre esse 
documento, acesse o conteúdo disponível clicando 
aqui.
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/91
www.esab.edu.br 14
2 Principais problemas ambientais
Objetivo
Descrever os principais problemas ambientais e os principais desafios 
para o alcance da sustentabilidade.
Esta unidade busca apresentar os principais problemas ambientais da 
atualidade. Geralmente, essa não é uma forma muito pedagógica de 
encaminhar um assunto no âmbito das relações humanas, não é mesmo? 
Ninguém gosta de escutar críticas e geralmente as pessoas reagem mal 
a situações como essa. Todavia, quando o tema é meio ambiente, ele 
geralmente está envolto por críticas e, portanto, não seria justo da nossa 
parte se deixássemos de apresentá-las para você. Desta forma, você 
pode refletir sobre elas e construir suas próprias argumentações sobre o 
assunto, ao pesquisar e observar mais cada elemento.
2.1 Problemas ambientais
Vamos começar com o tema que finalizamos a unidade anterior, a 
mudança climática – aquecimento global. Segundo Stadler e Maioli 
(2011), o aquecimento global contribui para o derretimento das 
geleiras, o que ocasiona o aumento do nível dos oceanos, as mudanças 
nas correntes marítimas, a irregularidade de chuvas e secas no mundo 
inteiro, gerando problemas na agricultura, entre outros. O Painel 
Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) informou em seu 
relatório de 2007 que ainda é possível reverter o aquecimento global se 
diminuirmos entre 50% a 85% as emissões de CO2 até 2050 (2007 apud 
STADLER; MAIOLI, 2011). 
O tema da mudança climática está envolto em muita discussão e as 
informações e os dados podem aparecer diferenciados dependendo da 
fonte consultada. Essa divergência sobre o tema pode ser explicada por 
se tratar de uma questão de abrangência global e por existirem muitos 
interesses envolvidos. 
www.esab.edu.br 15
Vejamos agora o problema do crescimento populacional desordenado. 
Stadler e Maioli (2011) nos relatam que em 2009 foram registradas 6,8 
bilhões de pessoas no planeta e a previsão para 2050 é de que seremos 
9 bilhões. Há quem considere que a Terra tem condições de sustentar 
essa população, mas pelo fato de ela não estar distribuída de uma forma 
equânime, estando mais concentrada em países subdesenvolvidos, não 
será possível oferecer condições de vida adequadas a esse contingente 
humano.
De acordo com Stadler e Maioli (2011), outro problema ambiental da 
nossa época é a exploração exacerbada dos recursos. Segundo os autores, 
existe uma exploração exagerada dos recursos marinhos, hídricos, 
florestais, entre outros, o que demonstra a tese de que a atual produção 
industrial não é mais viável, pois, como dissemos anteriormente, os 
recursos são finitos. 
A escassez de água é outro problema mundial. A ONG Tearfund alerta 
que “[...] duas em cada três pessoas poderão ficar sem água em todo o 
mundo até 2025. Como a maior utilização de água é na agricultura – 
cerca de 70% –, a falta de água ocasionará um aumento do custo de 
alimentos” (STADLER; MAIOLI, 2011, p. 123). O problema não 
é precisamente a falta de água, mas o acesso restrito à água potável. 
A maioria dos principais rios que banham os estados brasileiros, por 
exemplo, está poluída em razão de a água utilizada nas indústrias, nas 
residências, nos shopping centers, no comércio, nos matadouros, na 
mineração, voltar para os rios sem tratamento. Brito e Câmara (1998) 
comentam adicionalmente que o uso desordenado de fertilizantes, 
agrotóxicos e pesticidas na agricultura faz com que esses elementos sejam 
levados pelas enxurradas para os leitos dos rios. Outro fator causador da 
poluição é o lixo doméstico e hospitalar, que em sua maioria não recebe 
tratamento adequado. 
Considerando simultaneamente o crescimento populacional, a 
superexploração dos recursos naturais e a poluição das águas, podemos 
perceber que medidas precisam ser tomadas nesses três aspectos a fim 
de evitar cenários de crise. Todavia, não são medidas de fácil assimilação 
pela população em geral. 
www.esab.edu.br 16
Para sua reflexão
Você pode imaginar como as pessoas reagiriam 
se o governo limitasse seu direito de ter quantos 
filhos quiser? Você pensa que seria fácil frear o 
consumo atual da sociedade? Ou ainda, como 
você acha que um problema de poluição instalado 
desde que se iniciou o processo de industrialização 
e nunca resolvido seja solucionado em curto 
espaço de tempo? 
A resposta a essa reflexão forma parte de sua 
aprendizagem e é individual, não precisando ser 
comunicada ou enviada aos tutores. 
Assim, muitos ambientalistas argumentam que somente a educação vai 
salvar o planeta. Precisamos que as pessoas compreendam por si mesmas 
os problemas e desafios ambientais que temos pela frente e que, imbuídas 
da consciência de seu papel no processo, movam-se na direção de fazer 
sua parte e contribuir para o todo.
Analisemos agora os problemas na área da saúde. As novas doenças que 
causam epidemias – legionelose, SARS, AIDS – e o retorno de outras 
doenças, como dengue, febre amarela, doença de Chagas, são 
indicações do desequilíbrio existente entre os seres humanos e a 
natureza. Para Stadler e Maioli (2011), atualmente a mobilidade cada 
vez maior de pessoas e cargas coloca muitos seres humanos em contato 
com micro-organismos patogênicos capazes de causar doenças 
infecciosas. 
Para os autores, outro setor que sofre grandes ameaças é a biodiversidade. 
A quantidade de espécies ameaçadas de extinção chega, no caso 
brasileiro, a 472. No mundo, acredita-se que chegue a mais de 13 mil 
o número de espécies que estão em risco de extinção. O desmatamento
e a erosão do solo, resultados de uso inadequado da terra, provocam 
um impacto muito grande no funcionamento dos rios, gerando 
desequilíbrios entre as espécies. 
www.esab.edu.br 17
Segundo Brito e Câmara (1998), os registros de inundações nas 
cidades são cada vez mais frequentes, destruindo casas, prédios, pontes 
e provocando o desbarrancamento de morros. Nos campos, os rios 
transbordam, inundam e destroem lavouras e pastos, e tudo isso é 
resultado da utilização inadequada da terra e da falta de proteção 
ambiental. O uso do solo de forma desordenada é um dos maiores 
problemas queencontramos nas cidades, especialmente aqui no Brasil. 
Adicionalmente a todos os problemas decorrentes disso, já citados, 
temos a questão do trânsito, da falta de áreas de lazer, bem como a 
fragmentação ou até mesmo o aniquilamento dos sistemas naturais.
Como pudemos pontuar, vimos que os problemas ambientais são 
muitos. Todavia, as pessoas que têm visão proativa sobre o assunto 
conseguem enxergar grandes oportunidades de trabalho e geração de 
renda empreendendo ações que visem resolver os problemas ambientais. 
Veja o caso da 3M Company, empresa multinacional norte-americana de 
tecnologia diversificada que abarca seis grupos de negócio. Desde 1975, 
evitou o lançamento de 270 mil toneladas de poluentes na atmosfera 
e 30 mil toneladas de efluentes nos rios e, além disso, conseguiu 
economizar mais de US$ 810 milhões no combate à poluição nos 60 
países onde atua. Você não acha isso interessante? Outro exemplo é o da 
empresa Scania Caminhões, que contabiliza uma economia em torno de 
R$ 1 milhão com programas de gestão ambiental. Ela conseguiu reduzir 
8,6% do seu consumo de energia, 13,4% no de água e 10% no volume 
de resíduos produzidos apenas no ano de 1999 (TACHIZAWA, 2011). 
A gestão inteligente dos problemas ambientais representa, a curto, médio 
ou longo prazos, ganhos diretos aos poluentes responsáveis. Toda a 
degradação representa uma perda, essa é a nova visão que está sendo 
construída na área ambiental, não por imposição ou marketing, mas 
por ser fato, seja para as pessoas, o Estado ou as empresas. Pensar em 
termos da sustentabilidade e da resolução dos problemas ambientais gera 
economia e melhores perspectivas para o futuro de forma simultânea.
www.esab.edu.br 18
Estudo complementar
Leia o artigo intitulado “A interferência humana” 
do Projeto Mudanças Climáticas e Mídia, anotando 
as informações que achar interessantes para os 
seus estudos nesta disciplina. Disponível clicando 
aqui. 
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/652
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/652
www.esab.edu.br 19
3 Cultura ambientalista: história e personalidades
Objetivo
Relacionar brevemente a história da cultura ambientalista e algumas 
de suas personalidades.
Vamos continuar o nosso estudo? Nesta unidade apresentaremos fatos 
históricos que apresentam, por intermédio de exemplos, os riscos ao meio 
ambiente em decorrência de atividades econômicas desenvolvidas sem os 
cuidados de segurança necessários. Em seguida, citaremos personalidades 
que fizeram parte da história da construção do movimento ambientalista 
e, ao final, os principais eventos realizados pela ONU e protocolos 
decorrentes dessas reuniões internacionais para discutir ações em relação 
à proteção e conservação ambiental. 
3.1 Registros de fatos históricos
Começamos apresentando alguns acidentes ambientais que ocorreram 
ao longo da história e que tiveram repercussão mundial. Conhecer esses 
acontecimentos é importante para nos alertar que, quando se desenvolve 
uma atividade que utiliza produtos perigosos, todo controle da segurança 
se faz necessário. Faremos agora um panorama pelo mundo para 
conhecer alguns desses acidentes.
Stadler e Maioli (2011) relatam que no ano de 1984, na cidade de 
Bhopal (Índia), quarenta toneladas de gases tóxicos vazaram da indústria 
Union Carbide Corporation. Estimou-se que apenas na primeira semana 
8 mil pessoas morreram. A empresa abandonou o país e pagou ao 
governo da Índia, por meio do novo proprietário, a Dow Química, uma 
indenização irrisória. Infelizmente, estima-se que mais de 150 mil pessoas 
continuam a sofrer com doenças que foram provocadas pelo acidente. 
www.esab.edu.br 20
Os autores contam ainda que no ano de 1979, na central nuclear Three 
Mile Island, nos Estados Unidos, e no ano de 1986, em Chernobyl 
(na antiga União Soviética), ocorreram dois acidentes nucleares que 
provocaram a morte de centenas de pessoas e trouxeram consequências 
que duram até os dias de hoje. 
No ano de 1952, em Londres (Inglaterra), um nevoeiro causado pela 
poluição do ar matou mais de 1.600 pessoas. No ano de 1956, na baía 
de Minamata (Japão), ocorreu uma intoxicação por mercúrio, causada 
pela poluição industrial lançada por mais de 40 anos nesse lugar. O fato 
repercutiu em inúmeras doenças à população local que consumia peixes 
e frutos do mar da localidade (STADLER; MAIOLI, 2011). Neste caso, 
podemos ver que o problema, tratado como acidental, na verdade foi 
provocado por uma atitude negligente que persistiu ao longo de 40 anos. 
Podemos ver que foram necessárias quatro décadas e a morte de muitas 
pessoas para que o lançamento de mercúrio fosse cessado nesse local.
Gases tóxicos, metais pesados e elementos radioativos foram utilizados 
de forma negligente e causaram doenças, mortes e poluição ambiental 
ao longo da história. Se você for pesquisar, verá que existem inúmeras 
regulamentações legais para uso dessas substâncias hoje em dia. Portanto, 
é importante termos consciência de que, quando nos deparamos com um 
regramento legal vasto e inúmeras normas técnicas que regulamentam as 
atividades industriais ou de produção de energia, todo esse cuidado tem 
fundamento técnico e é embasado, muitas vezes, em experiências trágicas 
do passado. Por isso, tais medidas não podem ser negligenciadas.
3.2 Personalidades
Para contrabalançar os fatos negativos que acabamos de ver, 
apresentamos agora duas histórias interessantes de ambientalistas e 
também de uma instituição que deixou sua marca na história desse 
movimento.
Stadler e Maioli (2011) nos contam sobre a história da bióloga marinha 
Rachel Carson (1907-1964) e o pesticida conhecido como DDT. Carson 
tinha acesso a inúmeros estudos que foram realizados sobre a aplicação 
www.esab.edu.br 21
do DDT e escreveu uma série de artigos sobre o assunto. Neles ela 
demonstrou que esse pesticida se acumulava ao longo da cadeia alimentar 
e que, quando aplicado em uma lavoura, por exemplo, matava insetos 
durante muito tempo depois da aplicação e, por não ser solúvel em água, 
era direcionado para rios e lagos quando chovia, causando sérios riscos à 
população e aos animais que utilizassem essas águas.
Como resultado do trabalho dessa cientista e ambientalista, ocorreu 
uma importante mudança sobre o controle do Estado nas atividades das 
empresas. Ao invés de os defensores da natureza terem de provar que 
os produtos das empresas eram prejudiciais, foram os fabricantes que 
passaram a ter a obrigação de provar que seus produtos são seguros para a 
saúde e o meio ambiente (STADLER; MAIOLI, 2011).
A história de Rachel Carson nos serve como um exemplo de uma atitude 
corajosa de quem está comprometido com a verdade e nos inspira a 
ficarmos mais críticos ao avaliar o desenvolvimento tecnológico, no 
sentido de não somente olharmos pelo lado que nos beneficia, mas 
também avaliarmos todos os possíveis efeitos do uso dos novos produtos 
desenvolvidos. 
Convém relatar que, segundo Stadler e Maiolo (2001), o povo egípcio 
conhecia o petróleo e sua propriedade combustível muito tempo antes 
de nós, mas abdicaram do seu uso por considerarem que não seria bom 
para sua civilização. Os egípcios viveram durante milênios à beira de um 
grande rio, o Nilo, e não foi a degradação ambiental que limitou seu 
império. 
Stadler e Maioli (2011) apresentam outra personalidade interessante. 
Trata-se de René Jules Dubos (1901-1982), biólogo microbiologista 
francês com cidadania americana. Atuou na descoberta de inúmeros 
antibióticos que ajudaram na criação da vacina do Bacilo Calmette-
Guérin (BCG) contra a tuberculose. Dubos compreendia como ninguém 
a interação existente entre os micróbios e o ser humano. Por analogia de 
seus estudos com os microrganismos, passou a estudar a interação entre o 
ser humano e o planeta Terra. 
www.esab.edu.br 22
Preocupado com a forma com que a população vinha tratando o 
meio ambiente, Dubos era extremamente otimista em relação ao 
futuro e acreditava que o homem conseguiria solucionaros problemas 
existentes, pensamento que deu origem ao movimento conhecido como 
cornucopiano, que defendia que o ser humano, diante de dificuldades, 
sempre encontra um meio ou uma nova tecnologia que auxilia na 
resolução dos problemas decorrentes (STADLER; MAIOLI, 2011).
A visão otimista de Dubos e do movimento cornucopiano merecem 
algumas considerações. O potencial inteligente do ser humano é algo que 
deve ser admirado e estimulado em nossa sociedade. Certamente reside 
em nós uma real capacidade de promover o sadio desenvolvimento da 
sociedade. No entanto, sobre esse assunto, é importante considerar que 
quando se trata de questões ambientais, estamos falando de algo muito 
amplo, composto por elementos que fogem ao nosso controle e até 
mesmo ao nosso conhecimento. 
Observe este exemplo: em uma determinada época, os antigos 
romanos julgavam que o Sol era uma tocha gigantesca que iluminava 
o universo. No século XIX, afirmava-se entre os cientistas que o Sol 
era uma enorme massa de carvão incandescente; no começo do século 
XX, comparavam-no a um imenso arco voltaico; e em nossos dias, a 
ciência afirma que o Sol é um forno atômico e que seu combustível 
fundamental é o hidrogênio. Com esse exemplo, mostramos a você que 
o nosso conhecimento sobre as coisas pode estar muito restrito ao que 
conseguimos conceber em um determinado momento e que existem 
muitas coisas que ainda não conseguimos explicar na natureza e que, 
portanto, o otimismo é sadio com uma boa dose de prudência associada. 
Devido a sua ampla visão, Dubos foi escolhido junto com Bárbara Ward 
para redigir o relatório da Primeira Conferência das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Eles 
escreveram juntos o livro “Uma Terra somente: a preservação de um 
pequeno planeta” (1973 apud STADLER; MAIOLI, 2011). 
Você já ouviu falar sobre o Clube de Roma? Stadler e Maioli (2011) 
nos contam que essa ONG foi constituída por expoentes cientistas, 
estadistas, banqueiros, industriais e empresários de todo o mundo. 
www.esab.edu.br 23
Buscando analisar a situação mundial, a organização contratou, em 
1969, uma equipe de pesquisadores do Massachusetts Institute of 
Technology (MIT) para realizar uma pesquisa sobre o futuro do planeta. 
Essa previsão com soluções para o futuro foi publicada com o título de 
“Os limites do crescimento”, em 1972. Ele indicava que, no ritmo de 
crescimento daquela época, a humanidade corria sérios riscos para sua 
sobrevivência, já que estavam se esgotando os recursos naturais existentes 
devido ao aumento da população mundial, o que exigia uma produção e 
um consumo cada vez maiores de energia e alimentos, o que, por sua vez, 
geraria mais poluição e desemprego. Demonstrou também à sociedade e 
à comunidade empresarial que existe sim um limite para o crescimento 
de nossa espécie.
3.3 Principais eventos promovidos pela ONU
A sequência de problemas ambientais ocasionados pela forma como o 
homem explorava a Terra e as pressões de grupos ambientalistas acabaram 
persuadindo a ONU a convocar uma série de conferências internacionais 
para tratar a questão.
No ano de 1968, foi realizada em Paris (França) a Conferência 
da Biosfera. Ela deu início a um debate internacional sobre o 
meio ambiente. Quatro anos mais tarde, em 1972, ocorreu a 
Primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, 
reunindo 250 ONGs e 113 países em um grande embate entre nações 
desenvolvidas e emergentes, como era o caso do Brasil (STADLER; 
MAIOLI, 2011).
Segundo os autores, em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro a 
Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, conhecida como Eco 92, na qual 178 países se 
reuniram e debateram sobre o meio ambiente e propuseram uma série 
de convenções e tratados para tentar resolver o problema ocasionado 
pela exploração desenfreada dos recursos naturais e pelo aumento 
da poluição. Os objetivos da Eco 92 eram examinar a situação 
ambiental mundial desde 1972 e o que ocorrera desde então; auxiliar 
www.esab.edu.br 24
a transferência de tecnologias não poluentes, principalmente para 
países desenvolvidos e emergentes conhecerem as diversas estratégias 
que foram congregadas nos processos de desenvolvimento nacionais 
e internacionais; buscar o estabelecimento de um sistema cooperativo 
internacional para socorro em emergências e na previsão de novas 
ameaças ambientais; e por final, a Eco 92 propôs uma reavaliação 
dos organismos da ONU responsáveis pelo meio ambiente e suas 
capacidades de fazer cumprir as decisões tomadas. 
Essa conferência teve uma conotação política e social muito mais 
relevante que sua edição anterior, resultando nas seguintes declarações do 
Rio de Janeiro sobre o meio ambiente e o desenvolvimento: Declaração 
de Princípios sobre Florestas, Convenção sobre Mudanças Climáticas, 
Convenção da Biodiversidade, Agenda 21 e Carta da Terra (STADLER; 
MAIOLI, 2011).
A partir da Eco 92, foram elaborados dois protocolos:.
• protocolo de Kyoto: assinado por 180 países, estabeleceu que os 
países industrializados deveriam reduzir a emissão de gás carbônico 
para diminuir o efeito estufa, devendo chegar em 2012 com níveis 
5,2% inferiores aos de 1990 (STADLER; MAIOLI, 2011). Em 
2012, na 17ª Conferência da ONU para mudanças climáticas, que 
aconteceu em Durban (África do Sul), o Protocolo de Kyoto foi 
renovado até 2017. O novo protocolo, que começou a vigorar em 
2013, tem a participação de menos países com a saída de Rússia, 
Japão e Canadá;
• protocolo de Cartagena: trata da biossegurança e entrou em 
vigor em 2003. Menciona o movimento dos transgênicos entre os 
países, assegurando que a manipulação de organismos vivos pela 
biotecnologia não cause efeitos danosos à diversidade ambiental 
e à saúde do ser humano. No Brasil, entrou em vigor em 2004 
(STADLER; MAIOLI, 2011).
www.esab.edu.br 25
Esses protocolos formalizaram o compromisso de seus países signatários 
de gerenciar, de forma mais adequada e segura, duas questões ambientais 
importantes para o desenvolvimento sustentável do nosso planeta. Tais 
acordos tocam muito na questão política, e este será o tema da nossa 
próxima unidade.
Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de 
Aprendizagem da instituição e participe do nosso 
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com 
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, 
por meio da interação, a construção do seu 
conhecimento. Vamos lá?
www.esab.edu.br 26
4 Políticas públicas de meio ambiente no Brasil
Objetivo
Pontuar as principais políticas ambientais brasileiras.
Você vai agora conhecer as políticas públicas ambientais que foram 
promulgadas em nosso País desde o início do século XX até os tempos 
atuais, como forma de atender às demandas de gestão dos problemas 
ambientais por parte do Estado. O governo reagiu a essa demanda 
instituindo leis e decretos que regulamentaram aspectos importantes. 
Vamos conhecê-los? 
4.1 Política ambiental brasileira
Segundo Stadler e Maioli (2011), podemos considerar que a política 
ambiental brasileira teve início com a publicação, na primeira metade do 
século XX, de alguns documentos, como o Código de Caça, o Código 
Florestal, o Código de Minas e o Código de Águas, feitos pelo governo 
Vargas, a criação do Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro do Brasil, em 
1937, e da legislação sobre tombamento do patrimônio cultural. 
Barbieri (2007) define política pública ambiental como o “[...] 
conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o poder 
público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente” 
(BARBIERI, 2007 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 125). Portanto, 
as políticas públicas ambientais são instrumentos legais que deram 
“forma”, gestão, às demandas ambientais no Brasil.
Em 1981, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Lei nº 6.938, a 
qual dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Ela visou a dar 
umcaráter formalizador aos outros textos legais sobre o meio ambiente, 
instituindo instrumentos que viabilizassem a prática da gestão ambiental 
www.esab.edu.br 27
por parte dos órgãos públicos. Essa lei criou o que se denominou de 
Sistema Nacional de Meio Ambiente, cuja sigla é SISNAMA.
O SISNAMA é composto pelos órgãos da União, estados e municípios 
que possuem atribuições na gestão ambiental pública. A estrutura do 
SISNAMA é muito similar em todos os três níveis. Podemos visualizar 
essa estrutura da seguinte forma:
CONAMA
(conselho Nacional
de Meio Ambiente)
IBAMA
ICMBio
Conselho de Governo Ministério do MeioAmbiente
Órgãos
estaduais
Órgãos
municipais
CONSEMA
(conselho Estadual
de Meio Ambiente)
CONDEMA
(conselho Municipal
de Meio Ambiente)
Figura 6 – Constituição do SISNAMA.
Fonte: Elaborada pela autora (2013).
Em relação ao sistema, saiba que os conselhos de meio ambiente dão 
suporte técnico, julgador e normativo aos órgãos executivos de meio 
ambiente nas três esferas da federação. Os órgãos executivos são aqueles 
com os quais as empresas irão se relacionar de forma mais frequente 
e direta. Além disso, esses órgãos são responsáveis por fiscalizar o 
cumprimento da legislação ambiental nas empresas e por fazer o 
licenciamento ambiental. Stadler e Maioli (2011) explicam que existem 
grandes dificuldades para conciliar os interesses públicos e privados 
relacionados à questão ambiental, e o governo se viu imbuído com a 
demanda de estabelecer instrumentos explícitos de políticas públicas 
ambientais, conhecidos como instrumentos de comando e controle. 
Os principais instrumentos de comando e controle compõem o que 
definimos como a fiscalização ambiental e o licenciamento ambiental 
de atividades potencialmente poluidoras. Você já ouviu falar sobre essas 
atividades? 
www.esab.edu.br 28
Por intermédio do licenciamento ambiental, os órgãos públicos de 
meio ambiente regulam a instalação e operação de diversas atividades 
potencialmente poluidoras (conceito legal), tais como: indústrias, 
loteamentos, mineração, estações de tratamento de água e esgoto, 
aterros sanitários etc. Trata-se de um procedimento de solicitação de 
emissão de licença ou autorização, a ser realizado pelos empreendedores 
junto ao poder público, em que se requer as licenças ambientais desde 
a concepção da atividade, passando pelo seu projeto, construção e 
operacionalização. Nesse processo, os técnicos ambientais dos órgãos de 
governo avaliam de forma prévia a adequação legal do empreendimento 
proposto à legislação ambiental, solicitando adequações e alterações de 
projeto sempre que necessário. 
A fiscalização é um instrumento corretivo, utilizado nos casos em que 
são observados descumprimentos da legislação ambiental por parte 
de qualquer membro da sociedade. Imbuídos do poder de polícia, os 
funcionários dos órgãos ambientais têm o poder de embargar obras, 
exigir cumprimento dos limites toleráveis de poluição ou ainda apreender 
artefatos utilizados em ações que configuram crimes ambientais.
Na sequência à política ambiental, temos a criação de uma série de 
leis que vieram auxiliar na proteção ambiental, como o caso da Ação 
Civil Pública em 1985, da Resolução do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (Conama) sobre Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e dos 
Relatórios de Impactos Ambientais (RIMA) em 1986, do Gerenciamento 
Costeiro de 1988 e do IBAMA em 1989. Em 1988, foi promulgada 
a atual Constituição Federal brasileira, que representou um avanço 
relevante na questão ambiental, dedicando-se o Capítulo VI da Carta 
Magna inteiramente ao meio ambiente. Vejamos: 
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder 
público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. (BRASIL, 1988 apud STADLER; MAIOLI, 2011, p. 130)
A década de 1990 iniciou com a aprovação da legislação sobre Política 
Agrícola em 1991, tratando em seguida da Engenharia Genética em 
1995 e da utilização dos Recursos Hídricos em 1997. A lei sobre os 
www.esab.edu.br 29
Recursos Hídricos instituiu mecanismos interessantes de gestão da água, 
como a cobrança pelo uso e a necessidade de autorização do Estado para 
o uso da água para diversas atividades. A nova resolução do Conama 
sobre Licenciamento Ambiental entrou em vigor em 1997, a lei sobre 
Crimes Ambientais em 1998 e, em 1999, tivemos a publicação da 
Política Nacional de Educação Ambiental. O século termina com a 
aprovação da Lei sobre Sistema Nacional de Unidades de Conservação da 
Natureza, conhecida como lei do SNUC. Em 2001, temos a aprovação 
do Estatuto da Cidade (STADLER; MAIOLI, 2011).
Como você pôde conferir, o Brasil tem um suporte legal bastante amplo 
para tratar da questão ambiental. Tudo que está em lei deve ser respeitado 
pela população, e é neste sentido que encontramos alguns pontos de 
entraves entre o governo e o cidadão, entre o cidadão e o empresário. 
Na prática, temos diversas situações em que os parâmetros de proteção 
estabelecidos por lei não são cumpridos pelos cidadãos. São exemplos 
de parâmetros usualmente descumpridos: as áreas de preservação 
permanente, os parâmetros de qualidade de lançamento de efluentes e a 
preservação da Mata Atlântica. 
As dificuldades em cumprir com a legislação em relação aos parâmetros 
de lançamento de efluentes é observada em todos os centros urbanos. 
Podemos ver esgotos sendo lançados diretamente nos rios e basta chover 
um pouco mais para nos depararmos com o mau cheiro provindo das 
galerias pluviais das ruas e avenidas. 
Esses conflitos entre a lei e a prática são o reflexo dos hábitos do homem 
moderno, em que o discurso e a prática se distanciam tanto que não é 
possível reconhecer um valor moral no discurso da maioria das pessoas, 
gerando uma insegurança generalizada. Na próxima unidade, trataremos 
da responsabilidade social. Bom estudo!
Estudo complementar
Acesse a Lei nº 6.938 e leia-a na íntegra. 
Disponível clicando aqui.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.htm
www.esab.edu.br 30
5 Responsabilidade social: introdução e conceitos
Objetivo
Mostrar a origem da responsabilidade social nas empresas e os 
principais conceitos envolvidos.
Vamos agora introduzir o tema da responsabilidade social. É importante 
adquirir conhecimento sobre ele, pois é um aspecto complementar 
ao tema desenvolvimento sustentável, que foi tratado nas unidades 
anteriores. Vamos entender o contexto em que ele está inserido.
5.1 Origem e atualidade
Assim como a questão da responsabilidade ambiental surge dentro de um 
contexto de sérios problemas decorrentes do modo de funcionamento 
das empresas, o tema da responsabilidade social também surge dentro de 
um universo de conflitos.
Ao considerarmos o processo de desenvolvimento das atividades 
empresariais, pode-se perceber que o mesmo não foi acompanhado 
por uma preocupação para com a sociedade. A tese do liberalismo 
econômico, cujo maior representante foi Adam Smith, economista 
escocês do século XVIII, era contrária à intervenção do Estado na 
economia. Para o liberalismo, o Estado deveria apenas dar condições 
para que o mercado seguisse de forma natural seu curso. Considerou-se 
que os agentes econômicos são movidos por um impulso de crescimento 
e desenvolvimento econômico pessoal, que no contexto macro traria 
benefícios para toda a sociedade, uma vez que a soma desses interesses 
particulares promoveria a evolução generalizada e um equilíbrio perfeito.
O liberalismo considerou que a preocupação com o bem-estar social 
seria assegurado pelo Estado e que as atividades econômicas não teriam 
responsabilidade alguma sobre a questão. Todavia, na prática, as atividades 
www.esab.edu.br 31
econômicas conquistaram um poder tão grande na sociedade que 
superaram a capacidade de atuação do Estado, e a questão social acabou 
desprovida de “alguém” respondendo por suas demandase necessidades.
Vamos observar o que aconteceu com o movimento de globalização 
da economia pautado no liberalismo econômico. Esse fenômeno está 
relacionado ao aumento do poder dos grupos privados multinacionais 
em relação às estruturas corporativas locais. 
Segundo Melo Neto e Froes (2001), os grupos multinacionais 
caracterizaram-se por proceder com a relocalização das atividades 
produtivas, partindo de uma visão da disponibilidade de recursos materiais, 
humanos e financeiros, de modo que os custos de produção caíssem e 
a lucratividade fosse sempre maior. A ideologia do bem-estar social e a 
filosofia do pleno-emprego cederam lugar ao novo modelo de globalização. 
Corroborando para agravar as consequências desse modelo de conduta 
nos negócios, encontramos os governos dos países focados em gerar 
mais renda em seu território, sem terem claras as necessidades sociais 
importantes, como respeito aos direitos humanos e preservação das 
culturas locais. Principalmente nos países mais pobres, foram abertas as 
portas às empresas multinacionais, com sua lógica própria, sem impor-
lhes as devidas condições de adaptação.
Diante dessa situação, a sociedade começou a sentir-se desfavorecida 
e começou a questionar a ética dessas corporações. O Estado passou a 
ser questionado e alvo de inúmeras críticas ao seu desleixo para com a 
sociedade. Adicionalmente, segundo Tachizawa (2011), a sociedade, 
por meio de seu poder de influência neste processo, o poder de compra, 
demonstrou sua expectativa em interagir com organizações que fossem 
éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuassem de 
forma ecologicamente responsável. 
Essas duas fontes de demanda para um reposicionamento das atividades 
econômicas frente às demandas sociais fizeram com que a ciência da 
administração movimentasse esforços por incluir em suas teorias e 
fundamentos a responsabilidade social por parte das empresas. Assim, foi 
institucionalizado o tema de uma vez por todas, com este novo enfoque.
www.esab.edu.br 32
Uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope revela 
que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um 
produto que não agredisse o meio ambiente. Dados obtidos no dia a dia evidenciam 
que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações 
deve continuar de forma permanente e definitiva; os resultados econômicos passam 
a depender cada vez mais das decisões empresariais que levem em conta a questão 
socioambiental. (TACHIZAWA, 2011, p. 5)
Portanto, segundo Tachizawa (2011), o executivo dos novos tempos 
precisa estar preparado para o desafio de harmonizar as preocupações 
socioambientais. A recompensa virá na forma de estratégias de negócios 
inovadoras, de uma liderança capaz de sensibilizar os diferentes públicos 
da empresa, de credibilidade para o esforço e de profundidade, que só se 
consegue quando a conduta baseia-se em princípios, quando o discurso e 
a prática são iguais.
Para o autor, o avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento 
humano por si só não produzem efeitos se a qualidade da administração 
efetuada sobre os grupos organizados de pessoas não permitir aplicação 
efetiva do potencial desses recursos humanos. A administração, com suas 
novas concepções, entre elas a dimensão da gestão socioambiental, está 
sendo considerada uma das principais chaves para a solução dos mais 
graves problemas que afligem atualmente o mundo moderno. 
5.2 Conceitos
Agora, vejamos alguns conceitos fundamentais. A ideia é que eles 
fiquem claros para você, o que permitirá compreender melhor suas 
leituras e também articular-se com o tema de forma mais apropriada. O 
primeiro deles, como não poderia deixar de ser, é o próprio conceito de 
responsabilidade social, já que vamos utilizar o conceito apresentado pela 
norma ISO 26000. 
Você já deve ter ouvido falar sobre a ISO, mas você sabe o que é a ISO? 
Trata-se de uma organização internacional com sede em Genebra na 
Suíça, cuja sigla significa International Organization for Standardization 
(Organização Internacional para Padronização). Ela é formada por 
www.esab.edu.br 33
integrantes de diversos países e representantes dos diferentes setores 
econômicos. A reunião dessas pessoas gira em torno da elaboração de 
normas internacionais sobre diversos temas, tais como meio ambiente 
e responsabilidade social. Você vai estudar mais sobre o assunto nas 
próximas unidades. 
Por enquanto vamos conversar sobre a norma ISO 26000, que define a 
responsabilidade social como a incumbência de uma organização pelos 
impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, 
por meio de um comportamento ético e transparente que:
• contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive para a saúde
e o bem-estar da sociedade;
• leve em consideração as expectativas das partes interessadas
(stakeholders);
• esteja em conformidade com a legislação aplicável;
• seja consistente com as normas internacionais de comportamento;
• esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas
relações (INMETRO, 2010).
A norma ISO 26000 foi publicada em 2010 e representa o resultado 
de um processo amplo de debates com diversos especialistas e 
interessados sobre o tema. Podemos perceber que a definição do termo 
responsabilidade social veio deixar claro o papel esperado das corporações 
sobre essa questão. Você pode perceber que a definição abrangeu os 
aspectos que foram deixados de lado pelas corporações em um primeiro 
momento, em que somente a lógica econômica influenciou as decisões e 
os relacionamentos corporativos.
Mais adiante na disciplina, aprofundaremos nossa leitura sobre a norma 
ISO 26000. Por enquanto, faremos uso somente da definição do 
termo responsabilidade ambiental. Aguarde que mais elementos serão 
apresentados sobre essa norma.
www.esab.edu.br 34
Outro conceito que cabe esclarecer é o de filantropia e investimento 
social, você vai se deparar com eles ao estudar mais sobre o tema da 
responsabilidade social.
O Instituto Ethos, organização nacional referência em responsabilidade 
social criada para aglutinar empresas, instituições e conhecimento nesta 
área, indica que o 
Investimento Social estabelece o uso voluntário de recursos privados de maneira 
planejada, ou seja, a partir de um diagnóstico feito que resulte nos projetos sociais 
que beneficiarão a comunidade dentro de suas necessidades e expectativas. 
(ARANTES; HALICKI, 2011, p. 99)
Já filantropia trata de doações e assistencialismo, de atender a uma 
situação emergencial e pontual, como, por exemplo, promover doações 
para atender uma população afetada por uma enchente (ARANTES; 
HALICKI, 2011).
Portanto, segundo os autores, existe uma diferença expressiva entre 
filantropia e investimento social. Enquanto a filantropia está relacionada 
às doações de indivíduos ou empresas e não pressupõe qualquer 
contrapartida além do benefício social, o investimento social relaciona-se 
à gestão, incluindo monitoramento e retorno.
O tema está ficando mais claro para você? Por último, selecionamos 
o conceito de stakeholders para você conhecer, pois também é muito 
utilizado e, portanto, será útil.
O termo stakeholders é utilizado para denominar o público com o qual a empresa 
se relaciona e que, de alguma maneira, é afetado por suas operações, sejam elas 
de fabricação de produtos ou na prestação de serviços. Os stakeholders diretos de 
uma empresa são acionistas, funcionários, comunidade, fornecedores, clientes, 
meio ambiente, governo e sociedade. Contudo, ressaltamos alguns stakeholders 
que podemos considerar incluídos em “sociedade”, mas que precisam ser percebidos 
claramente devido ao seu papel junto às organizações. São eles: concorrência, mídia, 
instituições de ensino, organizações internacionais, ativistas, sindicatos e ONGs, entre 
outros. (ARANTES; HALICKI, 2011, p. 98)
www.esab.edu.br 35
Autores como Grayson e Hodges (2002 apud ARANTES; HALICKI, 
2011)afirmam que, para a implementação da estratégia empresarial, 
é importante considerar seus stakeholders. Além disso, cinco pontos 
principais devem ser avaliados com atenção para que o envolvimento dos 
stakeholders seja consistente e efetivo. São eles: 
• a garantia da abertura de um canal de comunicação que possibilite 
um diálogo;
• a capacidade de emitir uma mensagem sobre o assunto de forma que 
a empresa tenha credibilidade;
• o estabelecimento de parcerias com ONGs;
• a conquista da confiança do público através da consistência e 
coerência entre o discurso da organização e as ações que ela realiza;
• a utilização de uma linguagem de fácil acesso que garanta a 
compreensão do público.
Como você viu, a responsabilidade social é um tema para ser 
implementado na prática do dia a dia das organizações, e para isso deve 
ser internalizada por cada funcionário. Trata-se de estabelecer uma 
cultura de preocupação com o bem-estar das pessoas, o que envolve 
desde saber escutar e observar o outro, conhecer suas necessidades e 
características, até ter atitudes e projetos que vão ao encontro dessas 
demandas.
Estudo complementar
Acesse o site do Instituto Ethos clicando aqui e 
leia a parte referente à sua missão, sua visão, 
aos seus princípios e compromissos e à sua carta 
de princípios. Nós vamos falar mais vezes dessa 
instituição, por isso sugerimos que você a conheça 
aos poucos.
http://www3.ethos.org.br/
www.esab.edu.br 36
6 Responsabilidade social: história e diferentes visões
Objetivo
Apresentar um pouco da história da responsabilidade social nas 
empresas e as diferentes visões que existem sobre o tema.
A ideia de responsabilidade social por parte das empresas, embora tenha 
tomado corpo apenas recentemente, já vem sendo concebida há bastante 
tempo, sendo que há registros de manifestações em prol desse tipo de 
comportamento já no início do século XX. Segundo Torres (2003 apud 
ALENCASTRO, 2010), foi somente a partir dos anos 1950 nos EUA 
e no início da década de 1970 na Europa que o movimento começou 
a ganhar força, talvez por conta de uma maior responsabilidade das 
empresas. 
Torres (2003 apud ALENCASTRO, 2010) nos lembra de que os anos 
de 1960 e 1970 foram de grande efervescência cultural e social. Esses 
anos viram nascer uma ampla “contracultura”, que, entre outras coisas, 
questionava os valores da sociedade industrial capitalista, exigindo 
intensas transformações políticas, culturais e comportamentais. Nessa 
época, também eram fortes o movimento sindicalista e estudantil da 
Europa e a luta pelos direitos civis americanos, principalmente os 
protestos contra a Guerra do Vietnã. 
A entrada de empresas no universo das ações de responsabilidade social 
foi também provocada pela crise do “estado de bem-estar social” (welfare 
state) que se deu na metade da década de 1970 na Europa. Com a crise 
econômica e o crescimento do desemprego que atingiram a Europa na 
década de 1980, as empresas privadas começaram a ser valorizadas pela 
sua capacidade de proteger os níveis de emprego numa sociedade em 
crise (TORRES, 2003 apud ALENCASTRO, 2010). 
www.esab.edu.br 37
Já no Brasil, a responsabilidade social ganhou força no final da década 
de 1980, consolidando-se no período de 1990-2003. Vários fatores 
influenciaram esse fortalecimento dos movimentos sociais, inclusive a 
própria dificuldade do Estado de assumir o seu papel social. A campanha 
contra a fome e a miséria e a fundação do Instituto Brasileiro de Análises 
Sociais e Econômicas (Ibase), iniciativas do sociólogo Herbert de Souza 
(Betinho), e a criação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade 
Social – em 1998, por um grupo de empresários e executivos 
provenientes da iniciativa privada foram grandes impulsionadores da 
responsabilidade social no Brasil (ALENCASTRO, 2010).
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, cuja missão 
é “Mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios 
de forma socialmente responsável”, tem conseguido conscientizar e 
mobilizar de forma notável a classe empresarial brasileira no sentido 
de uma maior responsabilidade na condução de seus negócios 
(ALENCASTRO, 2010). No Brasil, temos algumas empresas que são 
referência em questões de responsabilidade social. As empresas associadas 
ao instituto Ethos, por exemplo, são ao todo 1.507, distribuídas da 
seguinte forma:
Micro empresa
Pequena empresa
Média empresa
Grande empresa
Não informado
58
287
468
270
424
Figura 7 – Empresas associadas ao Instituto Ethos.
Fonte: Instituto Ethos (2013).
A empresa Natura é um exemplo de empresa, associada ao Instituto 
Ethos, que possui a cultura da responsabilidade social. Ela tem como 
missão para essa área, por exemplo, inovar e aperfeiçoar a sociedade, 
buscando mudanças na atitude e nos valores da sociedade, dentre 
www.esab.edu.br 38
as práticas de responsabilidade social assumidas como compromisso 
pela Natura, está o desenvolvimento de projetos sociais junto à 
comunidade, buscando contribuir de forma inovadora e exemplar para 
o aperfeiçoamento da sociedade. Em 2011, a empresa firmou acordo 
com o Ministério da Educação (MEC) em prol da educação pública 
brasileira e com ele objetivou implantar, como política pública no ensino 
fundamental, o projeto Trilhas. Tal projeto visou a apoiar o trabalho do 
professor no campo da leitura e da escrita, com o objetivo de inserir as 
crianças do 1º ano do Ensino Fundamental no mundo letrado.
Neste sentido, podemos perceber que diversos movimentos realizados no 
Brasil desde a década de 1990 demonstram o interesse que o governo, 
os empresários, os acadêmicos e a mídia em geral têm com relação ao 
problema social no país. Vejamos, no Quadro 1, a seguir:
Breve linha do tempo sobre a responsabilidade social no Brasil e no mundo
1919 Liga das Nações (entidade antecessora à ONU)
1948 Declaração dos direitos humanos
1953
Estados Unidos da América – “Responsabilidade social dos homens de negócios” – 
Howard Bowen
1960 Clube de Roma
Anos de 
1970
Associação dos dirigentes cristãos de empresas – Brasil ADCE – conscientizar as 
empresas da necessidade de desempenharem sua função social não somente em 
relação aos seus funcionários, mas também com a comunidade
1975
Brasil – Decreto n° 76.900, o qual torna obrigatória a publicação pelas empresas da 
Relação anual de Informações Sociais (RAIS), precursora do Balanço Social
1977 França – Balanço Social
1981 Instituto Brasileiro de análises Sociais e econômicas – Ibase
1984 Brasil – Primeiro Balanço Social
1989
Discussões realizadas no comitê de filantropia da Câmara Americana de Comércio 
deram origem ao Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – Gife
1991 Brasil – Critérios do PNQ
1992
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano 
(Conhecida como Eco 92)
1993 Brasil – ISO 14000
1997 Global Reporting Initiative – GRI e Protocolo de Kyoto
1998 SA 8000
www.esab.edu.br 39
1998 Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
1999 Global Compact
2000 Brasil – Indicadores Ethos
2001 Fórum Social Mundial
2004 Brasil – ISO 16000
2010 Global ISO 26000
Quadro 1 – Breve linha do tempo sobre a responsabilidade social no Brasil e no mundo.
Fonte: Arantes e Halicki (2011).
Diferentes visões
Segundo Alencastro (2010), existe um ponto de vista que considera 
como a única obrigação da empresa a de gerar lucro para seus acionistas 
dentro dos limites legais. O maior defensor desse ponto de vista foi 
o ganhador do Prêmio Nobel, o economista Milton Friedman, para 
quem a responsabilidade principal de uma empresa consiste em dirigir 
os negócios com a finalidade de proteger os interesses dos acionistas, 
que consistem no rendimento financeiro. Em linhas gerais, nessa 
visão a responsabilidade de uma empresa consiste em compromisso 
com acionistas (lucro), trabalhadores (salário), governo (impostos) e 
comunidade (ações filantrópicas pontuais). 
Por outro lado, encontramos a posição socioeconômica, segundo a qual 
a responsabilidadeda administração vai além da simples obtenção de 
ganhos, incluindo a proteção e o melhoramento do bem-estar social. 
Nessa perspectiva, para o respeitado economista Paul Samuelson, “[...] a 
Responsabilidade Social Empresarial é a capacidade desenvolvida pelas 
organizações de ouvir, compreender e satisfazer expectativas/interesses 
legítimos de seus diversos públicos” (ALENCASTRO, 2010, p. 130).
Empregados, consumidores, fornecedores e comunidade em geral são importantes e 
devem ter seus interesses respeitados pela organização. O resultado positivo de uma 
empresa também é consequência do bom relacionamento que ela mantém com seus 
stakeholders e isso passa pela junção dos ganhos de seus investidores ou proprietários 
com as legítimas necessidades de todos aqueles que, direta ou indiretamente, são 
influenciados pelas suas atividades de negócio. (ALENCASTRO, 2010, p. 132)
www.esab.edu.br 40
Acreditamos que esta segunda perspectiva é a que está prevalecendo 
atualmente. Todavia, a postura de maximização dos lucros, tendo em 
vista exclusivamente o interesse dos acionistas, ainda está bastante 
arraigada. Para o autor, é interessante o modelo conceitual proposto 
por Archie Carrol, que aborda a responsabilidade social tanto pela ótica 
do desempenho empresarial quanto pelo comportamento empresarial 
responsável. É um modelo que contempla a responsabilidade econômica 
da empresa em ser produtiva e rentável, sem a qual ela não sobrevive, 
com seu envolvimento social. 
Saiba mais
Acesse o site do Instituto Ethos clicando aqui, e 
navegue pelas publicações. Lá você vai encontrar 
alguns exemplos de projetos desenvolvidos na 
área da responsabilidade social, como o programa 
de coleta seletiva da Natura, por exemplo. 
http://www3.ethos.org.br/categoria/publicacoes/
www.esab.edu.br 41
Resumo
Os conteúdos reunidos até agora tiveram por objetivo apresentar, 
de forma clara, os principais aspectos introdutórios do tema da 
responsabilidade ambiental e social. Apresentamos os conceitos e 
principais problemas ambientais, as políticas públicas ambientais 
brasileiras, bem como um panorama histórico e as diferentes visões atuais 
da responsabilidade social.
Esperamos que você tenha apreciado o conteúdo, pois continuaremos a 
explorar o tema da responsabilidade socioambiental. É importante para 
o desenvolvimento de empresas com capacidade de atuação responsável 
que tenhamos profissionais formados nesta temática, motivados a 
trabalhar de forma integrada com o tema e conscientes da importância 
que representam atitudes responsáveis por parte das empresas.
Na unidade 1, apresentamos alguns conceitos sobre meio ambiente, 
ecologia e recursos naturais, bem como desenvolvimento sustentável. 
Na sequência, na unidade 2, descrevemos os principais problemas 
ambientais e os desafios que temos pela frente para a resolução desses 
problemas. Na unidade 3, tratamos brevemente da história da cultura 
ambientalista por meio de algumas personalidades importantes para o 
surgimento e a disseminação dessa cultura. Na unidade 4, pontuamos as 
principais políticas ambientais do Brasil e, na unidade 5, comentamos a 
origem da responsabilidade social nas empresas e os principais conceitos 
envolvidos. Por fim, na unidade 6, apresentamos um pouco da história 
da responsabilidade social nas empresas e as diferentes visões que existem 
sobre o tema.
www.esab.edu.br 42
7
A ética na aplicação da 
responsabilidade social e 
ambiental
Objetivo
Refletir sobre a ética necessária para a implantação e gestão da 
responsabilidade socioambiental nas organizações.
Nesta unidade vamos estudar sobre a ética na aplicação da 
responsabilidade socioambiental. Como vimos nas unidades anteriores, 
estabelecer uma relação com os temas da responsabilidade social 
e ambiental exige uma visão mais consciente sobre o papel das 
organizações na sociedade. Elas precisam ser reconhecidas como agentes 
de mudança dentro de um contexto de conflitos ambientais e sociais 
criados por uma forma de trabalho que visou no passado somente à 
produção e ao lucro. Para se estabelecer uma relação adequada com a 
aplicação da responsabilidade socioambiental, é importante:
• conhecer o tema. Para esta tarefa, demos o pontapé inicial nas 
primeiras unidades desta disciplina e vamos continuar até o final 
desenvolvendo este aspecto;
• estabelecer uma relação verdadeira e harmoniosa com o tema, de 
modo que as reflexões e ações sejam coerentes com as necessidades. 
Vamos tratar agora sobre este aspecto.
Para estabelecermos uma relação verdadeira e harmoniosa com o tema 
da responsabilidade social e ambiental, é necessário que o profissional 
da área se importe com a sociedade e seu desenvolvimento. Assim, 
considerando que todos os cidadãos precisam ser beneficiados, cada 
qual na sua medida, todos devem ser parte integrante e não excluída dos 
benefícios oriundos do desenvolvimento. 
www.esab.edu.br 43
No que se refere às questões ambientais, da mesma forma, é necessário 
criar uma consciência da nossa relação com o meio ambiente. É 
preciso compreender que não somente dependemos da natureza para 
sobreviver, mas que milhares de outros seres vivos têm o direito de viver, 
independentemente de nossos interesses e necessidades pessoais.
Para melhor compreender essa ideia de relação verdadeira, vamos estudar 
um pouco sobre ética. Portanto, é necessário fazermos um breve recuo 
na história da humanidade e verificarmos como a questão da ética 
foi tratada por alguns pensadores. Como os antigos filósofos falavam 
sobre esse tema? Tanto os gregos como os romanos diziam que a ética 
harmonizava e ajudava o homem para que nele brotassem as fontes de 
justiça e do bem.
O segundo aspecto a se observar é que a forma de desenvolver a ética, 
segundo Aristóteles, é ater-se ao estudo e à aplicação das virtudes. A 
coragem, a justiça, a prudência e a temperança são exemplos de virtudes 
aristotélicas. Portanto, a ética nos remete a uma reflexão interna, voltada 
à nossa forma de pensar e de agir e ainda nos convida à prática das 
virtudes.
Segundo Aristóteles, as virtudes são o justo meio entre duas tendências 
humanas opostas: o excesso e a carência. Por exemplo, a coragem é 
o justo meio entre a covardia (carência) e a impetuosidade (excesso). 
Esse filósofo afirmava que as virtudes poderiam ser aprendidas, e 
desenvolvidas pelo hábito, ou seja, a prática. Seremos músicos compondo 
música, justos praticando a justiça. Interessante, não?
Segundo Alencastro (2010), deriva-se daí a importância da promoção de 
hábitos sociais por meio dos quais se desenvolva nas pessoas um modo 
de ser maduro, que se converta na fonte principal de seu agir moral. 
Uma vez que nos apropriemos de bons hábitos, esse estilo de vida nos 
proporciona experiências morais e, ao longo do tempo, desenvolvemos 
a capacidade de agir de forma livre e responsável, pois ficamos mais 
conscientes para perceber e recusar ações negativas e desqualificadas da 
verdade e da justiça.
www.esab.edu.br 44
Assim, indivíduos virtuosos são aqueles considerados como fundamentais 
para a construção de uma sociedade sólida e sadia. Mas para viver em 
sociedade, os indivíduos necessitam ser, além de éticos, políticos, ou 
seja, precisam dominar a arte de se relacionar com os outros dentro do 
contexto mais amplo da cidade.
Por analogia, em uma organização, além de desenvolver um 
comportamento ético, é preciso que sejamos capazes de expressar esse 
comportamento dentro dos interesses e necessidades da organização, de 
forma que sejamos parte contribuinte para a construção dela. Por sua vez, 
cabe à organização também se apropriar de uma cultura ética, de uma 
“plataforma política” coerente e benéfica à sua pequena sociedade, que 
neste caso é formada pelos funcionários e, de certa forma, por todas as 
partes interessadas. Seguindo esse raciocínio, a ética é indispensável para 
a política, pois segundo Arantes, Halicki e Sadler (2011), a política é a 
arte de estimular a convivência possível dosindivíduos, aspecto muito 
importante dentro de uma organização.
Ética = virtudes pessoais = sociedade sólida e sadia = indispensável na Política = 
convivência entre indivíduos.
Ainda há um aspecto importante para ressaltarmos sobre o estudo e 
aplicação da ética. Se analisarmos o momento de vida atual, veremos 
que o homem concebe a si mesmo como um ser múltiplo: pensa de 
um modo, estuda de outro, trabalha em algo diferente e, em sua vida 
privada, desempenha mais um papel que nada tem a ver com os outros. 
Essa pluralidade conduz o homem, em geral, a estados de angústia e 
desconcerto, visto que, diante de tantas variações de modus vivendi, não 
consegue encontrar seu verdadeiro eu.
Essas contradições nós também encontramos entre os profissionais 
que propõem soluções, na teoria, para os problemas que afligem a 
humanidade no tocante ao contexto ambiental. 
Por exemplo, podemos encontrar profissionais do ramo que possuem 
discursos sobre como preservar o meio ambiente, sobre técnicas de 
www.esab.edu.br 45
reciclagem ou conservação da qualidade da água dos rios, todavia esses 
mesmos profissionais não aplicam tais discursos em seu cotidiano. Ações 
como separar o lixo ou tratar o esgoto das suas próprias casas são deixadas 
de lado. Vale salientar que estamos apenas exemplificando a contradição 
que há nesse meio profissional, mas não estamos aqui generalizando. 
Você está acompanhando o raciocínio?
Faz parte da ética o estudo de como se dá a formação dos hábitos, 
costumes e até mesmos as regras e leis que regem uma dada sociedade. 
Ela também se preocupa em compreender o modo como cada indivíduo 
se posiciona em relação às normas sociais, decidindo individualmente 
pela sua aceitação ou negação (ALENCASTRO, 2010).
Para sua reflexão
Como você age nos diferentes ambientes que 
frequenta? Mantém sempre a sua integridade 
ou está sempre vestindo um personagem para 
agradar ou se adaptar a uma ou outra pessoa? 
Você contribui para a manutenção do meio 
ambiente? Quais ações você tem praticado?
A resposta a essa reflexão forma parte de sua 
aprendizagem e é individual, não precisando ser 
comunicada ou enviada aos tutores.
Aplicação da ética nas empresas
Vamos agora estudar um pouco sobre como está sendo tratada a ética 
dentro das empresas? Como vimos anteriormente, as questões éticas 
devem incorporar o comportamento de todos os seres humanos, 
expressando-se nos mais diversos setores: na política, na economia, na 
educação, na religião, nos negócios, enfim, em tudo que diz respeito ao 
ser humano no mundo, à sua condição humana.
www.esab.edu.br 46
Aristóteles nos ensinou que o homem é um ser político e que realiza 
o seu viver ético pela prática das virtudes, e a vida social é o lugar em 
que essas virtudes se manifestam. Considerando essa afirmação, é em 
nossa prática diária dentro das empresas, por exemplo, que temos a 
oportunidade de aprimorar as nossas virtudes. Segundo Alencastro 
(2010), a boa conduta só se realiza na vida em sociedade e, para isso, 
muitas vezes é necessário ceder, abrir mão do nosso egoísmo em prol da 
coletividade, ou seja, do ambiente em que vivemos.
No ambiente corporativo, muitos podem pensar que é suficiente o 
simples comunicado daquilo que é aceitável ou não pela empresa. 
Contudo, o que a prática demonstra é a importância de os funcionários 
demonstrarem a internalização dos conceitos que são fundamentais para 
a empresa em que trabalham. Somente assim é possível conduzir de 
maneira legítima a cobrança de procedimentos de acordo com as normas 
estabelecidas (ARANTES; HALICKI; SADLER, 2011).
Para os autores, se considerarmos que a responsabilidade social é a 
relação ética e transparente entre a empresa e os públicos com os quais 
se relaciona, veremos que a prática socialmente responsável nos leva a 
fazer muito mais do que simplesmente imprimir um código de ética e 
distribuí-lo para os funcionários na saída do restaurante ou ao final do 
expediente. Então, vamos conhecer um pouco da prática dessa atividade 
que leva à internalização de conceitos relativos à ética empresarial?
Inicialmente, é importante que os dirigentes da empresa tenham muito 
claro quais são os valores que serão considerados como fundamentais, 
como base para que a organização atinja visão própria de maneira 
consistente, ética e transparente. Isso implica dizer que os dirigentes 
precisam concordar genuinamente que não buscarão atingir a visão da 
organização contradizendo os valores que foram estabelecidos para ela 
(ARANTES; HALICKI; SADLER, 2011). 
Outra questão importante é a necessidade de discutir as questões éticas 
internamente. As normas que norteiam os procedimentos internos 
devem ficar claras para todos. Daí a necessidade de se criar um código 
de ética. Segundo os autores, podemos utilizar as seguintes ações para 
alinhar as percepções dos colaboradores:
www.esab.edu.br 47
• realização de workshops abertos pela alta direção da empresa 
e conduzidos pela área que coordena as ações voltadas para a 
sustentabilidade da organização tratando dos seguintes temas: 
conceitos fundamentais de sustentabilidade e responsabilidade 
social; valores individuais e valores da organização; missão e visão; o 
papel de cada um dos funcionários em compreender e adotar a visão; 
ética, conceito e importância para o sucesso genuíno da organização 
e para sua relação saudável com a sociedade;
• produção de material de comunicação para divulgar internamente os 
resultados do workshop;
• avaliação do workshop pela alta direção e definição dos próximos 
passos.
Ao construirmos um código de ética de forma conjunta, criamos um 
ambiente preparatório para sua posterior aplicação, além do que os 
funcionários podem ajudar a definir quais comportamentos julgam ser 
importantes para o desempenho de suas funções e podem propô-los nesse 
documento.
Estudo complementar
No artigo “Virtudes e Vícios em Aristóteles e 
Tomás de Aquino: oposição e prudência”, Cláudio 
Henrique da Silva elabora um quadro (p. 131) 
sobre as virtudes segundo Aristóteles. Leia 
atentamente cada linha que compreende o vício 
por deficiência, a virtude ou o vício por excesso. 
Após a leitura, escolha uma virtude que para você 
é mais fácil de colocar em prática e outra que seja 
mais difícil. Disponível aqui.
http://www.ifch.unicamp.br/cpa/boletim/boletim05/08silva.pdf
www.esab.edu.br 48
8
O papel das pessoas dentro da 
organização na condução do 
processo de responsabilidade 
social e ambiental 
Objetivo
Relacionar a importância das pessoas no processo de construção de 
um ambiente propício à ética da responsabilidade socioambiental.
As empresas sustentáveis reconhecem o valor das pessoas e consideram 
seus empregados como agentes de mudança e criatividade necessários 
ao atual mercado. As empresas sustentáveis precisam ganhar o apoio de 
seus funcionários não apenas para determinar o sucesso de suas operações 
no sentido comercial, mas também em termos de comprometimento da 
empresa com questões sociais e ambientais na busca da sustentabilidade.
Empresas com esse perfil consideram a promoção dos valores da 
empresa alinhados com as dimensões econômica, social e ambiental da 
sustentabilidade. O investimento na qualidade do dia a dia da empresa 
pode ser observado por meio da organização adequada do ambiente 
de trabalho, das práticas profissionais, das condições de emprego e do 
desenvolvimento e da gestão dos recursos humanos.
Para transformar desafios econômicos, sociais e ambientais em 
oportunidades, as empresas precisam aproveitar a criatividade e o senso 
de inovação dos funcionários em todos os níveis, desde o chão de 
fábrica, oficina, até a diretoria, por meio do investimento na qualidade 
do cotidiano empresarial (BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; 
HENRIQUES, 2011).
www.esab.edu.br 49
Investir nas pessoas
A competitividade e até mesmo a sobrevivência de empresas dependem, 
cada vez mais, de sua habilidade de garantir que os funcionários estejam 
motivados, sejam competentes e comprometidos.

Continue navegando